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Roteiro de Estudos 4 - Sujeitos de Direito Internacional Público - Estado

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Sujeitos de Direito
Internacional Público
O Estado
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Junior
Direito Internacional Público
Introdução
Sujeitos de direito internacional,
também chamados de Pessoas Jurídicas
de direito internacional são os Estados e
as Organizações Internacionais, sendo
certo que estes últimos passou a integral
o rol das pessoas jurídicas de direito
internacional a partir do inicio do século
passado (período pós guerra), quando
até então somente os Estados eram
admitidos como sujeitos desta sociedade
internacional.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
“São sujeitos de Direito Internacional
Público todos aqueles entes ou
entidades cujas condutas estão
diretamente previstas pelo direito das
gentes (ou, pelo menos, contidas no
âmbito de certos direitos ou obrigações
internacionais) e que têm possibilidade
de atuar (direta ou indiretamente) no
plano internacional”
Julio Barberis
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Diante desta definição, modernamente,
alguns doutrinadores ainda incluirão os
indivíduos no rol dos sujeitos de Direito
Internacional, lembrando Mazzuoli que a
qualificação jurídica de um certo ente como
sujeito de direito internacional guarda,
assim, duas conotações: uma passiva – a
quem tal Direito é destinada – e outra ativa –
que se traduz na capacidade de atuação no
plano internacional.
Passemos primeiro ao estudo do
Estado como sujeito de Direito
Internacional Público, vez que,
este é sujeito pleno e primária do
DIP.
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Várias são as definições para Estado, dependendo do ramo da ciência
que se propõe estuda-lo. No entanto para o Direito Internacional o
Estado pode ser definido:
"O Estado é o ente jurídico, dotado de personalidade internacional,
formado de uma reunião (comunidade) de indivíduos estabelecidos de
maneira permanente em um território determinado, sob a autoridade de
um governo independente e com a finalidade precípua de zelar pelo bem
comum daqueles que o habitam" Valério de Oliveira Mazzuoli
“Estado é uma coletividade que se compõe de um território e de uma
população submetidos a um poder político organizado caracterizado pela
soberania." Parecer 01 da Comissão de Arbitragem e Julgamento de 1991
"O Estado pode ser definido como um fenómeno histórico, sociológico e
político considerado pelo Direito" Alain Pellet
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Ambas as definições nos remete a dois pontos
muito importantes para o estudo do Estado como
sujeito do DIP.
O primeiro deles é a noção que subtraímos da
definição de Pellet, afinal o Estado apesar de ser
sujeito do DIP não é criado por este, sua existência
independe da sociedade internacional, sua formação e
extinção estão mais ligados a fatores históricos e
sociais do que a fatores jurídicos, na realidade o direito
apenas reconhece estes acontecimentos trazendo-os
para si.
O segundo ponto é que para existir um Estado
enquanto tal, necessitamos de três elementos que o
constituirão: O elemento territorial, o elemento
populacional e o elemento governativo.
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Elemento Territorial:
Elementos constitutivos do Estado
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O primeiro elemento que estudaremos é o território que se
caracteriza como sendo a base física/geográfica onde o Estado
exerce sua autoridade ou jurisdição de forma geral e exclusiva:
•Geral pois o exerce em todo o território;
•Exclusiva pois só ele pode fazer, não se admitindo que outro
assuma suas funções, sejam as executivas, legislativas ou
judiciárias, sem seu próprio consentimento.
É em regra sobre este primeiro elemento que se localiza o
segundo (população) e também sobre esse que exerce o terceiro
elemento (governativo).
Clovis Beviláqua em seu Direito Público
Internacional nos lembra que por elemento
territorial constitutivo de um Estado não se
deve entender somente a porção de terra
definida por fronteiras, mas também o
subsolo e as regiões separadas do solo, os
rios, lagos e mares interiores, os golfos as
baías e os portos, a faixa de mar territorial
e a plataforma submarina e por fim, o
espaço aéreo.
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Questão da extensão: Devemos destacar que o
elemento territorial de um Estado, não está ligado a
nenhum conceito de extensão, sendo certo que para o
DIP, pouco importa o tamanho do território de um
Estado, todos gozam da mesma soberania, o que é
comprovado pela existência dos chamados
microestados, como o Principado de Andorra,
Liechtenstein, Mônaco e San Marino, como
estudaremos a seguir.
Questão das fronteiras não delimitadas: Tão
pouco deixará de existir a territorialidade de um
Estado por este encontrar-se em litígio fronteiriço, o
que acontece ainda em dias atuais, o que se exige na
realidade é um mínimo de estabilidade territorial, não
sendo necessário demarcações absolutas e
incontestadas.
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Questão das Embaixadas: Outro ponto que não se
pode deixar de comentar, ao estudarmos a
dimensão territorial do Estado, é a noção errônea
defendida por parte da doutrina, que as
embaixadas, navios e aeronaves de guerra são
territórios do país que representa ou do pavilhão
(bandeira) que ostenta. Deve-se deixar claro que
tal noção não é verdadeira, o que acontece é a
chamada imunidade que lhes são inerentes por
força do próprio direito internacional. As
embaixadas são indiscutivelmente território do
país em que se instalam, não podendo ser violadas
por força de tratados e convenções.
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Duas modalidades eram, no passado, muito
frequentes na questão da aquisição de
territórios pelos Estados soberanos: a
descoberta e a conquista.
Aquisição e perda de território
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A descoberta foi durante o período
chamado das grandes navegações o modo mais
comum de aquisição de território.
Lançando-se os estados Europeus ao
mar, anexavam a seu próprio território
aqueles que julgavam não serem de ninguém
(terra nullius). Os limites destes territórios,
segundo o princípio da continuidade, eram do
litoral terra adentro, até que encontrassem
outro Estado, que vindo em sentido contrário,
reivindicavam as mesmas terras.
Descoberta 
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Nesta modalidade de aquisição,
vamos conhecer uma variante, a chamada
terra derelicta que são aquelas terras que
foram ocupadas por um Estado após
serem abandonadas pelo Estado que
anteriormente a descobriu e a ocupava.
