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ARTIGO DESMILITARIZAÇÃO - DENISE APARECIDA DA SILVA - JUIZ DE FORA - MG NOV 2015

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DESMILITARIZAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES E 
UNIFICAÇÃO DE POLÍCIAS: DESCONSTRUINDO MITOS 
 
 
 
Denise Aparecida da Silva1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Formada em DIREITO pelo Centro Universitário Estácio de Sá de Juiz de Fora. Pós- Graduada em 
Direito Processual Penal pelo Complexo Jurídico Damásio de Jesus. Formada em Tecnologia da 
Informação pela Faculdade Santana e São Paulo – SP. Conciliadora do Juizado de Conciliação – 
Projeto Social do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais – EJET – Escola Judicial. Professora 
e Orientadora de Monografia e Normas ABNT. Cerimonialista Profissional, tendo como principal 
atuação MPU - Ministério Público da União - Justiça Penal Militar. Formada em Gestão de Pessoas. 
Analista Jurídico na Coimbra e Bueno Advogados em Juiz de Fora – MG. 32-8836-4338. 
 
 
SUMÁRIO 
 
RESUMO.....................................................................................................................3 
 
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................4 
 
2 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DIGNIDADE DA PESSOA 
HUMANA......................................................................................................................5 
2.1 SEGURANÇA PÚBLICA E A IMPORTÂNCIA DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À 
JUSTIÇA NO ORDENAMENTO JURÍDICO................................................................9 
2.2 DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988............11 
2.3 INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS 
HUMANOS.................................................................................................................13 
 
3 DA ORIGEM DAS POLÍCIAS ÀS GENDARMARIAS – O SISTEMA FRANCÊS DE 
POLÍCIA.....................................................................................................................15 
3.1 SURGIMENTO DO SISTEMA DE POLÍCIA NO BRASIL-COLÔNIA..................16 
3.2 FORÇAS MILITARES DE POLÍCIA NA REPÚBLICA.........................................19 
3.3 SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988..................22 
 
4 DESMILITARIZAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES E A UNIFICAÇÃO DAS 
POLÍCIAS..................................................................................................................24 
4.2 DISSONÂNCIA E CONSONÂNCIA NO TOCANTE À DESMILITARIZAÇÃO DAS 
POLÍCIAS MILITARES: - PRÓS E CONTRAS.........................................................27 
 
5 CONCLUSÃO.........................................................................................................33 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho trata de um polêmico assunto que impacta diretamente na 
Segurança Nacional e na investigação de delitos em nosso País, além da celeridade 
processual do nosso Judiciário e da efetividade dos trabalhos das Polícias Civis e 
Militares: DESMILITARIZAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES E UNIFICAÇÃO DE 
POLÍCIAS: DESCONSTRUINDO MITOS. O objetivo aqui não é esgotar o tema, 
apenas trazer à baila a discussão tratando o tema em questão com exemplificações 
do sistema de desmilitarizar, bem como o conceito do que se trata de fato tal 
abordagem, bem como ainda falar sobre a PEC 51/2013 em si e como ficaria a 
organização do policiamento ostensivo e investigativo. Sem mergulhar em uma 
discussão mais profunda, não se deve afastar a possibilidade de que uma proposta 
que obrigue os Estados- membros e o Distrito Federal a extinguir suas polícias e a 
criar um só polícia, venha a ferir a autonomia política e administrativa desses entes 
políticos e, por decorrência, a atingir a cláusula pétrea que veda a deliberação de 
proposta de emenda à Constituição tendente a abolir a forma federativa de Estado 
vigente no Brasil. Um exemplo favorável de uma só polícia de natureza civil 
considera que o policiamento ostensivo é muito desgastante e que, ao longo do 
tempo, há uma tendência natural para diminuir a motivação e as condições físicas 
para o serviço de rua. Em uma polícia de ciclo completo seria possível estabelecer 
um plano de carreira colocando os policiais mais novos, uniformizados, promovendo 
o policiamento ostensivo, com os trabalhos de polícia judiciária ficando reservados, 
como fator de ascensão funcional e motivação, para os mais velhos e experientes. 
Neste contexto, quem garante que a extinção das Polícias Militares irá melhorar a 
segurança pública? Quem garante que a unificação das polícias irá diminuir as 
condutas desajustadas e, até mesmo, criminosas dos integrantes das corporações 
policiais? Como será uma polícia ostensiva sem o rigor da hierarquia e disciplina 
militares? E mais ainda, como será a letalidade dessa nova polícia diante dos 
mesmos desafios que hoje se impõem às Polícias Militares? 
 
 
Palavras-Chave: Desmilitarização. Polícia Militar. Polícia Civil. PEC 51/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Observa-se que, o Estado possui sua organização quanto ao policiamento e 
segurança pública, estes elencados no Artigo 144, CRFB/1988, a divisão e 
especificação quanto aos tipos de Polícia e suas atribuições. 
Além do fato supramencionado, ainda podemos destacar que, os modelos de 
policiamento interno, estes que de forma histórica foram trazidos para o nosso 
sistema, bem como sua divisão hierárquica e sua organização descendem do 
modelo de policiamento francês, as então assim chamadas “Gendarmarias”. 
A presente pesquisa, no entanto, vislumbra trazer de forma mais 
esclarecedora o que de fato é a organização de policiamento estadual denominado 
Policia Militar, modelo este empregado nos Estados membros da União, bem como 
ainda trazer os prós e os contras de uma possível desmilitarização e/ou modificação 
dos sistemas atualmente existentes ao que resguarda o então sistema utilizado 
atualmente. 
Contudo frisa-se que, não diferente do que de fato cerca tal atribuição, o 
estudo em questão, buscou de forma clara entender qual a realidade atual, bem 
como as consequências que trariam a modificação dos sistemas das policias, 
claramente não se pode, portanto, fazer tal embasamento sem que denote uma 
clara composição e relativo estudo minucioso do projeto de emenda constitucional 
de número 51/2013, ao qual tende a alterar a referida organização. 
No primeiro capítulo buscou-se tratar dos DIREITOS E GARANTIAS 
FUNDAMENTAIS: DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, considerando a própria 
constituição federal de 1988 em atual vigência no Brasil. 
O segundo capítulo tratou da A ORIGEM DAS POLÍCIAS ÀS 
GENDARMARIAS – SISTEMA FRANCÊS DE POLÍCIA, ao qual deu-se origem ao 
atual molde do sistema brasileiro, errôneo pensar, portanto, que se trata tão somente 
de um sistema oriundo do Regime Militar. 
No terceiro e último capítulo foi dado ênfase na DESMILITARIZAÇÃO DAS 
POLÍCIAS MILITARES E A UNIFICAÇÃO DAS POLÍCIAS, tratando o tema em 
questão com exemplificações do sistema de desmilitarizar, bem como o conceito do 
que se trata de fato tal abordagem, bem como ainda falar sobre a PEC 51/2013 em 
si e como ficaria a organização do policiamento ostensivo e investigativo. 
5 
 
2 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: DIGNIDADE DA PESSOA 
HUMANA 
 
 
A Constituição Federal de 1988, em virtude de seu caráter democrático, 
ampliou sensivelmente o rol de garantias do indivíduo contra o poder estatal, criando 
novas fórmulas daquilo que se convencionou denominar jurisdição constitucional. 
Nesse sentidosão as palavras do Ministro Carlos Mário Velloso, apud 
Henrique Savonitti Miranda (2005, p. 267), 
 
A Constituição de 1988 amplia a jurisdição constitucional. Quer a 
jurisdição constitucional propriamente dita, aquela que diz respeito ao 
controle de constitucionalidade, que a jurisdição constitucional das 
liberdades, como a denominou Cappelletti. A Constituição criou o 
mandado de segurança coletivo, instituiu o mandado de injunção e o 
habeas data e ampliou o raio de ação popular ao estabelecer que a 
mesma protegeria também a moralidade administrativa. 
 
