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CADERNO SOBRE 
Plantas Tóxicas
Principais Plantas Tóxicas Causadoras de 
Morte Súbita em Bovinos
ORGANIZADORES
Prof. Gabriel Domingos Carvalho
(Médico Veterinário – Professor do IFNMG – Campus Salinas – MG)
Profa. Viviane Modesto Arruda
(Engenheira Agrônoma – Professora UEMG – Ubá – MG)
2011
CADERNO SOBRE 
Plantas Tóxicas
Principais Plantas Tóxicas Causadoras de Morte Súbita em 
Bovinos
ORGANIZADORES
Prof. Gabriel Domingos Carvalho
(Médico Veterinário – Professor do IFNMG – Campus Salinas – MG)
Profa. Viviane Modesto Arruda
(Engenheira Agrônoma – Professora UEMG – Ubá – MG)
Assessoria Técnica: Isabella Cristina Gomes Honorio 
 Iná Lima Reis 
 Filipe Pereira Giardini Bonfim 
 Adalgisa de Jesus Pereira 
 Daniela Boanares de Souza 
Esta publicação é parte do Programa de Extensão
“Divulgação das Plantas Medicinais, da Homeopatia e da
Produção de Alimentos Orgânicos”.
Projeto – “Partilha de Conhecimentos sobre Plantas Medicinais 
e Terapêuticas Tradicionais”.
Universidade Federal de Viçosa/Departamento de Fitotecnia
Patrocínio: CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento
 Científico e Tecnológico) 
 Projeto 558358/2009-8: – “Ensino e Partilha de
 Experiências em Plantas Medicinais, Homeopatia
 e Produção de Alimentos Orgânicos”
1a edição – Tiragem 3.000 exemplares
2
SUMÁRIO
Pág.
1. Introdução………………………………...................... 4
2. O que são plantas tóxicas?............................................. 5
3. Condições em que ocorrem as intoxicações................... 6
4. Medidas de controle e de prevenção das intoxicações... 6
5. Diagnose e prevenção.................................................... 7
6. Importância na saúde pública......................................... 8
7. Principais plantas tóxicas causadoras de morte súbita
 em bovinos..................................................................... 9
7.1. Palicourea marcgravii……………........................ 9
7.2. Mascagnia rigida……………................................ 10
7.3. Tetrapterys acutifolia.............................................. 12
7.4. Ricinus communis................................................... 13
7.5. Cestrum laevigatum................................................ 15
7.6. Pteridium aquilinum............................................... 16
7.7. Lantana camara...................................................... 19
7.8. Enterolobium contorsiliquum.................................. 21
7.9. Crotalaria anagryroides.......................................... 22
7.10. Asclepias curassavica........................................... 24
8. Conclusão....................................................................... 25
9. Referências..................................................................... 26
10. Contato com os organizadores..................................... 27
“Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não 
seja veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do 
remédio.”
Paracelso (Médico e Alquimista do Século XV)
3
1. Introdução
No Brasil é muito frequente a ocorrência de morte súbita 
em bovinos causada pela ingestão de plantas tóxicas. Geralmen-
te essas mortes repentinas se manifestam sem sinais clínicos pré-
vios e sem evidências visíveis significativas.
As intoxicações por plantas em animais de produção são 
conhecidas desde que os pioneiros portugueses e espanhóis in-
troduziram o gado nas pastagens naturais brasileiras. Segundo 
Riet-Correa et al. (1993) as perdas econômicas ocasionadas pe-
las intoxicações por plantas podem ser diretas ou indiretas. As 
perdas diretas são causadas pelas mortes de animais, diminuição 
dos índices reprodutivos (abortos, infertilidade, malformações), 
redução da produtividade nos animais sobreviventes, diminuição 
da produção de carne e leite, doenças transitórias e enfermidades 
subclínicas provocadas pela depressão imunogênica. As perdas 
indiretas são os custos do controle dessas plantas tóxicas nas 
pastagens, as medidas de manejo que evitem as intoxicações 
(como a utilização de cercas e o pastoreio alternativo), a redução 
do valor da forragem devido ao atraso na sua utilização, a redu-
ção do valor da terra, a compra de bovinos que substituam os 
animais mortos, os gastos com o diagnóstico das intoxicações e 
o tratamento dos animais afetados. 