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Ilha de Palma
A Ilha de Palma foi descoberta pela Espanha e
abandonada em 1599, foi ocupada pelos Países Baixos:
Ilhas Malvinas (Ilhas Falkland)
Descobertas pela Espanha foram abandonadas em 1811 e ocupadas
pela Grã-Bretanha.
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Ilhas Carolinas
Descobertas pela Espanha foram abandonadas e ocupadas pela
Alemanha.
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Na segunda modalidade de
aquisição comum no passado, temos a
chamada conquista, que geralmente se
dava através da guerra. Era o que
acontecia, por exemplo, na América
espanhola que em diversos rincões
encontrava resistência dos povos
indígenas, a aquisição destes territórios
só ocorria após a fuga dos nativos ou
mesmo seu extermínio.
Conquista
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Evidentemente que atualmente
nenhuma destas modalidades é admitida
pelo direito internacional.
Hoje a aquisição e perda de
território acontecem, em regra, porsua
cessão onerosa ou gratuita.
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Cessão Onerosa
A aquisição do Alasca pelo EUA que pagou a Rússia em
1867, 7,2 milhões de dólares
Aquisição da Louisiana pelo EUA que pagou a França
em 1803 o valor de 60 milhões de francos.
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Aquisição pelo Brasil do que hoje é o Acre, que pagou a
Bolívia 2 milhões de libras esterlinas e a prestação de alguns
serviços de infraestrutura
Cessão Onerosa 
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Cessão da Alsácia-Lorena pela França em favor da Alemanha
em 1871 após aquela perder a guerra bilateral ou mesmo o retorno
desta mesma região a França por ocasião do término da 1ª guerra
mundial que teve França no grupo dos vencedores e Alemanha no
grupo dos perdedores. Não se confunde estas cessões gratuitas
com conquistas de guerra, pois tal território não foi “conquistado”
foi cedido através de negociações pós guerra.
Cessão Gratuita 
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A delimitação entre Estados pode acontecer por decisão
arbitral ou judicial, mas é mais comum que ocorram através de
tratados bilaterais.
Os Estados confinantes reconhecendo seus limites
tendem a celebrar tratados para que suas fronteiras fiquem
estipuladas evitando possíveis conflitos. Nestes tratados os
Estados optam por linhas divisórias naturais ou artificiais.
Serão artificiais quando utilizadas as linhas geográficas
dos paralelos, meridionais e diagonais.
Serão naturais quando utilizável as linhas traçadas por
rios e cordilheiras, por exemplo.
Delimitação Territorial 
Linhas divisórias artificiais
A fronteira dos EUA e Canadá utilizam boa parte de um paralelo
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Linhas divisórias artificiais
Comum nas fronteiras do Continente Africano
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Linhas divisórias naturais
Sistema das Cordilheiras e Montanhas
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No critério das cordilheiras, pode-se adotar dois sub-
sistemas:
Sistema de flancos: onde a base da cordilheira é a divisa,
fazendo que toda ela seja pertencente a um só dos países
limítrofes.
Sistema da divisão das águas: onde o limite entre os países é
o mais alto de seu cume, onde as águas das chuvas se
dividiriam.
O sistema da divisão das aguas no critério das cordilheiras é o
adotado no tratado de limites entre Argentina e Chile considerando
a cordilheira dos Andes.
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O Sub-sistema das aguas também é o utilizado para a delimitação das
fronteiras entre Brasil-Venezuela, Brasil-Colômbia e Brasil-Peru.
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Linhas divisórias naturais
Sistema dos Rios
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No critério dos rios, também teremos uma subdivição em
dois outros subsistemas:
Sistema da equidistância considera-se o limite o meio exato
do rio
Sistema do talvegue. o limite partiria do ponto mais
profundo do rio.
O sistema do talvegue é utilizado nas fronteiras do Brasil-Argentina
considerando os rios Uruguai e Iguaçu:
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O sistema do talvegue é utilizado nas fronteiras Brasil-Peru
considerando o rio Purus:
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O sistema da equidistância é o utilizado nas fronteiras do Brasil-
Bolívia considerando os rios Guaporé, Momoré e Madeira:
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Elemento Pessoal:
Elementos constitutivos do Estado
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O segundo elemento constitutivo de um Estado é sua dimensão
pessoal, ou seja, a população sujeita a um governo sobre um
determinado território.
Apesar de não se confundirem a noção de povo e população, sendo
aquele o conjunto de nacionais dentro de um território e este a
soma dos nacionais e dos estrangeiros que residem em definitivo
em um Estado estrangeiro, a doutrina não é consensual ao firmar a
noção da dimensão pessoal do Estado. Defende alguns, como
Rezek, que somente o povo comporia a dimensão pessoal do Estado
para o DIP, e outros, como Mazzuoli que defende que a dimensão
pessoal do estado seria para o DIP àquela composta de sua
população.
Parece-nos mais acertada a noção de Mazzuoli, pois não se
pode afirmar que o Estado não exerce seu poder soberano sobre os
estrangeiros que estejam em seu território, daí acreditarmos que a
melhor doutrina traz a população como sendo a dimensão pessoal
do Estado.
Muito importante para esta dimensão pessoal, é a ideia
de nacionalidade, vinculo jurídico-político que liga o Estado a
seus nacionais, pois indiscutivelmente, a soberania de um
Estado também atuará sobre seus nacionais residentes no
estrangeiro. No mais, é através do conceito de nacionalidade
que nasce a ideia de estrangeiro.
Sobre a nacionalidade e a condição jurídica do
estrangeiro estudaremos detalhadamente no Direito
Internacional Privado, quando então conheceremos com
profundida esta dimensão pessoal do Estado.
Elemento Governativo:
Elementos constitutivos do Estado
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Como terceiro elemento constitutivo do Estado, teremos
sua dimensão governativa, o poder soberano que o mesmo exerce
sobre sua população e seu território de forma absoluta e exclusiva.
Para configurar-se esta dimensão, não basta haver um governo,
este tem que ser soberano. Soberania é a característica do Estado
que não reconhece nenhum poder acima do seu, não aceita
autoridade alguma superior a sua.
Para o DIP não importa o sistema ou o regime de governo
adotado pelo Estado, o que é necessário é que ele seja soberano.
A soberania é princípio basilar das relações entre as nações,
estando garantida na Carta da ONU e na da OEA além de tantos
outros documentos.
