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UNIVERSIDADE PAULISTA 
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
CARLOS EDUARDO GOMES MARQUES PINTO 
EMERSON GONÇALVES SILVA 
GEOVANE TIENGO DE PAULA 
JÉSSICA DOMINGUES DOS SANTOS 
LETÍCIA CRISTOBAL ZANI 
RICARDO ALMEIDA PAIÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
TÉCNICAS RETROSPECTIVAS (TEORIA) – TR-T 
Trabalho 01 – John Ruskin 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
1 
 
CARLOS EDUARDO GOMES MARQUES PINTO 
EMERSON GONÇALVES SILVA 
GEOVANE TIENGO DE PAULA 
JÉSSICA DOMINGUES DOS SANTOS 
LETÍCIA CRISTOBAL ZANI 
RICARDO ALMEIDA PAIÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
TÉCNICAS RETROSPECTIVAS (TEORIA) – TR-T 
Trabalho 01 – John Ruskin 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Profª Fernanda Craveiro Cunha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
2 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 1 – Fachada do museu de Oxford 19 
 
Figura 2 – Pôr do Sol de Monte Rosa 20 
 
Figura 3 – Verdadeiro e falso grifos: medieval e clássico 21 
 
Figura 4 – Primeira topografia simples 21 
 
Figura 5 – Segunda topografia Turniana 22 
 
Figura 6 – Quivi Trovammo: o dragão de Jardins das Hespérides 22 
 
Figura 7 – Hesperid Aeglé 22 
 
Figura 8 – Janelas da quinta Ordem 23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO............................................................................ 4 
2 JOHN RUSKIN............................................................................ 5 
2.1 A História de John Ruskin........................................................ 5 
2.2 A produção e evolução de suas teorias.................................. 6 
2.3 Principal trabalho realizado em edifício.................................. 19 
2.3.1 Museu de História Nacional da Universidade de Oxford............. 19 
2.4 Principais trabalhos realizados como crítico......................... 19 
2.4.1 Pintores Modernos (Modern Painters) – Volumes I e II.............. 20 
2.4.2 Pintores Modernos (Modern Painters) – Volumes III e IV........... 21 
2.4.3 Pintores Modernos (Modern Painters) – Volume V.................... 22 
2.4.4 As pedras de Veneza (Stones of Venice)................................... 23 
2.4.5 As Sete Lâmpadas da Arquitetura (The seven lamps 
of Architecture)............................................................................ 24 
4 ANÁLISE CRÍTICA..................................................................... 27 
 REFERÊNCIAS.......................................................................... 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
John Ruskin foi escritor, pintor, crítico artístico, professor e pensador inglês 
nascido em 8 de fevereiro de 1819, em Londres. Seu pensamento se ligava ao 
Romantismo e também ao Classicismo e com admiração ao Medievalismo. Na 
sua definição de restauração, um dos seus pensamentos mais estudados por 
suas gerações futuras, mostra que os momentos e edifícios não devem ser 
interferidos, pois seria um sinônimo de destruição do mesmo e de quem o 
construiu. Sua importância na sociedade inglesa do século XIX não se limitou 
apenas ao seu trabalho exposto mais também pelo seu posicionamento de 
revolta e oposição em relação às forças da industrialização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
2 JOHN RUSKIN 
 
2.1 A História de John Ruskin 
 
Considerado o principal dos teóricos da preservação do século XIX na 
Inglaterra e um dos mais controversos da época, John Ruskin viveu entre 1819-
1900 no auge do poderio econômico militar. Nascido de uma família escocesa, 
era filho de um comerciante, o que contribuiu para que desenvolvesse um caráter 
mercantil. Já sua mãe era uma religiosa severa que era extremamente devotada 
o seu filho. 
 Foi descrito como inimigo da industrialização, e um dos maiores exponentes da 
crítica romântica, onde tinha um cunho socialista e debatia assuntos como o 
capitalismo industrial, desigualdade social, crescimento urbano e problemas 
ambientais, que tiveram uma contribuição para reformas sociais e urbanísticas 
no futuro. Além disso possuía um grande interesse por arte e refletiu sobre o 
papel da arquitetura, e sua preservação. 
 
 A sua forma independente de pensar, talvez possa ser justificada pela sua 
infância, que foi um tanto quanto solitária, o que fez com que tivesse que se 
entreter sozinho passando a observar as coisas que o cercava, desde a estampa 
de um tapete até os tijolos das casas vizinhas. Teve uma educação particular e 
não frequentou a escola oficialmente até os quinze anos, o que não fez com que 
deixasse de ter contato com grandes escritores como Shakespeare. Mas sem 
duvida desenvolveu um profundo conhecimento da Bíblia, oque acabou 
influenciando em todos os seus escritos futuros onde fazia frequentes citações 
da mesma. Mais tarde essa caraterística foi criticada por ele mesmo. 
 O teórico teve sua formação acadêmica na Universidade de Oxford, porém 
não teve um grande destaque em sua trajetória universitária, que depois de 
encerrada em 1842, deu lugar ao trabalho como artista e crítico de arte, que 
acabou resultando no livro Modern Painters. Após realizar várias viagens ao 
continente europeu com foco na Itália, escreveu e publicou dois dos seus livros 
de maior prestígio, sendo eles, As Sete Lâmpadas da Arquitetura e As Pedras 
de Veneza. 
6 
 
 
Nos anos de 1860, Ruskin iniciou uma nova fase na sua carreira, onde suas 
ideias se expandiram de crítico de arte para o campo político e socialista. Ele 
passou a defender questões como: ensino público obrigatório, seguro 
desemprego e etc. A partir daí começou a se dedicar de forma interativa e 
financeira em causas sociais, entre elas pode-se destacar: Giulda de São Jorge 
que é uma organização social e industrial, da qual ele doou 7000 libras para a 
compra de terras, moinhos e equipamentos. Ele também colaborou para a 
fundação de um museu de arte e ciência em Sheffield. 
 Em 1869 sua vida voltou a se cruzar com a Universidade de Oxford, onde 
foi admitido como professor. Trabalhou por 10 anos na instituição, até que 
começou a apresentar seus primeiros sintomas de problemas de saúde mental 
em 1879 que viriam a se tornaram recorrentes, fazendo-o abandonar a carreira, 
na qual em 1883, Ruskin tentou retornar, porem ficou apenas um ano, 
abandonando a carreira novamente por motivos de saúde. 
 
