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RELATÓRIO DO LABORATÓRIO 01 DE MECÂNICA DOS FLUIDOS II : ANÁLISE DA VISCOSIDADE Antonio Henrique Venancio Rodrigues, henrique_antoniovr@hotmail.com1. Bruno Bandeira de Melo Silva, brunobandeira20@gmail.com1 Fabricio Pereira Feitoza da Silva, fabriciopfsilva@gmail.com1 Josenilton dos Santos Lopes, niltonlopes22@hotmail.com1 Sandro Cácio de Medeiros Junior, cacio_juninho@hotmail.com1 1Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Av. Senador Salgado Filho, 3000, Lagoa Nova. Natal-RN. Resumo: O propósito deste relatório realizado na primeira aula prática de Mecânica dos Fluidos II é analisar o comportamento de um fluido desconhecido e de uma mistura, determinando as seguintes características: viscosidade, tensão de cisalhamento e taxa de deformação, com os resultados determinar se o fluido é ou não newtoniano. Sendo um fluido newtoniano e um óleo, determinar sua classificação SAE, caso for um fluido não newtoniano, classificá-lo em relação ao seu tipo e calcular o índice de comportamento do escoamento e de consistência. A prática ocorreu com o auxílio de dois viscosímetros rotacionais de cilindros concêntricos, para a obtenção de rotação e viscosidade. Analisando os resultados conclui-se que a mistura é um fluido não-newtoniano, Dilatante, e o óleo ensaiado possui propriedades características do Óleo SAE 30, considerado um fluido newtoniano, os resultados experiemntais são bastante satisfatórios, para um nível acadêmico Palavras-chave: viscosímetro, fluido newtoniano e não newtoniano, classificação SAE. 1. INTRODUÇÃO Quando tensão de cisalhamento é aplicada a um elemento fluído, ele sofrerá uma deformação, a relação entre essa tensão de cisalhamento e taxa de deformação do fluído pode ser usada para definir categorias de fluídos. Os fluídos para os quais a tensão de cisalhamento é proporcional a taxa de deformação são os newtonianos, pois seguem a lei de Newton para a viscosidade, a qual relaciona tensão de cisalhamento e deformação por uma constante de proporcionalidade chamada de viscosidade absoluta (ou dinâmica) µ, sendo no SI dada por Kg/(m.s) ou Pa.s. Para os que a tensão de cisalhamento não é proporcional a taxa de deformação, são chamados de não newtonianos, para esses a constante de proporcionalidade é a viscosidade aparente, a diferença entre a absoluta e a aparente é que a primeira é constante e a segunda varia com a taxa de deformação. De acordo com o comportamento da viscosidade aparente podemos identificar o tipo de fluído não newtoniano, tal que se a viscosidade aparente decresce, o fluído é pseudoplástico e se cresce é chamado dilatante. Uma terceira classificação para fluídos não newtonianos é dada àqueles que se comportam como um sólido até que uma tensão limítrofe 𝜏𝑥𝑦, seja excedida e, subsequentemente, exibe uma relação linear entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação é denominado plástico de Bingham ou plástico Ideal (FOX et al., 2014) A partir desses conceitos fomos ao laboratório adquirir dados de dois fluídos distintos, a fim de determinar dentre eles qual era o newtoniano e o não newtoniano, determinado isso, identificamos a categoria SAE para o newtoniano e o tipo do não newtoniano dentre os citados acima e ainda calculamos os índices de comportamento do escoamento e o índice de consistência do fluido. 