Carta da ONU
Art. 2º - A Organização e seus membros, para a realização dos 
propósitos mencionados no art. 1º, agirão de acordo com os 
seguintes princípios:
1 – A Organização é baseada no princípio da igualdade soberana de 
todos os seus membros.
Carta da OEA
Art. 3º - Os Estados Americanos reafirmam os seguintes princípios:
b) A ordem internacional é constituída essencialmente pelo 
respeito à personalidade, soberania e independência dos Estados e 
pelo cumprimento fiel das obrigações emanadas dos tratados e de 
outras fontes do direito internacional.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Não de pode confundir, no entanto, soberania com autonomia, como o
que ocorre com os chamados estados federados. Os estados federados,
que recebem nomes diversos como províncias, cantões, estados,
comunas etc, não possuem soberania, pois se reúnem para formar um
único Estado soberano. Os estados federados são detentores de
autonomia, havendo poder superior ao seu. Não podem se relacionar
na esfera internacional, pois não têm um dos atributos necessários
para serem sujeitos de Direito Internacional Público.
Mesmo quando alguns estados federados atuam na esfera
internacional, ou mesmo quando o Estado Soberano lhes atribui uma
“nacionalidade federada”, tudo isso não passa de uma aparência de
soberania, pois quando estes estados federados atuam ou atribuem sua
nacionalidade só o fazem por permissão do Estado Soberano que está
acima do seu poder autônomo. É o caso da Suíça que atribui uma
“nacionalidade” a seus cantões e até mesmo certo poder para que
estes se relacionem com Estados Soberanos limítrofes, ou mesmo o
caso brasileiro que em 1970 viu o estado de Minas Gerais celebrar
contrato de empréstimo com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento, tal contrato só foi possível por que a Estado
Brasileiro consentiu com tal contrato afiançando tal negócio.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Protetoratos: Outro ponto que se deve colocar quantoa questão
da soberania dos Estados, foi o sistema encontrado pelas SDN e
posteriormente pela ONU no processo de descolonização. Por
ocasião do final da primeira guerra mundial os países vencedores
não sabiam o que fazer com as colônias alemãs da África, vez que
entendiam imoral colonizá-las por sua vez, então se criou o
sistema dos territórios sob administração ou sistema de Tutela.
Como muitas destas colônias não tinham condições para
assumirem sua soberania, a SDN e a ONU, concederam sua
administração a outros países que deveriam prepará-las para que
alcançassem a soberania.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
É o que aconteceu com a Namíbia (Sudoeste Africano) que foi colocada
sob administração da África do Sul e tornou-se independente em 1990.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Outro exemplo é o Palau, ilha do Pacífico que colocada sob
administração dos EUA tornou-se independente em 1994
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Reconhecimento de Estado
"Reconhecimento de Estado seria o ato unilateral – nem sempre
explícito – com que um Estado, no uso de sua prerrogativa soberana,
faz ver que entende presentes numa entidade homóloga, a
soberania, a personalidade jurídica de direito internacional idêntica
à sua própria, a condição de Estado” Francisco Rezek
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Como já falamos acima, alguns doutrinadores eleva o
reconhecimento do Estado pela sociedade internacional, e,
principalmente, pelos demais Estados, como elemento constitutivo
do Estado.
Tal teoria não deve ser aceita, considerando que o Estado existirá
independentemente do reconhecimento dos demais Estados, pois
sua prática é meramente declaratória e não constitutiva do próprio
Estado. O Estado existirá não quando outros Estados o
reconhecerem como tal, mas sim quando for dotado de governo
soberano, população e território.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Tanto é verdade, que a Carta Constitutiva da Organização dos Estados
Americanos (OEA), textualmente consigna em seu artigo 13:
“A existência política de um Estado é independente do seu 
reconhecimento pelos outros Estados. Mesmo antes de ser reconhecido, 
o Estado tem o direito de defender a sua integridade e independência, 
de promover a sua conservação e prosperidade, e, por conseguinte, de 
organizar como melhor entender, de legislar sobre os seus interesses, 
de administrar os seus serviços e de determinar a jurisdição e a 
competência dos seus tribunais. O exercício desses direitos, não tem 
outros limites senão o exercício dos direitos de outros Estados, 
conforme o direito internacional.”
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
O reconhecimento de um Estado por outro Estado pode se dar de
forma expressa ou mesmo de forma tácita.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Forma expressa 
Ocorrerá de forma expressa, quando um país emite nota de
reconhecimento, ou mesmo celebra tratados bilaterais com outro
Estado, consignando tal reconhecimento.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Ex de reconhecimento por tratado
O Brasil foi reconhecido como Estado por Portugal em tratado
celebrado entre estas duas nações em 29 de agosto de 1825.
Outro exemplo é o tratado bilateral celebrado entre Brasil e
Argentina (Províncias Unidas do Rio da Prata) que reconheceu o
Estado Cisplatino (Uruguai) em 27 de agosto de 1828.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Ex de emissão de nota
O Brasil reconheceu por notas diplomáticas unilaterais as repúblicas
bálticas (Letônia, Estônia e Lituânia) em 1991.
Croácia e Eslovênia em 1992.
Eslováquia e República Tcheca em 1993.
República de Montenegro em 2006
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Forma tácita 
Ocorrerá, por sua vez, de forma tácita o reconhecimento de um
Estado por outro, quando o Estado que reconhece passa a se
relacionar com o Estado reconhecido através de atos que aquele
não praticaria frente a este, sabendo não tratar-se de um Estado
soberano. Isso poderá acontecer quando o Estado celebra acordos
bilaterais com o outro sem, no entanto, consignar no texto do
próprio tratado o reconhecimento; quando um país inicia relações
diplomáticas com outro etc.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Exemplo 
A França reconheceu a República Popular da China tacitamente
quando em 27 de janeiro de 1964 divulgou um comunicado onde
estabelecia o início das relações diplomáticas entre os dois países;
O Egito reconheceu tacitamente o Estado de Israel quando em
Camp David (USA) celebrou acordo com este, intermediado pelos
EUA.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Tratados Multilaterais e o Reconhecimento de Estado: O que se
deve consignar é que não será considerado reconhecimento tácito,
quanto da negociação ou mesmo assinatura de um tratado
multilateral, alguns países não sejam reconhecidos pelos outros. A
simples celebração deste tratado, por ser multilateral, não
induzirá o reconhecimento. É o que acorre, por exemplo, no
tratado de constituição da ONU do qual é signatário o Estado de
Israel e vários outros Estados - em sua maioria mulçumanos - que
não reconhece aquele primeiro Estado.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Reconhecimento de Governo
Além do chamado reconhecimento de Estado, que se dará em regra
quando da formação de um novo ente da sociedade internacional, por
questões de descolonização, fusão ou desmembramento, haverá
também o chamado reconhecimento de Governo, quando por
questões diversas, houver dentro de um Estado já reconhecido, um
brusco rompimento da ordem política e os demais Estados se vêm no
direito de reconhecê-lo ou não.
