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AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA PRONTA

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EXECELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA E AUTARQUIAS DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS.
Processo nº: XXX
VELOZ LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ XXX, com sede à Rua XXX, Bairro XXX, Cidade XXX, Estado XXX, neste ato representada por seu representante legal, XXX, nacionalidade XXX, estado civil XXX, profissão XXX, inscrito sob CPF nº XXX, portador da carteira de identidade XXX, residente e domiciliado a Rua XXX, Bairro XXX, Cidade XXX, Estado XXX, por seu advogado (procuração anexa), vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 1009 e seguintes do Código de Processo Civil, vem por meio da presença de Vossa Excelência, interpor recurso de APELAÇÃO em face do MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS GERAIS, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ XXX, com sede à Rua XXX, Bairro XXX, Cidade XXX, Estado de Minas Gerais, neste ato representado pelo Promotor de Justiça em exercício, conforme os fatos e fundamentos que passam a expor:
Pede deferimento. 
Local XXX, Data XXX
ADVOGADO XXX
OAB XXX
Razões Recursais, ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. 
Apelante: VELOZ LTDA
Apelado: Ministério Público de Minas Gerais
1 – DA SINTESE DA DEMANDA
Em 25/11/2016, o Ministério Público de Minas Gerais ajuizou ação de improbidade administrativa exclusivamente em face da sociedade empresária Veloz Ltda. e de seu antigo administrador, Marcelo Montes de Miranda, por infração ao disposto no Art. 10 da Lei nº 8.429/92, em decorrência de se haver beneficiado, por dispensa indevida de licitação, do contrato de compra de veículos oficiais para a Assembleia Legislativa, firmado em 03/04/2010 pela autoridade competente, deputado estadual Presidente daquela Assembleia, cujo mandato terminou em 31/01/2011. 
No curso da fase probatória, restou demonstrado que a dispensa de licitação foi efetivamente indevida por ato de exclusiva responsabilidade do citado deputado estadual, bem como ficou caracterizada a sua culpa na formalização do contrato. Igualmente, verificou-se que os veículos foram entregues em momento oportuno e que foi cobrado preço compatível com o mercado, além de comprovada a boa reputação da sociedade empresária Veloz Ltda., de modo que todas as suas obrigações contratuais foram cumpridas. 
Na sentença, o Juízo da 2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca da Capital do Estado de Minas Gerais julgou procedente o pedido, condenando tanto a sociedade Veloz Ltda. quanto o antigo administrador Marcelo Montes de Miranda às seguintes penas previstas no Art. 12, inciso II, da Lei nº 8.429/92: 
(I) 	ressarcimento ao erário consistente na devolução de todos os valores recebidos com base na contratação indevida; 
(II) 	multa civil de quatro vezes o valor do dano; e 
(III) 	proibição, pelo prazo de dez anos, de contratar com o Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual fossem sócios majoritários. 
Inconformados com a condenação, mantida mesmo após a oposição de embargos de declaração, não restou alternativa senão interpor o presente recurso de apelação. 
Em síntese esses são os fundamentos.
2 - FUNDAMENTOS JURÍDICOS
2.1 - DA COMPETÊNCIA
O artigo 1010 do CPC dispõe: 
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: 
§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões.
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade.
Assim, a presente apelação será dirigida ao Juízo da 2ª vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca da capital do Estado de Minas Gerais, onde será ofertado o prazo para apresentação de contrarrazões e consequentemente remetido do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
2.2 – DA LEGITIMIDADE, TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO. 
O Artigo 1009 caput e seguintes do CPC dispõem:
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes;
II - a exposição do fato e do direito;
III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
IV - o pedido de nova decisão.
São legítimos para interpor o recurso de apelação quaisquer das partes que são alvo da uma sentença, objetivando a reforma ou a nulidade da decisão. Diante disso, tento em vista que a apelante foi alvo de sentença condenatória, a mesma se torna legitima para interpor o presente recurso, e, consequentemente, o MP, apelado, será o legitimado passivo.
Ainda nesse sentido, no tocante ao cabimento do recurso, o caput do artigo 1009 é claro no sentido que da sentença cabe apelação, portanto, cabível o presente recurso.
Já o artigo 1003 caput e § 5º do CPC dispõe:
Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.
§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.
Pelo fato dos autos serem físicos, e, devido à intimação da apelante ter ocorrido na ultima quinta-feira (16/05/2019), a presente apelação interposta hoje (06/06/2019) é tempestiva, tendo em vista que se passaram 15 dias úteis da intimação da decisão. 
2.3 - DA PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA 
O artigo 3º da lei 8429/92 dispõe:
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
 	No caso em tela a demanda foi ajuizada exclusivamente em face da sociedade empresária Veloz Ltda., ora apelante, e de seu antigo administrador, Marcelo Montes de Miranda, não sendo incluído no polo passivo o agente público responsável, o que vai de encontro com o disposto no artigo 3º da lei acima exposta, que exige a concorrência do agente particular com o público, o que não ouve no presente caso, uma vez que restou demonstrado que a dispensa de licitação foi efetivamente indevida por ato de exclusiva responsabilidade do citado deputado estadual presidente (agente público), bem como ficou caracterizada a sua culpa na formalização do contrato. 
Diante do exposto, deve o Egrégio Tribunal de Justiça reconhecer a ilegitimidade passiva da apelante e sua consequente exclusão da lide, nos termos do artigo 3º da lei 8429/92. 
2.4 – DA PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA 
O artigo 23, I da lei 8429/92 que versa sobre as hipóteses de prescrição, dispõe:
Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
I - até cinco anos após o término do exercício de mandato, de cargo em comissão ou de função de confiança;
Extrai-se do referido dispositivo que a prescrição da pretensão punitiva para a ação de improbidade administrativo é de 5 anos. 
Considerando que o termo inicial para a contagem do prazo para particulares é o mesmo aplicável ao agente público acusado da prática da ilicitude, ou seja, o término do mandato de deputado estadual que ocorreu em 31/01/2011, e, considerando o ajuizamento da ação pelo MP em 25/11/2016, encontra-se prescrita a pretensão punitiva desde o dia 31/01/2016, devendo o Egrégio Tribunal de Justiça reconhecer a prescrição e extinguir o processo com resolução do mérito, nos termos do artigo 487, II do CPC. 
2.5 – DO MÉRITO 
Na remota hipótese de não serem acolhidas as preliminares suscitadas, passamos as questões de mérito.
2.5.1 - INEXISTÊNCIA DE LESÃO AO ERÁRIO E DESNECESSIDADE DE RESSARCIMENTO INTEGRAL DO DANO – ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
	O Juízo de primeiro grau condenouo apelante juntamente com o antigo administrador da empresa, Marcelo Montes de Miranda ao ressarcimento ao erário consistente na devolução de todos os valores recebidos com base na contratação indevida.
Cumpre ressaltar que não há de se falar em ressarcimento ao erário, considerando que foram cobrados preços compatíveis com os de mercado para a aquisição da frota de veículos oficiais conforme ficou cabalmente comprovado nos autos, portanto, não há como enquadrar a conduta da apelante ao rol do artigo 10º da lei 8429/92 que trás os atos de improbidade administrativa que causam danos ao erário. Ademais, ressarcir o erário implicaria em enriquecimento ilícito por parte da administração pública, nos termos do artigo 884 do Código Civil, uma vez que a frota de veículos foi recebida pela assembleia, vejamos o que dispõe o artigo do Código Civil:
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Dessa forma, a referida decisão merece ser reformado no sentido isentar a apelante de qualquer responsabilidade ou condenação, pela inexistência de ato de improbidade, e, consequentemente isentar a apelante de ressarcir o erário, sob pena de enriquecimento ilícito da administração pública.
 
