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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO-UFES / DEPT. DE GEOGRAFIA / CLIMATOLOGIA 
 
 
PROFESSORES ALEXANDRE ROSA DOS SANTOS/email: alexsantos@npd.ufes.br/ DEPT. DE GEOGRAFIA - UFES 
 
187
CAPÍTULO 12 
 
Recuperação de rios assoreados e identificação de poluentes e métodos 
de controle de despoluição 
 
 
1. Introdução 
 
 Em realidade, despoluir ou não poluir um rio é uma tarefa de múltiplas 
facetas e exige atuações postas tais quais um feixe de retas paralelas em uma 
mesma direção. 
Em primeiro lugar, para coordenar idéias, compete definir aquilo que é, 
para um rio, o seu elemento ou elementos vitais, a partir de que ele será um rio 
"com saúde". 
 Os tópicos abaixo procuram relatar de maneira teórica e prática as 
várias formas de identificação e controle dos diferentes agentes de degradação 
ambiental que podem afetar os recursos hídricos em geral e, sobretudo, do rio. 
 
 
2. O rio 
 
Um rio é vivo na medida em que contém infra-estruturas vivas. Tal como 
o sangue que circula em nossas veias, o rio contém células que se nutrem e 
que respiram oxigênio. Quando morto, essas células perecem, e ele se 
decompõe; proliferam, então, os seres que produzem a sua degradação, e ele 
exala os odores mefíticos da putrefação. O rio poluído é um rio morto ou em 
agonia. 
Um rio é algo mais que um acidente geográfico, uma linha no mapa, 
uma parte do terreno imutável. Ele não pode ser retratado adequadamente em 
termos de topografia e geologia. Um rio é um ser vivo, um ser dotado de 
energia, de movimento, de transformações. 
Um rio pode morrer por falta de alimento, como qualquer ser vivo; e 
também, como qualquer ser vivo, pode morrer de indigestão. À indigestão 
segue-se a asfixia, isto é, o oxigênio disponível torna-se insuficiente à sua 
respiração, ou seja, à oxidação de todo alimento que foi ingerido. Ele morre 
tranqüilamente, sem dores, sem estremecimentos e, rapidamente, o cadáver 
entra em decomposição. 
O rio nasce, sempre numa região elevada. Pode ser no alto de uma 
montanha. Em sua infância, é leve e irrequieto, como qualquer criança ou 
animal novo: corre, salta, ora atirando-se de grandes alturas, ora cascateando 
cuidosamente por entre os seixos, ora descansando, ofegante, em seu leito de 
areia branca e brilhante. Seu aspecto é sadio e límpido, irradiando pureza; seu 
corpo é fresco como o orvalho da manhã; sua cor é o puro azul do céu 
refletido. Seu alimento é o que lhe proporciona o seio fértil da Terra-mãe. 
Depois cresce. Suas águas se avolumam. Torna-se majestoso e tranqüilo. 
Viaja. Percorre grandes planícies, profundos vales, circunda montanhas, salta 
perigosos penhascos. Conhece o homem. Avizinha-se de suas cidades, 
trabalha para ele – move seus engenhos, transporta suas embarcações, 
dessedenta-lhe os rebanhos e as plantações, oferece-lhe seus peixes e prova 
o sabor amargo de sua ingratidão. 
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A princípio, sente-se beneficiado e recompensado pelo auxílio prestado. 
O homem represa-o, sofreando seu ímpeto juvenil, domesticando-o e 
oferecendo-lhe amplos leitos para seu repouso. Além disso, ao irrigar as 
plantações, recebe pequenas parcelas dos mesmos alimentos empregados na 
lavoura para dar viço às plantas. Sente-se fortalecido; suas células reproduzem 
intensamente, captando as energias que o sol proporciona prodigamente às 
suas águas tranqüilas e cristalinas e produzem alimento farto e oxigênio 
abundante aos seus peixes. De repente, porém, sente-se traído. As águas que 
ele, de forma tão benigna, oferecia ao homem para saciar-lhe a sede, são-lhe 
devolvidas carregadas de imundices. Alimento, sim, mas impregnado de tantas 
substâncias estranhas e bactérias nocivas que lhe é difícil digerir. Além disso, 
em tão grande quantidade que a maior parte permanece indigesta, formando 
um lodo escuro e fétido, em seu leito, ou em fina suspensão, em suas águas, 
impedindo a penetração benéfica dos raios de sol e soterrando pequenos e 
indefesos animais. 
E não é só isso. Ao passarem suas águas pelo interior das indústrias 
tornam-se veículos de toda a sorte de tóxicos, detritos, graxas, sabões, tintas e 
outros muitos compostos que conspurcam totalmente aquilo que fora outrora 
seu maior motivo de orgulho: sua espelhada superfície azul. Ao sair da cidade 
ele sofreu uma total transformação. Suas águas tornaram-se negras e fétidas. 
Seu leito é sujo e lodoso. Sua superfície é coberta dos mais variados tipos de 
corpos flutuantes: uma camada de óleo impede seu crispar de prazer ao roçar 
acariciante da brisa; espessas crostas de espuma acumulam-se em suas 
curvas, outrora graciosas; borbulhas de gases mefíticos, desprendidos de seu 
leito, explodem à superfície, formando pequenos círculos concêntricos na água 
negra e pesada; latas velhas, papéis e toda uma enorme variedade de 
imundícies são transportados juntamente com a multidão dos cadáveres de 
seus peixes asfixiados, envenenados, destruídos pela insalubridade do 
ambiente. 
E o rio, em sua plena juventude, sente essa asfixia. Sente o 
envenenamento. E morre. Miríades de pequenos gérmens tomam conta de seu 
corpo, destruindo suas células, seus peixes, suas plantas, produzindo o seu 
apodrecimento. O mau cheiro, agora, não se desprende apenas do lado 
precipitado no leito, mas sim de toda água, em todos os seus níveis. Suas 
águas – se ainda merecem esse belo nome – não mais transportam a vida; 
somente a morte. De Danúbio ele passou a Tiête. 
 
 
2. Considerações iniciais sobre o assoreamento 
 
 A erosão do solo é considerado um dos principais impactos ambientais 
da natureza. O revolvimento do solo antes do cultivo desagrega-o, facilitando o 
carreamento dos minerais pela água das chuvas. A perda de milhares de 
toneladas de solo agricultável todos os anos, em conseqüência da erosão, é 
um dos mais graves problemas enfrentados pela economia agrícola. O 
processo de formação de novos solos, como resultado do intemperismo das 
rochas, é extremamente lento, daí a gravidade do problema. Toda atividade 
agrícola favorece o processo erosivo, mas algumas culturas facilitam-no mais 
que outras (Figura 1). 
 
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Figura 1. Perdas de solo pela erosão de acordo com o uso da terra. 
 
 
 O pescador experiente sabe que está cada vez mais difícil pescar um 
bom peixe. Para tanto, ele tem de se deslocar para rios cada vez mais 
distantes, onde há água de boa qualidade e alimento abundante (Figura 2). 
Essa ausência de peixes é, por sua vez, um indicador da baixa integridade 
física, química e, ou, biológica dos rios, e está geralmente associada a vários 
problemas ambientais, dentre os quais o assoreamento. Este processo é um 
dos últimos estágios de um grave problema que atinge boa parte das bacias 
hidrográficas brasileiras: erosão do solo. 
 
 
Figura 2. Pescador se deslocando para áreas menos assoreadas e poluídas. 
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 O mau uso e manejo do solo, como a utilização imprópria de áreas 
frágeis, o preparo inadequado do solo, o desmatamento e as queimadas 
abusivas, o uso incorreto dos equipamentos agrícolas, o traçado impróprio de 
estradas vicinais entre outros, acarreta altas perdas de solos nas vertentes. O 
solo, depois de retirado de seu lugar de origem pela chuva e pela enxurrada, é 
transportado morro abaixo, até ser depositado em baixadas,e, por fim, chega a 
rios e lagos, como mostra a Figura 3. 
 
 
Figura 3. Processo erosivo na vertente. 
 
 
 É comum haver, no Brasil, perdas de solo superiores a 20 toneladas por 
hectare, por ano. Isto eqüivale à retirada de quatro caminhões de terra de cada 
hectare, anualmente. Perde-se, assim, o que há de mais precioso nos solos, 
que é sua camada superficial, onde se encontra a maior parte dos nutrientes. 
 Mesmo os solos originalmente férteis, como as lendárias “terras roxas”, 
se mal-manejados, serão degradados em menos de uma geração. As baixas 
produtividades e os prejuízos são as etapas seguintes do processo, cujas 
conseqüências finais serão sentidas nos grandes centros urbanos, destino da 
maior parte dos deserdados da terra. 
 Os prejuízos do processo erosivo extrapolam a fronteira da fazenda. O 
sedimento que chega aos cursos d’água, particularmente o mais grosseiro 
(areia), irá preencher as calhas dos rios e o fundo dos lagos e reservatórios. 
Depois, na época das chuvas, o escoamento dos rios, que originalmente não 
causa problemas, se eleva a níveis de enchentes, pois o sedimento está 
ocupando sua calha natural (Figura 4). 
 
