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Elias Nunes
Orgival Bezerra da Nóbrega Junior 
Geografia Física I D I S C I P L I N A
A geomorfologia do Brasil
Autores
aula
12
VERSÃO DO PROFESSOR
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Aula 12 Geografia Física I 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida
sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede”
Coordenadora da Produção dos Materiais
Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco
Coordenador de Edição
Ary Sergio Braga Olinisky
Projeto Gráfico
Ivana Lima
Revisores de Estrutura e Linguagem
Janio Gustavo Barbosa
Eugenio Tavares Borges
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
Revisora das Normas da ABNT
Verônica Pinheiro da Silva
Revisores de Língua Portuguesa
Flávia Angélica de Amorim Andrade
Janaina Tomaz Capistrano
Kaline Sampaio de Araújo 
Samuel Anderson de Oliveira Lima
Revisoras Tipográficas
Adriana Rodrigues Gomes 
Margareth Pereira Dias
Nouraide Queiroz
Arte e Ilustração
Adauto Harley
Carolina Costa 
Heinkel Hugenin 
Leonardo Feitoza
Diagramadores
Ivana Lima
Johann Jean Evangelista de Melo 
José Antonio Bezerra Junior
Mariana Araújo de Brito
Vitor Gomes Pimentel
Adaptação para Módulo Matemático
Joacy Guilherme de A. F. Filho
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Reitor
José Ivonildo do Rêgo
Vice-Reitora
Ângela Maria Paiva Cruz
Secretária de Educação a Distância
Vera Lúcia do Amaral
Universidade Estadual da Paraíba
Reitora
Marlene Alves Sousa Luna
Vice-Reitor
Aldo Bezerra Maciel
Coordenadora Institucional de Programas Especiais – CIPE
Eliane de Moura Silva
Secretaria de Educação a Distância – SEDIS/UFRN
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Aula 12 Geografia Física I 1
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Apresentação
Nesta última aula, você estudará uma abordagem sobre as morfologias encontradas no território brasileiro que, como em qualquer outra parte da superfície da Terra, apresentam-se sob formas variadas. Além disso, você estudará as modificações ocorridas 
nessas morfologias e verá que elas ocorrem através da ação dos elementos da natureza e dos 
seres vivos. De forma mais precisa, você estudará, com uma ênfase maior, as mais recentes 
classificações geomorfológicas propostas pela comunidade científica. Bom estudo!
Objetivos
Entender as bases científicas da classificação do relevo 
brasileiro.
Compreender as diferenças entre de morfoestrutura e 
morfoescultura.
Compreender o processo de hierarquização na classificação 
das formas de relevo.
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Estudos 
geomorfológicos no Brasil
Os estudos geomorfológicos no Brasil apresentam uma expansão durante o século XX com a valorização das questões ambientais, quando a Geomorfologia brasileira conheceu um novo cenário (a partir do final dos anos 1960 e início dos anos 1970). 
Buscando o levantamento de recursos naturais, um dos maiores projetos já realizados no 
país incorporou o conceito da Teoria geral de sistemas, bem como adotou idéias relativas 
ao equilíbrio dinâmico. Trata-se do Projeto RADAMBRASIL, cujos relatórios e documentos 
cartográficos cobrem toda a extensão territorial brasileira.
Faça uma pesquisa, na biblioteca do seu polo ou na internet, sobre o projeto 
RADAMBRASIL: sua origem, sua importância e a relação deste projeto com o 
desenvolvimento da Cartografia no Brasil.
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A abordagem taxonômica
Ao longo do tempo, várias divisões do relevo brasileiro foram propostas pelos cientistas. Elas correspondem ao estágio de conhecimento existente em suas respectivas épocas de elaboração. Quanto às metodologias utilizadas para o mapeamento geomorfológico, 
salientamos que as mais recentes têm como base a ordenação dos fatos geomorfológicos 
mapeados em uma taxonomia que os hierarquiza. Como exemplo, observa-se o método 
taxonômico que engloba a hierarquização dos domínios morfoestruturais, as regiões 
geomorfológicas, as unidades geomorfológicas e os tipos de modelados.
O táxon dos domínios morfoestruturais engloba os grandes conjuntos estruturais que 
geram arranjos regionais de relevo, guardando relação de causa entre si. Trata-se, portanto, 
da maior divisão taxonômica adotada. Como exemplo, citamos as grandes cadeias dobradas 
e as grandes bacias sedimentares.
Com base no que foi dito e na realização da atividade, você pode perceber que esse 
projeto constituiu um marco na abordagem da Geomorfologia no país. Seus princípios básicos 
metodológicos se amparam em mapas e relatórios voltados à ideia de se obter um quadro 
geral das formas de relevo do Brasil. Quase todo o relevo do território brasileiro tem formação 
antiga, e resulta principalmente da sucessão de ciclos climáticos e da ação das formas internas 
da Terra. Essas forças determinam três tipos específicos de formação geológica: os escudos 
cristalinos, as bacias sedimentares e as cadeias orogênicas, sendo que apenas os dois 
primeiros ocorrem no Brasil.