 
 
Entende-se por garantias, segundo Miranda (2005, p.269), “os meios 
processuais ou instrumentais mais rápidos, comportando medidas de maior força, 
para se chegar a tempo de assegurar o direito lesado ou ameaçado de lesão”. 
Destarte, os direitos fundamentais tornar-se-iam letra morta se não fossem 
acompanhados de ações judiciais que pudessem lhes conferir eficácia compatível 
com a própria relevância dos bens jurídicos que tutelam. 
Inicialmente, segundo Carl Shmitt, apud Guilherme de Souza Nucci (2010, 
p.8), “os direitos fundamentais eram entendidos, como os direitos do homem livre e 
isolado, direitos que possui em face do Estado, constituindo os direitos da liberdade 
da pessoa particular diante do Estado burguês”. 
Essa concepção, no entanto, nas lições de Paulo Bonavides apud Guilherme 
de Souza Nucci (2010, p.6), 
 
Correspondiam aos chamados Direitos Fundamentais de 1ª. 
Geração, com seus três princípios: liberdade, igualdade e 
fraternidade. Em seguida os direitos de 2ª. Geração, que eram os 
direitos sociais, culturais e econômicos, como os direitos coletivos, 
depois os de 3ª. Geração, relativos aos direitos ao desenvolvimento, 
à paz, ao meio ambiente, ao patrimônio da humanidade e à 
comunicação. Como direitos de 4ª. Geração, os direitos à 
democracia, à informação e ao pluralismo. 
6 
 
 Nesse sentido, tem-se o motivo pelo quais os direitos fundamentais 
abrangem os direitos individuais, os sociais, os coletivos e aqueles que interessam à 
humanidade de um modo geral. 
Os direitos e garantias fundamentais constituem uma das partes mais 
importantes da Constituição Federal. Desde o início, eles foram concebidos com um 
meio, por excelência de Controle de Poder Estatal, na medida em que cada direito 
fundamental representa uma prerrogativa do indivíduo em face do próprio Estado, 
criando para este um dever de praticar ou não praticar algo. Nas palavras de 
Henrique Savonitti Miranda (2005, p.181), 
 
Como consequência, surge o Estado Democrático de Direito 
fundado, essencialmente, na distinção entre os direitos fundamentais 
– que são inseridos na própria Constituição – e demais direitos que o 
indivíduo possa ter, inferidos do ordenamento jurídico como um todo. 
A esses direitos fundamentais coube o importante papel de conter o 
Estado Absolutista. Sua implementação se deu no final do século 
XVIII, com a independência dos Estados Unidos da América e sua 
posterior Constituição, e com o desencadear da Revolução Francesa 
em 1789, que acabou por resultar na promulgação de uma 
“Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão”. 
 
Percebeu-se com o decorrer do tempo que os direitos fundamentais não 
cumpririam sua função prática se não houvesse garantias que os cercassem. 
Em pesquisa efetuada, cumpre ressaltar, e aqui merece destaque que o 
Estado deve respeitar os direitos do indivíduo, mas precisa também limitá-los, em 
nome da democracia, pois, para manter o equilíbrio entre o direito isolado de um 
cidadão e o direito à segurança da sociedade, é preciso um sistema de garantias e 
limitações. Caso contrário, os mesmos que possuem garantias individuais, podem 
usá-las para destruir a própria democracia. 
Ao se tratar o presente estudo sobre garantias do acusado ou indiciado, 
busca-se pesquisar, sobretudo o exercício de direitos tão importantes quanto aos 
inerentes à natureza humana, sendo necessário contrabalançar autoridade e 
liberdade, onde uma complementa a outra. Assiste razão ao autor Guilherme Souza 
Nucci (2010, p.67) , quando explana, 
 
Fundamental é o básico, necessário, essencial. E por tal razão são 
fundamentais os direitos e garantias individuais. A sua origem foi 
justamente para combater os abusos do Estado, reconhecendo-os 
que o homem possui valores que estão acima e fora do alcance 
7 
 
estatal. [...] Fixadas as bases para ser consagrado o entendimento 
de que os direitos fundamentais englobam os direitos individuais, é 
preciso verificar se há direitos fundamentais em sentido material e 
em sentido formal, tal como se dá na conceituação de Constituição. 
 
 O importante é ressaltar que todos os direitos fundamentais devem ser 
rigorosamente observados pelo Estado que se pretenda democrático de Direito. 
Uma Constituição pode transformar um direito qualquer em fundamental, levando em 
conta os interesses de determinado povo, titular do poder constituinte originário, que 
tudo pode, mas nem por isso esse direito fundamental torna-se, automaticamente, 
supraestatal, ou seja, reconhecido internacionalmente como tal, como o direito à 
liberdade de locomoção e à liberdade de consciência. 
 Esclarece Aury Lopes Júnior (2006, p. 46), 
 
É importante destacar que o garantismo não tem nenhuma relação 
com o mero legalismo, formalismo ou mero processualismo. Consiste 
na tutela dos direitos fundamentais, os quais – da vida à liberdade 
pessoal, das liberdades civis e políticas às expectativas sociais de 
subsistência, dos direitos individuais aos coletivos – representam os 
valores, os bens e os interesses, materiais e pré-políticos, que 
fundam e justificam a existência daqueles artifícios – como chamou 
Hobbes – que são o direito e o Estado, cujo desfrute por parte de 
todos constitui a base substancial da democracia. Dessa afirmação é 
possível extrair um imperativo básico: o direito existe para tutelar os 
direitos fundamentais. 
 
 
Ressalta-se que a efetividade da proteção está em grande parte pendente da 
atividade jurisdicional, principal responsável por dar ou negar a tutela dos direitos 
fundamentais. 
Como consequência, o fundamento da legitimidade da jurisdição e da 
independência do Poder Judiciário está no reconhecimento da sua função de 
garantidor dos direitos fundamentais inseridos ou resultantes da Constituição. 
Portanto, a expressão direitos fundamentais, embora abranja também os direitos do 
homem ou os direitos humanos, fica reservados aos diretos consagrados na Lei 
Fundamental de um povo e são também conhecidos como Liberdades Públicas.2 
 
2
 Dos princípios que garantem a integridade do agente na investigação criminal. 
Disponível em: http://jus.com.br/artigos/1110/dos-principios-que-garantem-a-integridade-do-agente-
na-investigacao-criminal#ixzz3ZmpziNeF. Acesso em: 28 set 2015. 
8 
 
 O art. 1º. parágrafo único da nossa Magna Carta, ao estabelecer que “todo 
o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição”, adotou o entendimento de que o 
Estado não é um poder institucionalizado, mas o titular de um poder, que decorre da 
sociedade, pertence a esta e em seu benefício deverá ser exercido. 
 Segundo o autor Norberto Avena (2010, p.2), “o direito limita o poder do 
Estado e disciplina o seu exercício, evitando a prática de atos arbitrários ou 
atentatórios às liberdades e garantias individuais consagradas no próprio texto da 
Constituição”. 
 Cabe registro neste contexto a possibilidade de confusão entre direitos e 
garantiasindividuais. Celso Bastos, apud Nucci (2010, p.71), pontua da seguinte 
forma, 
 
As garantias do devido processo legal, ampla defesa e contraditórios 
são garantias tidas como direitos individuais. Para garanti-los, elenca 
as ações tais como habeas corpus e ação civil pública. 
Rigorosamente, as clássicas garantias são também direitos, embora 
muitas vezes se salientasse nelas o caráter instrumental de proteção 
de direitos. 
 
 
 
 Rui Barbosa, apud Nucci (2010, p.6) conceitua Direitos Individuais como 
“aspectos ou manifestações da personalidade humana em sua existência subjetiva 
ou em relação à sociedade, enquanto garantias são as solenidades que tutelam 
alguns desses direitos contra os abusos do poder”. 
 Prescreve o inciso X do art. 5º. da Constituição Federal que “são invioláveis 
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito 
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. 
 Ressalta-se quanto a artigo constitucional supra citado a Honra, que nas 
lições de José Afonso da Silva, apud Miranda (2005, p.208), 
 
É o conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, 
o respeito dos concidadãos, o bom nome, a reputação. É direito 
fundamental de a pessoa resguardar essas qualidades. A pessoa 
tem o direito de preservar a própria dignidade até contra ataques da 
verdade, pois aquilo que é contrário à dignidade da pessoa deve 
permanecer um segredo dela própria. 
 
 
9 
 
 Por concluso, não menos importante, o princípio da igualdade como direito 
coletivo se apresenta como a norma constitucional que detém a maior força 
principiológica, derramando-se sobre a totalidade do ordenamento jurídico e 
incidindo, diretamente, no exercício dos demais direitos. Tanto que vem esculpido no 
início do art. 5º da CF/88, que dispõe: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza.”. 
Por fim, a importância do princípio em estudo é extrema importância, haja 
vista sua incidência em qualquer área do direito, ou seja, sua amplitude. Há ainda a 
questão cultural, pois, obviamente que, sendo tal principio de amplitude geral, incide 
também em normas internacionais, portanto, é necessária a observância dos 
costumes para sua alegação. 
 
 
2.1 SEGURANÇA PÚBLICA E A IMPORTÂNCIA DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À 
JUSTIÇA NO ORDENAMENTO JURÍDICO 
 
 
A Advocacia Pública, Defensoria Pública e o Ministério Público são 
instituições indispensáveis ao bom andamento da justiça, pois atuam diretamente na 
defesa, assessoramento e fiscalização dos interesses individuais e coletivos da 
sociedade. 
Segundo o autor Moreira Neto (2001, p.46), 
 
Portanto, o Constituinte de 1988 entendeu que as funções essenciais 
à Justiça são funções precípuas do Estado Brasileiro, no mesmo 
patamar constitucional que as tradicionais funções legislativa, 
executiva e judiciária. Significa dizer que o termo “Justiça”, conforme 
empregou a Constituição Federal, tem uma acepção ampla, que não 
se confunde com o objeto da atividade jurisdicional, a cargo do Poder 
Judiciário, mas sim tem o sentido de abarcar toda a atividade estatal 
e diz respeito diretamente aos fins do Estado Democrático de Direito. 
 