Algumas mortes nos rebanhos bovinos são atribuídas a do-
enças, como carbúnculo hemático, ou confundidas com picadas 
de serpentes venenosas, quando o verdadeiro motivo é a inges-
tão de plantas tóxicas pelos animais. No Brasil, as causas mais 
frequentes de mortes súbitas são as intoxicações por plantas. Há 
dificuldade na diagnose das intoxicações, bem como há falta de 
registros do número de óbitos. Ainda há crendices muito presen-
tes na cultura regional. Neste caderno constam as principais 
plantas causadoras de morte súbita em bovinos na região da 
Zona da Mata de Minas Gerais e do Estado do Espírito Santo.
4
Figura 1. Ilustração de um bovino acometido por morte súbita. 
Fonte: Humanities Development Library (www.greenstone.org)
2. O que são plantas tóxicas?
As plantas tóxicas quando ingeridas ou em contato com 
animais, produzem danos à saúde ou causam a morte. A ação 
nociva é consequência do vegetal em seu estado natural. 
O número de vegetais superiores é estimado em 250 mil 
espécies. Muitas dessas espécies produzem substâncias capazes 
de exercer ação tóxica sobre os organismos vivos. Levando em 
consideração a grande diversidade do Reino Vegetal, 
particularmente nas regiões tropicais, é válido ressaltar que 
muitas plantas são completamente desconhecidas quanto ao 
potencial de causar intoxicações, sendo o número de plantas 
potencialmente tóxicas muito elevado. Atualmente é desconheci-
do o princípio ativo de pelo menos, 32 das 88 espécies tóxicas 
descritas no Brasil.
O conceito de substância tóxica é bastante relativo, pois 
depende da dosagem e do animal. Há substâncias muito tóxicas 
5
que em doses mínimas são remédios. A toxidez vegetal pode ser 
resultante da ação de algum composto específico ou da ação de 
compostos químicos associados. As substâncias tóxicas das 
plantas podem estar limitadas as estações do ano, a específicas 
condições ambientais, ou ainda a variedades da planta.
3. Condições em que ocorrem as intoxicações
Tem sido observado que os animais geralmente ingerem 
plantas tóxicas quando têm acesso a áreas de mata nativa, ou a 
áreas próximas de matas nativas. Algumas plantas tóxicas 
lançam ramos ou sementes, dispersando nos pastos próximos às 
matas nativas. 
As intoxicações por plantas ocorrem em qualquer época 
do ano sendo agravadas na época da seca ou após queimadas, 
quando a falta de pastos condiciona os animais a ingerirem 
outras plantas.
4. Medidas de controle e de prevenção das 
intoxicações 
A maioria das plantas tóxicas é consumida em função da 
escassez de pasto e do deslocamento de animais famintos para 
pastagens com plantas tóxicas. Portanto, as pastagens de boa 
qualidade na época seca devem suprir as necessidades dos 
bovinos. Deve-se também evitar a superlotação de modo que os 
animais não passem fome e reduzam a busca por outras fontes 
de alimentação.
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A erradicação das plantas tóxicas, principalmente aquelas 
mais palatáveis ou atrativas deve ser feita periodicamente. Áreas 
de difícil controle ou erradicação devem ser cercadas mantendo 
os animais sem acesso a essas pastagens. 
A eliminação das espécies tóxicas pode ser feita pela 
utilização de métodosmecânicos de controle, como a roçada 
manual ou a capinação. Esse método não é 100% eficiente, por 
eliminar apenas a parte aérea das plantas e manter o sistema 
radicular. Normalmente ocorre o rebrote e o consequente retorno 
do problema. A parte aérea cortada deve ser retirada da 
pastagem, visando evitar a ingestão pelo gado.
5. Diagnose e prevenção
Não estão disponíveis tratamentos terapêuticos específicos 
e comprovadamente eficazes na maioria dos casos de intoxica-
ções por plantas. 