Uma pequena revisão
Como você já viu em aulas anteriores, os escudos cristalinos correspondem 
às formações mais antigas, e por isso sofreram longos períodos de erosão e se 
tornaram mais estáveis do ponto de vista da movimentação tectônica. Neles, existem 
outras subdivisões, como as plataformas ou crátons e os cinturões orogenéticos.
Já as bacias sedimentares, presentes na maior parte do território brasileiro, são 
deposições que têm origem na desagregação ou decomposição de outras rochas, 
podendo apresentar camadas espessas que recobrem áreas de plataformas.
Táxon
Táxon (plural taxa, 
em latim, ou táxons, 
aportuguesado) é uma 
unidade taxonômica 
essencialmente 
associada a 
um sistema de 
classificação. Táxons 
(ou taxa) podem 
estar em qualquer 
nível de um sistema de 
classificação: um reino 
é um táxon, um gênero 
é um táxon, assim 
como uma espécie 
também é um táxon ou 
qualquer outra unidade 
de um sistema de 
classificação dos seres 
vivos. Fonte: <http://
pt.wikipedia.org/
wiki/T%C3%A1xon>. 
Acesso em: 
16 mar. 2009.
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Domínios de paisagens brasileiras
Os domínios morfoestruturais são definidos pelo conjunto de fatores geomorfológicos ligados a aspectos de caráter amplo. Ocupam extensas áreas que evidenciam, por vezes, grandes diferenciações geomorfológicas controladas por condições naturais 
generalizadas ou por grandes extensões de litologia homogênea. Bigarella, Becker e Santos, 
(1994, p. 95). O território brasileiro apresenta quatro domínios morfoestruturais, que são:
Domínio morfoestrutural 
dos depósitos inconsolidados
Esse domínio caracteriza-se pela contribuição dos sedimentos continentais e marinhos, e 
correspondem às áreas de planícies fluviais, às planícies flúvio-lacustres e algumas áreas de 
depressões, como as do Pantanal Mato-grossense, conforme você pode visualizar na Figura 1.
Figura 1 – Depósitos inconsolidados do Quaternário.
Domínio morfoestrutural 
das bacias sedimentares e coberturas 
inconsolidadas plio-pleistocênicas
Esse domínio abrange mais da metade da superfície brasileira, e se divide em sete 
subunidades: as bacias e coberturas sedimentares litorâneas, a bacia sedimentar 
amazônica, a bacia sedimentar do Tocantins-Araguaia, a bacia sedimentar do Meio Norte, 
as coberturas sedimentares da bacia do São Francisco, as bacias e coberturas sedimentares 
do Nordeste Oriental e a bacia sedimentar do Paraná. Confira na Figura 2.
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Atividade 2
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Figura 2 – Bacias e coberturas sedimentares inconsolidadas plio-pleistocênicas.
O que são domínios morfoestruturais?
Pesquise, na biblioteca do seu polo e/ou na internet, o que caracteriza:
a) Domínio morfoestrutural dos depósitos inconsolidados;
b) Domínio morfoestrutural das bacias sedimentares e coberturas 
inconsolidadas plio-pleistocênicas.
Domínio das faixas de dobramentos 
e coberturas metassedimentares associadas
Corresponde a seis subdivisões, com as seguintes denominações: as faixas de 
dobramentos do Brasil Central, as faixas de dobramentos do Nordeste Oriental, as faixas de 
dobramentos do Nordeste Ocidental, as faixas de dobramentos do Sul-Sudeste, as coberturas 
metassedimentares do Espinhaço-Diamantina e as coberturas metassedimentares das 
bacias do São Francisco-Tocantins (Figura 3).
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Figura 3 – Faixas de dobramentos e coberturas metassedimentares associadas.
Domínio dos embasamentos 
em estilos complexos
Esses domínios morfoestruturais apresentam as seguintes subunidades: o embasamento 
da Amazônia, o embasamento do Nordeste e o embasamento do Sul-Sudeste (Figura 4).
Figura 4 – Embasamentos dos estilos complexos.
Quanto aos domínios da paisagem brasileira associados às classificações morfoclimáticas, 
Ab’Saber (apud BIGARELLA; BECKER; SANTOS, 1994, p. 98), para afirmar que os aspectos 
morfoclimáticos ocorrem segundo complexos fatores que representam combinações 
fisiográficas regionais diferenciadas e objetivas, ou seja, os domínios morfoclimáticos baseiam-
se, em grande parte, nos grandes quadros da distribuição da vegetação. Ainda de acordo 
com Ab’Saber (apud BIGARELLA; BECKER; SANTOS, 1994, p. 101), existem seis domínios 
morfoclimáticos no Brasil, os quais evidenciaremos a seguir (Figura 5):
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Figura 5 – Domínios morfoclimáticos e fitogeográficos do Brasil.
Domínio dos chapadões tropicais recobertos por 
cerrados e penetrados por florestas de galerias
Esse domínio é caracterizado pela existência de duas estações, uma chuvosa e outra 
seca. Apresenta superfícies de aplainamentos extensivos com relevos residuais e, via de 
regra, os planaltos são mantidos por lateritas, muitas vezes expostas na superfície. Tais 
formações ferruginosas atestam a vigência regional de ambientes tropicais de clima sazonal 
e de vegetação de cerrado.
Figura 6 – Chapada dos Guimarães.
Lateritas
