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10/05/2017 1 Filosofia da Ciência Prof. Luiz Felipe Sigwalt de Miranda Aula 5 Conversa inicial Nesta aula estudaremos o conhecimento científico e o pensamento filosófico Bachelard fez importantes reflexões a respeito da ciência e do pensar Propôs um novo espírito científico diante de um pensamento filosófico neokantiano Para ele, o racionalismo aplicado e a experiência empírica são faces de uma mesma moeda 10/05/2017 2 A ciência e o processo de pensar Cabe ao filósofo da ciência, com sua base voltada aos domínios da ciência, romper com a divisão imaginada entre a (...) (...) teoria e a prática para buscar uma máxima racionalidade e uma eliminação da irracionalidade para o fenômeno E sua via de acesso é o que Bachelard chamou de filosofia do não Bachelard apresentou uma via alternativa para o empirismo lógico Incorporou à filosofia da ciência tópicos científicos, como o teorema fundamental do cálculo 10/05/2017 3 Construiu uma filosofia diferencial dos cientistas e uma filosofia integral dos filósofos O filósofo da ciência rompe com uma passagem dialética entre ambos Com o cuidado metodológico de voltar-se para a ciência, estar próximo ou até dentro dela Pensamento filosófico e o espírito científico Bachelard nos alerta que se utilizarmos um sistema filosófico afastado de seus domínios originais, recairemos em falácia É fundamental que se aplique uma filosofia finalista fechada a um pensamento científico aberto 10/05/2017 4 Se se tratar de uma filosofia da ciência, a filosofia deve ir até a ciência para lá operar com sua máxima força para atingir clareza Bachelard diz que seu método não agradará os cientistas porque lições de experiência e (...) (...) princípios de evidência operam nas ciências experimentais e na matemática (...) (...) e a filosofia para eles será sempre eclética, aberta e precária Para o cientista, a filosofia da ciência está ainda no reino dos fatos Os filósofos consideram suficiente uma medição do pensamento coordenado (...) 10/05/2017 5 (...) (das funções espirituais), sem se aterem ao pluralismo e à variedade dos fatos Para o filósofo, a filosofia das ciências nunca está no reino dos fatos A filosofia das ciências fica entre dois extremos do saber, (...) (...) entre os princípios muito gerais dos filósofos e os estudos particulares dos cientistas Ela se enfraquece diante de dois obstáculos epistemológicos contrários entre si, entre o (...) (...) geral e o imediato, entre o a priori e o a posteriori, entre valores racionais e valores experimentais 10/05/2017 6 Filosofia da ciência física e o racionalismo aplicado O esforço de Bachelard é interpretar, no sentido do racionalismo e da supremacia da física- matemática, (...) (...) e é por meio desse movimento epistemológico que ele tenta caracterizar a filosofia das ciências contemporânea A ciência física contemporânea é uma construção racional: ela elimina a irracionalidade dos seus materiais de construção O fenômeno realizado deve ser protegido contra toda a perturbação irracional O racionalismo que nós defendemos fará face à polêmica que se apoia no irracionalismo insondável do fenômeno para afirmar uma realidade 10/05/2017 7 Para o racionalismo científico, a aplicação não é uma derrota, é um compromisso Ele quer aplicar-se. Se [o racionalismo científico] se aplica mal, modifica-se Não nega, por isso, os seus princípios, dialetiza-os Finalmente, “a filosofia da ciência física é, talvez, a única filosofia que se aplica (...) (...) determinando uma superação dos seus princípios.” (Bachelard, 1978) A filosofia da ciência física é aberta; diferentemente de qualquer outra filosofia que coloca seus princípios como intocáveis (...) 10/05/2017 8 (...) e suas verdades primeiras como acabadas e totais, ou seja, que se glorifica por seu caráter fechado O pensamento científico e a ruptura empírico-teórica Bachelard entende que, para o cientista, o conhecimento sai da ignorância, (...) (...) sendo essa última um tecido de erros positivos (tenazes e solidários) O cientista “não vê que as trevas espirituais têm uma estrutura e que, nestas condições toda experiência (...) (...) objetiva correta deve implicar sempre a correção de um erro subjetivo” (Bachelard, 1978) 10/05/2017 9 Mas não é uma tarefa simples dissolver esses erros um a um porque eles são coordenados A solução de nosso filósofo é que só se pode construir o espírito científico destruindo o espírito não científico O cientista entrega-se muitas vezes a uma pedagogia fracionada, enquanto o espírito científico deve ter em vista uma reforma subjetiva total “Todo o progresso real no pensamento científico necessita de uma conversão. (...) (...) Os progressos do pensamento científico contemporâneo determinam (...) (...) transformações nos próprios princípios do conhecimento.” (Bachelard, 1978) 10/05/2017 10 Para o filósofo, que se esforça em encontrar em si verdades primeiras, objetiva confirmar princípios gerais, e quando os toma em bloco, (...) (...) o faz sem dificuldades, as flutuações, as variações e as perturbações não o inquietam Pois, ou ele as despreza como detalhes inúteis, ou as junta para convencer-se da