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Capítulo 1 Tratamento matemático de medidas No curso de física e em algum momento vamos fazer algumas medidas que en- volvem as dimensões físicas: comprimento [L], massa [M ] e tempo [T ]. A quanti- dade física, isto é, o valor medido provavelmente tem alguma imprecisão seja ela sistemática ou aleatória, no mínimo. O método de medida, o aparelho de medida (régua, balança e relógio), o número de medidas são fatores que interferem no resultado da quantidade física. Esse é um material para consulta em caso de dúvidas. 1.1 A apresentação de uma medida O resultado de uma medida (M ) associada a alguma grandeza física (desloca- mento, velocidade, aceleração, etc. ) é apresentada como M = (m±∆m)u. (1.1) onde m é a quantidade física, ∆m a confiabilidade da medida, isto é, o erro provável da medidae u é a unidade padrão de uma dada dimensão física (m, m/s, m/s2, etc.). Uma medida pode ser feita direta ou indiretamente. Como exemplo, a medida de uma massa desconhecida mx comparada com uma massa padrão mp em uma balança de pratos, o resultado dessa comparação é uma medida direta da massa mx. Porque fazemos uma comparação direta de um valor desconhecido com um valor padrão conhecido de mesma dimensão. Por outro lado, se em vez da balança de pratos, utilizarmos uma mola para medir a massa de mx, o resultado será uma medida indireta. Isto porque não estamos comparando mesmas dimensões. Esta- mos, na verdade, associando a variação do comprimento da mola com a unidade de massa padrão. Obviamente, a mola foi calibrada com alguma massa padrão. 1 2 CAPÍTULO 1. TRATAMENTO MATEMÁTICO DE MEDIDAS 1.2 Algarismos significativos A figura 1, apresenta, ao lado de uma barra, uma régua cuja menor divisão é de 1 cm, ou seja, uma régua graduada em centímetros. O comprimento da barra está compreendido entre 4 e 5 cm. Qual o algar- ismo que viria depois do número 4? Dependendo do experimentador, este poderia avaliar o próximo número como sendo o 7, por exemplo. O resultado seria, para esse avaliador, L = 4, 7 cm. Outro experimentador poderia ter avaliado o 8. As- sim, o resultado seria, L = 4, 8 cm. Esse número é estimado e o chamamos de algarismo duvidoso. Ninguém, poderia estimar, nesse instrumento o valor L = 4, 78 cm porque o número 8 está além do número duvidoso ou além de um décimo da escala do instrumento (um décimo do centímetro = 1/10 cm = 0,1 cm). A regra geral é que se deve apresentar a medida com apenas os algarismos de que se tem certeza mais um único algarismo duvidoso. Esses algarismos são denominados algarismos significativos da medida. A figura 2, apresenta, ao lado da mesma barra da figura 1, uma régua cuja menor divisão é de 1 mm, ou seja, a régua tem uma graduação em milímetros. Neste caso, a medida direta deve ser L = 4, 77 cm. Temos três algarismos signi- ficativos como o resultado de uma medida exata (algarismos corretos) com de uma medida duvidosa (algarismo duvidoso). Ninguém, poderia estimar, nesse instru- mento o valor L = 4, 778 cm porque o número 8 está além do número duvidoso ou além de um décimo da escala do instrumento (um décimo do milímetro = 1/10 mm = 0,1 mm). 1.3 Notação exponencial Para representar números muito grandes ou pequenos devemos empregar a no- tação exponencial (ou notação científica, em algumas literaturas). Para escrever um resultado em notação exponencial, o número antes da vírgula não pode ser 1.4. CRITÉRIOS DE ARREDONDAMENTO 3 menor que 1 (um) nem maior que 9 (nove). Exemplos: • 3,0 m = (3,0 × 102) cm = (3,0 × 103) mm; • 5,000 0 m = (5,000 0 × 102) cm; = (5,000 0 × 103) cm; • 0,000 000 000 91 m = (9,1 × 10−10) m 1.4 Critérios de arredondamento Quando efetua-se alguma operação matemática com grandezas expressas com diferentes números de algarismos significativos, é necessário exprimir os resul- tados segundo a norma de que o número obtido pode ter apenas um algarismo duvidoso. Assim sendo, é preciso arredondar o resultado obtido no primeiro al- garismo duvidoso. Os critérios são: 1- Se os algarismos que vierem após o primeiro algarismo duvidoso formarem números superiores a 5, 50, 500, etc., aumenta-se de uma unidade o primeiro algarismo duvidoso e desprezam-se os demais: • 787,672 cm3⇒ 787,7 cm3. • 24,9287 cm⇒ 24,93 cm. • 0,002 615 cm2⇒ 0,002 62 cm2. 