 A laterita é o resultado 
de um longo processo de 
transformação no interior 
do solo, iniciando-se com 
a ação da chuva que infiltra 
no solo, provocando a 
lixiviação que é a lavagem 
do mesmo, carreado o 
óxido de ferro, alumínio e 
sílica, cuja alternância de 
secagem e umedecimento, 
provocado pelo clima 
tropical, provoca um 
endurecimento irreversível 
resultando numa rocha de 
cor vermelha a roxa que 
é a laterita. Fonte: <http://
www.aquallun.com.br/
laterita.htm>. Acesso em: 
16 mar. 2009.
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Domínios das regiões serranas 
tropicais úmidas ou de “mares de morros” 
extensivamente florestados
Distribui-se de Norte a Sul, principalmente ao longo da região atlântica. Sua morfogênese 
caracteriza-se pela predominância de processos químicos de alteração e de movimentos de 
massa generalizados. As rochas encontram-se muito decompostas, propiciando uma cobertura 
intempérica bastante espessa. A vegetação primária da região se caracteriza pela floresta 
pluvial tropical.
Figura 7 – Mares de morros – região sudeste
Domínio das depressões interplanálticas 
semiáridas do Nordeste
Trata-se de uma região de depressões interplanálticas marcada por níveis erosionais. 
Mostra-se revestida de maneira extensa por diferentes tipos de caatingas, manifestando-se 
num ambiente semiárido. As chuvas, muito irregulares e escassas, concentram-se em poucos 
meses do ano.
Figura 8 – Parque Nacional Serra da Capivara/PI
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Domínio das terras baixas equatoriais 
extensivamente florestadas da Amazônia
O maior domínio morfoclimático do país encontra-se numa região equatorial e 
subequatorial constituída de planícies de inundação e de tabuleiros extensos (ou seja, paisagem 
de topografia plana e de baixa altitude). Ocorrem chuvas bem distribuídas durante o ano, o 
que faz com que todas as bacias hidrográficas sejam perenes.
Figura 9 – Terras baixas florestadas
da Amazônia
Domínios dos planaltos de araucária
Esse domínio morfoclimático caracteriza-se pelo clima subtropical úmido, com inverno 
relativamente brando, sujeito a geadas e eventuais nevadas. São planaltos com elevações 
médias em torno de 700 a 1000 metros, sendo que tais planaltos se mostram como extensos 
interflúvios tabuliformes e com vertentes suavemente convexas.
Figura 10 – Floresta de Araucária/PR
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Atividade 3
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O que são “domínios das faixas de dobramentos e coberturas 
metassedimentares associadas”? Onde ocorrem?
O que caracteriza o domínio das terras baixas equatoriais extensivamente 
florestadas da Amazônia?
Qual a principal característica do domínio dos planaltos de araucária?
Explique a formação do domínio das depressões interplanálticas 
semiáridas do Nordeste.
Domínio dos campos das 
coxilhas subtropicais do Rio Grande do Sul
Este é o menor domínio morfoclimático brasileiro. Corresponde a uma paisagem de 
zonas temperadas úmidas e subúmidas sujeitas a alguma estiagem de fim de ano. O conjunto 
paisagístico engloba o que se chama pradaria, ou seja, uma ausência de árvores e arbustos, 
exceto nas depressões abrigadas ao longo dos cursos d’água. Portanto, inclui campos nas 
encostas suaves e florestas de galeria nas calhas fluviais.
Figura 11 – Coxilhas – Morros e ondulações suaves/RS
Considera-se ainda o fato de que vários domínios morfoclimáticos não apresentam limites 
nítidos, ocorrendo uma faixa de transição de complexidade variada. Nas regiões limítrofes, 
geralmente os vários domínios se interpenetram e se misturam em “mosaicos” complexos.
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O atual conceito analítico 
do relevo brasileiro
Como você pode perceber, o estágio de conhecimento da Geomorfologia nos leva a constatar o fato de que o relevo se constitui apenas como um dos componentes da litosfera. Além disso, ele está intrinsecamente relacionado com as rochas que o 
sustentam, com o clima que o esculpe e com os solos que o recobrem. Assim, as formas 
diferenciadas do relevo decorrem de ações simultâneas; porém, de um lado estão as atividades 
climáticas, e do outro estão as atividades inerentes à estrutura litosférica.
Lembremo-nos ainda do fato já constatado de que o dinamismo – tanto do clima como da 
estrutura – não se comporta sempre de forma igual, ou seja, ao longo do tempo e do espaço 
ambos se modificam continuamente. Logo, esses elementos permitem-nos considerar que 
as formas superficiais do planeta e os demais componentes da natureza são dinâmicos, e 
consequentemente estão em permanente evolução.
Essa concepção, referente às interações de forças entre os componentes da atmosfera 
e da litosfera, implica na compreensão de que as formas de relevo terrestre são o produto da 
ação dos processos endógenos e exógenos.
As forças endogenéticas se manifestam na estrutura superficial do planeta por intermédio 
das forças ativas e passivas. Porém, enquanto as roças ativas manifestam-se pela dinâmica 
