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1 NÃO FAÇA A PROVA SEM SABER – GRUPO TEMÁTICO 3 CICLOS DE REVISÃO MP/MG SUMÁRIO 1. Direito Civil....................................................................................................................02 2. Direito Processual Civil.................................................................................................59 2 DIREITO CIVIL1 ESTUDO DA LINDB 1.1 Primeiras Palavras sobre a LINDB A LINDB é uma norma de sobre direito: norma jurídica que visa regulamentar outras normas. 1.2 LINDB e a Lei como fonte primária do direito brasileiro. A vigência das normas jurídicas. Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. § 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. § 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. #IMPORTANTE (majoritária): a atual codificação entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003. A contagem do período de vacância far-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral. REVOGAÇÃO 1. Quanto à extensão a) revogação total ou ab-rogação: ocorre quando se torna sem efeito uma norma de forma integral. b) revogação parcial ou derrogação: uma lei nova torna sem efeito parte de uma lei anterior. 2. Quanto ao modo a) revogação expressa (via direta): a lei nova taxativamente declara revogada a lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende retirar. b) revogação tácita (ou por via obliqua): a lei posterior é incompatível com a anterior, não havendo previsão expressa no texto a respeito da revogação. Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. REPRISTINAÇÃO § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. 1.3 Características da norma jurídica 1 Por Liana Schuler e Ana Beatriz Fernandes. 3 a) generalidade. b) autorizante. c) imperatividade. d) permanência. e) competência. O art. 3° da LINDB consagra o princípio da obrigatoriedade da norma. Tal princípio sofre abrandamento, a exemplo do erro substancial relacionado com o erro de direito. Art. 3º Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 1.4 As formas de integração da norma jurídica a) lacuna normativa: ausência total de norma prevista para um determinado caso concreto. b) lacuna ontológica: existe a norma, mas ela não tem eficácia social. c) lacuna axiológica: existe norma, mas a sua aplicação é insatisfatória ou injusta. d) lacuna de conflito ou antinomia: choque de duas ou mais normas válidas. Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 1.4.1 Analogia A analogia é a aplicação de uma norma próxima ou de um conjunto de normas próximas. a) analogia legal ou legis: é a aplicação de somente uma norma próxima. b) analogia jurídica ou iuris: é a aplicação de um conjunto de normas próximas. #IMPORTANTE: na analogia há integração da norma jurídica. Na interpretação extensiva apenas amplia-se o seu sentido, havendo subsunção. 1.4.2 Costumes Práticas e usos reiterados com conteúdo lícito e relevância jurídica. a) costumes segundo a lei (secundum legem): há referência expressa aos costumes no texto legal 2 b) costumes na falta da lei (praeter legem): aplicados quando a lei for omissa – costume integrativo. c) costumes contra a lei (contra legem): aplicação dos costumes contraria a lei. Requisitos para Aplicação dos Costumes: a) continuidade, b) uniformidade, c) diuturnidade, d) moralidade, e) obrigatoriedade. 1.4.3 Princípios Gerais de Direito → Princípio da Eticidade: valorização da ética e da boa-fé. Função integrativa, interpretativa e de controle. → Princípio da Socialidade: todas as categorias jurídicas têm função social. → Principio da Operabilidade: simplicidade e valorização da efetividade ou concretude. 1.4.4 Equidade É fonte INFORMAL OU INDIRETA do direito. É a justiça do caso particular. a) equidade legal: aquela cuja aplicação está prevista no próprio texto legal (art. 413 do CC). 2 Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 4 b) equidade judicial: presente quando a lei determina que o magistrado deva decidir por equidade o caso concreto (art. 127 do CPC). 1.5 Aplicação da Norma Jurídica no Tempo Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. 1.6 Aplicação da Norma no Espaço3 3 Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. § 2º O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. § 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. § 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. § 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. § 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasildepois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. § 7º Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda. § 8º Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. Art. 8º Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. § 1º Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. § 2º O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem. § 1º Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. § 2º A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. § 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. § 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. § 1º Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. § 2º Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação. 5 1.7 Estudo das Antinomias Jurídicas Antinomia é a presença de duas normas conflitantes, válidas, emanadas de autoridade competente, sem que possa dizer qual delas merecerá aplicação em determinado caso concreto. a) critério cronológico, b) critério da especialidade, c) critério hierárquico. Antinomia de primeiro grau: conflito de normas envolvendo apenas um dos critérios. Norma Posterior x Norma Anterior = Norma Posterior Norma Especial x Norma Geral = Norma Especial Norma Superior x Norma Inferior = Norma Superior Antinomia de segundo grau: situação que não pode ser resolvida de acordo com os metacritérios. Norma Especial Anterior x Norma Geral Posterior: prevalece o critério da especialidade. Norma Superior Anterior x Norma Inferior Posterior: prevalece a hierarquia. Norma Geral Superior x Norma Especial Inferior = ANTINOMIA REAL. COMPLEMENTO: § 3º Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares. Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1º Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. § 2º A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências. Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência. Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (Vide art. 105, I, i da Constituição Federal). Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. § 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. § 2º É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública. Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais. Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei. 6 Cláusulas Gerais: janelas abertas deixadas pelo legislador para preenchimento pelo aplicador do direito, caso a caso. Ex.: função social do contrato e da propriedade, boa fé. Miguel Reale – Ontognoseologia Jurídica – busca o papel do direito nos enfoques subjetivos e objetivo, baseando-se em duas subteorias: o culturalismo jurídico e a teoria tridimensional do direito. a) culturalismo jurídico (plano subjetivo): busca o enfoque jurídico no aspecto subjetivo do aplicador do direito. Cultura,experiência e história. b) teoria tridimensional do direito (plano objetivo): direito é fato, valor e norma. O jurista e o magistrado deverão fazer um mergulho profundo nos fatos que margeiam a situação, para então, de acordo com os seus valores e da sociedade aplicar a norma de acordo com os seus limites, procurando sempre interpretar sistematicamente a legislação. DA PESSOA NATURAL 1. Personalidade Jurídica: a) conceito: aptidão genérica para se titularizar direitos e contrair obrigações na órbita jurídica. Art. 2º do CC: a personalidade da pessoa natural começa com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo desde a concepção os “direitos” do nascituro. b) nascituro: ente já concebido, de vida intrauterina, mas ainda não nascido4 NATUREZA JURÍDICA DO NASCITURO: a) Teoria Natalista: a personalidade somente seria adquirida a partir do nascimento com vida, independentemente da forma humana e de um tempo mínimo de sobrevida, de maneira que o nascituro não poderia ser considerado pessoa, tendo mera expectativa de direitos. b) Teoria da Personalidade Condicional: a personalidade somente seria adquirida sob a condição de nascer com vida, embora o nascituro já pudesse ser titular de determinados direitos extrapatrimoniais. c) Teoria Concepcionista: o nascituro seria considerado pessoa desde a concepção, inclusive, para certos efeitos ou direitos patrimoniais. Ex.: doações. 2. Capacidade É a medida jurídica da personalidade. a) Capacidade de Direito ou de Gozo: capacidade para ser sujeito de direitos e deveres na ordem privada. Toda pessoa tem. b) Capacidade de Fato ou Capacidade de Exercício: aptidão para praticar pessoalmente atos da vida civil. Capacidade de Direito + Capacidade de Fato = Capacidade Plena #INOVAÇÃOLEGISLATIVA – Lei nº 13.146, de 2015 Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. I - (Revogado); II - (Revogado); 4 Enunciado 01 do CJF: “a proteção que o Código defere ao nascituro alcança também o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”. 7 III - (Revogado). Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. É possível a invalidação do ato praticado pelo incapaz, ainda não interditado, se reunido três requisitos: (i) incapacidade de discernimento; (ii) prejuízo; (iii) má fé da outra parte. OBS.: INCAPAZ PODE: Ser testemunha (art. 228). Ser mandatário (art. 666). Testar (art. 1.860). OBS.: RESPONSABILIDADE DO INCAPAZ Art. 18º. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. Quais os principais efeitos da redução da maioridade civil? (i) no âmbito da previdência social, a redução da maioridade civil NÃO implicou a negação do direito de percepção de benefício assegurado pela lei previdenciária, por ser norma especial5. (ii) NÃO causa um automático impacto exoneratório no âmbito do direito aos alimentos. #SELIGANASÚMULA: Súmula 358, STJ: o cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos. O STJ decidiu que pós-graduação não autoriza a manutenção da pensão. 3. Emancipação É um instituto que antecipa os efeitos da maioridade civil. 5 . Enunciado 03: Art. 5º: a redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de dependência econômica para fins previdenciários e outras situações similares de proteção, previstas em legislação especial. 