2- Se os algarismos que vierem após o primeiro algarismo duvidoso formarem números inferiores a 5, 50, 500, etc., os algarismos significativos que restam não se modificam: • 761,05 cm⇒ 761 cm. • 0,093 1 cm⇒ 0,09 cm. • 6,930 5 cm⇒ 6,9 cm. 3- Se os algarismos que vierem após o primeiro algarismo duvidoso formarem números iguais a 5, 50, 500, etc., faz-se com que o número fique par (caso o último algarismo que fica seja ímpar, soma-se a ele uma unidade para torná-lo par): • 2,735 00 cm⇒ 2,74 cm. • 0,075 5 cm⇒ 0,076 cm. 4 CAPÍTULO 1. TRATAMENTO MATEMÁTICO DE MEDIDAS • 539,50 cm⇒ 540 cm. • 45, 185 cm⇒ 45,18 cm. 1.5 Operações com algarismos significativos A operação com algarismos significativos é dificultada devido a necessidade de medir várias grandezas físicas iguais ou diferentes, com aparelhos de classes de precisão diferentes, e reuni-las através de uma equação matemática de forma a obter o valor da grandeza procurada. Vamos ver alguns critérios para as quatro operações matemáticas fundamentais: 1- Adição e Subtração • Arredonda-se a soma na casa decimal da parcela mais pobre em decimais, após efetuar a operação: • 27,8 cm+ 1,326 cm + 0,66 cm = 29,786 cm = 29,79 cm. • 127,36 cm - 68,297 cm = 59,063 cm = 59,06 cm 2- Multiplicação e Divisão • O produto de duas ou mais medidas deve possuir, em geral, o mesmo número de algarismos significativos da medida mais pobre em algarismos significa- tivos: • 3,27251 cm x 1,32 cm = 4,3197132 cm2 = 4,32 cm2. • 63,72 cm / (23,1 s) = 2,758441558 cm/s = 2,76 cm/s 3- Radiciação, potenciação, logaritmação, etc. • Efetua-se a operação e mantém-se o número de algarismos significativos da grandeza operada. • √29, 69 cm2 = 5,44885 cm = 5,449 cm • (8,75 cm)2 = 76,6625 cm2 = 76,6 cm2 • log (62,874) = 1,798471091 = 1,7985 1.6. ERROS DE UMA MEDIDA 5 1.6 Erros de uma medida Vamos voltar para a apresentação de uma medida dada pela equação (1.1). M = (m±∆m)u. (1.2) O erro da medida ∆m não é simples de ser obtido. A maior dificuldade reside no fato de que no processo de medida há uma combinação de inúmeros fatores que incluem, de forma decisiva, no seu resultado. Uma vez que é impossível a determinação de como cada fator influi no processo, o erro "real"da medida permanece desconhecido, sendo possível somente uma estimativa do erro máximo aceitável para o processo em questão. Os erros podem ser: • Escala: é o máximo erro aceitável cometido pelo operador devido ao limite de resolução da escala do instrumento de medida. Os exemplos das réguas em centímetro e milímetro já mostrados. • Sistemático: é aquele que, sem praticamente variar durante a medida, entra de igual modo em cada resultado desta, fazendo com que seu valor se afaste do valor real em um sentido definido. O erro sistemático é o que aparece seguindo alguma regra definida; descoberta sua origem, é possível eliminá- lo. Por exemplo, um relógio que marca sempre 5 s em excesso a cada 2 min de medida. • Aleatório: é aquele que decorre de perturbações estatísticas imprevisíveis, acontecendo, portanto, em qualquer sentido. Os erros aleatórios não seguem qualquer regra definida. Assim sendo, não se pode evitá-los O erro máximo (E) de uma medida, também chamado de desvio da medida ∆m é a soma de todos os erros, ou seja, ∆mt = Esistematico + Ealeatorio + Eescala (1.3) Em alguma medida alguns desses erros podem ser ignorado quando for muito menor que o outro. Isto é, um dos tipos de erro predomina sobre os demais. É usual, assumir como desvio o erro predominante. 