Novo leito
 
Figura 4. Assoreamento da calha de um rio (seção transversal). 
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 É comum, inclusive, observar vários “andares” de pontes na zona rural, 
construídos em épocas diferentes, um sobre o outro, para fugir de cheias cada 
vez maiores. 
 Os problemas não terminam aí. Durante a época seca, os rios se tronam 
“espraiados”, dificultando ou mesmo impedindo a navegação. 
 A reversão do processo de assoreamento não é simples, mas também 
não é impossível. As medidas tradicionais, como a dragagem do leito dos rios, 
são um paliativo caro e pouco eficaz. Ela somente se justifica em condições 
muito específicas, e mesmo assim quando não houver outra solução mais 
definitiva. 
 
 
2. Causas e técnicas que podem reverter o processo de assoreamento 
 
 O tratamento dos efeitos é mais eficaz, atacando-se as causas. O caso 
do assoreamento não é diferente. Como ele é apenas o efeito final do processo 
de erosão e degradação generalizada na bacia, os melhores resultados (e os 
mais duradouros) são obtidos por meio de ações conservacionistas integradas 
na mesma. 
 Com o objetivo de anular, ou pelo menos minimizar, os problemas 
causados pelo assoreamento, destacam-se algumas técnicas: 
 
 
2.1 Curvas de nível 
 
A simples adoção do preparo do solo e plantio em nível, em áreas 
agrícolas ou florestais (sem quase nenhum custo para o produtor), já reduz a 
perda de solo em 50%. A técnica consiste em arar o solo e depois fazer a 
semeadura seguindo as cotas altimétricas do terreno, o que por si só reduz a 
velocidade de escoamento superficial da água da chuva. Para reduzi-la ainda 
mais, é comum a construção de obstáculos no terreno, espécies de canaletas, 
com terra retirada dos próprios sulcos resultantes da aração (Figura 5). Com 
esse método simples, a perda de solo agricultável é sensivelmente reduzida. O 
cultivo seguindo as curvas de nível é feito em terrenos com baixo declive, 
propício à mecanização. É comum em países desenvolvidos, onde a agricultura 
é bastante mecanizada. 
 
 
Figura 5. Cultivo seguindo as curvas de nível. 
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2.2 Terraceamento 
 
Consiste em fazer cortes formando degraus – os terraços – nas 
encostas das montanhas, o que, além de possibilitar a expansão das áreas 
agrícolas em países montanhosos e populosos, dificulta, ao quebrar a 
velocidade de escoamento da água, o processo erosivo, diminuindo os efeitos 
do assoreamento. Essa técnica é muito comum em países asiáticos, como a 
China, o Japão, a Tailândia, o Nepal, entre outros (Figura 6). Resultados tem 
mostrado que o terraceamento contínuo, atravessando diversas propriedades 
reduz com maior eficiência os efeitos causados pelo assoreamento. 
 
 
Figura 6. Agricultura em terraços nas Filipinas. 
 
 
2.3 Associação de culturas 
 
Em cultivos que deixam boa parte do solo exposto à erosão (algodão, 
café, entre outros), é comum plantar, entre uma fileira e outra, espécies 
leguminosas (feijão, por exemplo), que recobrem bem o terreno. Essa técnica, 
além de evitar a erosão e o assoreamento, garante o equilíbrio orgânico do 
solo (Figura 7). 
 
 
Figura 7. Associação de culturas. 
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2.4 Relocação de estradas, carreadores e caminhos: 
 
Estradas e caminhos maus projetados contribuem significativamente 
para o aumento dos efeitos do assoreamento. Não é possível colocar todas as 
estradas e carreadores em nível, mas, sempre que as condições permitirem, 
isso dever ser feito. Deve-se evitar ao máximo as baixadas, rampas compridas, 
grandes declives e locais onde não possa controlar as águas. Após a 
identificação deste problema e cuidadoso planejamento, considerando técnicas 
de engenharia de nivelamento e drenagem marginal das estradas, a erosão e o 
aparecimento de voçorocas são reduzidos consideravelmente. 
 
 
2.5 Recomposição das matas ciliares 
 
Os vegetais, não importando seus tamanhos, têm raízes que funcionam 
com "presilhas" do solo; as árvores agem como "guarda-chuvas" do solo, e a 
vegetação em geral age como um redutor de velocidade das águas que correm 
no solo (Figura 8). No desmatamento, as "presilhas" ficam frágeis; sem a 
árvore, desaparece o "guarda-chuvas", possibilitando o impacto direto que 
"machuca" o terreno; já, sem a vegetação, principalmente a rasteira, a 
velocidade das águas fica aumentada sobre o terreno, possibilitando o 
aumento da erosão (Figura 9). Em outras palavras, vai havendo o arraste de 
material terroso e, com o tempo, o assoreamento vai aumentando em demasia. 
Um alternativa para diminuição do assoreamento é a recomposição das matas 
ciliares que como foi dito anteriormente, irá proteger a superfície do solo, 
impossibilitando a carreamento de suas partículas. 
 
 
Figura 8. Mata ciliar protegendo as 
margens do rio. 
Figura 9. Desmatamento possibilitando 
o impacto da chuva sobre o solo. 
 
 
2.6 Controle das voçorocas 
 
A voçoroca ou boçoroca é uma ferida aberta num terreno, seja ele 
horizontal ou não; ou um talude de um morro (Figura 10). Uma voçoroca pode 
ter início por um corte de um talude (a parte lateral de um morro) para a 
construção de uma estrada ou utilização de espaço, ou para se aproveitar o 
material em aterros (chamados empréstimos) em outros locais, ou ainda para 
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possibilitar uma mineração. Evidente é que, o corte de um terreno carrega 
consigo toda a vegetação e a terra fértil nele existente. Supondo que não se 
faça uma recuperação rápida na parte cortada, ela ficará exposta ao impacto 
direto da chuva e, também, às correntezas das chuvas passando por cima 
dela. Começa, então, a acontecer o fenômeno denominado erosão, que é o 
transporte do material terroso pelas águas. A primeira delas, que começa na 
voçoroca e se estende até os caminhos próximos para onde estiverem indo às 
águas, é a promoção da infertilidade na região da voçoroca e depois dela, pois 
haverá um cobrimento das camadas férteisadiante (desertificação ou aridez), 
visto que quase todos os terrenos têm uma camada de solo fértil por cima. No 
caso, essa camada, quando arrastada, promoverá, de imediato, a infertilidade. 
 
 
Figura 10. Voçoroca rasgada pelas águas (observar que continua 
desbarrancando e tornando-se cada vez maior. 
 
 
No campo, onde se retira a vegetação para dar lugar às pastagens, volta 
e meia a natureza se vinga pelo alagamento das próprias áreas de pastagens, 
visto que os rios principais, de tão assoreados, isto é, preenchidos com o 
material terroso para eles carregados, começam a procurar caminhos 
preferenciais para o escoamento das águas que seus leitos primitivos não 
conseguem mais transportar. Além disso, o alagamento irá destruir as árvores 
restantes pelo afogamento de suas bases acima do solo. Outra conseqüência é 
que, os rios naturais passam a ter seus leitos (suas calhas) assoreadas, 
soterrando toda a flora e fauna situadas nessas calhas, e que são os alimentos 
dos animais que dependem do fundo. O soterramento dos vegetais e de 
pequenos animais de fundo faz com que esses morram e essa matéria 
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orgânica morta comece a dar origem a reações bioquímicas que irão prejudicar 
a qualidade das águas, como um todo. Outro efeito é que, esse material 
terroso, no caso das zonas urbanas, vai também sendo levado para o leito dos 
rios e canais (assoreamento) e para as galerias de águas pluviais. Nas 
cidades, tanto o enchimento das calhas dos rios e canais, quanto o enchimento 
dos bueiros e tubulações de água pluviais, dificultarão o livre escoamento das 
águas de chuva e, com isso, ficará facilitado o processo das enchentes 
urbanas. Com tudo que foi falado, fica claro que cuidados preventivos devem 
ser tomados quando se pretende alterar a natureza dos terrenos, pois os 
custos para acertar as conseqüências serão bastante altos. 
Quando a voçoroca for pequena e o agricultor tiver condições materiais, 
pode fazer a sua terraplanagem. Já no caso de voçorocas grandes, que não 
podem ser terraplanadas, a solução é paralizar o seu crescimento e, 
lentamente, forçar o seu desaparecimento, que se processa quase 
naturalmente. Para isso observar: 
 
• Contrôle das águas que provocam a erosão; 
• Colocação de drenos nos leitos das voçorocas; 
• Suavização dos barrancos; 
• Construção de paliçadas; 
• Vegetação dos barrancos e do leito da voçoroca; 
• Isolamento da voçoroca. 
 
