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78 Panorama da Aquicultura - peixes ornamentais

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1Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
2 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
3Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003 3
EditorialEditorialEditorialEditorialEditorial
Jomar Carvalho Filho
Biólogo e Editor
O
Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
s países da União Européia e os EUA estão cada vez mais exigentes no que se refere à qualidade dos pescados
que importam, obrigando seus parceiros comerciais a exercerem uma atenção redobrada com a rastreabilidade
da origem dos produtos que estão adquirindo. As autoridades desses países alegam que a extrema segurança
alimentar reflete tão somente o desejo da sociedade de ingerir alimentos inócuos e comprovadamente
saudáveis. Já no Brasil, o olhar firme das autoridades muitas vezes se transforma em vista grossa, especialmente
quando a fiscalização sanitária é barrada pela grande rede de informalidade do comércio de alimentos,
principalmente o de pescados. Um exemplo disso é o que está ocorrendo atualmente na borda do reservatório de
Barra Bonita, um dos mais eutrofizados do Estado de São Paulo, captador de muita poluição industrial e orgânica.
Denúncias têm chegado a redação da Panorama da Aqüicultura apontando o grande comércio de tilápias
que vêm abastecendo não somente o CEAGESP, mas atacadistas e grandes cadeias de supermercados no Estado de
São Paulo. São toneladas semanais provenientes da pesca na represa de Barra Bonita, com desembarques diários
expressivos nas localidades de Rio Bonito e Bairro dos Mineiros, em Botucatu. Além do peixe inteiro, cresce também
o comércio decorrente da filetagem feita a céu aberto nas margens da represa, sem qualquer higiene. São peixes
que variam de 100 gramas a 1,5 kg e rendem aos pescadores de R$ 0,50 a 1,20 o quilo. Os preços, de tão atrativos,
já conquistaram até supermercados que tanto se orgulham da rastreabilidade de seus produtos.
Mas não são somente os paulistas que estão consumindo tilápias engordadas no caldo de esgoto doméstico
lançado no médio Tietê. Das margens da Barra Bonita partem, semanalmente, dois caminhões abarrotados de tilápia
para o mercado de Fortaleza - CE, certamente sem que sejam importunados por qualquer barreira sanitária.
Nos últimos anos temos acompanhado o grande esforço que os produtores de tilápia têm feito para processar
seus produtos dentro dos rígidos parâmetros estabelecidos pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem
Animal, do MARA. Muito dinheiro tem sido investido para tornar a tilápia um produto de qualidade, confiável e
seguro. Nunca se falou tanto nas qualidades culinárias deste peixe como atualmente e, como resultado, muitos
restaurantes famosos deixaram o preconceito de lado e passaram a ostentar com orgulho a tilápia nos seus cardápios.
Além disso, muitos investimentos para agregar valor ao peixe vêm se fixando no mercado, entre eles a tilápia da
Sadia e, mais recentemente, a tilápia enlatada, comentada nesta edição. Sabemos que é preciso muito tempo,
trabalho e dinheiro para construir uma imagem positiva no mercado, que pode, no entanto, ser jogada no lixo nos
poucos segundos da notícia de um telejornal associando o peixe ao esgoto doméstico, salmonelas e coliformes fecais.
Problemas de mercado, no entanto, não são um privilégio dos tilapicultores, já que a conquista do
mercado será ainda por muito tempo o grande desafio para todos os profissionais da aqüicultura. Um bom exemplo
é a grande batalha que neste momento está sendo travada pelos carcinicultores brasileiros, por terem sido acusados
por associações de pescadores americanos de estarem praticando dumping na comercialização dos seus produtos
nos EUA. A ABCC - Associação Brasileira de Criadores de Camarão já se mobilizou para provar nos tribunais ameri-
canos que a carcinicultura nacional jamais desfrutou de qualquer privilégio de incentivos e subsídios provando,
portanto, que são injustas as acusações.
Como é possível ver, o que conta na hora de enfrentar desavenças é a coesão e a credibilidade.
A todos uma boa leitura,
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5Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
Edição 78 – julho/agosto,2003Edição 78 – julho/agosto,2003Edição 78 – julho/agosto,2003Edição 78 – julho/agosto,2003Edição 78 – julho/agosto,2003
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36, 37, 38, 39, 40, 41, 44, 45, 59, 61, 62, 63, 65.
ISSN 1519-1141
Capa: Filé de jundiá.
Foto Arquivo Panorama da
Aqüicultura
...Pág 15
...Pág 03
...Pág 07
...Pág 13
...Pág 10
...Pág 23
...Pág 31
...Pág 35
...Pág 17
...Pág 49
...Pág 54
...Pág 62
ÍNDICE
...Pág 66
...Pág 43
Processamento do Jundiá
O conhecimento da proporção da matéria-prima que
será transformada em produtos finais para comercia-
lização é de grande importância para as empresas
envolvidas neste segmento, pois permite o planeja-
mento da produção e os cálculos necessários para a
avaliação da eficiência dessas empresas. Estudos so-
bre o processamento de espécies novas, dentre aque-
las já tradicionalmente criadas comercialmente, dão
subsídios à indústria e atestam mais uma caracterís-
tica importante sobre o seu potencial para a pisci-
cultura. Neste sentido, o Setor de Piscicultura do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da PUC-
PR avaliou o rendimento do processamento do jundiá Rhamdia quelen, um peixe que vem sendo
estudado por vários grupos de pesquisa, contribuindo com o conhecimento sobre esta espécie e
atestando seu grande potencial para a piscicultura. Os resultados desta avaliação podem ser confe-
ridos em artigo na página 17.
Editorial
Notícias & Negócios
Notícias & Negócios On Line
Coluna da Seap
Informe Empresarial: Etiquetas Eco-system
Processamento: o jundiá como matéria-prima
Aqüicultura Ornamental: o potencial de mercado para algumas espécies
Caunesp: um conceituado centro de referência da aqüicultura brasileira
Camarão em águas oligohalinas
Os destaques dos resumos do WAS’03: camarão
Produtividade nos ranários
Peixes nativos: saiba como aproveitar bem os seus viveiros
Meio Ambiente: licenciamento ambiental
Calendário Aqüícola
6 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 20037Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
EM MAR ABERTO - O Programa Paraná
12 Meses, da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado do Paraná colheu
com sucesso as primeiras oito toneladas do
cultivo experimental de vieiras e mexilhões
realizado em mar aberto, a uma milha de
distância do litoral. O projeto, operaciona-
lizado em novembro do ano passado, tem o
objetivo de aumentar a renda das famílias
que sobrevivem da pesca, dando a elas a
possibilidade de trocar o processo
extrativista pelo cultivo de organismos ma-
rinhos, ao mesmo tempo em que procura
viabilizar condições de maricultura susten-
tável, que não comprometa o meio ambien-
te. Os estudos foram feitos pelo Centro de
Estudos da Pesca, da Universidade Federal
do Paraná, em parceria com o Instituto
Ecoplan, instituições públicas, Marinha e
associação de pescadores. Esta é a primei-
ra experiência feita no Brasil com o cultivo
de organismos marinhos em mar aberto. Os
pesquisadores acreditam que o mar aberto
oferece condições mais favoráveis para o
desenvolvimento dos organismos e, segun-
do a responsável pela linha de estudos e
projetos do Programa Paraná 12 Meses,
Viviane Rosseto, três novas áreas de culti-
vo estão previstas para entrar em operação,
ainda este ano, em Pontal - PR. Para o bió-
logo Germinal Pocá, do Instituto Ecoplan,
a intenção do projeto é viabilizar uma al-
ternativa de renda para os pescadores que
não têm como competir com a pesca indus-
trial. A maricultura, diz Pocá, tem sido tra-
tada como uma alternativa técnica e econô-
mica ao atendimento da demanda comerci-
al e a preservação dos estoques naturais dos
recursos pesqueiros não só no Brasil, mas
em todo o mundo.
TARIFA ESPECIAL - Notícia divulgada
no site www.carcinicultor.com.br dá conta
de que a deputada Fátima Bezerra (PT-RN)
e o gerente regional do Nordeste de Aqüi-
cultura e Pesca, Francisco Nabuco, reuni-
ram-se com o secretário de energia do Mi-
nistério das Minas e Energia, Ronald Shuck,
para solicitar a extensão do benefício da
tarifa especial de energia elétrica para os
aqüicultores. A tarifa especial para o con-
sumo de energia elétrica utilizada exclusi-
vamente em atividades de irrigação em áreas
rurais, foi concedida em 1992, através da
portaria no 105 do antigo Departamento de
Águas e Energia Elétrica (DNAEE), do
Ministério da Infra-Estrutura (MINFRA).
Para a região Nordeste, a tarifa rural tem
um desconto de 90% no consumo de ener-
gia utilizada entre 21:30 e 6 horas. A idéia
é que os produtores aqüícolas passem a usu-
fruir da tarifa diferenciada, a partir das mes-
mas regras da portaria destinadas aos
irrigantes. Segundo Fátima Bezerra, esse
benefício pode se estender aos aqüiculto-
res, já que a produção desta atividade, em
especial a carcinicultura (produção de ca-
marão), depende do consumo de energia
elétrica para oxigenação da água utilizada
em maior intensidade à noite, quando bai-
xa o nível do oxigênio nos viveiros.
PROCESSADORES - Um encontro de
processadores de tilápia está marcado para
o dia 25 de outubro em Londrina no Paraná.
A iniciativa é de Roberto Floriani, da Agro-
industrial Floriani Ltda, situada no municí-
pio de Ilhota, em Santa Catarina. Segundo
ele, existem ao redor de 18 empresas no
Brasil que processam tilápias com inspe-
ção federal (SIF) e estadual (SIE) e, neste
encontro, pretende-se discutir, e possivel-
mente criar, uma entidade que associe as
empresas processadoras de tilápias no Bra-
sil com o objetivo único de fomentar o con-
sumo do peixe no mercado interno. Segundo
Floriani (agrofloriani@agrofloriani.com.br) a
idéia tem tudo para dar certo e só depen-
de agora das deliberações da reunião de
Londrina.
