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EMBRIOLOGIA VETERINÁRIA ISADORA MARTINS HENN CICLO ESTRAL EM EQUINOS E BOVINOS SANTA CRUZ DO SUL 2019 CIO OU CICLO ESTRAL DAS ÉGUAS Na fêmea, é fundamental para a estimulação do hipotálamo que haja diminuição da produção de melatonina pela glândula pineal, em resposta ao aumento da luminosidade e fotoperíodo. Portanto, a égua é considerada poliéstrica estacional de primavera/verão. O hipotálamo secreta GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina), que atua na hipófise provocando a liberação de LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio estimulante do folículo). O FSH atua estimulando o desenvolvimento dos folículos ovarianos, que abrigam os ovócitos. Os folículos produzem estrogênio, de acordo com seu tamanho, sendo que o pico de estrogênio coincide com o desenvolvimento máximo do folículo, próximo da ovulação, provocando o cio. O estrogênio é responsável pelo comportamento sexual na fêmea e manutenção dos caracteres sexuais secundários. O LH atua no corpo hemorrágico (formado no ovário após a ovulação do folículo), estimulando a produção de progesterona. A progesterona é o principal hormônio responsável pela manutenção da gestação. Tanto no macho quanto na fêmea, esses sistemas são regulados principalmente por feedback (retroalimentação). A égua ideal entraria na reprodução a partir dos 3 aos 5 anos, tendo de preferência 18 anos no máximo, saudável, aparelho reprodutor funcional e boa conformação de vulva, boa habilidade materna, boa genética e morfologia e bom desempenho competitivo. Os animais devem ser semelhantes quanto ao porte e morfologicamente, evitando endogamia (incesto). Se produto anterior for bom, é recomendado repetir o cruzamento. Deve-se evitar cruzamentos conhecidamente perigosos, como Overo x Overo dentro da raça Paint Horse, pois a chance de se obter um produto portador do gene branco letal é muito alta. A estação de monta nos equinos vai de setembro a fevereiro na maioria das raças, que é exatamente onde ocorre a maior parte dos cios férteis. No caso do puro sangue inglês (PSI), a estação de monta se inicia em 15 de agosto indo até 15 de janeiro, para acompanhar o calendário das corridas. Os cavalos fazem “aniversário” todos ao mesmo tempo quando o ano muda, independente do mês de nascimento, isso é chamado de ano hípico. Isso quer dizer que dois potros podem competir juntos na mesma categoria mesmo tendo meses de diferença. Por isso é tão importante na equideocultura obter potros “do cedo”, ou seja, aqueles que nascem de éguas cobertas logo no início da estação de monta. As éguas são poliéstricas estacionais de primavera/verão, isso é, apresentam vários cios, mas somente em uma época do ano, nas estações mais quentes. Para que a égua entre no cio, é essencial que ela tenha idade adequada e boa condição nutricional, além da presença de fotoperíodo longo (16h/dia) e temperaturas mais quentes. Essas condições estão inter-relacionadas, pois é exatamente quando os dias se tornam mais longos e a temperatura aumenta que a pastagem se torna mais exuberante, melhorando o escore nutricional dos animais que tiverem acesso a ela. Em haras onde as éguas estão com dificuldade de entrar no cio, pode-se estabelecer um programa de luz (20wts/m2) nas cocheiras, a fim de completar as 16 horas de luminosidade necessárias por dia. O ciclo estral nas éguas dura de 20 a 23 dias, com média de 21 dias. As fases são o Proestro (preparação para o estro), Estro (5-8 dias – influência do estrógeno), metaestro (fase de transição) e diestro (15-17 dias – influência da progesterona). Fora da estação de monta, a maioria das éguas entra em anestro, com exceção daquelas em áreas tropicais com luminosidade e calor durante todo o ano. As éguas ovulam 24-48 horas antes do final do cio (pico de LH). Cio do Potro: cio que ocorre de 5 a 9 dias após o parto, e possui a função fisiológica de “limpar” o útero e provocar a involução do mesmo, pois com a presença de estrogênio aumenta a irrigação sanguínea, trazendo mais células de defesa e preparando assim o útero para uma nova gestação dali a 21 dias. Porém, dentro de uma visão comercial, normalmente esse cio é utilizado para a cobertura da égua, a fim de emprenhá-la o quanto antes. Algumas éguas apresentam o chamado “cio silencioso”, que é quando elas não demonstram sinais típicos de cio. Nesses casos, se faz o acompanhamento folicular para se