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Preconceito Racial e Minorias Sociais

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UNIVERSIDADE PAULISTA DE CAMPINAS - UNIP
PRECONCEITO RACIAL
CAMPINAS – SWIFT
2015
PRECONCEITO RACIAL
Relatório apresentado à disciplina Psicologia Social do curso de Psicologia sob orientaçãodoProfº Márcio.
CAMPINAS – SWIFT
2015
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO... ........................................................4
MINORIAS SOCIAIS: PRECONCEITO RACIAL.........6
CONCLUSÃO...............................................................15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................17
INTRODUÇÃO
Para entendimento na psicologia os termos de minoria e maioria são distintos em relação à demografia. Em demografia estes termos se referem à porcentagem de membros de uma população. Um grupo é considerado Maioria psicológica quando é estruturado, tem estatuto e direitos que lhe permitam se autodeterminar no plano do seu destino coletivo, independente do número ou da porcentagem de seus membros. E quando o destino coletivo de um grupo depende da boa vontade de outro grupo ele é considerado Minoria psicológica. Kurt Lewin utiliza ainda os termos: minoria discriminada e minoria privilegiada. Toda minoria psicológica é sempre considerada como minoria discriminada. Toda maioria psicológica tende a tornar-se um grupo privilegiado, pois, com o tempo estratificam-se onde uma minoria de membros pode constituir-se em oligarquia e atribuir-se privilégios exclusivos. A minoria privilegiada é uma minoria demográfica no seio de uma maioria psicológica que ela controla e manipula a seu favor.
Minoria e Minoritários: Para Lewin a origem das minorias se justifica na própria existência de toda minoria que, só é possível graças à tolerância da maioria no meio da qual ela se insere. A maioria sempre tem interesse em privar as minorias de todo direito e privilégios. Em situação (contexto) conflitivo é que a maioria impõe represálias contra as minorias. O perigo coletivo das maiorias é o mecanismo de deslocamento de agressividade. A natureza psicológica das minorias sistematiza o essencial do pensamento de Lewin sobre a existência das minorias em: Constituintes, constituídos e constitutivos das minorias.
Constituintes (membros) – pessoas que constituem as minorias, indivíduos. Conforme se faça referencia às estruturas, à dinâmica dos grupos minoritários, os constituintes se classificam em: centrais, aqueles que possuem uma identificação sólida com o destino do grupo e são leais aos seus objetivos; periféricos, aqueles que se mantem nas camadas periféricas, com identificação ambivalente, fluida, sem coesão entre os membros; coesos, cuja força centrípeta os fazem manter uma atitude de lealdade para com o grupo e, dissolventes, de força centrifuga que provoca um desamor pelo seu grupo e o desejo de assimilação à maioria.
Constitutivos: minoria como constituída. Fator de unificação do grupo. Totalidade. Para Lewin o fator constitutivo das minorias é a interdependência da sorte de seus membros.
Constituídos (grupos): minoria enquanto ou como constituída. Lewin distingue dois tipos de minorias relativamente aos graus menores ou maiores de interação de seus membros.
 Em nosso trabalho vamos focar no tema de preconceito racial, que faz parte das minorias psicológicas.
MINORIAS SOCIAIS: PRECONCEITO RACIAL
	Na literatura sociológica a palavra minoria tem sido utilizada frequentemente em dois sentidos. Significa primeiro, mais amplamente, um grupo de pessoas que de algum modo e em algum setor das relações sociais se encontra numa situação de dependência ou desvantagem em relação a um outro grupo, "maioritário", ambos integrando uma sociedade mais ampla. As minorias recebem quase sempre um tratamento discriminatório por parte da maioria. Nesse sentido, por exemplo, uma pequena comunidade religiosa de credo divergente da fé professada pela maioria da população é uma minoria e pode sofrer problemas vários no campo das relações religiosas; ou a oposição num país "pouco democrático", ocupando lugar subordinado na estrutura política, tendo pouca chance de ação. Segundo, exprime as denominadas "minorias nacionais", grupos raciais ou étnicos que, em situação de minoria, integram juntamente com uma maioria um determinado Estado.
