Buscar

1 A economia como ciência e como objecto de conhecimento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Licenciatura em Economia
Introdução ao Pensamento Económico
Notas Pedagógicas 2015-2016
A Economia como ciência 
e como objecto de conhecimento
José Castro Caldas
Maria de Fátima Ferreiro
�
A Economia como ciência 
e como objecto de conhecimento
Economia: “boa administração ou ordem da casa, de estabelecimento, bens particulares ou públicos; moderação nas despesas; proveito que resulta de se gastar pouco; poupança; harmonia das partes de um todo; ciência que se ocupa da produção e consumo de bens e serviços, da circulação da riqueza e da redistribuição do rendimento”�. São diversos na língua portuguesa os significados da palavra economia, mas alguns deles reflectem melhor do que outros aquilo de que falamos quando dizemos que “estudamos economia”. 
A palavra tem origem no grego antigo – eco (casa, como em ecologia) e nomia (de nomo, lei, norma, regra). Regras da casa? A Economia é o estudo (ou a ciência) das regras da casa? Para os gregos, quatro séculos antes de Cristo, era. Os filósofos da Grécia Antiga, nomeadamente Xenofonte (430-354 a.C) e Aristóteles (384-322 a.C.) usavam oikonomia para designar a “lei ou administração da casa agrícola”, isto é, o conjunto dos preceitos que regem, ou devem reger, a actividade do “senhor da casa” na obtenção dos recursos necessários à vida da família. Mais tarde, os Romanos adoptaram oeconomia, com o sentido de “disposição” ou “arranjo”, e assim chegaram até nós dois dos significados da palavra economia encontrados no dicionário que à primeira vista nos podem parecer mais estranhos: “boa administração ou ordem da casa” e “harmonia das partes de um todo” (boa disposição ou arranjo). 
Hoje em dia, não é de “leis da administração da casa” que falamos quando falamos de economia. Podemos eventualmente estar a falar de leis, mas de leis científicas, não leis no sentido de preceitos ou normas; falaremos de uma ciência, de uma ciência que estuda não “a casa” familiar, mas a “casa comum”, a sociedade, a polis (mais uma vez do grego, cidade). 
Foi exactamente para vincar esta diferença entre “casa familiar” e “casa comum” como objecto de estudo da Economia, a distinção entre um velho e um novo significado de economia, que os filósofos europeus do século XVIII adoptaram Economia Política� como designação para um domínio do saber que nessa época emergia e se começava a autonomizar da Filosofia Moral�. A Economia Política era assim no século XVIII o ramo da Filosofia Moral, ou a ciência que trata da riqueza – produção, consumo, circulação e distribuição. Mas a riqueza de que agora se está a falar é a riqueza da sociedade, da nação, não a da família e as actividades de produção e consumo, os processos de circulação e distribuição, são agora estudados tal como ocorrem na sociedade. Encontramos assim na Europa do século XVIII a origem de mais uma das definições de economia encontradas no dicionário: “ciência que se ocupa da produção e consumo de bens e serviços, da circulação da riqueza e da redistribuição do rendimento”.
No entanto, hoje, é mais vulgar falar simplesmente de Economia do que de Economia Política, embora o termo Economia Política ainda seja utilizado muitas vezes para designar um domínio especializado da Economia (ou correntes de pensamento económico) que tem em conta as relações de poder e a interdependência entre política e economia. 
A substituição de Economia Política por Economia como designação de uma disciplina científica ocorreu em finais do século XIX em Inglaterra. Alguns economistas da corrente marginalista, de que se falará adiante, consideravam importante separar a Economia da Política. A sua preocupação principal era afirmar a Economia como uma “ciência”, fazer dela um saber “objectivo”, “isento de valores”, susceptível de formalização matemática, em contraste com a Política que descreviam como “uma arte”, dependente de valores e de ideologias e irremediavelmente condenada à subjectividade e à linguagem literária. 
Vemos assim, em suma, que as definições do dicionário são úteis. Elas proporcionaram uma curta, mas esclarecedora, viagem no tempo e nos significados de economia. Ficaram de fora noções relacionadas com poupança demasiados estreitas para abarcar tudo aquilo de que se fala quando se fala de economia uma vez que a Economia não é certamente a ciência da poupança, nem se limita a estudar, embora também estude, esta actividade dos seres humanos.
Há, no entanto, um aspecto importante que o dicionário não ajudar a esclarecer – a palavra economia na língua portuguesa designa quer uma ciência social (nesse caso, escreve-se normalmente Economia), quer aquilo que a Economia estuda, o objecto dessa ciência (nesse caso escrevemos normalmente economia, como em “economia portuguesa” ou “economia mundial”)�.
Deste modo, quando falamos de economia tanto podemos estar a referir-nos a uma ciência social como às actividades e fenómenos que integram o objecto desta ciência; “estudar economia” é estudar a ciência e conhecer a realidade a que esta ciência se refere. 