 
O que se busca com a atuação dessas instituições é a realização da 
justiça, tornando esse termo não apenas no sentido de justiça de estrita legalidade; 
de justiça jurisdicional mas da justiça a legitimidade e a da moralidade. 
10 
 
Assim, por ser a Justiça expressão da legalidade, da legitimidade e da 
licitude, é inseparável da ideia de Estado Democrático de Direito, razão pela qual, 
repita-se, por determinação do Constituinte de 1988, as funções essenciais à Justiça 
foram alçadas ao mesmo patamar constitucional que as tradicionais funções 
legislativa, executiva e judiciária. 
Neste contexto, ressalta-se que o nosso Constituição de 1988 criou as 
instituições estatais com competência exclusiva para o exercício das atribuições 
constitucionais consideradas essenciais à Justiça e não as subordinou a nenhum 
dos tradicionais Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. 
Essas instituições estatais são o Ministério Público, a Advocacia Pública e a 
Defensoria Pública, cuja atuação é pressuposto imprescindível para o funcionamento 
do Poder Judiciário e para a efetividade do Estado Democrático de Direito. 
A polícia militar instituição que faz parte do contexto de defesa social tem 
como função preservar e manter a ordem pública. É de grande relevância que o 
policial tenha consciência da importância de seu papel no âmbito da justiça, através 
de seu preparo profissional e treinamento específico, fazer com que sejam 
cumpridas e acessíveis as funções essenciais à justiça. 
 
Missão: Promover segurança pública por intermédio da polícia 
ostensiva, com respeito aos direitos humanos e participação social 
em Minas Gerais 
Visão: Sermos reconhecidos como referência ma produção de 
segurança publica, contribuindo para a construção de um ambiente 
seguro em Minas Gerais. 
Valores: representatividade, respeito, lealdade, disciplina, ética, 
justiça e hierarquia 
 
Por isso deve haver uma consonância entre o trabalho da Policial Militar e do 
Ministério Público, assim como a Defensoria e Advocacia Pública. Vale lembrar que 
se trata da dignidade humana, portanto o trabalho deve ser realizado da melhor 
maneira possível. Além disso, é a polícia militar que garante o poder de polícia 
desses órgãos, logo é necessário um trabalho conjunto para o funcionamento 
perfeito da justiça. 
 
 
 
 
11 
 
2.2 DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 
 
 
 Pontua-se ser natural afirmar que a Antiguidade não conheceu os direitos 
individuais, visto que a partir do desenvolvimento do direito constitucional inglês, 
com a edição da Constituição Federal é que, segundo Guilherme de Souza Nucci 
(2010, p.67), 
 
O mundo passou a gozar paulatinamente de maiores liberdades, 
especialmente diante do Estado, que era absoluto e onipotente. 
Mesmo o que se titulava democracia na Grécia antiga, com a 
participação direta e efetiva dos cidadãos no governo, era relativo, 
pois a maioria da população era constituída de escravos e não tinha 
direito a voto. 
 
 O direito à liberdade física é fundamental. Para amparar tal direito, surge a 
garantia de que ninguém será levado ao cárcere sem o devido processo legal. Para 
dar-se um regular processo constitucional, surge a garantia da ampla defesa, que, 
por sua vez, é garantida pelo contraditório. 
 Visualizando, pelas pesquisas inerentes ao presente capítulo, sob outro 
prisma, o ser humano tem direito a produzir, no processo criminal, quando acusado 
pelo Estado, uma ampla defesa e, para garantir tal direito, surge a garantia do 
Habeas Corpus, que será descrito neste trabalho em capítulo específico assim como 
os princípios supra citados. 
 O art. 1º. parágrafo único da nossa Magna Carta, ao estabelecer que “todo 
o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta Constituição”, adotou o entendimento de que o 
Estado não é um poder institucionalizado, mas o titular de um poder, que decorre da 
sociedade, pertence a esta e em seu benefício deverá ser exercido. 
 Segundo o autor Norberto Avena (2010, p.2), “o direito limita o poder do 
Estado e disciplina o seu exercício, evitando a prática de atos arbitrários ou 
atentatórios às liberdades e garantias individuais consagradas no próprio texto da 
Constituição”. 
 Cabe registro neste contexto a possibilidadede confusão entre direitos e 
garantias individuais. Celso Bastos, apud Nucci (2010, p.71), pontua da seguinte 
forma, 
12 
 
As garantias do devido processo legal, ampla defesa e contraditórios 
são garantias tidas como direitos individuais. Para garantí-los, elenca 
as ações tais como habeas corpus e ação civil pública. 
Rigorosamente, as clássicas garantias são também direitos, embora 
muitas vezes se salientasse nelas o caráter instrumental de proteção 
de direitos. 
 
 
 Rui Barbosa, apud Nucci (2010, p.71) conceitua Direitos Individuais como 
“aspectos ou manifestações da personalidade humana em sua existência subjetiva 
ou em relação à sociedade, enquanto garantias são as solenidades que tutelam 
alguns desses direitos contra os abusos do poder”. 
 Como direito de todo homem, suas garantias são o contraditório e a ampla 
defesa, embora o verdadeiro direito fundamental que está sendo protegido pelo 
devido processo legal, pela ampla defesa e pelo contraditório é a liberdade física do 
indivíduo. 
 Os direitos individuais são constituídos dos direitos fundamentais, pois 
constituem direitos coletivos, sociais e políticos, exaltados na Constituição Federal 
de1988, e são indispensáveis ao pleno desenvolvimento do homem e do cidadão, 
especialmente frente ao Estado, que tem por obrigação não somente respeitá-los, 
mas também assegurá-los e protegê-los. 
 Vê-se, pois, que os direitos e garantias individuais à luz da Constituição 
Federal de 1988, são considerados superiores a outras normas que não tenham o 
mesmo valor. Embora sempre que possível, deva o intérprete conciliar casual 
contradições, sem que haja a prevalência de uma norma sobre a outra. 
 Prescreve o inciso X do art. 5º. da Constituição Federal que “são invioláveis 
a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito 
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. 
 Ressalta-se quanto a artigo constitucional supra citado a Honra, que nas 
lições de José Afonso da Silva, apud Miranda (2005, p.208), 
 
É o conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, 
o respeito dos concidadãos, o bom nome, a reputação. É direito 
fundamental de a pessoa resguardar essas qualidades. A pessoa 
tem o direito de preservar a própria dignidade até contra ataques da 
verdade, pois aquilo que é contrário à dignidade da pessoa deve 
permanecer um segredo dela própria. 
 
 
13 
 
 Por concluso, não menos importante, o princípio da igualdade como direito 
coletivo se apresenta como a norma constitucional que detém a maior força 
principiológica, derramando-se sobre a totalidade do ordenamento jurídico e 
incidindo, diretamente, no exercício dos demais direitos. Tanto que vem esculpido no 
início do art. 5º da CF/88, que dispõe: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza...”. 
 
 
2.3 INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS 
HUMANOS 
 
 
O sistema internacional de proteção dos direitos humanos é formado por 
documentos internacionais voltados à garantia dos direitos humanos, tanto no 
âmbito global quanto no âmbito regional. 
A Profª. Flávia Piovesan (1997, P.56) declara que, 
 
Sempre se mostrou intensa a polêmica sobre o fundamento e a 
natureza dos direitos humanos – se são direitos naturais e inatos, ou 
direitos positivos e históricos ou, ainda, direitos que derivam de 
determinado sistema moral. 
 
 
Para Norberto Bobbio (1992, P.67), o problema no que tange aos direitos 
humanos “não é mais o de fundamentá-los, e sim o de protegê-los”. 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial começaram os grandes 
questionamentos sobre o Direito Humanitário, “foi a primeira expressão de que, no 
plano internacional, há limites à liberdade e à autonomia dos Estados, ainda que na 
hipótese de conflito armado”. Reforçando este ponto de vista, foi criada a Liga das 
Nações, que apontava “a necessidade de relativização da soberania dos Estados”. A 
seguir, foi introduzida a Organização Internacional do Trabalho que colaborou, 
profundamente, a fim de tornar internacional os direitos humanos. (PIOVESAN, 
1997) 
O sistema global de proteção é composto de instrumentos de alcance geral 
(pactos) e instrumentos de alcance especial (convenções específicas), e sua 
14 
 
incidência não se limita a uma determinada região, podendo alcançar qualquer 
Estado integrante da ordem internacional. 
 Nas palavras do autor Savoniti, (2005, p.56), 
 
Os Estados se aderem aos documentos internacionais no exercício 
de sua soberania. Eles têm total liberdade para aceitar ou não o 
documento, mas se aderirem ao regramento internacional, ficam 
obrigados a cumprir o seu conteúdo, o que equivaleria dizer “terem 
aberto mão de parte de sua soberania”. 
 
Acrescenta a Prof. Flávia Piovesan (1997. P.78): 
A necessidade de uma ação internacional mais eficaz para a 
proteção dos direitos humanos impulsionou o processo de 
internacionalização desses direitos, culminando na criação da 
sistemática normativa de proteção internacional, que faz possível a 
responsabilização do Estado no domínio internacional, quando as 
instituições nacionais se mostram falhas ou omissas na tarefa de 
proteção dos direitos humanos. 
 
