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Roteiro de Estudos 7 - Direitos Humanos

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Direitos Humanos
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Junior
Direito Internacional Público
1-Introdução
O Homem sempre foi, ou pelo menos deveria ser, o ponto
principal de toda sistemática jurídica. A lei não só deve ser
elaborada pelo homem, mas para ele.
No decorrer da história da humanidade, alguns tratados e
regras esparsas previam normas de direitos humanos,
basicamente visando a proteção de minorias. Muitas das vezes,
tais normas eram mesmo tidas como de direito humanitário e
não de direitos humanos, sendo estes dois ramos muito
semelhantes e às vezes com certa complementaridade, mas que
não se confundem, sendo pertencentes, cada um, a um sistema
jurídico distinto.
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O descobrimento das Ámericas 
Ainda nos idos do descobrimento,
quando Cristóvão Colombo (1451-
1506), partindo de Palos nas
caravelas Santa Maria, Pinta e Nina,
avista em 12 de outubro de 1492 as
ilhas do arquipélago do Caribe,
sendo a primeira delas a ilha hoje
conhecidas como Bahamas, inicia-se
a preocupação com os direitos
humanos, distante da concepção
que hoje conhecemos e não
denominada como tal, mas
externada com a preocupação na
forma de tratamento adequado a
ser conferido aos habitantes nativos
das novas terras: os índios.
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Izabel de Castela “a católica”
(Madrigal de las Altas Torres,
1451 – Medina del Campo, 1504)
foi a primeira a reconhecer a
liberdade dos índios e a
impossibilidade de escravizá-los,
seguida, já em 1509, pelas
instruções de Fernando II de
Aragão “o católico” (Saragoça
1452- Madrigalejos - Cáceres
1516) dirigida aos descobridores
e governadores das novas
terras, com o intuito de
normatizar o tratamento
conferido aos índios e os meios
de evangelizá-los.
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Pouca efetividade tiveram
as normas até então
editadas por Fernando II de
Aragão, o que levou os
frades dominicanos, como
Bortolomé de Las Casas, a
primeiro levantarem a voz
em proteção ao direito dos
aborígines. Clássica a
homilia de Frei Antônio de
Montesinos, às Vésperas da
Solenidade do Natal do
Senhor do ano de 1511,
lembrada por Ramón
Soriano em seu livro
“História temática de los
derechos humanos”:
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Bortolomé de Las Casas 
(Sevilha 1472 - Madrid 1566)
“Todos vós estais em pecado mortal. Nele viveis e
nele morrereis, devido à crueldade e tiranias que
usais com estas gentes inocentes. Dizei-me: com
que direito e baseados em que justiça mantendes
em tão cruel e horrível servidão os índios? Com
que autoridade fizestes estas detestáveis guerras a
estes povos que estavam em suas terras mansas e
pacíficas e tão numerosas e os consumistes com
mortes e destruições inauditas? Como os tendes
tão oprimidos e fatigados, sem dar-lhes de comer
e curá-los em suas enfermidades. Os excessivos
trabalhos que lhes impondes os fazem morrer, ou
melhor dizendo, vós os matais para poder arrancar
e adquirir ouro cada dia?”
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A voz de Montesinos chegou à Espanha, inclusive
alguns freis dominicanos defenderam o seu ponto de vista
pessoalmente à coroa espanhola, surgindo daí,
efetivamente, a primeira lei que garantia direitos aos
indígenas do novo mundo espanhol: as leis de Burgo, de
1512.
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Os conflitos religiosos 
Enquanto na Península Ibérica o Tribunal da
Santa Inquisição guardava a fé católica, toda
Europa enfrentava, em final do século XVI e início
do século XVII, grandes conflitos religiosos, não
existindo liberdade para que os súditos de seus
Estados praticassem a religião desejada. Todos os
súditos deveriam praticar a religião oficial, que
evidentemente era a religião de seu soberano.
Grandes conflitos e imigrações marcaram esta
época de intolerância religiosa.
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Diante deste quadro, algumas leis, acordos e
textos foram elaborados, para por fim às guerras
religiosas e garantir aos súditos dos Estados beligerantes
a paz tão desejada. Entre estas, a Paz de Ausgsburgo,
celebrada por Carlos V do Sacro Império Romano e as
forças da Liga de Esmalcalda, em 25 de setembro de
1555.
No preâmbulo da Paz de Ausgsburgo, expõe-se
os motivos de sua celebração como sendo a necessidade
da paz entre os Estados e a segurança de seus súditos.
Neste acordo, vemos claramente normas de proteção dos
Direitos Humanos:
• Reconhecimento de liberdade religiosa dos
protestantes e de católicos;
• Reconhecimento do direito de imigração por questões
de fé, tanto a católicos quanto a protestantes;
• Direito dos clérigos católicos de abandonarem seus
cargos sem dano à sua dignidade.
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Primeira página da Paz 
de Ausgsburgo
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A Liga de Esmalcalda ou de Schmalkalden (Schmalkaldischer
Bund, em alemão) era uma aliança defensiva de príncipes
protestantes do Sacro Império Romano criada em 27 de fevereiro de
1531. Recebeu o nome da cidade de Schmalkalden, na Turíngia (atual
Alemanha), onde foi proclamada.
Filipe I de Hesse, um dos fundadores da Liga.