A distinção entre Economia e economia, isto é, entre a ciência e o objecto da ciência, pode servir de pretexto para abordar duas questões prévias essenciais: o que é a Economia (enquanto ciência); o que constitui o objecto da Economia. Como se verá, os economistas não são unânimes nas respostas a estas questões. A Economia é uma ciência plural em que diferentes correntes teóricas e doutrinárias coexistem nem sempre na melhor das harmonias. As divergências começam logo na concepção do que é a ciência económica e do seu objecto. 
Além disso, há outras ciências sociais interessadas nos fenómenos que interessam aos economistas – o objecto da Economia não é um território vedado a outras ciências sociais. Neste sentido existe também pluralidade na abordagem ao objecto da Economia.
Nas secções que seguem neste texto serão abordados sequencialmente os seguintes tópicos: (a) Economia enquanto saber; (b) economia enquanto objecto; (c) pluralidade teórica na Economia; e (d) pluralidade das abordagens ao objecto. Não se promete o impossível, ou seja, o esclarecimento total das questões da metodologia da Economia; muitas destas questões são controversas e mantêm-se em aberto. O que se segue é apenas um mapa de viagem. 
Diferentes concepções de Economia enquanto saber
No princípio� a Economia, ou melhor a Economia Política, era concebida como uma reflexão sistemática acerca da riqueza. A riqueza era concebida por Adam Smith, um dos filósofos iluministas do século XVIII com um contributo mais destacado para o advento da Economia Política, como o conjunto dos “bens necessários à vida e ao conforto” de todos os membros da sociedade. 
A Economia segundo Stuart Mill
Esta concepção da Economia está ainda, de certa forma, presente na definição apresentada por John Stuart Mill num dos textos acerca da metodologia da Economia mais influentes do século XIX�. Nesse texto Mill apresenta a Economia (por ele ainda designada Economia Política) como um ramo da Ciência Política. Enquanto a Ciência Política trataria, segundo ele, “da totalidade da conduta do homem em sociedade”, a Economia Política trataria do ser humano em sociedade “mas apenas como um ser que deseja possuir riqueza e que é capaz de julgar a eficácia relativa dos meios que permitem realizar essa finalidade”. 
A Economia Política de Stuart Mill é portanto, como a de Smith, uma ciência da riqueza. No entanto, ao acrescentar a referência à capacidade dos indivíduos de julgar a eficácia relativa dos meios para alcançar o fim (a riqueza), Mill introduz algo de fundamental à noção original – o pressuposto da racionalidade (entendida como capacidade de julgar a eficácia relativa dos meios para a realização de fins ou objectivos).
A Economia Política para Mill caracteriza-se principalmente por pressupor que: (1) os seres humanos têm como único propósito a persecução da riqueza (“abstraindo de todas as outras paixões ou motivações humanas”); (2) os seres humanos são racionais,isto é, capazes de escolher entre os meios disponíveis aqueles que mais se adequam a este objectivo último.� É ainda possível acrescentar um terceiro pressuposto à definição de Mill: o autor defende claramente que estas abstracções da Economia Política só fazem sentido quando se referem a alguns aspectos da conduta humana, ou esferas da interacção social. Para Mill, “há alguns domínios dos assuntos humanos em que a aquisição de riqueza é a finalidade reconhecida e principal. São só esses os que a Economia Política considera”. O autor não é muito específico quanto aos “domínios” que tem em mente, mas as referências que faz ao longo do texto deixam claro que se refere à produção, ao investimento, à aquisição de propriedade, à inovação tecnológica, à repartição do rendimento e outras actividades e fenómenos que espontaneamente tendemos a identificar como económicos. 
Em suma, a noção de Economia de Mill envolve além do pressuposto motivacional (1) e do pressuposto respeitante à racionalidade (2), um pressuposto de delimitação do domínio (3): a Economia Política diz respeito apenas a um domínio das relações sociais onde a aquisição de riqueza é a motivação principal e as escolhas são racionais. 
A Economia segundo Lionel Robbins
Cem anos passados sobre este texto de Mill, Lionel Robbins publicou um ensaio que o iria substituir como referência fundamental da metodologia da economia�. A noção de Economia aí avançada, e que até hoje é apresentada como definição “oficial” da disciplina em muitos manuais introdutórios, modifica consideravelmente a de Mill. A Economia, segundo Robbins, “é a ciência que estuda o comportamento humano como uma relação entre fins e meios escassos que têm usos alternativos”. Esta definição é tudo menos clara e tem sido causa de dores de cabeça de muitas gerações de economistas. 
Antes de procurar clarificá-la, vale a pena assinalar que a definição de Robbins, relativamente à noção e Mill, retém apenas um dos pressupostos – o respeitante à racionalidade. SSSegundo Robbins, a Economia trata da escolha de meios para realizar fins. Contrariamente a Mill, Robbins não faz qualquer referência quer aos fins, ou motivações, sejam eles a aquisição de riqueza ou qualquer outros, quer ao domínio de aplicação, referindo apenas os contextos de escassez. 