8 VOLUNTÁRIA JUDICIAL LEGAL IRREVOGÁVEL. INSTRUMENTO PÚBLICO. Pelo menos 16 anos completos. REGISTRADA no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais. OBS.: pais respondem pelos ilícitos causados pelos filhos emancipados até os 18 anos. Concedida por SENTENÇA, ouvido o tutor, desde que o menor tenha pelo menos 16 anos completos. Deve ser REGISTRADA no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais. Decorrente de lei → Casamento. → Exercício de emprego público efetivo. → Colação de grau em curso de nível superior. → Estabelecimento civil ou comercial ou pela relação de emprego, desde que em razão de qualquer um deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria. 4. Extinção da pessoa física ou natural Para efeito jurídico, é a morte encefálica. Obs.: comoriência traduz a ideia de morte simultânea, nos termos do artigo 8º do CC6. Morte Presumida (artigo 6º, 2ª parte e artigo 7º) a) morte com declaração de ausência (art. 6°, 2ª parte): Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. b) morte sem declaração de ausência (art. 7° do CC) Art. 7o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento. DIREITOS DA PERSONALIDADE #DEOLHONOEDITAL: 1. Noções gerais e cláusula geral de proteção da personalidade Os direitos da personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana. Em caso de colisão entre eles, como nenhum pode sobrelevar os demais, deve-se aplicar a técnica da ponderação. ENUNCIADO 531: “a tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento”. 6 Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 9 2. Direitos da Personalidade e Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais O STF acolheu a orientação de que os direitos fundamentais possuem também uma eficácia horizontal (nas relações entre particulares). 3. Momento aquisitivo dos direitos da personalidade: O momento aquisitivo dos direitos da personalidade é a concepção. 4. Momento Extintivo Morte encefálica. Situações controvertidas com relação ao exercício de direitos após a morte: (i) sucessão processual (art. 110): os herdeiros se habilitam e dão continuidade ao processo. (ii) transmissão do direito à reparação do dano (art. 943 do CC/02): há a transmissão de um direito patrimonial, e não de direitos da personalidade. Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-secom a herança. (iii) lesados indiretos (art. 12, paragrafo único, CC): ocorre quando a lesão é dirigida à personalidade de alguém que já morreu, sendo atingidos indiretamente os familiares do morto, ainda vivos. #OBS.: quando se tratar do direito de imagem, o paragrafo único do art. 20 retira a legitimidade dos colaterais como lesados indiretos. 5. Direitos da Personalidade da Pessoa Jurídica O art. 52 do CC dispõe que se aplica às pessoas jurídicas a proteção dos direitos da personalidade, no que couber. Podem as pessoas jurídicas de direito privado sofrer dano moral (Súmula 227 do STJ). INFORMATIVO 534 – STJ: apenas pessoas jurídicas de direto privado podem sofrer dano moral. PJ de direito público não. 6. Direitos da personalidade e liberdade de comunicação social A liberdade de comunicação social abrange, a um só tempo, liberdade de imprensa + liberdade de expressão. #SELIGANASÚMULA: Súmula n. 221, STJ: são civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação. Súmula n. 281, STJ: a indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC 82.424/RS, firmou entendimento de que o Brasil não admite “hate speech”. Informativo 558 do STJ: a sociedade empresária gestora de portal de notícias que disponibilize campo destinado a comentários de internautas terá responsabilidade solidária por comentários postados nesse campo que, mesmo relacionados à matéria jornalística veiculada, sejam ofensivos a terceiro e que tenham 10 ocorrido antes da entrada em vigor do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014). STJ. 3ª Turma. REsp 1.352.053- AL, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, j. em 24/3/2015 Provedores de INFORMAÇÃO Provedores de CONTEÚDO São aqueles que produzem as informações divulgadas na Internet. São os autores de escritos postados na internet. Ex: alguém que publica um texto seu em um blog. Os provedores de informação possuem responsabilidade civil pelas matérias por ele divulgadas (REsp 1381610/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 03/09/2013). São aqueles que disponibilizam na internet as informações criadas ou desenvolvidas pelos provedores de informação. Ex.: os mantenedores de sites de relacionamento na internet (Facebook®, Instagram®, Twitter® etc.). Em regra, os provedores de conteúdo não possuem responsabilidade civil pelas mensagens postadas diretamente pelos usuários, salvo se não providenciarem a exclusão do conteúdo ofensivo, após notificação (REsp 1338214/MT, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 21/11/2013). 7. Características dos direitos da personalidade Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. A restrição voluntária não é absoluta, possui limites: (i) não pode ser permanente. Exceção: doação de órgãos. (ii) não pode ser genérica. (iii) não pode violar a dignidade do titular. Enunciado 04 da JDC: o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral. Outras características dos direitos da personalidade. 1. Inatos: provêm do direito natural. 2. Absolutos: no sentido de oponíveis erga omnes. 3. Extrapatrimoniais. 4. Impenhoráveis: não pode ser penhorado, mas a indenização já recebida pode ser penhorada. 