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PODER EXECUTIVO 
 
Atualizado em 17.03.2019 
Sumário 
 
I. INTRODUÇÃO: ORGANIZAÇÃO CONSTITUCIONAL DE PODERES .................................................................... 2 
II. PODER EXECUTIVO .......................................................................................................................... 2 
II.1 Do Presidente da República .................................................................................................. 3 
II.2 Do Poder Executivo estadual e municipal ........................................................................... 16 
III. DA RESPONSABILIDADE DOS CHEFES DO PODER EXECUTIVO .................................................................. 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
I. INTRODUÇÃO: ORGANIZAÇÃO CONSTITUCIONAL DE PODERES 
 
O art. 2º da Constituição Federal de 1988 aduz que “são Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. 
Por simetria, esses são também os Poderes no âmbito dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios brasileiros. 
Nessa toada, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem atuar de 
forma independente, mas harmônica, de modo que a atuação de cada um deles leve à 
concretização das disposições constitucionais de regência. Para que haja a objetivada 
harmonia, o constituinte estabeleceu um sistema de “checks and balances” 
(freios e contrapesos), no qual o controle de um poder é feito pelo outro poder. 
É cediço que cada um dos Poderes possui funções típicas e atípicas. 
Sobre as funções dos Poderes, Uadi Lammêgo Bulos afirma que 
 
“É necessário atinar para o caráter atípico que as tem notabilizado, 
nada obstante a preservação de seus traços próprios e intrínsecos por 
natureza. 
Esses traços próprios e intrínsecos das atividades legislativa, executiva 
e judiciária são responsáveis pela harmonia e cooperação entre 
Poderes, evitando guerrilhas institucionais, impedindo que atritos ou 
querelas pessoais repercutam no plano institucional. 
Os órgãos do Estado devem respeitar-se mutuamente, renunciando 
praxes abusivas, retaliações gratuitas ou grosserias de todo gênero”. 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional) 
 
ATENÇÃO: A função típica do Poder Executivo é a administrativa. Atipicamente, o Poder 
Executivo legisla (quando o Chefe do Poder edita uma Medida Provisória, com força de 
Lei) e julga (no contencioso administrativo). 
 
 
II. PODER EXECUTIVO 
 
O Poder Executivo é aquele essencialmente responsável pela função 
administrativa do Estado. 
Nas lições de José Afonso da Silva, 
Rita Dias
Realce
Rita Dias
Realce
 
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“A expressão Poder Executivo é de conteúdo incerto. Em nossa 
Constituição, ora exprime a função (art. 76), ora o órgão (cargo e 
ocupante, art. 2º). Seu conteúdo envolve poderes, faculdades e 
prerrogativas da mais variada natureza. Pode dizer-se, de modo geral, 
que se trata de órgão constitucional (supremo) que tem por função a 
prática de atos de chefia de estado, de governo e de administração”. 
(DA SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo) 
 
No mesmo sentido, assim aduz Uadi Lammêgo Bulos: 
 
“No texto de 1988, o poder Executivo logrou bastante amplitude, 
possuindo dois significados distintos: 
* Órgão executivo ou administrativo – nesse sentido nos referimos ao 
Poder Executivo do mesmo modo que falamos em Poder Legislativo e 
Poder Judiciário (CF, art. 2º); foi a acepção utilizada por Montesquieu 
para designar a atividade responsável pelo gerenciamento das 
relações internas e externas do Estado; e 
* Função executiva ou administrativa – aqui o Poder Executivo é 
exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de 
Estado (art. 76). Engendra competências, faculdades, deveres e 
prerrogativas, com vistas à prática dos atos de chefia de Estado, de 
governo e de administração”. 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional) 
 
II.1 Do Presidente da República 
 
A Constituição Federal de 1988 traça os delineamentos do Poder Executivo 
a partir do Presidente da República, Chefe do Poder Executivo federal. 
Do art. 76 ao art. 91, a Constituição da República aborda, em síntese, o 
procedimento de eleições para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República 
(arts. 76 a 80), as atribuições principais a serem desenvolvidas pelo Chefe do Executivo 
federal (art. 84), a sua forma de responsabilização (arts. 85 e 861), além de tratar dos 
Ministros de Estado2 (arts. 87 e 88), isto é, aqueles que auxiliarão3 o Presidente da 
 
1 A imunidade formal prevista no art. 86, caput, da CF/88 não se estende para os codenunciados que 
não se encontrem investidos nos cargos de Presidente da República, Vice-Presidente da República e 
Ministro de Estado, pois a finalidade dessa imunidade é proteger o exercício regular desses cargos, 
razão pela qual não é extensível a codenunciados que não se encontrem ocupando tais funções. STF. 
Plenário. Inq 4483 AgR-segundo/DF e Inq 4327 AgR-segundo/DF, rel. Min. Edson Fachin, julgados em 14 
e 19/12/2017 (Info 888). 
2 Os Ministros de Estado são livremente escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros 
maiores de 21 anos e no exercício de seus direitos políticos, cabendo a eles auxiliar o Chefe do Executivo 
federal na direção superior da Administração Pública. Nos termos do parágrafo único do art. 87 da 
 
4 
 
República no exercício do Poder Executivo, bem como do Conselho da República4 e do 
Conselho de Defesa Nacional5. 
Tais dispositivos, em regra, aplicam-se, pelo princípio da simetria, também 
no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, salvo algumas exceções 
que trataremos no momento oportuno. 
 
 
Constituição Federal, além de outras atribuições estabelecidas na Constituição e na Lei, compete aos 
Ministros de Estado a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração 
federal na área de sua competência; o referendo dos atos e decretos assinados pelo Presidente da 
República; a expedição de instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; a apresentação 
ao Presidente da República de relatório anual de sua gestão no Ministério; e a prática dos atos 
pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República. 
3 Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de 
Estado. 
4 Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele 
participam: 
I - o Vice-Presidente da República; 
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - o Presidente do Senado Federal; 
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados; 
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal; 
VI - o Ministro da Justiça; 
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo 
Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, 
todos com mandato de três anos, vedada a recondução. 
Art. 90. Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre: 
I - intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; 
II - as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas. 
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Ministro de Estado para participar da reunião do 
Conselho, quando constar da pauta questão relacionada com o respectivo Ministério. 
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho daRepública. 
5 Art. 91. O Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente da República nos assuntos 
relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático, e dele participam como 
membros natos: 
I - o Vice-Presidente da República; 
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - o Presidente do Senado Federal; 
IV - o Ministro da Justiça; 
V - o Ministro de Estado da Defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) 
VI - o Ministro das Relações Exteriores; 
VII - o Ministro do Planejamento. 
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 23, de 1999) 
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: 
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de celebração da paz, nos termos desta Constituição; 
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do estado de sítio e da intervenção federal; 
III - propor os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do território 
nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas com a 
preservação e a exploração dos recursos naturais de qualquer tipo; 
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a 
independência nacional e a defesa do Estado democrático. 
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de Defesa Nacional. 
Rita Dias
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Tendo em vista que o Poder Executivo no ordenamento brasileiro é exercido 
por uma pessoa denominada Chefe do Poder Executivo, tem-se que temos um 
Executivo Monocrático, já que exercido por um só indivíduo, o qual, por sua vez, será 
auxiliado por Ministros (no caso do Presidente da República) e por Secretários (de 
Estado e do Município, respectivamente nos âmbitos estadual e municipal). 
No âmbito federal, o Presidente da República assume as funções tanto de 
Chefe de Estado, quanto de Chefe de Governo. Isso porque, adota-se no Brasil o 
Presidencialismo e não o Parlamentarismo. 
 
Obs.: O Presidencialismo é o Sistema de Governo adotado no Brasil desde o ano de 
1891 (com um pequeno intervalo em 1961-1963). Foi mantido na nova ordem 
constitucional por força do plebiscito de 21 de abril de 1993, com base no art. 2º do Ato 
das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT da Constituição Federal de 1988. 
 
Dessa forma, o Presidente da República não depende da confiança do 
Congresso Nacional, sendo eleito pelo povo para um mandato fixo de quatro anos, na 
forma do art. 826 da Constituição Federal. 
 
