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18/04/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 1/5 Módulo 2_Família e cultura: sexualidade e Complexo de Édipo Para o antropólogo Claude LeviStrauss, a família é constitutiva para a sociedade humana. E, tendo um núcleo, a família permite uma rede de laços sociais assentados em trocas materiais e de mulheres e, a partir dessa mudança, vem a sobrevivência do ser humano como ser cultural. Daí deriva a importância social da proibição de incesto, pois permite o estabelecimento dos laços socais, para além do grupo familiar baseada em diferenças sexuais. Assim, a proibição do incesto aparece como uma espécie de normamãe constitutiva para a convivência humana, garantida não somente pela força da lei, como também pela educação que os pais e as pessoas que se colocam no lugar dos pais dispensam aos filhos. A educação contribui, assim, segundo Sigmund Freud, para a formação do que chama de “Super Ego”, via identificação. A família burguesa constitui o contexto histórico da psicanálise. Para Sigmund Freud o neurótico é personagem de um verdadeiro romance familiar que, não por coincidência, guarda uma semelhança com a tragédia Édipo Rei, escrita pelo dramaturgo grego Sófocles em torno de 427 a.C. Édipo, o filho que, sem saber, mata o pai, tornase marido da mãe e rei de Thebas, infringindo com seu ato incestuoso a lei que garante a estrutura social, biológica, política e familiar daquela sociedade, embaralhando a ordem e descobrindo a verdade. Por esse motivo sente uma culpa inconsciente que vai si tornar verdadeira sina da humanidade. O desejo pela mãe e o desejo da morte do pai geram no sujeito uma culpa tão insuportável que deve ser recalcada. Responsável pelo recalque do complexo de Édipo, cuja teoria perpassa a obra de Freud, é o SuperEgo. Como o filho, diz Freud, não pode tomar o lugar do pai, mas, por outro lado deve identificarse com ele, resolve esse conflito interno, mediante a criação de uma instância paterna no inconsciente, o superego. Na teoria psicanalítica de Sigmund Freud, o pai é, portanto, uma figura central inscrita no inconsciente. Ele representa a cultura que, por sua vez, só é possível se há a lei. Assim, enquanto Édipo vive o drama do assassinato do pai e adquire a consequente culpa por têlo matado como tragédia individual, os filhos assassinos do pai da horda – em Totem e Tabu – constroem a parir do ato assassino a cultura que tem , por assim dizer, como espinha dorsal a lei. O assassinato do pai, possuidor de todas as mulheres, gera duas normas fundamentais: a proibição de matar o totem, o animal que é simbolicamente colocado no lugar do pai, e a proibição do incesto, a abstinência em relação a todas as mulheres do mesmo clan de irmãos. Cientes do perigo que corre qualquer um quando se coloca no lugar do pai, os irmãos fazem um pacto: criam laços sociais a partir da lei que manda “ Não matarás”.. Em outras palavras, não há cultura sem essa renúncia convencionada pela sociedade dos “irmãos”. Não há sociedade sem o direito como uma das formas de regulação da renúncia civilizada, como escreve Freud na obra O mal estar na civilização. 18/04/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 2/5 A renúncia à satisfação das pulsões, exigida pela convivência em sociedade, tem um preço alto para o indivíduo. Gera a neurose que uns conseguem sublimar na cultura, criando ciência, arte, idéias, enquanto que outros, não. A repressão e o recalque que a cultura exige como preço da convivência podem ser a causa de agressões, de uma inimizade latente na sociedade. Enquanto Freud construía a psicanálise centrada na figura do pai, a revolução do feminino transformava a sociedade do século XX. Sinal visível estava na moda lançada pelas mulheres que, após a Primeira Guerra Mundial, dispensaram o aperto do espartilho, inventaram o sutien e começaram, entre as duas grandes guerras, a administrar famílias, empresas e o Estado. Assim, aos poucos, o trabalho feminino vira a regra. Com os novos e mais eficazes métodos de contracepção, conseguem separar o sexo da reprodução. E, emancipandose, as mulheres desmancham a família patriarcal, usam as possibilidades do divórcio, questionam a autoridade paterna, enfim deixam a função do pai inócua. Parte da função providencial do pai passa para o Estado do bemestar social, não por acaso chamado de Estado Providência que, sobretudo, durante o século XX, é intermediário no pacto social entre o capital e o trabalho. Não é por acaso também que, por exemplo, no Brasil, o chefe de Estado Getúlio Vargas era chamado de “pai dos pobres”. Hoje, no Brasil, o Estado é “destinado a assegurar. [...] o bemestar [...]”, como rege o Preâmbulo da Constituição Federal. A revolução feminina do século XX culmina na já citada mudança cultural da pós modernidade, consequência da própria modernidade. Em toda parte, o movimento da “destruição criativa”, característico para o capitalismo moderno, acentuase na pós modernidade (ou na hipermodernidade). Ator da modernidade é o sujeito em busca de algo além de seu alcance, “além do princípio do prazer”, do “sujeito do gozo”. Ator da pósmodernidade aquele que, diante da crise das grandes instituições sociais, do Estado, da família, da igreja, da empresa, está angustiado com a multiplicidade de possibilidades que a globalização lhe oferece. A valorização da subjetividade na pósmodernidade está intimamente ligada a uma segunda revolução feminina. Para Simone de Beauvoir, autora de “O segundo sexo”, uma mulher não nasce, uma mulher se faz. A partir dessa constatação que se tornou um aforismo no fim do século XX, há uma separação entre o sexo feminino, ligado à corporeidade da mulher, e o gênero feminino, construído pela cultura estruturada pelo masculino. Essa distinção é significativa para a