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Texto sobre Martin Buber

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ
UNIDADE VIA CORPVS
ANTONIO CARLOS SANTANA DE ARAUJO
MARTIN BUBER
E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A CLÍNICA FENOMENOLÓGICA
Fortaleza
2019
INTRODUÇÃO
Este trabalho consiste em apresentar o autor Martin Buber e relatar sua contribuição filosófica no campo da Psicologia especificamente clínica. Serão mencionados alguns artigos que servirão de base para listar a importância da abordagem fenomenológica e seus conceitos.
Poderá ser feito uma análise diante de seus principais conceitos, visando esclarecer e correlacionar como o autor contribuiu para a psicologia que temos hoje, levando em consideração as opiniões de outros autores para formar uma base teórica solida.
VIDA E OBRA DO AUTOR
Martin Buber nasceu em 8 de fevereiro de 1878 em Viena na Áustria, anos depois naturalizou-se israelense, foi filósofo, pedagogo e escritor. Estudou em universidades importantes como a Universidade de Viena, Universidade de Leipzig, e Universidade Humboldt de Berlim. Faleceu no dia 13 de junho de 1965 em Israel.
No início de sua vida, Buber teve uma formação voltada para a filosofia, mais precisamente inclinado a lógica e a racionalidade, sem deixar de escrever e ministrar estudos a respeito do judaísmo. Durante este percurso e sob influência do Hassidismo�, Buber começou a desenvolver uma filosofia que viria a ser comumente conhecida como “Eu-Tu”, onde segundo ele, o Eu seria a pessoa, e o Tu, seria Deus.
 
“Deus como “Tu”, não tem fronteiras e inclui tudo. Um verdadeiro encontro entre pessoas ou entre uma pessoa e a arte também pode ser uma relação Eu-Tu, pois a outra pessoa ou a arte é experienciada sem rótulos ou limites e é, consequentemente, conectada a tudo, a Deus. Relações “Eu-Isso”, por outro lado, são mais típicas do viver cotidiano, com a outra pessoa ou meio/agente/veículo transmissor percebido como, objeto como separado” (LUCZINSKI, ANCONA-LOPEZ, 2005) pode-se dizer assim, que Buber criou pontes entre a religião e a filosofia, o que mais tarde iria servir de viés para ferramentas epistemológicas que poderiam auxiliar na psicologia, que estava a ser futuramente desenvolvida.
Tais questionamentos influenciaram a relação sobre quem é o homem e até que ponto o terapeuta pode ajudar a este homem encontrar-se consigo mesmo, pois para Buber as relações de homem e realidade são partes elementares da abordagem fenomenológica.
A fenomenologia sucinta que cada ser humano possui uma especificidade, e o que nos diferencia dos demais seres que existem no mundo, é a capacidade de transcender as capacidades e superar a si mesmo, por isto, mesmo que o ser humano faça muitos planos sobre sua vida, sempre será surpreendido por questões que irá fazer com que se motive a mudanças.
O homem através da sua história pode vir a recorrer a um profissional de psicologia, este profissional irá estabelecer uma interação com este sujeito, vindo a propor um diálogo que eventualmente irá estabelecer princípios psicológicos e ontológicos que serão abordados nas intervenções. “Entre os pensadores que se dedicaram intensamente à questão da coexistência, encontra-se Martin Buber, o filósofo da relação. Em toda a sua obra, há grande preocupação com a ontologia e a antropologia na teorização da relação humana, do encontro pessoa- -pessoa. Seguindo seus passos, diversos psicólogos promoveram desdobramentos das suas ideias com aplicações clínicas” 
� É um movimento criado no interior do judaísmo ortodoxo que promove a espiritualidade, através da popularização e internalização do misticismo judaico, como um aspecto fundamental da fé judaica
Eu-tu e Eu-isso
 Para Buber o homem tem diversos modos de existir, isto reflete em suas escolhas e no modo como este ser lida com as escolhas e o mundo. Para ele, o mundo sempre está nos exigindo posicionamentos em relação a tudo “O eu que se abre para um tu não é como o eu que se relaciona com um isso, ou seja, a forma de relacionamento estabelecida fundamenta o modo de ser. Por isso, a relação produz diferentes possibilidades de a pessoa estar no mundo. Eu-tu e eu-isso são parte do movimento humano, sendo inseparáveis, alternando-se constantemente a cada relacionamento (Buber, 1923/2001 apud LUCZINSKI, ANCONA-LOPEZ, 2005) nos mostra que jamais o Eu-tu e Eu-isso será fixo, sempre irá se alternar de acordo com os relacionamentos, e de acordo com os ciclos de vida de cada pessoa em cada período único de suas vidas.
