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Fundamentos antropológicos e sociológicos - Eloise Bilek 04/19 Formação, desenvolvimento e declínio das comunidades primitivas: Na antiguidade, existiam dois tipos de civilizações: • A civilização nômade: que vivia em territórios de solo árido. Viviam economicamente de duas atividades: a caça de animais e a coleta de vegetais e, eventualmente praticavam os espólios de guerra, ou seja, saqueamento da produção alheia. A população nômade migrava de uma região para outra constantemente em busca de melhores condições de vida. Politicamente, eram governadas por homens fortes e guerreiros, que venciam as batalhas. Entretanto, nem sempre foi assim nessas comunidades, inicialmente os nômades eram matriarcas, ou seja, as mulheres tinham a capacidade de gerar um novo ser, aparentemente, sozinhas. Já que os homens não tinham conhecimento da anatomia humana, acreditavam no misticismo presente nas mulheres que tinham a competência de gerar uma nova vida, como também consideravam que a mulher tinha a capacidade de escolher o indivíduo que doaria a sua alma ao novo ser que estava nascendo, a medida que as pessoas morriam, pois se acreditava que o número de almas na terra era limitado, e que para um novo ser nascer era necessário que alguém morresse, e cabia a mulher indicar quem cederia a alma. Nesse momento, a mulher tinha a liderança natural do grupo. Além disso, o homem forte e guerreiro, quando se feria e o ferimento sangrava, por conta da pouca higiene dos povos daquela época e o desconhecimento da medicina, o homem vinha a falecer, enquanto a mulher sangrava durante uma semana a fio, todos os meses e continuava suas atividades cotidianas tranquilamente, o que o desconhecimento levava a crer no misticismo presente na mulher, fazendo o homem se subordinar naturalmente as mulheres como líderes naturais. Entretanto, o matriarcado perde o sentido no início das comunidades primitivas, quando os homens começam a observar que quando os animais fêmeas se encontram isolados dos machos, não há reprodução e o mesmo acontecia com as mulheres em períodos que seus companheiros estavam ausentes, entendendo a sua função no processo reprodutivo, desmistificando a função social da mulher, passando do matriarcado para o patriarcado, em torno do homem mais forte, o guerreiro, cujo a comunidade se subordina através do medo, de forma artificial. Onde o poder é ligado ao temor, chamado de princípio político do poder. Em relação ao modelo social, não conheciam a desigualdade social e dividiam toda a produção de forma igualitária entre todos os pares, independente da cada função social dos indivíduos, sem privilégios. • A civilização sedentária: que moravam em regiões banhadas por rios, e que formaram nessas regiões as chamadas Comunidades primitivas ou Comunidades Ribeirinhas. Se caracterizam por inicialmente se tratarem de populações nômades, que ao encontrarem regiões banhadas por rios, se fixaram no local, tornando-se sedentários. Portanto, todo povo sedentário, um dia já foi um povo nômade. Economicamente, adotavam o modelo do agropastoril (agricultura e pecuária), com técnicas agrícolas primitivas. Nesse momento, a figura do homem forte e guerreiro perde a sua importância, passando a figura de líder ao ancião, o mais velho e mais experiente que tinha mais conhecimento das técnicas agrícolas e métodos de produção de alimento. Adotando então o perfil de liderança de forma natural, governando pelo princípio da sabedoria e autoridade. No ponto de vista social, também não havia estratificação social, inicialmente. Porém, com o crescimento da população e a incipiência dos métodos contraceptivos e técnicas agrícolas e pecuárias apuradas, fazendo com que a produção esgotasse as propriedades naturais do solo, diminuindo a produção ano após ano. Além de tudo, estimulavam a reprodução humana, pensando no aumento de mão de obra de produção de alimentos. Entretanto, no primeiro momento um recém-nascido não ajudam na produção, e sim estimulam o consumo, tanto da mãe (que deixa de produzir para se dedicar aos cuidados do filho) e ao próprio bebê, que já nasce com fome. Com isso, ocorre o desequilíbrio entre a produção e o consumo, transformando as comunidades em sociedades, pois não há mais a produção comum a todos – originando a desigualdade social. O líder seleciona categorias sociais que deveriam ter acesso priorizado a alimentação em detrimento do interesse coletivo, adotando o modelo da pirâmide (símbolo da desigualdade social). Quado o líder toma posse da produção e passa a se alimentar primeiro, ele se distancia do restante da população, dando o início da construção da pirâmide estamental de cima para baixo, cabendo ao líder escolher quem tomaria posse da produção primeiramente, e quem passaria fome. Para evitar que houvessem revoltas pela divisão de produção exercida, o líder seleciona mecanismos de intervenção, e manter a pirâmide estruturada. Logo, a classe de sacerdotes é escolhida pelo líder para que fosse priorizada na distribuição de alimento, já que os sacerdotes correspondiam aos desejos dos deuses, e teria a capacidade de acalmar seus devotos