ELEIÇÕES 
 
Nos termos do art. 77 da Constituição Federal7, a eleição do Presidente da 
República e do seu vice será realizada de forma simultânea8, ocorrendo o primeiro 
 
6 Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro 
do ano seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) 
7 Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente, no 
primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, 
se houver, do ano anterior ao do término do mandato presidencial vigente. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 16, de 1997) 
§ 1º A eleição do Presidente da República importará a do Vice-Presidente com ele registrado. 
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato que, registrado por partido político, obtiver a 
maioria absoluta de votos, não computados os em branco e os nulos. 
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até 
vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos mais votados e 
considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos votos válidos. 
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, desistência ou impedimento legal de 
candidato, convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação. 
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato 
com a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. 
Rita Dias
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turno no primeiro domingo de outubro e o segundo turno9, se houver, no último 
domingo de outubro do último ano do mandato presidencial vigente. 
O sistema aplicado é o majoritário, isto é, elege-se como Presidente da 
República o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos válidos (não 
computados os em branco e os nulos). 
 
A preocupação em realizar o princípio da maioria absoluta é que levou 
o Constituinte a determinar que, se antes do segundo turno ocorrer 
morte, desistência ou impedimento legal do candidato, convocar-se-á, 
dentre os remanescentes, o de maior votação (art. 77, §4º). Isso visa a 
evitar conchavos entre os dois candidatos mais votados de modo a que 
um concordasse em desistir, com o que o outro seria considerado 
eleito, mesmo sem satisfazer o princípio da maioria absoluta. 
(DA SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo) 
 
O Presidente eleito tomará posse no dia 1º de janeiro do ano seguinte ao 
pleito e terá um mandato de quatro anos10. 
 
Obs.: É permitida a reeleição, por um único período subsequente, do Presidente da 
República, dos Governadores de Estado e do Distrito Federal, dos Prefeitos e de quem 
os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos (art. 14, §5º, CF/88, na 
redação da EC nº 16.97). 
 
 
IMPORTANTE – PREFEITO ITINERANTE 
 O prefeito itinerante, também conhecido como prefeito profissional é aquele 
eleito para mais de dois mandatos consecutivos sendo eleito em Municípios distintos. 
Os prefeitos itinerantes foram figuras muito comuns e foi uma forma de perpetuação 
no poder de uma mesma pessoa. 
 
8 Deve restar claro que com o Presidente será eleito de forma automática o Vice-Presidente apontado 
em sua chapa, de modo que a eleição do Presidente implica automaticamente a eleição do Vice-
Presidente com ele registrado, que não disputa propriamente votos do povo. 
9 No segundo turno, disputado entre os dois candidatos mais votados no primeiro, também se exige a 
maioria absoluta dos votos válidos para que um dos candidatos seja consagrado vencedor. 
10 Art. 82. O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro 
do ano seguinte ao da sua eleição. 
Rita Dias
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 Imagine que João foi eleito em 1997 para prefeito no Município de Feira de 
Santana (BA) e em 2001 foi reeleito. Em 2003 ele renuncia ao cargo e muda o domicílio 
eleitoral para Camaçari (BA) e é eleito em 2004 prefeito deste Município, sendo 
reeleito em 2008. Percebam que o prefeito ficou mais de 10 anos no poder, sem 
impedimento algum, pois era permitido tanto pelo Tribunal Superior Eleitoral, quanto 
pelo Supremo Tribunal Federal. 
 O entendimento do TSE foi alterado apenas nas eleições de 2008. 
 No âmbito do STF, questão foi reanalisada e revista no RE 637485, em que 
restou consignada a proibição da terceira eleição para o cargo de prefeito, mesmo que 
em município diverso. Segue ementa: 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. REELEIÇÃO. 
PREFEITO. INTERPRETAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. 
MUDANÇA DA JURISPRUDÊNCIA EM MATÉRIA ELEITORAL. 
SEGURANÇA JURÍDICA. I. REELEIÇÃO. MUNICÍPIOS. INTERPRETAÇÃO 
DO ART. 14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. PREFEITO. PROIBIÇÃO DE 
TERCEIRAELEIÇÃO EM CARGO DA MESMA NATUREZA, AINDA QUE EM 
MUNICÍPIO DIVERSO. O instituto da reeleição tem fundamento não 
somente no postulado da continuidade administrativa, mas também 
no princípio republicano, que impede a perpetuação de uma mesma 
pessoa ou grupo no poder. O princípio republicano condiciona a 
interpretação e a aplicação do próprio comando da norma 
constitucional, de modo que a reeleição é permitida por apenas uma 
única vez. Esse princípio impede a terceira eleição não apenas no 
mesmo município, mas em relação a qualquer outro município da 
federação. Entendimento contrário tornaria possível a figura do 
denominado “prefeito itinerante” ou do “prefeito profissional”, o que 
claramente é incompatível com esse princípio, que também traduz 
um postulado de temporariedade/alternância do exercício do poder. 
Portanto, ambos os princípios – continuidade administrativa e 
republicanismo – condicionam a interpretação e a aplicação 
teleológicas do art. 14, § 5º, da Constituição. O cidadão que exerce 
 
8 
 
dois mandatos consecutivos como prefeito de determinado município 
fica inelegível para o cargo da mesma natureza em qualquer outro 
município da federação (...). (RE 637485, Relator(a): Min. GILMAR 
MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2012, ACÓRDÃO 
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-095 DIVULG 20-05-
2013 PUBLIC 21-05-2013) 
 
 
Nos termos do art. 78, caput e parágrafo único, da Constituição Federal, o 
Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso 
Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, 
observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a 
integridade e a independência do Brasil. Se decorridos, porém, dez dias da data fixada 
para a posse, e o Presidente ou o Vice-Presidente não tiver assumido o cargo, este será 
declarado vago, salvo motivo de força maior. 
Já no caso de nenhum dos dois eleitos (é necessário a dupla vacância. 
MUITA ATENÇÃO) comparecer para a posse, dar-se-á a vacância dos cargos, 
convocando-se novas eleições diretas a serem realizadas noventa dias depois de aberta 
a última vaga11. Neste ponto, cabe registrar que se a vacância se der nos dois últimos 
anos do mandato, será o caso de eleições indiretas, pelo Congresso Nacional, no prazo 
de trinta dias depois de aberta a última vaga. 
Desde já, salienta-se que a norma constitucional que estabelece a dupla 
vacância não é considerada de reprodução obrigatória, ou seja, não é preciso respeitar 
a simetria. Assim, há permissivo para que Estados e Municípios estabeleçam um regime 
diferente. Observem: 
EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Representação 
por inconstitucionalidade. Artigo 75 da Lei Orgânica do Município de 
Manaus-AM, que dispõe sobre os substitutos eventuais do prefeito e 
 
11 Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias 
depois de aberta a última vaga. 
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os 
cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. 
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores. 
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vice-prefeito no caso de dupla vacância. Matéria que não se submete 
ao princípio da simetria. Autonomia municipal. Entendimento não 
superado no julgamento do RE nº 317.574. Precedentes. 1. A 
jurisprudência da Corte fixou-se no sentido de que a disciplina acerca 
da sucessão e da substituição da chefia do Poder Executivo municipal 
põe-se no âmbito da autonomia política do município, por tratar tão 
somente de assunto de interesse local, não havendo dever de 
observância do modelo federal (ADI nº 3.549/GO, Relatora a Ministra 
Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, DJe de 31/10/07; ADI nº 678, Relator o 
Ministro Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJ 19/12/02). 2. O precedente 
firmado no julgamento do RE nº 317.574 não teve o condão de 
superar o entendimento jurisprudencial que lastreou a decisão 
agravada. Dentre os preceitos reputados de reprodução obrigatória 
no mencionado precedente, não consta o art. 80 da Constituição 
Federal, que estabelece as autoridades que entrarão no exercício da 
Presidência da República na hipótese de impedimento ou vacância 
dos cargos de presidente e vice-presidente da República. Tal questão 
não foi sequer debatida no citado julgado. Tampouco é cabível se 
atribuir interpretação extensiva ao citado precedente. 3. Agravo 
regimental não provido. 
(RE 655647 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, 
julgado em 11/11/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-250 DIVULG 18-
12-2014 PUBLIC 19-12-2014) 
 
ATENÇÃO: 
Vacância nos primeiros dois anos do Chefe do Poder Executivo Federal: Eleição Popular 
Direta 90 (noventa) dias após aberta a última vaga. 
Vacância nos dois últimos anos do Chefe do Poder Executivo Federal: Eleição Indireta 
pelo Congresso Nacional 30 (trinta) dias após aberta a última vaga. 
 