Ocorrerá, por exemplo, quando estivermos diante de um golpe de
estado ou mesmo uma revolução que instaure dentro da ordem
política de um Estado já reconhecido, um novo governo.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Caso mais recente é o ocorrido em Honduras, onde por um golpe
com apoio militar, destituiu-se o presidente Manoel Zelaya
instalando-se um novo governo, mesmo que provisório. Neste caso
específico, o Brasil, acompanhado por algumas outras nações,
recusaram-se a reconhecer a legitimidade do novo governo que se
instalara.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Duas são as teorias criadas nas Américas para a questão do
reconhecimento de governo, tendo em vista que foi aqui em nosso
continente que ocorreu em meados do século passado a instalação
de vários governos golpistas.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Doutrina Tobar
A primeira delas é a chamada doutrina Tobar que recebeu este
nome por causa do ministro de relações exteriores do Equador
Carlos Tobar.
Esta doutrina preleciona que os Estados deveriam recusar-se a
reconhecer os governos golpistas com o intuito de fazer cessar esta
prática comum à época.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
O próprio Carlos Tobar a justifica: 
“O meio mais eficaz para acabar com essas mudanças violentas de 
governo, inspiradas pela ambição, que tantas vezes têm 
perturbado o progresso e o desenvolvimento das nações latino-
americanas e causado guerras civis sangrentas, seria a recusa, por 
parte dos demais governos, de reconhecer esses regimes 
acidentais, resultantes de revoluções, até que fique demonstrado 
que eles contam com a aprovação popular.”
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Doutrina Estrada
A segunda teoria é a chamada doutrina Estrada, que por sua vez
recebe este nome por causa do ministro de relações exteriores do
México Genaro Estrada, que através de um comunicado divulgado
no México e remetido aos demais ministros de relações exteriores
das Américas, condenava a doutrina Tobar sob alegação de que
esta era por demais intervencionista, e que os demais Estados não
tinham o direito de interferir nosassuntos internos de um país,
analisando se o novo governo era ou não um governo legítimo. Este
comunicado é extenso, mas vale a pena reproduzi-lo para melhor
entendermos a doutrina Estrada.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
“Em razão de mudanças de regime ocorridas em alguns países da América do Sul, o
governo do México teve uma vez mais que decidir sobre a teoria chamada do
“reconhecimento” de governo. É fato sabido que o México sofreu como poucos
países, há alguns anos, as consequências dessa doutrina que deixa ao arbítrio de
governos estrangeiros opinar sobre a legitimidade ou ilegalidade de outro regime,
isto criando situações em que a capacidade legal ou a legitimidade nacional de
governos e autoridades parecem submeter-se ao juízo exterior. A doutrina do
chamado “reconhecimento” foi aplicada, desde a grande guerra, especialmente às
nações de nossa área, sem que em casos conhecidos de mudança de regime na
Europa tenha sido usado expressamente, o que mostra que os sistema se transforma
em prática dirigida às repúblicas latino-americanas.
Após atento estudo da matéria, o governo do México expediu instruções a seus
representantes nos países afetados pelas crises políticas recentes, fazendo-lhes
saber que o México não se pronuncia no sentido de outorgar reconhecimento, pois
estima que essa prática desonrosa, além de ferir a soberania das nações, deixa-as
em situação na qual seus assuntos internos podem qualificar-se em qualquer
sentido por outros governos, que assumem de fato uma atitude crítica quando de
sua decisão favorável ou desfavorável sobre a capacidade legal do regime. Por
conseguinte, o governo do México limita-se a conservar ou retirar, quando crê
necessário, seus agentes diplomáticos, e a continuar acolhendo, também quando
entender necessário, os agentes diplomáticos que essas nações mantêm junto a si,
sem qualificar, nem precipitadamente nem a posteriori, o direito que teriam as
nações estrangeiras de aceitar, manter ou substituir seus governos ou suas
autoridades.”
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A questão da desonra para o Estado reconhecido, manifestada
pela nota de Estrada, fica muito evidente na nota que emitiu os
EUA quando em 1928 reconheceu o governo Equatoriano:
“Meu governo observou com maior satisfação os progressos 
realizados pela república do Equador durante os três anos 
passados desde o golpe de 9 de julho de 1925, e a tranquilidade 
que reina no país desde então. A confiança que o regime do Dr. 
Ayora inspira na maioria dos equatorianos, sua habilidade e seu 
desejo de manter a ordem na administração do país, assim como o 
respeito por suas obrigações internacionais, fazem com que o 
governo dos Estados Unidos sinta-se feliz em conceder-lhe a partir 
de hoje seu completo reconhecimento como governo legal do 
Equador”.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
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Hoje a prática corrente entre as nações é a fusão entre
estas duas doutrinas. O que é importante é a efetividade do
governo, se este observa suas normas constitucionais e cumpre
com suas obrigações internacionais, pouco importando se este
governo é democrático ou não. Com isso, encontra-se em desuso
a utilização de nota oficial de reconhecimento, o que é mais
comum nos tempos atuais é o rompimento das relações
diplomáticas quando isso se faz necessário, sem, no entanto,
qualquer manifestação oficial de reconhecimento ou não.
Formação, Extinção e Sucessão de Estados
Várias são as formas de formação e extinção de Estados, entre
elas podemos citar a emancipação, separação ou desmembramento
e fusão.