 
2.7 Controle da erosão e desertificação 
 
As operações de desmatamento, quer para utilização dos materiais dele 
provenientes, quer para criação de pastagens ou campos de plantio, quer para 
o corte de taludes, sempre retiram do terreno a camada fértil e instabilizam o 
terreno devido a retirada das fixações mecânicas e da proteção ao impacto 
direto das chuvas que eram proporcionadas pela vegetação. 
A superfície do solo, não castigado, é naturalmente coberta por uma 
camada de terra rica em nutrientes inorgânicos e materiais orgânicos que 
permitem o crescimento das vegetações; se essa camada é retirada, esses 
materiais desaparecem e o solo perde a propriedade de fazer crescer 
vegetações e pode-se dizer que, no caso, o terreno ficou árido ou que houve 
uma desertificação. 
As águas da chuva quando arrastam o solo, quer ele seja rico de 
nutrientes e materiais orgânicos, quer ele seja árido, provocam o enchimento 
dos leitos dos rios e lagos com esses materiais e esse fenômeno de 
enchimento se chama assoreamento. 
O arraste do solo causa no terreno um efeito chamado erosão. Na 
superfície do terreno e no subsolo, as águas correntes são as principais causas 
da erosão. 
A erosão depende fundamentalmente da chuva, da infiltração da água, 
da topografia (aclive mais acentuado ou não), do tipo de solo e da quantidade 
de vegetação existente. A chuva é, sem dúvida, a causa principal para que 
ocorra a erosão e evidente é que quanto maior sua quantidade e freqüência, 
mais irá influenciar no fenômeno. Se o terreno tem pouca declividade, a água 
da chuva irá "correr" menos e erodir menos. Se o terreno tem muita vegetação, 
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o impacto da chuva será atenuado porque este estará mais protegido, bem 
como, a velocidade da chuva no solo ficará diminuída devido aos obstáculos (a 
própria vegetação "em pé e caída") e também a erosão ficará diminuída devido 
a que as raízes darão sustentação mecânica ao solo; além disso, as raízes 
mortas propiciarão existirem canais para dentro do solo onde a água pode 
penetrar e com isso, sobrará menos água para correr na superfície. 
Outro fator importante é que, se as chuvas são freqüentes e o terreno já 
está saturado de água, a tendência é que o solo nada mais absorva e com 
isso, toda a água da chuva que cair, correrá pela superfície. 
Se o solo é arenoso o arraste será maior do que se ele fosse argiloso. 
Muitas ações devidas ao homem apressam o processo de erosão; se 
Sem levar em conta os efeitos poluidores da ação de arraste, tem-se que 
considerar dois aspectos maléficos dessa ação: o primeiro, devido ao 
assoreamento que preenche o volume original dos rios e lagos e como 
conseqüência, vindas as grandes chuvas, esses corpos d’água extravasam, 
causando as famosas cheias de tristes conseqüências e memórias; o segundo 
é que a instabilidade causada nas partes mais elevadas podem levar a 
deslocamentos repentinos de grandes massas de terra e rochas que desabam 
talude abaixo, causando, no geral, grandes tragédias. 
Dentre as principais causas do desencadeamento e evolução da erosão 
nas cidades destacam-se: o traçado inadequado do sistema viário, 
freqüentemente agravado pela falta de pavimentação, guias e sarjetas; a 
deficiência do sistema de drenagem de águas pluviais e servidas, e a expansão 
urbana descontrolada, com implantação de loteamentos e conjuntos 
habitacionais em locais não apropriados sob o ponto de vista geotécnico. 
Considerando, agora, os efeitos poluidores, podemos citar que os 
arrastes podem encobrir porções de terrenos férteis e sepultá-los com 
materiais áridos; podem causar a morte da fauna e flora do fundo dos rios e 
lagos por soterramento; podem causar turbidez nas águas, dificultando a ação 
da luz solar na realização da fotossíntese, importante para a purificação e 
oxigenação das águas; podem arrastar biocidas e adubos até os corpos d'água 
e causarem, com isso, desequilíbrio na fauna e flora nesses corpos d'água. 
 
 
2.8 Proteção das represas 
 
 As enxurradas que poluem e assoreiam rios e córregos causam grandes 
danos também às barragens hidrelétricas e às represas. Mas a água barrenta 
que leva a camada fértil do solo, paus e pedras para dentro das fontes quase 
não encontra obstáculos no caminho desses lagos artificiais (Figura 11). 
 
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Figura 11. Represa assoreada nas margens. 
 
A importância da vegetação ciliar é levada pouco a sério como proteção 
dos mananciais e praticamente esquecida na construção das represas, que se 
multiplicaram muito nos últimos anos. 
O entusiasmo de fazendeiros e sitiantes ao construir um desses 
espelhos d’água junto às suas sedes, para criação de peixes ou mero 
ornamento, curiosamente, não os motiva a zelar, depois, por elas. Muitos 
começam mal, deixando de plantar, simplesmente; outros plantam e não 
cuidam o bastante para que avegetação cubra toda a margem. 
Mais comumente, é utilizado capim, ou grama, ambos importantes pela 
cobertura que oferecem, mas a desobediência às recomendações técnicas, a 
falta de irrigação e o pisoteio prejudicam a formação do manto verde. As 
árvores e os arbustos, desprezados por tomar espaço ou sujar a represa com 
as folhas que derrubam, devem ser levados em conta, porque também 
contribuem para amortecer o impacto das chuvas e por terem ainda a função 
de quebrar o vento. Além disso, é sempre importante para o equilíbrio 
ecológico a diversificação das espécies. Ela contribui inclusive para preservar 
as qualidades do solo e tende a enriquecer sua composição. 
Além das barragens hidrelétricas, há as pequenas represas destinadas a 
servir de bebedouros para os animais, as ornamentais e de lazer, de criação de 
peixes e outros frutos d’água e as que funcionam como reservatório para 
abastecimento de equipamentos de irrigação (essas, importantes por amenizar 
os efeitos da interferência na vazão do córrego, acentuados quando a sucção é 
diretamente no manancial). 
 
 
3. Exemplo de projetos que contribuíram para a recuperação do 
assoreamento 
 
Se as práticas conservacionistas forem introduzidas em apenas uma ou 
outra propriedade da bacia, quase nenhuma redução nos impactos aos cursos 
d’água será sentida. Portanto, para atingir melhores efeitos, as práticas devem 
ser implantadas de forma integrada, no conjunto de propriedades da bacia. 
 Entretanto um criterioso planejamento deve anteceder a tomadas dessas 
ações, uma vez que seu sucesso depende da efetividade dos produtores, do 
nível tecnológico dos produtores, do custo de implantação, entre outros fatores. 
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 Exemplos que lograram sucesso em condições distintas, no Brasil, foram 
o Programa Paraná Rural, no Sul do País, e o Projeto Piloto do PRODHAM, no 
Ceará. 
 O primeiro foi um amplo programa de manejo e conservação integrada 
do solo, em nível de pequenas bacias hidrográficas, onde práticas como 
terraceamento, relocação de estradas e calagem, implantadas em todas as 
propriedades de bacias paranaenses, tiveram um resultado tão positivo no 
aumento de produtividade e na redução da sedimentação a jusante, que o 
programa, apoiado pelo Banco Mundial, está sendo copiado em outros Estados 
e em países da América Latina. 
 No caso do Ceará, um programa piloto de construção de pequenas 
barragens de contenção, em propriedades situadas nas zonas de cabeceira de 
bacia no Sertão do Estado, já apresenta resultados significativos. Os custos da 
implantação dessas pequenas barragens são insignificantes, a mão-de-obra da 
própria família do produtor é utilizada e os benefícios auferidos são muitos. 
Além da retenção do sedimento no local onde é gerado, evitando sua 
deposição nos cursos d’água a jusante, as barragens proporcionam um fonte 
extra de água na propriedade. Isto é muito importante numa região 
freqüentemente assolada pela seca. 
 Esta integração entre as ações nas pequenas bacias (nas cabeceiras) e 
as grandes obras hidráulicas, a jusante, é pioneira na América Latina, e tem 
tudo para se tornar um exemplo no controle da sedimentação. 
 Exemplos de programas bem sucedidos de controle de erosão e 
assoreamento já existem no Brasil. Resta às classes técnica e política 
reconhecer o fato de que as ações mais eficazes não são necessariamente as 
mais complexas e caras, mas sim aquelas que buscam entender os caprichos 
da natureza, usando-os inteligentemente a favor do bem de todos. 
 Augusto dos Anjos já havia reconhecido esse fato há 100 anos. Cabe a 
nós técnicos, produtores e tomadores de decisão, colocá-lo em prática. 
 
 
4. Identificação de poluentes e métodos de controle de despoluição 
 
 
4.1 Introdução 
 
Pelo que se sabe, só o planeta Terra tem água em abundância. Estamos 
falando da água que abrange aproximadamente, 70% da superfície terrestre 
(Figura 12). São incontáveis as espécies de animais e vegetais que a Terra 
possui. Sua distância do Sol - 150 milhões de quilômetros - possibilita a 
existência da água nos três estados: sólido, líquido e gasoso. A água, somada 
à força dos ventos, também ajuda a esculpir a paisagem do nosso planeta: 
desgasta vales e rochas, provoca o surgimento de diversos tipos de solo, entre 
outros. O transporte de nutrientes, que são aproveitados por centenas de 
organismos vivos, também é feito pela água. 
 
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Figura 12. Planeta Terra. 
 
