Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A sinapse Principais pontos ● Os neurônios se comunicam uns com os outros em pontos de contato chamados sinapses. Em uma sinapse, um neurônio envia uma mensagem para um neurônio alvo - uma outra célula. ● A maioria das sinapses são químicas; nestas sinapses a comunicação é feita usando mensageiros químicos. Outras sinapses são elétricas; nestas sinapses ocorre um fluxo direto de íons entre as células. ● Em uma sinapse química, um potencial de ação faz com que o neurônio pré-sináptico libere neurotransmissores. Estas moléculas ligam-se aos receptores na célula pós-sináptica e a tornam mais ou menos propensa a desencadear um potencial de ação. Introdução Um neurônio único, ou uma célula nervosa, pode fazer muita coisa! Ele pode manter um potencial de repouso— tensão através da membrana. Ele pode disparar impulsos nervosos, ou potenciais de ação. E ele pode realizar os processos metabólicos necessários para permanecer vivo. A sinalização de um neurônio, no entanto, é muito mais excitante - quando consideramos suas interações com outros neurônios. Neurônios individuais fazem conexões com neurônios alvo e estimulam ou inibem suas atividades, formando circuitos que podem processar informações recebidas e realizar uma resposta. Como os neurônios "falam" um com o outro? A ação acontece na sinapse, o ponto de comunicação entre dois neurônios ou entre um neurônio e a célula alvo, como um músculo ou uma glândula. Na sinapse, o disparo de um potencial de ação em um neurônio—o pré-sináptico—gera a transmissão de um sinal para outro neurônio—o pós-sináptico, —tornando mais ou menos provável que o neurônio pós-sináptico dispare seu próprio potencial de ação. https://pt.khanacademy.org/science/biology/human-biology/neuron-nervous-system/a/the-membrane-potential https://pt.khanacademy.org/science/biology/human-biology/neuron-nervous-system/v/electrotonic-action-potential Visão geral da transmissão em sinapses químicas A transmissão química envolve a liberação de mensageiros químicos conhecidos como neurotransmissores. Neurotransmissores carregam informação do neurônio pré-sináptico para o pós-sináptico. As sinapses geralmente são formadas entre terminais nervosos - terminais dos axônios - do neurônio transmissor e o corpo celular ou dendritos do neurônio receptor. Um único axônio pode ter várias ramificações, permitindo-lhe fazer sinapses em várias células pós-sinápticas. Da mesma forma, um único neurônio pode receber milhares de entradas sinápticas de muitos neurônios pré-sinápticos — transmissores — diferentes. Dentro do terminal do axônio de uma célula transmissora há muitas vesículas sinápticas. Elas são esferas ligadas a membrana e repletas de moléculas de neurotransmissor. Há um pequeno espaço entre o terminal do axônio do neurônio pré-sináptico e a membrana da célula pós-sináptica, e este espaço é chamado de fenda sináptica. Quando um potencial de ação, ou impulso nervoso, chega ao terminal do axônio, ele ativa canais de cálcio voltagem-dependentes na membrana da célula. O Ca2 + que está presente em uma concentração muito maior fora do neurônio do que dentro dele, invade a célula. O Ca2+ permite que as vesículas sinápticas se fundam com a membrana do axônio terminal, liberando o neurotransmissor dentro da fenda sináptica. As moléculas de neurotransmissor se difundem através da fenda sináptica e se ligam às proteínas receptoras na célula pós-sináptica. A ativação de receptores pós-sinápticos leva à abertura ou fechamento de canais iônicos na membrana celular. Isto pode ser despolarização — tornar o interior da célula mais positivo — ou hiperpolarização — tornar o interior da célula mais negativo — dependendo dos íons envolvidos. Em alguns casos, estes efeitos sobre o comportamento do canal são diretos: o receptor é um receptor ionotrópico, como no diagrama acima. Em outros casos, o receptor não é um canal iônico em si mas ativa canais iônicos através de uma via de sinalização. Potenciais pós-sinápticos excitatórios e inibitórios. Quando um neurotransmissor se liga ao seu receptor em uma célula receptora, ele faz com que canais iônicos se abram ou se fechem. Isto pode produzir uma mudança localizada no potencial da membrana— a tensão através da membrana — da célula receptora. Em alguns casos, a alteração torna a célula alvo mais propensa a disparar seu próprio potencial de ação. Neste caso, a mudança no potencial de membrana é chamada de potencial excitatório pós-sináptico, ou PEPS. Em outros casos, a mudança torna a célula alvo menos propensa a disparar um potencial de ação e é chamada de potencial inibitório pós-sináptico, ou PIPS. Um PEPS é despolarizante: torna o interior da célula mais positivo, trazendo o potencial de membrana mais perto de seu limite para disparar um potencial de ação. Às vezes, um único PEPS não é grande o suficiente para trazer o neurônio ao limite, mas ele pode se somar a outros PEPSs para desencadear um potencial de ação. Os PIPSs têm o efeito oposto. Ou seja, eles tendem a manter o potencial de membrana do neurônio pós-sináptico abaixo do