da litosfera através da tectônica de placas, como já foi visto, as forças passivas se manifestam 
de modo desigual, em função dos diferentes tipos de rochas e seus arranjos estruturais, 
oferecendo uma menor ou maior resistência ao desgaste.
Assim, o dinamismo exógeno se caracteriza por uma ação constante, porém em lugares 
diferentes, tanto no espaço quanto no tempo. Essa constatação se explica pelas características 
climáticas locais ou regionais, atuais ou passadas. Logo, como já sabemos, os processos de 
intemperização esculpem e dinamizam as formas do relevo a partir do elemento motor externo, 
ou seja, a energia do Sol que atinge a superfície terrestre.
Os pressupostos aqui explicitados, intrinsecamente associados aos conceitos de 
morfoestrutura e morfoescultura, fornecem uma nova direção teórico-metodológica para os 
estudos da Geomorfologia. Baseado em tais princípios, Ross (1992) propôs uma classificação 
do relevo terrestre em três categorias genéticas que consideram os elementos da geotextura, 
os elementos da morfoestrutura e também os elementos da morfoescultura. 
Aqui, é importante destacar, de acordo do Ross (1992), que não se pode confundir o conceito 
de morfoclimática com o de morfoescultura, pois enquanto o primeiro refere-se aos domínios 
ou zonas morfoclimáticas, determinadas pelas condições climáticas atuais, a morfoescultura 
caracteriza-se pelo estado atual de um determinado ambiente ou unidade geomorfológica cuja 
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similaridade genética a individualiza no cenário paisagístico. Assim, a morfoestrutura é marcada 
por padrões de fisionomias de relevo, desenvolvidas ao longo do tempo.
Os elementos da geotextura correspondem às grandes feições da crosta terrestre, estando 
sempre associados às manifestações amplas da crosta, como a deriva dos continentes por 
movimentação das placas tectônicas.
Já os elementos das morfoestruturas constituem-se em extensões menores, estando 
representados por determinadas características estruturais, litológicas e geotectônicas que 
estão associadas às suas gêneses. Como exemplo, temos as bacias sedimentares, os cinturões 
orogênicos e as plataformas ou crátons. Essas unidades estruturais definem, portanto, os 
padrões de relevo que lhes são inerentes.
Como você pode perceber, enquanto a morfoestrutura se mostra na escala temporal, 
como algo mais antigo, a morfoescultura tende a ser de idade menos antiga, já que só 
pode ser esculpida sobre a morfoestrutura. Melhor dizendo, não é possível haver unidades 
morfoesculturais sem que se tenha primeiro as unidades morfoestruturais. Portanto, a 
morfoestrutura se constitui taxonomicamente e temporalmente diferente da morfoescultura.
Veja você que a proposição taxonômica de Ross (1992) estabelece uma ordem para o 
relevo terrestre calcada nos aspectos conceituais já explicitados. Ressalta-se que o estrutural e o 
escultural estão presentes em qualquer tamanho de forma, embora suas categorias – de tamanho, 
idade, forma e gênese – sejam identificadas separadamente; portanto, em categorias distintas.
A seguir, apontamos a hierarquização taxonômica proposta por Ross (1992) para o 
relevo brasileiro:
 ƒ O primeiro táxon – são unidades morfoestruturais representadas pelos cinturões 
orogênicos e pelas bacias sedimentares.
 ƒ O segundo táxon - são unidades morfoestruturais representadas por planaltos, serras 
e depressões contidas em cada uma das morfoestruturas.
 ƒ O terceiro táxon – são unidades morfológicas ou de padrões de formas semelhantes, ou 
ainda tipos de relevo representados por diferentes padrões de formas que são semelhantes 
entre si. Tais unidades são identificáveis em cada uma das unidades morfoestruturais e 
morfoesculturais.
 ƒ O quarto táxon - são formas de relevo que correspondem a cada uma das formas 
encontradas nas unidades dos padrões de formas semelhantes. Dessa forma, se um 
determinado padrão de rugosidade topográfica se distingue por um conjunto de colinas 
onde prevalecem determinadas características morfológicas, cronológicas e genéticas, 
cada uma das colinas desse conjunto corresponde a uma dimensão individualizada
do todo.
 ƒ O quinto táxon - são grupos, elementos ou partes de cada forma identificada e 
individualizada em cada conjunto de padrão de forma. Portanto, aqui se encontra a 
representação dos tipos de vertentes como as côncavas, as convexas, as retilíneas e 
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as planas. Tal diversificação se explica pelas diferenças de declividade; assim sendo, além 
de identificarmos as vertentes pelas suas morfologias, precisamos também identificá-las 
pela declividade dominante.
 ƒ O sexto táxon – são formas menores produzidas pelos processos atuais, ou ainda as 
formas geradas pela ação antrópica. Tratam-se daquelas formas produzidas ao longo das 
vertentes, destacando-se os sulcos, ravinas, voçorocas, cicatrizes de deslizamentos 