5. Imprescritíveis. #OBS1.: a indenização submete-se a prazo prescricional. Exceção: imprescritibilidade para pretensão patrimonial decorrente de tortura (STJ, Resp 816.209/RJ) #OBS2.: se o artista vinculou o seu nome a um produto ou atesta a qualidade do produto, passa a responder solidariamente pelos danos, pois passa a integrar a relação de consumo. 08. Proteção Jurídica dos Direitos da Personalidade 11 Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. #SELIGANASÚMULA: Súmula nº 37, STJ: são cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. Súmula nº 387, STJ: é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral. Súmula nº 388, STJ: a simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral. 9. Direito ao corpo vivo (art. 13, CC). Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A caracterização do dano estético independe de sequelas permanentes (RESP 575.576/RS). Conclusões que defluem do art. 13: (i) Admite-se ato de disposição do corpo vivo, desde que não gere diminuição permanente da integridade física. Ex.: tatuagens e piercings. (ii) Admite-se ato de disposição do corpo vivo que gere diminuição permanente da integridade física, desde que com base em exigência médica. Ex.: imputação por exigência médica. #OBS.: transgenitalização – cirurgia – solução terapêutica – adequação entre o corpo e a mente. RESP 1008.398: o transexual tem o direito de mudar o nome, o estado sexual, sem qualquer referência ao estado anterior. Já há julgados que admitem a alteração de registro civil de transexual não operado. BARRIGA DE ALUGUEL GRATUIDADE PESSOAS DA MESMA FAMÍLIA OU AUTORIZAÇÃO DA CFM IMPOSSIBILIDADE GESTACIONAL DOAÇÃO DE ÓRGÃOS GRATUIDADE PESSOAS DA MESMA FAMÍLIA OU AUTORIZAÇÃO JUDICIAL ÓRGÃOS DÚPLICES OU REGENERÁVEIS INTERVENÇÃO DO MP (COMARCA DOADOR) 12 10. Direito ao Corpo Morto (art. 14, CC) Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. Enunciado 277 – CJF: o art. 14 do CC, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto, a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/97 ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador. Autonomia do paciente ou livre consentimento informado (art. 15, CC). Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. Direito ao nome civil (arts. 16 a 19). Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome. #OBS.: Hipocorístico pode acrescer ao nome ou substituir, merecendo proteção. Ex.: Lula, Xuxa, Pelé. Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. Art. 18. Sem autorização, não se podeusar o nome alheio em propaganda comercial. Mudança de Nome A Lei dos Registros Públicos dispõe que após 01 ano da aquisição da maioridade civil, ou para quem for emancipado, da data da emancipação, o titular pode, imotivadamente, requerer a mudança do nome. Esse é o único caso de mudança de nome imotivada. #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: De acordo com o STJ, é possível a mudança do nome do titular nos casos previstos em lei, ou quando houver justificação judicial (Resp 538.187/RJ). 11. Direito à Imagem Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. #OBS.: no caso do direito à imagem, não estão abrangidos os colaterais como lesados indiretos (art. 20, parágrafo único). Relativizações do direito à imagem (i) cessão expressa ou tácita do titular; 13 (ii) pessoas públicas (celebridades), se não houver desvio de finalidade; (iii) função social da imagem – parte inicial do art. 20, CC. #OBS.: cessão tácita em locais públicos (Resp 595.600/SC). #ATENÇÃO: Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela publicação, ele terá direito à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc. STF. Plenário. ADI 4815, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. em 10/06/15. #SELIGANASÚMULA: Súmula 403-STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins econômicos ou empresariais. 12. Direito à Vida Privada Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. 13. Desconsideração da personalidade jurídica7 Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua (despersonificação (despersonalização) da pessoa jurídica). Existem duas modalidades básicas de desconsideração: → desconsideração direta (regular): bens dos sócios ou administradores respondem por dívidas da pessoa jurídica (prevista no art. 50, CC e 28, CDC). → desconsideração indireta (inversa ou invertida): bens da pessoa jurídica respondem por dívidas dos sócios e administradores. Há previsão expressa no novo CPC (art. 133, § 2º). Para a TEORIA MAIOR, dois são os requisitos para aplicação da desconsideração: (i) abuso da personalidade jurídica. (ii) prejuízo ao credor. Para a TEORIA MENOR basta um único requisito para aplicação da desconsideração: (i) prejuízo ao credor (art. 4º, Lei nº 9605/98 e art. 28, §5º, Lei nº 8078/90). 7 TEMA MUITO IMPORTANTE. CARA DE ESTUDO DE CASO. INCLUSIVE, MATÉRIA COM LIGAÇÃO DIRETA COM O NOVO CPC. 14 INFORMATIVO 554 DO STJ: O encerramento irregular das atividades da empresa devedora autoriza, por si só, que se busque os bens dos sócios para pagar a dívida? • Código Civil: NÃO8 • CDC: SIM • Lei Ambiental: SIM • CTN: SIM STJ. 2ª Seção. EREsp 1306553/SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 10/12/2014. #SELIGANASÚMULA: Súmula n. 435 do STJ: presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente. Enunciado 281 – CJF: a aplicação da teoria da desconsideração, descrita no art. 50 do Código Civil, prescinde da demonstração de insolvência da pessoa jurídica. Enunciado 284 – CJF: as pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins não econômicos estão abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurídica. Enunciado 285 – CJF: a desconsideração prevista no art. 50 do CC pode ser invocada pela pessoa jurídica em seu favor. Enunciado 07 – CJF: só se aplica a desconsideração da personalidade jurídica quando houver a prática de ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou sócios que nela hajam incorrido. Enunciado 146 – CJF: nas relações civis, interpretam-se restritivamente os parâmetros de desconsideração da personalidade jurídica previstos no art. 50 (desvio de finalidade social ou confusão patrimonial). Este Enunciado não prejudica o Enunciado n. 7. 14. Domicílio Civil 14.1 Da pessoa natural Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. O art. 73 consagra a morada eventual ou habitação. 8 Enunciado 282: o encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso de personalidade jurídica. 15 Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada. Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizerem, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem. O domicílio legal (necessário) está previsto no art. 76, CC. Não exclui o domicílio residencial e profissional. Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. O domicílio contratualé aquele fixado para cumprimento das obrigações a ele concernentes. Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 14.2 Domicílio da Pessoa Jurídica Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: I - da União, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; IV - das demais pessoas jurídicas (de direito privado, inclusive), o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. § 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. PESSOA JURÍDICA Para fins de prova prevalece que o CC adotou a teoria da realidade técnica: as pessoas jurídicas teriam autonomia e existência social, a par de a sua personificação ser fruto da técnica abstrata do direito. Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 16 O registro de uma pessoa jurídica é constitutivo de sua personalidade. Ausente, estaremos diante de sociedade despersonificada, que resulta na responsabilidade pessoal dos sócios e administradores (art. 986 e ss.). #ATENÇÃO: CONDOMÍNIO (TEMA POLÊMICO): prevalece que não é pessoa jurídica, e sim um ente despersonificado com capacidade processual. Espécies de Pessoa Jurídica Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado. Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos. VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. #DEOLHONOEDITAL: 4.1 Associações É espécie de pessoa jurídica de direito privado, formadas pela união de indivíduos com propósito de realizar uma finalidade ideal ou não econômica. É espécie de corporação. A qualidade de sócio é intransmissível, podendo haver disposição em sentido contrário no estatuto (art. 56 do CC). Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais9. 9 Pode haver categorias diferentes de associados com diferença de tratamentos, o que não se admite é que em uma mesma categoria haja discriminação. 17 A Assembleia Geral é o órgão máximo da associação. As atribuições estão no art. 59 do CC. Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: I – destituir os administradores; II – alterar o estatuto. Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores. Art. 61. Dissolvida uma associação, o seu patrimônio será atribuído à entidade de fim não econômico designado no estatuto, ou, omisso este, a uma instituição municipal, estadual ou federal de fim igual ou semelhante. Enunciado 407: a obrigatoriedade de destinação do patrimônio líquido remanescente da associação à instituição municipal, estadual ou federal de fins idênticos ou semelhantes, em face da omissão do estatuto, possui caráter subsidiário, devendo prevalecer a vontade dos associados, desde que seja contemplada entidade que persiga fins não econômicos. Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto. 4.2 Fundações CUIDADO COM AS INOVAÇÕES LEGISLATIVAS. AS BANCAS ADORAM. Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma: I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; II - não contrarie ou desvirtue o fim desta 18 III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias. Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil afinalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. Art. 1.202. Incumbirá ao órgão do Ministério Público elaborar o estatuto e submetê-lo à aprovação do juiz: I - quando o instituidor não o fizer nem nomear quem o faça; II - quando a pessoa encarregada não cumprir o encargo no prazo assinado pelo instituidor ou, não havendo prazo, dentro em 6 (seis) meses. #OBS.: elaboração do estatuto da fundação compete ao instituidor ou fiduciariamente a um terceiro. Subsidiária e excepcionalmente caberá ao MP (art. 65, CC). Aprovação do estatuto, em regra, é feita pelo MP. No caso de o próprio MP elaborar o estatuto, a aprovação é feita pelo juiz. #NOVIDADELEGISLATIVA: PODER FISCALIZATÓRIO DO MP. Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. § 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) § 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. 4.3 Sociedades As sociedades, pessoas jurídicas de direito privado, instituem-se por meio de contrato social, com propósito de exercer atividade econômica e partilhar lucros (art. 981, CC). Art. 982, Parágrafo único, CC: independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa. Sociedade Empresária (i) requisito material: exercício de uma atividade típica de empresário. (ii) requisito formal: registro na Junta Comercial. Uma sociedade empresária é marcada pela impessoalidade. Sociedades Simples Marcadas pela pessoalidade, ou seja, a pessoa do sócio e a sua atividade são indispensáveis para a existência e atuação funcional da sociedade simples. DESTAQUE – Empresa Individual De Responsabilidade Limitada – EIRELI 19 Enunciado 469 - CJF: a EIRELI não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado (Enunciado 03 da Jornada de Direito Comercial). Enunciado 470 - CJF: o patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica. Enunciado 473 – CJF: Art. 980-A, § 5º. A imagem, o nome ou a voz não podem ser utilizados para a integralização do capital da EIRELI. #OBS.: o art. 980-A, §2°, estabelece que a pessoa física não pode constituir mais de uma EIRELI ao mesmo tempo. BENS JURÍDICOS Classificação quanto à mobilidade (arts. 79 a 84, CC). a) imóveis: o transporte e a remoção implicam em destruição ou deterioração. a.1) bens imóveis por natureza: a imobilidade decorre de sua essência. Ex.: árvore natural. a.2) bens imóveis por ascensão física industrial: a imobilidade decorre da atuação humana, concreta e efetiva. Ex.: construções e plantações. a.3) bens imóveis por ascensão física intelectual (Tartuce): são os bens móveis incorporados ao bem imóvel pela vontade do proprietário. Ex.: trator na fazenda, TV agregada à rede LFG. a.4) bens imóveis por determinação legal (art. 80, CC): os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem. b) móveis: são aqueles que podem ser removidos ou transportados sem implicar destruição/deterioração. b.1) bens móveis por natureza: remoção por força alheia ou por força própria (semoventes). b.2) bens móveis por antecipação: eram imóveis mas foram mobilizados por uma atuação humana concreta e efetiva. Ex.: plantação colhida e prédio demolido. b.3) bens móveis por determinação legal (art. 83, CC): as energias que tenham valor econômico; os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio. Classificação quanto à dependência Bens reciprocamente considerados (art. 92, CC) 20 a) Bem principal x Acessório10 FRUTOS Saem do bem sem diminuir a quantidade. Naturais. Industriais. Civis. PRODUTOS Saem do bem diminuindo o principal. PERTENÇAS Não constituem parte integrante, mas servem de modo duradouro ao uso, serviço ou embelezamento de outro bem. PARTE INTEGRANTE Acessório unido ao bem principal formando com este um todo indivisível. BENFEITORIAS Acréscimos e melhoramentos introduzidos no bem principal. Necessárias. Úteis. Voluptuárias. Diferenciação entre pertença e benfeitoria voluptuária: a primeira é uma incorporação realizada pelo proprietário, enquanto a segunda é incorporação realizada por quem não é proprietário. 10 Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso. Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico. Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. § 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. § 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. § 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências dalei. Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. 21 FATO JURÍDICO #DEOLHONOEDITAL: FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO ATO-FATO AÇÕES HUMANAS ATO JURÍDICO a) 1ª corrente: Todo evento natural ou humano que produz efeitos jurídicos, seja pela criação, modificação, extinção ou conservação de direitos e deveres. b) 2ª corrente: todo aquele que estabelece uma relação jurídica. Não é necessário que produza efeitos em concreto; basta que seja apto/capaz a produção de efeitos. Comportamento que embora derive do homem, é desprovido de vontade consciente em sua realização e na projeção dos resultados. Lícitas: “atos jurídicos”. Ilícitas: “atos ilícitos”. Comportamento humano que viola o ordenamento jurídico. Ato jurídico em sentido estrito: traduz um simples comportamento humano voluntário e consciente, que determina a produção de efeitos jurídicos legalmente previstos. → Negócio jurídico: consiste em uma declaração de vontade emitida segundo o postulado da autonomia privada, nos limites da função social e da boa fé objetiva, pela qual as partes pretendem atingir efeitos juridicamente possíveis e livremente escolhidos. Planos de análise do negócio jurídico: existência, validade, eficácia. a) Existencial: pressupostos de existência – vontade, agente, objeto e forma. O art. 111, CC, admite o silêncio como forma de manifestação da vontade. Ex.: doação pura. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato. 22 b) Validade: vontade deve ser livre e dotada de boa fé, o agente deve ser capaz e legitimado, o objeto tem que ser lícito, possível e determinado ou determinável, e a forma deve ser livre ou prescrita em lei. Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo em que foram celebrados. Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito. c) Plano da eficácia do negócio jurídico Condição: elemento acidental do negócio jurídico que relaciona a sua eficácia a evento futuro e incerto (“se” e “enquanto”). Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. Condição perplexa: priva de todo efeito o negócio jurídico. Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível. Classificação das condições: Quanto à possibilidade: a) condição possível: pode ocorrer no plano fático e jurídico. b) condição impossível: não pode ocorrer no plano fático ou jurídico. Quanto à origem: a) Causal: é a condição relacionada a um fenômeno da natureza (fato jurídico em sentido estrito). b) Condição potestativa: b.1) simplesmente (meramente) potestativa: vontade de um + vontade de outro. É lícita. b.2) puramente potestativa: vontade de apenas um. É ilícita e gera nulidade do negócio jurídico. c) mista: é aquela que tem vontade de um e de outro + fenômeno natural. Quanto aos efeitos: a) condição suspensiva: suspende a aquisição e o exercício do direito. Não há direito adquirido. Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. 23 b) condição resolutiva: gera a extinção do negócio jurídico. Há direito adquirido. Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta não se realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boa-fé. Termo: relaciona a eficácia do negócio jurídico a evento futuro e certo. Classificação do termo: Quanto à origem: a) Legal (decorre da lei). b) Convencional (decorre do contrato). Quanto à certeza (ou determinação): a) determinado: sabe-se que ocorrerá e quando ocorrerá b) indeterminado: sabe-se que ocorrerá, mas não se sabe quando ocorrerá. Quanto ao tempo (aos efeitos): a) termo inicial: quando começa o negócio jurídico (dies a quo). b) termo final: quando termina o negócio jurídico (dies ad quem). Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva. Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Encargo ou modo: um fardo, um gravame ou um ônus introduzido em ato de liberalidade. Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva. Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo. Condição suspensiva “se” Termo “quando” Encargo “para que” Suspende a aquisição e o exercício do direito. Não tem direito adquirido. Suspende o exercício, mas não a aquisição do direito. Tem direito adquirido. Não suspende a aquisição nem o exercício do direito. Tem direito adquirido. #DEOLHONOEDITAL: Defeitos do Negócio Jurídico 1. Erro O erro é causa de anulabilidade do negócio jurídico. Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.24 Espécies de erro → Negócio: é o que incide sobre a natureza da declaração negocial da vontade. → Objeto: é o que incide sobre as características do objeto do próprio negócio. → Pessoa: é aquele que incide sobre os elementos de identificação do próprio declarante. O CC/2002 inovou ao reconhecer o chamado erro de direito. Modalidade de erro que, sem traduzir intencional recusa da lei, incide no âmbito de atuação permissiva da norma. 2. Dolo Também é causa de anulabilidade do negócio jurídico e consiste no artifício ou ardil empregado pela outra parte ou por terceiro para prejudicar o declarante enganado. Dolo acidental x Dolo principal: nos termos do art. 145, somente terá efeito invalidante o dolo principal. O dolo acidental, previsto no art. 146, por atacar aspectos secundários do negócio não o invalida, gerando apenas obrigação de pagar perdas e danos. Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. Dolo negativo consiste em uma omissão dolosa de informação ou silêncio intencional que prejudica a outra parte do negócio. Gera a invalidade do negócio jurídico. Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. O dolo bilateral está previsto no art. 150. Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. Dolo de terceiro. Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. 3. Coação (art. 151) Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. 25 A coação traduz violência. É causa de anulação do negócio jurídico. Consiste em uma ameaça ou violência psicológica. #OBS.: não confundir coação e simples temor reverencial (art. 153). Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. #OBS2.: “a ameaça de negativação de nome por dívida legítima não traduz coação”. Coação de terceiro. Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. 4. Estado de Perigo Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. #IMPORTANTE: exige-se o DOLO DE APROVEITAMENTO. Ex.: CHEQUE CAUÇÃO para atendimento emergencial em hospitais. 5. Lesão Assim como o estado perigo, a lesão também é inovação do CC/2002. Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. § 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. Requisitos: premente necessidade ou inexperiência (elemento subjetivo) + onerosidade excessiva (elemento objetivo – desequilíbrio negocial). Ex.: compra de imóvel financiado no Brasil. Enunciado 410/CJF – a inexperiência não deve necessariamente significar imaturidade ou desconhecimento em relação à prática de negócios jurídicos em geral. Enunciado 150/CJF – a lesão de que trata o art. 157 do CC não exige dolo de aproveitamento. Art. 157, § 2º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. De acordo com o Enunciado 148 da III JDC “ao estado de perigo aplica-se por analogia o disposto no §2º, do art. 157, CC”. Isto é, cabe revisão do negócio jurídico no estado de perigo. PRAZO: o prazo para anulação da lesão é decadencial de 04 anos. 26 #NÃOCONFUNDA: LESÃO X ESTADO DE PERIGO LESÃO ESTADO DE PERIGO Somente acontece em contratos comutativos Pode acontecer em negócio unilateral Iminência de dano patrimonial Ocorrência de risco pessoal Elemento subjetivo: premente necessidade/inexperiência Elemento subjetivo: situação de perigo conhecida da outra parte. 