2. METODOLOGIA No laboratório de mecânica dos fluidos foi possível determinar as propriedades reológicas de dois fluidos. Figura (1) demonstra os materiais utilizados nos experimentos. (a) (b) (c) (d) Figura 1: (a) Viscosímetro Rotativo Microprocessador Quimis; (b) Viscosímetro Rotativo ViscoTester 6L, ThermoHaake; (c) Proveta contendo amostra de óleo; (d) Recipiente cilíndrico fabricado em vidro com a mistura (água com maisena). 2.1. Procedimento Experimental Inicialmente foi observado um nível de bolha na parte superior do viscosímetro antes de iniciar o ensaio. No viscosímetro Fig.1b, utilizou a palheta L2, em seguida elevou o recipiente com a mistura Fig.1d até emergir toda a palheta. Após isso, foram coletados diversos valores de viscosidade (cP) em diferentes velocidades (rpm). O segundo ensaio foi realizado no viscosímetro Fig. 1a, utilizando uma haste tipo 2. O óleo contido na Fig.1c foi elevado até emergir a haste. Em seguida novos valores de viscosidades (µ) foram obtidas em diferentes velocidades (rpm) 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados da viscosidade e velocidade do óleo, e da mistura (água com maisena) obtida na prática do laboratório a partir do viscosímetro rotativo. Tabela (1) e (2) mostra os valores obtidos. Tabela 1: Resultados experimentais obtido para o óleo. N (rpm) N (Hz) µ (Pa.s) τxy (Pa) 10 0,1667 0,3215 0,0536 20 0,3333 0,3366 0,1122 30 0,5000 0,3363 0,1682 40 0,6667 0,3388 0,2259 50 0,8333 0,3418 0,2848 60 1,0000 0,3443 0,3443 Tabela 2: Resultados experimentais obtidos para a mistura água com maisena. N (rpm) N (Hz) 𝜂 (Pa.s) τxy (Pa) 20 0,3333 0,060 0,0200 30 0,5000 0,061 0,0305 50 0,8333 0,065 0,0542 60 1,0000 0,068 0,0680 100 1,6667 0,085 0,1417 Para o óleo foi possível observar que as leituras de viscosidade permaneceram constantes com aumento da velocidade de cisalhamento aplicada, com apenas pequenas variações devido aos erros experimentais. Com isso foi possível inferir que tratamos de uma mostra de óleo com características de um fluido newtoniano. Para esse caso devemos levar em consideração que o índice de consistência do fluido (K) é igual a viscosidade dinâmica (µ) e, o índice de comportamento do escoamento é igual a um (n=1). Equação (1) mostra como foi determinada a tensão de cisalhamento para um fluido newtoniano. 𝜏xy = g𝜇 ( 𝑑𝑢 𝑑𝑦 ) 𝑛 (1) Sendo: 𝜏xy = Tensão Cisalhamento [Pa]; 𝜇 = Viscosidade Absoluta ou Dinâmica [kg/m.s] ou [Pa.s]; 𝑑𝑢 𝑑𝑦 = Taxa de Deformação ou Taxa de Cisalhamento [s-1]. Na mistura água com maisena é possível perceber um comportamento diferente da primeira amostra. Na medida em que aumenta a velocidade de cisalhamento observou um pequeno aumento na viscosidade, a partir de 100 rpm o valor da viscosidade aumentou consideravelmente, características de um fluido Dilatante, não newtoniano. Equação (2), mostra como foi determinada a tensão de cisalhamento para fluido não newtoniano. 𝜏xy = k g ( 𝑑𝑢 𝑑𝑦 ) 𝑛−1 ( 𝑑𝑢 𝑑𝑦 ) = 𝜂 ( 𝑑𝑢 𝑑𝑦 ) (2) Sendo: 𝜂 = Viscosidade aparente; k = Índice de consistência do fluido; Onde 𝜂 é a viscosidade aparente que varia de acordo com a taxa de cisalhamento. Após obter os dados de tensão de cisalhamento de ambos os fluidos foi possível construir os gráficos. A Figura (2) representa um fluido newtoniano onde a tensão de cisalhamento é diretamente proporcional a taxa de deformação e, na Figura (3) um fluido não newtoniano com viscosidade crescente na medida em que taxa de deformação cresce (Dilatante). Figura 2: Tensão de cisalhamento do óleo. Fonte: própria (2019) Figura 3: Tensão de cisalhamento da mistura. Fonte: própria (2019) Os fluidos não newtonianos são geralmente classificados como tendo comportamento independente ou dependente com o tempo (FOX et al., 2011). Observando a Figura (4) é possível afirmar que a mistura apresenta característica de um fluido nãonewtoniano dilatante, observa-se que a viscosidade varia conforme varia a taxa de formação, mais precisamente um fluido dilatante. Linearizando a Eq.