Ele se envolveu em diversas polêmicas graças à sua maneira peculiar, 
intensa e radical de expressar suas ideias. Um exemplo disso foi quando se 
recusou a aceitar uma medalha de ouro que lhe foi conferida pelo RIBA Roya 
Institute of British Architects, por suas atividades de preservação, ele a recusou 
por não concordar com a conduta do instituto. 
Apesar de todas as polêmicas, sua obra sempre obteve grande 
reconhecimento e prestígio de tal forma que a venda dos seus livros era sua 
principal fonte de renda já no final de sua vida, quando a herança que havia 
recebido do seu pai já tinha se esgotado. 
 
 
2.2 A produção e evolução de suas teorias 
 
Como poeta, desenhista, escritor, sociólogo e crítico, Ruskin desenvolveu 
trabalhos variados em diversos assuntos incluindo análises de obras e críticas 
sobre elas. Um dos ramos críticos que mais se concentrou foi a arquitetura, pois 
no seu modo de ver e pensar, a arquiteturaera a concepção mais nobre de uma 
expressão de arte humana. 
7 
 
 
É como centralizadora e protetora dessa influência sagrada, que a Aquitetura 
deve ser considerada por nós com a maior seriedade. Nós podemos viver sem 
ela, e orar sem ela, mas não podemos rememorar sem ela. Como é fria toda a 
história, como é sem vida toda fantasia, comparado àquilo que a nação viva 
escreve e o mármore incorruptível ostenta! - quantas páginas de registros 
duvidosos não poderíamos nos dispensar em troca de algumas pedras 
empilhadas umas sobre as outras! A ambição dos Consultores da velha Babel 
volta-se diretamente para esse mundo apenas dois fortes vencedores do 
esquecimento dos homens, Poesia e Arquitetura e a última de alguma forma 
inclui a primeira, e é mais poderosa na sua realidade: é bom ter alcance não 
apenas o que os homens pensaram e sentiram mas o que suas mãos 
manusearam, e sua força forjou, e seus olhos contemplaram durante todos os 
dias de sua vida. A lâmpada da memória. JONH RUSKIN (2008) 
 
 É com essa força e visão de expressão que baseia sua crítica 
descrevendo suas teorias sobre o que é, e como se deve ver a arquitetura. 
No preceito máximo de desenvolver uma concepção de lógica e de razão 
para estruturar temas como arquitetura, pintura, política econômica, religião e 
vários outros temas, o autor, John Ruskin se baseia muito em aforismos, pois 
era muito ligado a estudos bíblicos, tomando sempre suas inclinações críticas 
para a ética e para o moralismo. Como verificado em estudos feitos por 
Bernadete Oliveira Marantes em seu artigo científico notamos que Ruskin teve 
inclinações religiosas desde sua infância. 
 
A educação dada por sua mãe o impregnou “com um senso de missão, um 
desígnio consagrado ao serviço de Deus”, e a formação religiosa do crítico não 
pode ser deixada de lado quando se revisa seu pensamento... 
Periódico da Usp Bernadete O. Marantes. 
 
Portanto este período de sua vida pessoal foi de vital importância para a 
formulação de seus pensamentos e, portanto, também de suas obras. 
Em sua educação severa Ruskin teve notadamente influência de livros 
literários de autores como Scott, Pope, Shakespeare e outros, tornando-o adepto 
do Romantismo. Devido a esta influência quando criança e adolescente, ele 
seguia a ideologia romanista, movimento esse ideológico e literário do final do 
8 
 
século XVIII até os meados do século XIX, que lhe levou a dar ênfase para a 
sensibilidade subjetiva e emotiva. 
Nesta linha de raciocínio podemos perceber que este desenvolvimento 
guia seus trabalhos para as causas sociais, que no futuro irão fazer dele um 
defensor de ideias socialistas e de sistemas mais dignos de trabalho, criticando 
duramente a revolução industrial. 
Isso faz alguns teóricos a acreditar que ele era antiprogressista, o que não 
está correto, pois como estudado verificamos que ele não era contra a máquina 
ajudar e facilitar o trabalho do artesão, mas era contra a reprodução em massa 
de um determinado produto, desvalorizando-o e degenerando sua qualidade, 
além de ruir o modo de trabalho corporativo levando a morte da arte que ainda 
se encontrava nos produtos. Pois para ele um produto feito por um artesão 
levava seus sentimentos, seu prazer de trabalhar, resultando numa arte, num 
belo produto, caracterizado pelo suor e conceito daquele trabalhador, por isso 
único. 
Como visto na proposta epistemológica de Claudio Silveira Amaral, 
Ruskin não necessariamente era contra a revolução industrial ou contra o 
progresso, mas entendia que seus mecanismos e seu sistema degradava modos 
culturais da sociedade. 
 
“...principal assunto de Ruskin é a sua teoria de composição cujo conteúdo era 
uma espécie de “política da ajuda mutua”. Nesse sentido Ruskin foi mais um 
eclético do que um neogótico e por uma indústria com gestão cooperativista e 
não taylorista...” 
Proposta de revisão epistemológica da teoria de John Ruskin Claudio Silveira 
Amaral 
 
Neste contexto, suas visões sobre a produção em massa e o trabalho 
artesanal fez com que tivesse adeptos, como Willian Morris que acreditava na 
vinculação entre a arte e as estruturas sociais, dizendo que a verdadeira arte 
deve ser “feita pelo povo e para o povo, como uma benção para quem a fez e 
para quem a desfruta”, definia arte como “a maneira de o homem exprimir o 
prazer que lhe vem do trabalho” e “impossível dissociar arte da moral”, 
pensamentos que advém de escritos Ruskinianos. Willian Morris foi adepto 
também da Irmandade Pré-Rafaelita, que Ruskin era defensor e patrono. Esta 
9 
 
irmandade foi constituída por um grupo artístico dedicado a pintura revitalista 
romanista da época, desejando devolver a arte a sua pureza e honestidade. 
Todos esses conceitos inspiraram a criação de um novo movimento muito 
conhecido por nós,o movimento artístico Arts & Crafts. 
Para entendermos as considerações de Ruskin temos que levar em conta 
que ele não era um teórico, e sim um crítico, e por isso não se sentia na 
obrigação de teorizar tudo o que ele estava por criticar, mas sim, só dizer o que 
achava e o porquê. Tanto é que em uma de suas revisões de edições tardias 
vem se desculpar se alguém o teria entendido como propagador do estilo 
neogótico, pois o que ele queria na verdade era propagar uma arquitetura a esse 
nível e não ela propriamente dita. 
 