determinar o momento da cobertura. Além do controle folicular, a rufiação é muito utilizada para se determinar quais éguas estão no cio. O animal para rufiação é um garanhão apto à reprodução e deve ser calmo e experiente. Não se usam fêmeas androgenizadas ou modificações cirúrgicas como desvio de pênis em equinos. Pode-se utilizar a observação do temperamento da égua no cio e acompanhamento do ciclo estral para auxiliar na identificação, mas esses dados não devem ser observados isoladamente. Os sinais de que a égua está no cio são: inquietação, égua se torna indócil, temperamental, relincha, apresenta hiporexia. Na presença do reprodutor, ela se aproxima/permite aproximação; apresenta orelhas eretas, olhos brilhantes; eleva a cauda, deslocando para o lado; assume posição receptiva, afastando os membros posteriores; micção frequente; vulva edemaciada e hiperêmica; contração e abertura da vulva (“piscando”); sinais se tornam mais claros com o avanço do cio. Para cobrir a égua, é preciso ter certeza de que ela está no cio (controle folicular), caso contrário além do desperdício de sêmen ou desgaste do garanhão ela poderá desenvolver lesões e infecção uterina, pois a cérvix estará fechada e o endométrio com poucas células de defesa. Se a égua for rufiada diariamente, cobrir 48h após a identificação do cio, se rufiada em dias alternados, cobrir 24 horas após a identificação. Deve-se repetir a cobertura ou inseminação a cada 48 horas, enquanto durar o cio, pois a égua ovula de 24 a 48 hora antes do final do cio; e os espermatozoides resistem por 48h no trato genital da égua. O óvulo resiste por apenas 6 horas. Se houver um controle folicular, apenas uma cobertura/inseminação pode ser necessária, reduzindo custos e diminuindo contaminação com sêmen no trato genital da égua. O local para cobertura deve ser gramado, pois se houver areia ou terra, essas partículas podem se aderir ao pênis e acabar lesionando ou contaminando o trato genital da égua. A égua deve estar preparada, com a cauda enfaixada e contida. O comportamento normal do garanhão na cobertura é: aproximação; garanhão corteja égua, com encontro de focinhos e cheirando a região perivulvar, relincha, reflexo de Flehmen; garanhão expõe o pênis e inicia ereção; ocorre a monta; garanhão introduz o pênis; ejaculação (sapateia no mesmo local, cauda em bandeira); relaxamento e descida. Existem três sistemas de monta na equideocultura: Na monta à campo, um grupo de éguas (harém) são soltas com um garanhão durante toda a estação de monta. Cada garanhão pode cobrir de 15 a 25 éguas. As vantagens são a alta taxa de fecundação – 80% a 100%, pouca mão-de-obra, bem-estar animal (mais próximo ao natural). As desvantagens são: não se sabe data correta da cobertura, há risco de acidentes, é preciso um controle sanitário bom para não disseminar doenças pelo plantel, pode ocorrer exaustão do garanhão. Esse sistema é utilizado para animais rústicos e experientes. É comum nas raças crioulo, lusitano, pantaneiro, manga-larga marchador, manga-larga paulista. Na monta controlada em piquete, a égua com sinais claros de cio e garanhão são colocados juntos em um piquete pequeno, sob observação (após rufiação à distância). Nesse sistema, um garanhão pode fazer de 1 a 2 coberturas por dia, com descanso de um dia na semana. As vantagens são: controle das datas de cobertura, possibilidade de intervenção em caso de brigas, possibilidade de realizar higiene prévia, utilização racional do garanhão. A desvantagem seria o maior risco de acidentes. Esse sistema funciona para animais experientes e não agressivos. Na monta dirigida, a égua épreparada para a monta: limpeza da vulva com papel toalha, a cauda é enfaixada, imobilização com peia, uso de cabresto e cachimbo, se necessário. O garanhão é levado até a égua para realizar o salto, com cabresto ou cabeçada. As vantagens são o controle das datas de cobertura, possibilidade de intervenção, uso racional do garanhão, segurança para funcionários e animais. A desvantagem seria maior utilização de mão-de-obra e baixo grau de bem-estar animal, principalmente para a égua, que muitas vezes é contida de forma dolorosa. CONTROLE REPRODUTIVO: O controle reprodutivo é realizado de forma individual, com o uso de tabelas onde se anota todos os acontecimentos da vida reprodutiva do animal. Por exemplo, quando ocorreu o último cio, quando a égua foi rufiada, quando foi coberta, quando foi confirmada a gestação