de terra, depósitos coluviais ou de movimentos de massa, depósitos fluviais (como 
bancos de areia e assoreamentos nos rios), cortes e aterros provocados pelo homem.
Por fim, queremos deixar bem claro para você que essa abordagem taxonômica de 
Ross (1992) tomou como base o já citado Projeto RADAMBRASIL, e considera, para o 
território brasileiro, a existência de 28 unidades de relevo, divididas em planaltos, planícies 
e depressões. São 11 planaltos, aqui compreendidos resumidamente como formas de 
relevos elevados, com altitudes variáveis, que oferecem maior dificuldade à erosão; são 11 
depressões, identificadas como áreas rebaixadas em relação aos planaltos, como consequência 
da erosão, localizadas entre as bacias sedimentares e os escudos cristalinos; e 6 planícies, 
que são unidades de relevo geologicamente muito recentes, cuja formação se dá em função 
da sucessiva deposição de material de origem continental ou marinha em áreas planas.
Para você, qual o conceito de relevo analítico brasileiro?
Com base no que foi visto na aula, defina os conceitos de morfoestrutura 
e morfoescultura.
Com base em Ross (1992), descreva a hierarquização taxonômica para 
o relevo brasileiro em suas várias características.
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Resumo
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Nesta última aula, mostramos os aspectos da Geomorfologia do Brasil a partir da 
perspectiva taxonômica, enfatizando o fato de que, no atual contexto analítico, a 
compreensão conceitual do que seja morfoestrutura e morfoescultura ocupa um 
lugar central na formatação das mais recentes classificações do relevo brasileiro.
Autoavaliação
Como se dá o processo de hierarquização na classificação das formas de relevo?
Por que devemos atentar para as diferenças entre os conceitos de morfoclimatologia 
e morfoescultura?
Referências
BIGARELLA, João José; BECKER, Rosemari Dora; SANTOS, Gilberto Friedenreich dos. Estrutura 
e origem das paisagens tropicais e subtriopicais. Florianópolis: Editora da UFSC, 1994. 
CUNHA, Sandra Baptista da; GUERA, Antônio José Teixeira (Org.). Geomorfologia do Brasil. 
Rio de Janeiro: Ed. Bertand Brasil, 1998.
GUERRA, Antonio José Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista (Org.). Geomorfologia: uma 
atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 1995.
______. Geomorfologia e meio ambiente. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 1996.
ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. O registro cartográfico dos fatos geomorfológicos e a 
questão da taxonímia do relevo. Revista do Departamento de Geografia, São Paulo: FFLCH 
– USP, n. 6, p. 17 – 30, 1992.
______. Planaltos, planícies e depressões. In: ______. Geografia do Brasil. São Paulo: Editora 
da USP, 1998. 
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Anotações
AULAS
EMENTA
> Elias Nunes
> Orgival Bezerra da Nóbrega Junior.
Noções básicas sobre a origem, idade, evolução, principais minerais e rochas constituintes da Crosta Terrestre. Fornecer 
uma visão sobre as dinâmicas internas e externas da Terra. Principais estruturas geológicas e deformações das rochas. 
Definição e perspectiva da geomorfologia. Sistema geomorfológico. Teorias geomorfológicas. Controle estrutural e 
climático. Exemplo de caso de uso e aplicação em geomorfologia.
Geografia Física I – GEOGRAFIA
AUTORES
2º
 S
em
es
tre
 d
e 
20
08
Im
pr
es
so
 p
or
: G
rá
fic
a 
Te
xf
or
m
01 Abordando o planeta
02 A teoria unificadora
03 O ciclo da matéria
04 Minerais e rochas
05 Geologia física
06 Geologia histórica e do Brasil
07 A interação geossistêmica
08 Morfologias associadas aos processos endógenos
09 Morfologias associadas aos processos exógenos
10 Geomorfologia do quaternário
11 Geomorfologia ambiental
12 A geomorfologia do Brasil
VERSÃO DO PROFESSOR
Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________
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VIS
ÃO
Aula 12 Geografia Física I 
AULAS
EMENTA
> Elias Nunes
> Orgival Bezerra da Nóbrega Junior.
Noções básicas sobre a origem, idade, evolução, principais minerais e rochas constituintes da Crosta Terrestre. Fornecer 
uma visão sobre as dinâmicas internas e externas da Terra. Principais estruturas geológicas e deformações das rochas. 
Definição e perspectiva da geomorfologia. Sistema geomorfológico. Teorias geomorfológicas. Controle estrutural e 
climático. Exemplo de caso de uso e aplicação em geomorfologia.
Geografia Física I – GEOGRAFIA
AUTORES
2º
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08
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or
m
01 Abordando o planeta
02 A teoria unificadora
03 O ciclo da matéria
04 Minerais e rochas
05 Geologia física
06 Geologia histórica e do Brasil
07 A interação geossistêmica
08 Morfologias associadas aos processos endógenos
09 Morfologias associadas aos processos exógenos
10 Geomorfologia do quaternário
11 Geomorfologia ambiental
12 A geomorfologia do Brasil
VERSÃO DO PROFESSOR
Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________
 1 
 