Considerado defensor do estilo denominado revival do gótico, mais 
especificamente, o chamado neogótico veneziano, viu-se obrigado, no prefácio 
da edição de 1849 de As sete lâmpadas da arquitetura e, depois, no de 1855, a 
desmentir tal preferência, pois suas ideias pretendiam divulgar não um novo 
estilo, mas uma nova forma de raciocínio que se dizia contrária a qualquer tipo 
de estilo. 
Proposta de revisão epistemológica da teoria de John Ruskin Claudio Silveira 
Amaral 
 
 
Com tudo isso podemos verificar duas coisas, a primeira é que, Ruskin 
tratava tudo de modo romanesco e fazia fusão com os conceitos de ética e moral 
religiosa, levando muito a sério o respeito das coisas de Deus e também aos 
sentimentos e momentos do próximo, e, a segunda, que não era contra a 
revolução, nem mesmo era propagador do neogótico veneziano, mas, sim, 
contra o modo de como a revolução se alastrava pela Inglaterra e Europa, 
acabando com a natureza, a vida e a paisagem urbana, e, que não queria que a 
arquitetura fosse neogótica, mas, que sim, tivesse um modo que pudesse 
expressar sua funcionalidade e sua importância como um templo de memória e 
de vida do seu dono, e, que o fizesse tão bem quanto o estilo neogótico o fez, 
conseguindo atingir seu propósito. 
Esse seu modo romanesco se faz perceber em sua obra inaugural, 
Pintores modernos (Modern Painters, 1843-60), que é dedicado às obras do 
10 
 
romantismo. Neste escrito podemos verificar que sua literatura segue uma 
estruturação parecida a de um escritor romanista da época, assim como a 
entonação gramática do livro. 
Em Pintores modernos Ruskin recorre sobre as pinturas contemporâneas 
da época que hoje chamamos de romantismo, analisando as paisagens naturais 
traduzidas por estas pinturas. Proeminentemente falando podemos notar que 
neste momento o início de sua lógica quanto às obras arquitetônicas começa a 
brotar, pois aqui ele toma a natureza, a paisagem feita por Deus, sem o toque 
humano como manifestação do incondicional, fazendo dela bela e verdadeira. 
 
...segundo sua visão - o Sublime se manifesta na arquitetura com 
destaque para o tempo. Ruskin define o pitoresco, genericamente, como o 
Sublime Parasitário, isto é, um aspecto intrínseco ao Sublime, ainda que 
secundário. Daí a importânciaque confere à pátina - a “mancha dourada do 
tempo”, em suas palavras elemento acessório que condensa por assim dizer os 
sinais da passagem do tempo. 
A lâmpada da memória. JONH RUSKIN (2008) 
 
Para Ruskin o pitoresco é onde as partes se compõe para dar sentido a 
um todo, objetos, efeitos, sensações, memórias, cores, formas, que no fim se 
equilibram e fazem um conjunto. Entre duas características citadas gostaríamos 
de destacar: sensações e memórias. A primeira, as sensações de construir, 
morar, apreciar, tocar, sentir, e a segunda, os lapsos de momentos em que 
aquela paisagem e ou edifício compartilhou com alguém fazendo parte de sua 
história. 
Esses seus escritos sobre a arte pictórica e sobre a arquitetura também 
garantiu a Ruskin adeptos, destacando-se como crítico nesta área e agregando-
lhe seguidores, mesmo que, não fosse essa sua intenção. 
Se fixarmos nesses três últimos parâmetros ficará mais fácil entender 
suas críticas e seus pensamentos referentes a arquitetura que iremos abordar 
logo à frente. Lembrando que, o que está contido neste trabalho é só uma 
pincelada do contexto complexo pelo que se há hoje em dia sobre a discussão 
de seus escritos e críticas, que atualmente, baseiam teorias contemporâneas de 
arquitetura, filosofia e sociologia. Por isso pegamos propositalmente variadas 
fontes, interpretamos e discutimos para criar este texto, esclarecendo 
11 
 
sucintamente tudo o que temos hoje em dia do que foi os escritos de Ruskin e 
seus propósitos. Tudo isso claro, somente o que diz respeito a arquitetura, pois 
se fosse em todos os ramos, o trabalho se estenderia bem mais. 
Uma obra que é importante citar é a obra As pedras de Veneza, publicado 
entre 1851 e 1853 em que Jonh Ruskin relata o resultado de uma pesquisa feita 
por ele. Veneza representava, ilustração da natureza, pela série de componentes 
que a compunha. Como sua arquitetura composta de pilares e arcos góticos, que 
parece flutuar, o verde das águas, as cores dos edifícios, tudo parece se 
conectar tornando uma paisagem harmônica e equilibrada. 
A basílica de São Marcos e o Palácio Ducal, são monumentos descritos 
por ele, com muita sutileza. Apesar de serem edifícios que tem inúmeros pilares, 
uma forma robusta, não é o que transmite quando estamos diante dele “os 
pilares e os arcos de suas fachadas são de uma delicadeza extrema ao 
descansar sobre o chão, parecendo se quer tocá-lo”. 
Dessa analise ele extraiu dois importantes conceitos para sua teoria da 
arquitetura, a verdade das estruturas e a verdade dos materiais. 
Verdade das estruturas, considera o desenho dos elementos estruturais 
que estão sujeitas a resistir o peso próprio da construção, as forças naturais, e 
artificiais, ele usa a arquitetura gótica como exemplo, onde se tem uma estrutura 
vertical longa, e exposta a visão do observador, podendo ser vista sentida, oque 
da sentido a sua concepção de estética, onde as colunas os arcos as abóbodas 
não funcionam só como elementos estruturais mas também como componentes 
que compõem a estética do edifício. 
Verdade dos materiais, algo que tá relacionado não só com a resistência 
de cada material ou noção de tempo, mas sim de sua composição, origem 
geográfica, quais as técnicas usadas para extrair tal material, quanto trabalho foi 
necessário, ou seja se refere ao processo de criação de determinado material, 
trabalha com a ideia de resgata um passado para o presente. 
Outro fato abordado por Ruskin nesse livro é o trabalho feito com prazer: 
no que tem a ver com o homem se envolve por completo, de corpo e alma, e 
nesse sentido ele criticou a moderna divisão do trabalho entre quem pensa e 
quem faz 
 
