Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO DE MICOLOGIA I. INTRODUÇÃO A MICOLOGIA: Micologia é o ramo da biologia que estuda os fungos e é muito dominada pela botânica. As características dos fungos: Eucariotos, apresentando núcleo, membrana nuclear, organelas, mitose fechada (não exclusiva dos fungos), quando há mitose a carioteca não se desfaz. Heterotróficos e sem pigmento fotossintético. Digestão extracelular, onde as enzimas digestivas são lançadas, e este processo está intimamente ligado com o desenvolvimento das micoses. Parede celular com quitina e β –glucanas, diferente da celulose que apresenta α-glucanas. Os antifúngicos inibem a síntese de β- glucanas, as quais são muito específicas. A parede celular é muito dinâmica e permite a aquisição de nutrientes. Secretam enzimas proteases, fosfatases, glicosidades, lipases, etc. a fim de degradar o que existe de orgânico em torno do fungo, realizando a absorção dos produtos desta ação. São considerados decompositores = saprófitas, inclusive os fungos patogênicos. A membrana plasmática apresenta ergosterol, sendo o único esterol produzido pelos fungos, cuja biossíntese é alvo dos antifúngicos azoles. São unicelulares (leveduras) ou multicelulares (bolores – filamentosos). Armazenam glicogênio. Não são móveis. Isso é controverso, pois alguns fungos apresentam flagelo na fase sexuada, mas causam doenças apenas em anfíbios. Secretam substâncias, incluindo peptídeos, os quais são toxinas que podem estar relacionadas a patogênese. Reprodução sexuada e, principalmente, assexuada. Alguns fungos se associam nas micorrizas, as quais são interações simbióticas entre fungos e angiospermas. As hifas dos fungos revestem as raízes das angiospermas, aumentando a superfície de captação de água e a angiosperma fornece carboidratos ao fungo em troca. Os liquens são associaçãoes entre algas e fungos, que são marcadores de poluição. O fungo aumenta a superfície de captação de água para a alga e esta fornece carboidratos ao fungo. Cogumelo é um corpo de frutificação, presente na reprodução sexuada. Pode ser utilizado na culinária, mas alguns produzem toxinas. Os fungos do gênero Morchella sp. são as trufas utilizadas na culinária. Outras aplicações de fungos: Os fungos apresentam sistema transportador ABC, transportando as drogas para fora, por isso que o Penicillium griseofulvum não sofre ação da griseofulvina. A ciclosporina apresenta ação imunossupressora, inibindo linfócitos T, os quais estão envolvidoa na resposta a xenotransplantes. Existem fungos que apresentam dimorfismo, dependendo do ambiente podem ser bolores ou leveduras. As hifas são estruturas tubulares que se replicam e o conjunto de hifas é um micélio. As hifas podem se ramificar, podendo ou não apresentar septos em sua estrutura. As hifas apresentam em suas extremidades esporângios, os quais contém os esporos e os mesmos irão se dispersar e, quando atingirem novas superfícies, formarão novas hifas. Há hifas aéreas, as quais estão acima da superfície do substrato, mas as hifas vegetativas estão no interior do substrato. As hifas aéreas contém conídeos, os quais estão envolvidos na reprodução assexuada. A fim de evitar a quebra das hifas há os poros simples presentes nos Ascomicetos, que são poros like a rolha, que atuam fechando os septos, e há também os doliporos, os quais estão presentes em Basidiomicetos, e são poros mais complexos que fecham os septos. As leveduras realizam reprodução assexuada por brotamento, no qual quando as células filhas não se libertar há a formação de pseudo-hifas. O brotamento é um processo finito, pois a cada brotamento há geração de uma cicatriz, e o máximo que se pode realizar são de 18 – 20 brotamentos além desse número a célula mãe entre em um estado apoptose like. Para que o brotamento aconteça, é necessário que a parede celular se expanda durante a replicação. Há emergência do broto, replicação do DNA, migração nuclear, separação dos núcleos, citocinese e liberação do broto. As leveduras apresentam um crescimento blástico, enquanto que os fungos filamentosos apresentam crescimento tálico, onde a hifa irá apresentar complexo apical, o qual permite a organização de seu crescimento. Esse complexo apical reúne toda a maquinaria, como quitina sintase, a qual está envolvida na síntese de parede celular, bem como as glucanas sintases. Esse complexo permite um crescimento polarizado. A fase assexuada é considerada a fase em que o fungo encontra-se no seu estado “anamórfico”. A fase sexuada é considerada a fase em que o fungo encontra-se no seu estado “teleomórfico”. A maior parte do tempo os fungos se reproduzem de maneira assexuada e, por isso, encontram-se em seu estado “anamórfico”. A reprodução assexuada pode ocorrer por fragmentação da hifa ou através da formação de conídios/esporos assexuados. II. MICOSES OPORTUNISTAS: Diferente dos protozoários, os fungos pode ser saprófitas, não sendo parasitas obrigatórios. Quando os fungos encontram um hospedeiro e promovem dano tecidual ai sim serão patógenos. A fim de conquistar determinado nicho ecológico os fungos apresentam fatores de virulência, com os quais lutam contra bactérias e protozoários na ambiente, mas também contra o sistema imume. Um fator de virulência que garante o crescimento no hospedeiro é a capacidade de resistir as temperaturas de 37ºC. Os fungos oportunistas precisam que o hospedeiro esteja imunocomprometido para que possam estabelecer a infecção. Os fungos oportunistas são Criptococcus neoformans, Candida albicans e Aspergillus fumigatus. São características dos fungos oportunistas: Baixa patogenicidade. Saprófitas do ambiente ou da pele. Infectam imunocomprometidos. A. CRIPTOCOCCOSE: A criptococcose é uma micose sistêmica adquirida por esporos ou leveduras dessecadas do ambiente por inalação. O fungo está presente em excretas ou fezes de pombos. Quando os pombos batem asas criam aerossóis das fezes espalhando o fungo. Os pombos são vetores de Criptococcus, o qual não é transmitido de pessoa a pessoa. Uma vez inalados, os esporos chegam até os alvéolos e se desenvolverá a infecção primária no pulmão. Se a infecção não for debelada no pulmão, a mesma se espalha por disseminação sanguínea, podendo atravessar a BHE causando a meningite criptocóccica, a qual geralmente leva a óbito. Os fatores de virulência de Criptococcus são: Capacidade de crescer e se desenvolver a 37ºC. Cápsula polissacarídica, a qual apresenta carga negativa e contém glucoronoxilimanana (GXM) e glucoronoxilogalactana (GXGal), além de mucoproteínas. A cápsula é produzida antes do fungo se reproduzir, sendo fundamental para sobrevivência no ambiente e no hospedeiro, pois ajuda na evasão do sistema imune, pois esses polissacarídeos são como blocos de lego, os quais quando combinados aleatoriamente promovem uma grande variedade de estruturas que se alternam a fim de não serem reconhecidas pelo sistema imune, e o mesmo apresentará dificuldade em produzir anticorpos específicos. A cápsula é muito hidratada, promovendo resistência a dessecação, mantendo a umidade que garante a viabilidade do fungo. A cápsula inibe a migração de leucócitos e a ação docomplemento, bem como a produção de citocinas, interfere na apresentação de É micose produzida por Criptococcus neoformans, sendo uma micose sistêmica que pode se estabelecer em qualquer tecido. Criptococcus eram considerados fungos ambientais. Apresentam ao seu redor cápsula de mucopolissacarídeos. Criptococcus neoformans é obrigatoriamente oportunista e cosmopolita. No Brasil e em regiões tropicais há C. gatii, o qual não é oportunista, sendo criptococcose primária, afetando indivíduos normais. 90% dos pacientes com HIV no Brasil apresentam criptococcose, e na África, as mortes por criptococcose ultrapassam as mortes por tuberculose. antígenos e previne contra a fagocitose por macrófagos, já que aumentam muito o tamanho do fungo. Produção de melanina, a qual é idêntica a presente na pele humana, sendo produzida a partir de compostos bifenólicos oferecidos pelo organismo, sob os quais o fungo utiliza suas fenolidases, produzindo melanina. Dopa e dopamina são substratos para a síntese de melanina pelo fungo, produzindo pigmento melanóide a nível de SNC. A produção de melanina protege o fungo contra predadores, altas temperaturas, radiação U.V e metais pesados. No hospdeiro humano, a melanina reduz a fagocitose, pois a melanina apresentam ROS, os quais interferem na interação do fung com os receptores Toll, apresentando atividade antioxidante e reduz o efeito de antifúngicos. O grau de infecção depende da ação do sistema imune. Pacientes com HIV, em quimioterapia e radioterapia, bem como corticoterapia prolongada apresentam diferentes graus de imunossupressão e de acordo com estas, temos as seguintes manifestações clínicas: Criptococcose pulmonar, a qual pode acometer os imunocompetentes, apresentando sintomatologia similar a qualquer infecção pulmonar, sendo controlada pelo sistema imune