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1 Vias Energéticas Para realizar qualquer tipo de exercício ou atividade o organismo necessita de energia para realiza-la. A principal energia utilizada é a adenosina trifosfato (ATP). Ou seja, para toda atividade física realizada, sendo aeróbica ou anaeróbica provém da conversão de fosfatos de alta energia, adenosina trifosfato (ATP), em fosfatos de menor energia, adenosina difosfato (ADP). (CARNES, 2000). É durante a quebra dessas moléculas que são liberadas grandes quantidades de energia. De acordo com Maglische (1993), citado por Ferreira (1995), Cada uma das fontes energéticas tem capacidade de reciclar ATP com uma determinada velocidade, a qual dependerá do número de passos e processos que antecedam a libertação de energia. A duração e a intensidade do exercício é que vão determinar qual via de resíntese poderá ser seguida. Conforme descrito por Wilmore & Costill (1994); McArdle et al (1998), pode-se considerar que a célula produz ATP através de 3 sistemas, sendo eles: Sistema Anaeróbico Alático – Via dos Fosfagênios Sistema Anaeróbico Lático – Via Glicolítica Sistema Aeróbico – Fosforilação Oxidativa Neste trabalho serão abordados os sistemas anaeróbicos e quais as consequências na produção de lactato para o sabor e textura da carne animal. 1- Sistema Anaeróbico Alático – Via dos Fosfagênios: É uma das vias mais rápidas a ser utilizada pelo músculo pois não requer oxigênio e são poucas as reações químicas realizadas, além dos músculos já possuírem uma reserva de fosfocreatina (PCr) e ATP. (CORTESÃO, 2005). Durante o processo do gasto energético de contração muscular o aumento de ADP na célula sinaliza para que a enzima creatinofosfoquinase (CP-K) seja ativada para recuperar o ATP que foi utilizado. A enzima CP-K usa como substrato a fosfocreatina e o ADP, removendo o fosfato da creatina e colocando-o no ADP, recuperando assim a molécula de ATP. Essa reação é reversível, porém curta devido o estoque de creatina no organismo, e pode ser representada na seguinte figura: 2 Segundo Jones, et al (2007), ‘’A associação do ATP a creatina, ou seja, o sistema ATP-CP, fornece essa reserva de energia para a mais rápida e eficiente regeneração do ATP, se comportando como importante reservatório de energia utilizado na prática de exercícios de curta duração e alta intensidade. ’’ Na área da Educação Física esse sistema energético é muito utilizado nas corridas com duração menor que 10 segundos além de outros movimentos rápidos como chutes de bola, arremessos, cortes no vôlei e levantamentos de peso. (LAMP, 2016). 2- Sistema Anaeróbico Lático – Via Glicolítica Para uma produção rápida e eficiente de ATP, o organismo faz a hidrólise dos carboidratos, sendo os principais a glicose (C6H12O6) e o glicogênio armazenados no fígado, correspondendo assim a cerca de 99% dos açúcares presentes no sangue. A quebra dessas moléculas de glicose é conhecida como via glicolítica, sendo a segunda via anaeróbica mais eficiente. Em estado de jejum o glicogênio contido no fígado é desdobrado em glicose podendo participar também da via. (WILMORE & COSTILL, 1994; FAUSTINO, 2004). Através da via glicolítica, a glicose passa por 10 etapas onde é clivada para a obtenção de ATP. O produto final da via é o piruvato, conhecido também como ácido pirúvico. Em condições aeróbicas o ácido pirúvico se associa a coenzima A (Co-A) podendo seguir para o ciclo do ácido cítrico. Já em condições anaeróbicas através da enzima lactato desidrogenase é produzido ácido lático ou seu subproduto lactato. (MCARDLE et al, 2011). 3 A diferença entre estes dois compostos se dá através do hidrogênio (H+) presente no ácido lático, essa ligação varia conforme o Ph do ambiente. Porém, ambos os compostos têm sua função como ácidos que doam prótons. O Ph muscular é de 7,4 por isso nos mamíferos, a produção de ácido lático não seria viável, pois este é muito ácido (Ph= 3.2), sendo feito assim a produção do lactato. (IDE; LOPES; SARRAIPA, 2010). De acordo com a Caderneta Esportiva de Fisiologia do Exercício produzida pela Fundação Vale, com o apoio da UNESCO (2013) ‘’ o acúmulo de lactato altera o equilíbrio ácido-base da célula, atuando diretamente na redução do pH intracelular e diminuindo, assim, a produção da ATP. ‘’ Consequências da produção de lactato para o sabor e textura da carne animal Para a obtenção de uma carne de qualidade é importante que o animal passe pelo menor número possível de fatores estressantes como medo, ansiedade, calor