 
 A existência de tudo o que é vivo, em nosso planeta, depende de um 
fluxo de água contínuo e do equilíbrio entre a água que o organismo perde e a 
que ele repõe. As semelhanças entre o corpo humano e a Terra são: 70% do 
nosso corpo também é constituído de água. Assim como a água irriga e 
alimenta a Terra, o nosso sangue, que é constituído de 83% de água, irriga e 
alimenta nosso corpo. Quando o homem aprendeu a usar a água em seu favor, 
ele dominou a natureza: aprendeu a plantar, a criar animais para seu sustento, 
a gerar energia, entre outros. 
Desde as civilizações mais antigas até as mais modernas, o homem 
sempre procurou morar perto dos rios, para facilitar a irrigação, moer grãos, 
obter água potável, entre outros. Nos últimos trezentos anos, a humanidade se 
desenvolveu muito, a produção aumentou, o comércio se expandiu, 
provocando uma verdadeira revolução industrial. Nesse processo, a água teve 
papel fundamental, pois a partir de seu potencial surgiram a roda d´água, a 
máquina a vapor, a usina hidrelétrica etc. Hoje, mais do que nunca, a vida do 
homem depende da água. Para produzir um quilo de papel, são usados 540 
litros de água; para fabricar uma tonelada de aço, são necessários 260 mil 
litros de água; uma pessoa, em sua vida doméstica, pode gastar até 300 litros 
de água por dia. 
 No decorrer do século XX, a população do planeta Terra aumentou 
quase quatro vezes. Um estudo populacional prevê que no ano 2002 a 
população mundial, em sua maioria absoluta, estará vivendo em grande 
cidades; com o grande desenvolvimento industrial, a cada dia aparecem novas 
utilidades para a água. O custo de ter água pronta para o consumo em nossas 
casas é muito alto, pois o planeta possui aproximadamente só 3% de água 
doce e nem toda essa água pode ser usada pelo homem, já que grande parte 
dela encontra-se em geleiras, icebergs e subsolos muito profundos. 
Outra razão para a água ser um recurso limitado é sua má distribuição 
pelo mundo. Há lugares com escassez do produto e outros em que ele surge 
em abundância. Com o grande desenvolvimento da tecnologia , o homem 
passou a interferir com agressividade na natureza. Para construir uma 
hidrelétrica, desvia curso de rios, represa uma quantidade muito grande de 
água e interfere na temperatura, na umidade, na vegetação e na vida de 
animais e pessoas que vivem nas proximidades. O homem tem o direito de 
 
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criar tecnologias e promover o desenvolvimento para suprir suas necessidades, 
mas tudo precisa ser muito bem pensado, pois a natureza também tem de ser 
respeitada. 
A água dos mananciais e dos poços, por conter microorganismos e 
partículas sólidas em suspensão, percorre um caminho nas estações de 
tratamento até chegar limpa ao hidrômetro (Figura 13 e 14). 
 
 
 
 
Figura 13. Estação de tratamento de 
água(ETA). 
Figura 14. Água tratada saindo pela 
torneira. 
 
Na primeira etapa do tratamento, a água fica na bacia de tranqüilização; 
em seguida, recebe sulfato de alumínio, cal e cloro. Na segunda etapa, a água 
passa pelos processos de filtração e fluoretação. Para produzir 33 m³ por 
segundo de água tratada, uma estação como o Guaraú, no município de São 
Paulo, gasta em média 10 toneladas de cloro, 45 toneladas de sulfato de 
alumínio e mais 16 toneladas de cal - por dia! 
Nas casas, a água começa seu caminho no hidrômetro (aparelho que 
mede o volume de água consumida), entra na caixa d´água e passa pelos 
canos e registros até chegar à pia, ao chuveiro, ao vaso sanitário e tudo o 
mais. 
 Após o uso ( para beber, cozinhar, limpar), a água vai para os ralos e em 
seguida para os canos que vão dar na caixa de inspeção e na saída do esgoto 
doméstico. Os esgotos que saem das casas, indústrias etc devem ser 
bombeados para uma estação de tratamento, onde os sólidos são separados 
do líquido - o que diminui a carga de poluição e os prejuízos para as águas que 
irão recebê-la. O tratamento de esgoto é vantajoso, pois o lodo que sobra pode 
ser transformado em fertilizante agrícola; o biogás resultante desse processo 
também é aproveitável como combustível. 
Os efeitos da poluição e destruição da natureza são desastrosos: se um 
rio é contaminado, a população inteira sofre as conseqüências. A poluição está 
prejudicando os rios, mares e lagos; em poucos anos, um rio sujeito a poluição 
pode estar completamente morto. Para despoluir um rio gasta-se muito 
dinheiro, tempo e o pior: mais uma enorme quantidade de água. Os mananciais 
também estão em constante ameaça, pois acabam recebendo a sujeira das 
cidades, levada pela enxurrada junto com outros detritos. A impermeabilização 
do solo causada pelo asfalto e pelo cimento dificulta a infiltração da água da 
chuva e impede a recarga dos lençóis freáticos. As ocupações clandestinas de 
áreas que abrigam os mananciais também acabam poluindo as águas, pois 
seus moradores depositam lixo e esgoto no local. 
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Os poluidores e destruidores da natureza são os próprios seres 
humanos que jogam o lixo diretamente nos rios, sem nenhum tratamento, 
matando milhares de peixes (Figura 15). 
 
 
Figura 15. Poluição das águas de um rio. 
 
 
Desmatadores derrubam árvores das áreas dos mananciais e de matas 
ciliares, garimpeiros devastam os rios e usam mercúrio, envenenando suas 
águas. As pessoas sabem que os automóveis poluem e colaboram para o 
efeito estufa, mas por falta de opção ou por comodismo não abrem mão desse 
meio de transporte. Todos sabem que o lixo contamina e polui o meio 
ambiente. Porém, muitas pessoas jogam-no nas ruas, praias e parques. A 
atividade agrícola também é poluidora da água, já que os pesticidas e os 
agrotóxicos são levados pela água da chuva para os rios e mananciais ou 
penetram o solo atingindo os lençóis freáticos. 
As fábricas lançam gases tóxicos na atmosfera porque não instalam 
filtros em suas chaminés (Figura 16). Numa cidade como São Paulo, só 17% 
das indústrias tratam seus esgotos; 83% jogam nos rios toda a sujeira que 
produzem. Quem mais polui é também quem mais consome: 23% da água 
tratada é consumida pelas indústrias. A água poluída pode causar doenças 
como cólera, febre tifóide, disenteria, amebíase etc. Muitas pessoas estão 
sujeitas a essas e outras doenças porque suas residências não tem água 
tratada ou rede de esgoto. Um dado assustador comprova: 55,51% da 
população brasileira não tem água encanada nem saneamento básico. 
 
Figura 16. Poluição atmosférica de uma indústria e seu reservatório de água. 
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A maioria das pessoas tem o costume de desperdiçar água, mas isso 
tem de mudar, porque o consumo de água vem aumentando muito e está cada 
vez mais difícil captar água de boa qualidade. Por causa do desperdício, a 
água tem de ser buscada cada vez mais longe, o que encarece o processo e 
consome dinheiro que poderia ser investido para proporcionar a todas as 
pessoas condições mais dignas de higiene. Soluções inviáveis e caras já foram 
cogitadas, mas estão longe de se tornar realidade. São elas: retirar o sal da 
água do mar, transportar geleiras para derretê-las etc. 
Quando abrimos uma torneira, não estamos apenas consumindo água. 
Estamos também alimentando a rede de esgoto, para onde vai praticamente 
toda a água que consumimos. No ano 2001, os seres humanos estarão 
consumindo aproximadamente 150 bilhões de m³ de água por ano e gerando 
90 bilhões de m³ de esgoto. O consumo de água cresce a cada dia, mas a 
quantidade de água disponível para o consumo no planeta não cresce. Em um 
futuro não muito distante haverá escassez. Alguns hábitos devem ser 
adquiridos em nosso cotidiano, tais como fechar a torneira ao escovar os 
dentes, cuidar para que as torneiras fiquem fechadas de forma correta, 
reaproveitar a água da lavagem da roupa para lavar o quintal etc. Um pequeno 
filete de água escorrendo um dia inteiro por um vazamento pode eqüivaler ao 
consumo diário de água de uma família de cinco pessoas. 
Nem todos poluem a água e estragam a natureza. Existem pessoas que 
trabalham para conservá-la. Os trabalhadores de uma estação de tratamento 
de água, por exemplo, passam a vida tratando e filtrando a água que todos 
consomem. Outros trabalhadores retiram a lama e lixo dos rios e riachos 
assoreados, para evitar enchentes. Há pessoas que reflorestam áreas que já 
estavam se tornando desérticas, que estudam soluções e alternativas para os 
problemas ambientais. E existem os veículos de comunicação, associações de 
bairro e entidades ambientalistas que denunciam crimes ecológicos e cobram 
providências do governo. Porém, os que agem para melhorar o meio ambiente 
ainda são minoria. 
 
 
4.2 Relação da qualidade da água com a saúde 
 
 A água desenvolve um ciclo. O chamado ciclo da água é o caminho que 
ela percorre. A chuva, basicamente, é o resultado da água que evapora dos 
lagos, rios e oceanos, formando as nuvens. Quando as nuvens estão 
carregadas, soltam a água na terra. Ela penetra o solo e vai alimentar as 
nascentes dos rios e os reservatórios subterrâneos. Se cai nos oceanos, 
mistura-se às águas salgadas e volta a evaporar, chove e cai na terra 
 Quando não tratada, a água é um importante veículo de transmissão de 
doenças, principalmente as do aparelho intestinal, como a cólera, a amebíase e 
a disenteria bacilar, além da esquistossomose. Essas são as mais comuns. 
Mas existem outras, como a febre tifóide, as cáries dentárias, a hepatite 
infecciosa. 
 O consumo de uma água saudável é fundamental à manutenção de um 
bom estado de saúde. Existem estimativas da Organização Mundial de Saúde 
de que cerca de 5 milhões de crianças morrem todos os anos por diarréia, e 
estas crianças habitam de modo geral os países do Terceiro Mundo. Existem 
alguns cuidados que são fundamentais. O acesso à água tratada nem sempre 
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existe na nossa população - principalmente na população de periferia. Deve-se 
tomar muito cuidado porque a contaminação dessa água nem sempre é visível. 
A água de poço e a água de bica devem ser usadas com um cuidado muito 
especial, porque muitas vezes estão contaminadas por microrganismos que 
não são visíveis a olho nu. Mesmocom a água tratada deve-se ter alguma 
cautela, porque muitas vezes há contaminação na sua utilização: recipientes 
que são utilizados com falta de higiene, mãos que não são suficientemente 
bem lavadas. Segundo o Inmetro, a tampa de uma latinha de cerveja ou 
refrigerante pode estar mais poluída que um banheiro público. Todos esses 
fatores podem estar interferindo num caso de diarréia. Muitas outras doenças 
importantes também podem ser causadas pela água contaminada. 
 