Na relação Eu-tu, há presença massiva do outro, sendo este outro uma outra pessoa, situação ou qualquer coisa perceptível a alguém, para o Tu, o tempo é ignorado e não exerce influencia direta na relação, ele deixa “campo de fuga” aberto as percepções, e está em constante fuga, nos mostrando que não existe um homem solitário ou que não precise de outro para coexistir no mundo, levando então a afirmar que nesta relação o Eu está passivo a mostrarem-se em sua totalidade e por consequência se reconhecer no compartilhamento de mundos.
Na relação Eu-Isso, “é outra possibilidade de o homem agir diante de outra pessoa ou coisa. No entanto, nesse modo de ser, o homem jamais estará em sua totalidade, pois essa atitude é de experimentação, objetivação e uso. O mundo do ISSO é o reino absoluto da causalidade, correspondendo à ordenação científica, ao desenvolvimento da ciência” (PADOIN E DE PAULA, 2009) sendo assim de total importancia no que diz a experimentação da vida e dos saberes, em resumo, simboliza como o homem lida com a ciencia e os determinados conhecimentos que o rodeia, transformando as experiencias abstratas em experiencias reais. 
Para Buber, a questão problematica se dá por eventualmente o Eu se tornar um Isso, sem que possa ser evitado, já que este é um processo necessário a ser passado por todos, vale salientar que a atitude Eu-Tu não será eternamente mantida, visto que o ser humano não estagna eternamente em um processo, e isto leva a dizer que a existencia é pautada na oscilaçao entre Eu-tu e Eu-isso, e as consequencias que isto se dá. “É importante lembrar que, para Buber, esse nível não pode se limitar ao intrapsíquico: o diálogo é algo que ocorre entre as pessoas, e não dentro delas. É voltar-se para o outro, para o mundo e, então, poder ver-se enquanto um eu e ao outro enquanto um tu (Buber, 1923/2001).”
CONTEXTO CLINICO
Para Buber o ser humano modifica o mundo, e não simplesmente o mundo, mas por consequencia no modo de ser do outro e naturalmente reverbarando no proprio modo de ser, por meio da fala, a subjetivação é afetada e neste contexto surgem novas subjetivações, isto indica que a fala pode vir a muda o modo como o ser humano vê a si e ao mundo.
O “entre” para Buber, é uma “via de mão dupla” onde a definição não pertence a nenhum dos envolvidos, é para além do pertencimento, visto que faz parte dos dois e os ultrapassa, criando assim novas formas de se adaptar ao mundo e vivenciar as experiencias que o mesmo pode vir a proporcionar.
“A concepção buberiana sobre a relação pode remeter à prática clínica, pois ajuda a compreender o fascínio que trabalhar calcado nesse tipo de concepção exerce nos psicólogos que a adotam. Ao conseguir se abrir para o cliente de forma a conseguir acessá-lo enquanto um tu, institui-se uma forma de relação em que o terapeuta pode entrar no modo eu-tu de funcionamento, ou seja, torna-se um eu” (LUCZINSKI, ANCONA-LOPEZ, 2005) assim sendo é de fundamental importância para um terapeuta que adote este modo de trabalho em clínica, estabelecer uma relação com o paciente, isto permite que o mesmo, possa compreender a sua importância no processo terapêutico, vindo desta forma a contribuir de forma eficaz para suas demandas.
REFERENCIAS
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ANDRÉA DE ALVARENGA LIMA. Diálogo entre Carl Rogers e Martin Buber. Revista Abordagem Gestaltica, Goiania, dezembro 2008.�
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2.�
GIOVANA FAGUNDES LUCZINSKI & MARÍLIA ANCONALOPEZ. A psicologia fenomenológica e a filosofia de Buber: o encontro na clinica, São Paulo, 2005.�
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3.�
STELA MARIS DE MELO PADOIN & CRISTIANE CARDOSO DE PAULA. Pesquisa em Enfermagem: Possibilidades da Filosofia de Buber. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasilia, dezembro 2009.�
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