1.7 Cáculo do erro A análise dos erros aleatóriosé possível utilizando-se um tratamento estatístico. Vamos abordar apenas alguns deles e deixaremos a teoria dos erros para o curso de Estatística: 6 CAPÍTULO 1. TRATAMENTO MATEMÁTICO DE MEDIDAS • O valor mais provável É média aritmética das diversas medidas da grandeza, sendo representada por x : x = 1 n n∑ i=1 xi . (1.4) • O desvio da média É a diferença entre o valor de uma medida individual (xi) da grandeza e seu valor mais provável (x), sendo representado por ∆xi = xi − x . (1.5) • O desvio padrão É um dos fatores utilizados pela estatística para indicar a tendência das me- didas de se distribuírem em torno do seu valor mais provável. Pode ser obtido matematicamente através da expressão: σ = √∑ (∆xi)2 n− 1 . (1.6) onde n é o número de medidas. • O desvio padrão da média Tendo-se M conjuntos de n medidas de uma grandeza, obtém-se, para cada conjunto, uma média m. O desvio padrão da média, σm, é um dos indi- cadores da tendência do conjunto de M médias m se distribuir em torno do seu valor médio. A expressão é σm = √∑ (∆xi)2 n(n− 1) . (1.7) onde n é o número de medidas. Daí, o erro aleatório Ealeatorio da equação (1.3), nesse curso, será numerica- mente igual ao desvio padrão da média, σm. Como exemplo, o conjunto de dados de tempo (em segundos) de uma medida feita com um mesmo cronometro com precisão de 4 algarismos significativos. Dados [s]: 1.8. ERRO DE ESCALA 7 • 1,326; 1,338; 1,326; 1,308; 1,322; 1,334; 1,344; 1,314; 1,322; 1,316. • O valor mais provável: T = 1 n 10∑ i=1 Ti = 1, 325 s . (1.8) • O desvio padrão da média: σm = √ ∑ (∆Ti)2 10(10− 1) = √ 1122× 10−6 90 = 3, 530816× 10−3 s . (1.9) Daí, o erro aleatório é Ea = ∆T = 3, 530816 × 10−3 s. O resultado para as medidas deve ser escrito de acordo com a teoria de erros, ou seja, T = (T ±∆T ) s. (1.10) ou T = (1, 325± 0, 004) s. (1.11) onde arredodamos o erro aleatório para um algarismo significativo apenas, uma vez que o erro de uma medida indica a posição do algarismo duvidoso dessa me- dida. 1.8 Erro de escala Cada medida realizada com um instrumento deve ser apresentada como M = (m±∆m)u (1.12) como já sabemos. O valor ∆m, nesse caso, é o erro de escala. Os instrumentos podem ser analógicos e não analógicos. No primeiro caso, o algarismo duvidoso é avaliado. No último caso, o algarismo duvidoso é lido. O erro de escala Eescala em instrumentos analógicos é determinado através da expressão que fornece o máximo erro possível Eescala = ±menor divisao de escala 2 = ±MDE 2 (1.13) Visto que o erro em uma medida define a posição do algarismo duvidoso desta, qualquer erro, deve ter, necessariamente, apenas um algarismo significativo. Exemplos: 8 CAPÍTULO 1. TRATAMENTO MATEMÁTICO DE MEDIDAS 1) Em um termômetro graduado em divisões de 1o C, o erro de escala será 0, 5o C. Assim, qualquer leitura será da forma, t = 36, 5± 0, 5 o C. 2) Seja um instrumento qualquer que tenha como menor divisão de escala o número 0,0005. Possíveis estimativas de uma medida seriam então 0,875; 0,874; 0,879. A discordância está no algarismo duvidoso. O erro de escala será Eesc = ±0, 00025 onde neste caso devemos arredondar para Eesc = 0, 0002; por outro lado, o que se pode determinar é o máximo erro cometido. Deve-se arredondar o valor inicialmente obtido para cima, isto é, Eesc = ±0, 0003. Daí, ρ = (0, 874± 0, 003)u O erro de escala em instrumentos não analógicos, o erro de escala é dado pela expressão: Eesc = ±MDE. Isto é, o erro é a menor divisão da escala. Exemplos: 1) Uma balança digital cuja MDE é 0,01g. Um valor lido seria m = (149, 19± 0, 01) g 1.9 Erro relativo O erro relativo percentual é dado por E% = ∣∣∣∣x− xx ∣∣∣∣× 100 (1.14) onde x é o valor medido e x é o valor de referência. 