saudável. Criptococcose pulmonar regressiva assintomática, a qual acomente indivíduos com imunossupressão leve. Criptococcose pulmonar progressiva, a qual acomete indivíduos com maior imunossupressão, o este apresenta tosse, febre e pode apresentar hemoptise, a qual favorece a criptococcose disseminada – meningoencefalite. O criptococcoma de pulmão parece um tumor, sendo um aglomerado de fungos, possivelmente fibrosado em função da tentativa de controle da infecção pelo sistema imune. Apresenta difícil diagnóstico, o qual é realizado pelo escarro. O tratamento acontece com Anfotericina B, sendo a primeira opção de tratamento, mas é um fármaco hepatotóxico, tanto em imunocompetentes quanto em imunodeprimidos. Pode-se utilizar Fluconazol ou Itraconazol, os quais apresentam potência menor que a Anfotericina B, conseguindo debelar a infecção sem bola fúngica (criptococcoma), mas se esta está presente deve ocorrer a injeção do antifúngico (Anfotericina B) diretamente no criptococcoma. B. CANDIDÍASE: Candida albicans é saprófito da pele e das mucosas humanas. Normalmente estão em equilíbrio com a microbiota. Caso haja imunossupressão leve ou grave, há desequilíbrio e aumento da proliferação do fungo. Candida está adaptada a pH ácido (pele e mucosas apresentam pH 7 – 6,5, mas quando há morte bacteriana o pH cai para 5), a temperatura de 37ºC, os quais juntamente com umidade são as condições ideiais para o crescimento fúngico. Candida albicans está presente na microbiota do TGI e Candida parapsilosis é a segunda maior causadora de candidíase. São cosmopolitas e parasitam pele,unhas, mucosas oral e genital. Na mucosa genital há prurido insuportável, e coçar com as unhas causa lesão, o que permite a chegada do fungo a circulação sistêmica, possibilitando a disseminação, podendo atingir qualquer tecido, além de permitir a entrada de bactérias. Manifestações clínicas: Cutânea: Lesões intertriginosas, úmidas, eritematosas e com prurido. Pode apresentar fissuras e pústulas. Se o tratemento for rápido há apenas as lesões eritematosas, mas se demorar haverá a formação das fissuras e pústulas. As lesões eritematosas também podem ser disseminadas Unha: Paroníquia, “unheiro”ou “mão de lavadeira”, presentes ao redos da pele dos dedos. É de difícil tratamento, pois o crescimento é rápido e a ação dos antifúngicos demoram Candidíase mucosa-oral: “sapinho”. Placas esbranquiçadas na boca, língua ou garganta; ardência na boca; dor ou dificuldade para engolir. Candida forma biofilme nos dentes e nas dentaduras. Candidíase uro-genital: Coceira e irritação na vagina/pênis ou entrada na vagina (vulva)/pênis. Sensação de queimação, especialmente durante o sexo ou ao urinar; inchaço e vermelhidão na vulva/pênis; dor vaginal/pênis; secreção branca, espessa e livre de cheiro com uma aparência de queijo cottage. Sistêmica: Candidemia, endocardite, meningite e / ou lesões no fígado, baço, rins, ossos, pele, tecido subcutâneo pele ou outros tecidos. O tratamento depende da localização da lesão, sendo realizada pelos seguintes antifúngicos: Candida spp. é polimórfica! C. ASPERGILOSE: São infecções causadas por fungos totalmente ambientais. Primeiramente a infecção se dará por inalação de matéria orgânica em ambientes abertos. Acontece principalmente em locais fechados e submetidos a aparelhos que promovem a movimentação do ar, como o ar condicionado e ventilador. Aspergillus sp. são saprófitos ambientais e seu mecanismo de patogênese promove doenças graves, são fungos cosmopolitas. Não são polimórficos, sendo filamentoso e ao final da hifa há dilatação contendo conídeos. Cannabis sativa é planta que apresenta simbiose com Aspergillus sp., portanto, os usuários de maconha apresentam aspergilose por inalação dos esporos. Há presença de aspergilomas, principalmente nos pulmões. Há infecções nosocomiais em centros cirúrgicos, nos quais os esporos chegam por ductos de ar condicionado, e caem sobre os pacientes que estão na mesa de cirurgia. III. ANTIFÚNGICOS: O aparecimento de resistência à quimioterápicos é baseada na seleção de microrganismos que tem uma capacidade aumentada de sobreviver e/ou se reproduzir na presença de um quimioterápico. Uma infecção pode tornar-se resistente a drogas quando: * houver substituição por uma espécie resistente; * houver substituição por uma cepa resistente; * expressão gênica transiente que confere resistência temporária (resistência epigenética). Mecanismos gerais: * prevenir a entrada do quimioterápico na