O único meio atualmente disponível de evitar mortes dos 
animais por plantas é a diagnose mais precisa dos casos de 
intoxicação e a prevenção. A diagnose deve ser complementada 
com a identificação correta da planta. Fazer o histórico de cada 
caso de intoxicação. Também é muito importante verificar os 
sinais de intoxicação animal. Observar marcas de pegadas ao 
redor da planta, folhas comidas, plantas pisoteadas, e até mesmo 
ossada de animais mortos nas proximidades das plantas tóxicas.
Sempre que possível solicitar ao Médico Veterinário que 
realize o exame necroscópico dos animais mortos, e que observe 
o conteúdo gastrintestinal até constatar localmente a presença da 
planta tóxica.
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Figura 2. Indícios de intoxicação: sinais apresentados pelo 
cadáver; presença da planta tóxica e ossadas próximas à planta.
Fonte: Carvalho, 2005.
6. Importância na saúde pública
Os seres humanos podem se intoxicar indiretamente por 
meio da ingestão de carne e do leite de animais intoxicados. E 
também por meio do mel oriundo de plantas tóxicas. Não é 
recomendada a ingestão de carne de animais que foram 
intoxicados por plantas. Os animais em lactação intoxicados não 
devem ser ordenhados até que voltem ao normal. 
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7. Principais plantas tóxicas causadoras de 
morte súbita em bovinos
7.1. Palicourea marcgravii
Família: Rubiaceae
Nomes vulgares: “erva-de-rato”, “cafezinho”, “vick”, “roxa”,
 “roxinha” e “roxona".
Características Gerais:
É a planta tóxica mais importante no Brasil. Possui 
ampla distribuição geográfica (só não ocorre no extremo 
sul do país e no sertão nordestino). É difícil a erradica-
ção. É arbustiva, com folhas opostas e pecioladas. Suas 
folhas têm cheiro de salicilato de metila (“vick”). É mui-
to palatável.
Princípio Tóxico:
Ácido monofluoroacético. Monofluoroacetato de sódio.
Sinais Clínicos:
Arritmia cardíaca, andar cambaleante, paraplegia, con-
vulsões, dispneia, prostração, pulso venoso positivo. A 
morte súbita pode ocorrer 7 a 14 horas após a ingestão. 
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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7.2. Mascagnia rigida
Família: Malpighiaceae
Nomes vulgares: “tingüi”, “timbó”, “pela-bucho” e “quebra-
 bucho” (BA); “salsa rosa” e “rama-amarela”
 (MG); “suma-branca” e “suma-roxa” (ES).
Características Gerais:
É encontrada em todo o Nordeste do Brasil e em Minas 
Gerais e Espírito Santo. É planta do agreste e do sertão, 
porém ocorre em locais mais frescos como campos, ca-
poeiras e matas. A planta é tipo cipó arbustivo. Apresenta 
boa palatabilidade. Possui folhas atrativas flores amare-
las (inflorescência) e frutos alados de coloração casta-
nha. 
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Figura 3. Palicourea marcgravii
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
Princípio tóxico:
Saponina. Glicosídeo Digitálico.
Sinais clínicos:
Anorexia, depressão, andar cambaleante e quedas repen-
tinas. Animal deitado com movimentos desordenados, 
tremores musculares, “movimentos de pedalagem”. Pul-
so venoso positivo. Mugido forte, respiração espaçada ou 
forçada. A morte súbita ocorre entre 24 e 48 horas após a 
ingestão da planta. Em alguns casos, pode ocorrer de 1 a 
18 minutos após o início dos sintomas.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
 
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Figura 4. Mascagnia rígida
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
7.3. Tetrapterys acutifolia
Família: Malpighiaceae
Nomes vulgares: “cipó-ruão” e “cipó-preto” (MG).
