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Transcrição Patologia Clínica 2 – AV2 – Aula 2 Função Cardíaca O teste escolhido para avaliar a função cardíaca deve ter alta sensibilidade, para detectar lesão cardíaca, e alta especificidade, para detectar a presença de uma possível lesão cardíaca (Não detectar a ausência de lesão cardíaca); Rápida liberação em níveis detectáveis. Por exemplo: Há enzimas que conseguem detectar uma lesão no miocárdio mais precocemente quando comparadas a outras; Correlacionar-se com a extensão da lesão. Tal fato é visto no CKMB. Quanto maior a quantidade/coloração observada no teste enzimático, maior a extensão da lesão do miocárdio. Vale lembrar que não são todas as enzimas que analisamos que permitem observar a extensão de uma lesão; Meia-vida longa; Nem sempre todas as enzimas/mediadores apresentam todas essas características citadas anteriormente; O teste precisa ter alta sensibilidade (ser detectado em baixos níveis), alta especificidade (deve haver poucos fatores que interfiram com o resultado), além disso, deve ser um teste rápido, fácil e barato; Um ponto interessante para conseguir observar se de fato o resultado é positivo é a partir da elaboração de uma curva enzimática. As coletas devem ser feitas, em geral, na admissão do paciente, na terceira hora, sexta hora e nona hora posterior. A partir disso, pode-se verificar se o que foi observado, por exemplo, na terceira hora condiz com o que foi observado na nona hora. Exemplo: O CK-MB não é liberado tão rapidamente quando há a presença de uma lesão. Pode ser que no primeiro momento o paciente esteja com uma lesão no miocárdio, mas o CK-MB ainda não ter sido liberado no plasma ou no plasma. Dessa forma, é importante fazer essa curva enzimática, tanto para o CKMB, troponina, mioglobina, entre outros; O resultado das coletas seriadas, juntamente com o ECO e a condição clínica do paciente são necessários para diferenciar o IAM de outras doenças cardiovasculares. Tipos de marcadores cardíacos: Enzimas cardíacas: CK; LDH (lactato desidrogenase); Proteínas cardícas: Mioglobina; Troponina; Proteína ligadora de ácidos graxos; Prognóstico e risco (Não é diretamente ligada a diagnóstico, mas são utilizadas para tentar observar se o paciente pode desenvolver uma lesão no miocárdio): Proteína C reativa (associada com inflamação); Mieloperoxidase; Homocisteína; Taxa de filtração glomerular. CK (Creatino quinase): Pode ser secretado no músculo cardíaco (CK2 – CK-MB – 10% a 20% estão no músculo cardíaco, mas também pode ser secretado pelo músculo esquelético, aproximadamente 2%), no músculo esquelético (CK3 – CK-MM) e até mesmo no cérebro (CK-BB); Maratonistas podem ter uma elevação de CK-MB só que essa creatino quinase não está associada a uma lesão no miocárdio, e sim ao que pode estar sendo secretado pelo músculo esquelético durante um esforço intenso; Os três tipos de CK apresentam padrão diferenciado na eletroforese; Macro-CKs: Tipo 1 (CK-BB e imunoglobulina) e tipo 2 (CK mitocondrial). CK-MB: Alta especificidade pelo tecido cardíaco; Começa a se elevar no soro ou no plasma no período de 4hrs a 6hrs após o início do infarto; Pico em aproximadamente 12hrs; Volta a ter o seu valor normalizado em 24-36hrs; Pode ser utilizado para indicar um re-infarto precoce se o nível se normalizar e depois subir novamente (marcador de escolha para avaliar re-infarto); Limitações da CK-MB: Injúria do músculo esquelético; Corredores de maratona; Insuficiência Renal Crônica; Hipotireoidismo (Na fase inicial do hipotireoidismo pode ter uma elevação do CK-MB); Índice de CK-MB: CK-MB: Métodos de medição: Técnica 1: Atividade enzimática; Técnica 2: CK-MB massa; O teste da atividade enzimática é bem clássico, porém hoje já não é muito utilizado. Para avaliar o CK-MB por meio desse teste é preciso que a enzima esteja na forma ativa. Nesse teste a quantidade de enzima