DELÍCIA – As possibilidades do uso da
tilápia na confecção de produtos parecem
não se esgotar e
têm estimulado
novas parcerias
envolvendo os
tilapicultores. O
produto da foto,
ainda um protóti-
po, é fruto de uma
parceria que en-
volve um grupo de produtores da região
noroeste do Estado de São Paulo e uma tra-
dicional indústria do Rio de Janeiro. Se
depender das partes envolvidas, as tilápias
em conservas serão oferecidas em breve aos
consumidores com diversos temperos, en-
tre eles o de pimenta e de alcaparras. A Pa-
norama da Aqüicultura provou e adorou.
ABRAT REIVINDICA – A Associação
Brasileira de Truticultores (ABRAT), atra-
vés do seu secretário Wilson London, en
8 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
caminhou ao gerente da Região Sudeste da
Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca,
Ilton dos Santos Luiz, importantes propos-
tas ao Grupo de Trabalho Interministerial
que revisará a legislação do setor aqüícola.
Entre elas destaca-se a alteração da tabela
de cobrança estabelecida pela Instrução
Normativa no 8, de 28/09/2000, que passou
a taxar qualquer piscicultura intensiva, in-
dependente do tamanho da área inundada
para produção, no valor de R$ 278,00, en-
quanto anteriormente as pisciculturas até 2
ha de área eram isentas de taxa, bastando
apenas renovar seu registro anualmente.
Segundo a ABRAT, os valores elevados
de taxas somente desestimulam a legali-
zação dos pequenos produtores. No mes-
mo documento, foi solicitado que o Ser-
viço de Inspeção Federal (SIF) e serviços
de Inspeção Sanitária Estaduais assinem
convênios que possibilitem a comerciali-
zação de trutas com carimbo do SIE entre
estados limítrofes, em especial RJ, SP e
MG. A ABRAT propõe ainda que sejam
identificados nas legislações municipais,
estaduais e federais os pontos incoeren-
tes, incompatíveis, inadequados ou
inexistentes com relação à legislação fe-
deral, no que diz respeito à atividade da
truticultura, para que seja possível fazer
alterações ou adequações nos instrumen-
tos legais vigentes conflitantes.
COLESTEROL - Embora o camarão seja
um produto de consumo popular da dieta
americana, muitas pessoas o evitam pelo seu
alto conteúdo de colesterol. Uma pesquisa
realizada por um grupo de seis cientistas da
Universidade de Miami-EUA, porém, revela
que o consumo regular do camarão melho-
ra a relação do colesterol total para o HDL
(colesterol bom) e HDL para LDL
(colesterol ruim). O resultado da pesquisa
foi publicado na revista American Society
for Clinical Nutrition. O estudo teve como
objetivo testar o efeito ocasionado pela adi-
ção de colesterol do camarão a uma dieta
baixa em gorduras, nas lipoproteínas do
plasma sanguíneo de pessoas com lipídios
normais. Foi comparado também o efeito
de uma quantidade igual de colesterol
ingerida, proveniente de camarão ou de
ovos. A pesquisa americana demonstrou que
o consumo do camarão contribui para redu-
zir, significativamente, as concentrações de
triglicerídeos. Segundo os cientistas, uma
dieta diária contendo 300g de camarão (que
proporciona 590 mg de colesterol permis-
sível/dia), aumentou em 7,1% o colesterol
LDL, e em 12,1% o colesterol HDL, quan-
do comparada a uma dieta baixa em gordu-
ra (que proporciona 107 mg de colesterol
permissível/dia). A dieta de camarão, entre-
tanto, não piorou a relação do colesterol
total para o HDL nem a relação do HDL
para o LDL. Além disso, o consumo do ca-
marão diminuiu as concentrações de trigli-
cerídeos em 13,0%. Da mesma forma, o
consumo de peixes gordurosos, como a sar-
dinha e o atum, é mais recomendável do que
o de qualquer outra carne gorda. Além dos
peixes conterem ácidos graxos, que prote-
gem o organismo contra a arteriosclerose,
os peixes gordos são mais ricos em vitami-
nas A e D, e têm em média, entre 8% e 15%
de gordura. As outras carnes gordas possu-
em entre 20% e 30% de gordura.
COMISSÃO - Foi criada no dia 9 de julho
passado, a Comissão Nacional da Carcini-
cultura da Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil. Itamar Rocha (leia-se
ABCC), assume a presidência da comissão,
cuja função é defender os interesses do se-
tor junto ao governo, possibilitando melhor
acesso no mercadointernacional. Através
da comissão, os empresários da carcinicul-
tura encaminharam ao governo um pedido
de liberação de R$ 30 milhões para finan-
ciar projetos de agregação de valor do se-
tor, já que 80% da produção de camarão
em cativeiro são exportados sem valor agre-
gado. A idéia dos empresários é a de ofere-
cer no mercado externo dez produtos bene-
ficiados, e alegam que, com o beneficiamen-
to, haverá uma maior geração de emprego.
Os carcinicultores esperam também criar
um selo de qualidade para aumentar a ren-
tabilidade do setor.
OPORTUNIDADE - O Projeto Pacu está
em expansão e, por isso, está selecionando
representantes em todo Brasil para venda
de seus produtos. Este representante, pes-
soa jurídica ou física, deverá estar ligado
de alguma maneira ao ramo de aqüicultura,
seja como representante de rações para pei-
xes, equipamentos para aqüicultura, lojas
de produtos agropecuários, técnicos que tra-
balham com extensão em aqüicultura, etc.
Os interessados devem entrar em contato
com a empresa através do e-mail
simao@projetopacu.com.br
ALZHEIMER - De acordo com uma pes-
quisa conduzida por sete anos nos Estados
Unidos, uma alimentação baseada em pei-
xe e nozes, rica em ácidos graxos
poliinsaturados, reduz o risco de uma pes-
soa desenvolver o mal de Alzheimer. O es-
tudo publicado na revista “The Archives
of Neurology” relata o levantamento feito
com 825 enfermeiros, onde 131 deles apre-
sentaram a doença degenerativa. Segundo
a pesquisadora Martha Clare Morris, do
Centro Médico St. Luke, de Chicago, aque-
les que comeram peixe pelo menos uma
vez por semana correram um risco 60%
menor de desenvolverem a doença. Para
Morris, os ácidos graxos protegem as
membranas dos neurônios dos efeitos cau-
sados pelo mal.
EMATER/PR - Mais de 100 piscicultores
paranaenses estiveram presentes ao XV
Reencontro de Piscicultores da Região Me-
tropolitana, para debaterem a comerciali-
zação de seus produtos, considerada o mai-
9Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
or entrave para o desenvolvimento da ativi-
dade na região. Como solução para o pro-
blema conseguiram que fosse disponibili-
zado para a Cooperativa dos Piscicultores
do Paraná – Coopispar, um boxe na Ceasa
de Curitiba, onde serão vendidos peixes vi-
vos, eviscerados, filetados (resfriados, con-
gelados e rotulados) e alevinos.
TARTARUGAS - O IBAMA criou em
Goiânia o Centro Nacional dos Quelônios
da Amazônia (Cenaqua), para proteger e
incentivar a criação da tartaruga-da-
amazônia Podocmenis expansa, tão predada
por causa de sua carne. O Cenaqua protege
uma centena de áreas de reprodução, onde já
nasceram 22 milhões de filhotes. Desses,
10% são reservados para criadores comer-
ciais, que preservam 10% da produção como
reprodutores. Todas as 96 fazendas de cria-
ção estão localizadas no Norte e Centro-
Oeste, pois a condição indispensável para o
sucesso da criação é a temperatura quase
constante entre 25 e 35 graus. Os filhotes
são entregues aos produtores com 20 gra-
mas e podem ser abatidos quando o casco
chega a 30 centímetros, com 1,5 e 3,5 quilos.
A tartaruga-da-amazônia alimenta-se de ra-
ção para peixe, precisa cálcio suplementar,
engorda 1 quilo por ano, e é possível criar
até cinco tartarugas por metro quadrado de
tanque. O quilo da sua carne vale 15 vezes
mais que a carne de vaca e também são
vendidos, para a França, subprodutos como
ovos e óleo, usados na indústria de perfu-
mes e cosméticos, bem como a carapaça,
matéria-prima para prendedores de cabelo e
artesanato. A criação da tartaruga, porém,
só está autorizada nos estados brasileiros
nos quais ela ocorre na natureza. O setor que
autoriza a criação é o Centro de Conserva-
ção e Manejo de Répteis e Anfíbios.
MESTRADO - As inscrições para o Pro-
grama de Pós-Graduação em Recursos Pes-
queiros e Aqüicultura (PPG-RPAq) da Uni-
versidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE) estarão abertas no período de 01
a 30 de setembro de 2003. O mestrado foi
criado em setembro/2000, através da Re-
solução no. 336/2000 do Conselho de Ensi-
no, Pesquisa e Extensão da UFRPE, tendo
sido recomendado pela CAPES - Coorde-
nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Ensino Superior, com o conceito 3, em no-
vembro/2001. O PPG-RPAq é composto
pela área de concentração em Aqüicultura
e Recursos Pesqueiros. Mais informações
com a Coordenação do Programa de Pós-
Graduação em Recursos Pesqueiros e Aqüi-
cultura - PPG-RPAq/ Departamento de Pes-
ca/UFRPE , fones: (81) 3302-1515 e (81)
3302-1500, email: pgaqui@ufrpe.br -
www.ufrpe.br/prpqp
PEIXE VIVO – Anote em sua agenda o
telefone da Piscicultura Peixe Vivo, de Mato
Grosso do Sul. Na publicidade da empresa
em nossa última edição o número do tele-
fone foi publicado errado. O telefone cor-
reto é (67) 342-1595.