Num mundo globalizado, um dos grandes problemas da sociedade mundial é, sem dúvida, o racismo. Ao longo dos tempos, as minorias sociais têm sido discriminadas, pois ser diferente, numa sociedade estereotipada, é considerado um crime social. Mas, afinal, o que é o racismo? Cientificamente, é considerado um sistema que afirma a superioridade de um grupo racial sobre os outros. O racismo não é mais do que a segregação social de um determinado grupo racial, derivado de diferenças étnicas, de aparência ou de pensamento. É um modo de pensamento que se caracteriza pela grande importância dada à diferenciação racial do ser humano, onde se distinguem classes superiores e classes inferiores. O racismo não pode, de forma alguma, ser considerado uma teoria universal ou até científica, visto que este traduz-se pelo preconceito da população baseado na convicção de que existe uma raça superior, pelas suas características físicas, psicológicas ou movimentos culturais a que presta homenagem. O racista valoriza os traços biológicos dos determinados grupos sociais. 
O racismo é, então, uma atitude subjetiva, pois é uma atitude relativa ao sujeito ou que nele habita. Mas será que foi sempre assim? Mas o que leva o ser humano a ser racista? Indiscutivelmente, o racismo não pode ser considerado uma caraterística inata, mas sim originado pela sociedade em que o sujeito se insere ou através da educação transmitida pelos progenitores. Nos critérios pré-definidos pela sociedade, o grupo social cuja extensão for maior e economicamente mais abastado vê-se obrigado a distanciar-se das minorias sociais, na medida em que estas possuem uma cultura e tradição divergentes. A grande parte da população limita-se a aceitar estes critérios pré-concebidos, revelando uma falta de carácter e dignidade avassaladoras. Esta atitude traduz uma falta de solidariedade social, assim como, de reciprocidade. Num mundo onde as diferenças sociais são cada vez mais evidentes, é obrigatório que a população comece a questionar-se o porquê do racismo, e não se mantenha estática e imóvel na sua atitude perante a degradação social das minorias. Estes valores degradantes são aceitos sem uma análise axiológica da sua origem e do seu fundamento, propagando-se socialmente e dados como universais e que abrangem todos os indivíduos.
Ao longo dos tempos, as consequências dessa discriminação social têm vindo a tornar-se mais racionais. Os estados têm originado leis que tendem a diminuir a segregação social, no entanto, historicamente, as minorias sempre foram consideradas classes inferiores e, devido a esta condição, estas foram bastante punidas e injustiçadas. Mas será correto punir uma pessoa apenas porquê esta é fisicamente diferente? Será justo ser discriminado? Cada individuo tem a liberdade de escolher como se quer manifestar dentro da sociedade e ninguém têm o direito de julgá-lo, pois a sociedade permite que todos os cidadãos sejam livres. As diferenças biológicas são um fator que diferenciam os seres humanos entre si. Estas devem ser vistas como uma fonte de diversidade e riqueza social, resultando numa aprendizagem mútua entre culturas. Todo o ser humano tem algo para oferecer e partilhar com o próximo, desvalorizando o fato de este ser de raça africana, asiática ou europeia. Ninguém possui o poder judicial para julgar o outro apenas por este ser diferente. A justiça social tem de ser promovida e a diferenciação entre classes abolida.