Quem assumir o cargo em caso de dupla vacância, deverá apenas terminar 
o mandato daquele que saiu. A doutrina e a jurisprudência pátrias denominam de 
 
10 
 
“Mandato Tampão” aquele do eleito em virtude da vacância dos cargos de Presidente e 
Vice-Presidente da República após o início do mandato presidencial. 
O professor José Afonso da Silva, inclusive, aduz que antigamente o termo 
era utilizado apenas na hipótese de eleições indiretas pelo Congresso Nacional, mas que 
atualmente é justificável também no caso da eleição direta prevista 
constitucionalmente no art. 81 da CF/88. 
Nesse passo, no “Mandato Tampão” os novos eleitos apenas completarão o 
mandato em curso, considerando-se o princípio da coincidência dos mandatos federais 
e estaduais. 
 
ATENÇÃO: Além das condições de elegibilidade previstas no art. 14 da Constituição 
Federal de 1988, para o exercício do cargo de Presidente e Vice-Presidente da 
República o candidato deve ser brasileiro nato (art. 12, §3º, CF/88) e ter idade mínima 
de 35 (trinta e cinco) anos (art. 14, §3º, VI, “a”, CF/88). 
 
Ponto muito relevante é o referente à substituição e à sucessão do 
presidente da República. 
O art. 79 da Constituição Federal aduz que o Vice-Presidente12 da República 
substituirá o presidente em caso de impedimento (ex.: férias e licenças) e o sucederá 
em caso de vaga (ex.: morte, impedimento). 
É possível, todavia, que outras autoridades substituam o Presidente da 
República quando o Vice não o puder fazê-lo13. Tais substitutos serão convocados de 
forma sucessiva para o exercício da Presidência da República, sendo eles: o Presidente 
da Câmara dos Deputados (porque é o representante do povo que é a autoridade 
máxima na nossa Constituição), o Presidente do Senado Federal e o Presidente do 
Supremo Tribunal Federal. 
 
 
12 O Vice-Presidente, entre outras atribuições, auxiliará o Presidente da República sempre que por ele 
convocado para missões especiais, conforme disposição do parágrafo único do art. 79 da Constituição 
Federal. 
13 Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos 
cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos 
Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. 
 
11 
 
Embora a ordem esteja prevista para substituição do Presidente da 
República, o Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADPF 402 MC-REF/DF entendeu que 
os substitutos eventuaisdo Presidente, caso ostentem a posição de réus criminais 
perante o Supremo ficarão impossibilitados de exercer o ofício da presidência da 
república. Entretanto, mesmo sendo réus e possuindo esta limitação, não ficam 
impedidos de continuar na chefia do Poder por eles titularizados. É um entendimento 
diferente, pois o presidente do Poder não vai poder exercer todas as atribuições e 
responsabilidades. 
A impossibilidade restringe-se, portanto, de exercer em caráter interino a 
Chefia do Poder Executivo da União. Nas palavras da Corte: “a “ratio” subjacente a esse 
entendimento (exigência de preservação da respeitabilidade das instituições 
republicanas) apoia-se no fato de que não teria sentido que os substitutos eventuais a 
que alude o art. 80 da Carta Política, ostentando a condição formal de acusados em 
juízo penal, viessem a dispor, para efeito de desempenho transitório do ofício 
presidencial, de maior aptidão jurídica que o próprio Chefe do Poder Executivo da União, 
titular do mandato, a quem a Constituição impõe, presente o mesmo contexto (CF, art. 
86, § 1º), o necessário afastamento cautelar do cargo para o qual foi eleito” (ADPF 402 
MC -REF/DF). 
Dúvida poderia surgir quem, então, assumiria a presidência, se o vice-
presidente da casa ou se o cargo seguinte previsto na ordem sucessória. A leitura do 
inteiro teor do julgado nos sugere que a intenção é que haja a substituição 
(substituição, pois temporária, se fosse definitiva, sucessão seria) “per saltum”. Assim, 
havendo o impedimento do Presidente da Câmara dos Deputados, deveria assumir o 
Presidente do Senado Federal e, sendo este impedido, o Presidente do Supremo 
Tribunal Federal. Observem as palavras do Relator Celso de Mello: 
“Disso resulta que os agentes públicos que detêm as titularidades 
funcionais que os habilitam, constitucionalmente, a substituir o Chefe 
do Poder Executivo da União em caráter eventual, caso tornados réus 
criminais perante esta Corte, não ficarão afastados, “ipso facto”, dos 
cargos de direção que exercem na Câmara dos Deputados, no Senado 
Federal e no Supremo Tribunal Federal. Na realidade, apenas sofrerão 
interdição para o exercício do ofício de Presidente da República. 
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Em consequência, e como revelam os próprios fundamentos de meu 
voto proferido em 03/11/2016, a substituição a que se refere o art. 80 
da Constituição Federal processar-se-á “per saltum”, de modo a excluir 
aquele que, por ser réu criminal perante o Supremo Tribunal Federal, 
está impedido de desempenhar o ofício de Presidente da República”. 
 
HIPÓTESES DE PERDA DO MANDATO 
 
O Presidente e o Vice-Presidente da República sujeitam-se à perda dos 
mandatos nas seguintes situações: 
 
a) condenação, pelo Senado Federal, pela prática de crime de 
responsabilidade, ou de decisão judicial transitada em julgado referente a condenação 
pela prática de crime comum14. 
b) morte, renúncia, perda ou suspensão dos direitos políticos e perda da 
nacionalidade brasileira. 
c) declaração de Vacância do cargo Pelo Congresso Nacional. 
d) Ausência do País por mais de quinze dias sem licença prévia do Congresso 
Nacional15. 
 
ATRIBUIÇÕES DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
 
No que tange às atribuições do Presidente da República, o conhecimento da 
integralidade do disposto no art. 84 da Constituição Federal é essencial. 
 
Por sua relevância, cabe colacioná-lo: 
 
 
14 Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos 
Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais 
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. 
15 Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso 
Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. 
 
13 
 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; 
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior 
da administração federal; 
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta 
Constituição; 
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir 
decretos e regulamentos para sua fiel execução; 
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; 
VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando 
não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos 
públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus 
representantes diplomáticos; 
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a 
referendo do Congresso Nacional; 
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; 
X - decretar e executar a intervenção federal; 
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional 
por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do 
País e solicitando as providências que julgar necessárias; 
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, 
dos órgãos instituídos em lei; 
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os 
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover 
seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são 
privativos; 
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do 
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os 
Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o 
presidente e os diretores do banco central e outros servidores, 
quando determinado em lei; 
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal 
de Contas da União; 
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e 
o Advogado-Geral da União; 
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 
89, VII; 
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de 
Defesa Nacional; 
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo 
Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no 
intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, 
total ou parcialmente, a mobilização nacional; 
 
14 
 
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso 
Nacional; 
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; 
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças 
estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam 
temporariamente; 
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de 
lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos 
nesta Constituição; 
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de 
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas 
referentes ao exercício anterior; 
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; 
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 
62; 
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. 
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as 
atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos 
Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao 
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas 
respectivas delegações. 
 
Tem-se, portanto, que as atribuições do Presidente da República previstas 
nos incisos do art. 84 da Constituição Federal são dele privativas, ressalvadas aquelas 
constantes do parágrafo único do mesmo artigo, as quais podem serdelegadas pelo 
Chefe do Poder Executivo Federal para os seus Ministros de Estado, ao Procurador-
Geral da República ou ao Advogado-Geral da União. 
 
ATENÇÃO: O Presidente da República pode delegar aos Ministros de Estado, ao 
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União as seguintes atribuições: 
i) editar decretos autônomos (observem que não há possibilidade de delegação de 
decretos regulamentares, é uma cobrança constante em concursos públicos) 
ii) conceder indulto e comutar penas; 
iii) prover cargos públicos. 
 
Obs.: Conforme entende a doutrina majoritária e também o STF, quem tem 
competência para prover cargos públicos, também tem para desprovê-los. 
 
 
Sobre o tema, Pedro Lenza aduz que: 
 
Rita Dias
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Rita Dias
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15 
 
O art. 84 atribui ao Presidente da República competências privativas, 
tanto de natureza de Chefe de Estado (representando a República 
Federativa do Brasil nas relações internacionais e, internamente, sua 
unidade, previstas nos incisos VII, VIII e XIX do art. 84) como de Chefe 
de Governo (prática de atos de administração e de natureza política – 
estes últimos quando participa do processo legislativo – conforme se 
percebe pela leitura das atribuições previstas nos incisos I a VI; IX a 
XVIII e XX a XXVII). 
(LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado). 
 