família, finalmente desvinculada da questão da procriação. Novas constelações familiares surgem a partir daí: o casamento e a família homossexuais, as redes familiares compostas por pais e filhos de várias uniões e a sucessão de pactos nupciais. Concomitantemente com o desenvolvimento das novas formas de se conviver em família, surge na psicanálise o questionamento do complexo de Édipo como princípio ordenador da família burguesa. Em razão do fato de que nascemos prematuros, tanto para o menino, quanto para a menina, a mãe é o primeiro amor. O menino logo vai perceber que ele tem na figura do pai um poderoso rival. Ele se sente impotente diante do pai, quando esta deixa claro que 18/04/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 3/5 ele é o amante da mãe. O menino é barrado em seu desejo sexual infantil que não pode realizar, porque existe a lei da proibição do incesto. Como é o pai quem instaura essa lei, declarando “essa mulher é minha!”, o menino odeia o pai inconscientemente. Édipo não sabe que o homem que matou era seu pai! Paradoxalmente, o menino sente ódio pelo seu rival e ama o pai por ser seu o ideal. Esse conflito que não se resolve é recalcado. Permanece no inconsciente e volta nos sonhos, nos chistes, atos falhos e, principalmente nos sintomas psicopatológicos e também físicos. A saída do complexo de Édipo para o menino é crescer, passar pela adolescência, escolher uma mulher (uma que não é a mãe) e ser pai. Para a menina o Complexo de Édipo é mais complicado. SigmundFreud diz que a menina, quando cresce, percebese castrada porque não tem o que têm o pai e o irmão: um pênis. Sentese castrada e culpa a mãe por esse “defeito” físico. Tenta se aliar ao pai, porque este tem o que ela fantasia não ter e porque este “ter” implica poder. Ela também vai, certo dia, ouvir “Sua mãe é minha mulher”, isto é, vai ser barrada em seu desejo incestuoso pelo pai. Vai crescer, escolher seu amante e ter um filho que vai substituir o falo que ela tanto almeja. Por isso, Jacques Lacan vai mais além do Complexo de Édipo de Sigmund Freud, quando diz do desejo materno de manter a criança perto de si. O pai, ou quem exerça sua função, desempenha o papel de separar o filho ou a filha da mãe. Essa separação precisa ser simbolizada. Ela é entendida como sendo uma lei, a lei da proibição do incesto, matriz de todas as leis. Essa lei gera um mal estar. Sigmund Freud tratou desse Mal estar na civilização, do Unbehagen in der Kultur. Como seres humanos só podemos sentir satisfação dentro da ordem cultural, respeitando a lei. No entanto, não nos permite a satisfação plena. Para Jacques Lacan, a lei paterna cria a cultura, pela linguagem e a possibilidade do ser humano expressar o “que ele pode dizer do seu desejo”. [1] A função paterna de dar ao filho acesso ao mundo é exercida não unicamente pelo pai , mas pela própria cultura que exige, por exemplo, que a mãe volte ao trabalho depois da licença maternidade. Questão dissertativa: O Complexo de Édipo era tido durante muitos anos como chave de compreensão do inconsciente. Qual é o papel do pai nesse complexo? [1] FORBES, J. Inconsciente e responsabilidade: psicanálise do século XXI. São Paulo: Manole, 2012., p. 39. 18/04/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 4/5 Exercício 1: "NINGUÉM nasce mulher: tornase mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. Somente a mediação de outrem pode constituir um indivíduo como um Outro." (BEAUVOIR, S. O segundo sexo. (1949) .Vol. II. A experiência da vida. São Paulo: DIFEL, 1967.) A partir da teoria transcrita no trecho, há, hoje uma diferenciação teórica entre os termos "sexo" e "gênero": A O uso do termo sexo conota que a diferença entre homens e mulheres é de ordem cultural; B O uso do termo gênero conota que a diferença entre homens e mulheres é de ordem cultural; C o uso do termo sexo conota que a diferença entre homens e mulheres é de ordem natural e cultural; D o uso do termo gênero conota que a diferença entre homens e mulheres é de ordem natural E O uso do termo sexo conota que não há diferença entre homens e mulheres Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários Exercício 2: O complexo de Édipo é para Sigmund Freud a chave de compreensão do Inconsciente. Qual é a saída do Complexo de Édipo para o MENINO A Esquecer a frustração da interdição da mãe e obedecer ao pai. B Hostilizar a mãe fazendo pacto com o pai. C Crescer, encontrar uma mulher que não é a mãe e ser pai. D Entrar na política e exercer um cargo de liderança. E Nenhuma das alternativas está correta. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários Exercício 3: Por que sofremos segundo Sigmund Freud o "mal estar na civilização"? A Porque a civilização não acolhe a carência humana. B Porque a civilização nos obriga a manter nossas pulsões sob controle. C Porque sem a civilização nós nunca nos afastariamos de nossas mães. D Por que a civilização nos obriga a obedecer à lei do pai. E Por nenhuma razão citada. Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários Exercício 4: Quando a menina desenvolve o complexo de Édipo, ela tem um conflito amoroso a mais a elaborar. A Porque em várias ocasiões deve entender que o pai não é parceiro para ela. B Porque deve primeiro separar da mãe como objeto amoroso e depois aceitar que o pai é interditado. C Porque deve primeiro aceitar que não pode casar com o pai e depois separar da mãe como objeto amoroso. D Porque não pode identificarse à mãe, já que essa é sua maior rival. E Nenhuma dessas hipóteses está correta. 18/04/2015 UNIP Universidade Paulista : DisciplinaOnline Sistemas de conteúdo online para Alunos. http://online.unip.br/imprimir/imprimirconteudo 5/5 Comentários: Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários
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