Mas quais são os valores que um indivíduo racista assume? Influenciado pela sociedade ou derivado da sua educação, o ser racista apresenta valores depreciativos para com as minorias, revelando muitas vezes repugnância e distanciação. A predominância destesvalores mostra uma frieza e uma indiferença por parte do individuo, que não relevam em nada um sentimento de entreajuda e união. Assim, é impossível formar uma sociedade coesa e unificada, onde predomine o lema todos diferentes, mas todos iguais. Será um ser racista, um ser moral? Os valores de um racista são muito pouco éticos e morais, relevando-se pouco corretos e decentes. Um racista é imoral. A sua falta de moralidade é bastante evidenciada nas suas atitudes para com as minorias sociais. Não apresenta qualquer tipo de valor moral, mas sim, pura ignorância. Racismo e moralidade não se relacionam de forma alguma. A vida humana deve ter por base a busca da igualdade entre os seres, abolindo qualquer tipo de racismo. Um racista é desprezível e egocêntrico, devia focar a enriquecer-se culturalmente e não em destruir ou desprezar a variedade cultural que podemos encontrar nos diferentes grupos sociais. Não existe nada mais emotivo e aprazível do que encontrar nos outros algo de novo e de único. Todos têm algo para oferecer, para ensinar e para preservar.
O mundo racista e degradante não deve ser preservado. A segregação social deve ser abolida o mais rapidamente possível, para que se atinja uma paz comum. No racismo não é encontrado nenhum valor digno e respeitável, portanto o racismo é imoral e desprezível. O ser humano foi criado da mesma maneira, diferindo apenas nas suas características biológicas. Interiormente, a sua constituição natural é a mesma, logo a igualdade entre os seres deve ser promovida.
A minoria negra, que talvez seja a de maior relevância, tanto nos estudos realizados nos Estados Unidos (e principalmente lá!) quanto nos aqui efetuados. Lá, porque se tem intensificado nos últimos decênios o caráter conflituoso nas relações entre brancos e negros, tanto mais, quanto mais crescentes há sido a conscientização dos grupos em desvantagem, transformando contraditoriamente aquele país, o qual pretende ser o baluarte da democracia e a corporificação dos clássicos valores da Revolução Francesa (liberdade, igualdade, fraternidade) no modelo mais negativo, mais odioso, mais desumano de racismo e de preconceitos raciais e étnicos de toda espécie (juntamente com a África do Sul e a Rodésia). E isso a tal ponto que, justapostos os dois contextos, o americano e o brasileiro, desponta gigantesco o contraste entre um e outro nesse setor, a justificar de certo modo a convicção de muitos observadores mais apressados de que no Brasil não existe preconceito racial. Com efeito, ante a brutalidade do quadro norte americano, os preconceitos raciais observáveis no Brasil esmaecem e como que se anulam. Por isso mesmo os estudos aqui efetivados não têm sido fruto de uma necessidade prática premente e imediata, decorrente de conflitos inter-raciais, como nos Estados Unidos, porém, mais uma decorrência do afã sempre crescente dos cientistas sociais brasileiros em cada vez melhor conhecer os mecanismos da sociedade brasileira, em todos os seus meandros e segredos. De um exame rápido da literatura brasileira sobre o negro despontam três gêneros principais de estudo: o diacrônico, abrangendo os de cunho histórico com interpretação, ou não, sociológica, psicológica ou antropológica; o sincrônico, abrangendo trabalhos executados com fundamento em pesquisas de campo; e os que envolvem as duas tendências acima, integrando-as complementarmente para a investigação. No primeiro caso temos o exemplo, entre outros, da obra de Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala), onde o autor tenta verdadeira radiografia das relações entre o negro escravo e o senhor da era colonial, no processo de formação, evolução e maturação da família patriarcal nordestina. No nível mais elevado da teoria antropológica, seu intento fundamental é enfatizar a diferenciação básica entre "raça" e "cultura", cuja confusão ideológica tanto fez mal ao Brasil, comprometendo grande número de escritores importantes como Couto de Magalhães, Nina Rodrigues, Oliveira Viana e outros. Toda a sua argumentação e todo o material aduzido envolve em função desse postulado básico. Mas, não obstante Gilberto Freyre concebeu um modelo das relações sociais da época todo construído sobre antagonismos e conflitos.O relacionamento do negro escravo e do senhor branco é mostrado mais no nível das relações interpessoais do que entre grupos maioritários e minoritários. No segundo caso temos como exemplos estudos realizados a partir de 1951, na Bahia, sob o patrocínio da UNESCO, em cooperação com a "Columbia University", os quais visavam esclarecer as idealizações que se fazem das pessoas pretas, tanto no meio rural quanto no urbano. Escolheram para a pesquisa comunidades de três áreas distintas do território baiano, pretensamente típicas: Vila Recôncavo, Minas Velhas e Monte Serra. Examinamos o estudo sobre essas comunidades, escrito por Ben Zimmermann. A abordagem adotada foi a de "Estudo de Comunidade", com as técnicas de observação participante durante cerca de um ano no local, entrevistas formais e informais, coleta de dados de folclore regional (provérbios, anedotas, canções, ditos, trovas etc.), emprego de questionários, formulários e etc. Com essa pesquisa pretendiam captar as relações raciais que, somadas aos resultados das outras regiões, forneceriam a imagem da situação racial na Bahia e em parte do Brasil.
