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1 RESUMO CONSULTORIA EMPRESARIAL EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS Autor: Edilson Gonçalves de Aguiais Orientador: Ms. Inimá Índio do Brasil Júnior A finalidade desta investigação é demonstrar os tipos e modos de consultoria em micro e pequenas empresas além de desenvolver uma ferramenta de análise financeira para estas empresas. A idéia defendida é que a implantação de controles particularmente simples proporciona controles efetivos da atividade/rentabilidade empresarial Para a realização do objetivo proposto no trabalho utilizou-se os recursos técnicos da pesquisa bibliográfica e documental e adotou-se o método analítico descritivo. Palavras-chave: Desenvolvimento, Desenvolvimento Rural, Goiás. 2 INTRODUÇÃO O acirramento da competição empresarial aliado a um sensível aumento das exigências dos clientes passou a demandar um novo posicionamento do empresário que deseja permanecer no mercado. A competição que antes era local passa a ser global e itens como qualidade, atendimento e preço passam a se balizar por um padrão internacional de qualidade. O que se percebe hoje é uma junção de clientes cada dia mais exigentes, concorrentes cada vez mais numerosos e poderosos, elevada carga tributária, baixa qualificação da mão-de-obra e normalmente pouco conhecimento técnico no trato de questões administrativas e financeiras. Estes ingredientes são os fatores necessários e suficientes para explicar o alto índice de falência de micro e pequenas empresas – MPE´s nos primeiros anos de vida (SEBRAE, 2007). É entendimento pacificado que todas as ações do departamento financeiro de uma empresa estão voltadas para o controle das entradas ou saídas de dinheiro. Neste ‘jogo’, muitas vezes gestor ou proprietário de uma MPE se perde num emaranhado de dados e informações particularmente desconexas. Em alguns casos, a falta de trato nas questões administrativas faz com que este empreendedor perca o controle total da empresa, trilhando um caminho desconhecido e incerto. Para uma empresa que quer ter sucesso no mercado o essencial é ter um horizonte de planejamento e, principalmente, dispor de informações precisas e atualizadas para tomada de decisões. Especialmente quando a questão envolve a área financeira da empresa. O conhecimento sobre esta área é fundamental para a sustentação de um empreendimento, tanto para sua sobrevivência como para sua evolução, competitividade e perenidade. Outra completa verdade é que, mesmo não tendo um departamento administrativo estruturado e organizado, as funções administrativas básicas exigidas em MPE´s são as mesmas daquelas exigidas em grandes corporações. Entretanto, percebe-se ainda severa resistência dos empreendedores para contratar uma consultoria exatamente no segmento que mais necessita destes serviços, que são as micro e pequenas empresas (AZEVEDO, 2001). Em empresas deste porte é muito comum que proprietário seja o responsável por todas as tarefas, desde as compras de matéria-prima até o recebimento das vendas. Na maioria das vezes, este acúmulo de atividades faz com que o planejamento da empresa 3 seja postergado, já que o empresário está mais preocupado em produzir e vender e não se preocupa com a gestão ‘pari passu’ da atividade empresarial. De modo geral, as dúvidas mais comuns são sobre como fazer uma gestão financeira eficiente que sirva como instrumento básico na tomada de decisões no dia-a-dia do empresário. De acordo com Guitman (2002), o planejamento financeiro é baseado na transformação dos dados financeiros com o objetivo de monitorar a situação financeira da empresa e permitir a avaliação da sua capacidade produtiva e determinação de aumentos ou redução de financiamentos. Para tanto, é preciso que o empresário utilize algumas ferramentas que permitem visualizar a situação da empresa, possibilitando ao empresário um planejamento das suas ações. Intentando contribuir com este debate, este trabalho objetiva descrever e apresentar, de forma sucinta, os princípios e as principais ferramentas utilizadas para uma consultoria financeira em micro e pequenas empresas. Cabe ressaltar que neste trabalho serão apresentadas algumas formas de se fazer este controle gerencial, não sendo objeto deste estudo esvaziar o debate acerca do tema. Portanto, o foco é pautar pelo objetivo de descrever algumas ferramentas básicas e o seu funcionamento, ficando a cargo de outros estudos seu posterior desenvolvimento. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 – CONSULTORIA EMPRESARIAL As empresas, independente do seu porte, devem acompanhar o seu desempenho de forma constante. Este processo deve ser feito de forma a gerar a realimentação dos dados, controle para avaliação e ajustes constantes. Por isto é importante verificar dois pontos que são considerados de extrema importância para o sucesso da empresa: o sistema gerencial e o preparo gerencial do empreendedor (AZEVEDO, 2001). O primeiro ponto é o responsável por definir o volume de informações disponíveis e o segundo, como estas informações serão utilizadas para o sucesso da empresa. O foco balizador deste trabalho tem a noção de consultoria empresarial, principalmente aquela voltada para as micro e pequenas empresas, como: (...) o processo interativo de um agente de mudanças externo à empresa, o qual assume responsabilidade de auxiliar os executivos e profissionais da referida empresa nas tomadas de decisões, não tendo, entretanto, controle direto da situação (OLIVEIRA, 1996 P. 21) Pela noção acima descrita, entende-se que o trabalho de consultoria tem em sua essência o objetivo de ser um processo de apoio ao desenvolvimento gerencial do 4 empresário, para que ele libere (e lidere) a modernização de sua pequena empresa, incorporando novas tecnologias gerenciais, promovendo o desenvolvimento profissional de todos os colaboradores para que, juntos, possam atingir os objetivos da empresa de forma satisfatória. Tipos e modelos de consultoria Os modelos de consultoria visam demonstrar a melhor maneira de se fazer consultoria, ou seja, uma eficiente de condução das atividades da consultoria em cada empresa. A definição de modelos busca exatamente difundir a metodologia mais adequada em um processo de consultoria, evitando problemas futuros como dependência das empresas para com o consultor na assistência técnica, desequilíbrio entre informações que são recebidas e repassadas e gera maior ganho de produtividade. Consultoria de pacote Neste tipo de consultoria o consultor já tem um modelo pré-estabelecido e utiliza os mesmos processos e procedimentos, formulários e fórmulas para todos os seus clientes. É um tipo de consultoria que apresenta pouca (por vezes, nenhuma) flexibilidade e está em franco processo de extinção visto que não leva em conta as particularidades de cada empresa ou segmento de atuação. Este tipo de consultoria pode acarretar sérios prejuízos principalmente na relação de confiança empresário-consultor, visto que os resultados nem sempre são satisfatórios devido a características próprias de cada empreendimento. Apesar disto, este tipo de consultoria tem apresentado bons resultados quando aplicados na informatização de empresas em determinados setores. Por sua própria característica de padronização, por vezes um sistema adquirido representa a real necessidade da empresa, gerando resultados mais rapidamente (AZEVEDO, 2001). No grupo dos aspectos positivos pode-se destacar a relativa rapidez na realização da consultoria, o menor custo dos serviços prestados, maior rapidez nas mudanças e maior impacto na estrutura das micro e pequenas empresas. Os aspectos negativos são a dificuldade de implementação, resultados baseados em um diagnóstico superficial, processo de mudança ‘engessado’ e possibilidade de operar com um sistema que não digam respeitoá sua realidade, retirando-lhes competitividade e produzindo efeitos adversos (OLIVEIRA, 1996). 