12 
 
“A humanidade vem aperfeiçoando a divisão do trabalho, no entanto tem 
dado a ela um nome falso, pois não foi o trabalho apenas que foi dividido, mas o 
homem foi dividido em segmentos de homem, quebrado em fragmentos de vida, 
exigindo que sua inteligência realize trabalhos repetitivos sem o menor 
interesse”. (41) 
 
Para ele, quem faz deve pensar e quem pensa deve fazer. 
 Com tudo isso podemos agora ir a obra principal na qual destacaremos 
neste trabalho que é As sete lâmpadas da Arquitetura (The Seven Lamps of 
Architecture - 1849) focando na lâmpada da memória, conduzindo os estudo pelo 
livro de tradução da autora Maria Lucia Bressan Pinheiros da Ateliê Editorial. 
 A obra em questão apresenta um rico conjunto de ideias voltadas a 
preservação da arquitetura assim como os dilemas desse assunto. Assim como 
as questões arquitetônicas que um edifício deve ter para se realizar uma boa 
arquitetura e quais as direções adequadas de sua expressão para que o 
observador possa chegar as associações que o edifício deseja passar. 
 Nesta obra Ruskin decompões os princípios morais e estéticos em sete 
lâmpadas da arquitetura que ele as chama de lâmpada do sacrifício, verdade, 
poder, beleza, vida, memória e obediência. 
 Para ele a Arquitetura é a arte que adorna os edifícios que são erguidos 
pelo homem independente do uso, sua visão contribui para sua saúde mental, 
poder e prazer. Temos que ter em mente a distinção entre Arquitetura e 
Construção. 
 Construir é simplesmente juntar peças como um quebra cabeça tornando 
aquelas peças em algo maior, assim podemos dizer que este serve para outras 
coisas como uma carruagem, um barco, que, independente se ele flutua ou está 
sobre molas, ele está de pé, ou seja, é um edifício. Neste sentido Ruskin afirma 
que construir e deixar algo de pé não é arquitetura, que a arquitetura é mais que 
simplesmente colocar algo de pé ou projetar algo como um produto final mas sim 
arquitetar um espaço pensando em quantas pessoas estarão no local, quais os 
equipamentos e o que é necessário para que elas estejam confortáveis, enfim, 
a arquitetura imprime em suas formas certas características veneráveis ou 
bonitas que as vezes se tornam desnecessárias porém não conseguiríamos 
pensar aquele edifício sem elas. 
13 
 
 De certa forma, tudo que são ornamentos não tem funcionalidades e 
sendo assim é arquitetura. Mas, esses ornamentos não estão ali por acaso, 
estão para evidenciar algo, e sendo assim para Ruskin esses ornamentos se 
tornam válidos quando estão representando a dignidade de um edifício, como 
por exemplo um templo gótico, que define muito bem por suas expressões 
arquitetônicas o que ele é, uma morada de Deus. 
 Ruskin via em sua arquitetura adequada cinco principais destaques 
arquitetônicos, o devocional, edifícios erguidos em honra de Deus, memorial, 
monumentos à histórias e algo ou sepulturas, civil, edifícios levantados por 
nações ou sociedades com fins de negócios ou prazer, militares, qualquer 
edifício erguido para fins militares seja ele privado ou público e por último o 
edifício doméstico, qualquer tipo de edifício do tipo de moradia. Nesse trama ele 
abre o livro no capitulo do sacrifício tentando evidenciar a classificação dos 
edifícios para enfim tentar entender seu contexto histórico sentimental. 
 Neste capítulo, a lâmpada do Sacrifício ele dedica ao ofício do homem a 
Deus como provas visíveis do amor e da obediência do homem consistindo em 
um imenso humanismo puritano. Assim liga aqui de fato os edifícios devocionais 
e memoriais pelo fato destes ter haver com autodisciplina e devoção por algo ou 
motivo. 
 Diz que a estes edifícios extraem-se duas formas de sentimento, aquela 
que tem a vontade de exercitar a autonegação para a autodisciplina, 
abandonando as coisas amadas como retrato para a auto reforma íntima e o 
segundo sentimento que é o desejo de honrar ou agradar alguém por algum 
sacrifício cometido. 
 Seu modo de pensar e a importânciade um edifício é a questão do 
sacrifício que homens e mulheres fizeram para que o edifício estivesse sido 
erguido, o suor daqueles que o levantaram e que morreram deixando um legado, 
um ornamento para o culto de Deus e dos homens que ainda vivem podendo 
alivias seus sentimentos ali. 
 Na lâmpada de Verdade encontramos um discurso sobre o que o homem 
conhece da verdade? Ele mente para si mesmo, trai, mata, cria guerra por 
egoísmos banais, cria testemunhos falsos em virtude de poder e dinheiro e 
outros. Estes atos para Ruskin não podem ser cometidos como falsos pois fazem 
parte da natureza humana e utilizamos desses fardos para governar, ter amigos, 
14 
 
se relacionar, negociar e outros, e mesmo assim procuramos a verdade e pelo 
simples fato de irmos atrás dessa verdade ele acredita que temos que se 
orgulhar disso. 
 Nesta linha de raciocínio podemos dizer que Ruskin dá valor aos 
momentos históricos, pelos atos passados cometidos, independente se estes 
atos conferem boas ações ou ações ruins, mas, que de fato, são essas ações 
que fazem nossa história real. 
 Para ele a verdade se mostra quando um artista pinta uma pedra não 
como ela é de fato, mas a pinta retratando o que ele vê, o que ele acredita que 
vê, o que ele sente quando a vê, e por isso, por estas distorções do que achamos 
que é certo, ele está sendo sincero com seus sentimentos, assim, verdadeiro. 
Por isso ele defende os princípios voltados à preservação dos monumentos, pois 
são parte de nossa história. 
 Na lâmpada do Poder podemos verificar a disposição sobre obras que 
passam para o observador um sentimento de êxtase no qual se sente algo 
sobrenatural se apoderando de sua alma. É a questão das obras grandiosas, 
que são feitas de modo que pareçam agigantadas perante ao tamanho do ser 
humano. Aqui ele difere entre dois diferentes modos de o fazer, que é o tipo e a 
magnitude da ornamentação ou o tamanho da obra em questão à referente 
paisagem. 
 Ele transpõe o orgulho humanista e associa o homem com a natureza, 
cita as formas naturais e diz que a imitação do que é natural que é o que é belo, 
há duas grandes lâmpadas da arquitetura que resumem no que consiste numa 
justa e humilde veneração pelo trabalho de Deus na terra e outra baseada no 
entendimento da dominação sobre o trabalho que foi garantido pelos homens. 
Sendo assim para um edifício conseguir mostra sua grande magnitude deve ser 
visto de uma só vez. 
 Só assim, imitando as nuances da natureza e suas formas pode a 
arquitetura se tornar sublime estabelecendo relações diretas com Deus. 
 Na lâmpada da Beleza concentra-se no valor da arquitetura como dois 
distintos caracteres, um sendo a impressão que ela recebe do poder humano e 
outra a imagem que firma com seu entorno como criação natural divina. Para 
Ruskin o elemento mais feliz da excelência humana consiste em uma imagem 
15 
 