Por certo há atribuições do Presidente da República dispostas em outros 
dispositivos da Constituição Federal, além das privativas previstas no art. 84. Aliás, o 
próprio dispositivo em comento aduz em seu inciso XXVII caber ao Presidente o 
exercício de “outras atribuições previstas nesta Constituição”. 
José Afonso da Silva leciona que as atribuições do Presidente da República 
se enquadram todas em três funções básicas do Poder Executivo, quais sejam: Chefia 
do Estado, Chefia do Governo e Chefia da Administração Pública federal: 
 
(1) Chefia do Estado, com as matérias relacionadas no art. 84, VII, VIII, 
XVIII, segunda parte (convocar e presidir o Conselho de Defesa 
Nacional), XIV (apenas no que se refere à nomeação de Ministros do 
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, por ser função de 
magistratura suprema), XV (nomeação de um terço dos membros do 
TCU – órgão não executivo – nomeação sujeita ao controle do Senado, 
por isso ato ne da Chefia do Governo, nem da Chefia da 
Administração), XVI, primeira parte (nomeação de magistrados: TRF, 
TRT, TER, órgãos de outro Poder), XIX, XX, XXI e XXII; 
(2) Chefia do Governo, com as matérias indicadas no art. 84, I, III, IV, V, 
IX, X, XI, XII (“conceder anistia e comutar pena” é atribuição de 
magistratura suprema da Nação, sempre encarnada no Chefe de 
Estado, mas a Constituição autorizou sua delegação, o que a 
desqualifica para mera função de governo), XIII, XIV (menos quanto à 
nomeação dos Ministros do STF e Tribunais Superiores), XVII (nomear 
membros do Conselho da República, não ato de mera chefia da 
Administração porque alguns são eleitos pelo Senado e pela Câmara 
de Deputados), XVIII, primeira parte (convocar e presidir o Conselho da 
República), XXIII, XXIV e XXVII; 
(3) Chefia da Administração federal, com as matérias previstas no art. 
84, II, VI, XVI, segunda parte (nomeação do Advogado-Geral da União, 
órgão do Poder Executivo), XXIV (também é em certo sentido ato da 
administração) e XXV. 
(DA SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo) 
 
 
16 
 
II.2 Do Poder Executivo estadual e municipal 
 
No âmbito dos Estados-Membros o Poder Executivo é exercido pelo 
Governador do Estado, o qual será auxiliado pelos Secretários de Estado e, claro, pelo 
Vice-Governador. 
Simetricamente ao modelo federal, o Vice-Governador substituirá o 
Governador em caso de impedimento e o sucederá em caso de vaga. 
Quanto às eleições para Governador de Estado e também no que se refere 
ao mandato, as normas são as mesmas aplicáveis no âmbito federal, o que se dá por 
força do art. 28 da Constituição Federal, in verbis: 
 
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de 
Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro 
domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de 
outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do 
término do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá 
em primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto 
ao mais, o disposto no art. 77. 
 
Cabe registrar que o constituinte previu como hipótese de perda do 
mandato para os Governadores de Estado16 a situação em que o Governador assume 
outro cargo ou função na Administração Pública direta ou indireta. A ressalva feita pelo 
constituinte é no caso de posse em virtude de aprovação em concurso público. 
Tal hipótese é aplicada também aos Chefes do Poder Executivo dos 
Municípios17. 
 
 
16 Art. 28. (...) § 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo ou função na 
administração pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e 
observado o disposto no art. 38, I, IV e V. 
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato 
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: 
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego 
ou função; 
(...) 
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de 
serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; 
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determinados 
como se no exercício estivesse. 
17 Art. 29. (...) XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único. 
Obs.: o referido parágrafo único foi transformado em §1º pela Emenda Constitucional n° 19/98. 
 
17 
 
No que se refere aos subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos 
Secretários de Estado, a Constituição Federal estabelece que serão fixados por Lei de 
iniciativa da Assembleia Legislativa estadual18, observadas as demais disposições 
constitucionais pertinentes. 
 
Obs.: No Distrito Federal as eleições do Governador e do seu Vice serão para um 
mandato de quatro anos, coincidindo com as dos Governadores dos Estados. 
Observarão, ademais, o disposto no art. 77 da CF/88. 
 
Já no que toca ao Chefe do Poder Executivo municipal, impende registrar 
que, como regra, também as normas sobre eleições e mandato aplicáveis a nível federal 
e estadual se aplicam. 
Todavia, o aluno deve ficar atento ao disposto no art. 29, II, da Constituição 
Federal19, que aduz que as regras do art. 77 somente serão aplicáveis para as eleições 
em Municípios com mais de 200 (duzentos) mil eleitores. 
 
Obs.: Nos Territórios Federais o Governador será nomeado pelo Presidente da 
República após aprovação pelo Senado Federal (Art. 33, §3º c/c Art. 52, III, “c”, c/c Art. 
84, XIV, da CF/88). 
 
III. DA RESPONSABILIDADE DOS CHEFES DO PODER EXECUTIVO 
 
É cediço que em países democráticos que adotam o Presidencialismo 
caberá a responsabilização do Presidente da República20 quando da violação das 
normas jurídicas, estando sujeito à aplicação de penas em virtude de crimes comuns 
 
18 Art. 28. (...) § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado serão 
fixados por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º,150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 
19 Art. 29. (...) II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do 
ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de 
Municípios com mais de duzentos mil eleitores. 
20 Os agentes políticos, à exceção do Presidente da República, estão sujeitos a duplo regime 
sancionatório, submetendo-se tanto à responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa, 
quanto à responsabilização político-administrativa por crimes de responsabilidade. (Info 901) 
 
18 
 
praticados, bem como em decorrência da prática de crimes de responsabilidade, estes 
últimos apurados em processo político-administrativo realizado pelo Congresso 
Nacional. 
 
O Presidente da República poderá, pois, cometer crimes de 
responsabilidade e crimes comuns. Estes, definidos na legislação penal 
comum ou especial. Aqueles distinguem-se em infrações políticas: 
atentado contra a existência da União, contra o livre exercício do 
Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério público e dos 
Poderes constitucionais das unidades da Federação, contra o exercício 
dos direitos políticos, individuais e sociais, contra a segurança interna 
do País (art. 85, I – IV), e crimes funcionais, como atentar contra a 
probidade na administração, a lei orçamentária e o cumprimento das 
leis e das decisões judiciais (art. 85, V – VII). 
(DA SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo) 
 
A Lei especial que regulamenta tais crimes de responsabilidade é a Lei 
Federal nº 1.079/50. Gize-se que tal ato normativo estabelece tais infrações no que 
toca ao Presidente da República (adicionalmente ao previsto no art. 8521 da CF/88) e 
aos Governadores dos Estados e do Distrito Federal. Já quanto aos Prefeitos municipais 
os crimes de responsabilidade (infrações político-administrativas) estão previstos no 
Decreto-Lei nº 201/67. 
 
 
 
 
21 O rol (exemplificativo) de crimes de responsabilidade passíveis de prática pelo Presidente da 
República está disposto no art. 85 da Constituição (e definidos pela Lei nº 1.079/50, em seus artigos 5º 
ao 12): 
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a 
Constituição Federal e, especialmente, contra: 
I - a existência da União; 
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes 
constitucionais das unidades da Federação; 
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; 
IV - a segurança interna do País; 
V - a probidade na administração; 
VI - a lei orçamentária; 
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. 
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e 
julgamento. 
 
19 
 
Obs.: Uadi Lammêgo Bulos afirma que se deve considerar a existência de crimes de 
responsabilidade stricto sensu e de crimes de responsabilidade lato sensu. 
Os crimes de responsabilidade stricto sensu são os crimes de responsabilidade 
propriamente ditos, isto é, praticados por agentes específicos que possuem um munus 
público e que, uma vez condenados, ficam sujeitos à perda da função pública e à 
inabilitação para o exercício de atividades públicas por oito anos. 
Já os crimes de responsabilidade lato sensu são previstos em leis extravagantes, 
podendo ser próprios ou impróprios. Próprios são os praticados apenas por 
funcionários públicos. Impróprios são os que podem ser praticados por qualquer 
pessoa, mas quando praticados por agentes públicos implicam outra qualificação 
jurídico-penal. Assim, os crimes de responsabilidade lato sensu se enquadram na noção 
de delitos comuns, diferindo-se das infrações político-administrativas, praticadas em 
violação à Constituição Federal (art. 85, I a VII). 
 
