Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 02 – 19.03.2019 E-mail: malufernandes@globo.com Roubo Art. 157, CP – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 1º – Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 2º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) II – se há o concurso de duas ou mais pessoas; III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) Bem jurídico: propriedade e a detenção da coisa móvel. Isso é inviolabilidade do patrimônio, além da liberdade individual e a integridade corporal. O delito é pluriofensivo - ofende a três bens jurídicos. Além disso, é um delito complexo. O que traz várias complicações na análise do tipo subjetivo. Identificam-se elementos de dois crimes que juntos dão origem a um 3º crime. Há elementos constitutivos do furto com elementos de lesão corporal. Sujeito ativo: crime comum. Qualquer um, menos o proprietário. Exceção - Art. 345, CP – exercício arbitrário das próprias razões. Sujeito passivo: o proprietário, o possuidor, detentor ou o terceiro (quando a pessoa que sofre a violência não é a mesma que sofre o desapropriamento). Ex.: alguém invade meu escritório para roubar o laptop, mas na saída uma terceira pessoa vê e é agredida pelo ladrão. Tipicidade Subjetiva Roubo próprio x Impróprio O roubo próprio e impróprio se difere pelo momento e pela finalidade com a qual é empregada. Roubo próprio (CAPUT) A violência é empregada para a subtração, antes ou durante a subtração. Verbo nuclear: subtrair (pegar, deslocar, retirar). O próprio crime traz os instrumentos da pratica do roubo. Grave ameaça OU violência física Grave ameaça - a promessa de mal vicia ou adultera a vontade da vítima, que entrega a coisa para o autor do crime. Não há um critério objetivo para o que é grave ameaça, depende do sexo, do gênero, da condição social. A análise se dá no caso concreto. Violência física - para configurar o emprego de força contra o corpo da vítima basta uma lesão leve ou que chegue as vias de fato. Aceita-se a prova testemunhal. Obs.: via de regra, (puxar o cordão e acabar por arranhar o pescoço da pessoa) é arrebatamento por furto. (PESQUISAR). Reduzir a capacidade de resistência – é violência imprópria – só cabe no roubo próprio (ou impróprio). (Dúvida). Ex.: calmante, boa noite cinderela. Obs.: se a própria vítima se coloca nessa situação de incapacidade de resistência, não é roubo, é furto. Momento da consumação: quando o agente se torna possuidor da coisa, dispensada a posse mansa e tranquila. Súmula 582, STJ - Não precisa haver posse mansa e pacífica. Basta que a coisa seja tirada. Basta que saia da esfera de disponibilidade da vítima, e passe para a esfera de disponibilidade do autor. É irrelevante para a doutrina se a vítima não tinha nada, porque o roubo é pluriofensivo, e mesmo que a vítima não tenha bens, há violência contra a vítima (violência psíquica ou física). Há uma tentativa por uma impropriedade relativa do objeto, mas o roubo é consumado, não há nesse caso tentativa. Tentativa = ocorre quando o tipo é interrompido por forças alheias a sua vontade. Roubo Impróprio 1º – Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa (de deslocar), emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime (a consumação do crime) ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. Só admite violência física ou grave ameaça. Se empregar a violência, configura-se o roubo impróprio. Via de regra, a doutrina não considera tentativa no roubo impróprio. Há uma corrente minoritária que admite a tentativa se o autor é flagrado no momento da detenção. Ex.: a vítima é mais forte que o autor e consegue imobilizá-lo. Isso não é muito aceito na doutrina. Se a violência for empregada para fuga, será roubo consumado é Roubo próprio (Não é impróprio). (pacificado na doutrina). Ou será furto consumado + lesão corporal ou furto tentado + lesão. (Não é roubo impróprio). O ladrão pode agir por roubo próprio em relação a 1º pessoa que ele empregou violência para subtrair a coisa + pode responder por lesão corporal se violentar uma 3º pessoa que tenta impedi-lo na hora da fuga. O agente pode responder em concurso por roupo próprio e impróprio. Tipo subjetivo Dolo + o especial fim de agir (presente na expressão para si ou para outrem) – Não há previsão de tipo culposo. Roubo de uso O roubo de uso é típico, por ser um roubo pluriofensivo. Causas de aumento de pena: I - (revogado) II – concurso de duas ou mais pessoas. Todos os agentes tem que ter consciência e participar direta ou indiretamente. Não precisam estar todos no momento da ação. Ex.: um aguarda no carro para facilitar a fuga. (Pode ter concurso com menor). III – se o agente conhece a circunstância de que a vítima está a serviço de transporte de valores de 3º – aplica-se a officce boy, carro forte. Inciso VI – Inciso V – roubo a um apartamento e manter a vítima presa no banheiro. Parágrafo 2 - A – a pena aumenta de 2/3: Obs.: Só aumenta-se a pena em caso de arma de fogo. Está revogada em caso de arma diferente de arma de fogo. (revogação de 2018). Para todos os outros antes de Abril, a lei irá retroagir para réu ou condenados. O critério é a potencialidade lesiva da arma. É diferente se alguém aponta a arma na cabeça de alguém ou se ele mostre a arma na cintura. Baste que aponte ostensivamente a arma para a vítima para que recaia o aumento de pena. Não pode incidir a causa de aumento em caso de arma de brinquedo porque ela não tem potencial de lesão. Inciso II – Roubo qualificado Parágrafo 3º Inciso I – resulta lesão corporal grave. II – Resulta morte. (Latrocínio) É crime hediondo. Via de regra, a violência tem que ser física. Porém, na DP caiu uma questão um caso em que o ladrão queria roubar um prédio e coloca calmante demais e gera a morte do porteiro. Foi uma questão muito polêmica. (Latrocínio com violência imprópria). No roubo qualificado não incide as majorantes (parágrafo 2º ou 2º - A). O resultado dos incisos I e II tem que ocorrer ao menos por culpa (Não cabe em força maior). Para a doutrina ainda que seja doloso com dois designíos autônomos (roubar e matar), incidirá a pena do roubo qualificado. (PESQUISAR). O crime de latrocínio é julgado pela vara criminal comum, juiz singular. [não pelo júri – que julga homicídio] Contra a vítima da subtração ou contra uma 3º pessoa. Se só tem 1 patrimônioatingido, responde-se por 1 latrocínio. Se houver mais de um patrimônio, pode haver concurso de latrocínio. Ex.: eu entro no banco e resolvo roubar o celular de todo mundo que está dentro, e para roubar, eu mato as pessoas. O latrocínio também é um crime complexo porque elementos de homicídio e de furto. Tentativa de latrocínio Hipótese 1 - Latrocínio com lesão corporal grave - o resultado pode vir dolosamente ou culposamente, aplica-se a pena do roubo qualificado. Hipótese 2 - Homicídio e subtração – latrocínio consumado Hipótese 3 - Homicídio e a subtração são tentados – latrocínio tentado Hipótese 3 - Homicídio é consumado e subtração tentada – temos 5 posicionamentos. O mais importante é o do STF (sumulado). Súmula 610 – latrocínio consumado. (Aplicar este na prova). Outras correntes: 2º posição – latrocínio tentado – consumou o crime meio, sem o consumar o crime fim. 3º corrente – homicídio qualificado pela finalidade com concurso formal de um furto tentado – inciso V. 4º corrente - Homicídio qualificado pela finalidade com concurso formal de roubo tentado 5º corrente - Homicídio qualificado. Extorsão Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) Extorsão mediante sequestro Art. 158, CP – é muito semelhante ao crime de roubo. Na prática, é muito difícil diferenciar. Bem jurídico: Subtração da coisa alheia (inviolabilidade do patrimônio), liberdade individual e integridade corporal (os mesmos bens jurídicos do roubo). Também é um crime complexo. Possui elementos constitutivos de dois crimes diferentes. Eles se localizam no mesmo capítulo do CP, e caracterizam o mesmo grupo de bens jurídicos. São crimes de mesma espécie – trazem as mesmas penas. O STF admite o concurso entre esses crimes. Isso agrava a situação do réu. Sujeito ativo – Crime comum. Sujeito passivo - é a pessoa que é constrangida a fazer, deixar de fazer ou tolerar algo. A pessoa que sofre a violência pode ser diferente daquele que é constrangida a fazer algo. Ex.: ameaçar o filho para que o pai abra o cofre. Tipo objetivo Verbo nuclear: constranger (forçar / obrigar) mediante violência ou grave ameaça, ou seja, não tem violência imprópria na extorsão. Para obter vantagem econômica para si e para outro. Vale em relação a ele o que vale para roubo em termos de violência física e psíquica. Principais diferenças entre roubo e extorsão 1 – na extorção o agente faz com que o agente entregue a coisa, porque o verbo é constranger. Tem a tradição da coisa. No roubo, o autor subtrai a coisa pretendida; ele mesmo pega a coisa. 2 – Na extorsão a vantagem pode ser contemporânea ao constrangimento ou posterior a ele. (pode ameaçar até a pessoa pagar). No roubo, a vantagem é imediata. Refere-se à coisa alheia móvel. 3 – Na extorsão, a vantagem econômica pode ser móvel ou imóvel. No roubo apenas coisa alheia móvel. 4 – A diferença principal (da doutrina e jurisprudência) – exige imprescindibilidade do comportamento da vítima. A colaboração da vítima é indispensável. Ex.: me dá a senha do cofre. Ex.: sequestro a pessoa até o caixa bancário. Se a vítima não colaborar, o autor não tem como realizar o crime. No roubo, é dispensável a colaboração da vítima.
Compartilhar