À Paz de Ausgsburgo seguiram-se outras leis, tratados e
textos que, da mesma forma, garantiam às pessoas o direito
ao livre exercício de sua religião:
Edito de Nandes na França (13 de abril de 1598),
permitindo aos huguenotes a tolerância religiosa após 36
anos de perseguições e massacres, como o da noite de São
Batolomeu, em 1572;
As Liberdades de Massachusetts (dezembro de 1641), que
previam a liberdade de consciência religiosa, liberdade para
a prática de culto das religiões em reuniões privadas, o
direito de asilo aos perseguidos por motivos religiosos;
Ata de Tolerância de Maryland (21 de abril de 1649), que
pela primeira vez previa pena e multas para as pessoas que
desrespeitasse a tolerância religiosa, entre tantas outras.
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A noite de São Bartolomeu foi um episódio sangrento de repressão aos
protestantes pelos reis católicos franceses, iniciado na noite de 24 de
agosto de 1572, dia de São Bartolomeu, onde foram vitimados ao longo
de vários meses e localidades francesas, mais de 30 mil protestantes,
conhecidos na França como huguenotes.
"Uma manhã nos portões do Louvre"
Pintura de Édouard Debat-Ponsan.
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A Declaração de Direitos da Virgínia
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É a partir da revolução inglesa do século XVII e
das revoluções francesa e das colônias inglesas da
América do Norte, no século XVIII, que vemos com
mais clareza o nascimento dos direitos humanos,
sendo a Declaração de Direitos da Virgínia (12 de
junho de 1776), propriamente dita, a primeira
declaração de direitos, que viria a ser exemplo para
as declarações das demais colônias inglesas na
América do Norte, e mesmo para as declarações
europeias após a Revolução Francesa.
Na Declaração de Direitos da Virgínia distinguem-
se duas partes, uma que trata dos princípios liberais da
organização do poder público e a outra das liberdades
individuais.
Nela prevê-se:
A separação dos poderes;
A garantia de que todo poder emana do povo e que
o povo deve eleger os seus governantes;
Que todo homem tem direitos inerentes a ele e
que nenhuma ordem jurídica e social poderia revogar;
Que todo homem por natureza é igualmente livre e
independente, gozam do direito a vida e a liberdade,
aos meios de adquirir e possuir propriedades, a
perseguir e obter a felicidade e a segurança.
Outras declarações nos estados da América do
Norte incluem outros direitos,como o direito à
liberdade de reunião, incluído na declaração dos
estados da Pensilvânia, Carolina do Norte e
Massachusetts, ou o direito a petição, incluído na
declaração dos estados de Maryland e Delaware.
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Ainda na América do Norte, a Declaração de
Independência (4 de julho de 1776), a luz da igualdade
pela qual todos os homens foram criados, consagra como
direitos inerentes ao povo o direito à vida, à liberdade, à
busca da felicidade e à resistência contra a opressão.
Na Constituição dos Estados Unidos da América (17
de setembro de 1787), incluída a emenda constitucional de
15 de setembro de 1791, vários são os direitos
fundamentais garantidos aos seus cidadãos, como o direito
à liberdade religiosa, de expressão, reunião, petição,
inviolabilidade de domicílio, correspondência e pessoal, o
direito de não ser julgado duas vezes pelo mesmo crime,
não se declarar culpado, de saber a causa de sua
detenção, de ter julgamento rápido público e imparcial,
assistência de advogado, não ser castigado com crueldade,
justa indenização por desapropriações e tantos outros que
a própria constituição não desautoriza pelo simples fato de
ali não estarem enumeradas.
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Já em França, após sua revolução, concebeu-
se as
• Declaração do Homem e do Cidadão, de 26 de
agosto de 1789,
• Declaração do Homem e do Cidadão de 24 de junho
de 1793
sendo esta última complementar à primeira. Nelas se
garante forte presença da igualdade, prevalência da
soberania popular, liberdade e igualdade quanto aos
direitos políticos e reconhecimento amplo ao direito
de resistência.
As Constituições Francesas
por sua vez, tanto a de 3 de setembro de 1791,
quanto a de 24 de junho de 1793, não fecharam os
olhos para os direitos individuais, tendo a segunda
muito mais que garantido direitos, mas consagrado
verdadeiras obrigações do Estado para com a
sociedade.
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Ainda em França, o texto constitucional de 1848
(Constituição Francesa de 4 de novembro de 1848) vem
aprofundar as liberdades reconhecidas nas constituições e
declarações francesas anteriores.
As maiores diferenciações entre os textos
constitucionais anteriores ao de 1848 é justamente a
relação entre direitos e deveres, sendo que neste texto
constitucional a República Francesa reconhece que não só
seus cidadãos, mas também o próprio Estado, tem deveres
a serem observados, garantindo em seu preâmbulo a
reciprocidade entre cidadãos e Estado, no concernente
aos deveres de cada um. Os deveres do Estado viriam a
garantir a eficácia dos direitos dos cidadãos já
anteriormente consagrados.
Uma das grandes novidades inseridas neste
contexto são os direitos sociais, sendo garantida a
liberdade de trabalho e a proteção aos
trabalhadores, direito a educação e a assistência
social. O Estado passa a garantir educação primária e
profissional gratuitas, proporciona proteção às
crianças abandonadas, aos enfermos e aos anciãos.
Quanto às liberdades individuais, a
Constituição Francesa de 1848 não só reafirma
muitas das já consagradas, como as desenvolve,
trazendo alguns aspectos novos a clássicos direitos. É
nela que se abole na França a pena de morte por
matéria política, proíbe a escravidão, consagra o
princípio do juiz natural, extinguindo qualquer
tribunal de exceção, reafirma a liberdade religiosa e
a proteção à celebração de seus cultos.