célula; * remover o quimioterápico da célula através de transporte ativo; * inativar o quimioterápico; * previnir o quimioterápico de interagir com seu alvo. IV. MICOSES SUPERFICIAIS E CUTÂNEAS: A. SUPERFICIAIS: Micoses supericiais são micoses que causam infecção das camadas da pele que contém queratina, a qual é nutriente essencial ao fungo. São micoses que afetam camada córnea da pele, unhas e pelos. São fungos que se mantém apenas na superfície, por não serem capazes de colonizar tecidos mais profundos. São fungos que apresentam tempo de geração curtos, apresentando alta proliferção para garatir a infecção. Comoexempços temos as micoses causadas por Malassezia furfur, Piedraia hortae e Trichosporum beigelii. Induzem alterações apenas estéticas, uma vez que as espécies não são muito virulentas, não apresentando dano tecidua ou sintomatologia significativa. Acometem regiões tropicais e subtropicais. São fungos que estão no limite entre saprofitismo e parasitismo verdadeiro. As micoses superficiais não apresentam dor ou prurido As micoses superficiais são as seguintes: a) Piedras: são as piedras branca (causada por Trichosporum sp.) e as piedras negras (causadas por Piedraia hortae). Esses fungos são filamentosos e liberar artroconídeos, os quais não septados e apresentam cadeias contínuas. Não é causada por falta de higiene, pois uma vez que o fungo coloniza a haste do pelo for massa adesiva que não sai com a lavagem. A piedra branca é endêmica no Brasil. O Trichosporum sp. é um fungo que cresce na haste do cabelo, e não apresenta colonização. Deve-se realizar o diagnóstico diferencial do Pediculus humanus captis, pois a forma de massa branca pode se assemelhar com lêndeas. Deve-se observar o fungo ao M.O, porém a queratina atrapalha a visualização, então deve-se tratar a amostra com KOH 10% a fim de melhor visualização de ambas as piedras. Em ambas as piedras, deve-se raspar a cabeça a fim de eliminar a massa fúngica, tratando com Itraconazol ou Cetoconazol tópicos ou orais. No entanto, mesmo com o tratamento há alto número de reincindivas, principalmente quando não se corta o cabelo todo ou quando não se utilizou o antifúngico pelo tempo adequado, possibilitando nova profileração do fungo. Para a piedra negra se utiliza Terbinafina oral. b) Ptiríase versicolor: é a micose de praia, causada por Malassezia furfur. No entanto, não são adquiridas na praia, e podem acontecer em qualquer época do ano. A Malassezia furfur é um fungo lipofílico, o qual para crescer bem necessita de fonte de lipídeos, por isso coloniza regiões de pele gordurosa. É um fungo presente na microbiota, mas quando há desequilíbrio muda de forma e cresce promovendo lesões hiprocromáticas ou hipercromáticas. Como fatores predisponentes temos peles mais oleosas, alta exposição a radiação solar, uma vez que o bronzeamento promove aumento de visualização, mas sem aumentar a extensão ou gravidade da lesão, o tratamento com corticóides, a gravidez, e outas imunossupressões, bem como a sudorese excessiva aumentam a probabilidade de desenvolvimento da micose. A hiperpigmentação das lesões é ocasionada pela produção de melanina, a hipopigmentação se dá em função de menor quantidade de melanina, que é explicada pela produção de ácidos dicarboxílicos que inibibem a tirosinase, a qual produz melanina. A cultura em laborátorio deve contem lipídeos, por isso se adiciona azeite de oliva aos meios. O diagnóstico dermatológico consiste em raspar as lesões com a unha e observar que a pele descama facilmente, então se observa com a lâmpada de Zireli, a qual é colocada contra a lesão, a qual pode fluorescer ou não em função de maior ou menor presença de melanina. Lesões hipercromáticas fluorescem mais. O tratamento acontece com agentes ceratolíticos e 20% de hipossulfito de sódio com Cetaconazol ou Itraconazol orais por 5 dias. B. CUTÂNEAS: As micoses cutâneas apresentam a capacidade de digerir queratina e colonizar tecidos mais profundos. São causadas por fungos dermatófitos, os quais parasitam a pele e os fâneros. Esses fungos utilizam a queratina como alimento e apresentam enzimas que degradam-na. Com isso há promoção de dano mais que estético. São fungos cosmopolitas e alguns fatores predisponentes estão empregados: Trauma ou maceração do tecido: favorecem a entrada do fungo no tecido, em função da queratina macerada ser mais mole. Suor nas mãos, pés e embaixo das mamas: também são áreas de queratina mais mole, favorecendo a entra dos fungos no