Características Gerais:
A planta é restrita à região Sudeste do Brasil. Cresce na 
forma de cipó ou de arbusto (pseudo-arbusto ou 
enroladeira). Planta atrativa com folha de coloração ver-
de bem evidente e inflorescência tipo panícula, com flo-
res amarelas. O fruto tem coloração marrom-avermelha-
da. As intoxicações são comuns na época da seca (agosto 
a outubro). O adoecimento varia de 6 a 28%, com letali-
dade próxima a 100%.
Princípio tóxico:
Desconhecido.
Sinais clínicos:
Os sinais de intoxicação estão relacionados à insuficiên-
cia cardíaca: veia jugular ingurgitada, pulso venoso posi-
tivo, edema da região da barbela, arritmia cardíaca, 
edema esternal (peito inchado), dificuldade de locomo-
ção, fraqueza e anorexia, tremores musculares, fezes res-
sequidas. Pode ainda ocorrer aborto ou nascimento de 
bezerro muito fraco que logo morre. A evolução é de su-
baguda a crônica. Pode ocorrer a morte súbita quando 
animal é forçado a se movimentar.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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7.4. Ricinus communis
Família: Euphorbiaceae
Nomes vulgares: “mamona”, “carrapateira”, “rícino”,
 “mamoeira” e “palma-de-cristo”.
Características Gerais:
Distribuída por todo o país. A planta é perene, arbustiva, 
de caule ramificado, com folhas grandes e com margens 
serreadas, frutos com cápsula espinhosa e sementes lisas 
e brilhantes.
Princípio tóxico:
• Ricina: presente nas sementes. Causa distúrbios 
digestórios.
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Figura 5. Tetrapterys acutifolia.
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
• Ricinina (alcaloide): presente nas folhas e no 
pericarpo. Causa distúrbios nervosos.
Sinais clínicos:
1. Quadro Digestório : anorexia, cólica, vômitos, diarreia 
catarral a hemorrágica, falência cardíaca, hipotensão e 
choque hipovolêmico.
 Quadro Nervoso : desequilíbrio, dificuldade ao deitar, 
tremores musculares, sialorreia (hipersalivação) e 
movimentos de mastigação excessivos.
Tratamento:
Não há tratamento específico, somente paliativo visando 
controlar os sinais clínicos manifestados.
Profilaxia:
Evitar o pastejo em áreas infestadas. A torta de mamona 
usada na alimentação deve estar detoxicada.
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Figura 6. Ricinus communis.
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
7.5. Cestrum laevigatum
Família: Solanaceae
Nomes vulgares: “coerana”, “baúna” e “dama da noite”.
Características Gerais:
Dispersa nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. 
A planta é arbustiva e pode ter até 3 metros de altura. As 
folhas são pecioladas e alternadas, o fruto é ovoide, qua-
se preto quando maduro. Não possui boa palatabilidade, 
mas depois de murcha se torna mais palatável.
Princípio tóxico:
Saponina: Cestrumida (substância amarga).
Não há perda de toxicidade pela secagem.
Sinais clínicos:
Apatia, anorexia, parada ruminal, “dorso arquejado”, fe-
zes ressequidas, podendo ter estrias de sangue. Desequi-
líbrio, tremores musculares, andar cambaleante, ranger 
de dentes, sialorreia (hipersalivação), retração do globo 
ocular, hipotermia. O quadro clínico tem evolução aguda, 
4 a 24 horas, e culmina com a morte do animal.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
15
7.6. Pteridium aquilinum
Família: Polypodiaceae
Nomes vulgares: “samambaia” e “samambaia do campo”.
Características Gerais:
A planta é cosmopolita, sendo encontrada principalmente 
nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul. Habita regiões 
frias e chuvosas, com solos de pH ácido e bem drenados 
(preferencialmente em encostas de morro). A planta é 
rasteira, rizomatosa, forma touceiras densas. As folhas 
são grandes, e podem atingir1,80 metros ou pouco mais. 
No controle, deve-se arrancar as plantas, arar o solo e 
fazer a calagem.
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Figura 7. Cestrum laevigatum
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
Princípio tóxico:
1. Glicosídeo ptaquilosídeo: é tóxico aos ruminantes 
(principalmente bovinos). Possui efeito cancerígeno 
acumulativo. È transmitido pelo leite e não é inativa-
do pelo processo de pasteurização.
