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ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 1 INSULINA Figura 1. Estrutura da proinsulina humana (peptídeo C e cadeias A e B) e da insulina (em laranja). Retirada do Katzung. A pró-insulina é processada no interior de Golgi das células beta e armazenadas em grânulos, onde é hidrolisada em insulina e peptídeo C. Ambos são secretados em quantidade equimolares. A insulina é liberada das células beta em baixa taxa no estado basal e em alta taxa em resposta a estímulos, como a glicose, outros açucares, aminoácidos (leucina, arginina), altas concentrações de AG, atividade simpática beta adrenérgica, GLP-1* (polipeptídeo glucacon-símile 1) e GIP* (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose). Os fármacos estimulantes dessa liberação incluem: sulfoniureias, meglitinida e nateglinida, isoproterenol e ACh. * GLP-1 e GIP são (incretinas) peptídeos secretados pelo tubo digestivo durante a absorção de nutrientes. Seu principal efeito é: aumentar a secreção pancreática de insulina em resposta à glicose. Em outras palavras, as incretinas “incrementam” a secreção de insulina na presença de glicose, mas somente quando a glicose é absorvida a partir de uma refeição. Ambas são degradadas pela enzima DPP-IV (Dipeptidil Peptidase IV) Sinais inibitórios da liberação incluem: a própria insulina e leptina, atividade simpática alfa adrenérgica, elevação crônica da glicose e baixas concentrações de ácidos graxos. Já os fármacos inibitórios incluem: diazóxido, fenitoína, vimblastina e colchicina. Figura 2. A hiperglicemia resulta em aumento dos níveis intracelulares de ATP, que fecham os canais de potássio ATP- dependentes. Diminuição do efluxo de K+ despolariza a célula e abre os canais de Ca++ regulados por voltagem, entrando Ca++ e liberando a insulina. Retirada do Katzung. ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 2 A meia vida da insulina circulante é de 3 a 5 minutos. Sua degradação é 60% pelo fígado e o restante pelos rins. No caso de insulina exógena, a situação se inverte. Após sua entrada na circulação, a insulina sofre difusão nos tecidos, onde se liga ao seu receptor, o qual é acoplado a tirosina-cinase na sua porção intracelular. Após a ligação, há uma mudança conformacional que favorece a autofosforilação dos resíduos de tirosina. As tirosinas-cinases fosforilam os IRS (substratos do receptor de insulina), que fosforilam outras tirosina-cinases que reconhecem domínios SH2 em outras proteínas. Essas moléculas se ligam a outras cinases, como a fosfatidilinositou-3-cinase, e as ativam, resultando em mais fosforilações. De modo alternativa, ligam-se a uma proteína adaptadora, como a de ligação de insulina em um fator de crescimento 2, que traduz o sinal da insulina em um fator de liberação de nucleotídeo de guanina, que finalmente ativa a proteína de ligação ao GTP, RAS e o sistema de proteinocinases ativadas por mitógenos (MAPK). Essa rede de fosforilações dentro da célula representa o segundo mensageiro da insulina e resulta em múltiplos efeitos, inclusive translocações de transportadores da glicose (GLU-4), para a membrama celular com consequente aumento da captação de glicose, e aumento da atividade da glicogênio-sintase e da formação de glicogênio, múltiplos efeitos sobre a síntese de proteína, lipólise e lipogênese, e ativação de fatores de transcrição, que aumentam a síntese de DNA e o crescimento das células. Resumindo, a insulina promove a síntese e o armazenamento de glicogênio, TAG e proteínas em seus principais tecidos-alvo: fígado, tecido adiposo e muscular e