derivada da natureza orgânica, ou seja, um elemento de grande importância: o 
Ornamento. 
Essa beleza que está entre dois estados, do natural ao artificial, como por 
exemplo: uma touceira de ervas daninhas crescendo numa ruína, e mais bela do 
que uma peça escultórica da erva daninha contida na mesma ruína. Mesmo que 
isso não tire a importância da própria escultura, logo é o trabalho humano e si 
que confere o valor ao ornamento. É melhor então deixar defeitos e avarias 
aparentes do que tentar cobrir com algum ornamento que dá um toque falso 
aquela obra que está tentando ser verdadeira. Lembremo-nos aqui da lâmpada 
da verdade. 
A lâmpada da Vida refere-se à vitalidade das formas orgânicas como o 
homem que transforma a força dentro de si para movimentar-se e criar 
oportunidades. Essa é a beleza em meio a movimento empregado em tudo o 
que é orgânico como flores, animais e etc. 
Essa movimentação pode e é atenta a tudo e faz com que o homem pode 
então produzir o que for necessário para evoluir e assim sobreviver. Portanto 
com isso o homem pode dar vida a objetos inanimados transformando-os em 
objetos belos. 
Nesse âmbito Ruskin nos traz a capacidade do homem dar a arquitetura 
os elementos necessários e intelectuais para poder transmitir sentimentos 
profundos através dos ornamentos, das formas e das composições. 
Já com todos esses conceitos conseguimos perceber como Ruskin pensa 
em relação aos prédios e edifícios históricos, e assim passamos para a lâmpada 
da Memória que é a mais importante para nossos estudos de restauração. 
Na lâmpada da memória Ruskin diz que podemos viver sem a arquitetura 
de uma época, mas não podemos recordá-la sem a sua presença. Podemos 
saber mais da Grécia e de sua cultura pelos seus destroços do que pela poesia 
e pela história". 
Aqui ele dá ênfase a sua ideia de que fazer intervenções em monumentos, 
produziria um novo caráter, tirando a autenticidade de um edifício que tem um 
significado histórico para a humanidade. 
Quando alguém está por morrer, suas memórias remetem em sua mente 
lugares onde esteve, alguma paisagem ou local. Assim esta ligação natural das 
memórias com os locais e edifícios lhes dá uma ligação quase divina. A 
16 
 
arquitetura doméstica para ele deveria ter um caráter quase santa, pois nela está 
registrada as emoções e toda a essência histórica da pessoa que nela viveu. Por 
isso dizia que quando fossemos projetar uma casa devemos construir baseando 
as idéias do projeto como um projeto que irá durar para sempre, abominando a 
ideia de construção de casas que durariam apenas uma geração, pois uma 
geração é inapropriada para que pudéssemos saber de onde viemos e de onde 
vem nossos ancestrais. Para ele um país no qual tem casas construídas ou em 
construção que estão a viver por somente uma geração são países que estão 
por si só destruído e acabados, sem perspectiva de futuro. 
Os edifícios públicos são de extrema importância em que se haja um 
proposito histórico em sua construção, pois de acordo com Ruskin, expressar de 
modo simbólico ou literal, tudo quanto é digno de ser conhecido sobre os 
sentimentos e realizações de uma nação é também em um conceito de herança, 
onde tudo que temos hoje até mesmo em relação a moradia, sirva de base 
histórica para as futuras gerações. 
A preservação se torna então de suma importância, pois para ele o 
fundamento de uma boa construção deveria ser algo duradouro, feito com prazer 
de modo que nossos descendentes nos agradeçam de tê-la herdado. É bom ter 
ao alcance não apenas o que os homens pensaram e sentira, mas o que suas 
mãos manusearam, e seus olhos contemplaram durante todos os dias de suas 
vidas. 
"(...) significa a mais total destruição que um edifício possa 
sofrer: uma destruição no fim da qual não resta nem ao menos um resto 
autêntico a ser recolhido, uma destruição acompanhada da falsa 
descrição da coisa que destruímos." 
A lâmpada da memória John Ruskin 
 
Era impossível restabelecer qualquer que fosse o monumento pois sua 
alma já mais poderia ser devolvida, a partir do momento em que esse tal 
monumento passa por uma restauração, seria como se estivesse dando um novo 
espírito a essa edificação, transformando-a em outra obra, quebrando a 
autenticidade da obra original. 
Há dois deveres em relação a nossa arquitetura nacional: tornar a 
arquitetura atual/contemporânea, histórica e preservar, como a mais preciosa de 
17 
 
todas as heranças, aquela das épocas passadas. Por isso para ele a arquitetura 
já deveria ser feito pensando que uma dia aquele edifício pudesse vir a tornar-
se histórico e símbolo nacional, símbolo de sentimentos ou momentos 
importantes para a nação e por isso todo prédio deveria ser assim cuidado para 
que não precisasse tera necessidade de restaurar um edifício, pois aquela 
nação na qual se importa com seu patrimônio zela por usa história. 
 As intervenções por ele aceitas eram aquelas que serviriam apenas para 
conservar a edificação, pois encarava as edificações como um ciclo que se 
conformava com a morte natural em que toda edificação terá, assim dando 
espaço para uma nova edificação e uma nova história. 
Neste contexto os edifícios que se tornarem memoriais ou monumentais 
tanto civis e ou domésticos é quando atingem uma perfeição verdadeira, pois os 
edifícios só chegam a sua glória depois de uma certa idade onde aquela platina 
do tempo, que nada mais é da idade do edifício recorre por todo ele evidenciando 
a sua história. Essa platina do tempo é como se fosse a casca de uma árvore 
que a cada ano se recobre e leva com ela todas as imagens das paisagens que 
ali mudaram por ela e assim também seus momentos e sentimentos. 
Portando ao tocarmos em uma pedra, num edifício, deixamos nosso 
contexto histórico e começamos a fazer parte daquele objeto que faz parte agora 
de nossos momentos e quando estamos por este objetos apegado por algum 
sentimento como geralmente estamos a uma casa pelo que passamos por anos 
dentro dela nos trazendo momento felizes ou triste reluz ali um sentimento 
sagrado. 
Por isso apagar imagens e ou pinturas que estas pessoas deixaram ali é 
de fato um desrespeito com seu sentimento, pois Ruskin acreditava que a casa 
de um homem de bem deveria ser seu templo, e por isso não podemos violar 
(demolir, restaurar, modificar), e nos fariam sagrado também se permitisse morar 
nela. Esse local sagrado não pode ser renovado em qualquer moradia e 
levantada de sua ruína. Aqui então surge a verdadeira arquitetura doméstica, 
que da origem a todas as outras e por isso merece respeito e consideração 
independente de seu tamanho. 
Assim surge o termo “Scrape”, que diz respeito ao procedimento de raspar 
as pinturas antigas das paredes dos monumentos foi muito criticado por Ruskin 
dando origem a uma linha preservacionista conhecida como “Anti-Scrape 
18 
 