e quando foi o último parto. Diagnóstico de gestação: quando a égua não repete cio em 15-16 dias após a ovulação, é um indicativo importante. Outro sinal é a melhora no estado geral do animal, que pode ser observado ao redor dos 30 dias. O exame ginecológico permite identificar com precisão se a égua está gestando, a partir dos 12 dias: Palpação retal com ultrassom + vaginoscopia (12 dias) Palpação retal simples + vaginoscopia (20 dias). Porém, como o índice de reabsorção embrionária e aborto é relativamente alto, acompanhar a gestação é essencial na equideocultura. GESTAÇÃO: O período de gestação irá variar conforme uma série de fatores: Espécie - equinos: 11 meses (336 dias), muares: 12 meses, asininos: 13 meses. Há pequenas variações entre as raças. Sexo – machos demorariam mais, mas não há comprovação científica em equinos. Idade – éguas jovens que ainda não completaram o seu desenvolvimento podem demorar mais para parir porque utilizam parte dos nutrientes para seu próprio desenvolvimento, atrasando o desenvolvimento do feto. Se a égua for jovem, porém bem nutrida, pode ser que nasça antes porque há menos espaço no útero do que em um animal com mais idade, o que provoca estímulo para o nascimento do feto. Número de partos – se uma égua já teve vários partos, o útero estará mais dilatado e o feto demorará mais para nascer, já no caso de uma nulípara irá nascer antes porque há menos espaço. Número de fetos: potros gêmeos nascem antes, muitas vezes até prematuros, pois não há espaço suficiente, o que desencadeia o parto. Nutrição: se a égua estiver bem nutrida, seu potro irá completar o desenvolvimento antes do que o potro de uma égua desnutrida. Época do ano: está ligada diretamente à nutrição e disponibilidade de forragem. O hormônio que mantém a gestação na égua é a progesterona (PG4). Até os 35 dias, o corpo lúteo primário (originado a partir do folículo que ovulou) produz progesterona. Dos 35 aos 120 dias, são os corpos lúteos secundários (decorrentes de uma nova onda folicular) que mantem a gestação. Esses corpos lúteos secundários se originam a partir do hormônio PMSG produzido nos cálices endometriais. A partir dos 120 dias, a placenta produz progesterona de forma independente, o que difere da maioria das outras espécies, que continuam dependendo do corpo lúteo para manter a gestação. Não por acaso, é exatamente nesses períodos de transição que ocorre, respectivamente, grande parte das reabsorções embrionárias e abortos. A placenta nos equinos é epitelio-corial, do tipo difusa, o que impede a passagem de anticorpos e permite o fácil descolamento da placenta (abortos). Se for preciso transportar a égua, a melhor época é entre os 4 e 8 meses de gestação. A égua prenhe deve ser mantida à pasto com outras éguas, pela tranquilidade e oportunidade de se exercitar. A alimentação até os 8 meses é de manutenção e apenas no terço final se faz necessária uma suplementação especial, especialmente em proteína, cálcio e fósforo. PARTO: O parto fisiológico é aquele em que as fases do parto ocorrem de maneira normal e dentro do tempo esperado. A distocia, dificuldade no parto, é menos comum em equinos do que em bovinos, graças à cérvix muscular que facilita a dilatação, e que é cartilaginosa nos bovinos. Outro fator que auxilia no parto é que os equinos são mesatipélvicos, ou seja, a largura e altura da pelve são semelhantes. As fases do parto são: Preparação: de 3 semanas antes do parto até primeiras contrações; Preparação da glândula mamária; Descida do abdome; Relaxamento dos ligamentos pélvicos; Alteração de comportamento: se afasta do grupo ou fica na companhia de uma amiga; Dilatação: contrações até rompimento dos anexos fetais – dura 2 horas no máximo; Auxilia na lubrificação Expulsão: rompimento dos anexos fetais até saída completa do feto; Deve durar no máximo 30 minutos RESUMO DO CICLO DAS ÉGUAS: Fase Proestro e Estro: duração de 6 a 7 dias, é a fase estrogênica ou proliferativa. São mais longos na primavera e mais curtos no verão. O principal hormônio é o Estrogênio. É um folículo. Meta-estro e Diestro: duração de 15 até 18 dias, é a fase progesterônica ou secretora. Os principais hormônios são: meta, estro, estrogênio, progesterona. É um corpo hemorrágico e corpo lúteo. Fase de Transição: térmico da 1ª ovulação da temporada; entre os períodos de anestro e de ciclos regulares; adaptação do endométrio e início da atividade folicular dos ovários; duração