As teses de que os Estados deveriam ter uma soberania absoluta e sem 
limites e cederam lugar a que os doutrinadores afirmassem que “a soberania estatal 
não é um princípio absoluto, mas deve estar sujeita a certas limitações em prol dos 
direitos humanos. 
Os direitos humanos tornam-se uma legítima preocupação internacional com 
o fim da Segunda Guerra Mundial, com a criação das Nações Unidas, com a adoção 
da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembléia Geral da ONU, em 
1948 e, como conseqüência, passam a ocupar um espaço central na agenda das 
instituições internacionais. 
No período do pós-guerra, os indivíduos tornam-se foco de atenção 
internacional. A estrutura do contemporâneo Direito Internacional dos Direitos 
Humanos começa a se consolidar. Não mais poder-se-ia afirmar, no fim do século 
XX, que o Estado pode tratar de seus cidadãos da forma que quiser, não sofrendo 
qualquer responsabilização na arena internacional. Não mais poder-se-ia afirmar no 
plano internacional that king can do no wrong”. (PIOVESAN, 1997) 
 
 
 
 
15 
 
3 DA ORIGEM DAS POLÍCIAS ÀS GENDARMARIAS – O SISTEMA FRANCÊS DE 
POLÍCIA 
 
 
Saltando os exemplos da Antiguidade Clássica representados pelos povos da 
Mesopotâmica, da Grécia e de Roma, a origem recente de todas as polícias, civis e 
militares, está na França medieval e é de natureza militar. 
A quem aponte para uma tropa de elite de cavaleiros fortemente armados e 
de origem nobre conduzida à guerra pelos senhores feudais. Outros apontam para 
os "sargentos de armas" combatentes não-nobres ou oriundos de uma nobreza de 
segunda categoria que lutavam ao lado dos cavaleiros nobres, que à época das 
Cruzadas (1096-1272) também executavam a proteção das rotas do comércio e as 
instalações da Ordem dos Templários.3 
A versão mais consistente diz de cavaleiros, durante a Guerra dos Cem Anos 
(1337–1453), encarregados de manter a ordem nos exércitos do rei e de policiar as 
estradas, capturando desertores e protegendo-as de saques e de outros delitos por 
estes cometidos, acumulando atribuições policiais e judiciais. A concentração de 
poderes para policiar, prender e julgar era compatível com aqueles tempos do 
absolutismo. 4 
No curso do tempo, essa polícia uniformizada de natureza militar deixou de 
ser uma força policial do exército francêspara tornar-se uma polícia de preservação 
da ordem pública, com sua competência ampliada para além dos crimes praticados 
por militares nas estradas, passando a garantir a paz pública no reino através do 
policiamento preventivo, da investigação e do julgamento dos salteadores, ladrões e 
assassinos que aterrorizaram a zona rural e escapavam dos tribunais das cidades. 5 
Essa concepção de forças militares no policiamento ostensivo, como polícia 
judiciária e no papel de juiz atravessou a Idade Média e a Idade Moderna e alcançou 
os tormentosos tempos das revoluções que convulsionaram a Europa e marcaram o 
fim do absolutismo e o nascimento do Estado de Direito. 
 
3
 XIX: Inglaterra, Estados Unidos e Brasil em perspectiva comparada. In: Revista Brasileira de 
Segurança Pública, ano 4, ed. 7, p. 30-47, ago./set. 2010 BICUDO, Hélio. A unificação das polícias no 
Brasil. In: Estudos Avançados, v. 14, n. 40, p. 91-106, set./dez. 2000. 
4
 CÂMARA DOS DEPUTADOS. Coleção das Leis do Império do Brasil. Fonte: 
<http://www2.camara.leg.br/atividadelegislativa/legislacao/publicacoes/doimperio>; acesso em: 25 set. 
2015. 
5 Ib idem. 
16 
 
A partir de então, surgiu a necessidade de uma organização, melhor do que 
os exércitos, para a preservação da ordem interna e para a pacificação das relações 
sociais em momentos tão conturbados como aqueles. 
Os exércitos relutavam em cumprir as missões de segurança interna, pois 
seus meios (armas de fogo e sabre) e métodos resultavam em força desmedida e 
cada vez mais em mortos e feridos. 
Na Revolução Francesa de 1789, a força policial militar, a Connétablie et 
Maréchaussée, apesar da sua subordinação ao rei, foi favorável às reformas da 
Assembléia Nacional e, como a "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" 
previa a criação de uma força pública como elemento de garantia desses direitos, a 
corporação que tinha o seu nome associado à monarquia, não foi dissolvida, mas 
apenas renomeada para Gendarmerie Nationale (Gendarmaria Nacional).6 
 A Gendarmerie Nationale foi definida como uma força instituída para garantir 
a república, a preservação da ordem e o cumprimento das leis. 
E foi na França, também, que foi criado, em 1667, para policiar Paris, a maior 
cidade da Europa àquele tempo, o primeiro corpo civil de polícia urbana 
modernamente organizado, mesmo assim sob forte influência militar, até porque sua 
chefia foi confiada a um tenente-general de polícia, ao qual se subordinavam 44 
comissários de polícia, que ainda acumulava a administração da cidade e a polícia 
política. 
 
 
3 .1 SURGIMENTO DO SISTEMA DE POLÍCIA NO BRASIL-COLÔNIA 
 
 
No Brasil, pelas suas características, as atribuições das gendarmarias como 
citado no presente trabalho, são desempenhadas pelas Polícias Militares, ainda que, 
na maioria dos países a expressão “polícia militar” seja utilizada para designar as 
frações das forças armadas encarregadas do seu policiamento interno. 
O emprego delas como reserva e forças auxiliares do Exército também seguiu 
a influência européia e uma herança que veio das tropas auxiliares do Brasil - 
 
6
 CÂMARA DOS DEPUTADOS. Coleção das Leis do Império do Brasil. Fonte: 
<http://www2.camara.leg.br/ atividadelegislativa/legislacao/publicacoes/doimperio>; acesso em: 25 
set. 2015. 
 
17 
 
Colônia, passou pelas Guardas Nacionais e outras forças do Brasil - Império e 
permaneceu, assim, na República. 
Nas considerações do autor Dirceu Cardoso, (1999, p.56) 
 
No curso do tempo, sempre em torno dos moradores e das Câmaras 
Municipais, surgiram os quadrilheiros, oficiais inferiores de justiça 
chefiando quadrilhas de vinte homens para prender os malfeitores, 
subordinados ao ouvidor; os capitães-mores de estradas e assaltos, 
conhecidos como capitães-do-mato, e, acima de todos, os alcaides, 
autoridades locais que desempenhavam funções administrativas e 
judiciais. 
 
Ressalta-se que o crescimento das cidades e da criminalidade provocou o 
lento desaparecimento dessas formas rudimentares de polícia, levando à criação de 
corporações melhor estruturadas: Corpo de Pedestres, Corpo dos Guardas 
Vigilantes, Guarda Montada e corpos militares pagos pela Coroa portuguesa, como o 
Regimento Regular de Cavalaria de Minas, onde serviu Tiradentes, e de tropas 
auxiliares (tropas de segunda e de terceira linhas), como polícia e reserva das tropas 
de primeira linha. (BOTELHO, 2011) 
No início da Regência, rebeliões nos quartéis da Imperial Polícia da Corte e 
do Exército (1831) determinaram a extinção daquela corporação, a redução do 
efetivo do Exército e da sua importância e a criação das Guardas Nacionais e dos 
Corpos de Guardas Municipais Voluntários que, apesar do nome, eram 
subordinados aos governos das Províncias, e não aos dos Municípios; todos como 
corporações militares organizadas em companhias de infantaria e de cavalaria. 
 A tropa de primeira linha era paga e tinha por finalidade a defesa externa; a 
de segunda linha, também era paga e tinha a incumbência da segurança interna, ou 
de polícia; e a de terceira era formada por voluntários, que serviam para suprir as 
falhas das duas anteriores em efetivos. 
Nas palavras de Botelho, (2011, p.67) 
 
As Guardas Nacionais, de base local e com natureza militar, com a 
subordinação mudando conforme o local em que as tropas fossem 
reunidas, deviam ser empregadas dentro e fora dos Municípios e 
como força auxiliar do Exército com três nobres finalidades: Defesa 
interna do Estado e dos Poderes constituídos: “defender a 
Constituição, a liberdade, Independência, e Integridade do Império”; · 
preservação da segurança pública: “manter a obediência e a 
tranquilidade publica”, competência esta, em 1850, ampliada “para 
manter a obediência ás Leis, conservar ou restabelecer a Ordem e a 
18 
 
tranquilidade publica”; e · a defesa externa: “auxiliar o Exercito de 
Linha na defesa das fronteiras e costas” que, em 1850, passou a ser 
“auxiliar o Exercito de Linha na defesa das Praças, Fronteiras e 
Costas. 
 