O aluno deve se atentar ao fato de que o processo tanto dos crimes de 
responsabilidade, quanto dos crimes comuns, praticados pelo Presidente da República 
divide-se em duas partes: a) o juízo de admissibilidade do próprio processo e b) o 
processo e o julgamento. 
O juízo de admissibilidade do processo será feito em ambos os casos na 
Câmara dos Deputados, que poderá conhecer ou não da denúncia: não conhecendo, a 
denúncia será arquivada; conhecendo, a Câmara declarará procedente ou 
improcedente a acusação. Na hipótese de improcedência, a acusação é arquivada. Já se 
a acusação for tida como procedente pelo voto de 2/3 (dois terços) dos Deputados 
Federais, restará autorizada a instauração do processo contra o Presidente da 
República. 
Para trazer maiores luzes à questão, colaciona-se abaixo o texto 
constitucional: 
 
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados: 
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de 
processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os 
Ministros de Estado. 
 
Rita Dias
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20 
 
**** 
 
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por 
dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a 
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais 
comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. 
 
 Depreende-se da leitura dos artigos constitucionais que o julgamento do 
Presidente da República se dará perante o Senado Federal nos casos de crimes de 
responsabilidade e perante o Supremo Tribunal Federal nos casos de crimes comuns, 
exigindo-se, para ambas as hipóteses, prévia admissão da acusação por dois terços da 
Câmara dos Deputados. Salienta-se que, ainda que haja a aprovação de 2/3 da Câmara 
dos Deputados para instauração do processo, o Senado Federal não se vincula a ela, 
podendo decidir que não deve receber a denúncia que foi autorizada. Este juízo prévio 
de instauração é deliberado por maioria simples da casa. Se rejeitar a denúncia, há o 
arquivamento. 
Uma vez recebida a denúncia ou queixa-crime pelo STF – nos crimes 
comuns – e após instaurado o processo pelo Senado Federal – nos crimes de 
responsabilidade, o Presidente ficará suspenso das suas funções (a natureza jurídica 
deste afastamento é meramente cautelar). 
 
É o que dispõem os incisos do §1º do art. 86 da Constituição Federal de 
1988: 
Art. 86. (...) 
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: 
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-
crime pelo Supremo Tribunal Federal; 
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo 
pelo Senado Federal. 
 
Por certo, o processo e o julgamento do Presidente da República devem 
observar o devido processo legal e as garantias do contraditório e da ampla defesa. 
 
Nos casos dos crimes comuns, uma vez autorizado o processo pela Câmara 
dos Deputados, será instaurado pelo Supremo Tribunal Federal com o recebimento da 
denúncia ou queixa-crime, prosseguindo nos termos dispostos no Código de Processo 
Rita Dias
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21 
 
Penal vigente. A condenação do Presidente da República gerará como efeito reflexo a 
perda do cargo, nos termos do art. 15, III, da Constituição Federal. 
Registre-se que nos casos dos crimes de responsabilidade, o Senado Federal 
só poderá condenar o Presidente da República pelo voto de 2/3 (dois terços) dos 
senadores, limitando-se a decisão à perda do cargo, com inabilitação por oito anos para 
o exercício de função pública, o que caracteriza o denominado impeachment.22 
 
Obs.: Nos termos do art. 14 da Lei nº 1.079/50, qualquer cidadão no pleno gozo dos 
seus direitos políticos pode pleitear o impeachment do Presidente da República, 
denunciando o Chefedo Executivo perante a Câmara dos Deputados pela prática de 
crime de responsabilidade. 
 
Ademais, quando do julgamento do Presidente da República perante o 
Senado Federal, esta casa legislativa passa a atuar como tribunal de juízo político, sendo 
presidida na hipótese pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. 
 
“O julgamento tem natureza política, pautando-se pelo juízo de 
conveniência e oportunidade a ser feito exclusivamente pelo órgão 
parlamentar. O Supremo não pode reexaminar o mérito da 
responsabilização, embora cabível mandado de segurança para 
impugnar possíveis irregularidades no procedimento. Em síntese, o 
Tribunal pode examinar apenas o aspecto procedimental, não o mérito 
da decisão do Senado”. 
(NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional) 
 
Veja-se o que dispõe o texto constitucional: 
 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos 
crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os 
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da 
mesma natureza conexos com aqueles; 
(...) 
 
22 O termo impeachment significa impedimento/impugnação e é utilizado tanto para intitular o processo 
no que toca a crimes de responsabilidade, como para intitular uma das penas aplicáveis na hipótese de 
condenação, qual seja, a de perda do cargo. 
Rita Dias
Realce
 
22 
 
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como 
Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, 
que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado 
Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o 
exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais 
cabíveis. 
 
Reitera-se a polêmica existente sobre a obrigatoriedade ou não de o Senado 
Federal instaurar o processo em face do Presidente da República em casos de 
admissibilidade do mesmo pela Câmara dos Deputados frente a crimes de 
responsabilidade. 
Sobre o tema, veja-se a lição de José Afonso da Silva, que aponta sua 
interpretação do texto do art. 86, bem como aquela dada pelo Supremo Tribunal 
Federal: 
 
Não cabe ao Senado decidir se instaura ou não o processo. Quando o 
texto do art. 86 diz que, admitida a acusação por dois terços da 
Câmara, será o Presidente submetido a julgamento perante o Senado 
Federal nos crimes de responsabilidade, não deixa a este possibilidade 
de emitir juízo de conveniência de instaurar ou não o processo, pois 
que esse juízo de admissibilidade refoge à sua competência e já fora 
feito por quem cabia. 
No entanto, o STF decidiu em 18.12.2015 que o Senado pode, sim, por 
maioria simples (art. 47), rejeitar a acusação que vem da Câmara. 
(DA SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo) 
 
 
A decisão mencionada pelo doutrinador foi a tomada pelo Supremo 
Tribunal Federal quando do impeachment da ex-Presidente da República Dilma Rouseff. 
O STF, ao analisar a ADPF 378 (proposta pelo PCdoB alegando vícios na Liei 
nº 1.079/50 e nos Regimentos Internos da Câmara e do Senado Federal) fixou 
importantes teses, as quais são colacionadas a seguir: 
 
1. Ausência de direito à defesa prévia antes do recebimento da denúncia 
pelo Presidente da Câmara dos Deputados; 
 
2. A comissão especial da Câmara dos Deputados deve ser formada por 
representantes dos partidos políticos ou blocos parlamentares indicados pelos líderes 
Rita Dias
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23 
 
partidários, conforme disposição do Regimento Interno da Casa Legislativa (art. 58, 
CF/88). Dessa forma, não é possível a apresentação de candidaturas ou chapas avulsas 
para a formação dessa comissão especial. 
Além disso, a votação para a aprovação ou não da chapa única indicada 
pelos líderes partidários deverá ser aberta, de modo a lhe garantir maior transparência 
e legitimação. 
3. É possível a aplicação dos Regimentos Internos da Câmara dos Deputados 
e do Senado Federal de forma subsidiária ao processo de impeachment. Essa 
possibilidade não viola a reserva de lei especial disposta no art. 85, parágrafo único, da 
Constituição Federal. 
4. O STF, seguindo linha contrária à doutrina majoritária, decidiu que a 
decisão da Câmara dos Deputados que autoriza o processamento do Presidente da 
República não vincula o Senado Federal, que poderá ou não dar prosseguimento ao 
processo. 
Ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal entende que não é viável o uso 
de Habeas Corpus para trancar ou impedir o prosseguimento do processo de 
impeachment: 
 
EMENTA: “HABEAS CORPUS”. IMPETRAÇÃO POR PESSOA NÃO 
AUTORIZADA PELA SENHORA PRESIDENTE DA REPÚBLICA. INCIDÊNCIA 
DO ART. 192, § 3º, DO RISTF. DOUTRINA. PRECEDENTES. 
INADEQUAÇÃO, ADEMAIS, DO “HABEAS CORPUS” PARA OBTER-SE A 
EXTINÇÃO DO PROCESSO DE “IMPEACHMENT” EM RAZÃO DA 
INEXISTÊNCIA, EM TAL PROCEDIMENTO, DE QUALQUER DANO, ATUAL 
OU POTENCIAL, À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO FÍSICA DA PACIENTE. 
PRECEDENTES. “HABEAS CORPUS” NÃO CONHECIDO. (HC 136067, 
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 05/08/2016, publicado 
em PROCESSO ELETRÔNICO DJe-167 DIVULG 09/08/2016 PUBLIC 
10/08/2016) 
Conforme entendeu a Corte Suprema, a Constituição Federal prevê no art. 
52, I, que compete ao Senado Federal “processar e julgar” o Presidente da República, o 
que abrange não apenas o julgamento final, como também a realização do juízo de 
 