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Formação do Estado 
A formação se dará por emancipação quando um Estado se liberta
do julgo de outro Estado, como o que aconteceu no caso das
colônias americanas e africanas.
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Emancipações pacíficas: Norte Americana (1776).
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Emancipações pacíficas: Brasileira (1822).
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óleo sobre tela de François-René Moreaux (Museu Imperial de Petrópolis).
Emancipação por meio de rebeliões: Grécia (1830),
Montenegro, Romênia, Bulgária e Sérvia (1878) que se emanciparam do
Império Otomano.
Formação do Estado 
Separação ou desmembramento ocorrerá quando parte de um
Estado se separa de um outro dando origem a um novo Estado. É
também conhecido como secessão que é proibida pelo artigo 1º da
Constituição Federal Brasileira. É atualmente a forma mais comum
de criação de Estados, tendo em vista que não há mais terras sem
ocupação e tão pouco países ainda colonizados.
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Separação da Áustria, Hungria e Tchecoslováquia em 1918 que pôs
fim ao Império Austro-Húngaro.
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Separação dos Estados da antiga República da Grã-Colômbia que
dissolvida em 1930 deu origem a República da Nova Granada (Colômbia),
Venezuela e Equador
Separação da Federação Centro Americana em 1838
que originou outros cinco Estados: Costa Rica, El Salvador,
Guatemala, Honduras e Nicarágua
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Separação da Iuguslávia que em 1991 gerou a formação de 5 outros países
(Eslovênia, Croácia, Bósnia Herzegovina, Macedónea e Sérvia e Montenegro). Em
5 e 3 de junho de 2006 respectivamente Sérvia e Montenegro declararam
independência formando dois Estados. Em 2008 o Kosovo declarou independencia
da Sérvia.
Formação do Estado 
Por meio da fusão, dois ou mais Estados se reúnem para a
formação de um terceiro Estado.
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O surgimento do Reino da Itália que fundiu os ducados de Modena,
Parma e Toscana, mais o Reino de Nápoles e o Piamonte em 1860.
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Surgimento da Tanzânia em 1964 pela fusão de Zanzibar e Tanganica
ou ainda a fusão do Iêmem do Sul com o Iêmem do Norte em 1990 que
originou o Iêmem..
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Ainda na fusão, poderemos encontrar o fenômeno em que um
Estado já existente absorve outro se transformando, não criando
outro necessariamente. É o que ocorreu em 1908 quando o Congo
foi incorporado a Bélgica e a Coréia ao Japão em 1910.
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Evidentemente que os fenômenos acima estudados tem o condão
não só de criar como também de extinguir Estados, pois em muitas
das modalidades estudadas acima, a formação de um novo Estado
se dará pela extinção de outro.
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Mas quais as consequências jurídicas
destas extinções e formações de Estados?
Estas consequências são estudadas na chamada sucessão
de Estados que nos ensinamentos de Ian Brawnlie, ocorreria
“quando um Estado (chamado de predecessor ou sucedido) é
definitivamente substituído por outro (chamado sucessor) no que
tange ao domínio de seu território e às responsabilidades pelas
suas relações internacionais”.
O Princípio da Tábula Rasa:
Dentro da sucessão de Estados é conhecido o princípio da “tábula
rasa” que afirma que com o surgimento do novo Estado, este não
teria vinculação alguma ao Estado que se extinguiu, incluindo a
isenção quando ao cumprimento dos tratados celebrados pelo
antigo Estado ou mesmo quanto a não responsabilidade por suas
dívidas. No entanto, tal princípio, segundo melhor doutrina, não
deve ser aplicado em absoluta, devendo ser observado alguns
outros princípios quanto aos tratados anteriormente assumidos, as
questões relativas às situações financeiras, as relativas à
nacionalidade e as questões ligadas aos domínios e a legislação
interna.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Consequências Jurídicas na Sucessãode Estados quanto aos
Tratados
Quanto aos tratados assumidos pelo extinto Estado duas são as
teorias. A primeira (sucessão automática) preleciona que o Estado
sucessor assume automaticamente os tratados do Estado sucedido
e a segunda que ensina que o Estado sucessor não teria qualquer
vinculação advindo dos tratados assumidos pelo Estado sucedido
(tábula rasa). Esta segunda teoria é a mais aceita, tendo sido
inclusive a assumida pelo Tratado de Viena sobre Sucessão de
Estados em Matéria de Tratados que em seu artigo 16:
“nenhum Estado de recente independência estará obrigado a manter 
em vigor um tratado ou a passar a ser parte dele pelo fato de, na 
data da sucessão de Estados, o tratado estar em vigor 
relativamente ao território a que se refere a sucessão de 
Estados.”
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Consequências Jurídicas na Sucessão de Estados
quanto a Nacionalidade
Na fusão: todos devem adotar a nova nacionalidade, como foi o caso
da fusão Italiana onde Vênetos, Romanos, Lombardos e Piamonteses
tornaram-se Italianos.
No desmembramento: é comum que os nacionais do país
desmembrado percam a do primeiro e adquiram a do novo Estado.
Eventualmente nestes casos, poderá ser concedido o direito de opção
quando se optando em manter a nacionalidade anterior, correr-se-á o
risco do individuo passar ao status de estrangeiro.
O que não se deve desconsiderar são as regras concernentes à
nacionalidade elencadas na Declaração Universal dos Direitos do
Homem que prescreve o direito de todos a uma nacionalidade e coíbe
a arbitraria privação à sua nacionalidade ou ao direito de mudança de
nacionalidade.
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Consequências Jurídicas na Sucessão de Estados quanto as
dívidas.
A respeito das obrigações (dívidas) assumidas pelo Estado sucedido, não
há na doutrina e na prática, uma regra única e unanimemente aceita. São
dois pesos a serem considerados, afinal, não se poderia atribuir ao novo
Estado uma dívida que este não aproveitou e tão pouco seria justo com os
credores que tais dívidas não fossem mais exigíveis, o que colocaria até
mesmo em risco a boa fé do novo Estado que poderia por meio de uma
sucessão fraudulenta negar suas dívidas.