Considere-se então mais em detalhe a definição de economia de Robbins. O que é a Economia? É o estudo do comportamento em situações em que os seres humanos estão confrontados com o desejo de realizar múltiplos fins ou objectivos mas não dispõem de meios para os realizar a todos plenamente. Os meios (ou os recursos, como geralmente se diz) são escassos. A Economia, segundo Robbins, refere-se portanto a contextos de escassez e interessa-se fundamentalmente pela questão da escolha. O problema da escolha consiste na descoberta de uma forma de afectar (ou repartir) os meios disponíveis (o tempo, ou o dinheiro, por exemplo) aos fins prosseguidos. Como devo, por exemplo, repartir as minhas vinte e quatro horas pelo trabalho e pelo lazer, sabendo que quer o trabalho (ou o rendimento que me proporciona), quer o lazer são para mim importantes? Ou, então, como repartir o meu rendimento mensal por diferentes bens e serviços? Robbins assume que a resolução do problema de escolha pressupõe que o indivíduo seja capaz de identificar a importância relativa dos diferentes fins, distribuindo os meios entre eles de acordo com essa importância relativa. Nada refere quanto à capacidade do indivíduo para encontrar a melhor solução possível (a solução óptima do problema de escolha). No entanto, a maior parte dos economistas que subscrevem a definição de Robbins assume que os indivíduos têm efectivamente essa capacidade. 
A noção de Economia de Robbins é portanto muito abrangente: a economia é a ciência da escolha (racional); refere-se a situações em que a noção de escolha faz sentido – contextos de escassez�.
Objecções às definições de Mill e Robbins 
Embora as noções de Economia de Mill e sobretudo a de Robbins continuem a ser muito influentes, alguns economistas não se revêem nelas e noutras afins. Os problemas que nelas identificam dizem respeito quer aos pressupostos motivacionais (busca de riqueza em Mill, egoísmo ou prossecução do interesse próprio noutras formulações), quer à concepção de racionalidade que está implícita.
Começando pelos pressupostos motivacionais e como o próprio Mill reconhecia, “não existe possivelmente nenhuma acção na vida de um homem em que ele não esteja sob a influência imediata ou remota de um outro impulso que não o desejo de riqueza”. Mill assumia simplesmente que no domínio dos assuntos humanos a que referia a Economia o desejo de riqueza se destacava de todos os outros ao ponto de poder ser tomado como motivação única. A Economia como ciência devia deduzir as suas leis da hipótese simples de que a procura de riqueza é a única motivação, modificando-as a posteriori em caso de manifesta desadequação com a realidade, incluindo, nesse caso, outras motivações ou causas da acção. 
Encarando a Economia como estudo da persecução da riqueza, Mill assumia naturalmente que a riqueza é desejada pelos indivíduos. O problema é que este pressuposto, pretendendo ser simplificador, cria mais problemas do que aqueles que resolve. A obtenção de riqueza é o fim último da acção ou é apenas um meio para realizar outros fins? A que se destina a riqueza desejada? À satisfação de necessidades e caprichos individuais? Ao sustento da família? À ajuda a desconhecidos carenciados? Quando procura riqueza o indivíduo tem em conta custos que a sua acção pode ter para outros, ou considera apenas as consequências da acção para si mesmo? 
Além disso, existem problemas na relação entre meios e fins. Os meios de aquisição de riqueza são avaliados apenas na óptica do contributo que dão para o fim único ou estão eles próprios sujeitos a um julgamento independente? Os meios podem ser bons ou maus em si mesmos? Será que alguns meios, porventura os mais eficientes, não devem pura e simplesmente ser considerados? Existem ou não obrigações normativas? 
Em suma, a persecução da riqueza pode ter múltiplos significados e envolver motivações muito distintas. O desejo de riqueza pode impelir os indivíduos em direcções distintas.,
Face à percepção desta dificuldade, outros economistas especificaram o pressuposto do desejo de aquisição de riqueza de Mill, acrescentando-lhe o egoísmo ou a prossecução do interesse próprio. Neste caso, embora esteja implícito que a riqueza é desejada, ela passa a ser desejada pelo actor necessariamente para si, e não também para outros ou só para outros – uma possibilidade que a definição de Mill não excluía. Aos problemas anteriores, somam-se agora outros: porque razão excluir à partida da Economia os comportamentos que não podem ser considerados egoístas? 
Dificuldades como esta levaram Robbins a abdicar dos pressupostos motivacionais, remetendo os fins para a esfera dos desejos subjectivos, que a Economia não deveria investigar nem discutir, e a centrar a sua concepção de economia na noção de racionalidade. 
