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Desenvolvimento da Teoria da Evolução após Darwin

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Barretos, 01 de junho de 2018
Caro Charles Darwin,
 	Nós não nos conhecemos pessoalmente, mas venho por meio desta carta demonstrar minha admiração por você e te contar um pouco mais do que aconteceu após o dia 19 de abril de 1882, data do seu falecimento. Antes de te contar um pouquinho sobre o desenvolvimento científico na área da evolução, gostaria de mencionar uma tecnologia esplêndida que facilitou e muito a disseminação de informações por todo o mundo, conhecida como internet. Essa tecnologia nos permite acessar qualquer informação conhecida pelo ser humano em apenas alguns segundos e foi esta ferramenta, mais os livros, que serviram de base para a escrita da carta.
	Uma das primeiras pessoas a se destacar nas pesquisas sobre evolução, após o seu falecimento, foi August Weismann (1834-1914). Este foi um biólogo alemão que não concordava com a afirmação sua e de Lamarck de que “a evolução ocorre a partir de transmissão de caracteres adquiridos”. Para comprovar está hipótese, o cientista se aprofundou no assunto e realizou um experimento com 22 gerações de camundongos. Neste experimento, Weismann cortou a cauda dos animais, esperando observar nas gerações seguintes caudas menores. Porém, em nenhuma geração houve a alteração do tamanho da cauda dos bichos, confirmando que a transmissão de caracteres adquiridos não é a melhor forma para explicar variabilidade existente.
	Outro pesquisador que se destacou na mesma época, foi Ernst Haeckel, um zoólogo alemão que utilizou muito de suas ideias para desenvolver a teoria da recapitulação. Para Haeckel, o desenvolvimento embrionário de um indivíduo de uma determinada espécie percorre o mesmo caminho, ou melhor, passa pelas mesmas fases de embriões de todas as espécies. Sucintamente, ele acreditava que a ontogenia recapitula a filogenia. 
	Como você já deve ter estudado, alguns cientistas acreditavam que a vida surgia a partir de matéria inanimada, por geração espontânea. Foi ai que Luis Pasteur, com um experimento muito conhecido atualmente, refutou essa hipótese, comprovando que os organismos originam-se a partir de outros organismos pré-existentes. Com isso, a Teoria da evolução tornava-se cada vez mais robusta, se não fosse a dificuldade de compreender o que gera a variabilidade dos organismos.	
	Darwin, antes de falar do próximo cientista, gostaria de trazer algumas boas novidades para você. Atualmente, sua teoria é matéria obrigatória ensinada em todas as escolas e, além disso, ela está muito mais robusta e para mim, irrefutável. Tudo isso graças a Gregor Mendel, que a partir de experimentos com ervilhas fundou a genética, um ramo da biologia que estuda a forma com que as características dos organismos se transmitem, se expressam ou como elas acontecem. A genética explica como se herdam e se modificam as características de um indivíduo para outro e por isso te convido a fazer uma pequena pesquisa na internet para compreender melhor a genética, mas o que posso te adiantar é que o mecanismo que você desconhecia, atualmente sabe-se que é a MUTAÇÃO. Sucintamente posso te dizer que todos os seres vivos possuem células, dentro dessas células existe DNA (molécula presente no núcleo das células de todos os seres vivos e carregam toda a informação genética de um organismo), dentro desse DNA existem partes conhecidas como genes e estas partes podem se alterar aleatoriamente ou por motivos intrínsecos e é essa alteração aleatória que chamamos de mutação. 
	Somente após falecer Mendel fez sucesso e suas teorias foram estudadas e comprovadas. Como o trabalho dele teve uma grande importância para compreender a evolução entre outras muitas coisas, os contemporâneos dele são conhecidos como Neomendelianos. 
	Outros muitos cientistas contribuíram para o desenvolvimento do pensamento evolutivo. Seu primo, Francis Galton, destacou-se por ser defensor do gradualismo, assim como você, além de criar e defender uma hipótese medíocre, conhecida como eugenia. Hugo de Vries, Carl Correns e Erich Von Tschermak redescobriram as teorias de Mendel somente 34 anos após a morte do cientista, tendo grande importância para o estudo e disseminação do Mendelismo. 
	Hugo de Vries juntamente com Gregory Bateson destacaram-se no século XX por acreditar no saltacionismo, o qual afirmava que ao contrário do que acreditavam os gradualistas, a evolução de uma espécie acontece por grandes saltos, ou seja, grandes características são obtidas ou perdidas durante o processo evolutivo, um processo bruto e não gradual. Thomas Morgan destacou-se por liderar um laboratório muito influente em pesquisas de genética de Drosophila, além de apoiar Vries com a teoria do saltacionismo. Ele conseguiu comprovar que pequenas mutações poderiam promover modificações permanentes em populações.
	Fisher, Wright e J. B. S. Haldane destacaram-se por fundar e aprofundar-se em genética de populações. Fisher desenvolveu teorias matemáticas e estatísticas fundamentais para a genética de populações, fundando a atualmente conhecida teoria sintética da evolução. Já Wright contribuiu com a lei do equilíbrio de Wright a partir de endocruzamentos e estudos sobre deriva gênica; Haldane desenvolveu várias ideias a respeito da evolução molecular, criando uma teoria matemática para a seleção natural e artificial.