 
CENTRO CIENTIFICO CONHECER 
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Classificação do relevo brasileiro 
 
 
Existem várias classificações do relevo brasileiro, destacando-se as dos professores 
Aroldo de Azevedo, Aziz Nacib Ab'Saber e Jurandyr Ross, sendo esta a mais recente. 
 
Uma das classificações enfatiza o chamado nível altimétrico, onde a classificação de 
Aroldo de Azevedo é a mais tradicional. Leva em conta, principalmente, o nível altimétrico 
como fator de determinação do que seja um planalto ou uma planície. 
 
A mais antiga divisão do relevo brasileiro foi feita na década de 1940 pelo professor 
Aroldo de Azevedo e serviu de base para todas as outras divisões feitas posteriormente. 
Ao elaborar sua divisão, ele levou em conta principalmente as diferenças de altitude. 
 
Conforme isso, as planícies foram classificadas como as partes do relevo relativamente 
planas com altitudes inferiores a 200 metros. Por sua vez, os planaltos foram 
considerados as formas de relevo levemente onduladas, cujas altitudes superam 200 
metros.
Essa classificação divide todo o território brasileiro em planaltos, cuja área total ocupa 
59% de toda a superfície do país, e planícies, que ocupam os 41% restantes. 
 
 
 
 
No final da década seguinte, de 1950, o geógrafo e professor Aziz Nacib Ab’ Saber 
aperfeiçoou a divisão do professor Aroldo de Azevedo, introduzindo critérios 
 2 
geomorfológicos, especialmente as noções de sedimentação e de erosão. As áreas nas 
quais o processo da erosão é mais intenso do que o de sedimentação foram chamadas 
de planaltos. As áreas em que o processo de sedimentação supera o de erosão foram 
denominadas planícies. 
 
 
 
Percebe-se assim, que essa classificação não leva em conta as cotas altimétricas do 
relevo, mas os aspectos de sua modelagem, ou seja, a geomorfologia. 
 
 
 
 
Já o professor Jurandyr Ross, precisamente em 1989, elaborou uma outra classificação 
do relevo, dessa vez usando como critério três importantes fatores geomorfológicos: 
 
 
 
 
OBS: Essa divisão é considerada inovadora, uma vez que conjuga o passado geológico e 
o passado climático com os atuais agentes escultores do relevo. 
 
 
 
 
 
 A morfoestrutura – origem geológica; 
 O paleoclima – ação de antigos agentes climáticos; 
 O morfoclima – influência de atuais agentes climáticos. 
 3 
 
 
 