O pressuposto da racionalidade suscita porém outros problemas. Em primeiro lugar, deve notar-se que Mill e Robbins se referem a uma noção particular de racionalidade. A racionalidade que têm em mente é por vezes designada de racionalidade instrumental, isto é, uma racionalidade que se refere à escolha dos melhores meios (instrumentos) para atingir fins dados. Nesta acepção, “fins dados” tanto pode significar “fins subjectivos”, que não se discutem, como se diz dos gostos, como fins cuja determinação resulta do processo de socialização dos indivíduos, cujo estudo a Economia deveria deixar para outras ciências sociais. Em qualquer caso, não há, nesta concepção de racionalidade, lugar para a reflexão individual sobre os fins, nem para a escolha de fins. Em contrapartida, outras concepções de racionalidade admitem que os seres humanos têm capacidade para reflectir racionalmente acerca dos fins e para escolher os que consideramvaler a pena prosseguir. O problema é este: existindo diferentes concepções de racionalidade dificilmente se compreende a razão pela qual a Economia se deve vincular a uma delas, excluindo outras. 
Quando se assume que o agente não só é instrumentalmente racional mas também perfeitamente racional, isto é, capaz de identificar a melhor forma possível de distribuir os meios pelos fins, surge um segundo problema identificado por Herbert Simon�: o agente pode pretender descobrir a solução óptima do problema de escolha, mas não ser capaz de o fazer. O problema de escolha pode ser tão complexo que nem o maior computador disponível seria capaz de obter uma solução em tempo útil. Nesse caso o agente está condenado a utilizar procedimentos de resolução (heurísticas) que permitem obter uma solução, embora sem garantia de que esta solução seja a melhor possível. A racionalidade na perspectiva de Simon seria limitada pelas capacidades cognitivas dos seres humanos.
Um terceiro problema do pressuposto da racionalidade relaciona-se com o facto de nem toda a acção humana ser racional. A acção pode de facto não decorrer de um processo de deliberação, sendo antes uma resposta habitual, de rotina, irreflectida, a estímulos do ambiente. Mesmo no caso das decisões económicas, nem sempre, quem sabe raramente, os agentes deliberam antes de empreender um curso de acção. A maior parte das operações e dos procedimentos dentro de uma organização como uma empresa, são executados de forma rotineira, sem que os indivíduos considerem a existência de modalidades de acção alternativos e os respectivos prós e contras. De resto, se o fizessem o mais provável é que a organização paralisasse. Será que existe uma justificação válida para excluir este tipo de acção das modalidades de comportamento que interessam à Economia?
As modalidades de acção que interessam à Economia podem não ser racionais ainda num outro sentido. Elas podem ser simplesmente irracionais. Os seres humanos, como se torna claro na mais recente investigação num domínio designado de Economia Comportamental, cometem erros de avaliação em muitas circunstâncias�. Mais, esses erros são sistemáticos, isto é, não são corrigidos com a experiência. Haverá alguma razão para a Economia excluir do seu campo, modalidades bem identificadas de comportamento irracional?
Se levarmos a sério estes problemas, rejeitando portanto as noções de Economia a que acima nos referimos, será que nos resta alguma coisa sobre a qual seja possível construir uma definição da disciplina? A resposta é afirmativa. A Economia pode ser concebida não a partir dos pressupostos ou abstracções sobre as motivações e o comportamento humano que assume como ponto de partida, mas dos aspectos da realidade social que estuda prioritariamente. A Economia pode ser definida a partir do seu objecto, como muitas outras ciências o são. Economistas de todos os tempos têm adoptado noções deste tipo que não vinculam a disciplina a quaisquer pressupostos motivacionais ou concepções de racionalidade. O dicionário refere uma delas: “ciência que se ocupa da produção e consumo de bens e serviços, da circulação da riqueza e da redistribuição do rendimento”. 
Não haverá problemas e limitações também nas definições baseadas no objecto? A resposta a esta pergunta conduz à discussão do objecto da Economia. 
A economia como objecto
O que é que a Economia estuda? Qual é o seu objecto? Mil e Robbins não foram muito claros a este propósito. Mill preocupou-se sobretudo em estabelecer o modo como se deve estudar Economia, os pressupostos de que deve partir. Quanto ao objecto, aquilo que estuda ou o domínio, foi muito menos claro. Robbins foi ainda menos. Segundo ele, a Economia refere-se a contextos de escassez. No entanto, na medida em que toda a actividade humana tem de fazer face à escassez (nem que seja de tempo) não se compreende bem que aspectos da vida em sociedade ficariam excluídos de um domínio da Economia concebido nestes termos.
As dificuldades de Mill e de Robbins, assim como as das definições baseadas no objecto, são compreensíveis. Efectivamente é muito difícil, senão impossível, apresentar um critério geral de delimitação do domínio da Economia. Igualmente difícil é estabelecer uma lista exaustiva das actividades sociais e dos fenómenos que competem aos economistas estudar. Assim como a definição do dicionário é incompleta, pelo menos por não contemplar a poupança e o investimento, todas as definições baseadas no objecto correm o risco de o ser.
Além disso, existe um segundo problema porventura ainda mais importante – a tentativa de identificação de aspectos da realidade social que possam ser designados de económicos e separados de outros não-económicos colide com o obstáculo que decorre do facto de o objecto da Economia, como o de qualquer outra ciência, ser “artificial”, construído pela própria ciência, e como tal sempre provisório.