Como regra geral, o Estado sucessor assumirá as dívidas do Estado
sucedido quando esta sucessão se der através da fusão ou pela
incorporação total de um Estado por outro, como o que aconteceu com a
Bélgica que assumiu as dívidas do Congo.
No entanto, problema maior são os casos de incorporações parciais ou
mesmo de desmembramentos. Nestes casos o comum é a divisão
proporcional da dívida, como a que aconteceu com o desmembramento dos
Países-Baixos em 1831, dividindo-se proporcionalmente as dívidas entre
Holanda e Bélgica.Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Consequências Jurídicas na Sucessão de Estados quanto a
legislação.
Quanto a legislação interna, haverá a sua manutenção nos casos
de desmembramento, até estatuir-se novas leis, como foi o caso
do Brasil que mesmo declarando independência em 1822
permaneceu utilizando as legislações do reino de Portugal. Quando
estivermos diante da anexação, o Estado anexado dá lugar a
legislação do Estado anexador como o que ocorreu com a Correia
que passou a adotar a legislação Japonesa quando este país anexou
aquele em 1910. O que é pacífico, no entanto, na prática da
sucessão de Estados, é a observância dos direitos adquiridos para
aqueles que terão sua legislação suprimida.
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Consequências Jurídicas na Sucessão de Estados quanto ao
patrimônio.
A princípio a solução é fácil: o novo Estado encampa todos os
bens que estão sobre o território fundido total ou parcialmente. No
entanto, problema maior são os casos de desmembramentos frente
aos bens que se encontram fora do território dos Estados
desmembrados. Nestes casos não existem regras ditadas pelas
doutrinas, o que encontraremos são exemplos reais divergentes,
como é o caso da Rússia que ficou com todo o patrimônio
imobiliário no exterior da antiga União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas, aparentemente sem nenhuma oposição (bens em mais
de 100 países) ou mesmo o caso da briga entre Egito e Síria por
uma embaixada no Rio de Janeiro após o fim da República Árabe
Unida em 1961.
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Os Microestados 
Questão que se deve consignar é a situação jurídica de Estados que
mesmo reunindo os requisitos para existirem como tal - território,
população e governo soberano – os têm de forma exígua.
Por algum tempo, a doutrina e a prática internacionalista negou a
estes microestados a condição de pessoas de direito internacional sob
várias justificativas, dentre elas, que tais Estados, não exerceriam seu
poder de forma soberana por concederem parte dele a outros Estados
Soberanos.
Tal justificativa não deve prevalecer vez que estes poderes somente
são concedidos a outros por força da própria soberania do microestado
concedente. É o que acontece com estes microestados, por exemplo,
quando concedem a outros o poder de emitir sua moeda ou a
competência para a proteção militar.
Vários são os exemplos dos microestados: Andorra, Liechtenstein, San
Marino, Malta, Mônaco, Nauru e tantos outros.
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Principado de Andorra
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Andorra é um principado encravado entre a Espanha e a França
tem 468 km² e 72 mil habitantes
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Tem um sistema peculiar de governo, é uma monarquia parlamentar
não hereditária, onde a coroa é divida por dois príncipes, o presidente
Francês e o Bispo de Urgel (Espanha).
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O principado de Liechtenstein
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Situado entre a Áustria e a Suíça, tem 160 km², e 34 mil
habitantes. Tornou-se independente do Sacro Império Romano
Germânico em 1608.
É uma monarquia constitucional. Em março de 2003
sua população foi chamada as urnas para um plebiscito que
ampliava os poderes do monarca Hans Adam II. Muito
criticado por tal plebiscito, o príncipe saiu fortalecido e
com seus poderes alargados.
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É um dos países mais ricos da Europa
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Sereníssima República de San Marino
Também conhecida como San Marinho ou São Marino, tem 61 km² e
uma população de 27 mil habitantes, está encravada nas montanhas
apeninas, completamente envolta pela Itália
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É a mais antiga república do mundo tendo sido fundada
em 3 de setembro de 301 d.c., tendo a constituição mais
antiga ainda vigorante do mundo (1600).
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Fato interessante é o ligado a Formula 1, que desde 1963 realiza o
Grande Prémio de San Marino na cidade de Ímola que não pertence a
San Marino e sim a Itália. Foi neste grande prémio que morreu em 1994
em dias seguidos o austríaco Roland Ratzenberger e o brasileiro Ayrton
Senna.
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República de Malta
Malta é uma república parlamentarista situada em um
arquipélago no mar mediterrâneo. Tem 316 km² e uma população
de 402 mil habitantes.
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Esta ilha foi cedida pela Espanha a Ordem Militar de
São João de Jerusalém em 1530, após ser expulsa pelo
Império Otomano da ilha de Rodes, quanto então passa a
ser mais conhecida como Ordem de Malta. Em 1964
converteu-se em membro da ONU.
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Principado de Mônaco
O Principado de Mônaco é uma monarquia constitucional. É o país com
maior densidade demográfica do mundo, são 32,5 mil habitantes em
apenas 2 km², de seus habitantes, apenas 16% é mesmo nacional de
Mônaco(monegascos), a maioria da população é Francesa e Italiana.
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A casa Grimaldi é a mais antiga casa real em atividade
governativa no mundo, desde 1297, quando esta família
nobre saiu de Genova e se estabeleceu onde hoje é
Mônaco. Mônaco ganhou notoriedade quando o príncipe
Rainier III, em 1956, casou-se com a atriz norte americano
Grece Kelly que morreu tragicamente em um acidente
automobilístico no próprio principado.
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É em Monte Carlo, sua capital, que acontece um dos
mais famosos prémios da formula 1 em circuito de rua. É
também em Monte Carlo que está o terceiro metro
quadrado mais caro do mundo (86.000 dólares).
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Nauru
Nauru é uma república situada em uma região da Micronésia e
disputa com Mônaco e o Vaticano o título de menor país do mundo,
tem 21 km² e uma população de quase 14 mil habitantes. Obteve a
independência em 1968, filiando-se a ONU em 1999.
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A Santa Sé
Ainda na categoria de microestado, teremos a Santa Sé, que por
ser o mais peculiar de todos, recebe tratamento especial em nosso
estudo.