 
 
4.3 Principais rios poluídos no país 
 
O Brasil é um país privilegiado no que diz respeito à quantidade de 
água. Sua distribuição, porém, não é uniforme em todo o território nacional. A 
Amazônia, por exemplo, é uma região que detém a maior bacia fluvial do 
mundo. O volume d'água do rio Amazonas é o maior do globo, sendo 
considerado um rio essencial para o planeta. Essa é, também, uma das regiões 
menos habitadas do Brasil. Em contrapartida, as maiores concentrações 
populacionais do país encontram-se nas capitais, distantes dos grandes rios 
brasileiros, como o Amazonas, o São Francisco e o Paraná. E há ainda o 
Nordeste, onde a falta d'água por longos períodos tem contribuído para o 
abandono das terras e para a migração aos centros urbanos, como São Paulo 
e Rio de Janeiro, agravando ainda mais o problema da escassez de água 
nessas cidades. 
Além disso, os rios e lagos brasileiros vêm sendo comprometidos pela 
queda de qualidade da água disponível para captação e tratamento. Na região 
amazônica e no Pantanal, por exemplo, rios como o Madeira, o Cuiabá e o 
Paraguai já apresentam contaminação pelo mercúrio, metal utilizado no 
garimpo clandestino. E nas grandes cidades esse comprometimento da 
qualidade é causado principalmente por despejos domésticos e industriais. 
Se a bacia é ocupada por florestas nas condições naturais, essa água 
vai ter uma boa qualidade porque vai receber apenas folhas, alguns resíduos 
de decomposição de vegetais. Mas, se essa bacia começar a ser utilizada para 
a construção de casas, para implantação de indústrias, para plantações, então 
a água começará a receber outras substâncias além daquelas naturais, como, 
por exemplo o esgoto das casas e os resíduos tóxicos das indústrias e das 
substâncias químicas aplicadas nas plantações. Isso vai contribuir para que a 
água vá piorando de qualidade. Por isso ela deve ser protegida na fonte, na 
bacia. Essa água, depois, vai ser submetida a um tratamento para ser usada 
pela população. Mas, mesmo a estação de tratamento tem suas limitações. Ela 
retira com facilidade os produtos de uma floresta, de uma condição natural. 
Mas esgotos pioram muito, e a presença de substâncias tóxicas vai tornando 
esse tratamento cada vez mais caro. Acima de um certo limite, o tratamento 
nem mais é possível, porque existe uma limitação para a capacidade 
depuradora de uma estação de tratamento. Então, a água se torna totalmente 
imprestável". 
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 Esses problemas atingem também os principais rios e represas das 
cidades brasileiras, onde hoje vivem 75% da população. 
 
• Em Porto Alegre, o rio Guaíba está comprometido pelo lançamento de 
resíduos domésticos e industriais, além de sofrer as conseqüências do 
uso inadequado de agrotóxicos e fertilizantes. 
 
• Brasília, além de enfrentar a escassez de água, tem problemas com a 
poluição do lago Paranoá. 
 
• A ocupação urbana das áreas de mananciais do Alto Iguaçu 
compromete a qualidade das águas para abastecimento de Curitiba. 
 
• O rio Paraíba do Sul, além de abastecer a região metropolitana do Rio 
de Janeiro, é manancial de outras importantes cidades de São Paulo e 
Minas Gerais, onde são graves os problemas devido ao garimpo, à 
erosão, aos desmatamentos e aos esgotos. 
 
• Belo Horizonte já perdeu um manancial para abastecimento - a lagoa da 
Pampulha - que precisou ser substituído pelos rios Serra Azul e Manso, 
mais distantes do centro de consumo. Também no rio Doce, que 
atravessa os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a extração de 
ouro, o desmatamento e o mau uso do solo agrícola provocam prejuízos 
enormes à qualidade de suas águas. 
 
• Estado de São Paulo sofre com a escassez de água e com problemas 
decorrentes de poluição em diversas regiões: no Alto Tietê junto à região 
metropolitana; no rio Turvo; no rio Sorocaba, entre outros. 
 
 
4.4 O fenômeno da autodepuração dos cursos d’águas 
 
 A introdução de matéria orgânica em um corpo d’água resulta, 
indiretamente, no consumo de oxigênio dissolvido, resultando nos processos 
de estabilização da matéria orgânica realizados pelas bactéria decompositoras, 
as quais utilizam o oxigênio disponível no meio líquido para sua respiração. 
 O fenômeno da autodepuração está vinculado ao restabelecimento do 
equilíbrio no meio aquático, por mecanismos essencialmente naturais, após as 
alterações induzidas pelos despejos afluentes. Como parte mais específica, 
tem-se que, como parte integrante do fenômeno de autodepuração, os 
compostos orgânicos são convertidos em compostos inertes e não prejudiciais 
do ponto de vista ecológico. 
 A impotância do conhecimento do fenômeno de autodepuração e da sua 
quantificação, tendo em vista utilizar a capacidade de assimilação dos rios é 
impedir o lançamento de despejos acima do que possa suportar o corpo 
d’água. Sendo assim, as principais formas de controle da poluição por matéria 
orgânica são: 
 
- Tratamento dos esgotos; 
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- Regularização da vazão do curso d’água; 
- Aeração do curso d’água; 
- Aeração dos esgotos tratados; 
- Alocação de outros usos para o curso d’água. 
 
O ecossistema de um corpo d’água antes do lançamento de despejos 
encontra-se usualmente em um estado de equilíbrio. Após a entrada da fonte 
de poluição, o equilíbrio entre as comunidades é afetado, resultando numa 
desorganização inicial, seguida por uma tendência posterior à reorganização 
Neste sentido, a autodepuração pode ser entendida como um fenômeno de 
sucessão ecológica. Há uma sequência sistemática de substituições de uma 
comunidade por outra, até que uma comunidade estável se estabeleça em 
equilíbrio com as condições locais. 
Por causa das altas cargas de nutrientes introduzidas nos corpos 
aquáticos, principalmente formas de nitrogênio e fósforo, as águas tornam-se 
altamente produtivas permitindo o desenvolvimento exagerado de algas 
emaclófitas. Este processo de enriquecimento de corpos aquáticos é 
denominado eutrofização. 
Os organismos vivos se “adaptam” a um determinado ambiente aquático 
se as condições de sobrevivência e reprodução são favoráveis. Tendo em vista 
que a qualidade da água reflete diretamente nas comunidades biológicas, 
diversos autores introduziram o conceito de “indicador biológico”. Os 
“indicadores biológicos” podem serem definidos como seres vivos que agem 
como bio-sensores, indicando com sua presença e diversidade que 
determinado parâmetro ou conjunto de parâmetros estão dentro dos limites 
toleráveis para suas necessidades particulares e sua permanência. Vários são 
os grupos de organismos indicados como “indicadores biológicos”, como por 
exemplo: bactérias, algas, fungos, micro invertebrados e peixes. 
No ecossistema em condições naturais, ocorre elevada diversidade e 
número de espécies, enquanto que, no ecossistema em condições pertubadas 
ocorre baixa diversidade de espécies e elevado número de indivíduos em cada 
espécie. A Figura 16 apresenta a visualização esquemática da relação entre apoluição e diversidade de espécies. 
 
 
 
Figura 16. Relação qualitativa entre poluição e diversidade de espécie 
 
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 As bactérias fecais (patogênicas e não patogênicas) e as patogêncas, 
não sendo habitantes naturais do ambiente aquático entram no ecossistema 
através de lançamento de despejos que contém material fecal. Além de 
geralmente não se reproduzirem neste ambientes, não sobrevivem neles por 
muito tempo. As bactérias coliformes fecais e estreptococos fecais presentes 
nas fezes de homeotérmicos sadios e doentes tem um grande valor sanitário, 
pois sua presença indica que a água está recebendo dejetos humanos ou de 
animais de sangue quente que podem conter organismos patogênicos 
tornando-a imprópria ao consumo humano. Através da quantificação destas 
bactérias é possível avaliar a intensidade da poluição fecal. 
 O curso d’água pode ser considerado como uma depuradora natural de 
despejos. Para cada corpo aquático receptor há um limite de lançamento de 
matéria orgânica biodegradável, sendo importante a avaliação de sua 
capacidade de autodepuração. Torna-se necessário, somente, determinar as 
quantidades de cargas orgânicas que possam ser lançadas, de modo que não 
prejudique a qualidade da água. 
 Vários são os parâmetros que podem ser utilizados na avaliação do 
processo de autodepuração. Entretanto, a avaliação do nível de oxigênio 
dissolvido é o mais importante. A avaliação deste nível é o parâmetro que deve 
estar sempre presente nas legislações de proteção dos recursos hidrícos 
contra agentes poluidores. 
 Quando um corpo aquático lótico recebe poluição aparecem várias 
zonas ecológicas, com características específicas de acordo com o teor de 
matéria orgânica, oxigênio, nutrientes e biota presente. A poluição diminui com 
o decorrer do tempo e com a extensão vencida pela correnteza devido à 
fotossíntese e oxidação biológica da matéria orgânica e à restauração do 
oxigênio dissolvido que é promovida pela aeração superficial e ou pela 
atividade fotossintética. 
 Existem quatro zonas de autodepuração ao longo de um curso d’água 
que recebe forte contribuição em esgoto: Zona de Degradação, Zona de 
Decomposição Ativa, Zona de Recuperação e Zona de Àguas Limpas. 
A Figura 17 apresenta a trajetória dos três principais parâmetros 
(matéria orgânica, bactérias decompositoras e oxigêncio dissolvido) ao longo 
das quatro zonas. 
 