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Revolução Russa
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De igual forma às demais revoluções, a
revolução russa de 1917 também traça em seu escopo
a busca da proteção do direito do homem, voltada
principalmente ao direito dos trabalhadores. Inspirada
na ideologia socialista de Karl Marx (1818-1883) e
Vladimir Lênin (1870-1924), a Declaração dos direitos
do povo trabalhador, de 23 de janeiro de 1918, e a
Constituição da República Socialista Federativa
Soviética da Rússia, de 10 de julho de 1918, rompe
com as declarações anteriores, deixando de lado os
direitos e liberdades da tradição liberal para dar lugar
aos princípios filosóficos e organizacionais, visando a
conquista do socialismo e a igualdade entre as
pessoas, suprimindo-se as classes sociais.
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Os direitos humanos, nos moldes que hoje
conhecemos e vem se desenvolvendo, é uma
preocupação relativamente recente, tendo em vista
que somente com a fundação da Organização das
Nações Unidas (ONU), em 1945, após vivenciarmos os
massacres da Segunda Guerra Mundial, é que podemos
afirmar que surge no direito internacional público esta
preocupação consciente, e principalmente organizada,
visando à internacionalização dos direitos humanos. É
através da barbárie do holocausto, onde algumas
previsões enumeram o assassinato de 6 milhões de
judeus, que a humanidade vislumbra a necessidade de
proteger os seres humanos, pelo simples fato de
serem humanos, isentando-os de quaisquer condições,
para que possam ser protegidos, sejam elas de raça,
cor, religião ou qualquer outra.
2-Conceituação
Conceder direitos básicos aos seres humanos,
direitos estes inerentes a todo e qualquer pessoa,
independente de qualquer condição, e defende-los,
inclusive contra os abusos do Estado da própria
nacionalidade do indivíduo, é a finalidade dos
Direitos Humanos. Conceituá-lo é uma tarefa difícil,
tanto que muitos doutrinadores não arriscam em
fazê-lo.
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O Professor Celso de Albuquerque Mello,
citando Perez Luño, defini os direitos humanos
como sendo:
“o conjunto de faculdades e instituições, que, em 
determinado momento histórico, concretiza as 
exigências da dignidade, a liberdade e a igualdade 
humana, as quais devem ser reconhecidas 
positivamente pelos ordenamentos jurídicos a níveis 
nacionais e internacionais.”
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Na obra de Valério de Oliveira Mazzuoli, o
ilustre professor com bastante clareza afirma que o
direito internacional dos direitos humanos seria
“aquele que visa proteger todos os indivíduos, 
qualquer que seja a sua nacionalidade”
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Ainda Mazzuoli em sua obra cita a definição do
professor boliviano José Antônio Rivera Santivañez:
“A disciplina encarregada de estudar o conjunto de 
normas internacionais, convencionais ou 
consuetudinárias, onde são estipulados o 
comportamento e os benefícios que as pessoas ou grupo 
de pessoas podem esperar ou exigir dos governos, tendo 
por objeto de estudo o conjunto de normas previstas 
pelas declarações, tratados ou convenções sobre 
direitos humanos, adotadas pela Comunidade 
Internacional em nível universal ou regional, aquelas 
normas internacionais que consagram os direitos 
humanos, que criam e regulam os sistemas 
supranacionais de promoção e proteção dos direitos 
humanos, assim como as que regulam os procedimentos 
possíveis de serem levados ante ditos organismos para o 
conhecimento e consideração das petições, denúncias e 
queixas pela violação dos direitos humanos”.
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Ainda na obra de Valério Mazzuoli, o mesmo faz sutil
diferenciação entre as expressões, direitos do homem, direitos
fundamentais e direitos humanos.
Direitos do Homem: teria maior cunho jusnaturalista, seria a
expressão utilizada para determinar aqueles direitos inerentes ao
homem que ainda não estariam positivados no ordenamento
interno ou internacional, mesmo reconhecendo, em dias atuais, a
difícil missão de encontrar tais direitosque ainda não estariam
positivados.
Direitos Fundamentais: determinaria os direitos do homem já
positivados através de normas internas constitucionais.
Direitos Humanos: seriam aqueles direitos do homem positivados
através de tratados ou costumes internacionais.
O próprio autor, no entanto, esclarece que “o que
realmente importa é admitir a interação desses mesmos direitos
(direitos do homem, direitos fundamentais e direitos humanos), a
fim de que todas as pessoas (pertencentes ou não ao Estado onde
se encontrem) estejam efetivamente protegidos.”
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Alguns doutrinadores ainda fazem uma divisão
entre os direitos humanos, sendo classificados como
sendo, de primeira, segunda ou terceira geração.
Os direitos de primeira geração seriam aqueles
ligados aos direitos civis e políticos, chamados de
primeira geração por uma simples evolução histórica,
por serem estes os primeiros a serem positivados no
âmbito das Nações Unidas. Segundo Hildebrando Accioly
e Geraldo Eulálio do Nascimento e Silva, esses direitos
de primeira geração são:
“...a reafirmação do direito à liberdade, em oposição à 
ação do Estado, que tem a obrigação de se abster de 
atos que possam representar a violação de tais direitos. 
São os direitos civis e políticos que abrangem o direito à 
vida e a uma nacionalidade, a liberdade de movimento 
e o direito de asilo, a proibição de tortura ou 
tratamento cruel, desumano ou degradante, a proibição 
de escravidão, a liberdade de opinião e as atividades 
políticas e trabalhistas etc.”
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Os direitos de segunda geração, surgidos
em um segundo momento, são basicamente os
direitos econômicos, sociais e culturais.
Eles partem do princípio da igualdade e só
podem ser desfrutados com o auxílio do Estado.
São eles o direito ao trabalho em
condições justas e favoráveis, o direito de
pertencer a sindicatos, o direito à educação e
cultura, o direito a um nível adequado de vida, o
direito à seguridade e seguro social.