O objecto da Economia (enquanto ciência), aquilo que a Economia estuda, é a sociedade. No entanto, a sociedade, que numa perspectiva realista� existe independente da consciência ou das ideias que formamos acerca dela, só é apreendida como realidade na medida em que existam na nossa mente formas ou imagens que o permitam fazer. Segundo Sedas Nunes�: “Tudo, na verdade, se passa como se o real que nos envolve e do qual nós mesmos fazemos parte, fosse para nós um texto que não podemos deixar de constantemente ler – e portanto de ‘saber’ ler (...) e nós ‘sabemos’ de facto lê-lo; mas de uma certa maneira”.
A realidade social que a Economia estuda existe apenas na sua totalidade. No entanto, desenvolvendo diferentes modos de ler a realidades – diferentes conceitos e modelos teóricos - as diferentes disciplinas decompõem a realidade, construindo o seu próprio objecto.
Nesta perspectiva, o objecto da Economia, como o de todas as outras ciências sociais, existe apenas em consequência de uma construção conceptual operado pela própria disciplina. 
As correntes da Economia que definem a disciplina a partir do seu objecto confrontam-se claramente com a circularidade que resulta do facto do objecto ser resultado de uma construção conceptual. Consideremos uma definição baseada no objecto muito abrangente: “a Economia estuda as actividades sociais orientadas para a criação e reprodução das condições materiais da vida humana”. Mas o que são “condições materiais” e o que é que as distingue de “condições espirituais”? Afinal a vida humana, ou pelo menos a vida humana na sua plenitude, não depende apenas de alimento e abrigo. A vida humana e a sua reprodução ao longo do tempo requerem produção e consumo. Mas quais são as actividades que devem ser consideradas produtivas? O que distingue o trabalho fabril ou agrícola da criação artística, ou mesmo da actividade de lazer? E o que é consumo? Refere-se apenas à transformação de bens materiais em vida, ou a fruição de criações artísticas e a participação em rituais religiosos também pode ser consumo? É a resposta a perguntas como estas o que designamos por conceptualização. É através do exercício de conceptualização – estabelecimento de categorias e do seu significado – que o objecto da Economia, como o de todas as ciências sociais, vai sendo construído. Este é um processo nunca finalizado porque os conceitos estão sempre sujeitos a reelaboração. Por isso mesmo, qualquer tentativa de estabelecer as fronteiras da Economia é um projecto sem fim. 
A pluralidade interna da Economia
A Economia, como as outras ciências sociais, são muitas vezes caracterizadas em oposição a outras ciências pelo facto de coexistirem no seu seio múltiplas correntes teóricas e doutrinais. Diferentes economistas, muitas vezes reunidos em escolas de pensamento diversas, elaboram os conceitos de forma distinta e isso leva-os a construir teorias diferentes, muitas vezes antagónicas. 
De que forma os conceitos podem ser elaborados de forma diferente por diferentes economistas? Tomemos como exemplo o conceito de relação de trabalho, central para aEconomia. Para alguns economistas, e algumas escolas de pensamento económico, a relação de trabalho não se distingue de uma qualquer troca de bens e serviços por dinheiro – o trabalho exercido em troca de um salário é um serviço prestado em troca de dinheiro como qualquer outro. Já para outros, a relação de trabalho difere fundamentalmente de uma qualquer outra troca mercantil. Enquanto o padeiro me cede o seu pão, ou o médico me examina em troca de dinheiro, sem que tenham de aceitar indicações ou comandos meus – eles não são meus empregados - o assalariado não só cede o seu esforço como contrai a obrigação de obedecer ao comando de quem o contrata (dentro de limites mais ou menos especificados). A relação de trabalho assalariado envolve uma cedência de autonomia, uma aceitação da subordinação que as trocas mercantis dispensam. Partindo do princípio de que esta cedência de autonomia, embora voluntária, existe muitas vezes porque o trabalhador assalariado não dispõe de outra alternativa, somos levados a considerar as razões da situação em que se encontra. Esta via remete-nos rapidamente para conceitos como o de desigualdade no acesso ao capital e classe social, entre outros. Estes conceitos são irrelevantes para quem conceptualize a relação de trabalho como uma relação mercantil, mas são centrais do outro ponto de vista – enquanto na primeira perspectiva a relação de trabalho pode ser incluída na categoria de troca mercantil, na segunda, a relação de trabalho deve ser conceptualizada separadamente. Enquanto na primeira alternativa o conceito de classe social é irrelevante, na segunda é central.
Neste caso, como em muitos outros, as categorias que são consideradas, assim como o significado dessas categorias, não são os mesmos e as diferenças de conceptualização conduzem a diferentes teorias. O mesmo “texto” é lido a partir de códigos diferentes.
Pluralidade: indício de subdesenvolvimento ou característica intrínseca? 