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Figura 17. Trajetória dos três principais parâmetros (matéria orgânica, bactérias 
decompositoras e oxigêncio dissolvido) ao longo das quatro zonas 
do percurso no curso d’água. 
 Os Quadros 1, 2, 3 e 4, descrevem o comportamento físico, químico e 
biológico das zonas de degradação, decomposição ativa, recuperação e águas 
limpas. 
 
Quadro 1. Descrição do comportamento físico, químico e biológico da zona de 
degradação. 
 
Característica Descrição 
Característica geral 
Esta zona tem início logo após o lançamento das águas residuárias no 
curso d’água. A principal característica química é a alta concentração 
de matéria orgânica. 
Aspecto estético No ponto de lançamento a água se apresenta turva, devido aos 
sólidos presentes nos esgotos. A sedimentação de sólidos resulta na 
formação de bancos de lodo. 
Matéria orgância e 
oxigênio dissolvido 
Nesta zona, há uma completa desordem em relação à comunidade 
estável antes existente, sendo que o processo de decomposição da 
matéria orgância, efetuado pelos microrganismos decompositores 
geralmente tem início lento. 
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Microrganismos 
decompositores 
Após o período de adaptação, inicia-se a proliferação bacteriana, com 
uma predominância maciça das formas aeróbias, ou seja, que 
dependem do oxigênio disponível no meio para os seus processos 
metabólicos. 
Subprodutos da 
decomposição 
Há um aumento nos teores de gás carbônico, um dos subprodutos do 
processo respiratório microbiano. Com o aumento das concentrações 
de CO2, convertido à ácido carbônico na água, pode haver uma queda 
no pH da água, tornando-se mais ácida. 
Lodo de fundo No lodo de fundo, devido à dificuldade de intercâmbio gasoso com a 
atmosfera, passam a prevalecer condições anaeróbias, isto é 
ausência de oxigênio dissolvido, ocorrendo a produção de ácido 
sulfídrico, potencial gerador de odores desagradáveis. 
Nitrogênio Os compostos nitrogenados complexos apresentam-se ainda em altos 
teores, embora já ocorra a conversão de grande parte dos mesmos a 
amônia. 
Comunidade aquática Há uma sensível diminuição do número de espécies de seres vivos, 
embora o número de indivíduos em cada uma seja bem elevado, 
caracterizando um ecossistema pertubado. 
 
 
Quadro 2. Descrição do comportamento físico, químico e biológico da zona de 
decomposição ativa. 
 
Característica Descrição 
Característica geral 
Após a fase de pertubação do ecossistema, este principia a se 
organizar, com os microrganismos desempenhando ativamente sua 
funções de decomposição da matéria orgância. Como consequência, 
os reflexos no corpo d’água atingem os seus níveis mais acentuados, 
e a qualidade da água apresenta-se em seu estado mais deteriorado. 
Aspecto estético Observa-se ainda acentauada coloração na água e os depósitos de 
lodo no fundo. 
Matéria orgância e 
oxigênio dissolvido 
Nesta zona o oxigênio dissolvido atinge a sua menor concentração. 
Microrganismos 
decompositores 
As bactérias decompositoras principiam a se reduzir em número, 
devido principalmente à redução na disponibilidade de alimento em 
grande parte já estabilizado. 
Subprodutos da 
decomposição 
Caso haja reações anaeróbicas, os subprodutos são, além dos gás 
carbônico e da água, o metano, gás sulfídrico, mercaptanas e outros, 
vários deles responsáveis pela geração de maus odores. 
Nitrogênio O nitrogênio apresenta-se ainda na forma orgânica, embora a maior 
parte já se encontre na forma de amônia. 
Continuação: 
 
Quadro 2. Descrição do comportamento físico, químico e biológico da zona de 
decomposição ativa. 
 
Comunidade aquática O número de bactéria entéricas, quer patogênicas ou não, diminui 
rapidamente. O número de protozoários se eleva. Ocorre a presença 
de alguns macrorganismos e larvas de insetos. No entando a 
macrofauna é ainda restrita em espécies. 
 
 
 
 
 
 
 
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Quadro 3. Descrição do comportamento físico, químico e biológico da zona de 
recuperação. 
 
Característica Descrição 
Característica geral 
Após a fase de intenso consumo de matéria orgânica e de degradação 
do ambiente aquático, inicia-se a etapa de recupração. 
Aspecto estético A água está mais clara e a sua aparência geral apresenta-se 
grandemente melhorada. 
Matéria orgância e 
oxigênio dissolvido 
A matéria orgânica, intensamente consunida nas zonas anteriores, já 
se encontra grandemente estabilizada, ou seja, transformada em 
compostos inertes. 
Nitrogênio A amônia é convertida a nitrito e estes a nitrato. Os compostos de 
fóforo são transformados em fosfatos. Ocorre, portanto, uma 
fertilização do meio, pela produção dos sais minerais(nitratos e 
fosfatos), os quais são nutrientes para as algas. 
Algas Devido à presença de nutrientes, e à maior transparência da água 
(proporcionando uma maior penetração da luz), há condições para o 
desenvolvimento das algas. 
Comunidade aquática O número de bactérias encontra-se bem mais reduzido e, como 
consequência, também o de protozoários bacteriófagos. As algas 
apresentam-se em franca reprodução. O microcrustáceos ocorrem em 
seu máximo, apresentando-se ainda grande números de moluscos e 
vários vermes, dinoflagelados, esponjas, musgos e larvas de insetos. 
A cadeia alimentar está mais diversificada, gerando a alimentação dos 
primeiros peixes, mais tolerantes. 
 
 
Quadro 4. Descrição do comportamento físico, químico e biológico da zona de 
águas limpas. 
 
Característica Descrição 
Característica geral 
As águas apresentam-se novamente limpas, voltando a ser atingidas 
as condições normais anteriores à poluição, pelo menos no que diz 
respeito ao oxigênio dissolvido, à matéria orgânica e aos teores de 
bactérias e, provavelmente, de organismos patogêncos. 
Aspecto estético A aparência da água encontra-se similar à anterior à ocorrência da 
plouição. 
Matéria orgância e 
oxigênio dissolvido 
Na massa líquida há predominância das formas completamente 
oxidadas e estáveis dos compostos minerais, embora o lodo de fundo 
não esteja necessariamente estabilizado. A concentração de oxigênio 
é próxima à de saturação, devido ao baixo consumo pela população 
microbiana e à possivelmente elevada produção pelas algas. 
Comunidade aquática A produção de algas é bem maior. Há o restabelecimento da cadeia 
alimentar normal. São encontradas ninfas de odonatas, efemérides, 
assim como grandes crustáceos de água doce, moluscos e vários 
peixes. 
 
4.5 Identificação de poluentes e métodos de controle e de despoluição 
 
 
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 As fontes de água doce, as mais vitais para os seres humanos, são 
justamente as que mais recebem poluentes. Muitos lugares do planeta, cidades 
e zonas agrícolas correm sério risco de ficar definitivamente sem água (Figura 
18). A causa fundamental dessa tragédia ecológica, que pode eventualmente 
piorar se medidas sérias não forem tomadas, é o aumento acelerado de várias 
formas de poluição, além da ocupação desordenada em regiões de 
preservação de mananciais. 
 
 
Figura 18. Estimativa de água potável no planeta. 
 