Ainda segundo o autor supra citado, na prática, a Guarda Nacional colocou o 
Exército em plano secundário, não tão confiável para as autoridades regenciais, e 
passou a ser a principal força de que dispunha o Governo central para pacificar as 
revoltas que se espalhavam pelo Império e manter a unidade territorial. 
Outras corporações policiais de natureza militar foram criadas ao longo do 
Império, mas sem igual importância. A partir de um determinado momento, surgiram 
também os inspetores de quarteirão, civis subordinados à estrutura policial civil, mas 
sem constituir uma corporação. 
Neste contexto, no tocante ao tema do presente estudo, a Polícia, como 
corporação civil, só veio a surgir pelo Decreto Imperial nº 3.598, de 27 de janeiro de 
1866, que dividiu a força policial da Corte em um corpo paisano ou civil (Guarda 
Urbana), subordinada, primeiro, ao Chefe de Polícia, e, depois, ainda ao Poder 
Judiciário, e um corpo militar (Corpo Militar de Polícia da Corte), que já existia e era 
conhecido como Corpo Policial.(CARDOSO,1999) 
 A primeira, para a vigilância contínua da cidade e o Corpo Policial para 
auxiliar no que fosse solicitado por aquela e para promover as diligências policiais. A 
Guarda Urbana, embora de natureza civil, era bastante militarizada, pois dividida em 
companhias distribuídas pelos distritos das subdelegacias, com um Comandante-
Geral e Comandantes de Companhia, aos quais se atribuíam as honras e os 
vencimentos, respectivamente, de Major e de Tenente do Corpo Policial, e deviam 
ser escolhidos entre oficiais reformados do Exército, do Corpo Policialou dos Corpos 
de Voluntários ou entre cidadãos maiores de 25 anos, de reconhecida inteligência e 
moralidade. (BOTELHO,1999) 
A Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870) influenciou a organização e o 
funcionamento das forças de segurança pública, pois, diante do reduzido efetivo 
militar brasileiro para enfrentar o numeroso exército paraguaio, muito unidades de 
Guardas Nacionais e Corpos Policiais foram empregados como Corpos de 
Voluntários da Pátria, o que serviu para o fortalecimento do espírito de corpo das 
corporações policiais e dos seus vínculos com o Exército. (CARDOSO,1999) 
19 
 
Importante ressaltar que, só após a guerra, pela Lei nº 2.033, de 20 de 
setembro de 1871, é que a Polícia Civil foi separada da Justiça e aos juízes foi 
vedado exercer atribuições policiais, salvo se não as acumulassem com a função 
jurisdicional. 
Até a Proclamação da República, cada província, ainda que obedecendo ao 
disposto pelo Poder Central, foi mantendo sua própria organização policial. 
 
 
3.2 FORÇAS MILITARES DE POLÍCIA NA REPÚBLICA 
 
 
Com a Proclamação da República, as antigas Províncias, agora Estados, 
passaram a dispor de maior autonomia política, inclusive para organizar as suas 
polícias, até porque era deles, nos termos do Decreto nº 1, de 15 de novembro de 
1889, a responsabilidade primeira para reprimir as desordens e assegurar a paz e a 
tranquilidade públicas, pelos seus próprios meios, podendo, inclusive, criar Guardas 
Cívicas, de natureza militar. 
Segundo autor, Marcos Henrique Camilo ( 2001, p.57), 
 
A Constituição de 1891, por sua vez, não deu tratamento 
constitucional às corporações policiais, limitando-se a estabelecer 
que ao Congresso Nacional competia legislar privativamente “sobre a 
organização municipal do Distrito Federal bem como sobre a polícia, 
o ensino superior e os demais serviços que na capital forem 
reservados para o Governo da União” e a determinar que as polícias 
locais seriam obrigadas a prestar auxílio aos oficiais judiciários da 
União na execução de sentenças e ordens da magistratura federal. 
 
 
Destaca-se que, ainda que com novas estruturas e denominações variadas, 
peculiares a cada Estado, foi mantido o sistema de polícia dual francês que havia 
atravessado o Império. 
Na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, a Lei nº 947, de 29 de 
dezembro de 1902, reformou o serviço policial, dividindo-o em Polícia Civil e Polícia 
Militar, como esta atribuição sendo exercida pela Brigada Policial. 
A Polícia Civil, subordinada ao Chefe de Polícia, era exercida por delegados, 
inspetores seccionais, agentes de segurança e por uma Guarda Civil, encarregada 
20 
 
dos serviços de ronda e vigilância e de todos os encargos que até então eram da 
Polícia Militar, sugerindo que esta foi, então, retirada do policiamento ostensivo. 
Essa lei é considerada como a da criação da atual Polícia Civil do Rio de 
Janeiro, enquanto a Polícia Civil do Estado de S. Paulo considera a Lei n° 979, de 
23 de dezembro de 1905, como a da sua criação, então sob a superintendência da 
Secretaria da Justiça e dirigida pelo Chefe de Polícia, que subordinava delegados, 
subdelegados e inspetores de quarteirão.7 
Entretanto, só pela Lei nº 2.141, de 22 de outubro de 1926, foi criada a 
Guarda Civil, como auxiliar da Força Pública, mas natureza militar e sob a 
superintendência do Chefe de Polícia, destinada, entre outras coisas, à vigilância e 
policiamento da Capital, à inspeção e fiscalização da circulação de veículos e 
pedestres e das solenidades, festejos e divertimentos públicos. 
Registre-se que, na 2ª Guerra Mundial, foi da Guarda Civil de São Paulo que 
saiu a grande maioria dos integrantes do Pelotão de Polícia da Força Expedicionária 
Brasileira que foi combater na Itália, embrião de todas as unidades de Polícia do 
Exército. 
Com a República, os Corpos Policiais dos Estados passaram a ser 
denominados Corpos Militares de Polícia, pois, até então, a palavra “militar” só se 
aplicava ao Corpo Militar de Polícia da Corte. 
A Força Pública de São Paulo, em particular, de 1906 a 1914 e, depois da 1ª 
Guerra Mundial, de 1919 a 1924, teve a presença de Missão Francesa de Instrução 
Militar, trazendo militares do exército francês experientes em missões policiais. 
Em 1913, antes mesmo do próprio Exército, passou a ser dotada de uma 
aviação militar, tornando-se um verdadeiro exército composto por batalhões de 
infantaria, batalhão de bombeiros-sapadores, regimentos de cavalaria, peças de 
artilharia e esquadrilha de aviação. 
Pela Lei nº 1.860, de 4 de janeiro de 1908, que regulamentou o alistamento e 
o sorteio militar e reorganizou o Exército, foi mantida noção de força auxiliar para as 
forças militares de polícia, herança que vinha do Brasil-colônia, quando as tropas de 
segunda e terceira linhas eram consideradas auxiliares das tropas de primeira linha, 
 
7
 CÔRTES, Marcos Henrique Camillo. A Defesa Nacional diante do Pós-Modernismo Militar. In: 
Revista da Escola Superior de Guerra – Ano XVIII, n. 40, 2001 – Rio de Janeiro: ESG. Divisão de 
Documentação, p. 18-47, 2001. Fonte: <http://www.esg.br/images/ Revista_e_Cadernos/ 
Revistas/revista_40.pdf>; acesso em: 10 SET. 2015. 
 
 
21 
 
e que passou pelo Brasil - Império, quando a Guarda Nacional foi considerada 
auxiliar do Exército de Linha. 8 
Logo depois, decreto ainda mais radical alcançou as Polícias Militares todo o 
País, tirando-lhes o papel de pequenos exércitos ao proibir que os Estados 
gastassem mais de 10% da despesa ordinária com os serviços de polícia militar, que 
tivessem artilharia e aviação e determinando que as dotações de armas automáticas 
e munições dos seus corpos de cavalaria e de infantaria não excedessem à dotação 
das unidades similares do Exército, com os excedentes devendo ser entregues ao 
Ministério da Guerra.9 
Neste Contexto, após a Revolução de 1932, a Constituição Federal de 1934 
passou a adotar a expressão “polícia militar” para essas forças e reservou à União 
um papel prevalecente em relação a elas, atribuindo ao Poder central a competência 
privativa para legislar sobre a “organização, instrução, justiça e garantias das forças 
policiais dos Estados e condições gerais da sua utilização em caso de mobilização 
ou de guerra”. 
Também considerou as polícias militares reservas do Exército, mas a 
expressão “forças auxiliares do Exército” só apareceu, muito deslocada, ao listar 
aqueles que não podiam se alistar como eleitores. 
Essa centralização pela União levou à progressiva padronização de 
uniformes, armas e equipamentos entre as diversas Polícias Militares. 
Depois da guerra e da queda do Governo Vargas, em 29 de outubro de 1945, 
a Carta democrática de 1946 fez referência expressa às Polícias Militares como 
forças auxiliares e reservas do Exército da maneira exposta a seguir: 
 
Art. 183. As polícias militares instituídas para a segurança interna e a 
manutenção da ordem nos Estados, nos Territórios e no Distrito 
Federal, são consideradas, como fôrças auxiliares, reservas do 
Exército. (grifo nosso) 
 