5 Consultoria caso a caso Na consultoria especializada todos os processos são voltados para atender as necessidades específicas da empresa. Ao contrário da consultoria de pacote, os processos e procedimentos são definidos de forma conjunta com o cliente, gerando uma solução única que não poderá ser aplicada em nenhuma outra empresa com a mesma eficiência. Este tipo de consultoria busca “atender as necessidades das empresas de pequeno porte, através de técnicas e métodos já experimentados em outras, adequando-os á realidade e à individualidade da organização a ser atendida” (AZEVEDO, 2001). O conhecimento das estratégias empresariais internalizado pelo consultor em outras empresas são devidamente adaptados com o objetivo de ampliar a competitividade da empresa e alcançar os melhores resultados. Os aspectos positivos desta estrutura de consultoria é uma abordagem mais trabalhada e com maior aplicabilidade, maior assimilação da empresa acerca dos procedimentos adotados pelo consultor, menor resistência da empresa na realização da consultoria, maior qualidade dos trabalhos que são desenvolvidos de forma personalizada e maior independência da empresa com relação ao consumidor. Por outro lado, dentre os aspectos negativos está um maior prazo para a realização da consultoria e um custo/hora da consultoria mais elevado visto que os procedimentos desenvolvidos não serão ‘rateados’ com outras empresas. Consultoria Coletiva A consultoria coletiva é a estrutura de consultoria onde se fazem reuniões periódicas com grupos de empresários do mesmo setor (ou multisetoriais) para discutir problemas, desejos e necessidades comuns. O objetivo principal deste tipo de consultoria é a melhoria contínua nos seus processos de gerenciamento (AZEVEDO, 2001) e é muito comum este serviço ser contratado por associações comerciais e industriais ou grupos de empresários. Por característica própria desta estrutura, ela está voltada prevenir problemas empresariais comuns. Os aspectos positivos deste modelo estão ligados ao trabalho com uma cadeia produtiva do setor em questão criando condições para o fortalecimento (ou criação) de associações empresariais, conscientização do empresário e também custo bastante reduzido, visto que é pulverizado entre os diversos participantes. Negativamente este tipo de consultoria intimida o empresário a comentar sobre determinados problemas e estratégicas perante o grupo, gera uma menor afinidade com o consultor e oferece baixo grau de personalização da consultoria. 6 Consultoria Especializada Diferentemente dos modelos apresentados anteriormente, que estavam ligados diretamente estrutura dos processos desenvolvidos no trabalho de consultoria, este modelo de consultoria está diretamente ligado ao conceito de dimensão dos trabalhos da consultoria. Neste tipo de consultoria os trabalhos são feitos para atender a necessidades pontuais da empresa. Para tanto, as técnicas são desenvolvidas por consultores especializados em determinadas áreas, abordando um ou diversos aspectos do cotidiano empresarial (AZEVEDO, 2001). Neste tipo de trabalho a empresa define uma ou mais áreas consideradas deficientes e precisam ser melhoradas. O consultor trará a racionalização do processo buscando adequá-lo ou irá desenvolver um projeto específico para as deficiências apontadas pelos proprietários. Por causa desta característica há o pressuposto de que se tem perfeito conhecimento dos itens que a empresa tem carência. O sucesso neste tipo de consultoria depende essencialmente de até que ponto o empresário soube diagnosticar as suas necessidades e também comunicá-las ao consultor (OLIVEIRA, 1996). Os aspectos positivos desta modalidade de consultoria é uma maior qualidade dos serviços, já que são prestados por profissionais especializados em determinada área, maior interação com os demais sistemas da empresa, serviços mais rápidos e com menor custo além de treinamento com maior aproveitamento. Estes pontos positivos advêm em grande parte do fato de ser uma operação específica, focada em um único ponto e/ou deficiência da empresa. Entretanto, se houver algum erro na definição da área de atuação todo o trabalho fica prejudicado, aumentando os custos (sociais e monetários). Além disto, se houver a contratação de um consultor sem a especialidade exigida também não serão obtidos resultados satisfatórios (AZEVEDO, 2001). Consultoria generalista A consultoria generalista é aquela que proporciona à micro e pequena empresa maior nível de abrangência além da facilidade de se atuar em todos os sistemas, de forma integrada (AZEVEDO, 2001). Isto acontece porque é um tipo de consultoria que engloba todas as atividades da empresa, criando sinergias entre diferentes áreas de atuação. Enquanto pontos positivos, neste tipo de consultoria existe uma visão global da empresa e conseqüente interação entre os diversos subsistemas, aumentando a sua efetividade. Além disto, há uma maior afinidade com o consultor, o que gera menores investimentos na contratação da consultoria e permite verificar mais rapidamente se as ações corretivas estão alinhadas com as necessidades dos subsistemas da empresa. 