 
 O lançamento de resíduos orgânicos acima da capacidade de absorção 
pelos organismos decompositores e o de resíduos inorgânicos não-
biodegradáveis, muitos inclusive tóxicos e cumulativos, nos córregos, rios, 
lagos e mares, caracterizam o que chamamos genericamente de poluição das 
águas. Deve-se lembrar também da poluição do lençol freático, que são as 
águas subterrâneas, a partir da lixiviação dos solos, com pesticidas, na 
agricultura, e com o chorume, nos lixões. As fontes de poluição das águas são 
várias e estão muito dispersas pela superfície terrestre. Embora o fenômeno 
seja mais concentrado e mais visível nos complexos sistemas urbanos, surge 
também nos ecossistemas naturais e agrícolas. 
Em realidade, despoluir ou não poluir um rio é uma tarefa de múltiplas 
facetas e exige atuações postas tais quais um feixe de retas paralelas em uma 
mesma direção. 
Em primeiro lugar, para coordenar idéias, compete definir aquilo que é, 
para um rio, o seu elemento ou elementos vitais, a partir de que ele será um rio 
"com saúde". 
Na massa d’água corrente de um rio existem um sem número de 
organismos vivos dos reinos vegetal e animal e em todos os graus de 
entrosamento. É um ecossistema. E a Natureza nos ensina que todo 
ecossistema tem que viver harmoniosamente. 
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Vejamos, para começar, o reino animal que está presente no rio. A 
grande maioria de seus membros, devido ao rio, sobrevive, porque ali se 
alimenta e respira (oxigênio) ar e por isso, eles são animais aeróbios. Se não 
existissem no rio alimento ou ar eles morreriam. Com isso, tira-se a primeira 
conclusão: o ar, isto é, o oxigênio é peça indispensável para a sobrevivência do 
ecossistema, da mesma forma que o alimento, como para qualquer animal, e 
que, neste caso é a matéria orgânica. Acontece que a respiração é a função 
primordial, visto que, à sua falta o animal perece de imediato, donde se conclui 
que o oxigênio é a matéria prima fundamental para a sobrevivência do 
ecossistema rio. 
Basicamente, o oxigênio estará presente na massa líquida por dois 
processos: a diluição em contato com o ar atmosférico e a fotossíntese devida 
aos vegetais. E aí, podemos chegar à primeira grande conclusão: se não 
houver diluição de contato e fotossíntese somadas em quantidade suficiente, 
fornecendo oxigênio para atender a fauna, ela perecerá gradativamente, até a 
posição de equilíbrio com a demanda. 
O animal respira oxigênio e expira CO2 (dióxido de carbono), se alimenta 
de matéria orgânica e a transforma em minerais; a planta absorve o CO2 e 
através da fotossíntese, regenera o oxigênio. 
Essa teoria é límpida e certa e com ela, podemos analisar um a um os 
fatos que fazem "adoecer" um rio e, com isso, nominar cada reta do nosso 
feixe de paralelas citado. Vejamos: 
 
• Desmatamentos: A retirada de um vegetal do solo ou mesmo sua morte, 
enfraquecerá a resistência mecânica desse solo graças a fixação que havia 
pelas raízes. Ao perder essa resistência, as águas de chuva iniciam um 
processo de erosão que, invariavelmente, mesmo que longe do curso 
d’água, irá carregar para os leitos desse curso, quantidades anormais de 
sólidos, levando ao processo de assoreamento. O assoreamento conduz a 
dois acontecimentos, um deles de caráter não ambiental propriamente dito, 
que é a diminuição da seção fluída e com isso, provocará alagamento extra-
caixa do rio e o outro ambiental, que se dá pelo soterramento dos vegetais 
de fundo e inibição da penetração para eles do oxigênio, passando, aí, a 
ocorrer outro processo de decomposição do material orgânico soterrado – 
sem a presença de oxigênio – através de organismos ditos anaeróbios (que 
não necessitam do oxigênio dissolvido para respirarem) mas que, ao invés 
de darem como produto o dióxido de carbono e minerais (insumos para a 
fotossíntese), produzirão gases derivados de carbono e do enxofre como o 
metano, as mercaptanas e os gases sulfurosos, venenos para a fauna 
aeróbia. 
 
• Mercúrio : Uma das piores formas de poluição das águas num ecossistema 
natural é o derrame de mercúrio nos rios, lagos e mares. O mercúrio, metal 
pesado e extremamente tóxico, tende a se concentrar no organismo dos 
animais, como os peixes. Como essa concentração é cumulativa, tende a 
ser muito maior no último elo da cadeia alimentar, que é justamente o 
homem. Em altas doses, esse metal causa graves problemas à saúde. Por 
se acumular mais facilmente no cérebro, provoca sérios problemas 
neurológicos. Há muitos rios e lagos na Amazônia e no Pantanal 
contaminados com mercúrio, por causa do garimpo de ouro (Figura 19). 
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Esse metal é usado para separar os pequenos pedaços de ouro que estão 
misturados com a areia, cascalho, etc. Como o mercúrio é um elemento 
químico que apresenta um vida útil elevada na natureza, a despoluição dos 
rios, lagos e meres fica comprometida. Logo o controledesta forma de 
poluição se dá por meio da proibição, por meio de legislação vigente, de 
garimpos clandestinos. 
 
 
Figura 19. Garimpo clandestino. 
 
 
• Agrotóxicos - São substâncias utilizadas em plantações com a finalidade 
de matar organismos nocivos à saúde dessas plantações; evidentemente 
que, essas substâncias, mais cedo ou mais tarde, pelas chuvas, serão 
carreadas para um curso d’água, continuando ali seu efeito tóxico sobre 
outros organismos que não aqueles a que se destinavam eliminar. Tais 
organismos, principalmente os microorganismos, são exatamente aqueles 
que se encarregam de fazer a decomposição das substâncias orgânicas no 
seio da massa líquida e se eles estão mortos ou doentes, funcionarão como 
mais alimentos a serem consumidos, ao invés de transformadores de 
alimentos. Existe várias formas de se controlar este tipo de poluição, 
destacando-se: 
 
- Utilização de plantas melhoradas geneticamente que além de apresentarem 
maior produtividade, são mais resistentes aos ataques fitopatológicos e 
entomológicos; 
- Controle biológico de pragas e doenças, ou seja, utilização de seres vivos 
que inibem o desenvolvimento de outros; 
- Produção de plantas que não recebem agrotóxicos. Esta técnica acaba se 
tornando viável em algumas situações devido ao elevado preço do produto 
final e da maior aceitação por parte dos consumidores; 
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- Treinamento de produtores no que se refere à aplicação de agrotóxicos; 
- Maior fiscalização governamental. 
 
 
• Adubos: São substâncias colocadas em plantações com a finalidade de 
abastecê-las de seus elementos vitais como o nitrogênio, o potássio e o 
fósforo, são as "vitaminas" da flora e estimulam seu crescimento. De uma 
forma ou de outra, parte desses adubos serão carregados para os rios e ali 
incentivarão o crescimento dos vegetais aquáticos, principalmente os 
minúsculos como as algas e esse crescimento exagerado fará acontecer o 
fenômeno de eutrofização (proliferação exagerada de vegetais) que turvará 
de verde as águas, dificultando a penetração de luz solar, imprescindível à 
fotossíntese (que é geradora de oxigênio). Dentre as técnicas de prevenção 
e controle deste tipo de poluição, pode-se destacar: 
 
- Utilização da técnica de plantio direto, que além proteger a superfïcie do 
solo contra a lixiviação de nutrientes e erosão, aumenta a quantidade de 
matéria orgânica no solo, possibilitando maior disponibilidade de nutrientes 
para as plantas; 
- Reaproveitamento de subprodutos da produção como restos vegetais que 
podem ser utilizados como cobertura morta; 
- Aplicação eficiente de água no solo por meio da técnica de irrigação que de 
preferência deverá ser localizada; 
- Formulação de adubos na própria propriedade; 
- Aplicação eficiente de formulados na plantação sob a orientação de 
técnicos qualificados. 
 
 
• Barragens: O turbilhonamento das águas é fator que facilita a dissolução 
de oxigênio do ar na água. Se as águas ficam tranqüilas, caso das águas 
barradas, a tendência à oxigenação diminui à montante (antes) da 
barragem e também, fica facilitada a deposição de poluentes pesados que 
comprometem o ecossistema; de positivo, nesse caso, há um favorecimento 
na depuração das águas à jusante. Para este tipo de poluição, os órgãos 
governamentais de fiscalização devem orientar de maneira consciente a 
construção de barragens por meio de técnicas mais eficazes de engenharia 
e arquitetura. Além disso, deve sempre que possível monitorar biológica as 
áreas à montante e jusante da barragem, procurando identificar possíveis 
alterações das características físicas, químicas e biológicas das águas. 
 
 
• Lixeira: Uma lixeira (Figura 20) (local de disposição de lixos domésticos, 
chamada lixão, aterro sanitário) deve se constituir num sistema de proteção 
que preveja o recolhimento dos percolados e do "chorume", que nada mais 
é que um "caldo" altamente orgânico e que demandará um grande consumo 
de oxigênio ao chegar a um curso d’água; não se contando aí, a 
possibilidade do lixo conter patogênicos, se for oriundo de hospitais. 
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Figura 20. Depósito de lixo. 
 
 
• Lixos Públicos: As populações ribeirinhas têm, no geral, o costume de 
lançar seus lixos diretamente nos rios por suas margens; isso significa mais 
material orgânico a demandar oxigênio bem como, materiais biodegradáveis 
como metais e plásticos que se não afetam diretamente a saúde do rio, irão 
causar transtornos aos sistemas de captação das águas para tratamento. 
Uma forma eficiente de prevenção e controle deste tipo de poluição é a 
reciclagem do lixo que além de ser uma atividade de educação ambiental, 
pode beneficiar uma pequena parcela da população que vê no lixo uma 
forma lucrativa e rentável de sobrevivência (Figura 21). 
 
 
Figura 21. Reciclagem do lixo. 
 