24 
 
admissibilidade de instauração do processo com o recebimento ou não da denúncia já 
autorizada pela Câmara dos Deputados. 
Segundo essa linha intelectiva, a autorização da Câmara dos Deputados para 
a instauração do processo de impeachment nos moldes do art. 51, I, da CF/88 configura 
mera condição de procedibilidade, uma autorização provisória, para que 
posteriormente o Senado Federal realize o juízo de admissibilidade definitivo. 
Sobre este ponto o aluno deve se atentar ao disposto no inciso II do §1º do 
art. 8623 da Constituição Federal, que aduz que o Presidente da República ficará 
suspenso de suas funções após a instauração do processo pelo Senado Federal nos 
crimes de responsabilidade. 
Dessa forma, apenas com a instauração em definitivo do processo de 
impeachment no Senado Federal (por maioria simples) é que o Chefe do Executivo 
Federal será afastado do exercício de suas funções. 
Cabe ressaltar que o Presidente da República não pode ser preso enquanto 
não sobrevier sentença condenatória nas infrações penais comuns24 (art. 86, §3º, 
CF/88). Trata-se, segundo aduz a doutrina, de imunidade à prisão cautelar. 
 
“Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, enquanto 
Chefe de Estado, tem a prerrogativa constitucional da imunidade à 
prisão, só podendo ser preso no caso de sentença condenatória 
definitiva *CF, art. 86, §3º). Como decorrência da condição 
institucional de Chefe de Estado, esta prerrogativa constitucional é 
exclusiva do Presidente da República, não podendo ser estendida a 
Governadores e Prefeitos pelas Constituições Estaduais. 
(NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional) 
 
 
23 Art. 86. (...) 
§ 1º - O Presidente ficará suspenso de suas funções: 
(...) 
II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. 
24 O Estado-membro, ainda que em norma constante de sua própria Constituição, não dispõe de 
competência para outorgar ao governador a prerrogativa extraordinária da imunidade à prisão em 
flagrante, à prisão preventiva e à prisão temporária, pois a disciplinação dessas modalidades de prisão 
cautelar submete-se, com exclusividade, ao poder normativo da UniãoFederal, por efeito de expressa 
reserva constitucional de competência definida pela Carta da República. A norma constante da 
Constituição estadual – que impede a prisão do governador de Estado antes de sua condenação penal 
definitiva – não se reveste de validade jurídica e, consequentemente, não pode subsistir em face de sua 
evidente incompatibilidade com o texto da CF. [ADI 978, rel. p/ o ac. min. Celso de Mello, j. 19-10-1995, 
P, DJ de 24-11-1995.] = HC 102.732, rel. min. Marco Aurélio, j. 4-3-2010, P, DJE de 7-5-2010. 
Rita Dias
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25 
 
Também previu o constituinte que o Presidente da República, enquanto na 
vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício 
de suas funções (art. 86, §4º, CF/88). 
 
“A previsão constitucional de normas especiais de responsabilização 
do Presidente da República, tanto por delitos político-administrativos, 
quanto por infrações criminais, possui razão de ser. Só o Chefe do 
Poder Executivo tem a direção administrativa do Estado. As suas 
atribuições, pois, necessitam de um contrapeso que, em certos 
momentos, possa neutralizar a sua própria ação. Seria ilógico 
outorgar-lhe tantas competências sem refrear-lhe a inclinação para o 
excesso e o abuso”. 
(BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional) 
 
O §4º do art. 86 da CF/88 estabelece a denominada cláusula de 
“irresponsabilidade penal relativa”, a qual, gize-se, apenas se aplica ao Presidente da 
República, não sendo extensível aos Governadores dos Estados e aos Prefeitos 
Municipais, tendo em vista tratar-se de uma longa manus do princípio republicano, que 
a prevê apenas para o Chefe do Poder Executivo Federal, que exerce o papel de Chefe 
de Estado25. 
 
PRERROGATIVAS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
Para facilitar, vamos concentrar em um tópico o que foi visto a respeito da 
responsabilidade do Presidente da República. 
As prerrogativas do presidente da república servem para proteger o cargo. 
Assim, não protegem a pessoa do Presidente em si, mas tem o intuito de preservar a 
função maior do Poder Executivo Federal. As prerrogativas do presidente podem ser de 
dois tipos: a) imunidades e b) foro por prerrogativa de função. 
Observem o esquema abaixo: 
 
 
 
 
 
25 Vide STF, ADIn 1.634-MC, Rel. Min. Néri da Silveira; ADIn 978-b/PB, Rel. Min. Celso de Mello. 
Rita Dias
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26 
 
 * Irresponsabilidade Penal Relativa: 
O presidente da república, na 
vigência do seu mandato, não pode 
ser responsabilizado por atos 
estranhos ao exercício de suas 
funções (artigo 86, § 4º, da CF) 
 FORMAL (processual) * Prisão: Enquanto não sobrevier 
sentença condenatória, nas infrações 
penais comuns, o presidente da 
república não estará sujeito a prisão 
(artigo 86, § 3º, da CF) - não cabem 
prisões cautelares 
IMUNIDADES * Autorização para o Processo: 2/3 
dos Deputados Federais devem 
autorizar a instauração do processo 
 
 MATERIAL 
Inexiste para o Presidente. A 
imunidade material é uma 
prerrogativa de deputados e 
senadores da república (estamos 
tratando apenas do poder federal, 
lembrem-se). Na prática, a 
imunidade material altera a 
natureza jurídica do ato praticado. 
Assim, para o Supremo Tribunal 
Federal, gera atipicidade da conduta 
 
 
 
 
 
27 
 
* STF: Crime Comum. Havendo a 
condenação, os direitos políticos são 
suspensos. Não se trata de uma pena, mas 
de efeito acessório. 
FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO 
* SENADO: Crime de Responsabilidade 
 
 
Já no que toca à responsabilidade dos Governadores dos Estados e do 
Distrito Federal, é cediço que a competência para processar e julgar os Governadores 
dos Estados e do DF, nos crimes comuns, é do Superior tribunal de Justiça (art. 105, I, 
“a”, CF/88). 
 
Durante muito tempo, esteve vigente o entendimento tradicional no 
Supremo Tribunal Federal de que para a instauração do processo penal em face dos 
Chefes do Poder Executivo dos Estados e do DF seria necessária prévia autorização da 
Assembleia Legislativa, por 2/3 (dois terços) dos seus membros26. 
 
“Tal condição de procedibilidade para a deliberação sobre o 
recebimento da denúncia não obstaculiza a prisão na fase de 
inquérito. Por ofender o princípio republicano, revela-se incompatível 
com a Constituição norma estadual que confere ao Governador 
imunidade à prisão antes da condenação definitiva. Pelo mesmo 
fundamento, descabe estender ao Chefe do Executivo estadual a 
irresponsabilidade penal relativa conferida ao Presidente da 
República”. 
(NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional) 
 
Entretanto, em verdadeira reviravolta, mudança jurisprudencial pautada em 
mutação constitucional, o Supremo Tribunal Federal no julgamento das ADI 4777/BA, 
ADU 5540/MG, ADI 4764/AC, ADI 4797/MT e ADI 4798/PI entendeu que é 
inconstitucional a previsão em Constituição Estadual de prévia autorização da Assembleia 
 
26 O STF entendeu como constitucionais as disposições das Constituições estaduais que, com base no 
princípio da simetria, previram a exigência de autorização prévia da Assembleia Legislativa como 
condição de procedibilidade para a instauração de ação penal em face dos Governadores. (STF – ADI 
4.792/ES, Rel. Min. Carmen Lúcia). 
Rita Dias
Realce
 