influencia o crescimento celular e as funções metabólicas de uma ampla variedade de tecidos. DIABETES Devido à carência de insulina (absoluta ou relativa), o organismo do diabético se comporta como se o paciente estivesse constantemente em estado de jejum, mesmo no período pós--prandial (“fome na abundância”). Desse modo, o catabolismo e a gliconeogênese ficam continuamente estimulados, e a utilização periférica de ácidos graxos (betaoxidação) predomina em relação à glicólise, explicando o surgimento. (MED CURSO 2017). DM-1 (insulino- dependente) DM-2 (não insulino- dependente) DM-3 DM-4 (gestacion al) Características Destruição das células beta pancreáticas e hipoinsulinismo absoluto. Tipo A: autoimune (5- 10% dos casos)* Tipo B: idiopática Predomina em pacientes jovens não obesos, mas até 30% aparece após a idade de 30 anos (o chamado “LADA” ou Latent Autoimune Diabetes of Adults). Cetoacidose é comum Cursa primariamente com resistência periférica à insulina, que ao longo do tempo se associa à disfunção progressiva das células beta (“exaustão” secretória). + Defeitos na regulação da produção hepática de glicose.** 90-95% dos casos Predomina em adultos obesos (> 45 anos), mas tem se tornado cada vez mais frequente em crianças e adolescentes (obesos) Refere-se a múltiplas outras causas específicas: pancreatectomia, pancreatite, doenças não pancreáticas (como resistência a insulina no cérebro na doença de Alzheimer), terapia farmacológica, endocrinopatias (ex.: síndrome de Cushing) ou mesmo defeitos monogênicos (ex.: o chamado “MODY” ou Maturity-Onset Diabetes of the Young), entre outros. Resistência à insulina ou diminuição da função das células beta 1-14% dos casos ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 3 Cetoacidose menos comum Tratamento Reposição de insulina (injeção manual ou bomba de infusão contínua) Hipoglicemiantes e associação com insulino-terapia dependendo do caso *Marcadores da DM-1A são: 1) Anti-ilhota (ICA) = 80%, 2) Anti-GAD = 70%, 3) Anti-IA-2 = 60%. **O comprometimento da ação da insulina também afeta o metabolismo dos lipídeos, resultando em aumento do fluxo de AG livres e do nível de TAG e, de modo recíproco, em baixos níveis de HDL. Catabolismo dos lipídios: os triglicerídeos são clivados, liberando ácidos graxos livres – LIPÓLISE. O estímulo provém dos hormônios contrarreguladores, com efeito “permissivo” da hipoinsulinemia. Assim, os ácidos graxos se tornam os principais substratos energéticos para a maioria das células do corpo, em especial os miócitos, onde sofrem BETA-OXIDA.ÇÃO. Se a liberação de ácidos graxos for excessiva, uma parte será aproveitada pelo hepatócito para a síntese de corpos cetônicos – CETOGÊNESE. Fisiologicamente, a cetogênese ocorre em pequena escala nos indivíduos não diabéticos após jejum prolongado (“cetose de jejum”). (MED CURSO, 2017). DM-1 DM-2 (estado hiperosmolar não cetótico) QUADRO CLÍNICO Poliúria, polidpsia, polifagia e emagrecimento de início AGUDO (ao longo de dias ou semanas). A cetoacidose diabética é comum Em crianças pequenas, as primeiras manisfestações podem ser enurese noturna e candidíase vaginal Paciente típico é adulto (>40-45 anos), obeso, sedentário com outros fatores de risco CV. Incidência em crianças e adolescentes aumentando. Mais raro, podem ser referidos sintomas como poliúria e polidipsia. Presença da acantose nigricans Figura 3. Acantose nigricans: hiperpigmentação de aspecto aveludado que predomina em áreas de dobra cutânea. Possui duas causas: estimulação de queratinócitos e fibroblastos da pele por (1) hiperinsulinemia, no caso de resistência a