Movement’’ ou ‘’Movimento Anti-Restauração’’, da qual se coloca contra a 
restauração e em contrapartida contando com o cuidado e manutenção 
constante dos monumentos. Este movimento chegou a vários lugares da Europa 
e contou com o apoio do já citado Willian Morris que inspirado nessas idéias 
fundou em 1877 a SPAB (Sociedade para a Proteção dos Edifícios Antigos). 
Ruskin antecipava uma escolha democrática na utilização de um estilo, 
suas predileções voltavam para o românico pisano; o gótico primitivo das 
republicas ocidentais italiana; o gótico veneziano; e, finalmente o gótico 
decorado inglês primitivo, porém como dito e aqui já entendemos o estilo por ele 
pré ditado como referência era somente referência e nada além disso. Até 
porque este estilo depois que se tonasse familiar e natural, poderia ser possível 
introduzir mudanças, consideradas necessárias para adaptar-se as 
necessidades praticas da vida moderna. 
Ruskin encerra então dizendo que é impossível restaurar qualquer coisa 
que já tenha sido grandiosa ou bela em arquitetura, a restauração é a pior forma 
de destruição. Restaurar é despedaçar a obra antiga, é erguer uma imitação 
ordinária e vulgar no local ou junto a original. Copia-la é materialmente 
impossível e restaurar acabamentos é apagar sua memória. Por isso não 
devemos nos importar com a má aparência dos reforços (exemplo chapas de 
chumbo no telhado) pois é melhor uma muleta do que um membro perdido. 
Os edifícios dos tempos passados não nos pertencem, então não temos 
direito de tocá-los, pois ainda pertencem aos que construíram e os mortos que 
ainda possuem direito sobre eles. Somente o que nós mesmos construímos é 
que nós temos a liberdade de demolir (intervir). 
Para terminar falamos sobre a lâmpada da Obediência que fecha todo o 
seu discurso relevando que toda vez que fomos intervir em um determinado 
edifício, que tenha sido feito por outro profissional devemos levar em 
consideração o que já foi feito por ele, devemos ser criativos, mas em primeiro 
lugar respeitar o que já foi feito, respeitar sua história e seu legado. 
Resumindo uma obra não pode ser restaurada, pois suas ruinas 
expressam muito mais do que dela restaurada. O edifício digno é aquele que tem 
as marcas da memória como nós temos nossas marcas da vida. 
 
 
19 
 
2.3 Principal trabalho realizado em edifício 
 
2.3.1 Museu de História Natural da Universidade de Oxford 
 
O museu foi construído em um edifício de estilo gótico vitoriano, que foi 
desenhado pelos arquitetos Thomas Newenham Deane e Benjamin Woodward. 
É a única construção em que houve elementos arquitetônicos desenhados 
por Ruskin, onde o mesmo também deu inúmeras sugestões a Woodward 
durante a construção do museu. 
A construção começou em 1855 e foi concluída apenas em 1860. A 
estrutura do prédio do museu possui um grande campo quadrado com telhado 
de vidro, o que torna o ambiente muito claro devido a entrada da luz solar. No 
primeiro andar podem ser vistas colunas de pedra feitas a partir de pedra 
britânica. A arquitetura do local é marcado pela mistura entre ferro e pedra que 
incorporam formas naturais[2]. O local também é repleto de estátuas. No piso 
térreo estão grandes nomes da ciência como Aristoteles, Francis Bacon, 
Darwin e Linnaeus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 Principais trabalhos realizados como crítico (livros e desenhos) 
 
Em seus totais, trinta e nove volumes massivos, podemos reconhecer 
Ruskin como um intérprete, pois para ele, este ato o leva a muitos campos da 
experiência humana, produz leituras não só de pinturas, poemas e edifícios, 
Figura 1 – Fachada do museu de Oxford 
Fonte: Google, 2018. 
20 
 
mas também de fenômenos contemporâneos, como nuvens de tempestade e o 
descontentamento das classes trabalhadoras. 
 
2.4.1 Pintores Modernos (Modern Painters) – Volumes I e II – 1843 
 
Em Pintores Modernos I, sua obra de estreia, vemos um livro que não é 
exclusivamente dedicado à crítica ou à história da arte, mas sim ao próprio 
Romantismo. Nesta obra, Ruskin apura os elementos que compõem a 
natureza, ou seja, dos animais, dos vegetais e dos minerais concebendo-os 
como um composto, metade material e metade espiritual. O crítico afirma que 
cada elemento da natureza guarda uma essência, também chamada de 
verdade, e é esta essência que diferencia todos os elementos no mundo 
natural. A partir dessa exposição o crítico transfere suas considerações ao 
domínio da estética, do pictórico, e abraçando o cenário natural como um 
“todo” criado por Deus. 
 
Ruskin discute verdades gerais, pelo que ele significa tom, cor, claro-
escuro, e perspectiva, e então evidencia a amplitude e precisão das 
representações de plantas, árvores, céu, terra e água, movendo-se além de 
sua origem polêmica, os Pintores Modernos tornam-se assim uma excursão 
pela natureza e arte conduzida por um homem cujos olhos. A mente 
compreende os fenômenos de um mundo natural infinitamente rico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O segundo volume de Pintores Modernos contém tanto as teorias da 
imaginação de Ruskin quanto seu sistema teocêntrico de estética, pelo qual ele 
Figura 2 – Por do Sol de Monte Rosa 
Fonte: Desenhado por John Ruskin - The Victorian Web, 2013. 
21 
 
explica a natureza da beleza e demonstra sua importância na vida humana. Ele 
cria uma estética vitoriana ao fundir concepções neoclássicas, românticas e 
cristãs do homem e de seu mundo. 
 