ou corridas. Já que estas atividades requerem gastos energéticos de ATP. Animais que não sofreram estresse tem uma queda gradativa na acidificação da carne (Ph), porém animais que tem estresse prolongado têm sua carne classificada como DFD e seu Ph não cai. (ALENCAR, 2012). De acordo com Alencar (2012) animais que passam por estresse apresentam: ‘’um maior gasto de energia, no momento em que os animais são abatidos há muito menos energia (glicogênio) nos músculos, com isso menos ácido lático pode ser formado após o abate e a carne não acidifica normalmente, o pH permanece elevado após 24 horas. Esse pH elevado reduz a desnaturação proteica do músculo e a água fica retida no interior das fibras musculares, a carne tem cor escura, textura firme e seca. ‘’ Sendo assim, o Ph da carne influencia diretamente em seu sabor. A acidez ideal é entre 5,4 e 5,8. Com esses valores, a acidez tende a inibir ações proteolíticas de microrganismos e uma menor retenção de líquidos, reduzindo assim a proliferação bacteriana e aumentando a conservação da carne. (ALENCAR, 2012). 4 O gráfico a seguir mostra as diferenças entre carnes com Ph normal e de uma carne DFD com a relação de horas após o abate: Fonte: ALENCAR; STEPS, 2012. Pesquisadores da UNICAMP do departamento de Engenharia de Alimentos comprovam estes dados através de testes em carnes bovinas que sofreram estresse no abate. As carnes foram assadas a uma temperatura de 180°C e apresentaram um Ph alto, além de ficarem duras, escuras e secas em relação a carnes com Ph ácido. (G1, 2011). Referências Bibliográficas: - ALENCAR, L. C. O bem-estar animal e seu efeito na qualidade da carne bovina. 2012 Disponível em: <http://sites.beefpoint.com.br/mypoint/o-bem-estar-animal-e-seu-efeito-na- qualidade-da-carne-bovina/> Acesso em: 25/05/19 - CARNES, J. Training the Energy Systems. Track and Field Coaches. 2000. Disponível em: <https://www.coacheseducation.com/phys/EngSys.php> Acesso em: 22/05/19 - CORTESÃO, M. I. P. A importância da recuperação em esforços de características latícas. Universidade de Coimbra - Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física. 2005. Disponível em: <https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/16160/1/Recupera%C3%A7%C3%A3o%20em%2 0esfor%C3%A7os%20de%20caracter%C3%ADsticas%20l%C3%A1cticas.pdf> Acesso em: 22/05/19 - FAUSTINO, S. I. V. Avaliação da Performance Anaeróbia e Estado de Fadiga em Exercício de Curta Duração. Dissertação de licenciatura apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física. 2004. Disponível em: <https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/17553/1/Monografia.pdf> Acesso em: 24/05/19 5 - FERREIRA, M. A Prova de 200 m Mariposa. Dissertação de Mestrado. Universidade do Porto. 1995 - FUNDAÇÃO VALE. Caderno de Fisiologia Esportiva. Fisiologia do exercício. – Brasília: Fundação Vale, UNESCO, 2013. Disponível em: <file:///E:/Nutri%C3%A7%C3%A3o/Livros%20e%20PDF/Caderno-de-Refer%C3%AAncia- Esporte-Fisiologia-do-Exerc%C3%ADcio.pdf>Acesso em: 24/05/19 - G1, Globo. Testes comprovam que estresse interfere na qualidade da carne. Matéria publicada em 01/05/2011 09h10 - Atualizado em 01/05/2011 10h28. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/agronegocios/vida-rural/noticia/2011/05/testes-comprovam- que-estresse-interfere-na-qualidade-da-carne.html> Acesso em: 25/05/19 - IDE, B. N.; LOPES, C. R.; SARRAIPA, M. F. Fisiologia do treinamento esportivo: força,potência, velocidade, resistência, periodização e habilidades psicológicas. São Paulo: Phorte Editora, 2010. - JONES, A. M. et al. Influence of endurance training on muscle [PCr] kinetics duringhigh- intensity exercise. Environmental, Exercise and Respiratory Physiology. 2007. Disponível em: <https://www.physiology.org/doi/full/10.1152/ajpregu.00056.2007> Acesso em: 22/05/19 - LAMP, C. R. Fisiologia do exercício aplicada à educação física escolar. Congresso Estadual de Educação Física escolar e esporte. SEDUC - Rondônia. 2016. Disponível em: <http://www.seduc.ro.gov.br/educacaofisica/images/CONGRESSO_ED_FIS/Prof_Cesar_fisi ologia.pdf> Acesso em: 22/05/19 - MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição e desempenho humano. 7.ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2011 - WILMORE, J. COSTILL, D. Fisiologia del Esfuerzo y del Deporte. Terceira edição. Barcelona: Editorial Paidotribo. 1994. Disponível em: <http://www.paidotribo.com/pdfs/891/891.i.pdf> Acesso em: 22/05/19
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