insulina; ou (2) secreção ectópica de fatores de crescimento no caso de neoplasias. Existem ainda oschamados pré-diabéticos, pessoas com alta probabilidade de desenvolver DM-2. Critérios diagnósticos são: Glicemia de jejum entre 100-125mg/dl, Glicemia 2h após TOTG 75 entre 140-199mg/dl e a HbAC1 entre 5,7 e 6,4%. Para esse paciente, a recomendação é de orientação nutricional e atividades físicas regulares, além de monitoramento. No paciente de alto risco, o uso de metformina pode auxiliar. É necessário, no entanto, cautela na prática do exercício físico pois ele pode levar tanto a hiperglicemia (se os níveis de insulina estiverem baixos antes do exercícios, o estresse físico aumenta os hormônios contrarregulatórios da insulina), quanto hipoglicemia (pois o exercício aumenta a sensibilidade do tecido muscular à insulina). Então, as recomendações são: Com a glicemia <90 ou >250mg/dl, não se RESISTÊNCIA A INSULINA: quando determinado nível de insulinemia promove menor captação e utilização da glicose por tecidos periféricos (ex.: músculo esquelético). Do mesmo modo, outros tecidos também se mostram resistentes aos efeitos da insulina, como o tecido adiposo (menor inibição da lipólise) e o fígado (menor inibição da gliconeogênese, ocasionando maior produção hepática de glicose). ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 4 exercitar; alimentar-se 1-3h antes; em caso de exercícios prolongados ou extenuantes, ingerir suplemento de carboidrato a cada 30 min; e aplicar insulina ( ou reduzir a dose) no musculo que não participará da atividade. Por fim, as complicações são: proteinúria, neuropatia periférica, retinopatia, ulcerações crônicas nos pés, doença vascular aterosclerótica, hipertensão, entre outras. OBS.: HbAC1 > 7% é proporcial ao risco aumentado de complicações microvasculares. DIAGNÓSTICO TRATAMENTO CONDIÇÕES ASSOCIADAS CONTROLE GLICÊMICO COMPLICAÇÕES Dieta, exercícios, medicamentos A terapia-padrão de diabéticos é de que seja feito um controle intensivo da glicemia para obter um controle normal ou quase normal da glicose, associado a um treinamento de autoadministração. As exceções são idosos e pacientes com problemas renais avançadas, pois os riscos de hipoglicemia podem superar o benefício do controle. Em crianças <7 anos, a extrema suscetibilidade do cérebro em desenvolvimento à lesão por hipoglicemia contraindica qualquer tentativa de controle glicêmico intensivo. OBS.: Como o DM-1 é autoimune, ele pode estar associado a outras doenças autoimunes. Todas as crianças devem ser rastreadas para doença celíaca (dosagem de antitransglutaminase tecidual ou antiendomísio e níveis de IgA), e para a doença tireoidiana autoimune (dosagem de anticorpos anti-TPO e antitireoglobulina). O TSH é dosado após controle metabólico e repetido a cada 2 anos. ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 5 INSULINO-TERAPIA INSULINA TEMPO DE AÇÃO RECOMENDAÇÕES Regular Curta Ação após 30 minutos de injeção subcutânea, com pico entre 2-3 horas e, em geral, dura 5 a 8 horas. - Deve-se administrar 30-45 minutos ou mais antes das refeições para evitar hiperglicemia pós-prandrial precoce e risco aumentado de glicemia pós-prandial tardia. - Duração de ação, tempo de início e intensidade da ação máxima aumenta com o tamanho da dose. - Risco de desequilíbrio entre a disponibilidade de insulina e sua necessidade. Seu uso está declinando. - Único tipo passível de ser administrado IV. - Útil na terapia intravenosa no tratamento da cetoacidose diabética. Lispro Aspart Glulisina UltraRápida Absorção rápida. Início de ação em 5 a 15 minutos Atividade máxima em