IMPULSO - O Estado do Tocantins ga-
nhou a sua primeira unidade de abate de
peixes com registro no Serviço de Ins-
peção Federal (SIF), do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa). O Frigoríf ico de Pescado
Tamborá, localizado em Almas, a 300 km
de Palmas, tem capacidade para proces-
sar até cinco toneladas de pescado/dia,
toda a demanda do estado. O frigorífi-
co, que está à disposição de todos os
piscicultores do estado, possibilita um
ganho para os produtores que não têm
registro de inspeção estadual ou munici-
pal, e que agora, poderão comercializar
dentro e fora do estado. Tambaquis,
piaus, tambacus e outros peixes, sairão
do frigorífico sem vísceras, conservados
em gelo para que sejam vendidos como
peixes frescos, mas a intenção é que, em
breve, possam ser oferecidos também em
postas, filés, hambúrgueres e enlatados.
FESTA DE FORMATURA - Sete cur-
sos do ensino superior de Santa Catarina
acabaram de receber o reconhecimento do
Ministério da
Educação e
C u l t u r a
(MEC), entre
eles o de En-
genharia de
Aqüicultura
da UFSC. O curso foi criado em 1998 e a
primeira turma ingressou em 1999. A dura-
ção do curso é de quatro anos e meio, e todo
ano 60 novos alunos ingressam através do
vestibular. Existem hoje cerca de 250 alu-
nos cursando a Engenharia de Aqüicultura
e, dos 30 alunos que ingressaram em 1999,
26 acabaram de se formar no último dia 30
de agosto com colação de grau e baile de
formatura (foto) com a presença da prefeita
de Florianópolis, Ângela Amin. Segundo o
professor Luiz Vinatea, também escolhido
como paraninfo da turma, o melhor de tudo
é saber que todos os formando já estão
empregados.
CANCELAMENTO - Apesar de constar
do Calendário Aqüícola desta edição, o I
Simpósio Brasileiro de Ranicultura e II Ci-
clo de palestras sobre Ranicultura do Insti-
tuto de Pesca tiveram que ser cancelados
por questões financeiras. A comissão
organizadora solicitou verba à diversas ins-
tituições que, infelizmente, alegaram entre
outras pérolas, que a ranicultura não é uma
linha prioritária no momento ou que apesar
da programação incluir pesquisadores do
Brasil inteiro, o encontro é muito regional.
Diante das negativas de financiamento a
pesquisadora Cláudia Maris Ferreira, coor-
denadora do encontro, não teve alternativa
a não ser a de cancelar o evento programado
para os dias 24, 25 e 26 de outubro.
10 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
Para fazer parte gratuitamente da
Lista Panorama-L vá ao site
www.panoramadaaquicultura.com.br
clique em Lista de Discussão
e siga as instruções.
De: Francisco Moreira Dubeux Leão Junior
francisco.leao@fleury.com.br
Para: panorama-l@listas.alternex.com.br
Assunto: Financiamento para aqüicultura
Caros panoramautas, me considero um
médio produtor (18 toneladas por ano) e
bastante bem organizado. Entretanto, para
pleitear um financiamento pelas linhas de
crédito do BNDES eu já levo quatro meses
na batalha e já mandei todos os documentos
possíveis e imagináveis, tanto meus como
da propriedade e da piscicultura. As únicas
coisas que ainda não mandeifoi o meu
genoma e a certidão de batismo! Já fui
visitado por dois agrônomos, o gerente
distrital e o gerente regional do banco.
Quando o governo anuncia que o crédito
está disponível, eu me pergunto quantos
piscicultores estão em condições legais de
pleitear os empréstimos. Isso sem contar
com as diferenças regionais. Existem regi-
ões nas quais, por um maior empenho dos
gerentes das agências bancárias e por maior
experiência com determinadas linhas de
crédito, o dinheiro sai mais rápido. Outro
aspecto interessante é o financiamento de
custeio. Freqüentemente o produtor conse-
gue o financiamento para investimento, mas
não o de custeio; isto é, você consegue
comprar o carro, mas fica sem dinheiro
para a gasolina. E aí começa a maquiagem
nos projetos para pegar dinheiro de inves-
timento para comprar insumos, pois o di-
nheiro de investimento vem de uma fonte
(BNDES) e o de custeio vem de outra
(recolhimento compulsório dos depósitos à
vista). Isto nos leva à conclusão que, no
médio e longo prazo, só os aqüicultores
bem estruturados sobreviverão e que, a
pesca artesanal e a aqüicultura como
hobbie não terão uma vida muito longa.
Este é o “efeito colateral” da tão sonhada
organização do setor. Aconteceu na agri-
cultura e na pecuária e agora vai aconte-
cer na aqüicultura.
De: Luis Cruz
luis.air@ig.com.br
Para: panorama-l@listas.alternex.com.br
Assunto: Re: Financiamento para aqüicultura
Olá pessoal, iniciamos no ano passado a
produção de tilápias (raceway) aqui no
sítio que tenho em Minas Gerais. No ato da
compra dos tanques, soubemos da existên-
cia de uma linha de crédito para este fim,
com o valor até R$ 150.000,00, que como
diz no descritivo do BNDES, o objetivo era
atender “pequenos” produtores. Para con-
seguir este empréstimo, só se dependia de
aprovação junto a “qualquer banco” cadas-
trado. Sendo assim, a documentação exigida
era apenas financeira. Pois bem, como te-
mos conta da empresa há mais de 15 anos
no Bradesco, conseguimos em um mês a
liberação do crédito. Porém, as condições
foram: a fiança chegou a 160% do valor do
projeto; taxa para o fulano que libera, R$
5.000 e taxa para o sicrano elevar o valor do
imóvel, R$ 3.000,00. Resumindo os 8,75%
ao ano fixa, com 60 meses para pagar e dois
anos de carência, ficou mais caro que o
filé do peixe. Mandamos uma carta para o
BNDES (todos os setores possíveis), e
dois deles responderam, solicitando que
citássemos o nome do gerente e tal, que
eles iriam resolver! O prazo de financia-
mento venceu dia 22 julho e, nada! Ainda
bem que iniciamos e concluímos o nosso
projeto com recursos próprios. Esse papo
de documentação é conversa pra boi dor-
mir. Vivemos em um país de banqueiros,
não se pode esquecer que o BNDES é um
banco, e como banco, defende os interes-
ses de sua classe. Nosso imóvel é total-
mente legal, em documentação e valor de
mercado. Lá no Norte/Nordeste eles ava-
liam aquele monte de terra que não vale
nada e aprovam um financiamento rapidi-
nho, pois o dinheiro será usado para ou-
tros fins. Essa é a nossa realidade. Quem
quiser a carta que enviei, e a resposta do
BNDES me solicite que eu envio.
De: Paulo Fonseca
facripa@hotmail.com
Para: panorama-l@listas.alternex.com.br
Assunto: Re: Financiamento para aqüicultura
11Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
O Sr. Luis tem toda razão! Nós, aqui no Rio
de Janeiro, fomos “enrolados” por dois anos
pelo Banco do Brasil - (agência Tanguá).
Recebemos toda a sorte de pedidos e justi-
ficativas, contudo, com relação à documenta-
ção, apesar de pequenos produtores, apre-
sentamos tudo, eu disse, TUDO o que foi
solicitado. Para encurtar o sofrimento, pas-
sados os dois anos, fomos, pasmem, infor-
mados de que a documentação havia cadu-
cado e era necessário que refizéssemos
tudo o processo. Eu só acredito nisso por-
que foi comigo!!
De: Francisco Moreira Dubeux Leao Junior
francisco.leao@fleury.com.br
Para: panorama-l@listas.alternex.com.br
Assunto: Re: Financiamento para aqüicultura
Acho que o maior problema em relação ao
que relatou nosso colega Paulo é que o
pessoal dos bancos que tem que repassar o
dinheiro desconhece totalmente o processo.
E os poucos que conhecem fazem disto um
negócio como “consultores”. No meu caso,
se não fosse a boa vontade do gerente do
Banespa de Igaratá, o processo nem teria
começado a andar. O mais triste é que todo
o dia tem algum político dizendo que o
governo disponibilizou bilhões para o
agronegócio, mas, no final, acaba aconte-
cendo o que o Paulo descreve: e a gente
acaba se virando com recursos próprios.
De: Wagner Camis
wagcamis@terra.com.br
Para: panorama-l@listas.alternex.com.br
Assunto: Re: Financiamento para aqüicultura
Caro Francisco e todos da lista, estamos no
mesmo barco, porém antes de você enviar o
seu genoma, seguem algumas dicas: os ban-
cos, de um modo geral, próximos a grandes
centros não têm interesse de emprestar di-
nheiro para os produtores, pois possuem
outras fontes de captação mais lucrativa e
com menos trabalho (seguro, poupança,
aplicações,etc ).O interesse neste credito é
mais fácil em cidades pequenas e principal-
mente fora do eixo Rio-São Paulo. Apesar
da existência do dinheiro, os gerentes enca-
minham ao Banco Central relatório dizendo
que não houve interesse por parte do produ-
tor para aquela linha. Estratégia a ser adota-
da por todos que pleiteiam crédito, junto ao
processo/projeto encaminhado ao banco,
anexar carta a ser protocolada pelo gerente
que está recebendo o referido trabalho. As-
sim, ele não vai poder alegar a falta de
interesse ao banco central, pois a referida
carta poderá ser encaminhada, e trazer pro-
blemas ao banco agenciador. Outro cami-
nho é procurar pelas cooperativas de crédi-
to agrícola que estão disponíveis para tal
crédito.Tais procedimentos e informações
partiram de funcionários internos, que
discordam do procedimento dos bancos.
Acredito que vale a pena tentarmos fazer
tal pressão.
De: Sergio Tamassia
tamassia@rsl-creativenet.com.br
Para: panorama-l@listas.alternex.com.br
Assunto: Re: Financiamento para aqüicultura
Caros Panoramanautas, em relação a linha
de crédito para a piscicultura que está sendo
discutida, aqui no Alto Vale do Itajaí(SC),
as linhas de crédito praticamente ficaram
dependentes do cadastro dos produtores
junto às instituições financeiras. A partir de
2001 vários financiamentos têm sido libe-
rados, dentro das regras do jogo, tendo
como base o “ex PROCAMOL”, além de
vários tendo como base o PRONAF inves-
timentos.