Baseado nisso, o professor Ross identifica três tipos de relevo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Planaltos – porções residuais salientes do relevo, que oferecem mais resistência 
ao processo erosivo; 
 Planícies – superfícies essencialmente planas, nas quais o processo de 
sedimentação supera o de erosão; 
 Depressões – áreas rebaixadas por erosão que circundam as bordas das bacias 
sedimentares, impondo-se entre estas e os maciços cristalinos. 
6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMETRICOs E Tl/os CUJATICOs •• 
/ ' , ; 
o Brasil e urn pais de dimens6es continentais, e a tropicalidade e 
uma de suas principais caracteristicas, como se viiI no Capitulo 1. 
Ainda que se estenda quase que completamente na zona intertro-
pical do Planeta, 0 territorio brasileiro apresenta uma considenivel 
variedade de tipos c1imaticos, 0 que se reflete na forma~ao de urn 
rico e diversificado mosaico de paisagens naturais. 
Alem das caracteristicas geograJicas proprias do "contin>nte13;asil", 
urn con junto de centros de a~ao e de massas de aT quentes, frias, 
umidas e secas participa na forma~ao dos c1imas do Pais. Assim, 
este capitulo dedica aten~ao especial aos mecanismos controladores 
dos tipos de tempos e aos panlmetros quantitativos definidores dos 
c1imas brasileiros para, em seguida, apresentar uma c1assifica~ao 
c1imatica do Pais. 
6.1 Dinamica atmosferica 
o dinamismo da atmosfera brasileira e controlado diretamente por 
seis centros de a~do. As caracteristicas desse dinamismo, bern como 
as das massas de ar produzidas ao longo do ano, compreendem: 
-t:' Na por~ao norte do Brasil, nas proximidades da linha do Equador, encontram-se 
o anticiclone dos A~ores, no hemisferio Norte, e 0 anticic10ne do Atlantico, tambem 
chamado de Santa Helena, no hemisferio SuI, produtores das MEAN (associada aos 
aliseos de NE) e MEAS (associada aos aliseos de SE), respectivamente. Sobre 0 Pais, 
na altura da planicie amazonica, forma-se urn centro de a~ao produtor da MEC que, 
com as duas mass as anteriores, propicia condi~6es de umidade e calor a atmosfera 
regional. As.duas primeiras atuam principalmente na por~ao norte e nordeste do Pais, 
enquanto a ·ultima atua de maneira mais direta no interior do continente e refor~a I,' 
as caracteristicas do verao quente e umido na por~ao centro-suI, influenciando ate 
mesmo localidades como 0 Uruguai e 0 norte da Argentina. 0 avan~o dessas massas 
de ar provenientes do norte deriva chuvas na por~ao norte e centro-suI do Pais, e elas 
atuam pelas linhas de instabilidade e de ondas de calor de norte e noroeste. 
A convergencia intertropical (CIT) exerce importante papel na defini<;ao da dinamica 
atmosferica da por~ao norte e de parte do nordeste do Brasil. A forma~ao de situa~6es 
de calmaria associada aos processos de convec~ao, que tao c1aramente marcam 0 
entorno da linha do Equador, caracteriza as expressivas nebulosidade e pluviosidade 
de toda a area que, por sua posi~ao geograJica e altitude, e, genericamente, quente. 
-t:' Na altura dos 30° de latitude suI, aproximadamente, encontram-se os centros de 
a<;ao tropicais, urn oceanica - anticiclone do Atlantica - e 0 outro continental- depressdo 
do Chaco, caracterizados como semifixos devido a oscila~ao sazonal leste-oeste de 
Prof Cliudia ftF Sah6ia de A~~ 
", -J,/FPI 
, . 
J &.e.. CliMATOLOGIA: no(oes basicas e dimas do Srasil 
suas posit;;6es. Essa movimenta<;:ao decorre da varia<;:ao anual de suas condi<;:i5es baro-
metricas, pois ha uma expressiva diferenc;:a entre 0 balanc;:o de radiac;:ao continental e 
oceanica nas estac;:oes de inverno e verao. 
Apresentando melhor desempenho sobre 0 continente na estac;:ao de verao, as duas 
massas de ar dali resultantes, a MTA e a MTC, reforc;:am as caracteristicas das elevadas 
temperaturas no centro-suI, leste e suI do territ6rio brasileiro entre setembro e abril. 
A MTA, por meio das ondas de calor de leste e de nordeste, contribui para a elevac;:ao 
dos totais pluviometricos da area, enquanto a MTC atua na reduc;:ao da umidade em 
alguns curtos periodos nessa epoca do ano. 
'f;" 0 anticiclone migrat6rio polar que afeta 0 Brasil origina-se pelo acumulo de ar 
polar nas regioes de baixas pressoes da zona subpolar do Pacifico SuI, que se desloca 
de sudeste para nordeste e se subdivide .em dois ramos devido ao atrito e bloqueio 
exercidos pela cordilheira dos Andes, forniando a MPA e a MPP. 0 ar produzido nessa 
latitude possui as caracteristicas de baixas temperatura e umidade, porem, it medida 
que avanc;:a em direc;:ao norte, adquire umidade e as temperaturas elevam-se. A expres-
siva participac;:ao da MPA nos dimas do Brasil resulta em urn consideravel controle 
exercido pelo mesmo na formac;:ao dos tipos de tempo do Pais, notadamente na porc;:ao 
centro-suI e oriental, caracterizando os processos frontogeneticos (FPA) e a estac;:ao de 
inverno dos dimas brasileiros. Esse sistema atua, em boa parte das vezes, por meio 
das ondas de frio de leste e de sudeste. 
A FPA e urn fator importante no controle dos dimas do Pais, pois atua permanentemente 
na porc;:ao centro-suI e participa do controle dos dimas da porc;:ao centro-norte-nordeste, 
particularmente em parte do outono, inverno e primavera. Uma pflrcela consideravel 