 
8
 CÔRTES, Marcos Henrique Camillo. A Defesa Nacional diante do Pós-Modernismo Militar. In: 
Revista da Escola Superior de Guerra – Ano XVIII, n. 40, 2001 – Rio de Janeiro: ESG. Divisão de 
Documentação, p. 18-47, 2001. Fonte: <http://www.esg.br/images/ Revista_e_Cadernos/ 
Revistas/revista_40.pdf>; acesso em: 10 SET. 2015. 
9
FILOCRE, Lincoln D'Aquino. Desvantagens de Desmilitarizar a PM. Fonte: 
<http://amai.org.br/site/noticias/detalhes/388/>; acesso em: 08 set. 2015. Publicação em: 20 nov. 
2013. 
22 
 
Atéa década de 1960, era comum as forças militares estaduais 
permanecerem aquarteladas, com a Polícia Civil conduzindo o ciclo completo de 
policiamento, uma vez que existiam as Guardas Civis fazendo o policiamento 
ostensivo fardado. 
A Carta de 67, na sua primeira versão, manteve exatamente igual o 
dispositivo da Constituição de 1946 que dizia respeito às atribuições das Polícias 
Militares na manutenção da ordem e na segurança interna e como forças auxiliares e 
reserva do Exército. Entretanto, a Emenda Constitucional nº 01/69, ao omitir a 
expressão “segurança interna” da Constituição, pode ter dado a entender que essa 
atribuição fora retirada dessas corporações estaduais, mas tudo indica que isso só 
ocorreu porque se entendeu que ela, tacitamente, estava embutida na manutenção 
da ordem pública. 10 
 
 
3.3 SEGURANÇA PÚBLICA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
 
 
A constitucionalização traz importantes consequências para a legitimação da 
atuação estatal na formulação e na execução de políticas de segurança. 
Nas palavras do autor Bernardo Gonçalves Fernandes (2015, p.1134) 
 
A segurança pública é dever do Estado e consiste na prestação da 
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio 
(art.144 da CR/88). Para sua concretização envolve o exercício do 
poder de polícia – como atividade limitadora de direitos individuais 
em prol do interesse público, mas em sua modalidade especial, isto 
é, de segurança. 
 
As leis sobre segurança, nos três planos federativos de governo, devem estar 
em conformidade com a Constituição Federal, assim como as respectivas estruturas 
administrativas e as próprias ações concretas das autoridades policiais. 
 O fundamento último de uma diligência investigatória ou de uma ação de 
policiamento ostensivo é o que dispõe a Constituição. E o é não apenas no tocante 
 
10
 FILOCRE, Lincoln D'Aquino. Desvantagens de Desmilitarizar a PM. Fonte: 
<http://amai.org.br/site/noticias/detalhes/388/>; acesso em: 08 set. 2015. Publicação em: 20 nov. 
2013. 
 
23 
 
ao art. 144, que concerne especificamente à segurança pública, mas também no 
que se refere ao todo do sistema constitucional. Devem ser especialmente 
observados os princípios constitucionais fundamentais da república, a democracia, o 
estado de direito, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, bem como os direitos 
fundamentais a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança. 
O art. 144 deve ser interpretado de acordo com o núcleo axiológico do 
sistema constitucional, em que se situam esses princípios fundamentais. 
Preliminarmente, enfatiza-se apenas que as práticas policiais ainda não se 
submeteram ao programa democrático instituído pela Constituição de 1988. Não 
são, nesse sentido concreto, práticas constitucionalizadas, comprometidas com a 
construção de uma república de cidadãos livres e iguais e com a promoção da 
dignidade da pessoa humana. No campo da segurança pública, a 
constitucionalização efetiva da ação governamental ainda figura como objetivo a ser 
alcançado pelo inconcluso processo brasileiro de democratização. (SOUZA NETO, 
2006). 
O conceito de segurança pública entre o combate e a prestação de serviço 
público. Há duas grandes concepções de segurança pública que rivalizam desde a 
reabertura democrática e até o presente, passando pela Assembléia Nacional 
Constituinte: uma centrada na ideia de combate; outra, na de prestação de serviço 
público. 
A primeira concebe a missão institucional das polícias em termos bélicos: seu 
papel é “combater” os criminosos, que são convertidos em “inimigos internos”. As 
favelas são “territórios hostis”, que precisam ser “ocupados” através da utilização do 
“poder militar”. 
A política de segurança é formulada como “estratégia de guerra”. E, na 
“guerra”, medidas excepcionais se justificam. Instaura-se, então, uma “política de 
segurança de emergência” e um “direito penal do inimigo”. (ZAFFARONI, 2007) 
 
 
 
 
 
 
24 
 
4 DESMILITARIZAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES E A UNIFICAÇÃO DAS 
POLÍCIAS 
 
 
De acordo com estudos e pesquisas efetuadas, pode-se perceber que o 
percurso feito pela história, dentro e fora do Brasil, permite concluir que a origem das 
forças militares de polícia no policiamento ostensivo, as gendarmarias, não está no 
Brasil. Remonta à Idade Média, na França, que criou o sistema de polícia dual que 
até hoje é modelo para mais de cinquenta países do mundo, não só para a própria 
França, mas também para outras democracias modernas, como Espanha, Portugal e 
Itália. 
Importante ressaltar, e no presente estudo merece destaque, As Polícias 
Militares, salvo nos casos de mobilização ou de intervenção federal, não são 
subordinadas ao Exército, cuja Inspetoria-Geral das Polícias Militares exerce apenas 
atividade de coordenação e controle para, ao contrário do que é afirmado, evitar que 
as Polícias Militares se transformem em verdadeiros exércitos estaduais, como 
foram no passado, com poder militar para confrontar a União. E o Exército não 
penetra no campo do preparo e emprego das Polícias Militares, enquanto 
corporações policiais empregadas na segurança pública. ”11. 
O Poder Executivo federal e o Congresso Nacional, mais de 25 anos depois 
da Carta de 88, estão por editar a lei que deveria disciplinar a organização e o 
funcionamento dos órgãos de segurança pública de que trata o art. 144, § 7º da 
Constituição Federal. A omissão tem causado reflexos extremamente deletérios, 
inclusive pelos desencontros entre as várias corporações policiais. 
 
 
4.1 PEC 51/2013: ÓBICES À DESMILITARIZAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES 
 
 
No caminho para a desmilitarização das Polícias Militares e para criação de 
uma polícia única, há inúmeros e difíceis óbices a serem transpostos. 
 
11
 PIETÁ, Elói. Polícias: modelo militar x modelo civil. In: Teoria&Deabte, ano 10, n. 36, p. 15-18, 
out./nov/dez. 1997. 
25 
 
Há a tradição das corporações policiais militares, particularmente as do Rio 
Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que colecionam 
efemérides ao longo de suas histórias e não abririam mão de assim subsistirem. 
Segundo o autor Ives Gandra Martins (2011, p.145), 
 
Há os interesses corporativos, representados, particularmente, pelos 
oficiais das Polícias Militares, embora haja praças que, desejando 
livrar-se da hierarquia e disciplina militares, não poucas vezes, se 
manifestem pela desmilitarização das respectivas corporações pela 
mera repetição dos argumentos que são esgrimidos pelos 
defensores desse caminho. Estes reproduzem o discurso da luta de 
classes que tem sido ideologicamente explorado por alguns 
segmentos da esquerda brasileira: ricos contra pobres, brancos 
contra negros, a elite contra o povo e, no caso, os oficiais contra os 
praças. 
 
Poucos governadores das unidades da Federação, provavelmente nenhum, 
abririam mão de ter sua própria corporação militar e, nesse caso, não custa lembrar 
o controle que os Chefes dos Executivos estaduais têm sobre as suas bancadas no 
Congresso Nacional. 
O Governo federal, por sua vez, dificilmente abdicaria da poderosa reserva do 
Exército, por volta de uns 500 mil homens, representada pela soma das Polícias 
Militares em todo País, muito maior que a Marinha, o Exército e a Aeronáutico 
juntos. 
Qual o tamanho do custo correspondente à extinção das Polícias Militares ou 
das duas polícias e com a unificação delas ou com a criação de uma nova polícia? 
Quem arcará com esses custos? os respectivos Estados- membros? a União? 
Aspectos que os defensores da desmilitarização e da unificaçãose esquivam de 
abordar. (MARTINS, 2011) 
Não dizem também o que será feito com os integrantes das corporações 
militares: serão simplesmente “despedidos”? serão incorporados à nova polícia 
unificada? Por serem oriundos de uma corporação plena em vícios, como dizem 
alguns, serão carreados para a nova polícia levando esses vícios?12 
E como será o enquadramento funcional e salarial na nova polícia dos 
oriundos das atuais Polícias Militares e Polícias Civis? até porque cada unidade da 
Federação tem suas estruturas particulares para as respectivas Polícias Militares e 
 