De: Felipe Matarazzo Suplicy
fsuplicy@agricultura.gov.br
Para: panorama-l@listas.alternex.com.br
Assunto: Re: Financiamento para aqüicultura
Prezados Luis e demais, o acesso ao crédito
será uma das prioridades de minha gestão.
Como muitas vezes este problema emperra
na falta de registro de aqüicultor e este por
sua vez na falta de licenciamento ambiental,
eu estou tentando resolver as questões nesta
ordem. Entretanto, eu posso já começar a
organizar alguns aspectos relacionados a
este assunto, para que quando os produtores
estiverem registrados e licenciados a coisa
flua de forma mais ágil. Para começar, eu
levarei manifestações como estas expostas
por vocês ao conhecimento do Ministro
Fristch, para que ele fique ciente do proble
12 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
ma. Tenho em minha mesa um relatório
sobre as linhas de financiamento disponí-
veis para aqüicultura, que procurarei me
inteirar imediatamente, para checar as con-
dições de cada uma e verificar sua adequa-
ção ao setor, de forma a propor mudanças
para que estas atendam o propósito a que
são destinadas. A política da SEAP é a de
fazer uma gestão com a participação do
setor produtivo e convido a todos que se
manifestem sobre este assunto, relatem
sua experiência na tentativa de obtenção
de crédito, para subsidiar-me com infor-
mações que embasariamuma intervenção
da SEAP para a solução desta questão.
Luis, por favor, me envie a carta que foi
para o BNDES.
De: Marcos P. B. Byington
mpbby@uol.com.br
Para: panorama-l@listas.alternex.com.br
Assunto: ICMS
Prezados, dado o peso do ICMS nos custos
de pescados e frutos do mar, gostaria de
saber se alguém tem notícia sobre que
alíquotas estão sendo consideradas, em vista
da reforma tributária, para vendas ‘dentro
do estado’ e ‘interestaduais’. Adicional-
mente, se sabem de alguma diligência neste
sentido sendo feita por associação ou órgão
de classe.Temos um mercado interno com
consumos per capita ainda baixos e nosso
enorme potencial na aqüicultura. Precisa-
mos que os impostos não atrapalhem.
 
De: Cesar
cesar1964@globo.com
Para: panorama-l@listas.alternex.com.br
Assunto: Re: ICMS
Caro Marcos, o que tenho conhecimento é
que sendo o ICMS um imposto estadual, cada
Estado tem uma política para cada produto e
local de venda. Pelo que sei, no Estado da
Bahia peixe inteiro é isento de ICMS quando
comercializado internamente.
De: Marcos P. B. Byington
mpbby@uol.com.br
Para: panorama-l@listas.alternex.com.br
Assunto: Re: ICMS
Caro Cesar, realmente, hoje a situação é bem
diferente de Estado para Estado no que
concerne às alíquotas (%) para comerciali-
zação ‘dentro do Estado’ e, acredito, de 12%
para o comércio de um Estado para outro.
Minha preocupação é como ficará isto com
a - reforma tributária - sendo estudada entre
governo e congresso pois, além da unifica-
ção de critérios prevista na reforma tributá-
ria para prevenir competição entre os Esta-
dos (“guerra fiscal”), existem, grosseira-
mente, duas possibilidades para fixação dos
futuros % unificados: 1) a errada - pensando
mais nos problemas financeiros estaduais de
curto prazo, estas alíquotas serem fixadas
em patamares altos, continuando a ser um
peso excessivo para a aqüicultura. A ativi-
dade continua com custos (impostos) altos,
sub-desenvolvida e o mercado interno muito
pequeno. 2) a certa - alíquotas baixas, a
atividade se desenvolvendo porque conse-
gue praticar preços mais baixos ao consumi-
dor, empregando mais gente (no campo e na
cidade), suprindo um mercado interno cada
vez maior. Se acertarmos na escolha, o re-
sultado é melhor para todos porque, apesar
de ser uma alíquota menor, incidirá sobre
uma base de tributação (mercado interno)
que será muito maior e, portanto, o valor
total arrecadado para os Estados também
crescerá; além, é claro, de haver muito mais
empregos diretos/indiretos e toda a cadeia
de fornecedores também se beneficiar; ou
seja, os benefícios se disseminam por vári-
os meios e todo mundo ganha no médio e
longo prazos! Não se esquecendo nunca
que, com mais emprego - no campo e na
cidade, diminui-se os gastos com seguro-
desemprego, as invasões, os assaltos, etc.,
que nossas autoridades nos pedem tempo e
paciência para resolver. Se estas mesmas
autoridades não nos atrapalharem com al-
tos impostos, nós mesmos ajudaremos - e
muito - a resolver esta questão do emprego.
Então, nossas entidades representativas e
interessadas no desenvolvimento da aqüi-
cultura já deveriam estar diligenciando junto
ao governo e aos parlamentares para que
aumentemos as chances de um futuro
melhor. É isso que ainda não sei o que estão
fazendo e em que alíquotas futuras estari-
am pensando? Temos que nos informar e
agir antes que todos os acordos políticos já
estejam ‘amarrados’ para votação. 
13Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
Secretaria Especial de Aqüicultura e
Pesca da Presidência da República
A partir desta edição, a SEAP - Secretaria Es-
pecial de Aqüicultura e Pesca da Presidên-
cia da República inaugura este espaço, cedi-
do pela Panorama da Aqüicultura, para que
possa apresentar aos assinantes desta revis-
ta seu plano de ações em prol do setor. Se-
gundo a SEAP, a idéia é relatar as atividades
que estão sendo desenvolvidas, seus
objetivos e estratégias de ação.
Com a criação da SEAP/PR em janeiro deste ano, a
aqüicultura passa a receber uma atenção especial do Governo
Federal no intuito de melhorar ainda mais os índices de crescimento
anuais que já são superiores aos observados mundialmente, graças
exclusivamente a perseverança e empreendimento dos aqüicultores
nacionais. Em vista disto, a DDA - Diretoria de Desenvolvimento
de Aqüicultura entende que antes de implementar ações de desen-
volvimento, é preciso criar um cenário positivo, com regras claras
para que novos ingressantes na atividade possam ter acesso de
forma menos burocrática e com um pouco mais de garantias. O
ministro Fritsch tem colocado como primeira prioridade para a
DDA a questão do licenciamento ambiental de projetos de aqüicul-
tura. Outra prioridade da DDA está no desembaraço dos trâmites de
cessão de uso de áreas da União para aqüicultura. Por último, o
acesso ao crédito terá que ser ampliado, assim como, linhas mais
apropriadas terão que ser criadas para atender necessidades urgen-
tes de investimento e custeio dos empreendimentos aqüícolas.
Os problemas com o licenciamento ambiental foram
tema de uma reunião entre os ministros Fritsch e Marina Silva, do
Meio Ambiente. Desta reunião ficou acordado a criação de um
grupo de trabalho interministerial envolvendo a SEAP/PR e o
MMA para agilizar a solução deste entrave. Enquanto o decreto que
cria este grupo não sai publicado no Diário Oficial da União, a DDA
está trabalhando numa proposta que será apresentada ao Ministério
do Meio Ambiente. A DDA está fazendo um levantamento do
procedimento (documentos exigidos e trâmite) de licenciamento
ambiental em todo o País. Este trabalho resultará numa proposta de
padronização do licenciamento em todos os estados, num procedi-
mento mais ágil e menos burocrático.
Outra iniciativa neste sentido é a elaboração dos Códigos
de Conduta Responsável para aqüicultura. Este trabalho está em
consonância com o Sub-Comitê de Aqüicultura do Departamento
de Pesca da FAO, que colocou a implantação dos códigos de
conduta como uma prioridade em todos os países que desenvolvem
atividades aqüícolas. A SEAP/PR fez um levantamento dos códigos
de outros países e preparou minutas de códigos de conduta para a
aqüicultura nacional. O Código de Conduta contém normas de
conduta responsável, nos aspectos ambientais e sociais, que deve-
rão ser observadas pelos aqüicultores. Haverá um código geral para
aqüicultura e um código específico para cada modalidade de
aqüicultura, notadamente a piscicultura, a carcinicultura, a malaco-
cultura, a ranicultura e a produção de formas jovens (alevinos,
sementes e pós–larvas). Estes códigos de conduta serão apresenta-
dos ao setor produtivo que irá contribuir para refiná-los de forma
a garantir sua aplicabilidade. A forma de implementação dos
Códigos de Conduta e do monitoramento do progresso dos aqüi-
cultores em adotarem o código e uma postura ambientalmente e
socialmente responsável ainda está sendo discutida (se serão para
adesão voluntária ou mandatária). Outra idéia que está amadure-
cendo na SEAP/PR é a criação do selo do aqüicultor responsável
- o “selo azul”. As minutas dos Códigos de Conduta estão em
estágio final de redação e deverão ser apresentadas aos respectivos
setores no mês de setembro. Esta é uma tendência mundial reco-
mendada pela FAO, que nivela a conduta de nossos aqüicultores
com a de aqüicultores de outros países e servirá para mostrar aos
órgãos ambientais e ONG´s que nosso aqüicultores tem preocupa-
ção com os aspectos ambientais e com a sustentabilidade da
atividade a longo prazo.
No item aqüicultura em águas da União está sendo criado
o Serviço Nacional de Cessão das Águas da União – SENCAU para
atender aos usuários dos espelhos d’água de jurisdição Federal ao
qual está associado, o Sistema Nacional de Cessão de Áreas da
União – SINCAU que consiste de um Sistema de Informação
Geográfica – SIG com interface num Sistema Gerenciadorde
Banco de Dados – SGBD. O Serviço e o Sistema integram um
conjunto de ferramentas que proporcionarão agilidade na análise
dos Processos de Cessão, auxiliarão no ordenamento da ativida-
de, no direcionamento da aplicação de recursos governamentais,
na avaliação de potencialidades, no zoneamento (ecológico,
econômico e social), e utilização do sensoriamento remoto na
avaliação da qualidade da água (eg. toxicologia). O SINCAU
conta com uma extensa base de dados que abarca: as divisões
políticas (municipal, estadual e federal), toda a base de hidrografia
do país, batimetria, cobertura de LANDSAT, áreas de restrição
(Unidades Federais de Conservação, áreas de operação da Mari-
nha do Brasil, etc.), sedimentologia da Plataforma Continental,
clima, cartas náuticas, altimetria e outras. Todas as cartas-consul-
ta enviadas a SEAP/PR (cerca de 500) já estão com as coordena-
das inseridas no SINCAU e aguardam o licenciamento ambiental
para cessão definitiva das áreas.