limiar de disparo de um potencial de ação. PIPSs são importantes porque podem neutralizar, ou anular, o efeito excitatório dos PEPSs. Sinapses elétricas Em todas as sinapses elétricas, diferentemente das sinapses químicas, na uma conexão física direta entre os neurônios pré e pós-sinápticos. Essa conexão assume a forma de um canal chamado de junção, que permite que uma corrente — íons — passe diretamente de uma célula para a outra. Sinapses elétricas transmitem sinais mais rapidamente que sinapses químicas. Algumas sinapses são tanto químicas quando elétricas. Nessas sinapses, a resposta elétrica ocorre antes da resposta química. Quais os benefícios de sinapses elétricas? Por um lado, são mais rápidas - o que pode ser importante em circuitos que ajudam um organismo a escapar de um predador. Também, sinapses elétricas permitem atividades sincronizadas de grupos de células. Em muitos casos, elas podem carregar correntes em ambas as direções de forma que a despolarização de um neurônio pós-sináptico levará à despolarização de um neurônio pré-sináptico. Isso meio que vincula as definições de pré-sináptico e pós-sináptico. Quais são as desvantagens das sinapses elétricas? Ao contrário das sinapses químicas, as sinapses elétricas não podem transformar um sinal excitatório de um neurônio em um sinal inibitório em outro. Mais amplamente, a falta de versatilidade, flexibilidade, e capacidade da modulação do sinal que vemos em sinapses químicas. Pequenas moléculas neurotransmissoras As pequenas moléculas neurotransmissoras são (não surpreendentemente!) vários tipos de pequenas moléculas orgânicas. Elas incluem: ● Os aminoácidos neurotransmissores glutamato, GABA (ácido γ-aminobutírico) e glicina. Todos são aminoácidos, embora o GABA não seja um aminoácido encontrado nas proteínas. As aminas biogênicas dopamina, norepinefrina, epinefrina, serotonina e histamina que são sintetizadas a partir de aminoácidos precursores. Os neurotransmissores purinérgicos ATP e adenosina, que são nucleotídeos e nucleosídeos. A acetilcolina, que não se encaixa em nenhuma das outras categorias estruturais, mas é um neurotransmissor fundamental nas junções neuromusculares (onde os nervos se conectam com os músculos), bem como em outras sinapses. Neuropeptídeos Os neuropeptídeos são compostos por três ou mais aminoácidos e são maiores que as pequenas moléculas transmissoras. Existem neuropeptídeos muito diferentes. Eles incluem as endorfinas e encefalinas, que inibem a dor; a substância P, que transporta os sinais da dor; e o neuropeptídeo Y, que estimula a fome e pode prevenir convulsões. Os efeitos do neurotransmissor dependem do seu receptor Alguns neurotransmissores são considerados "excitatórios," provocando a deflagração de um potencial de ação no neurônio alvo. Outros são considerados "inibitórios," dificultando a deflagração de algum potencial de ação no neurônio alvo. Por exemplo:● O glutamato é o principal transmissor excitatório do sistema nervoso central. ● O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do cérebro dos vertebrados adultos. ● A glicina é o principal neurotransmissor inibitório da medula espinhal. Contudo, "excitatório" e "inibitório" não são realmente dois compartimentos no qual podemos separar os neurotransmissores. Ao invés disso, um mesmo neurotransmissor pode, às vezes, possuir um efeito excitatório ou inibitório, dependendo do contexto. Como isso pode ocorrer? Ao que parece, não existe somente um tipo de receptor para cada neurotransmissor. Em vez disso, um determinado neurotransmissor pode usualmente se ligar e ativar múltiplos receptores proteicos diferentes. Se o efeito de um certo neurotransmissor será excitatório ou inibitório em determinada sinapse, dependerá de quais de seu(s) receptor(es) estão presentes na célula (alvo) pós-sináptica. Exemplo: Acetilcolina Vamos tornar isso mais claro através de um exemplo. O neurotransmissor acetilcolina é excitatório na junção neuromuscular, no músculo esquelético, fazendo com que o músculo contraia. Em contraste, ela é inibitória no coração, onde reduz os batimentos cardíacos. Estes efeitos opostos são possíveis porque dois tipos diferentes de receptores proteicos de acetilcolina são encontrados nas duas localidades. Os receptores de acetilcolina nas células musculares esqueléticas são chamados receptores nicotínicos de acetilcolina. Eles são canais iônicos que se abrem em resposta à ligação de acetilcolina, causando despolarização na célula alvo. Os receptores de acetilcolina nas células musculares cardíacas são chamados receptores muscarínicos de acetilcolina. Eles não são canais iônicos, mas acionam vias de sinalização que inibem o disparo de potenciais de ação. Tipos de receptores de neurotransmissores Como o exemplo acima sugere, podemos dividir os receptores proteicos que são ativados por neurotransmissores em duas grandes classes: ● Canais iônicos ativados por ligante: Esses receptores são canais iônicos proteicos transmembranares que se abrem diretamente em resposta a ligação do ligante. ● Receptores Metabotrópicos: Esses receptores não são canais