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Por fim, os direitos de terceira geração, ventilados por
primeira vez em 1974, por René Cassin, na Academia de Direito
Internacional de Haia, seriam aqueles pertencentes a um perfil de
fraternidade, avançando para além da tradição individualista dos
direitos de primeira geração e da tradição socialista dos de
segunda. Nas décadas de 70 e 80, Diego Uribe, entre outros,
defendia que esses direitos no futuro seriam realmente tidos como
direitos humanos, e isso atualmente não se pode negar,
principalmente quando pensamos no direito, por exemplo, a um
meio ambiente sadio.
Os direitos de terceira geração, denominados também
como direitos sociais por alguns doutrinadores, seriam aqueles que
são desfrutados de maneira coletiva, sejam pelos indivíduos, pelos
Estados ou pelas entidades públicas e privadas. Os direitos de
terceira geração é o direito a um ambiente sadio, a paz, ao
desenvolvimento e ao patrimônio comum da humanidade.
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Evidentemente, críticas não faltam à
teoria geracional dos direitos humanos, alguns, a
início, negam mesma a existência dos direitos de
terceira geração, basicamente sobre a alegação
que direitos humanos devem ser individuais e não
coletivos. Os que criticam esta teoria, temem
que a visão de evolução dos direitos em gerações
crie uma segmentação sobre o tema, afastando
uma visão contemporânea e coletiva dos direitos
humanos, criando a possibilidade da crença que
os direitos de terceira geração seriam mais
importantes, o que poderia levar as políticas
públicas a deixarem de lado os direitos humanos
individuais em detrimento dos coletivos.
3 – Proteção dos Direitos
Humanos no Âmbito
Universal 
É consenso doutrinário, que não basta garantir
direitos aos seres humanos se não se cria meios
para efetivamente protegê-los. É necessário, no
âmbito universal, a criação de sistemas voltados a
proteção dos direitos humanos, vez que sua
internacionalização já se desenvolve desde a
criação das Nações Unidas.
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Na carta constitutiva das Nações Unidas, a
preocupação com os direitos humanos é visível já em
seu preâmbulo e na eleição de seus propósitos
NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a 
preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, 
que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe 
sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a 
fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade 
e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos 
homens e das mulheres, assim como das nações 
grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as 
quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes 
de tratados e de outras fontes do direito internacional 
possam ser mantidos, e a promover o progresso social 
e melhores condições de vida dentro de uma liberdade 
ampla.
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CAPÍTULO I
PROPÓSITOS E PRINCÍPIOS
Artigo 1
Os propósitos das Nações unidas são:
1. omissis
2. omissis
3. Conseguir uma cooperação internacional para
resolver os problemas internacionais de caráter
econômico, social, cultural ou humanitário, e para
promover e estimular o respeito aos direitos
humanos e às liberdades fundamentais para todos,
sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e
Mesmo não trazendo de forma clara a
conceituação dos direitos humanos ou dos
direitos fundamentais e meios efetivos para
sua proteção, a carta das Nações Unidas, não
se limita a referenciá-los somente em seu
preâmbulo e artigo primeiro, em outros
artigos, como nos artigos 13, 55, 62, 68 e 76,
a carta afirma e reafirma sua fé nos direitos
humanos encorajando o respeito a eles e aos
direitos fundamentais.
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A Declaração Universal
No âmbito universal, o primeiro documento efetivamente a
disciplinar os direitos humanos foi a Declaração Universal dos
Direitos do Homem aprovada por unanimidade – sem votos
negativos, apenas abstenções – em 10 de dezembro de 1948 pela
Assembleia Geral das Nações Unidas. Mesmo tendo sido aprovada
através de resolução, não tendo caráter obrigatório, é unânime a
aceitação de tal resolução, tendo em vista o apelo que trás em seu
bojo. Sobre o assunto bem organiza Max Sorensen em sua obra:
“Apesar da ampla variedade de seu conteúdo, a Declaração
Universal foi proclamada como norma comum de realização para 
todas as pessoas e todas as nações, no entanto, não foi elaborada
em forma de tratado que impusesse obrigações contratuais aos
Estados. Não obstante a Declaração – como carta internacional de 
direitos humanos – ganhou uma considerável autoridade, que não se 
pode ignorar, como guia geral para os conteúdos dos direitos e as 
liberdades fundamentais, tal como são entendidos pelos membros
das Nações Unidas. Frequentemente se faz referencia a ela nas
constituições nacionais, em outras legislações, em decisões
judiciais e também em instrumentos internacionais”.
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A Declaração Universal dos Direitos do Homem,
em seus trinta artigos, assinala os direitos básicos
e as liberdades fundamentais a todas as pessoas,
em qualquer lugar que estejam, sem distinção
alguma de raça, cor, sexo, idioma, religião,
opinião política, origem nacional ou social ou
outra condição qualquer.
Nela encontramos duas amplas categorias de
direitos: os direitos civis e políticos e os direitos
econômicos, sociais e culturais.
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Quanto aos direitoscivil e políticos, a
Declaração Universal protege o direito a vida, a
liberdade, a segurança, a nacionalidade, a propriedade,
ao casamento e a constituição de família, reconhece a
liberdade de locomoção, de residência, de pensamento,
de opinião, de expressão, de consciência e de religião,
coibi a escravidão, a servidão, a tortura, o tratamento
desumano e degradante e a detenção arbitrária,
garantindo a inviolabilidade de correspondência, o
julgamento justo por tribunal independente e imparcial,
a presunção de inocência até que se prove o contrário,
o direito de buscar e desfrutar de asilo contra a
perseguição, de associar-se e reunir-se pacificamente,
de votar e participar dos governos.