2.4.2 Pintores Modernos (Modern Painters) – Volumes III e IV –1856 
 
O volume III, provavelmente o mais rico dos cinco, mais uma vez avança 
uma teoria romântica da pintura, mostra que todas as preocupações do 
Romantismo estão aqui: a natureza do artista, a importância da natureza 
externa e o papel da imaginação, emoção e detalhe na arte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O quarto volume, publicado no mesmo ano que o terceiro, abre com uma 
discussão do pitoresco de Turner e do pitoresco em geral, que são as 
categorias estéticas relacionadas especificamente ao crescimento da arte da 
paisagem. Depois de seções na geologia da forma de montanha, o volume 
fecha com um exame da influência de um ambiente de montanha nas vidas de 
homens. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3 – Verdadeiro e falso Grifos: Medieval e Clássico 
Fonte: Desenhado por John Ruskin - The Victorian Web, 2013. 
Figura 4 – Primeira topografia simples 
Fonte: Desenhado por John Ruskin - The Victorian Web, 2013. 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4.3 Pintores Modernos (Modern Painters) – Volume V – 1860 
 
O quinto volume (1860) começa com seções sobre a beleza das folhas e 
nuvens que são as segundas viagens através do solo coberto no primeiro 
volume. Em seguida, segue uma discussão de relação formal ou composição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 – Segunda topografia Turniana 
Fonte: Desenhado por John Ruskin - The Victorian Web, 2013. 
Figura 6 – Quivi Trovammo: o dragão de Jardins das 
Hespérides de Turner 
Fonte: Desenhado por John Ruskin - The Victorian Web, 2013. 
Figura 7 – Hesperid Aeglé 
Fonte: Desenhado por John 
Ruskin - The Victorian Web, 
2013. 
23 
 
 
2.4.4 As Pedras de Veneza (The Stones of Venice) – 1851 
 
O intuito de Ruskin com este livro, era registrar a cidade de Veneza antes 
que ela se perdesse. Conclui-se claramente que, em sua visão, é a literatura o 
que permite uma materialização desse registro de natureza, cidade e paisagem 
como um todo, eternizando-o para além de uma possível destruição ou 
transformação de qualquer ordem. 
 
Também resultado de uma “pesquisa”, uma iniciativa que ele esclarece como 
uma reconstituição das belezas de Veneza. Onde a história dessa é contada 
desde a sua fundação, passando por momentos decisivos de suas 
transformações arquitetônicas e urbanas e discute a Arquitetura Gótica, porque 
dedica um espaço considerável aos detalhes da construção arquitetônica. 
 
Se vê a obsessão de Ruskin pelo detalhamento arquitetônico e seus 
aspectos estilísticos. Sob a ótica da formação do patrimônio construído da 
cidade, é relevante a correlação que o autor faz de sua formação com o 
poderio político e bélico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8 – Janelas da quinta Ordem 
Fonte: Desenhado por John Ruskin - 
The Victorian Web, 2013. 
24 
 
Ruskin faz sua literatura de Veneza a partir da leitura do que a paisagem 
dessa cidade lhe descortina. Desse modo, demonstra acreditar que a paisagem 
e arquitetura induzem a uma leitura acurada, detida e passível de 
transformação em literatura. Para perenizar essa cidade que assim se oferece 
à leitura, Ruskin, tendo-a como musa, transformou-a em literatura. 
 
2.4.5 As Sete Lâmpadas da Arquitetura – 1849 
 
As Sete Lâmpadas tem mais em comum com o segundo volume de 
Pintores Modernos do que com qualquer de seus outros trabalhos. Ruskin 
enfatiza a importância da arte e da criação comunal. Além disso, ele também 
quer conceder ao trabalhador individual a posição, independência e prazeres 
do artista romântico. 
Portanto, quando se considera a vitalidade da arquitetura: 
 
a pergunta certa a se fazer, respeitando todos os ornamentos, é 
simplesmente esta: foi feito com alegria - o carver estava feliz 
enquanto estava falando sobre isso?. (RUSKIN) 
 
Este ponto contribuiu muito para moldar a arte e design no século XX, pois 
influenciou as cidades, casas, móveis e utensílios as coisas que se vê e é tocada 
na vida cotidiana. 
 
Como Ruskin acreditava que a arquitetura é uma herança, uma geração 
passa para outra e também que é a corporificação da sociedade que a 
construiu, ele tentou convencer seus leitores a construir solidamente para as 
futuras gerações. Essas crenças, como seus protestos durante todo o seu 
trabalho contra a destruição de edifícios antigos, estimularam a fundação de 
sociedades inglesas e estrangeiras para preservação arquitetônica; da mesma 
forma, sua convicção de que os que hoje vivem são mordomos, e não 
proprietários, de obras de arte era uma das principais fontes do movimento dos 
museus. 
 
 
25 
 
I – A lâmpada do Sacrifício; 
 Esta lâmpada relaciona-se com o rito, o religioso e a maneira de fazê-lo. 
 
II – A lâmpada da Verdade; 
Um material é um material, se deve ater a sua clareza e verdade que 
expressa. 
 
III – A lâmpada do Poder; 
O Homem deve investir poder em suas obras, seguindo sempre a crença 
em Deus e acreditando que o que faz é algo sublime e que alcançará os céus. 
Todos edifícios mostram homem como montador ou governante; E o sucesso 
do homem está em saber o que montar e o que governar. 
 
IV – A lâmpada da Beleza; 
As formas não são bonitas porque são copiadas da natureza. Apenas está 
fora do poder do homem produzir algo belo sem o auxílio da natureza. 
Deus colocou certas formas na vida do homem e este, por entender que esta 
forma é frequente, assume que ela é bonita. 
 
V – A lâmpada da Vida; 
Não há nenhum sinal de morte em uma arte que pega emprestado ou imita, 
mas apenas se a mesma pegar emprestado sem prestar interesse ou se imitar 
sem escolha. 
 
VI – A lâmpada da Obediência; 
A arquitetura jamais poderá florescer, exceto quando está subjugada a uma 
lei nacional estrita, tanto quanto minuciosamente autoritária como as leis que 
regulamentam a religião, política e relações sociais. 
 