1.10 Propagação de erros Tem-se as quantidades: x = x±∆x e y = y ±∆y , queremos encontrar os desvios das novas quantidades: S = x+ y; 1.11. APÊNDICE 9 D = x− y; P = xy; Q = x/y . De modo geral, para a soma ou subtração com erro explícito: S = n∑ i Si ± √√√√ n∑ i (∆xi)2 (1.15) Exemplo: S = (2, 352±0, 015)+(−1, 345±0, 013)+(0, 322±0, 016)+(2, 357±0, 011), temos S = 3, 686± 0, 028 . Para a multiplicação (P) e divisão (Q), teremos: M = P (1± ∆P P ) (1.16) onde ∆P P = ± √( ∆x x )2 + ( ∆y y )2 . Exemplo: M = (2, 352± 0, 015)× (−1, 345± 0, 013)/(0, 322± 0, 016) temos M = −9, 82± 0, 05 . 1.11 Apêndice Para medir uma grandeza, podemos fazer apenas uma ou várias medidas repetidas, dependendo das condições experimentais particulares ou ainda da postura adotada diante do experimento. Em qualquer caso, deve-se extrair do processo de medida um valor que melhor represente a grandeza e, ainda, um limite de erro, dentro do qual deve estar compreendido o valor real. Se x1, x2, ·xn são os valores de uma série de n medidas de uma grandeza, o valor mais provável da grandeza medida é dado pela média aritmética ou valor médio do conjunto de medidas, ou seja, x = x1 + x2 + ·+ xn n = 1 n n∑ i=1 xi . (1.17) 10 CAPÍTULO 1. TRATAMENTO MATEMÁTICO DE MEDIDAS O desvio absoluto de cada medida ou erro da medida é definido como o módulo da diferença entre a medida considerada e o valor médio da grandeza, ∆xi = |xi − x| . (1.18) O desvio relativo de cada medida é definido como ∆xi/xi. Muitas vezes, o desvio relativo é apresentado como desvio relativo percentual, ou seja (∆xi/xi.100%). O desvio médio absoluto do conjunto de n medidas de uma grandeza é a média aritmética do módulo dos desvios absolutos de cada medida, que se calcula pela equação (1.18): ∆x = 1 n | n∑ i=1 ∆xi| (1.19) Utilizando-se as equações (1.17) e (1.18), pode-se concluir que: a) A soma dos desvios absolutos de cada medida é nula, de fato,∑ ∆xi = n∑ 1 (xi − x) = n∑ 1 xi − n∑ 1 x = nx− nx = 0 . (1.20) b) A soma dos quadrados dos desvios é um mínimo com relação ao valor mé- dio, ou seja, se S = n∑ 1 (∆xi) 2 = n∑ 1 (xi − x)2 = nx2 − 2x n∑ 1 xi + n∑ 1 x2i , então dS dx = 2nx− 2 n∑ 1 xi = 0 . Como d2S dx2 = 2n > 0 , conclui-se que S é um mínimo com relação a x. Define-se o erro médio quadrático ou desvio médio quadrático como: m = ± √ 1 n [(∆x1)2 + (∆x2)2 + · · ·+ (∆xn)2] = ± √√√√ 1 n n∑ i=1 (xi − x)2 . (1.21) Essa grandeza indica simplesmente como um conjunto de n valores desvia-se de sua média. Um segundo conjunto de n medidas geralmente não fornecerá um valor médio idêntico ao primeiro nem um conjunto idêntico de desvios. 1.11. APÊNDICE 11 Utilizando a equação (1.20) e definindo 1 n (x21 + x 2 2 + ·+ x2n) = x2 , a equação (1.21) se reduz a m = ± √ x2 − x2 . (1.22) Logo,m é independente do número de medidas, sempre que este não for muito reduzido (o número de medidas n é elevado). Se x é o verdadeiro valor da grandeza que estamos medindo, denominamos erro verdadeiro da grandeza a diferença δxi = xi − x e erro absoluto do valor médio a diferença σx = x− x. Combinando a equação (1.18) e δxi, encontramos ∆xi = δxi − σx. Portanto, considerando a equação (1.20) concluímos que: n∑ i δxi = nσx . logo, n2σ2x = ( ∑ δxi) 2 = ∑ i (δxi) 2 . (1.23) Da equação (1.21) tem-se m2 = 1 n ∑ i (xi − x)2 = 1 n ∑ i (δxi) 2 − σ2x . (1.24) Das equações (1.23) e (1.24), encontramos o desvio padrão da medida do con- junto de n medidas, dado por σx = m√ n− 1 = ± √√√√ 1 n− 1 n∑ i (∆xi)2 . (1.25) O significado do desvio padrão da medida é que ele indica o erro que teríamos caso fizéssemos uma única observação. Isto é, sabemos determinar a partir de n observações o desvio padrão de uma medida ou sabemos estimar a partir da análise de n observações o erro que teríamos,com uma dada probabilidade, caso houvéssemos realizado uma única determinação. Logo, o verdadeiro valor da grandeza será x = x± σx, . 