iônicos. A ligação do neurotransmissor ativa uma via de sinalização, que pode indiretamente abrir ou fechar canais (ou possuem algum outro efeito). Canais iônicos ativados por ligantes Os receptores de neurotransmissores de primeira classe são canais iônicos ativados por ligantes, também conhecidos por receptores ionotrópicos. Eles passam por uma mudança na forma quando o neurotransmissor se liga, causando a abertura do canal. Isso pode ser um efeito excitatório ou inibitório, dependendo dos íons que possam passar pelos canais e suas concentrações dentro e fora da célula. Canais iônicos ativados por ligantes são grandes complexos de proteínas. Eles possuem certas regiões que são sítios de ligação para os neurotransmissores, assim como segmentos na membrana para compor o canal. Canais ativados por ligantes tipicamente produzem respostas fisiológicas muito rápidas. A corrente começa a fluir (íons começam a atravessar a membrana) em dez micro-segundos após a ligação do neurotransmissor e a corrente para assim que o neurotransmissor não está mais ligado ao receptor. Na maioria dos casos, os neurotransmissores são removidos das sinapses muito rapidamente, graças às enzimas que quebram a ligação ou células vizinhas que os tomam. Receptores metabotrópicos A ativação de receptores de neurotransmissores de segunda classe só afeta a abertura e fechamento do canal iônico indiretamente. Nesse caso, a proteína que se liga ao neurotransmissor - o receptor de neurotransmissor - não é um canal iônico. Sinalização por meio desses receptores metabotrópicos depende da ativação de diversas moléculas dentro da célula e frequentemente envolve uma via de segundos mensageiros. Por envolver mais passos, a sinalização por receptores metabotrópicos é muito mais lenta que aquela feita por canais iônicos ativados por ligantes. Alguns receptores metabotrópicos têm efeitos excitatórios quando eles são ativados (tornar a célula mais provável a disparar um potencial de ação), enquanto outros têm efeitos inibitórios. Muitas vezes, estes efeitos ocorrem porque o receptor metabotrópico dispara https://pt.khanacademy.org/science/biology/cell-signaling/mechanisms-of-cell-signaling/a/intracellular-signal-transduction/ uma via de sinalização que abre ou fecha um canal iônico. De maneira alternativa, um neurotransmissor que se liga a um receptor metabotrópico pode mudar como a célula responde a um segundo neurotransmissor que atua através de um canal ativado por ligante. A sinalização através de receptores metabotrópicos também pode ter efeitos sobre a célula pós-sináptica que, sobretudo, não envolvem canais iônicos. Doença de Alzheimer A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa caracterizada por deficiências de aprendizagem e memória. Está associada à falta de acetilcolina em certas regiões do cérebro. Depressão Acredita-se que a depressão seja causada por uma depleção de norepinefrina, serotonina e dopamina no sistema nervoso central. Assim, o tratamento farmacológico da depressão visa aumentar as concentrações desses neurotransmissores no sistema nervoso central. Esquizofrenia A esquizofrenia, que é uma doença mental grave, demonstrou envolver quantidades excessivas de dopamina nos lobos frontais, o que leva a episódios psicóticos nesses pacientes. Os medicamentos que bloqueiam a dopamina são usados para ajudar a tratar as condições esquizofrênicas Doença de Parkinson A destruição da substância negra leva à destruição da única fonte de dopamina do sistema nervoso central. A depleção de dopamina leva a tremores musculares incontroláveis observados em pacientes que sofrem de doença de Parkinson. Epilepsia Algumas condições epilépticas são causadas pela falta de neurotransmissores inibitórios, como o GABA, ou pelo aumento de neurotransmissores excitatórios, como o glutamato. Dependendo da causadas convulsões, o tratamento visa aumentar o GABA ou diminuir o glutamato. Doença de Huntington Além da epilepsia, uma redução crônica de GABA no cérebro pode levar à doença de Huntington. Embora seja uma doença hereditária relacionada à anormalidade no DNA, um dos produtos desse DNA desordenado é a capacidade reduzida dos neurônios de captar o GABA. Não há cura para a doença de Huntington, mas podemos manejar os sintomas aumentando farmacologicamente a quantidade de neurotransmissores inibitórios. Miastenia gravis A miastenia gravis é uma doença autoimune crônica rara caracterizada pelo comprometimento da transmissão sináptica de acetilcolina nas junções neuromusculares, levando a fadiga e fraqueza muscular sem atrofia.Na maioria das vezes, a miastenia gravis resulta de anticorpos circulantes que bloqueiam os receptores de acetilcolina na junção neuromuscular pós-sináptica. Isso inibe os efeitos excitatórios da acetilcolina nos receptores nicotínicos nas junções neuromusculares. Em uma forma genética muito mais rara, a fraqueza muscular pode resultar de um defeito genético em partes da junção neuromuscular, diferentemente da transmissão passiva do sistema imunológico da mãe no nascimento ou decorrente de doença autoimune durante a vida.
Compartilhar