No crédito, a SEAP/PR está compilando as linhas existen-
tes para elaborar uma cartilha sobre o assunto. Como Secretaria
Especial existem, agora, mais condições de propor novas linhas de
crédito junto ao BNDES, específicas para custeio, agregação de
valor ao produto, além da SEAP/PR poder brigar também pela
equalização das tarifas de energia elétrica entre o setor agropecuário
e o setor aqüícola. Dívidas contraídas por pequenos aqüicultores
que solicitaram crédito no passado serão renegociadas e um
boletim informativo sobre como proceder para solicitar
renegociação será publicado em breve pela SEAP/PR.
Uma série de outras ações está sendo desenvolvida para
o setor, como programas especiais de aqüicultura nos assentamen-
tos do MST e na região do semi-árido, programas de qualificação
dos produtos de aqüicultura, e implantação de unidades demons-
trativas em áreas diversas do Brasil. Entretanto, como já foi dito
acima, as ações desenvolvimentistas só começarão a ser
implementadas, depois de solucionados o entrave do licenciamen-
to ambiental, da cessão de uso e do acesso ao crédito, criando um
cenário positivo para um período de crescimento.
14 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
Mesmo tentando focalizar seus esforços inicialmente em
poucas ações, devido à limitação de pessoal para atender a deman-
das que são urgentes, a SEAP/PR está sendo muito procurada por
outros ministérios e delegações internacionais que querem firmar
parcerias para o desenvolvimento da nossa aqüicultura. Com isto
surgem novas demandas que sobrecarregam a Diretoria. Apesar
disto, estamos acolhendo todas as intenções de colaboração que
surgem e dando encaminhamentos para que as mesmas se realizem
no momento adequado. Na próxima edição relataremos os avanços
feitos nestas questões primordiais, apresentaremos outras ações que
serão implementadas e apresentaremos com mais detalhes as parce-
rias nacionais e internacionais que estão deixando a SEAP/PR com
água na boca.
Missão da SEAP/PR foi a Noruega. Países de todos os
cantos do mundo resolveram cooperar mais ativamente para desen-
volver o futuro sustentável da aqüicultura. O acordo foi feito ao final
da segunda seção do Sub-Comitê de Aqüicultura da FAO, realizada
entre 7-11 de agosto em Trondhein, Noruega. Durante os cinco dias
de reunião, delegados de países membros da FAO debateram sobre
vários tópicos, incluindo os impactos ambientais da carcinicultura,
o uso de antibióticos na aqüicultura, a introdução de espécies
exóticas, a harmonização de padrões comerciais, a necessidade de
um melhor monitoramento da segurança dos produtos aqüícolas, e
o progresso dos países na implementação dos Códigos de Conduta
Responsável para aqüicultura.
No relatório final, o Sub-Comitê fez uma série de recomen-
dações para ações a serem executadas pela FAO bem como pelos
países membros da FAO. O relatório estará disponível no site da
FAO em setembro. A delegação da SEAP/PR presente ao encontro
relatou que o Brasil está preparando um Código de Conduta Respon-
sável para a aqüicultura, que deverá ser apresentado para o setor
produtivo para discussão e refinamento, comunicou também a
existência de um projeto para se criar o Programa Nacional de
Qualidade do Molusco Cultivado, e de um programa em parceria
com o setor produtivo e o IBAMA para resgatar a imagem negativa
da carcinicultura na mídia brasileira. Nossos delegados consegui-
ram também inserir o Brasil em dois estudos importantes da FAO:
1) Um estudo comparativo entre os custos ambientais da aqüicultura
frente aos custos ambientais de outras formas de produção de
alimentos; 2) Um estudo de mercados alternativos para produtos da
aqüicultura de forma a evitar que todos os países produtores se
concentrem em poucos e exclusivos mercados externos, causando a
queda de preços no mercado mundial.
A SEAP/PR está também em vias de firmar um Projeto de
Cooperação Técnica com a FAO, para estruturação e fortalecimento
institucional da SEAP/PR, incluindo treinamento de pessoal,
consultoria na revisão da legislação e na formulação de políticas de
desenvolvimento para aqüicultura. Este projeto deverá começar
ainda neste ano e terá duração de 10 meses.
No dia primeiro de setembro tomou posse da Diretoria de
Desenvolvimento da Aqüicultura, João Scorvo. Para assumir o cargo,
o novo Diretor do DDA afastou-se do Instituto de Pesca - APTA da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo,
onde era Diretor do Centro Avançado de Pesquisa e Desenvolvimento
do Agronegócio do Pescado Continental (Centro em implantação no
Município de São José do Rio Preto). Como pesquisador, João Scorvo
vinha desenvolvendo trabalhos com o pintado na Região do Vale do
Ribeira e com o pirarucu (em sistema intensivo na região de
Sorocaba). A DDA é ligada a Subsecretaria de Desenvolvimento da
Aqüicultura e Pesca e estão subordinadas à ela a Coordenação Geral
de Aqüicultura Continental (Marcelo Barbosa Sampaio) e a Coorde-
nação Geral de Maricultura (Felipe Matarazzo Suplicy).
Adiado o Calendário das Conferências
A I Conferência Nacional de Aqüicultura e Pesca, agendada
para os dias 30 de setembro a 2 de outubro em Brasília foi adiada. A
nova data do encontro nacional está marcada agora, para os dias 25,
26 e 27 de novembro. A Conferência Nacional tem como objetivo
fomentar a produção e consumo de pescados no País, discutindo as
necessidades de cada região e que estão sendo compiladas nas
diversas Conferências Estaduais, que por uma série de dificuldades
para serem realizadas também têm mudado sua agenda.
Estão indefinidas ainda, as datas das Conferências
Estaduais de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, São
Paulo, Rondônia.
Agenda das Conferências Estaduais
Dia/mês Estado Status
30 junho e 1 julho Rio de Janeiro Realizada
19 - 20 julho Pará Realizada
25 - 26 julho Piauí Realizada
31 julho e 1 agosto Paraná Realizada
01-02 de agosto Santa Catarina Realizada
02-03 de agosto Rio G. Sul Realizada
21-22 de agosto Roraima Realizada
30-31 de agosto Rio G. Norte Realizada
04-05 de setembro Sergipe Realizada
04-05 de setembro Alagoas Realizada
05-06 de setembro Bahia Realizada
11 e 12 de setembro Mato Grosso Sul Confirmada
11 e 12 de setembro Mato Grosso Confirmada
15 e 16 de setembro Ceará Confirmada
17 e 18 de setembro Maranhão Confirmada
19 e 20 de setembro Tocantins Confirmada
25 e 26 de setembro Acre Confirmada
25 e 26 de setembro Amazonas Confirmada
30 set. e 1 de outubro Distrito Federal Confirmada
03 e 04 de outubro Amapá Confirmada
10 e 11 de outubro Paraíba Confirmada
11 e 12 de outubro Pernambuco Confirmada
15Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
A importância das etiquetas
nos produtos congelados
Informe Empresarial
venda de produtos aqüícolas congelados vem aumentando a
cada dia, tanto no mercado interno quanto para exportação,
fazendo com que os produtores tenham quese especializar não
somente na qualidade de todo o processo produtivo, mas também nas
embalagens que finalizarão os seus produtos. Além de serem atrativas
e adequadas à conservação de perecíveis, as embalagens de alimentos
congelados devem conter, na maioria dos casos, um texto explicativo
da composição do produto em língua local, informações da grade
nutricional e conservantes utilizados, podendo também indicar o
nome do distribuidor e outras informações impostas pelos órgãos
governamentais da região ou país onde será comercializado.
Uma solução prática e bastante viável economicamente para
os produtos oriundos da aqüicultura é a utilização de etiquetas
especiais, com cola resistente, que não saem quando colocadas em
baixas temperaturas e suportam ao manuseio e aos transportes de
longas distâncias. Essas etiquetas podem ser aplicadas em caixas de
papelão ou sacos plásticos, podendo até ser, elas próprias, o único
rótulo do produto contendo a logomarca e as demais informações
comerciais. São muitas as possibilidades de uso e, atualmente, o
produtor dispõe da comodidade de realizar no seu próprio local de
trabalho, no tamanho e quantidades necessárias para cada lote de
produção, suas etiquetas com as impressões dos textos que acompa-
nharão seus produtos, código de barras, logomarca e figuras ilustrativas.
Tal processo de impressão dispensa serviços terceirizados agilizando
a finalização do produto e, conseqüentemente a sua comercialização.
Equipamentos de fácil instalação e manuseio, e que permitem
ao produtor produzir suas próprias etiquetas, são comercializados
pela Eco-System Etiquetas Adesivas LTDA, empresa líder neste
segmento. Segundo Elton Farias Carvalho, Diretor Comercial da
empresa, as impressoras de termo transferência são capazes de
imprimir etiquetas para diversas aplicações, com lay-out e tamanhos
diferentes conforme a necessidade do usuário, incluindo códigos de
barras, que auxiliam no controle de estoque e na identificação do
produto no ponto de venda, se transformando numa importante
ferramenta no intercâmbio de informações entre os parceiros envol-
vidos no processo comercial.