7 AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – MPE´s O Brasil sempre considerou de extrema importância a atividade empreendedora das micro e pequenas empresas – MPE´s e, portanto, foram instituídas políticas públicas voltadas para este setor. No marco legal, foi implantado o primeiro Estatuto da Microempresa (lei n. 7.256 de 27 de novembro de 1984) e também foram incluídas as micros e pequenas empresas na Constituição Federal de 1988, garantindo tratamento diferenciado, conforme artigo 179 do capítulo da Ordem Econômica. Em 1990, acontece a transformação do Centro Brasileiro de Assistência Gerencial a Pequena Empresa – CEBRAE, criado em 1972, em Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas – SEBRAE. A conformação desta nova estrutura, que tem suas funções ampliadas, foi outro acontecimento de fundamental relevância para o desenvolvimento das microempresas. Nesse caso, o SEBRAE foi criado para melhor atender ao pequeno empreendedor, a partir de uma iniciativa do Poder Executivo, concebida em harmonia com as confederações representativas das forças produtivas nacionais. Outro incentivo de apoio às micros e às pequenas empresas é a criação de linhas especiais de crédito no BNDES, na Caixa Econômica Federal, no Banco do Brasil e no Banco do Nordeste, como fonte de investimento inicial para empreendedores. Os incentivos fiscais facilitadores dos pequenos negócios são aqueles incluídos na lei n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996, a qual instituiu o Sistema Integrado de Pagamentos de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – Simples, que tem por função regular o tratamento fiscal e tributário das micros e pequenas empresas. A criação da lei n. 9.841, de 5 de outubro de 1999, que instituiu o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, fora criado para auxiliar o microempresário a respeito dos aspectos legais da sua empresa, proporcionando-lhe vantagens sobre as empresas de médio e de grande porte em relação a tributos fiscais e à participação na economia. Assim, de acordo com o art. 1º dessa lei, nos termos dos artigos 170 e 179 da Constituição Federal, é assegurado ás micro e pequenas empresas “tratamento diferenciado e simplificado nos campos administrativo, tributário, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial” (BRASIL, 1999). Existem diversas definições para micro e pequenas empresas adotadas por diferentes instituições em todo o mundo. Normalmente, esta classificação é dada conforme as condições gerais do país. No Brasil,a legislação específica define a micro e pequena empresa (MPE) de acordo com o seu faturamento anual enquanto o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas – SEBRAE fundamenta os seus critérios na quantidade de empregados. 8 De acordo com o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Lei 9.841 de 5 de outubro de 1999, alterada pela Lei Complementar 123 de 14 de Dezembro de 2006), que é marco legal desta classificação, a microempresa e a empresa de pequeno porte são definidas da seguinte forma: I. no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II. no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais). O SEBRAE, para definir micro e pequena empresa, considera dois setores de atividade: indústria e comércio e serviços. Assim, microempresa de comércio e serviço é aquela que possui até nove empregados, enquanto microempresa industrial e de construção civil é aquela que emprega até 19 funcionários. Do mesmo modo, a empresa de pequeno porte definida pelo