Já quanto aos direitos econômicos, sociais
e culturais - a Declaração Universal dos Direitos do
Homem garante direito a seguridade social, ao
trabalho, ao descanso, ao lazer, ao nível de vida
adequada à condição humana, a educação, a vida
cultural e comunitária.
Os Pactos
A ausência do caráter obrigatório da Declaração
dos Direitos do Homem fez nascer a necessidade no
âmbito universal, de documentos com força obrigatória,
não só que declarasse os direitos humanos mas que
criasse um sistema efetivo para sua proteção.
Diante disso, a Assembleia Geral das Nações
Unidas, em 16 de dezembro de 1966, aprovou, após
longo e minucioso estudo, dois Pactos Internacionais,
um relativo aos direitos econômicos, sociais e culturais
e outro aos direitos civis e políticos, enumerando seus
clássicos direitos.
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O Pacto Internacional de Direitos Civis
e Políticos
O Pacto Internacional de Direitos Civis e
Políticos tem redação muito mais precisa e
técnica que a da Declaração Universal dos
Direitos do Homem, trás rol de direitos mais
amplos que naquela e maior rigidez quanto as
obrigações dos Estados frente ao respeito aos
direitos ali elencados. Entrou em vigor em 23 de
março de 1976, três meses após alcançar o
número de 35 ratificações conforme previa seu
artigo 49 § 1º.
Já em seu artigo 2º o pacto descreve o
compromisso basilar que os Estados devem
assumir:
Art. 2o - 1. Os estados-partes no presente Pacto
comprometem-se a garantir a todos os indivíduos
que se encontrem em seu território e que estejam
sujeitos à sua jurisdição os direitos reconhecidos
no atual Pacto, sem discriminação alguma por
motivo de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
política ou de qualquer outra natureza, origem
nacional ou social, situação econômica, 
nascimento ou qualquer outra situação.
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A maior evolução do Pacto Internacional dos Direitos
Civis e Políticos, sem sombra de dúvidas, foi a
implementação de mecanismos de supervisão e
monitoramento dos compromissos ali assumidos. Nos
artigos 28 a 45 do pacto, encontramos tais
mecanismos, como a criação de um Comitê de
Direitos Humanos (art. 28); a obrigatoriedade de
apresentação de relatórios por parte dos Estados
membros ao Comitê sobre as atividades desenvolvidas
por eles visando a garantia o desenvolvimento e a
implementação dos direitos ali garantidos (art. 40); a
possibilidade de um Estado membro fazer denuncia
contra outro Estado membro que estejam
descumprindo os compromissos assumidos no pacto
(art. 41); a possibilidade de criação de Comissão de
Conciliação ad doc e fiscalização de todas estas
atividades pela Assembleia Geral através de
encaminhamento de relatórios de suas atividades ao
Conselho Econômico e Social (art. 45).
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Ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos, aprovou-se, em 16 de dezembro de 1966,
um Protocolo Facultativo versando sobre a
possibilidade de indivíduos fazerem diretamente
ao Comitê de Direitos Humanos, petições e
reclamações de violações dos Direitos Humanos.
Este Protocolo Facultativo entrou em vigor em
1976 e teve sua inspiração na Convenção Europeia
de Direitos Humanos de 1950, que já trazia em seu
texto o mesmo mecanismo.
Segundo regras deste Protocolo Facultativo, o
Comitê de Direitos Humanos só examinará a
petição individual caso já se tenha esgotado todos
os recursos jurídicos internos e que o mesmo caso
não esteja sendo analisado por outra instância
internacional de investigação.
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Ainda ao Pacto Internacional dos Direitos Civil e
Políticos foi adotado um segundo Protocolo Facultativo
a 15 de dezembro de 1989, tendo entrado em vigor
internacional em 11 de junho de 1991, versando sobre
a eliminação da pena de morte.
Tanto o primeiro quanto o segundo protocolo
facultativo ao Pacto Internacional dos Direitos Civis e
Políticos foram ratificados pelo Brasil em 1992.
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O Pacto Internacional de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais
O segundo pacto adotado em 1966, é o Pacto
sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e da
mesma forma que o Pacto de Direitos Civis e Políticos,
foi adotado para dar obrigatoriedade aos direitos
econômicos, sociais e culturais já enumerados na
Declaração Universal dos Direitos do Homem. Este
pacto não tem o rigor do Pacto de Direitos Civis e
Políticos, seu mecanismo de fiscalização resume-se a
apresentação de relatórios pelos Estados partes do
pacto, ao Conselho Econômico e Social das Nações
Unidas, sobre as medidas que os mesmos estão
adotando para implementar os direitos elencados no
pacto.
No Pacto Econômico, Social e Cultural, é garantido o direito dos povos a
autodeterminação; o direito de homens e mulheres à igualdade no gozo
dos direitos econômicos, sociais e culturais; o direito de todas as pessoas
ganharem a vida mediante trabalho de sua livre escolha ou aceitação;
direito de gozar de condições de trabalho justas, assegurando,
especialmente, remuneração igual por trabalho igual, sem qualquer
distinção, principalmente ao trabalho da mulher; direito a trabalho que
proporcione existência digna para o trabalhador e para sua família;
direito a condições de trabalho seguras e higiênicas; direito a igualdade
de promoção no trabalho levando-se em consideração apenas tempo de
trabalho e capacidade; direito ao descanso e ao lazer; direito a limitação
razoável das horas de trabalho; direito a férias remuneradas; direito a
fundação e filiação a sindicatos de sua escolha; direito a previdência e
seguro social; direito de constituição de família garantindo a ela especial
proteção, incluindo alimentação, vestimenta e moradias adequadas;
direito ao mais elevado nível de saúde física e mental; direito ao acesso a
educação por todos visando o pleno desenvolvimento da personalidade
humana e do sentido de sua dignidade e a fortalecer o respeito pelos
direitos humanos e liberdades fundamentais; direito a participar da vida
cultural; direito de desfrutar do progresso científico e suas aplicações;
direito de beneficiar-se da proteção a produção científica, literária ou
artística de que seja autor.