Grandes e pequenos empreendimentos de aqüicultura em
todo o Brasil já se utilizam de etiquetas adesivas especiais, cada vez
mais importantes em qualquer empresa independente do seu tama-
nho. Entre elas destaca-se a Lusomar Maricultura Ltda, produtora de
camarões na Bahia, que identifica suas caixas e sacos com etiquetas
da ECO-SYSTEM contendo a
descrição do produto, informa-
ções sobre o tamanho e data do
processamento do camarão,
bem como validade e o código
de barras. Quando usadas nos
produtos destinados à exporta-
ção, as etiquetas impressas pela
Lusomar são na língua do país
de destino e na cor específica
do cliente, o que facilita a iden-
tificação do produto no estoque. Esses adesivos possuem ainda
as informações referentes ao importador, temperatura do pro-
duto e se o mesmo possui aditivos. Esta forma de trabalhar,
proporciona uma grande economia para a empresa, já que se
pode utilizar uma mesma embalagem, cuja diferenciação se dá
apenas pelas etiquetas.
A ECO-SYSTEM possui uma extensa linha de produtos,
que minimizam a margem de erros e, conseqüentemente, propor-
cionam maior eficiência e completa automação da produção,
entre eles os leitores óticos fixos ou portáteis, além de coletores
de dados, que auxiliarão o aqüicultor no controle e na
confiabilidade da geração de dados, proporcionando o aumento
e a organização da sua produção, além de uma apresentação
bastante profissional do produto final.
Visando sempre o custo/benefício de cada equipamento a
ser utilizado pelo produtor, a ECO-SYSTEM realiza para os
interessados, um plano de investimento que dimensiona a sua real
necessidade. Os interessados nos equipamentos podem entrar em
contato com a empresa pelo fone (71) 381-9567 ou visitar o site:
www.ecosystem-net.com.br
A
16 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
17Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
Por: Paulo Carneiro1 - carneiro@rla01.pucpr.br
Jorge Daniel Mikos1 – jdm02@pop.com.br
Fabiano Bendhack2 - bendhack@caunesp.unesp.br
1 Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(CCAA/PUCPR) em São José dos Pinhais – PR
2 Centro de Aquicultura da UNESP de Jaboticabal - SP
Foto 1: choque térmico
Foto 2: pesagem
Fotos 3 e 4: abertura ventral para
retirada das vísceras
Fotos 5 e 6: detalhes das gônadas
de uma fêmea e de um macho
OO
2
3
4
5
6
1
Os rendimentos dos diversos produtos gerados a partir do processamento mínimo das
diferentes espécies de peixes são de grande importância para as empresas envolvidas
neste segmento da cadeia produtiva da piscicultura. O conhecimento da proporção da
matéria-prima que será transformada em produtos finais para comercialização, bem
como da quantidade que fará parte do resíduo do processamento, permite o
planejamento logístico da produção e os cálculos necessários para a avaliação da
eficiência produtiva da empresa. Ademais, estudos sobre o processamento mínimo
de espécies novas, dentre aquelas já tradicionalmente criadas comercialmente, dão
subsídios à indústria e atestam mais uma característica importante sobre o seu
potencial para a piscicultura. Este trabalho teve como objetivo avaliar o rendimento
do processamento mínimo do jundiá em diferentes classes de pesos.
Seqüência das etapas do
processamento do jundiá.
 jundiá Rhamdia quelen vem sendo
estudado há alguns anos por vários
grupos de pesquisadores no Brasil e
em outros países latino-americanos, e os
resultados dos estudos já realizados atraem
cada vez mais pesquisadores interessados
em contribuir com o conhecimento sobre
esta espécie, atestando seu grande potencial
para a piscicultura. Neste trabalho, conduzi-
do no Setor de Piscicultura do Centro de
Ciências Agrárias e Ambientais da PUC-
PR, foram utilizados 40 exemplares de jundiá
Rhamdia quelen com 11 meses de idade
provenientes de cultivo em viveiros de terra
de 300 a 400 m2 e estocados em densidade
média de dois peixes por m2. Os peixes
foram capturados com rede de arrasto e
agrupados em seis classes de peso, a saber:
200–300 g; 301–400 g; 401–500 g; 501–
600 g; 601–700 g; 701–800 g.
O crescimento das fêmeas foi mais
acelerado se comparado ao dos machos, e
apenas foram encontrados exemplares de
ambos os sexos nas classes 301–400 g e
401–500 g. Na classe 200–300g foram en-
contrados somente peixes do sexo masculi-
no e nas classes de peso acima de 500 g,
foram encontradas apenas fêmeas.
O Processamento
Antes de dar início ao processamen-
to, os peixes foram sacrificados através de
choque térmico em água com gelo, seguido
do rompimento da coluna cervical. Para
cada classe, foram obtidos os pesos do
peixe inteiro eviscerado (PPIE); do peixe
eviscerado sem cabeça e sem nadadeiras
(PPISC); do músculo abdominal (PMA);
do filé (PFILE); da carcaça descarnada
(PCD); das gônadas (PGON); e da pele
(PPELE).
O PPIE foi obtido a partir da abertu-
ra ventral da cavidade abdominal desde o
orifício urogenital até os ossos da mandíbu-
la, seguido da retirada cuidadosa das vísceras
para evitar contaminação da carne com
material fecal. A partir do PPIE foi possível
a obtenção de outro produto, após a retirada
da cabeça, pele e nadadeiras, resultando no
PPISC, um produto utilizado para a obten-
ção de postas. O músculo abdominal é
representado pela extensão inferior do filé
separado deste devido à estrutura anatômica
dos ossos da costela.
18 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
Tabela 1. Peso (g) e comprimento (COMP - cm) médio dos peixes utilizados em cada classe de peso
estudada e peso médio (g) das partes separadas durante o processamento (PPIE: peso do peixe inteiro
eviscerado; PPISC: peso do peixe inteiro eviscerado sem cabeça, nadadeiras e pele; PMA: peso do
músculo abdominal;PFILE: peso do filé; PCD: peso da carcaça descarnada; PGON: peso das gônadas;
PPELE: peso da pele).
* valores médios acompanhados do desvio padrão da média. M = macho. F = fêmea.
O filé foi obtido após a retirada da cabeça e pele do peixe
inteiro eviscerado. O corte foi iniciado na região dorsal, lateralmen-
te à nadadeira, desde a região cranial até a extremidade caudal. O
rendimento obtido através dos cortes supracitados está relacionado
ao peso inicial do peixe inteiro. Com isso temos os seguintes
valores de rendimento: rendimento do peixe inteiro eviscerado
(RPIE %); rendimento do peixe inteiro eviscerado sem cabeça,
nadadeiras e pele (RPISC %); rendimen-
to de filé (RFILE %), rendimento do
músculo abdominal (RMA %) e rendi-
mento das partes comestíveis (RPCOM
% = RFILE + RMA). Com relação à
porcentagem de resíduo, temos: carcaça
descarnada (RCD %), vísceras sem
gônadas (RVIS %), gônadas (RGON %),
pele (RPELE %) e cabeça (RCAB %).
A Tabela 1 apresenta os pesos e
comprimentos médios dos peixes nas
diferentes classes de peso estudadas, com
os respectivos pesos dos cortes realiza-
dos durante o processamento. Cabe res-
saltar o crescimento mais acelerado das
fêmeas do jundiá, diferente do que é
observado com o seu parente mais co-
nhecido, o bagre americano Ictalurus
punctatus, onde os machos são até 40%
mais pesados que as fêmeas ao atingir o
peso comercial em viveiros contendo
ambos os sexos.
Os machos do jundiá apresentam
rápida maturação sexual, produzindo sêmen antes mesmo dos seis
meses de idade e com menos de 100 g de peso vivo, o que exige
desvio de energia metabólica para o processo reprodutivo em detri-
mento do crescimento somático. Ainda relacionado ao desenvolvi-
mento gonadal do jundiá, é interessante notar através dos resultados
da Tabela 1, o aumento do peso das gônadas das fêmeas das classes
de peso entre 401 e 600 g, atingindo um pico entre 501 e 600g.
19Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
8
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12
7
M = macho; F = fêmea. Letras diferentes na mesma
coluna indicam diferenças significativas (P<0,05).
Tabela 2. Rendimento médio (%) dos diferentes cortes obtidos durante o
processamento do jundiá (RPIE: rendimento do peixe inteiro eviscerado;
RPISC: rendimento do peixe inteiro eviscerado sem cabeça, nadadeiras e
pele; RMA: rendimento do músculo abdominal; RFILE: rendimento de filé;
RPCOM: rendimento das partes comestíveis).
Foto 7: PIE (peixe inteiro eviscerado)
Fotos 8 e 9: retirada da pele
Foto 10: retirada das nadadeiras
Foto 11: retirada da cabeça
Foto 12: PISC (peixe inteiro eviscerado
sem pele, cabeça e nadadeiras)
Tabela 3. Porcentagem média (%) dos diferentes resíduos resultantes do processamento do
jundiá (RCD: carcaça descarnada; RVIS: vísceras; RGON: gônadas; RVIST: vísceras total
[RVIS + RGON]; RPELE: pele; RCAB: cabeça)
M = macho; F = fêmea. Letras diferentes na mesma coluna indicam
diferenças significativas (P<0,05).
A Tabela 2 apresenta os valores
percentuais do rendimento obtido durante o
processamento do jundiá. O rendimento do
peixe inteiro eviscerado (RPIE) variou de 80,34
a 88,73%, sendo que as fêmeas com peso
médio de 643,8g apresentaram valores signifi-
cativamente inferiores (P<0,05) aos apresenta-
dos pelos exemplares machos das duas primei-
ras classes de peso analisadas (menores que
400g). A alta porcentagem representada pelas
gônadas das fêmeas da classe de peso 501
– 600g (11,11% - Tabela 3) contribuiu
para a diminuição do valor do RPIE para
esta classe de peso.
Apesar dos valores percentuais re-
presentados pelas gônadas dos peixes ma-
chos e fêmeas das classes de peso 301–400g
e 401–500g não apresentarem diferenças
significativas (P >0,05) en-
tre os sexos, foi possível
notar produção maior de
resíduos após a evisceração
das fêmeas dessas classes
de peso. A dificuldade de
observação de diferenças
estat ís t icas para este
parâmetro foi provavelmen-
te devido a grande variação
nos pesos dos ovários reti-
rados dos peixes, principal-
mente nas classes de peso
401-500g e 501-600g, em
função dos diferentes está-
gios de maturação apresen-
tados pelos peixes estuda-
dos. A maior quantidade de
resíduo visceral total
(RVIST) foi produzida pelas fêmeas com
peso médio de 572 g, principalmente
quando comparadas aos machos das duas
classes de peso iniciais (P<0,05), tendo
como importante aspecto a participação
das gônadas. Esta observação sugere aten-
ção durante a comercialização do jundiá
dentro destas classes de peso (principal-
mente esta última), devido a maior quan-
20 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
21Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
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13
Fotos 13 e 14: retirada do músculo
abdominal
Fotos 15, 16 e 17: retirada do filé
Foto 18: detalhe das partes sepa-
radas após processamento
tidade de resíduo representado pelos
ovários retirados juntamente com as
vísceras.