 Com os trabalhos de Roger Bastide e Florestan Fernandes, em negros e brancos em São Paulo, é que foi revelada a realidade do preconceito racial de par em par com o preconceito de classe e, portanto, o preconceito racial constitutivo da sociabilidade na sociedade brasileira.
Um fato estranho reside em que vários estudos financiados pela Unesco, que foram publicados em inglês e francês. Mas por alguma razão, ainda não esclarecida, esse livro de Roger Bastide e Florestan Fernandes não foi publicado nessas duas línguas. E esse livro por ser fruto de uma pesquisa empírica, historiográfica em vários níveis (tanto pesquisas de campo como de reconstrução histórica), incomodou grandemente setores intelectuais e elites no Brasil. Mas também fecundou de maneira surpreendente diversos estudos sobre a questão racial no Brasil, que foram influenciados por essa visão mais rigorosamente científica e fundamentada em entrevistas, depoimentos, relatos e documentos.É preciso reconhecer que um mergulho na história social do Brasil mostra que durante a escravatura formou-se uma poderosa cultura racista.Levando em conta a formação acadêmica de Roger Bastide, de Florestan Fernandes e de Oracy Nogueira e também o patamar representado pela sociedade no Centro-Sul, especialmente em São Paulo, podemos identificar o porquê da teoria desses grandes pesquisadores. São Paulo já era uma sociedade mais urbanizada, mais de classes e não de castas, como no escravismo. Mesmo ainda existindo castas em São Paulo (e ainda hoje temos resquícios), a sociedade de classes estava em franco desenvolvimento, havendo, portanto, uma sociabilidade diferente daquela existente no Nordeste. Acredito que isso levou Caio Prado, Florestan Fernandes, Roger Bastide e Oracy Nogueira a perceberem que esse cenário era um laboratório excepcional para a análise de problemas sociais. Aqui a questão racial aparecia de uma maneira mais explícita.Temos elementos biográficos que também ajudam, mas que talvez não devam ser postos em evidência. Segundo Alfredo Bosi, a vivência de Florestan Fernandes como criança, adolescente e adulto, na cidade de São Paulo, deu a ele uma percepção aguda do que era a cidade. Isso aparece em seu livro “A integração do negro na sociedade de classes”. É patente que ele vê a questão racial inclusive a partir de sua vivência em São Paulo. Em outros termos, Bastide, por se interessar em religiões, mergulhou na vivência das relações negros e brancos de maneira muito forte. Não é ironia e nem é injusto dizer que alguns autores brasileiros vêm a questão racial da janela, desde longe ou desde o alpendre da casa grande.Enfatiza-se esse argumento de que no patamar em que eles estavam a sociedade do Centro-Sulhavia uma urbanização intensa e recente, classes sociais evidentemente em formação e a industrialização, onde foi possível descortinar que o preconceito racial não se reduzia ao preconceito de classe. Mesmo porque os estudos posteriores, que eles fizeram, demonstraram que, na fábrica, dois operários na mesma seção se discriminavam segundo sua etnia.Será que a presença do imigrante também foi um elemento de peso nessa discriminação racial? Isso porque parece um cenário diferente daquele do Nordeste, já que São Paulo, nos anos de 1930, era uma cidade fortemente impregnada pelo imigrante europeu. Não há dúvida que essa multiplicidade étnica deve ter sido um elemento forte porque, inegavelmente, havia discriminação em relação aos imigrantes italianos, árabes etc. Nas pesquisas feitas na equipe que Florestan Fernandes montou no Paraná, Florianópolis e Porto Alegre, ficava evidente que havia uma pluralidade étnica que implicava uma escala de preconceitos. Isto é, alguns eram mais discriminados do que outros. No Paraná, por exemplo, a frequência de negros em Curitiba era relativamente pequena (entre 10 e 15% no máximo da população) e meus informantes da cidade afirmavam: ''Aqui não há negros'' e acrescentavam uma fala fatal: ''o nosso negro é o polaco''. Isto é, inconscientemente, eles assimilaram o preconceito que os alemães desenvolveram na Europa contra os poloneses. Segundo Ianni, o negro e o polonês eram colocados na escala mais baixa da discriminação; em segundo lugar vinham os italianos (com alguns outros, como os ucranianos); em terceiro, os brasileiros do povo e no topo da pirâmide os alemães. A acentuada valorização de alguns e a classificação diferenciada para outros. Logo, esse laboratório de etnias também funcionou como elemento fertilizante. A questão racial vem junto com a ideia de que a escravatura no Brasil foi diferente, a ideia de que houve revoluções brancas (também de Gilberto Freyre) e a ideia de índole pacífica do povo brasileiro. Segundo Alfredo Bosi, há vários emblemas do que seria a ideologia das elites dominantes no Brasil que tem a ver com uma certa invenção de tradições e uma pasteurização da realidade. Esse mito da democracia racial antes de ser político e social acaba servindo aos interesses das elites dominantes. A partir dos anos de 1920 ou 1930 começaram a se formar movimentos, organizações negras, como o teatro experimental de Abdias Nascimento. Daí por diante eles ficaram cada vez mais radicais, como os movimentos atuais, que lembram um pouco os dos norte-americanos, com a música de contestação e protesto que é o rap. A pergunta é se hoje, quando há um refinamento tão grande dos estudos antropológicos, o pensamento acadêmico ainda repete o mito da democracia racial. Segundo Ianni, o movimento negro hoje está bastante diversificado e podemos dizer que está orientado para diferentes situações: alguns são politizados, outros são quilombistas no sentido de regressar às origens e tradições africanas; outros, mais liberais, se movimentam no sentido de conseguir maior mobilidade na sociedade aproveitando as brechas que esta abre para uma integração mais plena. Há também movimentos que têm a ver com a cultura, a música etc. Dá para dizer que esses movimentos atualmente têm vínculos fortes com o Caribe, assim como com os norte-americanos e africanos. Em geral, são mais cosmopolitas e mais plurais em relação ao diálogo e às influências. 
As cotas raciais no Brasil acabam por desencadear uma serie de contradições sobre a sua importância. Num primeiro momento, a definição e a obrigação de cotas aparecem como conquistas sociais do movimento negro ou como diriam outros, como concessões dos donos do poder. Aqui está o problema, já que nenhum fato social tem apenas um significado. Os setores dominantes (seja o Congresso, seja o governo, sejam aqueles que decidem) aceitando o sistema de cotas, estão, de certo modo, concordando com uma determinada interpretação e o atendimento de algumas reivindicações. Então, numa primeira avaliação, o estabelecimento de cotas aparece como uma conquista positiva; mas, simultaneamente, é a reiteração de uma sociedade injusta, fundada no preconceito. Ela é tão evidentemente fundada no preconceito que é preciso estabelecer espaços bem determinados e limitados para que eles tenham a possibilidade de participação. Tem algo de esquizofrênico e imitativo do padrão norte-americano, onde o preconceito continua a existir da mesma forma, ainda que tenha havido o reconhecimento da questão racial.Sempre que há um contexto de crise social, há o risco de que as intolerâncias se acentuem. Aliás destaca-se o que está acontecendo: uma incrível racialização do mundo (embora seja algo que existe desde as grandes navegações.) Verdadeiramente, os acontecimentos nos últimos anos estão acentuando a intolerância racial em escala mundial. Agravou-se a intolerância na Europa; cresceu muito a vigilância dos indivíduos nos EUA, além de em outros países. O pretexto pode ser o terrorismo ou o narcotráfico, mas aquela intolerância forte que os europeus há algumas décadas imaginavam que acontecia só na África, na América Latina, nos EUA, também está sucedendo na Europa. Há barcos de negros e árabes que no Mediterrâneo são afundados porque servem de transporte a imigrantes que querem entrar de qualquer modo nos países europeus.A potencialidade de democratização das relações sociais existe em qualquer lugar do mundo, mas é anulada ou bloqueada devido ao jogo das forças sociais, à disputa pelo poder e pelas posições. Esse potencial de modo evidente existe em nossa cultura (mundial), seja via budismo, cristianismo, islamismo, etc. E ele foi criado pelas lutas sociais. Contudo, esse potencial tem condições limitadas porque prevalecem os princípios do mercado, da dinâmica do capital. Em estatísticas de desemprego nos EUA, crescem os contingentes negros e porto-riquenhos, seguidos pelas mulheres e de maneira mais relativa pelos jovens. Nas guerras, como a do Vietnã, mostra-se essa hierarquização já que os negros vão à guerra por estarem desempregados. O primeiro homem que morreu no Iraque não foi um norte-americano tradicional, mas um guatemalteco.Numa reflexão sobre a questão racial no Brasil somos obrigados a reconhecer que, simultaneamente, está havendo algo de diferentes gradações em muitas partes do mundo e que esses surtos de diferentes manifestações de racismo e intolerância estão imbricados com a dinâmica da sociedade.
	Como uma pessoa com ascendência negro poderá assumir sua verdadeira identidade numa sociedade racista? A não-identidade racial é o resultado da “visão da sociedade” que não tem o negro, com os seus valores, em boa conta e o discrimina. O instrumento usado para consolidar essa visão são os meios de comunicação. Ao desvalorizar a si mesmo (autoestima negativa), o negro possibilita um vazio que é preenchido pela internalização daqueles falsos conceitos (ideias) armados pelo “racismo cordial” expresso pela sociedade. A partir daí, passa a ter uma autoestima rebaixada, cujo preço é muito alto. A não-identidade do negro é atávica. Pode ser verificada, por exemplo, na violência policial contra negros e negro-mestiços, cometida igualmente por policiais brancos e não-brancos. Muitas vezes o policial negro é mais violento que o branco quando se trata de vítimas negras. Para pessoas com baixa autoestima e sem identidade faz sentido rejeitar aos de seu próprio grupo étnico. Essa adversidade e rejeição chamamos de tribalismo, um dos aspectos da não-identidade.Existe, de fato, adversidade e rejeição entre negros no Brasil. Muitas vezes negros que melhoraram de vida esnobam outros que estão em situação mais modesta. Também há o inverso: negros mais humildes que tratam mal aqueles que ascenderam na escala social, como é o caso de atendentes, manobristas, domésticos e assemelhados. Desta forma os negros de classe média-alta são discriminados pelos brancos de sua classe e pelos negros de classe inferior. O tribalismo só pode ser remediado com uma identidade étnico-racial.Quando os grilhões da não-identidade são rompidos o que se nota é uma solidariedade exemplar entre os negros.
Apesar de tudo isso é impossível o negro ser o maior adversário dos demais negros porque não tem poder para isso. Trata-se de um argumento falso para impedir a solidariedade racial. Sem poder político e econômico não há armas para se usar. O maior adversário do negro no Brasil continua sendo o tipo sofisticado de racismo que se edificou aqui.O racismo impregna todo o ambiente e foi o lastro usado não só para a escravização de negros como para o solapamento das civilizações indígenas. Com a abolição surge o dilema, baixa renda/escolaridade inferior, que desemboca na visão da sociedade. As dificuldades estruturais do negro são vistas como se fossem responsabilidade dele mesmo que passa a ser tido como incapaz simplesmente por ser negro. As dificuldades iniciais passam a prejudicar o negro no trabalho e nos estudos. A visão da sociedade influencia os meios de comunicação, a política e os próprios negros, que, apesar de não deterem o poder, fazem parte dessa sociedade. Por introjetar ideias destrutivas os negros não são levados à construção de sua identidade racial, que, por sua vez, conduz a uma situação de imobilização política, que mantem o status quo. (SANTOS, H. 2001, p. 148-177)
CONCLUSÃO
Um dos fundamentos dos direitos humanos é esta consciência em que, “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. (Art. 1º, Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948). No referido artigo deixa claro que, todos nós independentemente das múltiplas diferenças biológicas ou culturais, somos iguais em dignidade e, por tanto, somos iguais em direitos. A princípio, a questão apontada é a segregação racial. Claramente, a palavra segregação não deixa dúvida quanto ao seu significado mais geral, quando pesquisamos no dicionário: separação; divisão a fim de evitar contato; isolar no seio de uma sociedade as minorias raciais ou um grupo étnico específico. Ao trazermos essa palavra para uma discussão de cunho sociológico, é inevitável pensarmos nos desdobramentos negativos para a vida social, principalmente do ponto de vista das hostilidades e conflitos sociais gerados pela segregação em si, embasada na intolerância gerada, muitas vezes, por uma visão etnocêntrica de uma maioria em detrimento de uma minoria em um mesmo território, gerando os mais diversos preconceitos. Assim, a construção pelo senso comum de alguns estereótipos, isto é, da rotulação de determinados grupos, é, em certa medida, um meio no qual o preconceito consegue se sedimentar. Nosso país ficou marcado pela questão do racismo e, especificamente, pela exclusão dos negros. Mais que uma simples herança de nosso passado, essa problemática racial toca o nosso dia a dia de diferentes formas. Quando se fala de racismo, o primeiro pensamento que aparece na mente das pessoas é contra os negros, mas o racismo é um preconceito baseado na diferença de raças das pessoas. Pode ser contra negros, asiáticos, índios, mulatos, e até com brancos, por parte de outras raças. Por terem uma história mais sofrida com o preconceito, os negros são principal referência quando é discutido o tema racismo. O racismo em uma pessoa tem diversas origens, depende da história de cada um. Em alguns casos, pode ser por crescerem ouvindo as diferenças e superioridade de determinadas raças, em outros, alguma atitude que moldou seu pensamento. Não importa como o racismo cresceu na mente das pessoas, mas vale ressaltar que se ele for provado, é um crime inafiançável. Embora no Brasil haja uma forte mistura de raças, a incidência de racismo pode não ser tão evidente para alguns, mas ele não deixa de existir. Em alguns casos, ele ocorre de forma sutil, em que nem é percebidopelas pessoas. Pode acontecer em forma de piadas, xingamentos, ou simplesmente evitar o contato físico com a pessoa. A verdade é que nenhum lugar está protegido do racismo.
	
REFERÊNCIAS BIBLÍOGRÁFICAS
-MAILHIOT, G. B. Dinâmica e Gênese dos Grupos. São Paulo: Duas Cidades, 8ª
Edição, 1998.
 - DIEGUES, Manuel Jr. Etnias e Culturas do Brasil. 3 ed. Rio de Janeiro :  Editora Letras e Artes.1963
-IANNI, Octávio. Industrialização e desenvolvimento social no Brasil, 1963. Publicado pela Civilização Brasileira, Rio de Janeiro.
- http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77012004000100001&script=sci_arttext. Acesso em 2/5/2015

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