apenas 1 hora - Reposição prandial de insulina, com ação máxima precoce. - Permite a administração de insulina imediatamente antes da refeição. - Ação raramente passa de 4 a 5 horas, o que diminui risco de hipoglicemia pós-prandial. NPH Intermediária-longa Início de ação de aproximadamente 2 a 5 horas e duração de 4 a 12 horas. . - Forma de suspensão turva em pH neutro, com protamina em tampão fosfato, modificações para se obter ação prolongada pois aumenta o tempo de absorção. - Em geral, é associada com a regular, lispro, aspart ou glulisina e administrada 2 a 4 vezes ao dia. - Ação imprevisível, e variabilidade de absorção é de mais de 50%. - Ação varia com a dose e seu uso está declinando. Glargina Detemir Longa Ínicio de ação lento (1 – 1,5 h) e efeito máximo depois de 4 a 6 horas, sem pico. Essa atividade é mantidade por 11 a 24 h ou mais. Longa Início de ação independente da dose de 1 a 2 horas, com duração de ação de mais de 12 horas - Menor risco de hipoglicemia e melhor cobertura de insulina (24h) - NÃO deve ser misturada com outra insulina (formulação ácida). Utilizar seringas separadas. - Administrada 1 vez ao dia. - Administrada 2 vezes ao dia. ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 6 Figura 4. Extensão e duração de ação de vários tipos de insulina. Retirado do Katzung. Obs.: tem início de ação de 2h, não tem pico e tem duração de mais de 40h !!!! Degludec ESQUEMA INSULINO-TERAPÈUTICO Análogos de insulina de ação longa para proporcionar cobertura basal, enquanto análogos de insulina de ação rápida suprem as necessidades nas horas das refeições. DIABETES MELLITUS TIPO 1 Geralmente, no caso do DM-1, o início do tratamento deve ser feito com 0,3-0,5 U/kg/dia (via SC), isso na criança/adolescente. No adulto, a dose oscila entre 0,5-1,0 U/kg/dia (ex.: 60kg: 30-60 U/dia). Os 3 esquemas de insulinoterapia mais usados são 3: Esquema 1: Duas aplicações Consiste em uma aplicação mista de NPH e Regular, uma matinal pré-prandial e outra pré-jantar. Nesse esquema, recomenda-se fazer 2/3 da dose de manhã e 1/3 a noite De manhã, a proporção é de 70/50 % de NPH/Regular e 50/50% na segunda tomada (a noite). Exemplo: a dose diária do paciente de um paciente de 60 kg é 30 U, então de manhã será 14 U de NPH e 6 U de regular (20 U), e de noite será 5 U de NPH e 5 U de regular. Deve ser ajustado pelas 3 glicemias pré-prandiais e pela antes de dormir. (VER FIGURA AO LADO) Elas podem ser misturadas na mesma seringa, mas o ideal seria a regular no subcutâneo da barriga (absorção rápida) e a NPH na coxa ou nádegas (absorção lenta). A Regular deve ser adm 30-45min antes da refeição; Se uma insulina de ultrarrápida, 15 minutos antes da refeição é suficiente. ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 7 Existem algumas desvantagens como: efeito Somogyi (hiperglicemia matinal) devido a tomada da NPH no pré-jantar, uma vez que acontece, no período do final do sono e início do amanhecer, um pico circadiano do GH (além dos outros hormônios contrarregulatórios) aumentando a produção hepática de glicose em resposta a hipoglicemia da madrugada. Como resolver? Tomada da NPH antes de dormir (que aí já é o esquema de múltiplas aplicações, falado a seguir). Esse esquema não é fisiológico e não deve ser recomendado a diabéticos tipo 1, exceto quando ele não quer ou não pode fazer o esquema 2. Esquema 2: Múltiplas aplicações (basal-bolus) Simulação da resposta fisiológica normal: Uma insulina de ação intermediária ou prolongada substitui a liberação basal de insulina pelo pâncreas, enquanto que uma insulina de ação rápida ou ultrarrápida simula o pico pós-prandial. Este esquema se baseia no fato de que em um adulto não diabético e de peso normal, aproximadamente 25 unidades de insulina chegam diariamente ao sistema porta, sendo 50 a 60% de forma gradual e lenta (insulinemia basal); e 40 a 50% é liberada de maneira rápida em picos (bolus de insulina). Na prática, são possíveis tais combinações: Combinações INSULINA BASAL BOLUS 1 NPH ou detemir antes do café da manhã e antes do jantar ou ceia Regular ou as de ação ultrarrápida (listo, aspart, glulisina) antes do café da manhã, almoço e jantar. 2 Glargina /Degludec antes do café da manhã Igual 3 Glargina (ou detemir) antes do café da manhã e antes do jantar Igual 4 NPH antes do café da manhã, almoço e jantar Igual Como calcular as doses? A dose da insulina bolus deve corresponder a 50% da necessidade do paciente e a melhor forma de dosar é através da contagem de carboidratos que serão ingeridos por refeição. Vai depender de: (1) razão insulina/carboidrato, ou seja, a quantidade de insulina que cobre a quantidade de carboidrato, que é 500/Dose diária total de insulina. Ex.: 500/20 = 25, o que quer dizer que 1 U de insulina cobre 25 de carboidrato. (2) a quantidade de carboidrato ingerida por refeição, que usaremos para calcular a dose do bolus alimentação. Ex.: A quantidade de carboidrato será de 50g, então serão necessárias 2 U de insulina. (3) a glicemia atual menos a meta glicêmica esperada, tudo isso dividido pelo fator de sensibilidade; isso nós dará a dose de bolus corretiva, que serve pra corrigir uma possível hiperglicemia pré-refeição. O fator de sensibilidade é calculado por 1500/dose diária total de insulina. Suponhamos que uma criança com dose diária de 20 U esteja com glicemia de 175 antes do café da manhã, ela irá ingerir 50g de carboidrato e a meta esperada é 100mg/dl. Logo, 175 – 100 / 75 = 1. A dose total será de 3 U de insulina Geralmente, na prática, não se faz esse cálculo, usa-se uma dose fixa empírica e monitora. Esquema 3: Infusão contínua Consiste numa bomba de infusão que injeta de maneira constante a insulina através de um cateter colocado pelo próprio paciente no tecido subcutâneo, sendo substituído a cada três dias. Apesar dos benefícios, possui desvantagens como: custo alto, risco de infecção e obstrução do cateter, além de necessitar de contagem de carboidratos e monitoração glicêmica pelo paciente. Existem alguns fatores que alteram as necessidades de insulina. Os que aumentam: infecções, traumas, síndrome de Cushing (por aumentar os contrarregulatórios), puberdade, hipertireoidismo, uso de glicocorticoides. Os que diminuem: insuficiência renal (reduz ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 8 necessidade de insulina pela redução do clearance), má absorção, hipotireoidismo e insuficiência adrenal. TRATAMENTO DO DM-2 O paciente com DM-2 frequentemente apresenta múltiplos fatores de risco CV associados, como HA, dislipidemia e obesidade (SINDROME METABOLICA). Existem ainda as complicações MICROvasculares idênticas ao DM-1 (nefropatia, neuropatia e retinopatia), mas doenças MACROvasculares como IAM (causa mais comum de óbito), AVE e arteriopatia de MMII também estão presentes. Dessa forma, a BASE da estratégia terapêutica consiste em controle glicêmico e controle dos fatores de risco para aterosclerose. Recomenda-se: - Controle glicêmico (ver tabela) com uso de hipoglicemiantes (ou não) - Dieta (com déficit de 500-1000kCal/dia) e exercício físico (aeróbico –e- de força, sendo esse último 2x na semana para evitar a sarcopenia) para reduzir a obesidade - Tratamento de doenças associadas como a hipertensão