SEBRAE é também divida em dois setores de atividade. Assim, as pequenas empresas do setor comercial e de serviços são aquelas que possuem de 10 a 49 empregados, enquanto as empresas industriais e de construção civil de pequeno porte são as que possuem de 20 a 99 empregados (SEBRAE, 2007). Além destes, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, instituição financeira responsável pelo fomento empresarial no país, classifica a micro e pequena empresa conforme o seu faturamento, adotando critérios diferenciados daqueles definidos no Estatuto da Microempresa. Para o BDNES, microempresa é aquela que possui faturamento bruto anual (ou anualizado)1 inferior a R$ 2.400.000,00. Do mesmo modo, pequena empresa é aquela que possui faturamento bruto anual ou anualizado acima de R$ 2.400.000,00 e abaixo de R$ 16.000.000,00 (BNDES, 2010). O MODELO PROPOSTO Para um processo de consultoria financeira em uma micro e pequena empresa o modelo proposto busca dotar o empreendedor com uma ferramenta simples e eficiente de controle empresarial. Para tanto, o modelo busca agregar informações facilmente 1 “Considera-se receita operacional bruta anual (ROB), a receita auferida no ano-calendário com o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos” e “Na hipótese de empresas que não tenham operado os 12 (doze) meses do ano-calendário de referência, os limites de que tratam o item 1 serão proporcionais ao número de meses em que a empresa houver exercido atividade, desconsideradas as frações de meses” (Circular BNDES n° 11/2010). 9 disponíveis para o empresário que não conta com uma estrutura administrativa robusta, como é o caso da quase totalidade das MPE´s. Além disto, esta ferramenta busca minimizar o tempo do empresário no planejamento empresarial, já que é uma ferramenta de controle atualizada de modo simples e constante. Por outro lado, ela irá dotar o empreendedor com informações essenciais para o processo de tomada de decisões, dando-lhe ferramentas para a gestão com competitividade e assegurando a sua continuidade no mercado. O processo consiste em primeiramente implantar alguns relatórios gerenciais e alguns indicadores de desempenho para que se faça o acompanhamento constante da sua performance. Estes relatórios irão balizar as decisões do empresário e se tornarão importantes instrumentos para um gerenciamento eficaz e eficiente. Os principais relatórios utilizados serão os seguintes: • Controle de Vendas Realizadas; • Apuração dos Resultados da Empresa; • Balanço Gerencial; • Controle de Caixa. Do mesmo modo, os principais indicadores para mensurar o desempenho das operações da empresa serão: • Lucratividade sobre as vendas – LV; • Rentabilidade dos negócios - RN; • Poder de pagamento da empresa – PPE; • Nível de Endividamento – NE; e Relatórios Gerenciais É consenso que não existe uma receita pronta, única e infalível para a elaboração de relatórios gerenciais pois, se assim fosse, as falências não existiriam, os lucros seriam exorbitantes e tudo seria perfeito e maravilhoso. No entanto, apesar das sensíveis diferenças entre as MPE´s, a luta pelo seu espaço no mercado é dura e nem sempre fácil de ser vencida. Por isto, convencionou-se utilizar relatórios gerenciais parecidos com aqueles utilizados na contabilidade gerencial, devido á simplicidade e facilidade de uso e aplicação. Neste estudo são demonstradas opções simples de elaboração de controles financeiros, focados exatamente na realidade das MPE´s que sem sempre dispõem de recursos para aquisição de sistemas de informação caros e complexos. Por isto, todas as ferramentas aqui apresentadas são feitas em planilhas eletrônicas, reduzindo o investimento do empreendedor em ferramentas de gestão empresarial. Além disto, a implantação de um 10 sistema de gerenciamento complexo demanda, além dos investimentos na aquisição do sistema, gastos com treinamento da mão de obra. Controle de Vendas Realizadas Uma ferramenta simples de se implantar e que dispõe de muitas informações acerca da empresa é o controle de vendas realizadas. Neste controle, que é feito diariamente, temos a informação acerca do montante vendido pela empresa, bem