irracionalidade fundamental dos dados Para qualquer um dos casos, ele está preparado para desenvolver uma filosofia da (...) (...) ciência clara rápida e fácil, mas que permanece uma filosofia para filósofos Dessa forma, basta uma verdade para abandonarmos a dúvida, a ignorância, o irracionalismo 10/05/2017 11 Diante desse sucesso todo, como colocar no espírito a necessidade de modificar e de buscar novos conhecimentos? Para o filósofo, as diferentes e dinâmicas metodologias das ciências dependem (...) (...) ainda de uma metodologia geral que forma o saber em geral e trata todos objetos da mesma maneira Bachelard então conclui que teses como a dele, que consideram o conhecimento uma evolução do espírito, (...) (...) que aceitam variações e que respeitam a unidade e a perenidade do “eu penso” devem inquietar o filósofo A conclusão a que chega Bachelard para definir uma filosofia do conhecimento científico como uma filosofia aberta é esta: (...) 10/05/2017 12 (...) “a consciência de um espírito que se funda trabalhando sobre o desconhecido, (...) (...) procurando no real aquilo que contradiz conhecimentos anteriores.” (Bachelard, 1978) Em favor da compreensão da tese do instrumento como uma extensão além do órgão sensorial, (...) (...) Bachelard usa da microfísica para provar a postulação de um objeto para além dos objetos usuais Existe, para ele, pelo menos um rompimento na objetividade e por isso há razões para afirmar que (...) (...) experiências nas ciências físicas têm um além, uma transcendência, impossibilitando um estado fechado em si: 10/05/2017 13 Portanto o racionalismo que informa esta experiência deve (...) (...) aceitar uma abertura correlativa desta transcendência empírica “A filosofia criticista, de que sublinharemos a solidez, deve ser modificada em função dessa abertura. Mas simplesmente, dado que os quadros do entendimento devem ser tornados flexíveis e (...) (...) alargados, a psicologia do espírito científico deveser construída em novas bases. A cultura científica deve determinar modificações profundas do pensamento.” (Bachelard, 1978) 10/05/2017 14 O método bachelardiano e a filosofia do não Sob o desejo de caracterizar a filosofia das ciências, Bachelard admite considerar um pluralismo filosófico, (...) (...) o “único capaz de informar os elementos tão diversos da experiência e da teoria, (...) (...) elementos estes tão diferentes no seu grau de maturidade filosófica.” (Bachelard, 1978) Assim, ele define a filosofia das ciências como uma filosofia dispersa, distribuída O pensamento científico servirá como um “método de dispersão bem ordenado, (...) 10/05/2017 15 (...) como um método de análise aprofundada, para os diversos filosofemos [sic] (...) (...) maciçamente agrupados nos sistemas filosóficos.” (Bachelard, 1978) Aos cientistas, Bachelard pede o direito de desviar por um instante a ciência de seu (...) (...) trabalho positivo, da sua vontade de objetividade, para buscar o que (...) (...) permanece de subjetivo nos métodos, mesmo os mais severos Ele se propõe a “colocar aos cientistas questões de caráter aparentemente psicológico e, (...) 10/05/2017 16 (...) a pouco e pouco, provar-lhes-emos que toda a psicologia é solidária de postulados metafísicos. O espírito pode mudar de metafísica, o que não pode é passar sem a metafísica.” (Bachelard, 1978) “A filosofia do não não é psicologicamente um negativismo e que ela não conduz, face à natureza, a um niilismo. Pelo contrário, ela procede, em nós e fora de nós, de uma atividade construtiva. Ela afirma que o espírito é, no seu trabalho, um fator de evolução. Pensar corretamente o real e aproveitar as suas ambiguidades para modificar e alertar o pensamento. 10/05/2017 17 Dialetizar o pensamento e aumentar a garantia de criar cientificamente fenômenos completos, (...) (...) de regenerar todas as variáveis degeneradas ou suprimidas que a ciência, (...) (...) como pensamento ingênuo, havia desprezado no seu primeiro estudo.” (Bachelard, 1978) Bachelard trata a filosofia das ciências por meio de um olhar interno à ciência, (...) (...) esse é o cuidado metodológico do qual ele nos adverte no início do seu texto Assim, ele retira consequências por meio de sua filosofia do não para a filosofia das ciências, (...) 10/05/2017 18 (...) que, ao mesmo tempo, é usuária da psicologia e adepta de uma dialética da (...) (...) filosofia diferencial científica e de uma filosofia integral dos filósofos É nesse teorema fundamental da filosofia de Bachelard que ele expõe o seu racionalismo aplicado e o seu novo espírito científico Na prática Diferentemente de outros filósofos, Bachelard tem também formação científica (química), (…) (…) por isso que ele sugere que a filosofia deve ir à ciência para ver na prática como ela é (…) 10/05/2017 19 (…) produzida e assim evitar a falácia segundo ele cometida pelos filósofos, em geral Finalizando A filosofia do não possui também um sentido pedagógico, em que o erro toma posição central na produção científica O filósofo precisa restringir amplidão de sua ação crítica, enquanto os cientistas precisam abrir-se a possibilidades subjetivas
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