quando a falta de comida ocorresse, caracterizando mais uma camada da pirâmide. Entretanto, nem toda a população era devota aos deuses equivalentes dos deuses, nesse momento o líder convoca os militares primitivos, para oprimir as revoltas e cumprir o terceiro patamar dessa pirâmide social. Então, o povo vivia entre a cruz e a espada. (os discursos sacerdotais e lâmina dos militares). Formando assim, a sociedade civil organizada, através de uma ordem superficial, porém organizada. Essas sociedades cresceram, se reproduziram e desenvolveram-se, fazendo alianças com sociedades vizinha, dando lugar a grandes pirâmides sociais e divisão de classes, formando-se uma macro pirâmide, nesse contexto de presença de um povo, um determinado território e uma forma de governo é que surge o Estado. O que difere é que a figura do líder agora compõe-se por uma corte que trabalha em conjunto ao líder, enquanto os sacerdotes se organizam em uma estrutura consolidada de religiosidade estatal, com dogmas e doutrinas que atendem ao interesse do Estado, através da religião oficial do Estado. E os militares, um exército formado para estruturar o Estado. • Para governar um Estado, não basta somente os mecanismos primitivos de organização de uma sociedade civil, ou seja, para manter a ordem num Estado, além dos métodos antigos, é necessário reforçá-los e criar novos, sendo esses os Mecanismos estatais de intervenção nas condutas sociais ➢ A religiosidade estatal (doutrinas da Igreja que atendem aos interesses do governante); ➢ Políticas públicas de entretenimento das massas (como a política do pão e circo, em Roma. Subsidiado pelo estado, faz com que a população esqueça dos problemas sociais que estão ocorrendo em paralelo); ➢ Políticas de gestão de problemas sociais; (gerenciar os problemas sociais não os resolvem, somente os minimiza para garantir e justificar a necessidade da presença do Estado); ➢ Norma antropocêntrica e/ou norma teocêntrica (a lei com o homem como legislador ou a lei baseada no discurso religioso). OBS: a norma teocêntrica não apresenta pena, pois acredita na forma unipotente, unipresente e oniciente de Deus, cabendo somente a ele julgar pelo pecador, enquanto na norma antropocêntrica, o homem primeiramente apresenta a pena, e o que será atribuído a quem cometer aquele delito, afim de buscar equilíbrio social através dessas normas. Porem, ambas não tem efeito por completo, necessitando dos outros mecanismos para controlar a sociedade. • Desenvolvimento da burguesia como classe social: Na idade média, a pirâmide social se caracterizava em Nobreza,clero e servos (de cima para baixo), onde os burgueses surgem da camada de servos que migaram para os burgos, desenvolvendo o artesanato têxtil para se sustentar, tentando tomar espaço entre essas classes sociais através do trabalho, com esse trabalho e acumulo de capital, os burgueses começaram a se destacar no Estado quando transformaram o seu capital em propriedades, ganhando visibilidade do Estado e conquistando a sua classe social. Quando a burguesia demonstra a posse de capital, começa a ser mau vista pela nobreza pois acumularam mais riquezas que a própria nobreza e o clero, cobrando impostos. Entretanto, com o pagamento dos tributos, os burgueses desejavam participar como cidadãos na vida pública, mas a nobreza os impede pois se tratava de um povo de origem simples, sem estudos e sem cultura, num momento onde as escolas eram voltadas apenas para filhos de nobres, com a Igreja lecionando. Nesse momento, a burguesia busca então o estudo, financiando as escolas Ex Nobilis, para os não nobres, onde quem lecionava eram sacerdotes expulsos da Igreja Católica por se aproximarem de conhecimentos que a igreja julgava como perigosos para a estabilidade da sociedade. Essas escolas promoviam um modelo de educação paralela, que combatia a gestão do Estado pela nobreza e o clero, principalmente a política do Cesaropapismo, que era a união de interesses do Estado (representado por Cesar) com a Igreja Católica (representada pelo Papa). Como consequência, desenvolve-se um movimento de reorganização da sociedade, denominado como O Renascimento. • Renascimento Movimento que ocorreu em três períodos: ➢ Trecento: no século XIV em Florença, com as primeiras escolas Ex Nobilis. ➢ Quatrocento: no século XV, em toda Península Itálica passa a ter unidades de escolas Ex Nobilis, e a proporção desse conhecimento renascentista vai tomando uma proporção cada vez maior. ➢ Quinquecento: século XVI, com a propagação das escolas Ex Nobilis em toda Europa e suas colônias, expandindo a proposta de reorganização social que se materializa em um movimento que vai derrubar a nobreza do poder, dando lugar ao governo da burguesia na Revolução Francesa, com o fim do absolutismo. A burguesia é a prova viva da flexibilização entre as classes sociais e a possibilidade de transição entre camadas sociais na sociedade atual, já que nasce na base da pirâmide social e alcança sua camada mais alta, tanto nos pontos de vista econômico, cultural e político. Fundamentos antropológicos e sociológicos - Eloise Bilek 04/19 Formação, desenvolvimento e declínio das comunidades primitivas: