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Sistema cardiovascular fetal

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Formação dos vasos sanguíneos
Os vasos sanguíneos iniciam sua formação através de dois processos simultâneos: a vasculogênese e a hematopoese.
A vasculogênese envolve a formação do canal, isso é, do próprio vaso sanguíneo a partir de células endoteliais precursoras, enquanto a hematopoese é a formação das células do sangue.
Esses dois processos ocorrem inicialmente no mesoderma extraembrionário do saco vitelínico e com o tempo passam a ocorrer também no mesoderma intraembrionário e outras estruturas derivadas dele.
O processo de formação do vasos envolve uma série de fenômenos esquematizada a seguir:
Células do mesoderma (aglomeram e organizam) Hemangioblastos (se agregam)
Os hemangioblastos podem dar origem às células tronco hematopoéticas, comprometidas com a hemopoese, ou às células precursoras endoteliais, comprometidas com a vasculogênese. A associação desses dois tipos de célula forma as ilhotas sanguíneas.
Existe ainda o processo de angiogênese, que é uma remodelação vascular a partir de um vaso sanguíneo pré-existente.
Sistema venoso fetal
O feto apresenta três importantes sistemas venosos: as veias vitelinas, as veias umbilicais e as veias cardinais.
As veias vitelinas se localizam inicialmente na região do saco vitelínico, e com o desenvolvimento do intestino primitivo, elas se tornam as veias que irrigam o fígado. Elas formam os sinusoides hepáticos e a veia porta do sistema porta-hepático, e uma região persiste para formar a porção supra-hepática da veia cava inferior.
Uma veia umbilical comum parte da placenta trazendo sangue recém oxigenado, e quando chega próxima ao fígado se divide em duas: a direita e a esquerda.
Ambas as veias umbilicais passam lateralmente ao fígado, e se desembocam no seio venoso (região da veia cava inferior). Com o crescimento do fígado, no entanto, a veia umbilical direita sofre degeneração e a veia umbilical esquerda é remodelada – ela passa por dentro do fígado, sendo chamada agora de ducto venoso.
As veias cardinais, por sua vez, são as principais responsáveis pela drenagem venosa do corpo fetal, constituindo duas regiões principais – uma de drenagem anterior e outra posterior, que darão origem à maioria das veias adultas.
Circulação fetal
A circulação fetal apresenta diferenças em sua composição pelos canais (shunts) de comunicação sanguíneo não presentes no corpo adulto, o que é explicado pelas necessidades metabólicas e pelo funcionamento dos órgãos fetais.
O sangue oxigenado sai inicialmente da placenta, pela veia umbilical, e corre em direção ao coração. Ele passa pelo ducto venoso no fígado, e então desemboca na veia cava inferior.
O sangue recebido na veia cava inferior é uma mistura de oxigenado (oriundo da veia umbilical), e de sangue pobre em oxigênio (oriundo das veias cardinais e outros sistemas de drenagem do corpo do feto).
Ao chegar no átrio direito, o sangue tem duas possibilidades: ser enviado ao átrio esquerdo, pelo forame oval, ou ser enviado ao ventrículo direito. A maior parte é transportada para o átrio esquerdo pelo forame oval.
O sangue que acaba sendo transportado para o ventrículo direito, no entanto, é bombeado para o tronco pulmonar. Os pulmões não fazem a hematose fetal, e portanto, as artérias pulmonares estão vasoconstritas e recebem uma quantidade pequena de sangue. Essa recepção é ainda menor pela presença do ducto arterioso – um shunt entre o tronco pulmonar e a aorta.
Paralelamente então o átrio esquerdo recebe o sangue vindo do átrio direito pelo forame oval e também uma pequena quantidade das veias pulmonares. Essa mistura de sangue é transportada para o ventrículo esquerdo, que enfim bombeia-o para a aorta.
Nascimento e mudança na circulação
Com o nascimento, o feto deixa de depender da placenta como órgão de hematose e passa a depender de seus pulmões. Para tanto, ocorre a expansão pulmonar, de forma que ele se torne funcional.
Para que isso ocorra, no entanto, é necessário que os mecanismos de circulação fetal sejam extinguidos: o ducto arterioso, o ducto venoso e o forame oval.
O ducto arterioso deve fechar imediatamente para que haja aumento do fluxo sanguíneo nas artérias pulmonares. Esse aumento do fluxo exerce pressão sobre as artérias e elas se dilatam.
Essa mudança também vai gerar um aumento do fluxo de sangue oxigenado das veias pulmonares para o átrio esquerdo, aumentando a pressão desse compartimento. Com a diminuição da pressão do AD e aumento da pressão do AE, o forame oval se fecha funcionalmente, não havendo mais comunicação interatrial.
Por fim, fecham-se também as veias umbilicais (que faziam comunicação com a placenta), condenando o ducto venoso à degeneração.

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