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Genetica e criminalidade - anotacoes pessoais_20190319-0906

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Criminalidade e genética – anotações
“... a genética do crime é vista por psiquiatras como uma condenação antecipada, equivocada e discriminatória”.
P Oliveto 
Reflexão organizada por William C. de Andrade a partir de textos de Oliveto, P. “Polêmica de que genética está ligada aos atos criminosos divide especialistas” e; PONTES F. e TESSITORE M. A mente do mal - Novos estudos exploram as causas biológicas da criminalidade de gente má, como o vilão Félix, de "Amor à vida"
 
Baseado em pesquisas que sugerem um componente genético na violência, há quem defenda que cometer atos criminosos é uma característica herdada, com a qual se nasce, querendo ou não. 
Exemplificando: Em 2009, a pena de um homicida italiano foi diminuída em um ano porque a defesa convenceu o júri que o réu era portador de um gene, o MAOA, associado à impulsividade.
Exemplificando: Filhos de criminosos poderiam ser tachados de violentos e predispostos a infringir a lei, aumentando ainda mais o estigma que carregam.
Oliveto: criminalidade herança genética
...é praticamente consenso entre os cientistas que, sozinho, o DNA não define a personalidade. Estudos com gêmeos que foram separados logo após o nascimento e criados em lugares diferentes sugerem que o caminho trilhado pelos indivíduos é resultado da interação de genética e questões ambientais.
...teme é que, um dia, se escaneie o genoma de um ser humano para confirmar ou descartar a participação dele em um delito, baseado na probabilidade biológica de essa pessoa ser criminosa.
Referência ao filme: Minority Report
O criminólogo Paul S. Appelbahu
O debate atual 
Uma questão científica
O que faz um gene?
há um problema grave em se incorporar o sequenciamento do DNA nos manuais de direito penal. “Sequer existe um consenso sobre a influência da genética no comportamento.
Hoje, a maior parte dos neurocientistas concorda que os genes desempenham um papel, mas não se sabe exatamente qual e nem a extensão disso”, argumenta Catherine Tublad
 segue o debate
Fatores ambientais ou hereditariedade???
Enquanto estudos com gêmeos criados separados ressaltam a força dos fatores ambientais no comportamento violento, pesquisas com crianças adotadas sugerem uma influência maior da hereditariedade
Levantamento feito em 2002 pelo Departamento de Psicologia da Universidade de Emory, os cientistas combinaram dados de 51 pesquisas de gêmeos e adotivos. Conclusão de que a hereditariedade é responsável por 41% do comportamento antissocial. O restante é consequência de questões ambientais, como a forma de criação.
Na ficção: “O vilão Félix, o maior sucesso de Amor à vida, a novela das 9 da noite da TV Globo, é a encarnação da crueldade. Interpretado pelo ator Mateus Solano, ele jogou um bebê recém-nascido numa caçamba de lixo, deixou a irmã adotiva sangrando no chão de um banheiro de bar após o parto, desviou dinheiro do hospital da própria família e encomendou o assassinato do sócio do pai para cumprir seu maior objetivo: receber uma herança milionária. Gay enrustido cuja homossexualidade só foi revelada recentemente, Félix usava a imagem de pai de família para esconder suas ardilosidades.
Mente do mal – entre a ficção e a realidade
Relegadas desde que serviram de base científica para as ideologias racistas, como o nazismo, que vicejaram no mundo ocidental na primeira metade do século XX, as teorias que associam o crime a características biológicas ou genéticas voltaram gradualmente a ganhar prestígio em universidades e centros de pesquisa de renome. No ano passado, a maior conferência de criminologia do mundo – organizada pela Sociedade Americana de Criminologia – reuniu dez apresentações em que o crime era relacionado à biologia ou aos genes.
Um debate presente na universidade
(A anatomia da violência, em tradução livre), lançado em maio, pelo neurocientista e criminólogo britânico Adrian Raine. O livro teve grande repercussão nos Estados Unidos e no Reino Unido. Professor da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, Raine almeja fundar a disciplina da “neurocriminologia”. Ele postula que muitos comportamentos violentos, ainda que possam ser estimulados pelo ambiente, têm relação também com características neurológicas do criminoso. “Muitos criminosos violentos têm o cérebro fisicamente diferente e estruturalmente deficiente”
Raine – criminalidade e cérebro
Um nome a ser lembrado: frenologia, estudos feitos em 1876 pelo italiano Cesare Lombroso, um dos inspiradores das ideias eugenistas abraçadas pelos nazistas. Lombroso argumentava que a forma do crânio e do maxilar poderia determinar quem era criminoso ou não.
Raine: Descobriu que a região do cérebro responsável por gerar medo, ansiedade, culpa e coordenar as decisões de caráter moral – conhecida como amígdala – desses psicopatas tinha um volume 18% menor que em outras pessoas e apresentava atividade proporcionalmente inferior. 
Passado e presente????
Crime e cérebro 
Outra região associada ao comportamento criminoso é a parte do cérebro situada atrás da testa, que controla impulsos e a capacidade de planejamento, chamada córtex pré-frontal. “Ele é um anjo da guarda do comportamento”, diz Raine. Uma deficiência no córtex pré-frontal pode resultar em menor controle das emoções e comportamentos sociais. Pode causar também falta de autocontrole, perda da noção de risco ou propensão exagerada para o medo e a raiva. (caso Darell Hill)
O primeiro caso foi de Herbert Weinstein, um publicitário de 65 anos. Em 1991, ele enforcou sua mulher, Barbara, após uma discussão. Ao tentar acobertar o crime, Weinstein arremessou o corpo dela da janela de seu apartamento, no 20o andar de um edifício em Manhattan, Nova York. Foi preso no mesmo dia. Como Weinstein não tinha antecedente criminal ou registros de comportamento violento anterior, sua equipe de defesa contratou um neurologista para analisar seu cérebro. Uma tomografia revelou que Weinstein tinha um cisto que alterava a posição do tecido no córtex frontal. Alegando insanidade mental e falta de capacidade para raciocinar e controlar suas emoções, a defesa reduziu a pena de Weinstein de 25 para sete anos de prisão. 
 