tecido. São esécies filamentosas que apresentam artroconídeos, e os esporos podem ser veiculados por animais. As micoses cutâneas são chamadas de tinhas, as quais são: a) TINHA DOS PÉS (pé de atleta): causada por Trichophyton rubrum e T. mentagrophytes e raramente E. floccosum. Acomete os espaços interdigitais dos pés, causando fissuras, prurido, pele macerada, predisposição à infecção piogênica. b) TINHA DA REGIÃO INGUINOCRURAL: causada por Trichophyton rubrum e T. mentagrophytes e raramente E. floccosum. Acomente a região inguinocrural, causando lesões descamativas, eritema,prurido, sensação de queimação. Mais frequente em homens, no verão. Uso de sungas apertadas de material sintético. c) TINHA DE PELE GLABRA OU HERPES CIRCINADA: causada por Trichophyton rubrum, T. mentagrophytes e E. floccosum, M. canis e M. gypseum. Acomente região do pescoço, também podendo acometer o dorso e são lesões disseminadas ao acaso. Apresenta Lesões anulares com cura central e bordas eritematocrostosas. d) TINHA DAS UNHAS( onicomicose): causada por Trichophyton rubrum. Ocorre proliferação, escurecendo, espessando e descolando as unhas e também putrefação da queratina e liberação de toxinas que exalam odor forte característico. e) TINHA DO COURO CABELUDO OU TINHA CAPITIS OU TONSURANTE: causada por Microsporum canis e Trichophyton tonsurans. As seguintes manifestações são observadas: - Lesão de pêlo e pele. – Pêlo cortado pelo fungo – áreas de tonsura. – Pele – Lesões secas e escamosas não eritematosas – Lesões inflamatórias com exsudado purulento – Mais frequente em crianças do sexo masculino, em creches e orfanatos. O tratamento normalmente é com antifúngicos tópicos ou orais, por longo período de tempo e os seguintes antiúngicos são mais utilizados: V. MICETISMO E MICOTOXICOSE: A. MICETISMO: Os cogumelos são corpos de frutificação formados na fase sexuada dos basidiomicetos, derivado de micélio mais organizado. As hifas são dicarióticas, pois os núcleos não se fundiram. No “chapéu” do cogumelo há meiose que forma as hifas haploides. Os fungos apresentam tipos conjugativos α e β, os quais são complementares e funcionam como se fossem sexos. A fusão desses tipos conjugativos forma a hifa diploide através de plasmagonia. A meiose acontece em uma estrutura chamada basídio, formando hifas haploides 50% α e 50% β, as quais serão dispersas e formarão hifas haploides. Se essas hifas complementares se encontrarem irão formar hifas por toda a vida. A fusão dos núcleos acontece no basídio jovem. O corpo do cogumelo é chamado de basideocarpo. •Envenenamento ou intoxicação por ingestão de macrofungos - cogumelos. Micetismo •Envenenamento ou intoxicação por ingestão de alimentos contaminados por fungos (bolores) que produzem toxinas, as quais ficam impregnadas nos alimento. Micotoxicose NÃO SÃO INFECÇÕES! SÃO INTOXICAÇÕES! Os tipos de substâncias presentes nos cogumelos são: a) TOXINAS CITOLÍTICAS: Ciclo peptídeos: apresentam anel com 7 a 8 aas, produzidos pelo gênero Amanita sp. Falotoxinas: são toxinas de 7 aas que não são absorvidos no TGI, mas adentram a circulação sanguínea no caso de lesão. Apresentam afinidade pela membrana dos hepatotóxicos. Amanitinas: são toxinas de 8aas que são absorvidas no TGS. São potentes inibidores da RNA polimerase II, atuando na inibição da síntese proteica. Acumulam- se no fígado e nos rins, apresentam alto metabolismo e rápida ação. Orelaninas: são termoestáveis e atuam como agentes peroxidantes de membrana, principalmente a renal. Giromitrina: é degradada com aquecimento, apresenta estrutura semelhante à piridoxina (B6)a qual é cofator de desidrogenases. Coprina: usada na dependência ao álcool, pois inibe a acetaldeído desidrogenase. b) NEUROTOXINAS: Derivados isoxazólicos: estão presentes na Amanita muscaria, são eles muscimol, muscazana, e ácido ibofeno, os quais apresentam similaridade com o GABA. Competem com o GABA na neurotransmissão, promovendo alucinação persistente, pois o metabolismo dessas moléculas é lento. Derivados indólicos: são derivados do triptofano são elas Psilocina e Psilocibina. Apresentam ação semelhante a do álcool e a mesma é muito rápida, pois o indol é muito volátil. Possível tratamento para depressão. Muscarina: alcaloide. Agonista do SNA, aumenta sudorese, salivação, promove náuseas. As toxinas podem ser detectadas por ELISA, mas este é um método caro. O que se realiza mais comumente é a extração das toxinas e análise via cromatografia de afinidade e por HPLC acoplado