2. Tiaminase: é tóxica aos monogástricos (principal-
mente equinos). Causa deficiência de Tiamina (Vita-
mina B1).
Sinais Clínicos:
O quadro clínico-patológico em bovinos pode ser 
dividido em três: síndrome hemorrágica aguda (diátese 
hemorrágica – hemorragia de pele), hematúria enzoótica 
(sangue na urina) e carcinomas das vias digestórias 
superiores (base da língua, faringe, esôfago e rúmen).
Hemorragia de pele
Ocorre em bovinos jovens e adultos que ingerem mais de 
10 gramas da planta por quilo de peso vivo do animal 
(10 gramas da planta/kg animal). Tem alta letalidade. A 
hemorragia de pele é acompanhada de hipertermia 
acentuada. Durante a necropsia podem ser observadas 
hemorragias em todos os órgãos e tecidos, úlceras nas 
mucosas e sangue coagulado no intestino. 
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Sangue na Urina
Este quadro tem evolução crônica quando os animais 
ingerem menos de 10 gramas da planta por quilo de peso 
vivo do animal por ano (10 g da planta/kg animal/ano). A 
hematúria (sangue na urina) é intermitente, acompanhada 
de anemia, emagrecimento e incontinência urinária. 
Babesiose (Piroplasmose, “Febre do Carrapato”, Tristeza 
Parasitária Bovina). Durante a necropsia observa-se a 
presença de nódulos na bexiga, com o aspecto de couve-
flor, de coloração amarelada ou avermelhada.
Carcinomas das vias digestórias superiores
Este quadro tem evolução crônica, se houver a ingestão 
de doses menores e por tempo mais prolongado. Esse 
quadro é conhecido pelos nomes vulgares de “Caragua-
tá”, “Figueira-da-Goela” e “Favo”. O carcinoma geral-
mente está associado ao Vírus do Papiloma Bovino 
(BPV-2) e a letalidade é 100%. Os sinais clínicos são: 
hematúria intermitente, anemia, emagrecimento progres-
sivo, incontinência urinária, dificuldade de deglutir, re-
gurgitação do alimento e dificuldade de respirar. Deve-se 
fazer diagnóstico diferencial com Babesiose (Piroplas-
mose, “Febre do Carrapato”, Tristeza Parasitária 
Bovina), Actinobacilose (“língua-de-pau”) e Tuberculo-
se. Durante a necropsia observa-se diversos nódulos neo-
plásicos, de coloração amarelo-acinzentada, infiltradas e 
ulceradas, principalmente nas regiões das vias digestivas 
superiores (base da língua, faringe, esôfago e rúmen).
 
Tratamento:
Não há tratamento específico.
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7.7. Lantana camara
Família: Verbenaceae.
Nomes vulgares: “camará”, “chumbinho”, “bem-me-quer” e
 “mal-me-quer”.
Características Gerais:
A planta é arbustiva, de distribuição cosmopolita, 
encontrada do Amazonas ao Rio Grande do Sul. O caule 
e os ramos têm pequenos espinhos. Suas folhas são 
opostas e ovais, de aspecto áspero-rugoso. As flores na 
mesma inflorescência são amarelas, alaranjadas, 
vermelhas e rosas. Os frutos são redondos, lisos e 
brilhantes. As infrutescências são densas, de coloração 
roxa escura ou preta (o que a confere o nome vulgar de 
“chumbinho”).
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Figura 8. Pteridium aquilinum
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
Princípio tóxico:
Triterpenos: Lantadeno A e B
Sinais clínicos:
Anorexia, diminuição dos movimentos ruminais, 
fotossensibilização das partes despigmentadas da pele, 
coceira intensa, inquietação, icterícia (amarelamento das 
mucosas), urina de coloração amarelo escuro a marrom e 
fezes endurecidas e em pequenas quantidades.
Tratamento:
Usar purgantes e carvão ativado. Os animais devem ser 
mantidos à sombra e com água à vontade. 