muito variável (2-3 semanas); nem sempre ocorrem sinais externos no cio. Sinais de Anestro: inatividade ovariana; flacidez uterina; cérvix relaxada; inadequada atuação hormonal; trato reprodutivo em repouso. CICLO ESTRAL DOS BOVINOS Estro ou cio, comumente referido como dia zero do ciclo estral, é o período da fase reprodutiva do animal no qual a fêmea apresenta sinais de receptividade sexual, seguida de ovulação. Em bovinos, a duração média do estro é de, aproximadamente, 12 horas, e a ovulação ocorre de 12 a 16 horas após o término do cio. A duração do cio e o momento de ovulação apresentam pequenas variações entre fêmeas da mesma espécie, em função de fatores endógenos e exógenos. Quando não ocorre a fecundação, o intervalo médio entre os dois cios consecutivos é de 21 dias, e é denominado ciclo estral. O ciclo estral dos bovinos pode ser dividido em duas fases distintas. A primeira, fase folicular, é caracterizada pelo desenvolvimento do folículo, estrutura no ovário que contém o óvulo, e culmina com a liberação do mesmo (ovulação). A segunda, denominada de fase luteínica, é caracterizada pelo desenvolvimento do corpo lúteo. Esta estrutura, formada após a ruptura do folículo, produz progesterona, que é o hormônio responsáveI pela manutenção da gestação. Se o óvulo for fertilizado, o corpo lúteo será mantido caso contrário ocorrerá a regressão do corpo lúteo terá início uma nova fase folicular. Os eventos que ocorrem durante o cicio estral são regulados basicamente pela interação dos hormônios GnRH (hormônio liberador das gonadotrofinas), FSH (hormônio folículo estimulante), LH (hormônio Iuteinizante), estradiol e progesterona. 0 GnRH é produzido pelo hipotálamo, órgão localizado na base do cérebro, e regula a liberação das gonadotrofinas FSH e LH. 0 FSH e o LH, produzidos pela glândula pituitária (hipófise anterior), são responsáveis pelo desenvolvimento folicular e ovulação. Os hormônios estradiol e progesterona são produzidos pelas estruturas do ovário (folículo e corpo lúteo, respectivamente) e estão fígados à manifestação do cio e manutenção da gestação. HORMÔNIO FONTE FUNÇÃO GnRH Hipotálamo Promove a liberação do FSH e LH FSH Hipófise anterior Estimula o desenvolvimento folicular e a secreção de estrógenos LH Hipófise anterior Estimula a ovulação, formação e manutenção do corpo lúteo Estradiol Folículo (ovário) Estimula a manifestação do cio e a liberação de LH Progesterona Corpo lúteo (ovário) Manutenção da gestacão Fase folicular O período de desenvolvimento folicular, ou fase folicular, pode ser dividido em Proestro e estro. O período de Proestro, com duração de dois a trêsdias, é caracterizado pelo declínio nos níveis de progesterona, pelo desenvolvimento folicular e pelo aumento dos níveis de estradiol no sangue. Nessa fase, a liberação do GnRH pelo hipotálamo estimula a secreção de FSH e LH da glândula pituitária. Os elevados níveis de FSH no sangue induzem o desenvolvimento dos folículos e, em sinergismo com o LH, estimulam a sua maturação. Á medida que o folículo se desenvolve, aumenta a produção de estradiol pelos folículos, e após uma determinada concentração, o estradiol estimula a manifestação do cio e a liberação massiva do LH, dando início à segunda fase. No período de estro, a ocorrência de elevados níveis de estradiol, além de induzirem a manifestação do cio, são também responsáveis pela dilatação da cérvice, síntese e secreção do muco vaginal e o transporte dos espermatozoides no trato reprodutivo feminino. Durante o período de manifestação do cio, a vaca ou novilha fica inquieta, monta e deixa-se montar por outras vacas, reduz o apetite, diminui a produção de leite e apresenta corrimento muco vaginal claro e viscoso. A vulva e a vagina apresentam-se intumescidas e avermelhadas devido à elevada irrigação sanguínea, no entanto, o melhor sinal de manifestação do cio é quando se deixa montar por outra vaca, touro ou rufião. Fase luteínica Após o término da manifestação do cio, tem início o período de desenvolvimento do corpo lúteo, ou fase luteínica. A fase luteínica pode ser subdividida em metaestro e diestro. 