28 
 
Legislativa para que o Superior Tribunal de Justiça – STJ receba a denúncia ou queixa e 
instaure a ação penal contra o governador de Estado, por crime comum. A mutação 
constitucional aconteceu em razão de: a) uma nova percepção do Direito, uma releitura 
do que é ético ou justo; b) mudança na realidade fática atual do país e c) consequência 
prática negativa da interpretação que anteriormente vigorava. 
A ementa do julgado assim ficou: 
Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Inconstitucionalidade. 
Governador de Estado. Normas da Constituição Estadual sobre Crimes 
de Responsabilidade. Licença Prévia da Assembleia Legislativa para 
Instauração de Processos por Crimes Comuns. 1. “A definição dos 
crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas 
normas de processo e julgamento são da competência legislativa 
privativa da União” (Súmula Vinculante 46, resultado da conversão da 
Súmula 722/STF). São, portanto, inválidas as normas de Constituição 
Estadual que atribuam o julgamento de crime de responsabilidade à 
Assembleia Legislativa, em desacordo com a Lei nº 1.079/1950. 
Precedentes. 2. A Constituição Estadual não pode condicionar a 
instauração de processo judicial por crime comum contra Governador à 
licença prévia da Assembleia Legislativa. A república, que inclui a ideia 
de responsabilidade dos governantes, é prevista como um princípio 
constitucional sensível (CRFB/1988, art. 34, VII, a), e, portanto, de 
observância obrigatória, sendo norma de reprodução proibida pelos 
Estados-membros a exceção prevista no art. 51, I, da Constituição da 
República. 3. Tendo em vista que as Constituições Estaduais não 
podem estabelecer a chamada “licença prévia”, também não podem 
elas autorizar o afastamento automático do Governador de suas 
funções quando recebida a denúncia ou a queixa-crime pelo Superior 
Tribunal de Justiça. É que, como não pode haver controle político 
prévio, não deve haver afastamento automático em razão de ato 
jurisdicional sem cunho decisório e do qual sequer se exige 
fundamentação (HC 101.971, Primeira Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, 
j. em 21.06.2011, DJe02.09.2011; HC 93.056 Rel. Min. Celso de Mello, 
 
29 
 
Segunda Turma, j. em 16.12.2008, DJe 14.05.2009; e RHC 118.379 
(Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, j. em 11.03.2014, DJe 
31.03.2014), sob pena de violação ao princípio democrático. 4. 
Também aos Governadores são aplicáveis as medidas cautelares 
diversas da prisão previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, 
entre elas “a suspensão do exercício de função pública”, e outras que 
se mostrarem necessárias e cujo fundamento decorre do poder geral 
de cautela conferido pelo ordenamento jurídico brasileiro aos juízes. 
5. Pedido julgado integralmente procedente, com declaração de 
inconstitucionalidade por arrastamento da suspensão funcional 
automática do Governador do Estado pelo mero recebimento da 
denúncia ou queixa-crime. Afirmação da seguinte tese: “É vedado às 
unidades federativas instituírem normas que condicionem a 
instauração de ação penal contra o Governador, por crime comum, à 
prévia autorização da casa legislativa, cabendo ao Superior Tribunal de 
Justiça dispor, fundamentadamente, sobre a aplicação de medidas 
cautelares penais, inclusive afastamento do cargo". 
(ADI 4764, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Relator(a) p/ Acórdão: 
Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 04/05/2017, 
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-178 DIVULG 14-08-2017 PUBLIC 15-08-
2017) 
 
O acórdão é uma verdadeira aula de direito constitucional, mas infelizmente 
possui 140 páginas, muito extenso para a finalidade principal do candidato: acertar 
questões. 
A controvérsia do acórdão versava sobre: 
(i) a possibilidade de os Estados-membros estabelecerem em suas 
próprias Constituições normas sobre processamento e julgamento de 
Governadores por crimes de responsabilidade; e 
(ii) a constitucionalidade da exigência de autorização prévia da Assembleia 
Legislativa local para instauração de ação penal por crimes comuns 
 
30 
 
praticados pelo Governador, semelhante àquela presente no art. 51, I, 
da Constituição Federal. 
 
Foram cinco os principais argumentos para que o Supremo Tribunal Federal 
declarasse inconstitucional. Vamos a eles: 
1. Ausência de previsão expressa e inexistência de simetria: a Constituição não 
previu, em nenhum dispositivo a exigência de autorização prévia da 
Assembleia Legislativa. Não há, dessa forma, fundamento normativo-
constitucional expresso que faculte aos Estados incluírem em suas 
Constituições Estaduais a exigência de autorização prévia para o processo e 
julgamento por crime comum do Governador perante o STJ. Embora a 
maioria das previsões se sustentem sob o argumento da simetria, o 
princípio democrático deve concretizar respeito ao voto popular e, 
qualquer previsão de afastamento do presidente da república deve ter uma 
leitura restritiva e de medida excepcional. Dessa forma, o afastamento será 
sempre visto de forma expressa e taxativa. Exceções não podem ser 
presumidas. O constituinte resolveu prever apenas para o Presidente da 
República, Vice-Presidente e Ministros de Estado (no caso específico de 
cometer crime em concurso com o Presidente) e assim o fez em razão das 
características e competências dos cargos. Estas características não estão 
previstas no cargo de Governador de Estado. O presidente representa o 
país internamente enquanto Chefe de Governo e externamente, enquanto 
Chefe de Estado. Afastar o presidente significa afastar não só o dirigente 
interno, mas também afastar o responsável pela soberania nacional, 
responsável por representar o país perante outras soberanias e 
organizações internacionais. Assim, por ser exceção, não pode ser tratada 
como se regra fosse, não havendo qualquer simetria com o Governador de 
Estado; 
2. Princípio Republicano (artigo 1º): “A exigência de autorização prévia traz 
como consequência o congelamento de qualquer tentativa de apuração 
judicial das eventuais responsabilizações criminais dos Governadores por 
 
31 
 
cometimento de crime comum” (Voto do Ministro Fachin). A previsão 
afronta a ideia de responsividade (com V) exigida dos gestores. A ideia de 
processo e julgamento perante o STJ já foi para evitar que a persecução 
penal contra o governador seja permeada por vícios ou influências políticas 
regionais; 
3. Princípio da Separação dos Poderes (artigo 2º): estabelece uma condição 
não prevista pela Constituição para atuação do Poder Judiciário. Assim, o 
STJ fica impedido de exercer competências previstas na Constituição 
Federal em razão de uma autorização prévia da Assembleia Legislativa 
Estadual. A limitação do exercício jurisdicional deve ser excepcional e 
sempre expressamente prevista na Constituição da República. Como foi 
silente, deve valer a regra de ausência de qualquer condição; 
4. Competência Privativa da União (Artigo 22, I, da CF): estabelecer qualquer 
condição é afrontar competência privativa da União para legislar sobre 
norma processual; 
5. Princípio da Igualdade: estabelecer a condição de procedibilidade é tratar 
de forma desigual um sujeito que apenas supostamente é superior por 
ocupar um cargo de representação. Fala-se em supostamente, porque, na 
prática, ele é um servidor público. Assim, há uma clara afronta ao princípio 
da igualdade. Se hoje não há restrição para início do processamento e 
julgamento de deputados e senadores por valorização da igualdade e 
accountabiluty (responsabilidade), o mesmo deve ser seguido e aplicado 
aos Governadores, abandonado privilégios e restrições não autorizados 
pela Constituição. 
 
Por fim, é importante ressaltar que, uma vez que não é preciso autorização, 
não haverá o afastamento automático do governador de suas funções, caso o Superior 
Tribunal de Justiça delibere pelo recebimento da denúncia. Assim, deve ser aplicado o 
artigo 319 do Código de Processo Penal, permitindo-se a aplicação de medidas 
cautelares diversas da prisão, entre elas “a suspensão do exercício de função pública”, e 
 
32 
 
outras que se mostrarem necessárias e cujo fundamento decorre do poder geral de 
cautela conferido pelo ordenamento. 
Quanto aos crimes de responsabilidade27, é importante destacar que, nos 
termos da legislação federal de regência, o julgamento dos Governadores dos Estados e 
do DF caberá a um “tribunal especial”, composto por cinco membros do Poder 
Legislativo e por cinco Desembargadores, sob a presidência do Presidente do Tribunal 
de Justiça local. 
A condenação do Chefe do Poder Executivo estadual, nesses casos, deverá se 
dar pelo voto de 2/3 (dois terços) dos membros desse “tribunal especial”, limitando-se 
à perda do cargo e à inabilitação por oito anos para o exercício de função pública. 
No mesmo julgamento há pouco citado, também ficou estabelecido e 
referendado o entendimento cristalizado no enunciado de Súmula Vinculante 46: 
 
“A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das 
respectivas normas de processo e julgamento são da competência 
legislativa privativa da União.” 
 