como quesitos gerenciais (sazonalidade mensal e diária, lucro diário, etc.). A implantação desta ferramenta gera resultados que são essenciais para facilitar o desempenho da empresa com relação ás suas vendas, custos e lucro. A eficiência deste relatório vem em grande parte da sua simplicidade de elaboração e análise. Como um registro de vendas realizadas, este controle registra a data da operação, o produto que foi vendido e o valor da venda. O CMV é o custo do produto (Custo da Mercadoria Vendida ou Custo do Produto). O valor apresentado para o Lucro Bruto – LB é resultado da subtração do Valor da Venda e do Custo (LB = VENDA – CMV). A Margem de Contribuição – MC é o percentual que o cada venda gerou como retorno para a empresa. DATA PRODUTO VALOR CMV LB MC 01/08/2011 PRODUTO 1 250,00 200,00 50,00 20,0% 02/08/2011 PRODUTO 2 150,00 100,00 50,00 33,3% 02/08/2011 PRODUTO 3 180,00 125,00 55,00 30,6% 03/08/2011 PRODUTO 4 105,00 75,00 30,00 28,6% 05/08/2011 PRODUTO 5 120,00 100,00 20,00 16,7% 07/08/2011 PRODUTO 6 90,00 70,00 20,00 22,2% 07/08/2011 PRODUTO 7 180,00 120,00 60,00 33,3% 07/08/2011 PRODUTO 8 190,00 150,00 40,00 21,1% 08/08/2011 PRODUTO 9 240,00 200,00 40,00 16,7% 10/08/2011 PRODUTO 10 160,00 135,00 25,00 15,6% 11/08/2011 PRODUTO 11 180,00 90,00 90,00 50,0% 11/08/2011 PRODUTO 12 95,00 33,00 62,00 65,3% 12/08/2011 PRODUTO 13 350,00 220,00 130,00 37,1% 12/08/2011 PRODUTO 14 180,00 115,00 65,00 36,1% 13/08/2011 PRODUTO 15 130,00 90,00 40,00 30,8% 13/08/2011 PRODUTO 16 95,00 65,00 30,00 31,6% 15/08/2011 PRODUTO 17 120,00 95,00 25,00 20,8% 2.815,00 1.983,00 832,00 30% RELATÓRIO DE VENDAS REALIZADAS - RV RESULTADO 11 Assim, na linha resultado, é possível fazer o acompanhamentodas vendas totais, em qualquer período. Além disto, encontra-se o custo médio das mercadorias vendidas no período e também o lucro bruto do período, bem como a margem de contribuição média no período. Estas informações, que são essenciais para o processo de tomada de decisões, passam a estar disponível para o empresário com a introdução desta simples ferramenta. O próximo relatório gerencial a ser desenvolvido é a Demonstração do Resultado da Empresa, que será explicado adiante. Apuração do Resultado da Empresa O objetivo deste relatório é apurar o resultado líquido mensal da empresa, sendo este valor o resultado das vendas menos as devoluções, o custo das mercadorias vendidas e das despesas da empresa. Este relatório, apesar de muito simples de se elaborar e atualizar, incorpora as devoluções, despesas variáveis, despesas fixas, despesas financeiras e despesas eventuais. Valor ($) % Faturamento Bruto 2.815,00 100,0% (-) Devoluções - 0,0% (-) SIMPLES 102,75 3,7% (=) Faturamento Liquido 2.712,25 96,4% (-) Custo das Mercadorias 1.983,00 70,4% (=) Lucro Bruto 729,25 25,9% (-) Despesas Variáveis 84,45 3,0% (=) Margem de Contribuição 644,80 22,9% (-) Despesas Fixas 500,00 17,8% (-) Despesas Financeiras 181,00 6,4% (-) Despesas Eventuais 50,00 1,8% (=) Resultado Liquido 94,80 3,4% DESCRIÇÃO jan/11 DEMONSTRATIVO DO RESULTADO MENSAL - DRM No preenchimento deste relatório já é possível verificar o resultado da empresa (lucro ou prejuízo). Além do que, ao abranger todas as despesas e receitas, demonstra o impacto e a participação de cada item no resultado da empresa. A coluna de valor mostra os valores a preços correntes enquanto a outra coluna mostra o percentual daquele item sobre o faturamento bruto, fazendo a análise vertical do resultado empresarial. Assim, caso ocorra um aumento em qualquer despesa será possível mensurar quanto ela corresponde do total faturado e assim tomar a decisão mais acertadamente. É importante ressaltar que o valor do 12 faturamento bruto é o mesmo somatório de vendas e o valor que está no campo ‘Custo das Mercadorias’ é aquele CMV e que ambos já são resultados do Relatório de Vendas. Balanço Gerencial O balanço gerencial demonstra onde os recursos da empresa foram aplicados (ativo) e também as fontes dos recursos financeiros utilizados no empreendimento (passivo e PL). Se durante a implantação da empresa houve maior participação de recursos dos sócios, a conta Patrimônio Liquido apresentará