0 metaestro, com duração de dois a três dias, tem como característica principal a ovulação que é a liberação do óvulo pelo folículo. Em bovinos, a ovulação ocorre geralmente de 12 a 16 horas após o término do cio. Após a ruptura do folículo, o óvulo é transportado para o iscal de fertilização porção média do oviduto, e as células da parede interna do folículo se multiplicam dando origem a uma nova estrutura, denominada corvo lúteo ou corpo amarelo. O corpo lúteo produz progesterona, que é o hormônio responsável pela manutenção da gestação. O período em Que o corpo lúteo passa a ser funcional, representado pela síntese e Liberação de elevados níveis de progesterona, é denominado de diestro. Entre as diversas fases do ciclo estral, o diestro é o de maior degradação (aproximadamente 5 dias). Se o óvulo for fecundado, o corpo lúteo será mantido e os níveis de progesterona permanecerão elevados durante a gestação. Caso não ocorra a fecundação, o corpo lúteo regredirá (ao redor de 17 dias após o cio) e os níveis de progesterona no sangue diminuirão, permitindo assim o desenvolvimento de um novo ciclo estral. Um dos mecanismos responsáveis pela destruição ao corpo lúteo (luteólise) é a ação de uma substância produzida pelo útero, denominada prostaglandina F2 (PGF2a). O corpo lúteo é mais sensível à ação luteolítica da prostaglandina à medida que envelhece (amadurece), ou seja, a partir do 10º dia do ciclo estral. O processo reprodutivo é composto de uma série complexa de eventos que ocorrem de uma forma ordenada e no tempo exato. Diversos fatores podem interromper este cicio reprodutivo causando infertilidade ou esterilidade. Anestro É o período de completa inatividade sexual, caracterizada pela ausência da manifestação de cio. O anestro ocorre principalmente durante o pós-parto e a lactação. A incidência e a duração ao anestro pós-parto variam nas diferentes raças bovinas de acordo com o nível nutricional, idade, produção de leite, intensidade e frequência da amamentação, época 3º parto, grau de involução do útero etc. O anestro ocorre também durante o período que antecede a puberdade das novilhas e durante a gestação. Determinadas condições patológicas dos ovários e do útero também contribuem para a incidência do anestro pós-parto. Retenção de placenta A placenta retida por mais de 12 horas após o parto é considerada como condição patológica e está associada a processos infecciosos, parto distócico, inércia uterina, indução do parto com dexametasona e partos gemelares. Sua incidência é mais comum em gado leiteiro e a fertilidade é prejudicada devido ao atraso na involução do útero. Prolapso com inversão do útero É quando parte do trato reprodutivo é projetada pela vagina e ocorre algumas horas após o parto. É mais comum em vacas pluríparas, estabuladas, partos gemelares e relaxamento excessivo dos ligamentos pélvicos. Sincronização com prostaglandina F2 A utilização da prostaglandina F2 para controle do cio e ovulação é recomendada apenas para animais com ciclo estral regular e que possuam um corpo lúteo funcional. Como a prostaglandina induz a regressão prematura do corpo lúteo (luteólise), ela só deve ser aplicada entre o 6º e o 18º dia do ciclo estral, quando o corpo lúteo é funcional, à medida que ocorre a maturação do corpo lúteo, ao redor do 10º dia do ciclo estral. O retorno ao cio ocorre a partir do segundo dia após o tratamento e a inseminação pode ser efetuada de acordo com a manifestação do cio, ou em horário predeterminado, sem a observação do cio. Sincronização com progesterona Consiste na aplicação de um progestágeno por determinado período de tempo, de modo a suprimir a manifestação de cio e a ovulação até que o corpo lúteo de todos os animais do grupo tratado tenha regredido. Após a retirada do estímulo, a concentração de cios e ovulações ocorre a partir do segundo dia. Este método, além de sincronizar o cio e a ovulação de fêmeas com cicios estrais regulares, estimula também a manifestação de cio e a ovulação de vacas e novilhas em anestro pós-parto. Inúmeros métodos de aplicação de progestágenos podem ser utilizados (adição na água ou ração, injeções diárias, pessários vaginais e implantes subcutâneos). No entanto, os implantes subcutâneos têm apresentado melhores resultados devido à simplicidade de uso e eficiência na sincronização. Este método, além de sincronizar o cio de vacas e novilhas com ciclos estrais regulares, estimula também a manifestação de cio e ovulação em novilhas pré-puberes e em vacas durante o anestro pós-parto. REFERÊNCIAS Site: <https://www.infoescola.com/medicina-veterinaria/ciclo-estral-dos-bovinos/> Acesso em: 16 de março de 2019. Artigo: <http://www.gege.agrarias.ufpr.br/Portugues/equideo/arquivos/reproducao.pdf> Acesso em 17 de março de 2019.