Para o produtor o que interessa
é o peso do peixe a ser entregue à indús-
tria, que por sua vez considera como mais
importante a proporção das partes co-
mestíveis que formam o produto final.
O rendimento de filé (RFILE)
foi maior para os peixes com maior
peso médio (728,0g), sendo significa-
tivamente superior aos peixes da clas-
se 201–300g (P<0,05) e atingindo va-
lor médio de 34,75%. O filé é conside-
rado o tipo de corte mais comumente
comercializado tendo, portanto, vanta-
gem quanto à aceitação por parte do
consumidor. A eficiência na retirada
dos f i lés depende da destreza do
manipulador que deve ser treinado para
realizar a tarefa com rapidez e com um
mínimo de perdas. Portanto, também
não podem ser excluídos os fatores li-
gados ao processo de filetagem quan-
do analisada a ausência de diferenças
estatísticas entre os sexos ou entre as
classes de peso estudadas.
O músculo abdominal é outro
produto muito apreciado e gerado a par-
tir do processamento de muitas espéci-
es de peixe. O bagre africano Clarias
gariepinus e o bagre americano apresen-
tam rendimento de músculo abdominal
(RMA) de 8,12% e 6,71%, respectiva-
mente, para exemplares com peso mé-
dio entre 600 e 700 g. O jundiá apre-
senta valores ainda mais elevados quan-
do comparado a estas espécies, entre
9,34% e 11,22%. Por outro lado, este
produto apresenta valor comercial infe-
rior ao do filé, e sua proporção no ren-
dimento da carcaça do peixe poderá in-
fluenciar inversamente no RFILE.
O resíduo oriundo de plantas
processadoras pode representar novas
oportunidades de negócios quando o
seu armazenamento e es t rutura
logística de transporte e comercializa-
ção são possíveis e viáveis. A diferen-
ça estatística observada para o RCAB
(Tabela 3) provavelmente também te-
nha sido causada pela proporção de
gônadas, conforme discutido anterior-
mente. Os demais parâmetros avaliados
nas Tabelas 2 e 3 não apresentaram di-
ferenças significativas entre as classes
de peso estudadas. As proporções de
vísceras produzidas pelo jundiá nas di-
ferentes classes de peso não apresenta-
ram diferenças estatísticas e os valores
médios encontrados (7,81 – 9,77%) es-
tão dentro das faixas observadas para
o bagre americano, para o bagre euro-
peu e para o bagre africano.
As gônadas das fêmeas dos
jundiás podem representar mais de 10%
do peso total e estas perdas devem ser
consideradas e podem ser explicadas
em função do período em que o estudo
foi realizado (início do verão). Como o
período reprodutivo do jundiá é muito
extenso, de setembro a março, e a ma-
turidade sexual das fêmeas é atingida
antes do primeiro ano de cultivo, tor-
na-se importante o desenvolvimento de
técnicas de es ter i l ização (p .ex .
triploidia), uso de hormônios feminili-
zantes ou melhoramento genético vi-
sando indivíduos que atinjam a maturi-
dade sexual mais tardiamente, reduzin-
do as perdas representadas pelas
gônadas e contribuindopara o cresci-
mento mais acelerado dos peixes.
Os estudos descritivos sobre a
composição da carcaça dos peixes cul-
tivados, principalmente tratando-se de
espécies novas entre as tradicionalmen-
te criadas em cativeiro, têm grande im-
portância sob o ponto de vista
econômico e de produção. Através des-
sas informações tornam-se possíveis es-
timativas para obtenção de indicadores
que permitam a avaliação da eficiência
do processo produtivo tanto para o pis-
cicultor quanto para a indústria de
processamento.
Contribuiu com correções e valiosas su-
gestões a Profa. Marília Oetterer do De-
partamento de Agroindústria, Alimentos e
Nutrição da ESALQ/USP.
As referências bibliográficas utilizadas
estão disponíveis com os autores.
22 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
23Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
Por: Alberto Oliveira Lima
Biólogo – Bacharel em Organismos Aquáticos
aolima@bahiapesca.ba.gov.br
O POTENCIAL DE MERCADO PARA ALGUMAS ESPÉCIES DE PEIXES
ORNAMENTAIS: FORMAS ALTERNATIVAS DE DIVERSIFICAÇÃO DA
PRODUÇÃO NA AQÜICULTURA BRASILEIRA
piscicultura ornamental exige uma atenção
especial e uma boa dose de intuição de quem
a pratica, o que torna os piscicultores orna-
mentais um grupo à parte entre os demais aqüiculto-
res. Os cuidados especiais, no entanto, se justificam,
já que o produto da piscicultura ornamental possui um
alto valor unitário.
Grande parte das espécies aquáticas ornamen-
tais, entretanto, sejam elas marinhas ou de água
doce, não estão sendo ainda cultivadas. A abundân-
cia com que muitas dessas espécies são encontradas
no ambiente natural, tem servido de justificativa para
que não se desenvolva novas tecnologias de cultivo,
como ocorre com algumas espécies ameaçadas pelo
extrativismo predatório. Por outro lado, o mercado
tem cobrado dos produtores exemplares já melhora-
dos geneticamente ou que ostentem características
especiais, impossíveis de serem ignoradas pelos
consumidores. Embora exista uma considerável di-
versidade de espécies com potencialidades à orna-
mentação, o mercado tem sinalizado a ausência da-
quelas mais conhecidas.
Vale lembrar aos piscicultores que as instala-
ções para o cultivo de peixes ornamentais não se
diferem muito daquelas necessárias ao cultivo de
peixes para abate. A inserção de peixes ornamentais
nessas pisciculturas pode ser feita através do uso de
viveiros de quarentena, berçários e de decantação
que, por se encontrarem ociosos em grande parte do
tempo, poderiam ser perfeitamente aproveitados,
visando garantir a diversificação da produção com
espécies que, de alguma forma, satisfaria aquaristas
e lojistas.
A metodologia do cultivo de peixes ornamentais
não é o objetivo deste artigo. Serão focadas apenas as
características zootécnicas de algumas espécies cul-
tiváveis e com o potencial que o mercado exige, com
destaque para algumas que, embora aparentemente
comuns, os lojistas têm solicitado com freqüência dos
seus fornecedores.
A
24 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
25Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
São os peixes ornamentais mais conhecidos do mundo e
presença obrigatória em qualquer estabelecimento comercial. Sua
criação em viveiros escavados não demanda muito trabalho, pois são
sociáveis com tilápias, camarões de água doce e com outros peixes
ornamentais, tais como: molinésias, coridoras, cascudos, paulistinhas,
colisa, tricogáster leri, caramujo curbícula, entre outros.
Embora sejam peixes aparentemente comuns, os platis são
peixes extremamente rústicos, não necessitando de manejo especi-
al. São peixes muito bonitos, pouco exigentes e de fácil criação.
Existe hoje uma gama de variedades que podem ser expla-
nadas pelos produtores, tais com: plati-limão, tuxeto, o preto, o
manchado, o pôr-do-sol e o vermelho-coração.
Sua reprodução em viveiros é espantosa, pois são peixes
ovovivíparos, ou seja, os ovos se desenvolvem no ventre da fêmea,
permitindo que alevinos já nasçam bem espertos. Quando o viveiro
está bem preparado (calado e adubado corretamente), além de
possuir áreas de refúgios com macrófitas, raramente os pais se
alimentam dos filhotes. As fêmeas dão à luz cerca de 40 a 100
filhotes, a cada quatro ou seis semanas, mas deve-se imaginar que
há uma perda natural no viveiro com alguns predadores.
O consumo de platis já representou o terceiro lugar nas
Nomes comerciais: Kinguio, Japonês e Goldfish
Espécie: Carassius auratus (Linnaeus,1758)
Origem: China
Nomes comerciais: Plati
Espécie: Xiphophorusaculatus (Günther,1866)
Origem: América Central
A preparação dos viveiros para criação de kinguios não
foge muita a regra da piscicultura tradicional. Os tanques devem
ser previamente calados e adubados. Outro cuidado fundamental é
a proteção dos tanques com telas, evitando predadores. É necessá-
rio também que 20% da lâmina d’água dos viveiros seja coberta
com macrófitas aquáticas (aguapés e alfaces-d’águas).
Quando estão maduros sexualmente, cerca de um ano, estes
procuram abrigo espontaneamente nas raízes das macrófitas onde
depositam seus ovos. Com o nascimento dos alevinos os pais
podem ser retirados do viveiro para um outro local.
São peixes que podem ter a desova induzida através da
utilização de hormônios, buscando maximizar a produção de
alevinos, mas não é recomendada de imediato, visto que o produtor
deverá ganhar experiências no manejo diário da espécie.
Os kinguios são peixes onívoros, ou seja, comem de tudo.
Sua alimentação pode ser administrada através de rações de boa
qualidade contendo 40% de PB, no mínimo, inicialmente farelada,
e na fase de engorda ração extrusada (2,0 mm). Alimente-os de
forma que os peixes comam toda a ração em menos de 5 minutos.
No que se refere aos parâmetros da qualidade da água, os
kinguios vivem bem em pH entre 6,8 a 7,5, com temperatura
variando de 28 a 30 o C.
importações de peixes nos Estados Unidos. Sua preferência por
parte de aquaristas iniciantes e de crianças é indiscutível. Logo, os
lojistas têm uma demanda semanal destes peixes. Portanto, o
produtor que souber aproveitar bem os viveiros, trabalhando com
duas ou três variedades, certamente entrarão no mercado, seja ele
local ou para exportação.