20
Figura 9. Lantana camara
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
7.8. Enterolobium contorsiliquum
Família: Mimosoideae
Nomes vulgares: “timbaúba”, “tamboril-da-mata” e “orelha-de-
 macaco”.
Características Gerais:
Possui distribuição desde o Pará até o Rio Grande do 
Sul. Habita principalmente as terras férteis de Minas 
Gerais. A planta é arbórea, de tronco curto e grosso e 
com casca. A copa é esgalhada e com folhas alternadas. 
Os frutos têm forma de vagem recurvada com borda 
ondulada e preta, semelhante a “orelha-de-macaco”.
Princípio tóxico:
Saponina esteroidal (presente nas vagens)
Sinais clínicos:
Ausência de apetite, fadiga, diarreia escura e fétida, 
desidratação (retração do globo ocular), culminando com 
a morte dos animais.
Tratamento:
Não há tratamento específico. Somente paliativo.
21
7.9. Crotalaria anagryroides
Família: Papilionoideae
Nomes vulgares: “xique-xique”, “guizo-de-cascavél” e
 “chocalho-de-cascavél”.
Características Gerais:
A planta tem ampla dispersão, sendo encontrada 
principalmente nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. É 
herbácea e tem aproximadamente 50 centímetros de 
altura. Possui inflorescência terminal com flores 
amarelas e frutos em forma de vagem, que quando secos 
ficam com aparência de chocalho.
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Figura 10. Enterolobium contorsiliquum
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
Princípio tóxico:
Alcaloides pirrolizidinicos.
Sinais clínicos:
Os animais apresentam anorexia, emagrecimento e 
sintomas nervosos de excitação e depressão.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
23
Figura 11. Crotalaria anagryroides
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
7.10. Asclepias curassavica
Família: Asclepiadaceae
Nomes vulgares: “oficial-de-sala”, “capitão-de-sala”, “leiteira”,
 “paina-de-sapo”
Características Gerais:
Possui distribuição por todo o país. Seu habitat são as 
terras férteis. A planta é anual, herbácea e lactífera. As 
folhas são opostas-cruzadas, lanceoladas, com a base e o 
ápice “afilados”. Sua inflorescência é apical, axiliar, com 
flores alaranjadas e vermelhas. Seus frutos são fusifor-
mes e lisos, e as sementes são achatadas, de coloração 
castanha, com pelos longos e sedosos. Não é muito pala-
tável, não é consumida naturalmente pelo gado, geral-
mente é ingerida acidentalmente junto com a forrageira. 
São mais consumidas pelos bezerros por crescer nos lu-
gares mais baixos e mais férteis, normalmente próximo 
aos currais e bezerreiros.
Princípio tóxico:
Glicosídeo.
Sinais clínicos:
Anorexia, diarreia líquida ou pastosa, às vezes com 
muco. Timpanismo, edema submandibular, arritmia 
cardíaca. O quadro pode ter evolução aguda ou 
subaguda.
Tratamento:
Não há tratamento específico.
24
 
8. Conclusão 
As plantas tóxicas causam grandes prejuízos. Podem afetar 
a saúde dos humanos e comprometer a produtividade dos reba-
nhos, provocando mortes e diminuição de crescimento.
É de grande importância identificar as plantas tóxicas in-
vasoras das pastagens. Observar a biologia da planta e identifi-
car os métodos ecológicos de reduzir sua presença nas pasta-
gens. Dessa forma, adotar procedimentos e manejos de preven-
ção das intoxicações.
Na maioria dos casos de intoxicação por plantas os trata-
mentos são emergenciais e paliativos. A resposta aos tratamentos 
depende da vitalidade do animal, da intensidade da intoxicação e 
da planta. 
Na Medicina Veterinária Homeopática há a recomendação 
geral de desintoxicar com Nux vomica 4CH, doses de 10 a 20 
gotas, repetidas a cada 60-120 minutos, tão logo haja sinais de 
intoxicação. Pingar diretamente na língua.