saldo maior do que o passivo. Por outro lado, se a empresa se instalou baseada em empréstimos que não seja dos sócios, a conta passivo será maior que a conta ativo e a empresa está sendo financiada com recursos de terceiros. R$ (%) R$ (%) Disponível 1.000,00 1,8% Fornecedores 8.000,00 20,4% Contas a Receber 8.900,00 16,2% Contas a Pagar 2.700,00 6,9% Estoques 15.000,00 27,3% Empréstimos 3.000,00 7,6% Imobilizado 30.000,00 54,6% Total do Passivo 13.700,00 34,9% 0,0% Patrimonio Liquido 0,0% 0,0% Capital Investido 40.000,00 101,9% 0,0% Lucros Acumulados 1.200,00 3,1% 0,0% Total do Patrimônio 41.200,00 105,0% Total do Ativo 54.900,00 100,0% Passivo + PL 54.900,00 139,9% PASSIVO agosto-11 BALANÇO GERENCIAL - BG ATIVO agosto-11 Na composição do ativo, o valor da conta Disponível representa os recursos existentes no caixa e no banco á disposição da empresa (conta-corrente e poupança), ou seja, são os valores com liquidez imediata. O valor do Contas a Receber são os cheques pré-datados, as duplicatas, cartão de crédito a receber, etc., englobando tudo que a empresa tem de créditos. Na conta Estoques é colocado o preço de compra dos produtos que serão vendidos ou processados, conforme o caso. Por último, o imobilizado é a soma de todos os bens utilizados pela empresa para sua atividade empresarial. De modo análogo, no passivo, a conta Fornecedores representa as dívidas que a empresa tem com os fornecedores dos produtos ou matéria-prima. As Contas a Pagar são as dívidas da empresa (exceto fornecedores) que ainda não foram devidamente pagas, por não estarem vencidas ou outro motivo qualquer. Os Empréstimos são os compromissos assumidos com terceiros para captação de recursos monetários. A conta Patrimônio Líquido, apesar de estar no passivo, não é dívida da empresa com terceiros e sim o 13 investimento dos sócios. Esta conta representa o quanto pertence aos sócios, caso a empresa encerre as suas atividades. Controle de Caixa O objetivo do controle de caixa é registrar as entradas e saídas realizadas para se determinar os recursos financeiros que estão disponíveis. Este controle financeiro deverá ser atualizado diariamente, com as previsões de pagamentos/recebimentos como forma de dar horizonte de planejamento para o empreendedor. 01/08/2011 02/08/2011 03/08/2011 04/08/2011 05/08/2011 06/08/2011 07/08/2011 SALDO INICIAL - - - - - - TOTAL DAS ENTRADAS - - - - - - - (+) VENDA A VISTA (+) RECEBIMENTOS (+) OUTRAS ENTRADAS TOTAL DAS SAÍDAS - - - - - - - (-) FORNECEDORES (-) DESPESAS (-) OUTRAS SAÍDAS (=) SALDO FINAL - - - - - - - RELATÓRIO DE FLUXO DE CAIXA SEMANAL DESCRIÇÃO 8/2011 A idéia deste controle também é bastante simples visto que classifica a movimentação financeira em ‘entrada’ ou ‘saída’. Esta classificação segue o movimento de caixa onde uma entrada de recursos aumenta o saldo e qualquer saída representa redução dos recursos disponíveis. Nas entradas são registradas todas as vendas a vista e também os recebimentos de vendas a prazo efetuadas em outras datas. Além destes dois, compreende ainda outras entradas, como empréstimos, aporte de capital, etc. De modo análogo, as saídas representam os pagamentos aos fornecedores, todas as despesas da empresa e outras saídas como empréstimos, amortizações e gastos eventuais. Indicadores Financeiros Indicadores financeiros são índices apurados com valores da empresa, com objetivo de auxiliar o gestor ou proprietário do empreendimento a fazer um acompanhamento da situação econômico-financeira em determinado momento. O empreendedor, utilizando-se destes indicadores, poderá tomar as decisões necessárias, visando corrigir os desvios que estão prejudicando o desempenho dos negócios sob o ponto de vista financeiro. 