 
 
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• Esgotos Sanitários - Está aí a causa maior da alta demanda bioquímica de 
oxigênio (consumo de oxigênio) de um rio (Figura 22). Estudos mostram 
que, para cada pessoa, o esgoto produzido demanda, por dia, um consumo 
de 54g de oxigênio das águas do rio, isso sem contar os prejuízos dos não 
biodegradáveis que irão influenciar, por efeito direto, na saúde da flora e da 
fauna. Dentre as técnicas de prevenção e controle deste tipo de poluição, 
destacam-se: 
 
- Tratamento dos esgotos; 
- Regularização da vazão do curso d’água; 
- Aeração do curso d’água; 
- Aeração dos esgotos tratados; 
- Alocação de outros usos para o curso d’água. 
 
 
Figura 22. Poluição ocasionada por esgotos sanitários. 
 
 
• Atividades Pastorís - A criação de animais implica numa concentração não 
natural de espécies e consequentemente, em conseqüência, focos 
concentrados de dejetos altamente orgânicos a sacrificar os cursos d’água, 
localizadamente. Podem-se destacar as seguintes técnicas para a 
prevenção e controle deste tipo de poluição: 
 
- Diminuição do confinamento de animais; 
- Utilização dos dejetos como forma de adubação de plantações e pastagens; 
- Construção aeradores próximos das instalações visando bombear os 
dejetos diluídos com água na pastagem. 
 
 
• Abatedouros - Da mesma forma, há uma concentração não natural de 
fontes altamente demandáveis de oxigênio nos cursos d’água, além de 
outros inconvenientes, como exemplo, as penas que constituem um grande 
transtorno de filtração primária nas estações de captação de águas para 
tratamento. Como forma de se prevenir o lançamento de vísceras e restos 
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oriundos do abate de animais, a conscientização e sobretudo a aplicação de 
multas por órgãos pertinentes são alternativas consideradas fundamentais. 
• A Poluição Atmosférica por Particulados - A geração e lançamento ao ar 
de partículas pelas diversas atividades industriais têm o efeito de cobertura 
constante dos solos e vegetais. Tais partículas, mais cedo ou mais tarde, 
por efeito das chuvas, irão atingir os cursos d’água, causando efeitos de 
assoreamento e de turbidez. A utilização de filtros nas chaminés das 
indústrias é considerada a principal medidapara o controle deste tipo de 
poluição. 
 
• Os Pós de Varrição - Da mesma forma, as partículas geradas nas vias 
públicas por veículos, principalmente, irão, mais cedo ou mais tarde, 
alcançar um curso d’água. 
 
• Efluentes Líquidos de Hospitais e Laboratórios - Não se tem notícias de 
que haja tratamentos nesses casos; isso leva, evidentemente, à poluições 
de caráter patogênico e químico, respectivamente. A incineração é uma boa 
técnica para o controle deste tipo de poluição. 
 
• Os Aterros Industriais - O fenômeno de lixiviação de metais nos aterros 
industriais, sem uma perfeita proteção do solo, infiltram para os aqüíferos 
subterrâneos esses metais em dissolução, terminando seu deságüe em 
curso d’água. Além da legislação, antes da implantação do aterro indústrial, 
deve-se fazer um estudo da hidrologia subterrânea da área. 
 
• As Micro-Atividades - Oficinas, postos de gasolina, fundições, 
galvanoplastias, cemitérios etc. são contribuidores constantes de óleos, 
outros orgânicos e metais. 
 
• A Poluição Térmica – O lançamento de águas quentes num rio causará, 
de imediato, fenômenos localizados de desoxigenação pois, o calor 
favorece a dissipação do oxigênio dissolvido; além disso, a faixa de 
temperatura de sobrevivência de peixes e muitos microorganismos é 
bastante estreita e, ainda, alguns vegetais têm sua proliferação acentuada 
com o aumento de temperatura. 
 
• A Poluição por Tensoativos - Os sabões influenciam para desequilibrar a 
tensão superficial vital para espécies de animais que dela dependem para 
sobreviver; como exemplo a flutuação das aves aquáticas, as bolhas de ar 
do besouro d’água etc. 
 
• A Poluição por Potencial Hidrogeniônico - A acidez ou basicidade 
acentuada, fora da normalidade das águas, podem levar a mortandade de 
peixes, muito comum junto a despejos de usinas de açúcar de cana. 
 
• A Poluição por Valor Osmótico - O fenômeno da passagem de líquidos 
através de membranas semipermeáveis, na direção do menos saturado 
para o mais saturado, aplica-se à vida de animais acostumados ou à água 
doce ou à água salgada. Dessa forma, o lançamento de grande quantidade 
de sais em água doce é uma forma de poluição e, paradoxalmente, o 
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lançamento de águas doces e límpidas no mar é, também, forma de 
poluição. 
• Petróleo: Outro caso a grave de poluição das águas que sempre ocorre é o 
derrame de petróleo nas águas oceânicas (Figura 23). Embora o petróleo 
seja uma substância natural, ao ser introduzido em um ambiente aquático, 
comporta-se como um substância estranha a esse ecossistemas, causando 
grave desequilíbrio. Além da legislação ambiental que já vigora, medidas 
preventivas mais severas devem ser aplicadas sobre as empresas de 
exploração visando diminuir possíveis catástrofes ambientais além da busca 
por outras alternativas de fontes de energia. 
 
 
Figura 23. Poluição causada pelo petróleo. 
 
 
5. Conclusões 
 
Quanto à despoluição, a certeza é que, deixar de poluir é uma forma de 
despoluição pois, os cursos d’água são notavelmente auto-renováveis, 
bastando que se diminuam as causas de sua degradação para que eles se 
recuperem paulatinamente. 
Se continuarmos tratando a natureza de maneira irresponsável, o futuro 
nos reservará um mundo devastado e sem recursos. Podemos ter um bom 
futuro, em paz com a natureza, desde que encontremos o equilíbrio entre as 
necessidades humanas e a capacidade de recuperação ambiental (auto-
sustentação). Não vale a pena quebrar para depois consertar, poluir para 
depois limpar. O grande contraste social e econômico distancia o homem da 
condição de cidadão e do conhecimento ecológico. Um caminho importante é a 
educação: para a formação da consciência ecológica, para a vida em harmonia 
com a natureza e para a convivência solidária entre as pessoas. Na prática 
podemos fazer muitas coisas, como economizar água tratada, utilizar menos 
detergente, jogar o lixo no lugar certo, plantar árvores, respeitar o ciclo da 
água, usar a água limpa com economia, gastar somente o necessário, 
denunciar as empresas que poluem, denunciar ocupações clandestinas que 
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estejam despejando esgoto e lixo nos mananciais, cobrar dos governantes a 
criação e cumprimento de leis que protejam a natureza etc. Conscientizar a 
população para as questões ecológicas é importante para a conquista de um 
futuro com água potável e com saúde para toda a humanidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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APÊNDICE 
 
 
Dinâmica de grupo 
 
 
1. Solicite aos alunos que façam uma análise da letra de duas músicas, 
procurando encontrar diferenças e semelhanças quanto às 
mensagens, apelos, informações e linguagens de cada uma. 
Sugerimos as letra das músicas 'Planeta Água', de Guilherme Arantes 
e 'Planeta Azul', de Xororó e Aldemir. 
 
PLANETA ÁGUA (Guilherme Arantes) 
 
Água que nasce na fonte serena do mundo 
E que abre o profundo grotão 
Água que faz inocente riacho 
E deságua na corrente do ribeirão 
Águas escuras dos rios 
Que levam a fertilidade ao sertão 
Águas que banham aldeias 
E matam a sede da população 
Águas que caem das pedras 
No véu das cascatas, ronco de trovão, 
E depois dormem tranqüilas 
No leito dos lagos, no leito dos lagos 
Água dos igarapés, onde Iara 
Mãe d'Água, é misteriosa canção 
Água que o sol evapora, 
Pro céu vai embora 
Virar nuvens de algodão 
Gotas de água da chuva, 
Alegre arco-íris sobre a plantação 
Gotas de água da chuva, tão tristes, 
São lágrimas na inundação 
Águas que movem moinhos 
São as mesmas águas que encharcam o chão 
E sempre voltam humildes 
Pro fundo da terra, pro fundo da terra 
Terra, Planeta Água 
Terra, Planeta Água 
Terra, Planeta Água 
 
 
 
 
 
 
 
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PLANETA AZUL (Xororó e Aldemir) 
 
A vida e a natureza 
Sempre à mercê da poluição 
Se invertem as estações do ano 
Faz calor no inverno 
E frio no verão 
Os peixes morrendo nos rios, 
Estão se extinguindo espécies animais 
E tudo o que se planta, colhe, 
O tempo retribui o mal que a gente faz 
Onde a chuva caía quase todo dia 
Já não chove nada 
O sol abrasador rachando 
O leito dos rios secos, 
Sem um pingo d'água 
Quanto ao futuro inseguro 
Será assim de norte a sul: 
A Terra nua semelhante à Lua 
O que será desse Planeta Azul? 
O que será desse Planeta Azul? 
O rio que desce as encostas 
Já quase sem vida parece que chora, 
Num triste lamento das águas 
Ao ver devastada a fauna e a flora 
É tempo de pensar no verde, 
Regar a semente que ainda não nasceu, 
Deixar em paz a Amazônia, 
Preservar a vida, 
Estar de bem com Deus 
 
 
2. Proponha aos alunos a observação e análise de águas de origens 
diferentes (rio, manancial, lago etc). Para tanto, utilize critérios como: 
 
a) lixo flutuante ou acumulado nas margens 
. nenhum lixo (boa qualidade) 
. pouco lixo ou apenas árvores, folhas,

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