Um caso levado a julgamento
A base genética do comportamento criminoso é estudada há quase 30 anos. O primeiro estudo no campo foi publicado em 1984, pelo psicólogo dinamarquês Sarnoff Mednick. Com informações de todas as 14.427 adoções de crianças feitas na Dinamarca entre 1924 e 1947, Mednick afirmou que a quantidade de crimes cometidos pelos pais biológicos aumentava o risco de seus filhos homens cometerem crimes. Sustentava sua tese com a seguinte descoberta: enquanto 13% dos filhos de pais biológicos sem ficha criminal haviam sido condenados, o número subia para 25%, em média, nos casos de filhos de pais com três ou mais crimes.
Adoções e índice de criminalidade
os neurocientistas Avshalom Caspi e Terrie Moffitt, da Universidade Duke, nos EUA, analisaram as informações hereditárias de 1.000 indivíduos numa comunidade na Nova Zelândia. Compararam-nas ao comportamento antissocial na vida adulta. A dupla descobriu que aqueles com níveis baixos de uma certa substância química, caso tivessem sofrido abuso na infância, eram mais predispostos a manifestar comportamento antissocial. Por isso, mesmo quem postula a criação da “neurocriminologia”, como Raine, é cauteloso ao fazer associações de caráter determinista entre biologia e crime. Nem todo criminoso tem disfunções cerebrais. E nem todo indivíduo com um perfil cerebral específico é necessariamente um assassino ou psicopata. Além disso, o cérebro costuma mudar fisicamente no decorrer da vida. “Diria que 50% da causa de crimes violentos é biológica. Mas biologia não é destino, e podemos buscar tratamento”, diz Raine.
Cautela na relação biologia - crime
Embora relacionem a criminalidade ao nível de atividade de certas regiões do cérebro, os neurocientistas ainda não avançaram a ponto de descobrir como a intenção de fazer uma crueldade pode estar codificada na biologia humanae como essa informação pode gerar um comportamento criminoso.
John Laub, criminólogo e professor da Universidade de Maryland, College Park, nos EUA, que “não há um fator único para o crime e a violência”. Para ele, a aceitação da abordagem biológica pode aprimorar o estudo do crime.
Buscando um caminho científico

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