e dislipidemia Quando a insulinoterapia em DM-2 é indicada? A insulina, no caso do DM-2, tem sua maior indicação no caso de falência terapêutica com hipoglicemiantes; podemos adicionar uma NPH, detemir ou glargina, associada a terapia oral prévia (isso facilitará a ação deles durante o dia!!!) NPH: antes de dormir (0,1-0,2 U/kg) no intuito de inibir aquela produção hepática de glicose no início da manhã; Detemir ou glargina: pela manhã (pq tem cobertura de 24h) A dose total pode variar de 0,5 U/kg/dia para até 2 U/kg/dia. Na maioria dos casos, fica entre 0,8-1,0 U/kg/dia. Em geral, são suspensas as sulfoniureias e as glinidas quando se utilizam esquemas com múltiplas doses. A metformina e glitazona (que aumentam a sensibilidade a insulina), PODEM E DEVEM ser usados. ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 9 Figura 5. Exemplo de esquema terapêutico AGENTES ANTIDIABÉTICOS ORAIS Podem ser resumidos em: (1) os que produzem efeito estimulando a secreção de insulina pelas células beta, os „‟secretagogos‟‟, como sulfoniureiaas e glinidas; (2) os que aumentam o efeito periférico na insulina (aumentam a captação de glicose), como metformina e glitazonas; (3) os que retardadam a absorção de glicose (acarbose); (4) os que agem simultaneamente na células beta (estímulo de secreção de insulina) e na célula alfa (reduzindo produção do glucagon, como os inibidores de DPP-4 e agonistas GLP1, os „‟incretinomiméticos‟‟. Existem ainda os inibidores de SGLT-2, drogas que bloqueiam a reabsorção tubular da glicose filtrada nos glomérulos, entre outros (ver adiante). OBS.: Glitazonas e incretinomiméticos exercem efeito PROTETOR das células beta. CLASSE FÁRMACOS FARMACODINÂMIC A INDICAÇÕES E DOSE CONTRAINDICAÇÕE S Sulfonilureias Elas ligam-se ao seu receptor que está associado ao canal de K+ sensível De 1ª Geração Tolbutamida Bem absorvida, rapidamente metabolizada pelo fígado, duração de Mais segura para uso em idosos. Associação com fármaco que reduzem seu metabolismo (ex.: dicumarol. ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 1 0 ao ATP da célula beta, inibindo o EFLUXO de íons K+, despolarizando a célula e abrindo canais de Ca++, havendo influxo. Como consequência temos liberação da insulina. PRECISAM DE CÉLULAS BETA FUNCIONANTES!!! Por ação indireta, também inibem a secreção de glucagon pelas células alfa. Clorpropamida Tolazamida De 2ª Geração Glibenclamida (Daonil) Glipizida (Minidiab) Glicazida (Diamicron MR) De 3ª Geração Glimepirida (amaryl) efeito curta com t ½ de eliminação de 4 – 5 horas. Meia vida de 32h Metabolismo lento pelo fígado Possui absorção mais lenta que as outras sulfonilureias T ½: 7h Ação mais longa t ½ mais curto (2-4h) Absorção retardada quando ingerido com alimentos (consumir 30min antes) Monoterapia Reduz a glicemia com a menor dose de todas. Não interfere nos receptores cardíacos Ação longa, t ½ de 5h 125-500mg VO 500mg/dia Se precisar mais, fracionar Inicial 2,5mg/dia Manutenção 5- 10mg/dia (DU manhã) Até 20mg VO, 1 a 2x Dose total máxima: 40mg/dia Recomendado 5- 12mg/dia (1 a 3x) 30-120mg VO 1mg/dia é efetivo, 8mg/dia é o máximo. fenilbutazona, algumas sulfonamidas) Uso não recomendado mais na clínica atual Paciente com insuficiência renal/hepática e idosos Paciente com insuficiência renal/hepática Risco de hipoglicemia aumentadoMetabolizada no fígado pode ser útil em pacientes com disfunção renal leve. Meglitinidas Esses fármacos modulam a regulação da insulina das células beta controlando o efluxo de potássio pelos canais. Possuem dois sítios de ligação em comum com as sulfonilureias e um sítio próprio Repaglinida (Prandin) Início de ação rápido (com [C] máxima e efeito máxima 1h dps) Duração de ação 4- 7h Deve ser tomada imediatamente antes de cada refeição, em doses de 0,25 a 4mg/dia (Dose máxima 16mg), 3x Monoterapia ou associação com biguanidas Alternativa para alérgicos a enxofre ou sulfa Paciente com insuficiência renal/hepática (cautela, não contraindica). ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 1 1 Derivados da D- fenilalanina Estimula a liberação rápida e transitória de insulina das células beta através dos canais de K+ sensíveis ao ATP. Nateglinida (Starlix) Absorção rápida (20min) Ação rápida Útil no controle de hiperglicemia pós- prandial Exerce pouco efeito nos níveis de glicose noturnos ou em jejum Alternativa para diabéticos tipo 2 uma vez que estimula a resposta inicial de insulina. Eficaz isoladamente ou associada com não secretagogos 120mg VO/dia (três tomadas – refeições) Biguanidas INIBIÇÃO DA GLICONEOGÊNES E HEPÁTICA pela ativação da enzima proteinocinase ativada por AMP; MELHORA NA SENSIBILIDADE À INSULINA e REDUÇÃO DO TURNOVER DE GLICOSE NO LEITE ESPLÂNCNICO. além de: redução da gliconeogênese renal, retardo da absorção de glicose pelo TGI com aumento da sua conversão em lactato (pode ser usado na gliconeogênese prevenindo hipoglicemia), remoção de glicose do sangue e redução dos níveis de glucagon. Metformina (Glifage) Outro efeito benéfico da metformina é a redução dos triglicerídeos (em 10-15%) e, em menor grau, do LDL- colesterol. Reduz também os níveis plasmáticos do PAI-1 (inibidor do ativador do plasminogênio ), uma substância pró- trombótica. T ½ = 1,5 a 3h Não se liga à ptn plasmáticas Não é metabolizada Excretada intacta pelos rins Redução do peso corporal Terapia de primeira linha para DM2. Ou em associação com secretagogos de insulina ou tiazolidinedionas. Prevenção de DM2 em obesos de ½ idade com algum comprometiment o. A dose varia de 500mg até 2,55g (dose max). Geralmente é um comprimido de 500mg ao deitar; se não controlar, adiciona +1 no jantar, +1 no desjejum ou almoço. Em decorrência do bloqueio da gliconeogênese, ela pode comprometer o metabolismo do ácido láctico. Em paciente com IR (cretininina sérica >1,5 (homens) e 1,4 (mulheres) mg/dl), as biguanidas se acumulam e há risco de acidose láctica. _Contraindicado também para alcoolistas, hepatopatas (transaminases 3x acima do valor de referencia) ou com condições que predispõe a anoxia tecidual, como disfunção cardiopulmonar crônica. _Cuidado em indivíduos > 80 anos _A droga também deve ser suspensa dois dias antes da realização de qualquer exame com contraste radiológico Tiazolidinedionas (Glitazonas) Ativação do PPAgama (receptor gama ativado por proliferadores de peroxissomo) regulação de genes de resposta a insulina Pioglitazona (Actos) VO com ou sem alimentos, 15-45 mg/dia em uma tomada Pico ao redor da 3ª hora t ½ de 3-7h. metabólitos ativos (t ½ = 16-24h) Exclusivo para DM-2 pois sua ação depende da presença de insulina prévia. Usados em monoterapia ou em associação com metformina ou sulfoniluréias, Mais cara que as outras Demora um pouco a fazer efeito DEVE SER EVITADA EM PACIENTES COM ICC clássica funcional III ou IV, podendo ser usada com cautela nas classes I e II ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 1 2 relacionados ao metabolismo da glicose e lipídeos* POTENTES SENSIBILIZADORE S PERIFÉRICOS DE INSULINA!!!!!!! Metabolismo hepático Excreção fecal e urinária Efeito cardioprotetor (pela adiponectina) bem como a insulinoterapia Com o uso de Anticoncepcionais orais, digoxina, ranitidina, nifedipina etc.; pode ser