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Além de todos os instrumentos acima discorridos, o
sistema de proteção dos direitos humanos a nível
internacional, conta ainda com outras convenções
temáticas, como, por exemplo, a de repressão ao
genocídio de 1948; da abolição do tráfico de seres
humanos e à prostituição de 1950; da abolição da
escravidão de 1953 e 1956; da eliminação de toda
forma de discriminação racial de 1966; da eliminação
de toda forma de discriminação fundadas sobre o sexo;
da luta contra a tortura e outras penas e tratamentos
desumanos ou degradantes de 1984.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
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4 – Proteção dos DireitosHumanos nos Sistemas
Regionais
Além do sistema universal de proteção aos direitos humanos,
temos também os sistemas regionais de proteção dos mesmos direitos.
O professor Antônio Remiro Brotóns, atribui à homogeneidade
dos Estados de um mesmo sistema regional o grande segredo para que o
sistema de proteção dos direitos do homem nos âmbitos regionais sejam
mais eficientes como ele mesmo descreve em sua obra:
"A relativa homogeneidade dos Estados membros de Organizações 
Regionais tem propiciado que os sistemas de promoção e proteção dos 
direitos humanos nascidos de seu amparo, particularmente o Conselho da 
Europa e a Organização dos Estados Americanos (OEA), tenham dado a luz 
a órgãos e mecanismos de garantia e controle mais fortes que os 
instituídos a nível universal. É assim que nestes espaços regionais se tem 
criado instâncias de proteção dos direitos humanos (principalmente civis 
e políticos) sobre a vigilância de órgãos judiciais, cujas decisões são, por 
definição, juridicamente vinculantes."
O sistema Europeu
O sistema regional mais sólido
Motivo: palco das maiores violações.
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Documento (primeiro e principal): Convenção Europeia para a
Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais de
1950 - entrada em vigor em 1953.
Criação: Conselho da Europa.
Finalidade: tomar as primeiras providências para assegurar e
implementar os direitos já elencados na Declaração Universal dos
Direitos do Homem.
Exemplos: Nela são garantidos o direito a vida; a proibição da
tortura, e das penas ou tratamentos desumanos ou degradantes;
coíbe a escravidão e o trabalho forçado; reafirma o direito de
toda pessoa à liberdade e à segurança; assegura o direito do
devido processo legal realizado de forma pública e imparcial; o
direito a vida privada e a constituição de família; o direito de
liberdade de pensamento, crença, reunião, associação e opinião,
garantindo ainda por fim, a concessão de todos estes direitos a
todos indistintamente, a todos sem qualquer discriminação.
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Protocolos: Reafirmação da proibição de qualquer tipo de
discriminação, seja ela de raça, cor, religião, posição política,
língua, e qualquer outra;
a eliminação da pena de morte;
o direito de propriedade;
direito a educação;
direito de eleições livres e secretas;
a coibição de prisão por dívidas;
direito de livre circulação;
proibição de expulsão de nacionais de seu próprio país, proibição
de expulsão em massa de estrangeiros de um território;
direito de duplo grau de jurisdição em matéria penal;
direito a garantias processuais no caso de expulsão de
estrangeiros;
direito a indenização em caso de erro judiciário.
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Órgãos:
Corte Europeia de Direitos Humanos criado em
Estrasburgo em 21 de janeiro de 1959.
O grande diferencial deste tribunal para demais
tribunais do gênero, é o livre e direto acesso dos
indivíduos, através do sistema de petições, levadas a
corte diretamente por aqueles que se sentem lesados
em seus direitos humanos.
No sistema anterior, tais petições deveriam ser
apresentadas a Comissão Europeia de Direitos
Humanos, que avaliava e apresentava os pleitos dos
indivíduos a Corte.
Pelo protocolo número 11, com entrada em vigor em 1º
de novembro de 1998, extinguiu-se tal comissão,
concedendo ao indivíduo o direito de peticionar
diretamente a Corte Europeia de Direitos Humanos.
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O sistema interamericano
O sistema interamericano de proteção aos Direitos
Humanos surgiu juntamente com a criação da
Organização dos Estados Americanos na IX Conferencia
dos Ministros de Relações Exteriores dos países da
América Latina e Anglo Saxônica ocorrida em Bogotá na
Colômbia, em maio de 1948. Sua carta constitutiva
entrou em vigor em dezembro de 1951 e traz
disposições genéricas sobre os direitos humanos como a
constante no artigo 3º, alínea 1, que obriga os Estados
ali pactuantes a protegerem os direitos fundamentais
da pessoa humana, sem qualquer distinção, seja de
raça, nacionalidade, credo ou sexo.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Declaração Americana dos Direitos e
Deveres do Homem
Juntamente com a Carta Constitutiva da
Organização dos Estados Americanos em maio de
1948, foi adotada a Declaração Americana dos
Direitos e Deveres do Homem que dá inicio a
proteção dos direitos humanos em nível regional.
Vale considerar que esta declaração é anterior a
Declaração Universal dos Direitos do Homem e da
Declaração Européia dos Diretos do Homem e das
Liberdades Fundamentais.
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Como na declaração universal, a declaração americana, não tem
força coercitiva por não tratar-se de uma convenção, e não ser
parte integrante da Carta Constitutiva da Organização dos Estado
Americanos. O Comitê Jurídico Interamericano já declarou que tal
documento e uma “declaração de princípios”, no entanto,
valemo-nos das mesmas considerações observadas ao tratarmos
do tema referente à declaração universal.