	Fisher e seus colaboradores começaram a introduzir genética ao conceito de seleção natural, além disso, deixaram um grande desafio para os próximos cientistas: explicar a linguagem dos genes, o que são espécies e como elas se originaram. A resposta apenas começou a surgir nos anos de 1930, em grande parte graças ao trabalho de um geneticista soviético chamado Theodosius Dobzhansky. Ele fez experimentos com populações de Drosophilas, descobrindo que populações diferentes de uma mesma espécie não possuem os mesmos conjuntos de genes. Com isso, o soviético conseguiu definir que uma espécie só era uma espécie pelo sexo. Além disso, ele elaborou a teoria da síntese moderna, combinando genética, paleantologia, sistemática e muitas outras ciências para a explicação da evolução. Além dele, George G. Simpson foi um paleantólogo americano responsável pela teoria sintética da evolução. A partir de estudos de um registro fóssil, conseguiu comprovar a compatibilidade entre as unidades de evolução (genes) e o mecanismo da evolução (seleção natural). Com isso, dedicou a carreira para falar e escrever sobre você, disseminando conhecimentos sobre evolução para o público científico e não científico, em 1950. Outros que participaram no desenvolvimento da nova síntese foi Ernst Mayr, o maior biólogo evolucionista do século XX, definiu espécie da forma mais influente até os dias de hoje, além de Julian Hulex e Stebbins.
	Contemporâneo aos cientistas citados acima, Chargaff, com estudos realizados em seu laboratório identificou algumas informações do DNA, são elas: A composição do DNA varia de uma espécie pra outra, mas é constante dentro da mesma espécie; em qualquer DNA, de qualquer espécie, a porcentagem da base timina era sempre igual a da base adenina, e a porcentagem da base citosina era igual a da base guanina. Posteriormente, Watson e Crick observaram algumas imagens de difração do DNA e identificaram que a molécula é composta por uma dupla fita, que possuem bases nitrogenadas complementares e ligadas por ligações de hidrogênio.
	Willy Henning, também conhecido como pai da sistemática filogenética, executou os métodos matemáticos e estatísticos para análise filogenética, aprimorando ainda mais os conhecimentos na área. 
	No entanto, nem todos os seus contemporâneos concordavam com a seleção natural. Um dos que se destacou por este fato foi Motoo Kimura, que dizia que a maioria das substituições de nucleotídeos no DNA não tem impacto no fenótipo, portanto, o único mecanismo que age para que aconteça a evolução é a deriva gênica. Ele demonstrou matematicamente que era possível haver evolução por deriva genética na ausência de seleção natural, mesmo em grandes populações e por longas escalas de tempo. Tudo bem Darwin,eu entendo que você ainda não sabe de nada que eu falei neste parágrafo e por isso, vou detalhar e explicar para você. O primeiro termo desconhecido acredito que seja o nucleotídeo, este é uma combinação de três moléculas que compõe o DNA e o RNA e participam de diversos processos celulares, vias metabólicas e carregam toda informação gênica do indivíduo. O segundo termo, fenótipo, refere-se às características observáveis, portanto, o fenótipo é mutável: por exemplo, um indivíduo com a pele branca toma Sol e fica com a pele morena – Houve alteração do fenótipo do indivíduo. Por último, aparece a deriva gênica, que atualmente é conhecida como um dos 5 mecanismos básicos para evolução. A deriva genética afeta a composição gênica da população, mas, diferentemente da seleção natural, este é um processo completamente aleatório. Então, apesar da deriva genética ser um mecanismo da evolução, ela não trabalha para produzir adaptações, o que acontece é uma alteração casual ocasionada, por exemplo, por tsunamis, terremotos, inundações, queimadas, avalanches, etc. Tudo isso que eu comentei neste imenso parágrafo trata-se da teoria neutralista, a qual contrasta diretamente com o seu selecionismo. 
	Outro paleontólogo contemporâneo, Stephen Jay Gould, destacou-se por desenvolver a teoria do equilíbrio pontuado, afirmando que as espécies realmente dão saltos evolutivos, mudando profundamente de um momento para outro, após ficar por grandes momentos estáveis. Além disso, ele acreditava que as características de alguns organismos são simplesmente consequência da forma com que eles evoluíram, como se fossem “efeitos colaterais” da evolução, não necessariamente por seleção natural. Essas afirmações tiveram grande repercussão no meio científico, gerando várias polêmicas acerca do assunto. Outro famoso colega inglês, Richard Dawkins, afirmou que Gould tinha uma ideia muito exagerada sobre a importância do equilíbrio pontuado. Dawkins dizia que a força que rege a evolução sempre foi e continuará sendo a seleção natural e que o equilíbrio pontuado é apenas um detalhe. Richard também se destacou por ser ultra-darwinista, já lançou grandes livros de renome e em 2015 citou que “o criacionismo é um insulto ao intelecto, então qualquer cientista vai lutar contra isso”. Coloquei essa frase para que você possa refletir um pouco sobre suas angustias que confrontam ciência e religião. Você acha que quem criou o primeiro ser vivo foi Deus? 
	Em 1953 Urey e Miller através de um experimento simples feito em laboratório, conseguiram obter a formação abiótica de aminoácidos sob condições semelhantes ao que acredita ser a Terra Primitiva (Vapor d’água, metano, amônia, alta incidência de radiação e raios). Os aminoácidos são componentes de proteínas que estão em todas as células de qualquer ser vivo, o que nos permite acreditar que a primeira molécula de aminoácido foi o suficiente para, com o tempo, evoluir e originar toda a biodiversidade que conhecemos atualmente. 
	Por fim, gostaria de agradecer pela atenção e espero ter contribuído com o seu conhecimento sobre o “Neodarwinismo”. Hoje em dia, sabe-se que além da seleção natural, outras 4 forças agem para que haja evolução, são elas: migração, deriva genética, mutação e recombinação gênica. Aproveito a oportunidade para convida-lo a assistir um semestre de aulas de Biologia, especificamente a disciplina de evolução, para que você compreenda tudo que eu falei nesta carta mais profundamente.
									Atenciosamente,
 							Nathália de Carvalho Rodrigues.

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