12 CAPÍTULO 1. TRATAMENTO MATEMÁTICO DE MEDIDAS O desvio padrão da medida é calculado para uma série de medições de uma mesma grandeza física e caracteriza a dispersão dos resultados. Na equação (1.21) temos que ∆xi = x − xi representa a diferença entre o resultado da medida e a média aritmética dos n resultados considerados. Na equação (1.25), se: n→∞, então σx → 0 e x→ x. Se n� 1 e tendo em conta a equação (1.18), σx → ±∆x, portanto, x = x±∆x. Quando tendo realizado n determinações o melhor valor dispornível é a sua média x, e portanto estaremos mais interessados em estimar o erro em x. Com esse propósito, poderíamos então realizar vários conjuntos de n determinações, calcular os valores das respectivas médias e em seguida a média das médias e este desvio padrão da média das médias seria mais preciso. Este raciocínio poderia ser utilizado novamente, calculando-se a média das médias e assim indefinidamente, sem um fim lógico? Felizmente é possível prever teoricamente o erro a que está sujeita a média de n valores medidos, sem ter que repetir o conjunto de medidas. Este desvio é chamado de desvio padrão da média: σx = σx√ n = σx = m√ n(n− 1) = ± √√√√ 1 n(n− 1) n∑ i (∆xi)2 . (1.26) Note que, quanto maior o número de observações n, menos será o desvio padrão da média e portanto, maior a precisão do resultado. Este é um princípio fundamental da estatística. Vemos, então, que o desvio padrão da medida e o desvio padrão da média têm significados análogos. O significado do desvio padrão da medida (desvio padrão da média) de um dado conjunto de n determinações é que a medida (o valor médio) tem 68% de chance de estar dentro do intervalo ±σ (±σ) em torno do valor médio (do valor verdadeiro), 95% no intervalo ±2σ (±2σ), etc. Resumindo: A partir de um conjunto de n determinações de uma quantidade x a melhor estimativa para o valor verdadeiro será dada pela sua média aritmética x e pelo desvio padrão da média ±σ: x = x± σ, onde o intervalo x− σ a x + σ delimita uma faixa que tem 68, 27% de probabilidade de conter o valor verdadeiro. Na prática, o intervalo ±∆x do valor final da grandeza corresponde ao maior valor, entre o desvio médio absoluto e o desvio avaliado absoluto, sendo que o desvio avaliado absoluto é normalmente o valor correspondente à metade da menor divisão da escala do instrumento (analógico) utilizado nas medidas ou o valor indicado no próprio instrumento (digital), quando este é de precisão. Isso faz que este desvio tenha somente um único algarismo significativo. Por exemplo, após fazer várias medidas do diâmetro médio de um olho hu- mano, chega-se ao valor (2, 87 ± 0, 05) cm, então, o o desvio absoluto dessas 1.12. BIBLIOGRAFIA 13 medidas é ±0, 05. Isso significa ser pouco provável que o verdadeiro valor seja menor que 2,82 cm ou maior que 2,92 cm. O termo provável é empregado aqui em termos estatísticos. Teremos uma precisão maior quanto menor for o desvio absoluto. Sempre é desejável obter a maior precisão possível. Se ao fazer a medida de uma grandeza encontramos um desvio absoluto muito grande e o diminuímos arbitrariamente, então pode acontecer que a redução arbitrária da faixa de desvio lance dúvidas sobre a certeza de que o valor da medida feita estará dentro da nova faixa de valores, pois esta se tornou mais estreita. Portanto, precisão e incertezas estão relacionadas, e não podemos modificar arbitrariamente uma delas sem que a outra seja modificada. 1.12 Bibliografia [1] Piacentini, J.J, Grandi, B. C. C., Hofmann, M. P., Lima, F. R. R. de, Zimmer- mann, E., Introduçao ao laboratório de Física, 3a. edição, ed. UFSC. [2] José Enrique Rodas Duram, Biofísica, Conceitos e Aplicações, 2a. edição, ed. Pearson. [3] ITA, Lab. de Fís. 24, http://www.fis.ita.br/labfis24/erros/ errostextos/teor_erros1.htm, acessado em 10/02/2015. Tratamento matemático de medidas A apresentação de uma medida Algarismos significativos Notação exponencial Critérios de arredondamento Operações com algarismos significativos Erros de uma medida Cáculo do erro Erro de escala Erro relativo Propagação de erros Apêndice Bibliografia
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