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Figura 12. Asclepiascurassavica
Adaptado de Tokarnia, Döbereiner e Peixoto, 2000.
9. Referências
ALBUQUERQUE, J.M. Plantas tóxicas: no jardim e no 
campo, Belém: FCAP, 1980. 
BERTINATO, A.E. Plantas tóxicas no planalto mineiro. O 
Ruralista, Belo Horizonte, v. 17, p. 284-289, out. 1979. 
CARVALHO, G. D. Principais plantas tóxicas 
causadoras de morte súbita em bovinos na região sul do 
estado do Espírito Santo. 64f. Monografia (Graduação). 
Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre-ES, 2005.
CARVALHO, G. D. Plantas Tóxicas Causadoras de Morte 
Súbita em Bovinos no Espírito Santo. Jornal do Conselho 
Regional de Medicina Veterinária do Espírito Santo – 
CRMV-ES, Vitória-ES, v. 2, p. 07, dez. 2006.
HOEHNE, F. C. Plantas e substâncias vegetais tóxicas e 
medicinais, São Paulo: Graphicars, 1939. 
KISSMANN, K. G.; GROTH, D. Plantas infestantes e 
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MELO, C.A. Plantas tóxicas: grave problema para o 
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1981. 
RIZZINI, C. T.; MORS, W. B. Botânica econômica 
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RIET-CORREA, F.; MENDEZ, M. C.; SCHILD, A. L. 
Intoxicações por plantas e micotoxicoses em animais 
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RIET-CORREA, F.; MEDEIROS, R. M. T. Intoxicações 
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Veterinária Brasileira, Seropédica, v. 21, p. 38-42, 2000. 
26
RIET-CORREA, F.; SCHILD, A. L.; MENDEZ, M. C.; 
LEMOS, R. A. A. Doenças de ruminantes e eqüinos. Vol. 2. 
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SANTOS, H. L.; FERRI, M. B.; D’ASSUMPÇÃO, W. R. 
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TOKARNIA, C. H.; DÖBEREINER, J.; PEIXOTO, P. V. 
Plantas tóxicas do Brasil. Rio de Janeiro: Helianthus, 2000. 
10. Contato com os Organizadores
Prof. Gabriel Domingos Carvalho
IFNMG – Campus Salinas – MG – Telefone: (38) 32013050
e-mail: gabriel.carvalho@ifnmg.edu.br
Profa. Viviane Modesto Arruda
UEMG – Unidade Ubá – MG – Telefone: (32) 35322459
e-mail: viviarruda@yahoo.com.br
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CADERNO SOBRE 
Plantas Tóxicas
Principais Plantas Tóxicas Causadoras de Morte Súbita em 
Bovinos
♦ – Texto informativo distribuído gratuitamente entre participan-
tes dos eventos sobre: Qualidade de Vida, Plantas Medicinais, 
Homeopatia, Agricultura Orgânica, Agroecologia, Trabalhos Co-
munitários, Família Agrícola, Educação Rural, Terapêuticas Tra-
dicionais e Terapias Naturais, promovidos pela Universidade Fe-
deral de Viçosa.
♦ – Texto distribuído a Escolas Rurais, Escolas Família Agrícola 
e Voluntárias das Pastorais que acessam as pessoas demandantes 
de qualidade de vida.
♦ – Programa de Extensão da Universidade Federal de Viçosa/ 
DFT – “Divulgação das Plantas Medicinais, da Homeopatia e da 
Produção de Alimentos Orgânicos”. – Projeto – “Partilha de Co-
nhecimentos sobre Plantas Medicinais e Terapêuticas Tradicio-
nais”.
Pedidos (distribuição gratuita): 
Vicente W. D. Casali
Universidade Federal de Viçosa/Fitotecnia
Viçosa-MG CEP: 36570-000
Tel: (31) 3899-2613 Fax: (31) 3899-2614
e-mail: vwcasali@ufv.br
Ao pedir, informar: nome e endereço completos, 
cidade, CEP, perfil (voluntária da pastoral, terapeuta, 
estudante, professor(a), agricultor(a), empresário(a) ou 
outra atividade).
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