A pluralidade das ciências sociais e também a da Economia é muitas vezes apresentada como um indício de subdesenvolvimento. Considera-se que uma ciência só o é verdadeiramente a partir do momento em que partilha pelo menos um núcleo central de conceitos. Por isso mesmo existe uma tendência para esconder a pluralidade do público e mesmo dos estudantes de Economia. A Economia é então apresentada não como uma disciplina atravessada por desacordos mas como um corpo monolítico que se foi desenvolvendo ao longo do tempo através de uma sucessiva correcção de erros passados. A respeitabilidade da disciplina exigiria, nesta perspectiva, que as querelas domésticas fossem escondidas dos leigos e dos aprendizes, ficando reservadas aos mestres.
 Pode, no entanto, dar-se o caso de a pluralidade ser uma característica intrínseca às ciências sociais e a unidade ser um horizonte inalcançável. Pode dar-se ainda o caso desta pluralidade ser um elemento de vitalidade e não um sintoma de atraso. 
Por que razão nas ciências sociais, contrariamente ao que sucede nas ciências do mundo físico e da natureza, a pluralidade interna é tão manifesta? Quando comparamos as ciências sociais com as ciências do mundo físico e da natureza confrontamo-nos com pelo menos três tipos de diferença, senão essenciais, pelo menos de grau: (1) enquanto na física e nas ciências da natureza é possível estabelecer uma separação relativamente clara entre o observador e o observado, nas ciências sociais o observador está imerso no objecto da observação – a própria sociedade; (2) a posição que cada “observador” ocupa na sociedade, pode condicionar a forma como a observação é feita – aquilo que identifica como constituindo um problema, a ordenação que faz da prioridade dos problemas a resolver ou dos objectivos a realizar, o que considera ser um dado imutável, ou uma variável passível de correcção, pode variar conforme o ângulo de observação; (3) nos mundos físico e biológico, as ideias que temos acerca deles, as teorias que a seu respeito construímos, não modificam o seus mecanismos e o seu funcionamento – os átomos e as moléculas não lêem tratados e portanto o seu comportamento não pode mudar quando os tratados são escritos; o mesmo não se passa no mundo social – as ideias construídas e comunicadas acerca da vida social, sejam elas científicas ou não, podem influenciar e influenciam o comportamento dos seres humanos�. 
Em consequência, a identificação de categorias, o estabelecimento de significados, as teorias que se constroem são influenciadas pela “linguagem” que aprendemos em sociedade, pela posição que nela ocupamos, ou pensamos poder vir a ocupar. Além disso, uma vez que as ideias e teorias que comunicamos acerca da sociedade encerram o potencial de poder modificar o comportamento dos outros, as ideias que exprimimos acerca do comportamento humano podem ser influenciadas pelas concepções que temos acerca do que é ou deve ser esse comportamento.
Dito isto, talvez a pluralidade existente no interior da Economia surja como menos estranha. Além disso, pode surgir também como menos indesejável, na medida em que, possivelmente, a unidade do campo disciplinar só seria realizável numa sociedade totalmente homogénea. 
Será que a Economia é menos ciência pelo facto de no seu interior coexistirem diferentes correntes? Independentemente da distinção entre o que é e não é ciência – um debate interessante abordado nas disciplinas de metodologia – se considerarmos apenas algumas das características da prática científica universalmente aceites, podemos aceitar que a economia em nada fica diminuída no seu estudo cientifico com o reconhecimento da pluralidade.
A prática científica no que tem de mais valioso caracteriza-se essencialmente por ser uma reflexão que não parte de “verdades reveladas” ou “argumentos de autoridade”, que está atenta à realidade e que se submete ao argumento lógico, estando sempre aberta à correcção do erro. A ciência é, em suma, uma reflexão colectiva, um debate aberto, racional, não dogmático. Não se vislumbra, portanto, por que razão a existência de pluralismo haveria de prejudicar esta actividade e não estimulá-la.
Mas é também preciso reconhecer que para existir diálogo é necessária uma linguagem partilhada e isso justifica a razão pela qual os economistas tendem a cooperar em grupos que partilham essa linguagem – escolas de pensamento e correntes teóricas. No entanto, o diálogo entre escolas e correntes não é impossível e pode ser enriquecedor desde que exista um contacto dos economistas com as diferentes correntes que lhes proporcione um domínio, mesmo que rudimentar, dos “idiomas” de cada uma delas. Quando se defende um ensino da Economia pluralista esse é um dos objectivos – proporcionar aos futuros economistas um contacto com diferentes linguagens que sustente a comunicação entre escolas de pensamento. Outro objectivo, talvez mais importante ainda consiste no seguinte: mesmo que seja necessário vir a optar por uma dada corrente de pensamento em detrimento de outras, a escolha só é livre – na verdade, só é escolha - se forem proporcionadas diferentes alternativas.