14 Índice Fórmula Lucratividade sobre as Vendas LL 3,37% FB Rentabilidade da Empresa LL 0,17% ATIVO Rentabilidade dos Empresários LL 0,23% PL Liquidez Corrente AC 1,82 PC Liquidez Seca AC - E 0,72 PC Nível de Endividamento PASSIVO 0,25 ATIVO Lucratividade sobre as vendas: o objetivo deste indicador é demonstrar qual a lucratividade da empresa. De modo geral, o resultado é utilizado para mensurar o poder de ganho da empresa comparando o seu lucro liquido com relação ao seu montante de venda. A fórmula é Lucro Líquido (DRM) dividido pelo Faturamento Bruto (DRM) e quanto maior for este resultado melhor é a situação da empresa no mercado. No exemplo acima, o resultado mostra que para cada R$ 100,00 vendido pela empresa foi gerado R$ 4,00 de lucro. Rentabilidade dos negócios: este indicador objetiva demonstrar para o proprietário ou gestor da empresa qual é a rentabilidade (ou retorno) que seu negócio está gerando. Está dividido em doissub-indicadores: i) rentabilidade da empresa e ii) rentabilidade do empresário. A lógica de análise de ambos indicadores é igual, ou seja, quanto maior o resultado, melhor está sendo o desempenho da empresa no mercado. O sub-indicador rentabilidade da empresa é responsável por demonstrar quanto a empresa está gerando frente aos seus ativos. Por outro lado, a rentabilidade dos empresários é quanto a empresa está gerando em relação ao valor que os empresários investiram na sua criação ou frente ao capital social. Liquidez dos negócios: os indicadores de liquidez demonstram a capacidade que a empresa tem de honrar os seus compromissos junto a terceiros. Assim, o indicador de Liquidez Corrente mostra a relação entre o ativo circulante e o passivo circulante, ou seja, demonstra quanto das obrigações com terceiros o ativo da empresa consegue saldar. Por outro lado, o indicador de Liquidez Seca mostra o quanto do que já foi realizado consegue 15 saldar minhas obrigações com terceiros. Em ambos os casos, o ideal é que os resultados sejam sempre superiores a 1 (hum inteiro) e, quão mais elevado for este valor, melhor será a situação da empresa do ponto de vista financeiro. Nível de Endividamento: este é um indicador que objetiva mostrar como está a dependência da empresa com relação aos recursos tomados de terceiros. Quanto menor este indicador, melhor é o resultado da empresa pois significa que ela depende pouco (ou menos) de recursos de terceiros e, conseqüentemente, paga menos juros. Outro ponto que deve ser observado em um empreendimento de sucesso é a sustentabilidade econômica da empresa. O desenvolvimento sustentado de uma empresa, independente do seu porte ou mercado de atuação, está diretamente relacionado com a definição de uma política realista, focada nas condições de mercado, em que as taxas de juros e os preços dos serviços cubram, no mínimo: i) custos operacionais e financeiros; ii) riscos inerentes aos negócios (inadimplência, roubos e perdas, etc.) e; iii) geração de excedentes para investimento na expansão do negócio. REFERÊNCIAS VIANA, G.; NETTO, F. F. - Caso Brasil: Dimensões Positivas do Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas. Rev. Eletrônica Latu Sensu – Ano 2, nº1, julho de 2007. SEBRAE - SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS, 2007. Fatores condicionantes e taxa de sobrevivência e mortalidade das micro e pequenas empresas no Brasil: 2003-2005. Disponível em: < http://201.2.114.147/bds/BDS.nsf/5D1CAC412448B0428325757B00697DC7/$File/NT0003E F2A.pdf> Acessado em 10 ago 2011. SEBRAE - SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS, 2010. Gestão Financeira. Disponível em <http://www.sebraerj.com.br/ docs/GestaoFinanceira.pdf> acessado em 18 ago 2011. AZEVEDO, P. S. de. Manual de procedimentos de consultoria em micro e pequenas empresas. 2º ed. Revisada. Goiânia: SEBRAE/GO, 2001. OLIVEIRA. D. P. R. Manual de consultoria empresarial: conceito, metodologias e práticas. Ed. Atlas, 1996. BNDES – BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL. 2010. Circular n° 11/2010 disponível em < http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES 16 /export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/produtos/download/Circ011_10.pdf> acessado em 10 ago 2011. BRASIL, 1999. LEI No 9.841, DE 5 DE OUTUBRO DE 1999. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9841.htm> acessado em 15 ago 2011. BORGES, R. W. Um modelo de análise estratégica na concessão de crédito para micro e pequena empresa. Florianópolis, UFSC, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, 2000
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