é medida através do consumo de substratos; Os laboratórios não utilizam muito esse teste de atividade, pois quando há uma lesão no miocárdio o CK-MB não necessariamente está totalmente ativo e esse teste só detecta a atividade; Abaixo é possível observar como age o teste da atividade enzimática do CK-MB: Técnica imunológica: São utilizados anticorpos monoclonais, que medem a massa da enzima existente na amostra. Nesse teste é possível identificar tanto o que está ativo quando o que está inativo; Abaixo é possível observar o método de massa: Porque os testes de massa são mais confiáveis que os testes de atividade: Melhor sensibilidade analítica e diagnóstica; CK-MB detecta enzimas ativas e inativas o que confere maior sensibilidade; Testes de massa detectam lesão no miocárdio 1 a 2 horas antes do que os testes de atividade; Menos resultados falsos positivos; Possuem pouca ou nenhuma interferência com macromoléculas e hemólise; No caso da ausência de CK-MB em laboratório deve-se utilizar o CK total (diminui a confiabilidade do teste, pois avalia todas as CK). Deve-se considerar aumentos maiores ou iguais a 2 vezes o valor de referência superior. Características laboratoriais: Pode ser encontrado no soro ou no plasma; Pode ser armazenado a temperatura ambiente por 12 horas. Após 12 horas deve ser armazenado na geladeira a 4 graus por 3 dias. Também pode armazená-lo a uma temperatura de menos 20 graus por 1 mês; Resultados acima de 300 ng/ml devem ser repetidos e diluídos; CKMB enzimático no homem: 38 a 174 U/L. Na mulher: 26 a 140 U/L; CKMB massa: 0 a 3,6 ng/ml; Infarto agudo: CK-MB maior que 5 ng/ml e índice relativo maior que 4; Não infarto: CK-MB menos que 5 ng/ml e índice relativo não detectável; Zona cinzenta: CK-MB = 5 ng/ml e índice relativo menor que 4. Mioglobina: Proteína transportadora de oxigênio contida no músculo estriado (tanto o cardíaco quanto o esquelético); Liberada rapidamente. 1 a 2 horas após o início do infarto já começa a ter liberação da proteína mioglobina. Ela é liberada pelo músculo cardíaco por um tempo limitado, ela não chega há ficar muito tempo no soro/plasma, mas consegue chegar rapidamente ao soro/plasma; Desvantagem: Rapidamente liberada pelo rim. Ela é filtrada e liberada na urina muito rapidamente. Em 24 horas já começa a ter uma redução drástica dessa mioglobina; Testes com sensibilidade e especificidade alta para o Infarto Agudo do Miocárdio; Abaixo é possível verificar uma comparação entre os tempos de aumento/diminuição dos níveis de mioglobina e CKMB no soro/plasma: Tanto a mioglobina quanto o CK-MB vão permitir um diagnóstico de IAM, porém a mioglobina não está muito associada, segundo a literatura, a uma possível determinação da extensão de uma lesão do miocárdio. Já o CK-MB permite essa associação entre seus níveis e a extensão dessa lesão; Características laboratoriais: Pode ser encontrada no soro ou no plasma; Armazenamento de 2 a 8 graus durante 7 dias e menos 20 graus durante 1 mês. Não é possível um armazenamento a temperatura ambiente como ocorria com a CK-MB; Resultados acima de 1000 ng/ml (valor observado quando o paciente libera taxas muito altas de mioglobina). Então, é preciso repetir o resultado e fazer uma diluição para obter um resultado confiável; Intervalos de referência no homem: 16 a 96 ng/ml. Em mulheres: 9-82 ng/ml; Apesar de CK-MB ser utilizada com mais frequência para a avaliação de re-infarto, a mioglobina também pode ser utilizada com essa finalidade; Abaixo é possível observar ográfico comparativo entre mioglobina (vermelho), CK total (amarelo) e CK-MB (verde): Troponina: Em relação a avaliação de um IAM os marcadores mais utilizados são: CK-MB, mioglobina e troponina; Proteína regulatória no músculo estriado; Classificação: TnC, TnI e TnT. A TnT e a TnI estão relacionadas a problema cardíaco; A troponina consegue ficar muito mais tempo no soro ou no plasma; Ela