Buscar

AULA_05_ADM I

Prévia do material em texto

FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Vice-Reitoria de Ensino de Graduação – VREGRAD 
 Divisão de Assuntos Pedagógicos – DAP 
	
	Código e Nome da Disciplina J589– DIREITO ADMINISTRATIVO I
	Créditos Teórico / Prático 4,0
	
	
	Curso DIREITO
	Centro CCJ
	Segundas e Quartas
19h00min – 20h40min
21h00min – 22h40min
 
	Professor: João Marcelo Rego Magalhães
	Aula 05
	UNIDADE I – DIREITO ADMINISTRATIVO
DIREITO ADMINISTRATIVO
Conceito
Codificação do Direito Administrativo
Relação com outras áreas da Ciência do Direito
Fontes do Direito Administrativo
Princípios do Direito Administrativo
5.1. Princípios Gerais do Direito Público
5.2. Princípios de Direito Administrativo expressos na Constituição (Princípios Constitucionais da Administração Pública)
5.3. Princípios de Direito Administrativo consagrados pela Doutrina
5. Princípios do Direito Administrativo
Devemos, antes de tudo, salientar que os princípios da supremacia e da indisponibilidade do interesse público são princípios gerais de direito público, e como tais, orientam também o Direito Administrativo.
Cabe ainda divisar os princípios administrativos em dois grupos: os que expressamente constam do capítulo constitucional acerca da Administração Pública e os plenamente reconhecidos pela doutrina e por algumas normas legais�.
Os princípios de Direito Administrativo que estão expressos na Constituição são:
Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
 Os princípios consagrados pela Doutrina (alguns já devidamente positivados pela Lei 9.784/99) são:
Finalidade
Autotutela
Motivação
Razoabilidade 
Proporcionalidade 
Contraditório e Ampla Defesa 
Segurança jurídica 
Interesse público 
A seguir, passamos a analisar com maiores detalhes os princípios do Direito Administrativo.
5.1. Princípios Gerais do Direito Público
...
5.2. Princípios de Direito Administrativo expressos na Constituição (Princípios Constitucionais da Administração Pública)
...
5.3. Princípios de Direito Administrativo consagrados pela Doutrina
Finalidade
O princípio da finalidade, tal como formulado por boa parte da Doutrina, consiste em mera confirmação de que o interesse público fundamenta toda e qualquer conduta dos agentes públicos, conduta esta que deve estar prevista em lei. Podemos concluir que o princípio da finalidade seria um desdobramento do princípio da legalidade. E não estaríamos errados, apesar de sermos obrigados a mencionar que a Doutrina também o relaciona de forma direta com o princípio da impessoalidade.
Consoante leciona José Afonso da Silva, embora o princípio da finalidade administrativa não tenha sido explicitado no art. 37 da Constituição, “o legislador constituinte o entendeu como um aspecto da legalidade. De fato o é na medida em que o ato administrativo só é válido quando atende a seu fim legal, ou seja, o fim submetido à lei. Logo, o fim já está sujeito ao princípio da legalidade, tanto que é sempre vinculado. Hely Lopes Meirelles destaca-o deste, para lhe dar consideração especial, para mostrar que ele ‘impõe que o administrador público só pratique o ato para o seu fim legal’, que a finalidade é inafastável do interesse público, de sorte que o administrador tem que praticar o ato com finalidade pública, sob pena de desvio de finalidade, uma das mais insidiosas modalidades de abuso de poder. Essas considerações querem apenas mostrar que o princípio da finalidade não foi desconsiderado pelo legislador constituinte, que o teve como manifestação do princípio da legalidade, sem que mereça censura por isso.”
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da finalidade, em rigor, não é uma mera decorrência do princípio da legalidade. É mais do que isto: é uma inerência dele; está nele contido, pois corresponde à aplicação da lei tal como formulada; ou seja, na conformidade de sua razão de ser, do objetivo em vista do qual foi editada. Os atos praticados em desrespeito à finalidade legal (desvio de finalidade) são atos nulos; quem desatende os fins da lei desatende a própria lei.
Autotutela
A Administração Pública comete equívocos no exercício de sua atividade, tendo em conta as múltiplas atividades exercidas pelos agentes públicos. Defrontando-se com tais erros, ela mesma pode revê-los a fim de restaurar a situação de regularidade. Não se trata apenas de uma faculdade, mas também de um dever, pois que não se pode admitir que, diante de situações irregulares, permaneça a Administração inerte. Apenas restaurando a situação de regularidade pode ser obedecido o princípio da legalidade.
Não precisa, portanto, a Administração ser provocada para o fim de rever seus atos. Pode fazê-lo de ofício. A autotutela envolve 2 aspectos quanto à atuação administrativa: aspectos de legalidade (o que leva à anulação do ato administrativo) e de mérito (o que leva à revogação do ato administrativo). 
A capacidade de autotutela está hoje consagrada, sendo, inclusive, objeto de firme orientação do STF, conforme se vê dos enunciados das Súmulas 346 e 473:
Súmula 346: A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRÓPRIOS ATOS.
Súmula 473: A ADMINISTRAÇÃO PODE ANULAR SEUS PRÓPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VÍCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NÃO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOGÁ-LOS, POR MOTIVO DE CONVENIÊNCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAÇÃO JUDICIAL.
Motivação
O princípio da motivação implica para a Administração o dever de justificar seus atos, apontando-lhes os fundamentos de direito e de fato, assim como a correlação lógica entre os eventos e situações que deu por existentes e a providência tomada.
A motivação deve ser prévia ou concomitante à expedição do ato. Em algumas hipóteses de atos vinculados (naqueles em que a lei disciplina toda a conduta), a simples menção do fato e do Direito parece suficiente; em outros, os chamados atos discricionários, a motivação deve ser a mais detalhada possível. Em certos procedimentos administrativos, como a licitação por exemplo, onde concorrem vários interessados a um único objeto, a motivação de cada ato é indispensável e deve também se preocupar com a mais amplo detalhamento.