VII – A lâmpada da Memória; 
 
Nós podemos viver sem ela, mas não podemos rememorar sem ela. (RUSKIN) 
 
26 
 
Ruskin diz que é ao se tornarem memoriais ou monumentais que os edifícios 
civis e domésticos atingem uma perfeição verdadeira. Não se deve ter ao 
alcance apenas o que os homens pensaram e sentira, mas o que suas mãos 
manusearam, e seus olhos contemplaram durante todos os dias de suas vidas. 
 
O crítico defende que, quando se constrói, o homem deve se lembrar que 
está construindo para sempre, e que será para suas gerações futuras, e essas 
o serão gratas. 
Através de seu pensamento romântico, diz que todos os materiais utilizados em 
uma construção possuem valor divino: 
 
Um dia as pedras de determinada obra serão sagradas porque nossas mãos as 
tocaram. (RUSKIN) 
 
O pensamento de Ruskin sobre o ato de restaurar edifícios é um dos 
pontos mais marcantes deste capítulo. Primeiramente defende a ideia de que 
os edifícios dos tempos passados não pertencem as gerações atuais e/ou 
futuras, então, deste modo, não se pode intervi-los (os mortos ainda possuem 
direito sobre eles). O homem somente possuí liberdade para intervir em suas 
próprias construções. 
 
O ato de restaurar acaba completamente com a obra e sua alma, não 
dando mais sentido para a mesma ou para outra que irá tomar seu lugar, pois a 
glória de um edifício está em sua idade e originalidade. Mesmo não podendo 
interferir na obra como um todo, é dever do homem conservar e cuidar de seus 
monumentos, e para isto, segundo Ruskin, é válido o uso de reforços nas 
estruturas e acabamentos de um edifício como, por exemplo, implantar chapas 
de chumbono telhado. Deste modo não há interferências na essência da obra 
e ainda sim é possível conserva-la para as gerações futuras. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
ANALISE CRÍTICA 
 
 
Ao pesquisar sobre John Ruskin e realizar a leitura de “A Lâmpada da 
Memória” é possível afirmar que este crítico foi e sempre será uma grande 
influencia para a arquitetura contemporânea. Se vê a predominância de ideais 
religiosos e morais em suas escritas, que foram adquiridos ainda em sua 
infância e expandidos durante sua vida academia e profissional, e assim 
seguindo a lógica, transportados para seus livros, poemas, retratos e 
desenhos. Possuiu um idealismo romântico, onde em seus livros, com 
destaque para As Sete Lâmpadas da Arquitetura, acaba exagerando nos 
detalhes que pretende descrever de uma certa paisagem por ele observada, e 
assim, algumas vezes a atenção para o objetivo principal do pensamento 
acaba sendo esquecido ou deixado de lado. 
 
Seguindo o raciocínio de seus ideais religiosos e morais, há o destaque o 
tópico de: restauração de um edifício. Ruskin abomina a ideia de se interferir 
em um monumento, mesmo que seja para sua conservação e preservação, 
onde interferir – mesmo que em uma pequena pedra de estruturação – seria 
sinônimo de desrespeito ao próprio edifício e seu construtor. Ou seja, mesmo 
que um monumento de tamanha importância – como o Coliseu – estiver em 
ruínas, prestes a cair e nunca mais existir, causando consequentemente a 
extinção de memórias e registros de povos do passado, seria uma tragédia 
segundo Ruskin, porém é o que a natureza determina e nós só devemos 
aceitar e seguir em frente, mesmo havendo a possibilidade de ajudarmos o 
edifício a sobreviver por mais alguns anos, décadas ou milênios. Em 
contrapartida a restauração é uma maneira de demonstrar zelo pelo edifício a 
ponto de não querer vê-lo feio ou arruinado pelas ações do tempo ou do 
homem, logo restaurar algo que foi danificado também é uma maneira de se 
importar com o mesmo. 
 
Sua teoria sobre o edifício e suas menções aos sentimentos e memórias que nos 
ligam a ele é verdadeiro, porém nem sempre e nem todos temos momentos 
especiais que nos ligam a um lugar ou edifício de forma tão forte, pois além de 
28 
 
cultural, as crenças das pessoas podem alterar suas visões sobre o material ou 
o espiritual. 
Acreditamos então que seus pensamentos precisam ser levados em conta, 
porém nos dias de hoje, em um mundo onde o crescimento populacional vem 
crescendo exponencialmente, infelizmente não podemos deixar intocáveis todos 
os lares ou mesmo templos da moradia como ele dizia. Embora apreciamos esta 
idéia romântica da arquitetura ser a suprema arte humana, não podemos fazer 
dessa premissa uma condição social, pois não teríamos mais espaço onde viver. 
Por fim todos os embates de Ruskin sobre a arquitetura e seu valor nos dá algo 
notavelmente enriquecedor para que possamos nos suprir de forma 
reverberante, prosseguindo com nossos ideais de restauração. É nesses 
princípios que nos apegamos, os sentimentos, que nos faz lutar para tornar um 
edifício um monumento histórico, local sagrado a todos. 
Assim focando nossas energias em estabelecer uma restauração mais palpável 
e ao mesmo tempo mais concisa de um jeito que possamos reluzir ao edifício 
sua integridade temporal sem ofender seus ideais nobres e originais como 
Ruskin tanto se preocupava. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
RUSKIN, JOHN. A Lâmpada da Memória. 2ª edição, tradução de Maria Lucia 
B Pinheiros. São Paulo: Ateliê Editorial, 2013. 
 
MONTEIRO, A. FLÁVIA. JOHN RUSKIN: Teorias de Preservação e suas 
influências do patrimônio brasileiro no início do século XX. Espírito Santo: 
UFES/Centro de Artes/Bolsista CAPES. 
 
 
Leituras Essenciais: John Ruskin e as Sete Lâmpadas da Arquitetura. 
ArchDaily. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/805439/leituras-
essenciais-john-ruskin-e-as-sete-lampadas-da-
arquitetura?ad_medium=widget&ad_name=navigation-prev>. Acesso em: 
16/09/2018. 
 
John Ruskin. The Victorian Web. Disponível em: 
<http://www.victorianweb.org/painting/ruskin/index.html>. Acesso em: 
16/09/2018. 
 
John Ruskin. Vitruvius. Disponível em: 
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.152/4595>. Acesso 
em: 16/09/2018.

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