é útil no diagnóstico de IAM e na estimativa de angina estável; Ponto negativo dessa proteína: Pode haver uma liberação da troponina, com consequente aumento no soro/plasma, por conta de uma angina que não necessariamente estaria associada a uma lesão no miocárdio; Ela é detectada principalmente no soro; Aparece de 4 a 6 horas após o infarto no soro; Pico em torno de 12 horas, permanecendo elevada por até 7 dias. Essa elevação por 7 dias e a grande vantagem da troponina; Desvantagens: Presente no tecido muscular de regeneração, pois também está associada com o músculo esquelético; Elevada em pacientes renais; Elevada em pacientes com pneumonia; Elevada em pacientes diabéticos com comprometimento renal; Alguns laboratórios fornecem resultados qualitativos (se é positivo ou negativo no soro) deixando, assim, de fornecer os dados quantitativos; Troponina I: Apresenta sensibilidade absoluta para detectar IAM; Teste mais específico para lesão do miocárdio; A troponina I é um pouco mais específica que a troponina T; Aparece de 4 a 6 horas no plasma após a dor, atinge picos em 12 horas e permanece elevada por até 7 dias; Desvantagem: Não consegue se elevar antes de 4 a 6 horas, então apresenta uma sensibilidade diagnóstica menor que a mioglobina; Armazenamento durante 14 dias de 2 a 8 graus e menos 20 graus por 8 semanas; Resultados maiores que 40 ng/ml precisam ser repetidos e diluídos; Intervalo de referência: 0 – 0,05 ng/ml (Quando o laboratório consegue fornecer resultado quantitativo); Abaixo é observada a comparação entre troponina T, troponina I e CK-MB: Lactato Desidrogenase (LDH): Essa enzima atua principalmente na conversão de piruvato em lactato; Todas as células de mamíferos possuem a LDH; O lactato é o produto final da glicólise em condições anaeróbias; O LDH elevado está associado com existência de uma severidade aguda ou danos teciduais crônicos e, em algumas vezes, com doenças progressivas. Também pode ser usado para a detecção de órgãos afetados; LDH se apresenta na forma de 5 isoenzimas, que diferem ligeiramente nas suas estruturas; Abaixo há as 5 formas de apresentação desse LDH: É uma forma indireta de se avaliar o IAM/ LDH-1 e LDH-2 estão associados ao músculo cardíaco; Normalmente, a concentração de LDH-2 é maior que a de LDH-1. No entanto, quando ocorre um infarto há uma inversão, visto que tem uma maior liberação de LDH-1 em detrimento de LDH-2; Nível de LDH cresce em um período de 24 a 48 horas, chegando ao pico em 2 a 3 dias e irá retornar ao normal em 10-14 dias; Não é específico para o IAM; Na maioria dos casos, pede-se o nível de troponina e de CK e CK-MB ao invés de LDH. Mieloperoxidase e Homocisteína: Não indicam se o tecido está ou não lesionado, e sim mostram que pode haver uma lesão no tecido por conta, por exemplo, de uma aterosclerose. Indicam o prognóstico; A mieloperoxidase (MPO) é uma hemoproteína secretada na circulação pelos neutrófilos, que pode estar associada ao processo de aterosclerose. A MPO interage com a peroxidase e libera radicais livres aumentando, assim, o dano oxidativo. A MPO está muito associada ao processo de aterosclerose. Então, de uma forma indireta isso pode provar com IAM caso não seja resolvido; A Homocisteína é produzida, principalmente, após a ingestão de carnes e laticínios. Ela surge como um produto do metabolismo da metionina e é convertido em cistationa; O excesso de homocisteína no sangue provoca o aumento do risco de coágulos e entupimento das artérias, e contribui para a formação de depósitos de gordura na parede dos vasos (pode causar aterosclerose). Futuramente pode causar um IAM; É a homocisteína, e não o colesterol, a substância que dá início as lesões vasculares que causam o infarto; Abaixo segue o quadro comparativo de todos os marcadores: Abaixo segue a sensibilidade da CK-MB, troponina e mioglobina:
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