No caso do Brasil, pela facilidade de produção deste peixe,
os lojistas têm cobrado um fornecimento constante e local, o que
justifica a recusa, por parte de muitos deles, em importá-los de
outros estados, minimizando, assim, despesas com fretes aéreos.
26 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
27Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
As colisas são peixes da família belontiidae, medindo de 8,0 a
10 cm de comprimento. Possuem nadadeiras pélvicas modificadas,
em forma de filamentos e apresentam células sensitivas nas pontas que
são usadas para localizar alimentos. Sua média de vida é de 4 anos.
Teve uma boa aceitação no Brasil e sua procura por parte
Assim como as colisas, os tricogasters são peixes da família
belontiidae. Caracterizam-se por apresentar um sistema branquial
em forma de labirinto, que é um órgão respiratório formado por um
sistema de finas lamelas de tecido muito vascularizado dentro da
cavidade branquial, possibilitando a extração de oxigênio do ar.
Quando os níveis de O2 na água do viveiro estão baixos, os peixes
têm a capacidade de abocanhar o ar atmosférico facilmente.
São peixes muito apreciados pelos aquaristas. Bons exempla-
res medindo de 10 a 15 cm de comprimento, garantem um fluxo de
vendas constante. Peixes com estas dimensões já apresentam cores
bem acentuadas, além de um corpo oval e alongado, com a nadadeira
anal ampla. Uma faixa escura vai do focinho ao pedúnculo caudal.
Quando os peixes estão preparados para a reprodução, os
machos apresentam nadadeiras mais longas e coloridas e as fêmeas
apresentam os ventres mais volumosos. O manejo reprodutivo
O acará bandeira pertenceà grande família dos ciclídeos,
cuja principal característica é possuir a linha lateral interrompida.
São peixes que apresentam um acentuado cuidado parental com
ovos e os alevinos.
Os acarás são nativos dos afluentes do rio Amazonas e
Nomes comerciais: Colisas e Dwarf Gourami
Espécie: Colisa lalia (Hamilton,1822)
Origem: Sul da Ásia
dos lojistas tem sido alta, visto que novas variedades têm surgido
no mercado, como a : colisa power blue, neon, rainbow, red,
salmon, além da wilde e híbrida. Embora, muitas não estejam
sendo produzidas sistematicamente por piscicultores ornamentais
brasileiros, os consumidores finais, lojistas e aquaristas, têm
procurado as variedades comerciais já definidas.
Recomenda-se a colocação nos viveiros de lotes bem
homogêneos, primando o padrão de coloração. Quando os casais
estão prontos para a desova, o macho constrói um ninho de bolhas
na superfície da água. Em seguida, o macho abraça a fêmea de
forma que esta lança aproximadamente 60 ovos, por vez. Após o
término da desova, o macho passa a vigiar cuidadosamente, caso
outras fêmeas estejam receptivas a ele, podendo incubar ovos de
duas ou mais fêmeas. As sessões de desova duram, em média, três
horas, e produz, em média, 500 ovos. Alguns produtores retiram os
pais do tanque quando todos os casais já desovaram.
O viveiro pode ser preparado através da calagem e aduba-
ção prévia, de maneira que a água esteja verde e produtiva. A
qualidade da água ideal, quanto ao pH, é de 6.0 ou 8.0 e a
temperatura variando de 25 a 28 °C.
consiste na preparação dos viveiros (calagem e adubação), com
uma densidade de estocagem variando de 10 a 20 peixes/m3. Os
machos são colocados primeiramente, pela manhã, a fim de que
estabeleçam território nos viveiros. Após a construção de ninhos
pelos machos, ainda no mesmo dia, as fêmeas são colocadas (final
da tarde), para que ocorra o acasalamento. Os ovos são chocados
em aproximadamente 24 horas e as larvas começam a nadar em 4
dias. Os parâmetros de qualidade da água seguem os mesmos
usados para as colisas.
atualmente existem três espécies descritas: Pterophyllum altum, P.
leopoldi e P. scalare. Suas variedades comerciais são: negro,
marmorizado, zebra, gold, stripeless, fumaça, halfblack,
marmorizado dourado, perola, listrado, véu e albino. Hoje, graças
à aqüicultura ornamental, o número de capturas no ambiente natural
vem diminuindo sensivelmente.
O manejo reprodutivo dos acarás consiste em preparar o viveiro
e adquirir exemplares jovens, de preferência um pequeno cardume,
com 10 indivíduos, no mínimo. Estes ao atingirem a idade adulta se
segregam em pares e desovam facilmente em qualquer substrato liso,
como folhas, canos, telhas ou a parede do próprio tanque.
É possível adquirir exemplares adultos e juntar todos em um
único viveiro. Em pouco tempo haverá uma disputa por territórios
e, conseqüentemente, a segregação. Muitos criadores deixam que os
casais cuidem dos alevinos até que possam ser comercializados.
Outros preferem incubar os ovos fora, em um recipiente com água
de correnteza moderada e filtrada.
Estes ciclídeos, quando saudáveis, não são tão exigentes quanto
aos parâmetros físico-químicos da água. Porém o pH ideal situa-se entre
6.4 a 6.8 e a temperatura entre 20 e 280 C. Os acarás aceitam bem ração
comercial em pó, com percentual de proteína acima de 40% PB.
Nomes comerciais: Acará bandeira e Angelfish
Espécie: Pterophyllum scalare, (Lichtenstein 1823).
Origem: Bacia Amazônica
Nomes comerciais: Tricogaster e Pearl Gourami
Espécie:Trichogaster leerii (Bleeker,1852)
Origem: Tailândia, Malásia e Sumatra
28 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
29Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2003
O apaiari ficou conhecido do público brasileiro por volta da
década de cinqüenta, quando foi introduzido na piscicultura. Isso
porque apresentava fácil adaptação ao cultivo. O fato de possuir um
hábito alimentar onívoro, ou seja, a capacidade de comer pratica-
mente tudo, poderia ser útil no combate de caramujos aquáticos,
transmissores de endemias.
Na natureza, esse peixe pode atingir cerca 30 cm de compri-
O guppy é um peixe extraordinário, do ponto de vista
comercial. São praticamente 12 tipos diferentes de caudas e 40
padrões de cores reconhecidos. Assim como platis, os guppies são
peixes ovovivíparos. O dimorfismo sexual do macho se dá pela
modificação da nadadeira anal que se transforma em um gonopódio,
esse passa a ser um órgão copulador. O período de gestação dos
filhotes varia de 22 a 28 dias.
Os machos selvagens nunca apresentam o mesmo padrão de cor,
já as fêmeas não diferem muito entre si, embora sejam maiores. Os
guppies vivem cerca de 2 a 3 anos, atingem o seu tamanho comercial
com 6 meses e alcançando seu período mais fértil com um ano de vida.
Os pequenos produtores que pretendem dedicar-se à criação
de guppies devem, de início, concentrar-se em duas ou três raças, sob
o risco de não perder o padrão genético da variedade escolhida. A
criação de guppies é de fácil manejo. Sua adaptabilidade em tanques
de cimento é um fator a favor para quem se interessa em criar esta
espécie. No acondicionamento dos lotes, é preferível separá-los na
razão de 1 macho para 3 fêmeas, sendo estas virgens. Atualmente
há uma especialização quanto ao padrão da espécie no mercado e,
conseqüentemente, uma variedade maior. Isto dificulta, em primeira
análise, julgar a saúde, origem e idoneidade dos lotes a serem
comercializados. Portanto, um cuidado especial deve ser tomado na
aquisição inicial das matrizes.
Sua alimentação não foge a regra das demais escritas acima.
Deve-se priorizar uma ração com alto teor de proteína e de boa
qualidade. Os parâmetros físico-químicos referentes à qualidade da
água variam no pH de 6.8 a 7.0 e a temperatura de 25 a 28 °C.
Considerações:
O mercado para a criação de guppies no Brasil possui
demanda reprimida. Devido à falta de uma profissionalização e
qualidade dos plantéis, pois é fácil perder o foco com tanta diversi-
dade de raças, o produtor acaba prejudicando os lojistas que estão
sempre em busca de uma constância no fornecimento.
Este é um dos peixes mais vendido no mundo, seguido pelo
kinguios (japonês). O número de exemplares comercializados é
simplesmente fabuloso. Apenas uma grande distribuidora brasileira
que abastece mais de 50 lojas, em todo o País, tem uma demanda
mensal por guppies de praticamente 20 mil exemplares.
Em uma grande distribuidora da Flórida, que fornece peixes
para um número menor de lojas, as vendas semanais de guppies são
ainda maiores: atinge a casa dos 50 mil exemplares. Nas lojas, que
atendem ao proprietário final, a enorme procura pela espécie explica
o porquê de uma distribuição tão massiva.
Um em cada três Pet Shops dos EUA são vendidos - por semana
– aproximadamente 500 exemplares. A demanda por guppies represen-
ta o 1° lugar nas importações dos Estados Unidos, oriundos do Sudeste
Asiático, cerca de 25.8%, seguidos do neon (Paracheirodon innesi),
com 11.3%. Sendo este último um peixe extrativo.
mento, chegando a pesar até 2,5 Kg, daí, ser conhecido também
como acará-açu. O apaiari pertence à família dos ciclídeos. Apre-
senta um corpo discóide e musculatura robusta com nadadeiras
carnosas e densamente escamadas, apresentando uma coloração
geral do corpo bastante variável.
O padrão de colorido despertou nos criadores de peixes
ornamentais uma necessidade de aplicar critérios de melhoramento
genético, passando a ser chamado, comercialmente, de oscar. Um
único exemplar adulto, pode variar de US$ 50 a 300 no mercado
internacional.
Sua criação em viveiros de piscicultura ornamental consiste
na aquisição de exemplares melhorados e/ou selvagens, novos de
preferência. Estes são criados juntos cerca de um ano. Na época do
acasalamento, inicia-se o namoro, com o macho cortejando a fêmea.
O casal segrega-se, então, e procura um local apropriado

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