12
 MEDEIROS, Mateus Afonso. A desmilitarização das polícias e a legislação ordinária. In: Revista de 
Informação Legislativa, v. 42, n. 165, p. 239-253, jan./mar. 2005. 
26 
 
Polícias Civis, com estratificações hierárquicas e salariais peculiares a cada uma e, 
dentro de cada uma delas, situações muito específicas.13 
Além disso, há consideráveis óbices constitucionais a serem vencidos. 
Primeiro, porque implicará alterações na Constituição Federal e, sendo assim, 
exigirá a apresentação de proposta de emenda à Constituição, cujo trâmite é mais 
complexo e exige discussão e votação com dois turnos em cada Casa do Congresso 
Nacional (Senado Federal e Câmara dos Deputados), ou seja, quatro turnos ao todo, 
com o voto favorável, em cada turno, de 3/5 dos seus membros, isto é, de 308 dos 
513 deputados e 49 dos 81 senadores.14 
Essas considerações do parágrafo anterior foram feitas enxergando-se 
apenas o mérito da proposta, como se não houvesse outras questões a serem 
consideradas. Mas quando se analisa uma proposta de emenda à Constituição esta 
ainda deve ser avaliada quanto à sua constitucionalidade, legalidade, juridicidade, 
regimentalidade e técnica legislativa. 
Centrando apenas no aspecto da constitucionalidade, o mais relevante deles, 
deve ser trazido à baila que cada Estado-membro e o Distrito Federal são dotados 
de autonomia política e administrativa, ou seja, têm capacidade de auto-
organização, autogoverno e auto-administração; do que decorre a competência de 
cada um para organizar os seus órgãos, aí incluídas as suas polícias. 
Sem mergulhar em uma discussão mais profunda, não se deve afastar a 
possibilidade de que uma proposta que obrigue os Estados- membros e o Distrito 
Federal a extinguir suas polícias e a criar um só polícia, venha a ferir a autonomia 
política e administrativa desses entes políticos e, por decorrência, a atingir a cláusula 
pétrea que veda a deliberação de proposta de emenda à Constituição tendente a 
abolir a forma federativa de Estado vigente no Brasil.15 
Essa não é uma questão pacífica e é trazida à baila como elemento para 
futuras discussões. 
Por outro lado, cabe lembrar que o acesso a cargos públicos demanda 
concurso específico e seria inconstitucional a mera transposição entre cargos com 
atribuições, estrutura remuneratória e requisitos de ingresso distintos, inclusive 
 
13 Op. Cit. 
14
 MEDEIROS, Mateus Afonso. A desmilitarização das polícias e a legislação ordinária. In: Revista de 
Informação Legislativa, v. 42, n. 165, p. 239-253, jan./mar. 2005. 
15
 PIETÁ, Elói. Polícias: modelo militar x modelo civil. In: Teoria&Deabte, ano 10, n. 36, p. 15-18, 
out./nov/dez. 1997. 
27 
 
quanto às formações escolares e acadêmicas, seja pela mera transposição dos 
policiais militares para as Polícias Civis, seja pela transposição de policiais militares 
e civis para uma nova polícia de natureza civil.16 
E se a transposição fosse possível, como conciliar policiais que ingressaram 
nas corporações por diferentes formas de recrutamento e sob exigências diversas e 
que, hoje, têm diferentes estatutos jurídicos e níveis de remuneração em 
corporações com estruturas, organizações e atuação completamente distintas? 
Não bastasse, a extinção da Polícia Militar acarretaria um efeito cascata sobre 
muitos outros dispositivos da Constituição Federal e sobre incontáveis normas 
infralegais: leis, decretos e tantas outras mais, levando, ainda, de roldão, os Corpos 
de Bombeiros Militares. 
Tudo muito complexo e custoso, afora a intensidade dos debates 
apaixonados, desviando a atenção de outros temas mais relevantes para a 
sociedade brasileira e paralisando o trâmite de muitas outras proposições tão ou 
mais importantes. 
 
 
4.2 DISSONÂNCIA E CONSONÂNCIA NO TOCANTE À DESMILITARIZAÇÃO DAS 
POLÍCIAS MILITARES: - PRÓS E CONTRAS 
 
 
Importante ressaltar que o cerne da questão colocada em pauta não tinha 
como ser abordado sem todas as considerações anteriores, às quais ainda poderiam 
ser acrescidos muitos outros elementos informativos. 
Nas discussões que se travam, a prioridade é desmilitarizar as Polícias 
Militares. A unificação seria consequência, mas, inevitavelmente, resultaria, no 
âmbito dos Estados e do Distrito Federal apenas, em uma polícia de ciclo completo, 
isto é, em uma só corporação policial realizando o policiamento ostensivo (fardado) e 
as atividades de investigação (polícia judiciária). 
Um fator contrário à unificação e quase nunca ventilado é a concentração de 
poderes em um só órgão policial. Assim como para o Estado foi salutar a divisão dos 
 
16
 MEDEIROS, Mateus Afonso. A desmilitarização das polícias e a legislação ordinária. In: Revista de 
Informação Legislativa, v. 42, n. 165, p. 239-253, jan./mar. 2005. 
 
28 
 
Poderes políticos, quer nos parecer que, para a sociedade, é salutar a divisão dos 
poderes policiais por vários órgãos de segurança pública.17 
Também pesa contra a unificação o fato de que uma polícia serve para 
controlar a outra, como em um sistema de freios e contrapesos. Basta perceber 
como a Polícia Civil desvenda delitos cometidos por policiais militares. A segurança 
do cidadão aumenta pela mútua vigilância entre as polícias, prevenindo eventuais 
abusos.18 
Nos casos de paralisação de uma polícia, não pouca vezes tem sido 
observado que a outra termina por recobrir aquela que faltou a suas atribuições 
institucionais. 
Não custa lembrar que as instituições militares cultuam princípios e valores 
positivos: hierarquia e disciplina, respeito à lei, espírito de sacrifício, cumprimento do 
dever, culto à honra, à dignidade e às tradições. São esses valores que se buscam 
incutir na psique do policial militar, embora nem sempre assimilados por todos. 
Não bastasse, se ao militar são dadas algumas prerrogativas, por outro lado 
lhe são impostas uma série de restrições, não lhes sendo permitido o direito de 
greve, a livre associação sindical e a filiação a partidos políticos, entre outras. É bem 
possível vislumbrar o que acontecerá quando as amarras da hierarquia e disciplinas 
forem soltas. Estará criado o maior sindicato armado do País, sujeito a todo tipo de 
contaminação sindicalista, ideológica e político-partidária e de interesses 
corporativos.19 
As greves de policiais militares – ilegais e inconstitucionais e sob o olhar 
leniente das autoridades – são uma pequena amostra, no presente, do que poderá 
acontecer no futuro.20 
A União perderia sua força policial ostensiva, considerando que a Força 
Nacional de Segurança Pública é composta por pessoal oriundo das Polícias 
Militares de diversas unidades da Federação. Há que se considerar que, em todos 
os países do mundo, existem forças militares ou fortemente militarizadas para serem 
empregadas em situações mais graves de manutenção ou restauração da ordem 
 
17
 PIETÁ, Elói. Polícias: modelo militar x modelo civil. In: Teoria&Deabte, ano 10, n. 36,p. 15-18, 
out./nov/dez. 1997. 
18
 LISBOA, Claudionor. A estética militar e as organizações policiais. Folha de S.Paulo, 14 abr. 1997. 
Opinião-Tendências/Debates, p. 3 (Primeiro Caderno). 
19
 MEDEIROS, Mateus Afonso. A desmilitarização das polícias e a legislação ordinária. In: Revista de 
Informação Legislativa, v. 42, n. 165, p. 239-253, jan./mar. 2005. 
20 Op.cit. 
29 
 
pública, de reintegrações de posse ou em outras situações nas quais forças não-
militares não são particularmente aptas.21 
A quem caberão essas atribuições no Brasil em face da existência de uma só 
polícia de natureza civil? 
Por isso, outras hipóteses como a unificação em uma só polícia militar de 
ciclo completo, ou a manutenção das duas polícias, cada uma promovendo o ciclo 
completo no âmbito das respectivas jurisdições, como acontece em muitos países, 
estão afastadas. 
Mesmo para a simples desmilitarização ou para a criação de uma só polícia 
de natureza civil, inúmeras alternativas se apresentam: unificação pela assimilação 
dos integrantes das Polícias Militares pelas Polícias Civis, resultando em uma só 
corporação civil; extinção das atuais Polícias Militares e Polícias Civis e a criação de 
uma nova polícia civil unificada, com uma nova geração de policiais; fusão das 
atuais Polícias Militares e Polícias Civis em uma só polícia civil; manutenção de duas 
corporações distintas, de natureza civil, pela simples desmilitarização das Polícias 
Militares, mantido seu caráter de policiamento ostensivo.22 
Qualquer dessas alternativas apresenta inúmeros problemas decorrentes: 
Qual seria a taxa de atrito entre os integrantes oriundos das diferentes polícias? Se 
alguma das corporações for extinta, o que fazer com os seus integrantes? As 
Polícias Civis seriam menos truculentas e letais realizando o policiamento ostensivo? 
E por aí vai. 
No tocante ao argumento favorável, diz que desapareceriam as atribuições 
sobrepostas e os conflitos entre corporações, o que, aparentemente, parece ser 
verdade. Todavia, tudo indica que as taxas de atrito entre as Polícias Militares e as 
Polícias Civis foram consideravelmente reduzidas na exata medida em que cada 
 corporação foi melhor compreendendo as suas atribuições e respeitando as 
fronteiras delimitadas para a atuação de cada uma.23 
Mesmo assim, não faltam exemplos de Serviços Reservados das Polícias 
Militares investigando além dos muros das suas respectivas corporações e de 
 