(2) e calculando os índices n e k, usando os valores de viscosidade dinâmica (µ) e da taxa de deformação (N), Tab.(2), vemos que a mistura apresenta um valor de 0,547 para k e 1,2132 para n, sendo n > 1, portanto um fluido não newtoniano dilatante. Na Figura (5), percebe-se que o comportamento da viscosidade aparente (𝜂) permanece praticamente constante, no valor médio de 0,3365, enquanto varia a taxa de deformação, caracterizando um fluido newtoniano. Figura 4: Viscosidade aparente da mistura. Fonte: própria (2019) 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 Te ns ao de ci sa lha me nto , (P a) Taxa de deformaçao, du/dy0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 Te ns ao de ci sa lha me nto , (P a) Taxa de deformaçao, du/dy 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 Vis co sid ad e a pa ren te, (Pa .s) Taxa de deformaçao, du/dy Dilatante Figura 5: Viscosidade aparente do óleo. Fonte: própria (2019) De acordo com Çengel e Cimbala (2007), para a viscosidade no valor médio de µ = 0,3365 (Pa,s) encontrada nesse trabalho, Tab.(1), considerando as aproximações, à temperatura 20ºC e pressão 1 atm, o óleo apresenta uma classificação SAE 30. . Tabela 3. Viscosidades dinâmicas de alguns fluidos a 1 atm e 20 ° C (Çengel e Cimbala, 2007). Reduzido. 4. CONCLUSÃO A partir das análises feitas através dos resultados obtidos, pode-se aproximar-se que o óleo trabalhado em laboratório se trata de um fluido newtoniano, Óleo SAE 30, pois, a tensão de cisalhamento é proporcional à taxa de deformação, e também apresenta viscosidade constante para diferentes taxas de deformação. A mistura (água e maizena) constatou-se ser um fluído não newtoniano, pois, a tensão de cisalhamento não é proporcional à taxa de deformação, e do tipo Dilatante, pois, na medida em que aumenta a velocidade de cisalhamento observou-se aumento na viscosidade, tendo o índice de escoamento do comportamento do escoamento (n = 1,2132) , sendo maior que um e o índice de consistência (k = 0,0547). A necessidade de aproximação nos resultados dar-se pelas condições do experimento não ideais, como: mistura preparada por longo tempo, haste ligeiramente desalinhada e não controle de temperatura, porém pelo nível acadêmico do nosso estudo, não comprometeu seus resultados, sendo bastante satisfatórios. 5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brunetti, F., 2008, “Mecânica dos Fluidos”. 2ª Ed., São Paulo, SP: Pearson Prentice Hall, 431p. Çengel, Y.A. e Cimbala, J.M., 2007. “Mecânica dos Fluidos - Fundamentos e Aplicações”, McGraw-Hill Interamericana do Brasil Ltda, 819 p. Fox, R. W., Mcdonald, A. T. E Pritchard, P. J., 2014, “Introdução à Mecânica dos Fluidos”, 8 Ed, LTC, Rio de Janeiro, 710 p. Viscosidade nos Líquidos. UFMS. Disponível em: <http://www.ufsm.br/gef/VisLiq.html> Acesso em: 19 fev. 2019.. Bird, Stewart Lightfott; Fenômenos de Transport. Ed 2ª 2004Clark, J.A., 1986, Private Communication, University of Michigan, Ann Harbor. 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 Taxa de deformaçao, du/dy Vis co sid ad e a pa ren te, (Pa .s) Newtoniano