a espectrometria de massas. B. MICOTOXICOSE: a) Aflatoxinas: são produzidas por Aspergillus flavos parasita, mas na infecção não produzem toxina. As aflatoxinas mais comuns são B1, B2, G1 e G2. Os esporos germinam e produzem a toxina, e tais esporos podem ser carreados por insetos em seus apêndices e através disso entrar em contato com grãos como milho, amendoim, pistache, etc. Os bolores crescem e produzem toxina com mais de 14% de umidade e mais de 20ºC. Grãos com casca não apresentam resistência à presença das toxinas, pois as mesmas apresentam a capacidade de penetração. Essas toxinas podem ser hepatotóxicas, carcinogênicas, dentre outras. Essas toxinas podem se acumular no leite, em ovos e na carne. Apresentam furano, o qual forma epóxido, promovendo a integração com várias moléculas biológicas, através de ligação covalente, como acontece com o DNA e conferindo a capacidade mutagênica. b) Tricotecenos (sesquiterpenos): produzidos pelo gênero Fusarium sp. Promove dores de cabeça, febre, inflamação intensa no TGI e hemorragia. São considerados armas biológicas. A toxina T2 é um agente pleotrópico, interferindo na síntese de DNA, RNA e proteínas. c) Fumosinas: produzidas por Fusarium verticilliadus. São as toxinas FB1, FB2 e FB3, as quais são inibidores competitivos da ceramida, a qual está envolvida na síntese de esfingosina, relacionadas à proliferação celular e apoptose. Acumulam-se no fígado e interferem no metabolismo de esfingolipídeos. d) Ergotamina: é um alcaloide responsável pelo desenvolvimento do ergotismo. Produzida pelo fungo Claviceps purpurea, o qual se desenvolve no centeio. O ergotismo apresenta como sintomas calor na musculatura, espasmos, contrações involuntárias, alucinação, histeria, falta de ar, vasoconstrição e até gangrena - sintomas conhecidos como fogo de santo Antônio. A ergotamina é um forte vasoconstritor. Apresenta efeitos semelhantes à ocitocina – promove aborto. Clivando a ergotamina temos derivados do ácido lisérgico. VI. MICOSES SUBCUTÂNEAS E SISTÊMICAS: A. MICOSES SUBCUTÂNEAS: São micoses que afetam derme, músculos, fáscia, ossos e tecido conjuntivo. Por fungos demaliáceos, os quais produzem melanina. Esses fungos são inoculados mecanicamente (por trauma mecânico) no tecido subcutâneo, podendo se disseminar para olhos, cérebro, etc. os traumas mecânicos que podem estar envolvidos são furar o dedo com espinho de plantas, o que rompe a barreira da pele e inoculando o fungo, isso porque o fungo está naturalmente em solos, vegetais e madeira em decomposição. As micoses subcutâneas mais comuns são Esporotricose e Cromoblastomicose. A primeira é causada por Sphorotrix schenkii e a segunda por vários patógenos como Fonsecaea pedrosoi, Cladophialophora sp., Phiallophora verrucosa e Rhinocladiella aquapersa. Tais fungos são dimórficos térmicos, o que consiste em mudança da forma de micélio para levedura com diferença de temperatura. À temperatura ambiente (25ºC) há a presença de micélio septado na vida saprofítica, enquanto que após a inoculação mecânica em humanos, cuja temperatura de 37ºC promove a transformação para a forma parasita de levedura. a) ESPOROTRICOSE: é doença que acomete principalmente pessoas que trabalham com vegetação. Atinge principalmente os membros onde aconteceu o trauma mecânico. As lesões decorrentes do desenvolvimento do fungo podem aparecer meses depois do trauma, e algum tempo depois há a formação de nódulo macio, que apresenta a capacidade de deslocamento. No entanto, tal nódulo pode se fixar e formar úlcera semelhante a presente na leishmaniose. Tal lesão ulcerosa apresentam leveduras e corpos asteroides. O fungo se espalha por via linfática, gerando lesões ao longo do caminho dos vasos linfáticos, tais lesões podem ser: Cutâneas fixas: as quais são lesões localizadas, e que podem implicar no início do tratamento. Linfocutânea: são lesões cutâneas que se disseminaram ao longo da via linfática. Cutânea disseminada: as quais se disseminaram pela pele. Pulmonar, cerebral e ocular. As lesões podem formar crostas e podem inchar o membro, em função da dificuldade de retorno venoso. Podem ser lesões escuras em função da produção de melanina, a qual é um fator de virulência. Pode formar like a veludo sobre a lesão. A biópsia da lesão corada por PAS revele a leveduras em pequena quantidade, apesar da lesão ser grande, o que é diferente da lesão do gato, que apresenta grande quantidade de leveduras. A lesão também pode apresentar corpos asteroides, que são