21
 MEDEIROS, Mateus Afonso. A desmilitarização das polícias e a legislação ordinária. In: Revista de 
Informação Legislativa, v. 42, n. 165, p. 239-253, jan./mar. 2005. 
22
 PIETÁ, Elói. Polícias: modelo militar x modelo civil. In: Teoria&Deabte, ano 10, n. 36, p. 15-18, 
out./nov/dez. 1997. 
23
 GREGÓRIO, Rafael. Polícias Militar e Civil no Brasil deveriam se fundir – Entrevista com Salil 
Shetty, Secretário-geral da AI (Anistia Internacional) desde 2009. Folha de S. Paulo, 04 ago. 2013. 
Mundo, p. A20. 
30 
 
Polícias Civis empregando veículos com luzes e pinturas ostensivas e grupos 
utilizando uniformes, não poucas vezes militarizados, e símbolos de suas 
corporações. 
Outro argumento, em princípio verdadeiro, é que a unificação resultaria em 
menor custo e aumentaria a eficiência do aparato policial pelo emprego mais 
racional e eficiente do efetivo, das instalações e dos equipamentos. Uma só 
infraestrutura policial com uma só central de inteligência, uma só administração 
financeira e orçamentária, de material e de pessoal, um só centro de treinamento, 
uma só instalação hospitalar e assim por diante.24 
Todavia, essas instalações, em sua maioria, não são da atividade-fim e 
poderiam ser unificadas, até sem policiais, para o apoio a diferentes corporações. 
Também, a unificação não significará, necessariamente, a redução da quantidade 
dos meios e dos policiais colocados no policiamento ostensivo e nas atividades de 
polícia judiciária. 
A divisão de trabalho por especialidade, como forma de aumentar a 
eficiência, permanecerá. Não mais entre duas corporações, mas em uma mesma 
corporação, agora generalista, mas dividida em dois segmentos especializados. 
Hoje, o comando unificado existe, pelo menos formalmente, na figura dos 
Secretários de Segurança Pública ou de Defesa Social, com a denominação 
variando conforme a unidade da Federação. Onde não tem funcionado a contento, 
trata-se de uma questão política e de gestão superior e que deve ser resolvida 
nesse nível no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal.25 
E qual será o custo do processo da unificação? E qual a garantia de menor 
custo e de maior eficiência do aparato policial depois da criação de uma polícia 
unificada, promovendo o ciclo completo? E como se dará o casamento das 
mentalidades oriundas das diferentes corporações? Qual a garantia de que não 
haverá taxas de atrito entre os diferentes segmentos da polícia unificada? Haverá 
uma “civilização” dos policiais militares ou uma “militarização” dos policiais civis?26 
 
24
 GREGÓRIO, Rafael. Polícias Militar e Civil no Brasil deveriam se fundir – Entrevista com Salil 
Shetty, Secretário-geral da AI (Anistia Internacional) desde 2009. Folha de S. Paulo, 04 ago. 2013. 
Mundo, p. A20. 
25
 MEDEIROS, Mateus Afonso. A desmilitarização das polícias e a legislação ordinária. In: Revista de 
Informação Legislativa, v. 42, n. 165, p. 239-253, jan./mar. 2005. 
26
 PIETÁ, Elói. Polícias: modelo militar x modelo civil. In: Teoria&Deabte, ano 10, n. 36, p. 15-18, 
out./nov/dez. 1997. 
31 
 
Diz-se que uma polícia de natureza civil será mais democrática e próxima da 
população, distante de procedimentos bélicos, da truculência e da letalidade que 
implicam elevados índices de violência contra os segmentos mais discriminados da 
sociedade. Será que uma polícia “civilizada”, depois colocada no policiamento 
 ostensivo, será realmente menos letal e truculenta? 
É verdade que a unificação das polícias deverá resultar em unidade 
doutrinária, mas essa unidade doutrinária será estadual ou nacional? De que centro 
emanaria essa unidade doutrinária? Uma mesma corporação civil realmente teria 
unidade doutrinária para as diferentes atribuições de cada segmento seu? A doutrina 
para as atividades investigativas é a mesma para as atividades de policiamento 
ostensivo? A doutrina para o policiamento ostensivo é a mesma para as operações 
de contenção de distúrbios?27 
Também há certo desperdício com os policiais militares empregados na 
guarda dos seus aquartelamentos, dos estabelecimentos penitenciários, das 
instalações dos poderes constituídos e à disposição de outros órgãos e de gabinetes 
de autoridades mais várias e que poderiam estar no policiamento das ruas. 
Outra colocação em favor de uma só polícia de natureza civil considera que o 
policiamento ostensivo é muito desgastante e que, ao longo do tempo, há uma 
tendência natural para diminuir a motivação e as condições físicas para o serviço de 
rua. Em uma polícia de ciclo completo seria possível estabelecer um plano de 
carreira colocando os policiais mais novos, uniformizados, promovendo o 
policiamento ostensivo, com os trabalhos de polícia judiciária ficando reservados, 
como fator de ascensão funcional e motivação, para os mais velhos e experientes.28 
Mesmo assim, mantidas as Polícias Militares, nada impede que o policial 
militar mais antigo tenha, dentro da sua corporação, a possibilidade de ascensão a 
postos ou graduações mais elevados e a sua transferência para tarefas, que sempre 
existirão, diferentes daquelas do policiamento ostensivo. 
Sem a intenção de esgotar o assunto por oraproposto, quem garante que a 
extinção das Polícias Militares irá melhorar a segurança pública? Quem garante que 
a unificação das polícias irá diminuir as condutas desajustadas e, até mesmo, 
criminosas dos integrantes das corporações policiais? Como será uma polícia 
 
27 Op. Cit. 
28
 MEDEIROS, Mateus Afonso. A desmilitarização das polícias e a legislação ordinária. In: Revista de 
Informação Legislativa, v. 42, n. 165, p. 239-253, jan./mar. 2005. 
 
32 
 
ostensiva sem o rigor da hierarquia e disciplina militares? Como será a letalidade 
dessa nova polícia diante dos mesmos desafios que hoje se impõem às Polícias 
Militares? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
5 CONCLUSÃO 
 
 
 
Verificou-se pela pesquisa através dos estudos constitucionais e históricos, as 
formas como foram criadas as forças policiais, bem como a origem das mesmas, há 
de se destacar também a PEC 51/2013 que, visa entre seus trâmites à alteração e 
modificação no texto constitucional vigente quanto ao termo militar e suas 
atribuições ao que seria uma nova forma de policiar o território dos Estados 
Membros. 
Tal pesquisa teve o fito de comprovar e desconstruir alguns mitos quanto ao 
termo “Desmilitarização”. Insta salientar também que, tal atribuição relacionada à 
pesquisa histórica da origem das polícias, ademais as brasileiras, houve claramente 
a necessidade de desvincular a ideia errônea de que tais forças de policiamento 
destinam-se somente de herança do regime militar iniciado em 1964. 
Tal ideia inicialmente passada como tema inverídico, pode ser observado ao 
que concernem as forças policiais instituídas desde a proclamação da república no 
Brasil (vide observação relacionada à Constituição de 1981), tais forças não eram 
diretamente gravadas na Constituição de 1981, o que de fato tornou os Estados 
Membros mais autônomos para utilização/criação de suas forças policiais, porém 
destaca-se que o modelo de policiamento Dual francês fora mantido. Destarte para a 
forma de policiamento adotado no Estado do Rio de Janeiro com sua reforma em 
1902, trazendo agora o sistema de policiamento entre Militar e Civil. 
Seguiu-se na pesquisa a necessidade de demonstrar o sistema presente na 
Constituição de 1988, este pautado mais especificamente no Princípio da Eficiência. 
O artigo 144 da CF/88 estabelece a organização e função de tais serviços de cunho 
público, também presente ao que concerne a segurança pública, portanto direito 
fundamental e obrigação do Estado para com a sociedade. 
Por fim, a pesquisa trouxe as divergências entre a PEC 51/2013, bem como 
sua definição, resoluções que a mesma traria e problemas vindouros de tais 
alterações. Há de forma clara várias consonâncias e Dissonâncias relativas a PEC, o 
que fora abordado de forma a transparecer da melhor maneira possível para o 
entendimento de quem se dispõe a ter a pesquisa em mãos para uma leitura 
esclarecedora sobre o caso. 
 
34 
 
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