A natureza jurídica da Santa Sé é doutrinariamente algo de
grande divergência entre os pensadores e escritores do Direito
Internacional. Não reside dúvida na doutrina dominante que a
Santa Sé tem personalidade jurídica no Direito Internacional,
sendo sujeito na ordem internacional.
Para iniciarmos o estudo da natureza jurídica da Santa Sé,
podemos analisar os elementos constitutivos do Estado sobre as
especificidades destes elementos em referência a ela, verificando
sua real ou ideal proximidade desse status no Direito
Internacional.
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População
A população Vaticana é composta de menos de 1.000 (mil)
pessoas, segundo o sítio “indexmundi” em 2011 a população
vaticana estava contabilizada em 836 pessoas, entre residentes
permanentes, e seus funcionários, sendo que a composição étnica
desta população é de italianos em sua maioria, com uma
representatividade, considerada por volta de 10% (dez por cento),
de suíços, e outra pequena parcela de diversas etnias do mundo.
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Guarda Pontifícia Suiça
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Território
Segundo o Tratado de Latrão, ao papa é garantido a soberania,
inviolabilidade e a imunidade de seu território que tem 44
(quarenta e quatro) hectares, situado na cidade de Roma, próximo
ao Rio Tíber.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
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Governo Soberano
Seu governo pode ser tecnicamente considerado como uma
monarquia absolutista eletiva não hereditária, onde o Soberano
Pontífice, ou seja, o Papa, é chefe de Estado, exercendo em última
instância, os poderes legislativos, executivos e judiciários. Seu
governo é independente do governo Italiano ou de qualquer outro,
e se há ingerência de outro Estado, principalmente do Estado
Italiano, é por delegação ou autorização da Santa Sé. A
administração da Santa Sé é organizada por diversos órgãos que dá
efetividade a sua vontade, são eles o colégio cardinalício, os
diversos dicastérios, as congregações, secretarias, tribunais,
conselhos pontifícios, e tantos outros. Dentro desta organização
governamental temos entre outros serviços, os de segurança, como
da Guarda Suíça; de filatelia; de comunicação, como a Rádio
Vaticana, a sala de imprensa, o centro televisivo, e o jornal
L´osservatore Romano etc.
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A soberania é uma característica que no decorrer da história,
como já visto, nunca foi negada a Santa Sé principalmente em
consideração aos Estados pontifícios ou mesmo após a sua queda,
vez que a maioria dos Estados do mundo, bem como as diversas
organizações internacionais, a reconhecem independentemente da
soberania concedida pelo Estado Italiano no tratado de São João de
Latrão.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
A Santa Sé dentro de seu pequeno território e sobre seus poucos
nacionais exerce seu poder soberano e independente. Em duas
ocasiões no século passado, vemos exemplo da soberania da Santa
Sé, quando por ocasião da segunda guerra mundial, em 1940 e
depois em 1942 - nesta última data com maior atenção aos países
americanos - várias nações romperam relações diplomáticas com o
Estado Italiano que por sua vez expulsou de seu território os
representantes diplomáticos daqueles Estados acreditados junto a
Santa Sé, que foram de imediato, acolhidos na Cidade Estado do
Vaticano, nas duas ocasiões.
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A soberania Vaticana também se exterioriza por seu poder de
legação passivo e ativo e pela indiscutível capacidade de
celebração de acordos bilaterais e multilaterais jamais contestados
por falta de capacidade jurídica internacional. A Santa Sé é parte
de inúmeros organismos internacionais e figura como parte em
diversos tratados internacionais, como por exemplo, nas
convenções da “Humanização da Guerra” de 1949; do “Direito dos
apátridas” de 1954, do “Direito do Mar” de 1958, do “Direito dos
Tratados” de 1969 e 1986 etc.
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Já o reconhecimento da Santa Sé, é claro e incontestável, quando
observamos a vasta relação diplomática exercida por ela. Não
havendo forma pré-determinada pelo Direito Internacional do
reconhecimento dos Estados uns pelos outros, com o
estabelecimento de relações diplomáticas entre os Estados, dá-se
tacitamente o reconhecimento recíproca entre eles. A Santa Sé,
segundo informação de seu sítio virtual, mantém relações
diplomáticas com 172 países; com a União Européia e a Ordem
Militar de Malta; em caráter especial com a Federação Russa e a
Organização para a Libertação da Palestina e participa como
membro ou observador em 43 diferentes organizações
intergovernamentais, internacionais e regionais. Observa-se, que o
reconhecimento da Santa Sé se dá também por vários países não
cristão, como várias nações mulçumanas, como o Iran e o Iraque.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Francisco Rezek deixa claro em sua obra que não falta a Santa Sé os
elementos constitutivos do Estado, afirma textualmente que a
alegação de baixa demografia e pequena territorialidade não pode ser
alegado seriamente como motivos para se negar a condição estatal,
nem tão pouco deve-se duvidar da efetividade e independência do seu
governo, para ele, a Santa Sé careceria da condição estatal por causa
da finalidade de seu governo que se confundiria com a organização da
Igreja Católica por todo o mundo o que divergiria das finalidades de
qualquer outro Estado, e por fim, conjugaria a esta razão, a ausência
de nacionais, afirmando ser inexistente a nacionalidade vaticana. A
primeira razão, muitas das vezes é contestável frente ao princípio da
autodeterminação dos povos, e a falta de nacionais parece-nos um
grande equivoco na doutrina do ilustre professor, uma vez que, ao
contrário de seus ensinamentos, a nacionalidade vaticana
efetivamente existe, tendo sido inclusive uma das garantias do Tratado
de Latrão bem comentados por Celso de Albuquerque Melo:
“É interessante observar que o Vaticano possui uma nacionalidade 
própria e que Niboyet denominou de “funcional”, enquanto Ilmar 
Penna Marinho fala em “jus domicilii” combinado com o “jus laboris”. 
Tem a sua nacionalidade: a) os cardeais residentes na cidade do 
Vaticano ou em Roma; b) os que residirem de modo permanente no 
Vaticano; c) perdem a nacionalidade do Vaticano aqueles que 
perderem as suas funções que os obrigam a residir no Vaticano.”