6. Simulação (art. 167, CC) Vício social do negócio jurídico presente quando haja uma discrepância entre a aparência e a essência. Enunciado 152, III, JDC: “toda simulação, inclusive, a inocente, é invalidante”. Espécies: Simulação absoluta: na aparência há determinado negócio, mas na essência não há negócio algum. Simulação relativa: na aparência há determinado negócio (simulado), mas na essência há outro negócio (dissimulado). No CC/02, a simulação absoluta ou relativa gera nulidade absoluta do negócio jurídico. Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. #OBS.: “a manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecido – art. 110 do CC”. 7. Fraude contra Credores É um vício social do negócio jurídico presente quando o devedor insolvente, ou que beira a insolvência, realiza negócios gratuitos ou onerosos, com o intuito de prejudicar credores. Os negócios praticados em fraude contra credores são anuláveis (art. 171, CC). 27 Art.165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada. A ação anulatória é chamada de pauliana (origem romana) ou ação revocatória: Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. 7.1 Requisitos para Caracterização da Fraude Contra Credores → disposição onerosa: exige a colusão fraudulenta entre as partes (consilium fraudis – elemento subjetivo) e o prejuízo ao credor (eventus damni – elemento objetivo). Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. → disposição gratuita: basta o prejuízo ao credor (eventus damni). Ex. doação ou remissão da dívida. #ATENÇÃO: INFORMATIVO 521 DO STJ: em uma ação pauliana, se ficar comprovado que o bem foi sucessivamente alienado fraudulentamente para diversas pessoas, mas que, ao final, o atual adquirente estava de boa-fé, neste caso deverá o juiz reconhecer que é eficaz o negócio jurídico por meio do qual o último proprietário adquiriu o bem, devendo-se condenar os réus que agiram de má-fé a indenizar o autor da pauliana, pagando o valor do bem que foi adquirido fraudulentamente. STJ. 4" Turma. REsp 1.100-525-RS, Rei. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/4/2013. Súmula 195-STJ: em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra credores. Fraude não ultimada ou não aperfeiçoada Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. Fraude contra credores e boa fé objetiva Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. Prazos para anulação de negócio jurídico (inclusive fraude contra credores) Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. #NÃOCONFUNDA: FRAUDE CONTRA CREDORES X FRAUDE À EXECUÇÃO 28 Fraude contra credores Fraude à execução O devedor tem obrigações assumidas e aliena o patrimônio. O devedor tem ações executivas ou condenatórias contra si e aliena o patrimônio. Fraude à parte, envolve ordem privada. Fraude ao processo, envolve ordem pública. Há necessidade para o seu reconhecimento de uma ação específica (pauliana). Não há necessidade de uma ação específica para o seu reconhecimento. Os atos praticados são inválidos (sentença constitutiva negativa) – plano da validade. Os atos praticados são ineficazes (decisão declaratória) – plano de eficácia. #SELIGANASÚMULA: SÚMULA 375 DO STJ: “o reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má fé de terceiro adquirente”. DECORAR: 1. Em regra, para que haja fraude à execução, é indispensável que tenha havido a citação válida do devedor. 2. Mesmo sem citação válida, haverá fraude à execução se, quando o devedor alienou ou onerou o bem, o credor já havia realizado a averbação da execução nos registros públicos (art. 615-A do CPC). Presume-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens realizada após essa averbação (§ 3º do art. 615-A do CPC). 3. Persiste válida a Súmula 375 do STJ segundo a qual o reconhecimento da fraude de execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente. 4. A presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito, devendo ser respeitado a parêmia (ditado) milenar que diz o seguinte: “a boa-fé se presume, a má-fé se prova”. 5. Assim, não havendo registro da penhora na matrícula do imóvel, é do credor o ônus de provar que o terceiro adquirente tinha conhecimento de demanda capaz de levar o alienante à insolvência (art. 659, § 4º, do CPC). STJ. Corte Especial. REsp 956.943-PR, Rel. originária Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. João Otávio de Noronha, julgado em 20/8/2014 (recurso repetitivo) (Info 552). Teoria das Nulidades do Negócio Jurídico 1. Nulidade Absoluta Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 29 § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. A nulidade absoluta envolve ordem pública, logo, pode ser alegada por qualquer interessado ou MP (art. 168 do CC). Além disso, cabe conhecimento de ofício pelo juiz (art. 168, p. único, CC). #SELIGANASÚMULA: Súmula 381 do STJ: nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas. Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. 2. Nulidades relativas Hipóteses (art. 171, CC)11: Ação anulatória é constitutiva negativa sujeita a prazo decadencial (art. 178 e 179, CC) Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade
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