de difícil visualização, mas os quais são a levedura recoberta por material da resposta imune do hospedeiro (imunocomplexos, fibrina) e debris. Sporothrix schenkii Natureza Parasita 20-25ºC 37°C Hifas septadas com conídeos em forma de tirso (ramo de flor) Leveduras elípticas com rápido brotamento e formação de pseudo-hifas Frequência Em cultura, colônias novas apresentam coloração clara e colônias mais antigas apresentam coloração mais escura, em função da presença de melanina. O cultivo de S.schenkii ainda é padrão ouro e deve ser realizado a 25ºC e a 37 °C, pois os conídeos apresentam a forma característica de tirso. A cultura é realizada a partir de raspado de lesão, devendo observar as leveduras (cultura a 37ºC) e, às vezes, os corpos asteroides. O tratamento é longo e de acordo com a progressão da lesão. É realizado com iodeto de potássio, em solução concentrada para uso oral, azoles e nos casos mais graves Anfotericina B. Os antibióticos não apresentam efeito, e outra forma de tratamento são compressas quentes e frias alternantes, onde o fungo despiroca, pois fica confuso de se transforma em levedura ou hifa, e com isso há o desaparecimento da lesão. Os gatos são bichos do demônio, que podem apresentar os esporos nas unhas, os quais podem ser inoculados através de arranhaduras ou mordeduras. Isso implica no potencial zoonótico da transmissão gato – homem, gato – outros animais. A lesão do gato apresentam um infiltrado inflamatório disperso, contendo macrófagos e neutrófilos e sem granuloma, diferente do infiltrado humano que apresenta granuloma. b) CROMOBLASTOMICOSE ou CROMOMICOSE: é uma micose subcutânea sistêmica, com produção de pigmento, com presença de nódulos ou verrugas, podendo ser ulceradas ou não, acomete o membro inferior. São fungos presentes na matéria orgânica em decomposição, com inoculação via trauma mecânico, mas sem disseminação linfática. Na fase inicial apresenta forma nodular, que pode evoluir para forma ulcerosa (exsudato, crostas, confluentes), que pode evoluir para forma verrucosa (hiperqueratosee fibrose – like a elefantíase). São fungos dimórficos térmicos, onde a forma de levedura é a presente nas lesões. O diagnóstico é realizado a partir de raspado de lesão com KOH 10%, ou biópsia. Na lesão devem-se encontrar as leveduras, os corpos escleróticos (fumagóides, muriformes ou castanhos), os quais são as leveduras com forma arredondada, com pigmento (melanina) e septos transversais e longitudinais. Estes septos são produto da fissão que a levedura sofre quando se replica, a qual não apresenta padrão organizado, por isso que são corpos escleróticos. Para identificação do fungo deve-se realizar a cultura a 25°C e 37ºC, e na de 25ºC se observa o padrão de conidiação que é característico de cada espécie. O tratamento é cirúrgico para remoção das verrugas e uso crônico de antifúngico. Cladosporium Rhinocladiella Phiallophora Os conídeos do tipo Cladosporium apresentam forma de cordão ramificado, enquanto que os do tipo Phiallophora apresentam fiálides like a garrafa com esporos saindo, semelhante a vaso de flor e os do tipo Rhinocladiella apresentam forma de árvore e lembram os conídeos em forma de tirso de S.schenkii. Contudo, um mesmo fungo pode apresentar mais de um padrão de conidiação. B. MICOSES SISTÊMICAS: São micoses causadas pelos fungos Blastomyces dermatidis, Histoplasma capsulatum, Paracoccidioides brasiliensis e Coccidioides immitis, sendo o último o mais virulento. A infecção começa no pulmão, uma vez que a aquisição dos esporos é por via inalatória, e através disso pode atingir quaisquer tecidos, a partir de infecção primária pulmonar. Esses fungos estão presentes em solos secos e alcalinos. São patógenos verdadeiros e apresentam dimorfismo térmico. As micoses apresentam sintomas iniciais difusos e pouco específicos, similares a dengue. Dentre os sintomas há tosse seca, podendo sair leveduras, mas nunca se observou a transmissão de pessoa a pessoa. a) BLASTOMICOSE: causada por Blastomyces dermatidis, e mais comum em EUA e Canadá. É um fungo saprofítico do solo, estado mais presente em forma menos grave nos cães. Apresenta manifestações clínicas inespecíficas, além de forma crônica hematogênica. Também apresenta dimorfismo térmico. Suas leveduras encontradas no escarro se dividem por brotamento unipolares formando leveduras grandes. Há lesões cutâneas ulcerosas e com pigmentos a partir da lesão pulmonar. Essas lesões apresentam difícil diferenciação das lesões