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Coletividades não estatais
Ainda teremos dentro do estudo dos Estados como sujeitosdo
direito internacional, a situação das coletividades não-estatais,
como os beligerantes, os insurgentes, os movimentos de libertação
nacional e a Soberana Ordem Militar de Malta.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Beligerantes e Insurgentes
Segundo Mazzuoli
"A beligerância ocorre quando, dentro de um Estado, verifica-se
uma sublevação da população, por meio de movimento armando
politicamente organizado, para fins de desmembramento ou de
mudança do governo ou do regime vigente, constituindo-se em
verdadeira guerra civil”
"Insurgência é o conflito dentro do Estado com a finalidade de
modificação do sistema político vigente e reestruturação da ordem
constitucional em vigor em que a sublevação atinge certo grau de
importância e efetividade, mas sem assumir tão grandes
proporções, não chegando a constituir uma guerra civil, como se dá
no caso da beligerância”.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
É característica relevante da beligerância a luta armada, sendo
talvez este o ponto que mais o diferirá da insurgência. Nesta
última não haverá o controle político de parte do Estado como é
comum naquela, sendo certo ainda que a insurgência poderá ter a
finalidade de rompimento com uma situação social indesejada
como o fim do racismo e do julgo colonialista.
Nestas duas hipóteses poderão os Estados conceder certo status
aos Beligerantes e aos Insurgentes que os assemelharia a condição
de Estados, mesmo que lhes falte os requisitos necessários para
tal. No entanto, não se pode olvidar que os direitos e deveres que
lhes são reconhecidos, como se fossem Estados, goza de certa
transitoriedade.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
O reconhecimento destas entidades não governamentais é de
grande importância, principalmente no caso da beligerância, pois
ocorrendo esta através da luta armada, é necessário a observância
das normas prescritas para a guerra.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Movimentos de Libertação Nacional
Os movimentos de libertação nacional surgiram no cenário
internacional com o movimento de descolonização. São
movimentos que geralmente lutam contra a opressão de um
governo da qual não fazem parte, não existindo em regra,
possibilidade de ascenderem a cargo deste governo, pois
geralmente são compostos de minorias.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Exemplo clássico de movimento de libertação nacional teremos a
Organização para a Libertação da Palestina (OLP) que
indiscutivelmente atua no cenário internacional como um
verdadeiro status de Estado. Surgida oficialmente em 1964, era
tida por muitos países como organização terrorista, tendo sido
reconhecido como organização legítima de representação do povo
palestino pela Conferencia de Madri de 1991. Até mesmo seu maior
inimigo, o Estado de Israel, reconheceu a legitimidade da OLP
oficialmente em 1993.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Ordem de Malta
A Soberana Ordem Militar e Hospitalar de São João de Jerusalém,
de Rodes e de Malta, mais conhecida como Ordem de Malta foi
fundada em 1050 por alguns mercadores da antiga república de
Amalfi, com a finalidade de amparar os peregrinos católicos que se
dirigiam a Jerusalém. Foi lá que a Ordem de Malta, construiu uma
igreja, um mosteiro e um hospital com o intuito de cumprir seus
propósitos. Com as vitórias mulçumanas nas cruzadas, a Ordem de
Malta se deslocou para a ilha de Rodes, posteriormente para Malta,
até se estabelecer em definitivo na cidade de Roma (1834).
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Na realidade, a Ordem de Malta não é uma pessoa jurídica
internacional, mas sim uma organização humanitária católica
ligada a Santa Sé, que atualmente dirige hospitais e centros de
reabilitação, possui 12.500 membros, 80.000 voluntários
permanentes e 20.000 profissionais da saúde, incluindo médicos,
enfermeiros, auxiliares e paramédicos. Seu objetivo é auxiliar os
idosos, os deficientes, os refugiados, as crianças, os sem-teto,
aqueles com doença terminal e hanseníase em cinco continentes
do mundo, sem distinção de raça ou religião.
O que acontece na realidade com a Ordem de Malta é uma
aparencia do status de Estado, vez que durante muitos séculos foi
realmente uma instituição soberana. No mais, até os dias atuais,
tem representação diplomática com mais de 90 Estados soberanos,
entre eles o Brasil; tem documento constitutivo chamado de
constituição; tendo inclusive, seu chefe supremo (Grã-Mestre), o
privilégio da imunidade de jurisdição concedido pelo Estado
Italiano.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Comité Internacional da Cruz Vermelha
Por fim, ainda teremos no estudo do Estado como sujeito do
Direito Internacional, a figura do Comité Internacional da Cruz
Vermelha, que não é sujeito de Direito Internacional, sendo uma
organização humanitária independente e neutra, com estatuto
próprio. Apesar de ser pessoa jurídica de direito interno Suiço,
muitos países tem celebrado tratados com a Cruz Vermelha, o que,
algumas vezes, lhe dá o ar de pessoa jurídica de direito
internacional. Também não é classificada como Organização
Internacional, vez que não apresenta as caracteristicas que lhe são
necessárias, como estudaremos a seguir.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
A Cruz Vermelha foi fundada em 1863 pelo suiço Jean Henri Dunant
que após presenciar a destruição da guerra Sardo-Austríaca em 1859 em
Solferino (Itália), vislumbrou a necessidade de se criar uma organização
para auxiliar os feridos de guerra, com visão humanitária, para ele, os
feridos de guerra deveriam ser atendidos independentemente de
qualquer condição. Por seu trabalho e pensamento, Dunant recebeu em
1901 o prémio Nobel da Paz.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Bibliografia Consultada
 BARBOZA, Julio. Derecho Internacional Público. 2 ed. Buenos Aires: Zavalia,
2008.
 BRONLIE, Ian. Princípios de direito internacional público. Trad. Maria Manuela
Farrajota; Maria João Santos; Victor Richard Stockinger; Patrícia Galvão Teles.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1997.
 BROTÓNS, Antônio Remiro. Derecho Internacional. Valencia: Tirant lo Blanch,
2007.
 DINH, Nguyen Quoc; e DAILLIER, Patrick; e PELLET, Alain. Direito Internacional
Público. 2ª ed. Trad. Vitor Marques Coelho. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2003.
 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direito internacional público. 2 ed.
(ver., atual. e ampl.). São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
 REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar. 11.ed.
(ver. e atual.) 2ª tiragem. São Paulo: Saraiva, 2008.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.

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