É ainda preciso assinalar que, e não obstante o pluralismo interno da Economia, existe uma corrente particular, muitas vezes designada Economia Neoclássica, que é dominante na disciplina. Esta corrente subscreve concepções da disciplina afins à de Robbins, e caracteriza-se sobretudo por uma observância estrita dos pressupostos da racionalidade instrumental (a que normalmente associa o pressuposto do egoísmo ou do interesse próprio) e pela defesa da matematização como pré-requisito da cientificidade. Disciplinas como a Microecomia ou parte da Macroeconomia, tal como são ensinadas na maior parte das licenciaturas de Economia, estão associadas a esta corrente principal, embora existam abordagens no interior da Micro e sobretudo da Macroeconomia que divergem ou se situam na fronteira desta perspectiva dominante. Um ensino da Economia completo pressupõe também um bom domínio deste idioma maioritário. 
A pluralidade nas abordagensao objecto da Economia
Foi sugerido acima que o objecto das várias ciências sociais é construído por estas mesmas ciências ao longo do seu processo de desenvolvimento. Mas as actividades e fenómenos sociais que interessam a uma disciplina, que integram o seu objecto podem ser, e são, integrantes também do objecto de outras disciplinas. A produção, o consumo ou o trabalho, por exemplo, mas mesmo o investimento ou a inflação são actividades e fenómenos que embora considerados eminentemente económicos, são susceptíveis de interessar outras ciências sociais e integrar o seu objecto. Neste sentido, o objecto da Economia é susceptível de ser abordado não só dos diferentes pontos de vista que coexistem no interior desta disciplina, como dos diversos ângulos das diferentes ciências sociais. A pluralidade existe não só no interior da Economia como na abordagem ao seu objecto.
O contacto com a perspectiva de outras ciências sociais a respeito de actividades e fenómenos “económicos”, pode não apenas enriquecer e complementar a análise da economia como também modificá-la. Tome-se como exemplo o caso do consumo. Na perspectiva da corrente dominante da Economia, o consumo é encarado como uma actividade orientada para a satisfação de desejos (às vezes necessidades) subjectivos, individuais, independentes dos desejos e do nível de satisfação dos desejos alheios. 
Na perspectiva da Sociologia, ou da Psicologia Social� o consumo é também resposta a desejos, mas entre estes há um que se destaca – o desejo de status social. O Sr. Silva deseja um carro novo, não porque o seu deixou de funcionar, mas porque um seu colega comprou um de maior cilindrada. Nesta perspectiva, os desejos individuais não são independentes dos desejos e do nível de satisfação dos desejos alheios, mas antes dependentes de uma comparação com outros indivíduos, do mesmo estrato social, ou de estrato “superior”. Os desejos a que a actividade de consumo dá resposta resultam da interacção social e obedecem a padrões sociais.
A perspectiva da Sociologia é reconhecida por economistas “práticos”, especialistas em marketing e outros gestores. Provavelmente, ela permite-lhes formular estratégias mais bem sucedidas do que as inspiradas pela visão do consumo que é dominante em Economia.
Para a Economia e para os economistas o conhecimento do ponto de vista das outras ciências sociais sobre actividades e fenómenos que integram o seu objecto não pode deixar de ser relevante uma vez que: (1) pode ajudar a Economia a aperfeiçoar os seus conceitos e as suas teorias; (2) a evidência empírica recolhida com métodos característicos doutras disciplinas pode corroborar ou infirmar resultados a que a Economia havia chegado utilizando os seus; e (3), pode facilitar a aproximação das “linguagens” e facilitar o diálogo entre profissionais de várias proveniências. 
O reconhecimento do pluralismo na abordagem ao objecto da Economia e do seu valor justifica uma aprendizagem da disciplina em que diferentes saberes participem. 
Estudar economia é estudar não só a ciência económica como as actividades e fenómenos que integram o objecto desta ciência. Na medida em que estas actividades integram também o objecto de outras ciências sociais e humanidades, estudar economia envolve também o conhecimento da perspectiva dessas disciplinas acerca deles. 
Síntese
A palavra Economia tanto designa uma ciência como o objecto dessa ciência; “estudar economia” é estudar a ciência e estudar as actividades e fenómenos que integram o objecto da ciência;
A Economia (como ciência) é concebida de forma diversa por diferentes correntes do pensamento económico: identificamos definições de Economia baseadas em pressupostos motivacionais e noções de racionalidade específicas e definições baseadas no objecto;
Quanto ao objecto, sugeriu-se que o objecto da Economia, como o de todas as ciências sociais, era construído pela própria disciplina ao longo do seu processo de desenvolvimento;
Relativamente a outras ciências, a Economia (e outras ciências sociais) são muitas vezes caracterizadas pela sua pluralidade interna. Esta pluralidade pode não ser um sintoma de subdesenvolvimento da disciplina mas uma característica inerente às ciências sociais. Ao contrário de indesejável, pode ser uma manifestação de vitalidade. 