Com a necessidade de consolidação deste sistema, surge em
1959 na cidade de Santiago do Chile a Comissão Interamericana
de Direitos Humanos, que seria responsável pela promoção e
proteção destes direitos. Esta comissão funcionaria de forma
provisória até a criação de uma Convenção Interamericana sobre
Direitos Humanos que acabou ocorrendo na Conferencia
Especializada Interamericana de Direitos Humanos, realizada de 7
a 22 de novembro de 1969 na Costa Rica, convenção esta também
conhecida como Pacto de San José da Costa Rica.
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O Pacto de San José da Costa Rica
O Pacto de San José da Costa Rica, é instrumento fundamental
na proteção dos direitos humanos no continente americano.
Apesar de ter sido assinado em 1969, só entrou em vigor após
obter 11 ratificações, em 18 de julho de 1979, com o depósito da
ratificação do governo de Granada. Mesmo diante da importância
de tal Pacto, dos 35 membros da OEA, apenas 25 o ratificaram. O
Estado Brasileiro o ratificou em 1992. O número inclui o Estado de
Cuba que teve seu governo excluído de participar da OEA em 1962
depois da tomado do novo governo pela revolução cubana.
O número apresentado inclui a República de Trinidad e Tobago
que denunciou o Pacto em notificação datada de 26 de maio de
1998. A título de curiosidade, Estados como EUA e Canadá não
ratificaram o Pacto.
Na primeira parte do Pacto de San José da
Costa Rica, o mesmo é bem semelhante ao Pacto
Internacional de Direitos Civis e Políticos,
garantindo direito a vida; direito a liberdade;
direito a ser submetido a julgamento justo;
direito a não ser submetido à escravidão; direito
à liberdade de consciência e de crença; direito
de liberdade de pensamento e expressão, direito
ao nome, direito a nacionalidade entre outros.
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Já quanto aos direitos econômicos, sociais e
culturais, o Pacto de San José da Costa Rica, não os
especifica, apenas subliminarmente os consagra em
seu artigo 26:
Os Estados partes comprometem-se a adotar as 
providências, tanto no âmbito interno, como
mediante cooperação internacional, especialmente
econômica e técnica, a fim de conseguir
progressivamente a plena efetividade dos direitos
que decorrem das normas econômicas, sociais e sobre
educação, ciência e cultura, constantes da Carta da 
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo
protocolo de Buenos Aires, na medida dos recursos
disponíveis, por via legislativa ou por outros meios
apropriados.
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Protocolo de San Salvador: Para garantir os
direitos econômicos,sociais e culturais, a OEA, adotou
em 1988, entrando em vigor em novembro de 1999,
um protocolo adicional ao Pacto de San Jose da Costa
Rica conhecido como Protocolo de San Salvador,
ratificado pelo Brasil no ano de sua entrada em vigor.
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Outros tratados: Ainda no âmbito da Organização
dos Estados Americanos, existem outras convenções e
tratados temáticos que visam a proteção dos direitos
humanos. Dentre eles, podemos citar, Convenção
Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura de
1985; Protocolo à Convenção Americana sobre
Direitos Humanos Referente à Abolição da Pena de
Morte de 1990; Convenção Interamericana para
Previnir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher
de 1994, também conhecida como Convenção de
Belém do Pará; Convenção Interamericana sobre
Tráfico Internacional de Menores de 1994; Convenção
Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Contra as Pessoas Portadores de
Deficiência de 1999.
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Além dos textos convencionais, a proteção
dos direitos humanos no sistema regional
interamericano conta com a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos, já
anteriormente citada, e com a Corte
Interamericana de Direitos Humanos.
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A Comissão Interamericana de Direitos Humanos
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos é órgão não só da
Organização dos Estados Americanos mas também da Corte
Interamericana dos Direitos Humanos.
Principal funções: a de promover a observância dos direitos
humanos, para garantir tal observância, tem a função de estimular a
consciência dos direitos humanos nos povos da América; formular
recomendações aos governos dos Estados-membros; preparar estudos
ou relatórios que considerar convenientes para o desempenho de suas
funções; solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe
proporcionem informações sobre as medidas que adotarem em
matéria de direitos humanos; atenderem a consultas que lhe forem
formuladas pela Assembleia Geral do OEA, pelos Estados-membros
sobre questões relacionadas com os direitos humanos; prestar
assessoria aos Estados-membros e a própria OEA quando solicitado;
atuar com respeito às petições e outras comunicações, no exercício
de sua autoridade em conformidade com o artigo 44 a 51 do mesmo
documento; apresentar relatório anual à Assembleia Geral da OEA.
Segundo artigo 44 da mesma convenção, a
Comissão Interamericana de Direitos Humanos tem
como principal função, receber de indivíduos,
grupos de indivíduos ou ainda de entidades não-
governamentais, petições com reclamações
concernentes a violação por parte de qualquer
Estado-membro da OEA, dos direitos humanos
consagrados no Pacto de San Jose da Costa Rica. É
importante observar que não há necessidade de
concordância do Estado denunciado para o
recebimento da reclamação pela Comissão
Interamericana de Direitos Humanos. Mesmo os
Estados não fazendo parte do Pacto, poderão ser
submetidos a Comissão, devido a seus compromissos
assumidos na Carta de Constituição da OEA e da
Declaração Interamericana dos Direitos e Deveres
do Homem, afinal, como já mencionado a Comissão
é órgão tanto do Pacto quando da OEA.