A norma positivada no inciso LV do art. 5º da Constituição é o fundamento implícito do princípio da motivação nos processos judiciais e administrativos. No que pertinente especificamente ao processo administrativo, o princípio da motivação passou a ser regra positivada, conforme o art. 50 da Lei 9.784/99�: 
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.
...
Razoabilidade
O princípio da razoabilidade significa que deve haver uma congruência lógica entre as situações a exigir solução da Administração e as decisões efetivamente tomadas. Alguns autores defendem que a falta de congruência entre o problema e a solução violaria, na verdade, o princípio da legalidade; a falta de razoabilidade seria puro reflexo da inobservância dos requisitos legais exigidos para a validade da conduta.
Podemos afirmar, assim, que o princípio da razoabilidade é observado pela Administração à medida que sua condutase apresente dentro dos padrões normais de aceitabilidade. Se atuar fora desses padrões, algum vício estará, sem dúvida, contaminando o comportamento estatal. Dito de outra forma, não há violação ao princípio da razoabilidade quando a conduta administrativa é inteiramente revestida de licitude.
Realça Celso Antônio Bandeira de Mello que o princípio da razoabilidade se fundamenta nos princípios da legalidade e da finalidade, e nessa afirmação não cabe maiores considerações, posto que a consideramos definitiva.
O princípio da razoabilidade tem sido largamente utilizado pelo Poder Judiciário para o controle dos atos da Administração.
Proporcionalidade
O princípio da proporcionalidade guarda grande semelhança com o princípio da razoabilidade. A mais relevante é que ambos tem permitido ao Judiciário um considerável controle dos atos administrativos.
A finalidade do princípio da proporcionalidade é evitar o excesso de poder, ou seja, evitar os atos, decisões e condutas que ultrapassem os limites adequados, com vistas ao objetivo perseguido pela da Administração (interesse público). Esse é mais um aspecto que aproxima tal princípio do da razoabilidade.
A doutrina majoritária decompõe o princípio da proporcionalidade em 3 aspectos a serem observados na conduta do administrador: 
adequação ( o meio empregado na atuação administrativa deve ser compatível com o fim almejado;
exigibilidade ( a conduta deve ter-se por necessária, não havendo outro meio menos gravoso ou oneroso para alcançar o fim público;
proporcionalidade em sentido estrito ( as vantagens a serem conquistadas devem superar as desvantagens.
Celso Antônio Bandeira de Mello observa que, em rigor, o princípio da proporcionalidade não é senão uma decorrência do princípio da razoabilidade.
Contraditório e Ampla Defesa
Os princípios do contraditório e da ampla defesa – estudados normalmente em conjunto por questões didáticas – são princípios de grande repercussão nas relações em que são contrapostos o Estado e o cidadão; normalmente associados ao processo civil ou penal, o contraditório e a ampla defesa também assumem papel fundamental nos processos administrativos e em certas condutas da Administração Pública que impliquem em negar, limitar ou de qualquer forma afetar direitos e interesses dos particulares.
O fundamento de tal princípio não se resume aos postulados da Doutrina, pois o contraditório e a ampla defesa têm assento constitucional, nos exatos termos dos incisos LIV e LV do art. 5º da Constituição:
Art. 5º ...
...
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
...
Os dispositivos constitucionais consagram a exigência de um processo regular formal para que sejam atingidas a liberdade e a propriedade de quem quer que seja e a necessidade de que a Administração Pública, antes de tomar decisões gravosas a um dado sujeito, ofereça-lhe a oportunidade do contraditório – a possibilidade de contestar o que alegado em seu desfavor e ter suas razões consideradas na decisão – e da ampla defesa – a possibilidade de usar todos os recursos permitidos –; ou seja, a Administração não poderá proceder contra alguém passando diretamente à decisão que repute cabível, pois terá, desde logo, o dever jurídico de atender ao contido nas disposições constitucionais e legais.
Os aludidos princípios não devem ser tomados de maneira tão desatada que impeçam a adoção imediata de providências da mais extrema urgência, requeridas em caráter insubstituível para fins de salvaguardar interesses públicos relevantes que, de outra sorte, ficariam comprometidos. 
Segurança Jurídica
A doutrina há tempos procura solucionar os fatores que causam instabilidade nas relações jurídicas. Se de um lado é preciso obedecer os ditames legais, respeitando-se todos os prazos, procedimentos e recursos permitidos na legislação, de outra parte não é possível que um conflito de direitos permaneça sem solução por um longo período de tempo. A demora na solução de questões jurídicas pode ter o mesmo efeito de não ter havido solução.
A estabilidade das relações jurídicas ou a busca por mecanismos que evitam o prolongamento dos conflitos vem sendo tratada como princípio da segurança jurídica, tendo tal princípio relevante papel no Direito Administrativo.
O princípio da segurança jurídica (ou da proteção à confiança) passou a constar de forma expressa no art. 54 da Lei 9.784/99, nos seguintes termos:
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.
Interesse Público
Parte de Doutrina considera, e neste ponto manifestamos total concordância, que o interesse público não seria um princípio determinado, isolado, mas o conteúdo de todos os demais princípios administrativos, notadamente os da indisponibilidade e da supremacia do interesse público.
� Tal divisão é adotada de forma bastante didática na obra do professor José dos Santos Carvalho Filho.
� Lei que trata do processo administrativo no âmbito federal.
�PAGE �12�
�PAGE �6�

Continue navegando