necessário aumentar a dose desses fármacos na vigência do uso de pioglitazona. Inibidores da alfa- glicosidase INIBEM: ação das enzimas digestivas do tipo alfa- glicosidades na borda em escova dos entéricos (impede a clivagem dos polissacarídeos em monossacarídeo); ação da alfa- amilase pancreática que hidrolisa o amido complexos no TGI LENTIFICAM A ABSORÇÃO DE GLICOSE E A HIPERGLICEMIA PÓS-PRANDIAL Acarbose (Glucobay) 150-300mg VO/dia em 3 tomadas (refeições). Aumento da flatulência, desconforto abdominal, meteorismo e diarreia Contraindicados em pct com DII (doença inflamatória intestinal) Análogos do GLP1 GLP1: hormônios liberado pelas células enteroendócrinas que estimula a secreção de insulina (se houver glicose), inibe secreção de glucagon, induz saciedade, retarda esvaziamento gástrico e propicia perda ponderal Exenatide (Byetta®): Liraglutide (Victoza®): 5 μg duas vezes ao dia SC, com aumento posterior para 10 μg duas vezes ao dia SC. 1,2 a 1,8 mg SC uma vez ao dia. Efeitos adversos: náusea, diarreia e vômitos, pancreatite aguda Inibidores da DPP4 ou Gliptinas DDP4: inativa o GLP-1 e GIP (incretinas) ao inibir o inibidor, aumenta-se a permanência dessas substancias que estimulam Vildagliptina (Galvus®): . Sitagliptina (Januvia®): Saxagliptina 100 mg VO/dia, em tomada única. 100 mg VO/dia, em tomada única. 5 mg VO/dia São medicações bem toleradas e não causam aumento de peso ou hipoglicemia, já que estimulam a secreção de insulina dependente de glicose. Os principais efeitos adversos são: nasofaringite, cefaleia, ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 1 3 secreção de insulina mediante presença de glicose (Onglyza®): tontura e diarreia. Pranlintida Análogo sintético da amilina (hormônio cossecretado com a insulina em resposta a alimentação) Redução da ingestão alimentar, retardo do esvaziamento g. e supressão da secreção pós- prandial de glucagon. Pranlintida (Symlin®): 60 a 120 mcg SC antes da principal refeição. A pranlintida está indicada como tratamento adjunto de pacientes DM tipo 1 ou 2 que utilizam insulina nas refeições (com ou sem metformina/sulfonilurei a) e não conseguem alcançar o controle glicêmico. Inibidores do SGLT-2 O SGLT-2 (cotransportador de sódio e glicose) é um canal presente na membrana apical das células do túbulo proximal do néfron responsável pela reabsorção de cerca de 90% da carga de glicose filtrada. Os inibidores bloqueiam esse canal aumentando a perda de glicose. Dapagliflozina (Farxiga®): Canagliflozina (Invokana®): Empagliflozina (Jardiance®): 10 mg VO/dia, em tomada única. 100-300 mg VO/dia, em tomada única. 10-25 mg VO/dia, em tomada única. Reduzem a hemoglobina glicada em 0,5-0,7 pontos), além de ser capaz de promover alguma perda de peso (em torno de 2-3 kg). A pressão arterial também éreduzida com seu uso (provavelmente pelo efeito natriurético associado), o que acarreta REDUÇÃO DA MORBIMORTALIDAD E CARDIOVASCULAR! Seus principais efeitos colaterais são o aumento na incidência de infecção urinária e candidíase vulvovaginal. *Na presença de insulina endógena ou exógena as glitazonas irão: Reduzir a gliconeogênese, oferta de glicos e produção de TAG; aumentar a captação e utilização de glicose pelo M.E.; aumentar a captação da glicose e reduzir a oferta de AGraxos no tecido adiposo. Existe evidência de que pode re-sensibilizar as células B à glicose Tendem a reduzir os níveis de TAG e aumentar HDL ADA MARIA DINIZ | MEDICINA GUS - UPE | 2018.2 P á g in a 1 4 REFERÊNCIAS: Katzung, B.G. Farmacologia: básica e clínica. 2014. MED CURSO. 2017.
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