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Condições para o recebimento das reclamações:
Art. 46 § 1º
Entre eles: que se tenha interposto e esgotado os
recursos jurisdicionais internos; que seja
apresentado no prazo de seis meses a partir da data
em que o prejudicado tenha sido notificado da
decisão interna definitiva; que a reclamação não
esteja ou já tenha sido analisada por outro órgão
internacional, entre outros quesitos.
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Defesa e recebimento da denuncia:
Arts. 48 a 51 do Pacto
Concessão de prazo razoável ao Estado denunciado para
que apresentar informações a respeito da denuncia.
Prestadas as informações, ou em caso de não
apresentadas, a Comissão pode:
1 - arquivar o processo pelo convencimento que a
violação não mais persiste
2 - considerar inadmissível ou improcedente a
reclamação
3 - admiti-la, quando a denuncia será registrada como
caso e passa a ser investigada pela Comissão.
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Conciliação (com acordo):
Dentro deste procedimento, poderá haver uma
solução amistosa através de conciliação, quando a
Comissão redigirá relatório que será enviado a todos
os Estados-membros e a Secretaria Geral da OEA que
publicará os termos do acordo.
Conciliação (sem acordo):
Comissão redige relatório e o encaminha aos Estado-
membros interessados com recomendações que devem
ser cumpridas pelo Estado que cometeu a violação do
direito.
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Caso de não cumprimento das determinações:
Comissão apresenta o caso a Corte Interamericana
de Direitos Humanos, caso o país reconheça a
competência da Corte
Não sendo parte do Pacto de San José, o
procedimento continua na comissão que
encaminha novas recomendações ao Estado que
violou o direito para serem cumpridas em um
determinado lapso temporal. Findo este prazo, a
comissão passa a decidir através do voto de seus
membros, se os Estado cumpriu as recomendações
e se publica ou não o relatório.
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A Corte Interamericana
O segundo órgão do Pacto de San José da Costa Rica, é a
Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Competência consultiva: a corte tem poder de
interpretação das disposições concernentes aos direitos
humanos.
Competência contenciosa: relativa a um caráter judicial,
somente pode ser aplicada aos Estados-membros do Pacto
de San Jose da Costa Rica que tenham reconhecido
expressamente sua jurisdição, tendo em vista que na
ratificação de tal pacto, os Estados-membros
automaticamente já aceitaram a competência consultiva
da corte. O Brasil aderiu a competência contenciosa da
Corte Interamericana dos Direitos Humanos em 1998.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Diferentemente da Corte Europeia de Direitos
Humanos, na Corte Interamericana, não é permitido
petições de indivíduos e instituições privadas de
forma direta, somente a Comissão Interamericana de
Direitos Humanos tem poder de apresentar as
demandas a Corte Interamericana. Ressalta-se, no
entanto, que os Estados-membros podem apresentar
demandas contra Estados que tem reconhecido a
competência contenciosa da corte diretamente a
esta.
A Corte Interamericana de Direitos Humanos, não
emite recomendações e sim sentenças que deverão
ser cumpridas pelos Estados que reconhecem a sua
competência contenciosa, conforme compromisso
por eles assumido.
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O sistema africano
O mais novo sistema regional de proteção dos direitos humanos é
o sistema de proteção Africana, elaborada no âmbito da União
Africana (Organização de Unidade Africana). Seu principal
instrumento convencional é a Carta Africana dos Direitos do
Homem e dos Povos, também conhecida como Carta de Banjul, de
27 de junho de 1981, com entrada em vigor em 1986.
Visivelmente inspirada nas declarações europeia e americana tem
traços característicos bastante distintos. Nela há instituição de
uma Comissão dos Direitos do Homem e dos Povos e de um
Tribunal Africano de Direitos Humanos, sendo este ultimo
instituído pelo protocolo de Ouagadougou de 9 de junho de 1998
com entrada em vigor em dezembro de 2003.
A Unidade Africana teve seu nome alterado em 2000 para União
Africana.
Prof. Paulo Afonso de Oliveira Jr.
Bibliografia consultada:
BORGES, Leonardo Estrela. Coleção para entender: O Direito Internacional Humanitário. Belo Horizonte: Del
Rey, 2006.
BRONLIE,Ian. Princípios de direito internacional público. Trad. Maria Manuela Farrajota; Maria João Santos; 
Victor Richard Stockinger; Patrícia Galvão Teles. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1997.
BROTÓNS, Antônio Remiro. Derecho Internacional. Madri: McGRAW-HILL, 1997
DINH, Nguyen Quoc; e DAILLIER, Patrick; e PELLET, Alain. Direito Internacional Público. 2. ed. Trad. Vitor
Marques Coelho. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.
GODINHO, Fabiana de Oliveira. Coleção para entender: A Proteção Internacional dos Direitos Humanos. Belo 
Horizonte: Del Rey, 2006.
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direito internacional público. 2 ed. (ver., atual. e ampl.). São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2007.
MEDEIROS, Ana Letícia Baraúna Duarte. Direito Internacional dos Direitos Humanos na América Latina. Rio de 
Janeiro: Lúmen Júris. 2007.
MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 15.ed. (ver. e aum.). Rio de Janeiro: 
Renovar, 2004, v.1.
REZEK, José Francisco. Direito Interncional Público: curso elementar. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
SILVA, Geraldo Eulálio do Nascimento e; ACCIOLY, Hildebrando. Manual de direito internacional público. 15. ed. 
rev. e atual. Paulo Borba Caselha. São Paulo: Saraiva, 2002.
SORENSEN, Max. Manual de derecho internacional publico. México: Fondo de Cultura Econômica, 1972.
 SORIANO, Ramón. História temática de los derechos humanos. Sevilla: Editorial MAD, 2003.

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