Os objectos construídos pelas diversas ciências sociais não são estanques. Actividades e fenómenos que integram o objecto da Economia podem integrar (embora conceptualizados de forma diferente) o objecto de outras ciências sociais. Estudar economia é estudar não só a ciência económica como as actividades e fenómenos que integram o objecto desta ciência. Uma vez que estas actividades integram também o objecto de outras ciências sociais, estudar Economia envolve também o conhecimento da perspectiva dessas disciplinas acerca deles. 
Bibliografia
Os manuais de introdução à Economia contêm normalmente capítulos de abertura com referências à definição, ao método e ao objecto da disciplina. Para saber mais e confirmar com os próprios olhos que a Economia é uma ciência plural, vale a pena confrontar as perspectivas apresentadas nas seguintes obras:
Samuleson, Paul A. E William D. Nordhaus (1999), Economia, 16ª Ed., Lisboa: MacGraw-Hill (Capítulo 1).
Stretton, Hugh (1999), Economics: A New Introduction, London: Pluto Press (Capítulos. 1-5).
Nunes, A. Sedas, (1977), Questões Preliminares Sobre as Ciências Sociais, Editorial Presença/Gabinete de Investigações Sociais.
Uma vez que os textos clássicos são muitas vezes os mais instrutivos, recomendam-se um dos referidos no texto:
Mill, John Stuart (1836), “On the Definition of Political Economy and the Method of Investigation Proper to It” in Hausman, Daniel M. (Ed.), The Philosophy of Economics – An Anthology, 2nd Ed., Cambridge University Press, 1994. 
� Dicionário da Língua Portuguesa, 7ª Edição, Porto Editora.
� Segundo Gide e Rist (cf. Histoire des Doctrines Economiques – depuis les physiocrates jusqu’a nos jours, Dalloz, 6ª Ed., 2000) Antoine de Montchrétien, autor de um Traité de l'Économie Politique publicado em 1615 teria sido o primeiro a utilizar a designação Economia Política.
� Filosofia Moral era a designação adoptada nos séculos XVII e XVIII para a reflexão acerca da vida social, abarcando o domínio do que actualmente designamos por Ciências Sociais, incluindo portanto a Economia.
� É curioso notar que esta ambiguidade da língua portuguesa não existe noutros idiomas, nomeadamente no inglês, onde Economics designa a disciplina e economy designa o objecto de estudo. 
� Não é possível datar o “princípio” da Economia, mas por convenção é habitual referir a origem da Economia enquanto domínio do saber (ou ciência) ao período do Iluminismo, isto é, ao século XVIII.
� Mill, John Stuart (1836), “On the Definition of Political Economy and the Method of Investigation Proper to It” in Hausman, Daniel M. (Ed.), The Philosophy of Economics – An Anthology, 2nd Ed., Cambridge University Press, 1994. 
� Para Mill este ser humano que procura exclusivamente a riqueza de forma racional era evidentemente uma abstracção. Segundo ele “nunca existiu um economista político que fosse absurdo ao ponto de supor que a humanidade é assim constituída”. Para ele, a aquisição de riqueza como objectivo único e a racionalidade eram abstracções necessárias como ponto de partida para a dedução de leis económicas. Sempre que se tornasse manifesto que outras motivações humanas, como a generosidade, o altruísmo, a honra, ou o despeito, participavam na determinação da acção, estas e outras motivações deveriam ser tidas em conta pelo economista. 
� Robbins, Lionel (1935), “An Essay on the Nature and Significance of Economic Science”, in Hausman, Daniel M. (Ed.), The Philosophy of Economics – An Anthology, 2nd Ed., Cambridge University Press, 1994. 
� Efectivamente, se todos os objectivos ou fins puderem ser realizados simultaneamente, isto é, se os meiossão abundantes, não há, de facto, lugar para qualquer escolha.
� Nobel da Economia em 1978.
� Como por exemplo quando têm de escolher entre a fruição a curto prazo de um bem e a fruição a longo prazo de um bem muito superior, ou quando têm que fazer escolhas envolvendo acções com consequências incertas. 
� Uma perspectiva realista, em termos gerais, parte do reconhecimento de um mundo independente da percepção e das representações que os indivíduos têm dele, por oposição ao idealismo, segundo o qual o mundo não tem uma realidade independente das ideias formadas acerca dele.
� A. Sedas Nunes, Op Cit.
� É bem possível, por exemplo, que uma teoria que se baseia no pressuposto de que os seres humanos são sempre egoístas modifique o comportamento dos que nela acreditam. Quem acredita verdadeiramente na teoria não pode deixar de esperar que todos aqueles com quem se relaciona seja egoísta e passar a relacionar-se com eles com base nesse pressuposto, comportando-se como nos comportamos face a um egoísta e não nos comportamos face a um qualquer ser humano a quem atribuímos uma quota parte normal de generosidade.
� Mas também de algumas correntes da Economia. Veja-se, nomeadamente, o institucionalismo de Thorstein Veblen de que se falará adiante. 
�PAGE �
�PAGE �24�

Continue navegando