2.5.2 – ILEGALIDADE DA MULTA FIXADA E DA PROIBIÇÃO DE CONTRATAR COM PODER PUBLICO.
O Juízo de primeiro grau condenou a multa civil de 4 vezes o valor do dano, o que claramente soa abusivo e vai sentido contrário ao que dispõe a lei de improbidade administrativa. Além disso, o apelante foi proibido, pelo prazo de dez anos, de contratar com o Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual fossem sócios majoritários. . 
O artigo 12, inciso II, da Lei nº 8.429/92, dispõe:
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;
Nesse contexto, é necessário novamente enfatizar que não há de se falar em ressarcimento ao erário, considerando que foram cobrados preços compatíveis com os de mercado para a aquisição da frota de veículos oficiais conforme ficou cabalmente comprovado nos autos, além disso, a frota de veículos foi recebida pela assembleia, portanto, não há como enquadrar a conduta da apelante ao rol do artigo 10º da lei 8429/92 que trás os atos de improbidade administrativa, logo, não havendo necessidade de se ressarcir o erário não há fundamento legal para a fixação da multa, pois, conforme artigo acima mencionado, somente nas hipóteses do artigo 10 (rol de atos de improbidade administrativa) o réu poderá ser condenado a pagamento de multa.
Ainda nesse contexto, tendo em vista que não houve qualquer ato de improbidade administrativo por parte do apelante, não há de se falar em proibição, pelo prazo de dez anos, de contratar com o Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual fossem sócios majoritários, tal punição é indevida. 
Por fim, na remota hipótese da apelante ser condenada ao pagamento da multa, vale lembrar que o disposto acima limita o pagamento da multa ao importe de 2 vezes o valor do dano, de modo que não há qualquer embasamento legal para a condenação do apelante a multa de 4 vezes o valor do dano. 
Em síntese esses foram os fundamentos jurídicos.
3 - DOS PEDIDOS
Ante o exposto: 
A) Requer a intimação do apelado, para apresentar contrarrazões nos termos do artigo 1010 § 1º do CPC.
B) Requer a reforma da sentença para:
B.(1) Preliminarmente, reconhecer a ilegitimidade passiva da apelante e sua consequente exclusão da lide, nos termos do artigo 3º da lei 8429/92. 
B.(2) Ainda preliminarmente, reconhecer a prescrição e extinguir o processo com resolução do mérito, nos termos dos artigos 23, I da lei 8429/92 e 487, II do CPC. 
B.(3) No mérito, reformar a decisão de primeiro grau no sentido isentar a apelante de qualquer responsabilidade ou condenação, pela inexistência de ato de improbidade, e, consequentemente isentar a apelante de ressarcir o erário, sob pena de enriquecimento ilícito da administração pública, nos termos do artigo 884 do CPC.
B.(4) Ainda no mérito, na remota hipótese do Egrégio Tribunal entender que o apelante deve ser condenado ao pagamento de multa civil, que a mesma seja reduzida para o parâmetro de 2 vezes o valor do dano, nos termos do artigo 12, II da lei 8429/92.
e) A condenação dos réus ao pagamento das custas, honorários em segundo grau.
Local XXX, DATA XXX
ADVOGADO XXX
OAB XXX

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