Mas, existe alguma forma de os Estados Membros Legislarem sobre o 
julgamento do crime de responsabilidade? SIM! Se houver a delegação nos termos do 
artigo 22, parágrafo único, da Constituição Federal. 
O tema é muito importante tendo sido cobrado na prova subjetiva (2ª Fase da 
PGE-Sergipe /CESPE/2018). Observem: 
CESPE/ PGE-SE/ 2018/ Questão 2 
O Supremo Tribunal Federal, na ADI n.º 4.764, em sede de controle concentrado de 
constitucionalidade, firmou a seguinte tese: 
É vedado às unidades federativas instituir normas que condicionem a instauração de 
ação penal contra o governador, por crime comum, à prévia autorização da casa legislativa (...).27 Importante o teor da Súmula Vinculante nº 46: “A definição dos crimes de responsabilidade e o 
estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa 
privativa da União”. 
 
33 
 
Para alcançar tal conclusão, utilizou — entre outros argumentos — a natureza e os 
elementos característicos do princípio republicano conforme a Constituição Federal de 1988 
(CF). 
Discorra, de forma fundamentada, sobre os argumentos constitucionais que amparam 
o entendimento citado acima, abordando os seguintes aspectos: 
1) a natureza e os elementos característicos do princípio republicano na CF; [valor: 5,00 
pontos] 
2) a existência, a extensão e a forma de instauração de exceções ao princípio 
republicano; [valor: 4,25 pontos] 
3) as consequências para os estados-membros da observância obrigatória ao princípio 
republicano considerando-se o disposto no art. 51, I, da CF. [valor: 5,00 pontos] 
 
Padrão de resposta definitivo 
1 O princípio republicano é um princípio constitucional sensível (CRFB/1988, art. 34, 
VII), ou seja, cláusula pétrea e de observância obrigatória pelos estados. São elementos 
característicos do princípio republicano a eletividade dos governantes, a temporariedade dos 
mandatos (equivalente: alternância) e a responsabilidade dos agentes públicos (equivalente: 
accountability). Considerar, em acréscimo, como elemento característico do princípio 
republicano: a isonomia ou a igualdade entre as pessoas. 
2 As exceções ao princípio republicano só podem ser estabelecidas na própria 
Constituição Federal (CF), salvo disposição expressa em contrário na própria CF. Essas exceções 
são, portanto, normas de reprodução proibida nas Constituições estaduais (equivalente: 
ausência de simetria). 
3 A imunidade do chefe de Estado à persecução penal (CF, art. 51, I) é artigo da CF 
que contém uma exceção ao princípio republicano (por não observar os princípios da igualdade; 
e da accountability dos agentes públicos e da separação de poderes). 
Não há previsão/autorização de que seja reproduzida no âmbito estadual. Por ser 
exceção a princípio constitucional sensível, só pode ser estabelecida na própria CF e não pode 
ser reproduzida nas Constituições estaduais, ou seja, os estados não podem condicionar a 
persecução criminal do governador à prévia autorização da assembleia legislativa. 
 
Após as explicações feitas, cabe a pergunta: quais são as prerrogativas dos 
governadores de Estado? Após o julgamento das ADIs mencionadas, os governadores 
apenas possuem a prerrogativa de, em caso de crime comum, serem julgados pelo 
 
34 
 
Superior Tribunal de Justiça. Por sua vez, caso cometam crime de responsabilidade, 
devem ser julgados por um tribunal especial, composto por membros da Assembleia e do 
Tribunal de Justiça Local. 
Assim, é possível que o Governador de Estado seja preso preventivamente, pois 
o Supremo já afastou a aplicação analógica do disposto no artigo 51, I, da Constituição 
Federal (HC 102.210, Tribunal Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 06.05.2010), não 
existindo, portanto, a imunidade de prisão cautelar e a temporária irresponsabilidade 
por atos estranhos ao exercício da função, prerrogativas exclusivas do Chefe do Poder 
Executivo Federal: 
O Estado-membro, ainda que em norma constante de sua própria 
Constituição, não dispõe de competência para outorgar ao 
governador a prerrogativa extraordinária da imunidade à prisão em 
flagrante, à prisão preventiva e à prisão temporária, pois a 
disciplinação dessas modalidades de prisão cautelar submete-se, com 
exclusividade, ao poder normativo da União Federal, por efeito de 
expressa reserva constitucional de competência definida pela Carta da 
República. A norma constante da Constituição estadual – que impede 
a prisão do governador de Estado antes de sua condenação penal 
definitiva – não se reveste de validade jurídica e, consequentemente, 
não pode subsistir em face de sua evidente incompatibilidade com o 
texto da CF. 
[ADI 978, rel. p/ o ac. min. Celso de Mello, j. 19-10-1995, P, DJ de 24-
11-1995.] 
= HC 102.732, rel. min. Marco Aurélio, j. 4-3-2010, P, DJE de 7-5-2010 
Já no caso dos Prefeitos Municipais, caberá ao Tribunal de Justiça local julgá-los 
pela prática de crimes comuns (art. 29, X, CF/88), sem necessidade de prévia autorização 
da Câmara Municipal de Vereadores. Entretanto, embora o artigo constitucional fale em 
Tribunal de Justiça, o Supremo Tribunal Federal conferiu uma interpretação um pouco 
diferente e entendeu que poderá ser julgado no Tribunal de Justiça, se for competência 
da justiça estadual, Tribunal Regional Federal, se competência federal ou no Tribunal 
Regional Eleitoral, se a competência for da justiça especializada eleitoral: 
Rita Dias
Realce
Rita Dias
Realce
 
35 
 
COMPETÊNCIA - PREFEITO - CRIME CONTRA SERVIÇO OU BEM DA 
UNIÃO. Tratando-se de crime perpetrado contra serviço ou bem da 
União, a competência é da Justiça Federal. O envolvimento de 
prefeito desloca o processo, ante a prerrogativa de foro prevista no 
artigo 29, inciso X, da Carta da República, para o Tribunal Regional 
Federal. Precedente: Habeas Corpus nº 68.967-1, Pleno, Relator Ilmar 
Galvão, Diário da Justiça de 16 de abril de 1993. 
(HC 78222, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado 
em 16/12/1998, DJ 27-06-2003 PP-00043 EMENT VOL-02116-03 PP-
00497) 
 
 
* Vejam-se alguns enunciados cobrados em concursos públicos sobre a temática 
abordada neste material: 
 
Ex.1: (FGV) No caso de infrações penais comuns, admitida a acusação contra o 
Presidente da República, por dois terços do Congresso Nacional, será ele submetido a 
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 
 
Ex. 2: (FEPESE) Nos crimes de responsabilidade, admitida a acusação por dois terços do 
Senado Federal, o Presidente da República ficará suspenso de suas funções. 
 
Ex. 3: (FEPESE) Em caso de vacância dos cargos de Presidente e de Vice-Presidente, 
serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara 
dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. 
 
Ex. 4: (CESPE) O presidente da República, embora nomeie os ministros que compõem o 
Supremo Tribunal Federal, não interfere na função jurisdicional desse órgão. 
 
Ex. 5: (FAUEL) Compete privativamente ao Presidente da República prestar, 
anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de noventa dias após a abertura da sessão 
legislativa, as contas referentes ao exercício anterior. 
 
Ex. 6: (FAUEL) Atentar contra os direitos sociais constitui hipótese de crime de 
responsabilidade do Presidente da República. 
 
Ex. 7: (CESPE) O presidente da República ficará suspenso de suas funções nos crimes de 
responsabilidade, após instauração do processo pelo Senado Federal. 
 
36 
 
 
Ex. 8: (CESPE) É competência discricionária e unilateral do presidente da República 
permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou que nele 
permaneçam temporariamente. 
 
Ex. 9: (UEG) O Presidente da República pode expedir “decretos autônomos” e delegar 
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da 
União a atribuição de conceder indulto e comutar penas. 
 
Ex. 10: (FCC) De acordo com as disposições da Constituição Federal que regem as 
atribuições dos Poderes da República, cabe ao Presidente da República editar decreto 
para disciplinar o horário de funcionamento dos órgãos do Poder Executivo federal. 
 
Gabarito: 
1. Errado; 
2. Errado; 
3. Certo; 
4. Certo; 
5. Errado; 
6. Certo; 
7. Certo; 
8. Errado; 
9. Certo; 
10. Certo. 
 
 
Encontrou

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