subcutâneas. O diagnóstico pode ser realizado através de escarro, BAL e raspado de lesão, para realização da cultura. As amostras devem ser processadas rapidamente, pois perdem a viabilidade rapidamente. Não é recomendada a realização de sorologia, pois a mesma apresenta muitas interferências. Dentre os fatores de virulência temos BAD1, que é tipo uma adesina presente na superfície da levedura, a qual interage com CD14/CCR3 dos macrófagos a fim de reduzir sua ativação, reduzindo a produção de TNFα e aumentando a de TGFβ. Essa adesina também está presente em Coccidioides e Histoplasma. b) COCCIDIOIDIMICOSE: causada por Coccidioides immitis, o qual é geofílico, presente em regiões secas, de solo seco e alcalino, em profundidade, e o solo deve ser revolvido para entrar em contato com os artroconídeos, os quais são muito infectantes. Os artroconídeos são formados dentro das hifas e são separados por células de disjunção, e a identificação dessa estrutura é útil para diagnóstico. As células de disjunção quebram facilmente quando há contato com a hifa, com isso há a dispersão dos artroconídeos. Levedura – esférulas Levedura Blastomyces Célula de disjunção Artroconídeos Na lesão as leveduras se organizam em esférulas. As lesões cutâneas secundárias podem ser mutilantes e desfigurantes. O diagnóstico pode ser realizado por coleta de escarro, mas é difícil devido à tosse seca, também pode se realizar BAL e biópsia. Deve-se observar a presença das esférulas de leveduras e dos artroconídeos com as células de disjunção. Os fatores de virulência, além da BAD1, há a DRK1, a qual é uma histidina cinase presente em todos os fungos sistêmicos. A DRK1 fornece o primeiro sinal de que o fungo está na temperatura de 37°, quando adentra ao hospedeiro. Com isso DRK1 é o primeiro sinal para a cascata de sinalização, que levará a transformação de hifa a levedura. A supressão de DRK1 promove a perda da patogenicidade, sendo um bom alvo quimioterápico. Há também o aumento da expressão de α glucana, a qual encobre a β glucana, que é reconhecida pelo sistema imune, ou seja, é um mecanismo de evasão. A SOWgp é glicoptn expressa na esférula e contribui para manutenção do fungo na matriz, pois se liga a laminina e fibronectina. PEGAR IMAGEM DRK1 c) HISTOPLASMOSE: causada por Histoplasma capsulatum apesar do nome não apresenta cápsula. É um fungo cosmopolita e está associado às fezes de morcegos, sendo comum em cavernas. Nas fezes dos morcegos está na forma de micélio septado. É adquirido pela via inalatória e ao chegar ao pulmão se converte em sua forma parasita intracelular. No ambiente forma hifas com macroconídeos arredondados e com tubérculos, os quais são refringentes ao M.O. Esses macroconídeos são chamados de estalagmosporos. A levedura é elíptica com brotamento unipolar rápido. Hifas e macroconídeos de Histoplasma Hifas e macroconídeos de Histoplasma No pulmão os conídeos são fagocitados e se replicam nos macrófagos que estão participando da imunidade inata, podendo disseminar para fígado e baço. Após aproximadamente 2 semanas há a formação de granulomas, como tentativa da imunidade adaptativa em debelar a infecção. Com esses granulomas há fibrose e deposição de cálcio, que quando observados por imagem de RX parece semelhante a tuberculose, levando a um diagnóstico e tratamento incorreto. O diagnóstico é feito a partir de escarro, BAL e biópsia, com realização de cultura e observação de macroconídeos. O tratamento recomendado é com Anfotericina B. Apresentam DRK1, indução da expressão de α glucanas, as quais encobrem as β glucanas, que é reconhecida pelo sistema imune, ou seja é um mecanismo de evasão dos sistema imune. d) PARACOCCODIOIDIMICOSE: causada por Paracoccidioides brasiliensis, cuja infecção primária é pulmonar, que pode causar infecções secundárias em pele e mucosas (nasal, gástrica e retal). É um fungo dimórfico térmico, e esta micose afeta principalmente homens, pois o estradiol e a progesterona impedem o brotamento múltiplo, portanto, não sendo comum em mulheres. Em sua forma saprofítica apresenta hifas com microconídeos, mas na lesão apresenta leveduras características produto de brotamento múltiplo, apresentando aspecto de leme de navio. É patógeno intracelular. O diagnóstico é realizado com amostra de escarro, BAL e raspado de lesão, para realização de cultura, a fim de identificar o brotamento múltiplo. Testes sorológicos identificam gp43. O tratamento é realizado com Anfotericina B e Cetoconazol.
Compartilhar