do dinamismo das chuvas e da circulac;:ao atmosferica dessas areas tern origem nos 
processos frontogeneticos da FPA. 
Tambem a essa latitude encontra-se, sobre 0 oceano Atlantico, a depressiio do mar de 
Weddel, celula de baixas press6es mantida pelos cidones transientes formados nas 
latitudes medias e subtropicais que se propagam para sudeste. Em oposic;:ao a ela, 
atuam as depress6es do Chaco e da Amazonia, que atraem em direc;:ao norte os siste-
mas polar e tropical. 
Associada it variac;:~o sazonal do balanc;:o de radiac;:ao e aos fatores 
geognificos, it atuac;:ao dos sistemas atmosfericos, ao longo do ano, 
possibilita a compreensao da formac;:ao dos dimas do Brasil a partir 
de sua genese. 
6.2 Variabilidade temporo-espacial da temperatura do ar 
A distribuic;:ao das temperaturas no Brasil segue 0 padrao latitudinal 
de distribuic;:ao de energia no globo terrestre e, conseqiientemente, 
das zonas dimaticas, em decorrencia da disposic;:ao do territ6rio 
brasileiro e de sua localizac;:ao geografica. A distribuic;:ao das tempe-
raturas medias anuais crescentes de suI para norte evidencia essa 
similaridade, reforc;:ada pelo fato de 0 Pais nao apresentar nenhuma 
140 
/' 
'f 
6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVrOMETRICOS E TIPOS CLIMATICOS ... A 
fei~ao topogrMica notavel
a ponto de a desconfigurar de forma 
acentuada. 
A configura~ao do Pais (assim como 0 continente sul-americano) 
assemelha-se a urn triangulo isosceles, com urn dos vertices apontan-
do para 0 suI e a base, para 0 norte. A maior parte do territorio 
brasileiro (94%) esta inserida nas zonas dimaticas equatorial (55%) 
e tropical (39%), 0 que the confere uma 
predominancia de dimas quentes com fracas 
amplitudes termicas. Os 6% restantes corres-
pondem ao setor meridional brasileiro, que 
esta induido na faixa dimatica subtropical, 
onde as temperaturas sao, em media, mais 
baixas e as amplitudes termicas mais acentu-
adas que na zona dimatica equatorial. Temperatura media I'Ci 
<16 22,1-24 
-
A variabilidade termica do esparo brasileiro, 
retratada por meio de seus valores medios 
anuais, expressa tambem a importante a~ao 
do relevo e da dinamica das massas de ar 
que nele atuam. As isotermas da Figura 6.1 
espelham as temperaturas medias anuais 
referentes ao periodo de 1961 a 2001. 0 
tra~ado de isolinhas implica uma homoge-
neiza~ao e interpola~ao dos dados, 0 que, 
somado it escassez de esta~oes meteorologi-
cas das regioes brasileiras mais interiorizadas 
(Figura 6.2), notadamente nas Regioes Norte 
e Centro-Oeste; resulta em uma certa genera-
liza~ao da varia~ao espacial da temperatura 
no Pais. 
1Iil16-18 D 24,1-26 
.18,1-20 II!J >26 
.20,1-22 
o lOOkm 
No Brasil, as mais elevadas temperaturas 
medias anuais estao compreendidas entre 
26,1°C e 28°C e ocorrem ao longo da plani-
cie do rio Amazonas e do setor norte da 
planicie costeira, regiao que sofre a atua~ao 
da MEC e MEA. Essa regiao possui fana 
disponibilidade de energia devido it locali-
za~ao na faixa latitudinal entre 7° S e 5° N, 
onde 0 angulo de incidencia da radia~ao 
solar apresenta valores elevados no decor-
rer do ano. Alem dessas caracteristicas, a 
area e palco de encontro dos ventos aliseos 
Medias historicas sazonais 
Verao Dutono 
-Inverno o 1.000km Primavera 
Temperatura media (oC) 
0<14 16,1-18 .20,1-22 24,1 -26 
14-16 .18,1-20 22,1-24 n >26 
~. 
Fig. 6.1 Brasil: temperatura media anua{ e sazonal 
(1961-2001) 
Fonte: Eduardo II. de Paula (base cartogrdfica: IBGE 
dodos meteorol6gicos: fNMET/ numero de esta~oes: 227). 
141 
1 
~ 
f &..t. CLiMATOlOGIA: no(oes basicas e <limas do Brasil 
8.2212 
82331' • 2240 
82533· 
82704 
o 300km 
-
83997 
(quentes), provenientes de nordeste e sudeste (que caracterizam a 
ZCIT), e da atua~iio das mass as de ar equatoriais e tropical. A partir 
desse setor setentrional, ha urn gradativo rebaixamento das tempera-
turas em dire<;iio ao sui do Pais. E nessa por~iio nordeste do Pais que 
se insere a regiao brasileira onde sao alcan<;ados os maiores valores 
medios de temperaturas maximas, superiores a 32°C, abrangendo 
boa parte do dominio da caatinga e a por~ao NW do cerrado, como 
mostra a Figura 6.3. 
Sob 0 efeito da continentalidade, a classe seguinte de temperaturas 
medias amiais (24,1°C a 26°C) ocorre na maior area nacional. Esten-
dendo-se de forma diferenciada do litoral para 0 interior do Pais, ela 
abrange, no setor oriental brasileiro, estreita faixa correspondente 
aos Estados que vao do Rio Grande do Norte ao norte da Bahia. 
Contudo, interiorizando-se para oeste, essa faixa termica alarga-se 
para norte e para sui nas terras onde predominam os cerrados e parte 
da floresta amazonica (atua~ao da MEC, MTC e MTA), compreen-
dendo os Estados do Tocantins, Mato Grosso, Rondonia, Acre, norte 
de Goias e sui do Para e do Amazonas. 
Inserida totalmente na faixa tropical brasileira, a distribui<;ao das 
temperaturas medias anuais da classe subseqiiente (22,1 °c a 24°C) 
142 
Fig. 6.2 Parte das estDt;OeS 
selecionadas para confec-
t;ao dos C/imatogramas 
Fonte: Eduardo V. de Paula 
(fBGE). 
.. 
I 
6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMtTRICOS E TIPOS CLiMATICOS ...a 
passa a denotar de maneira mais demarcada a influencia do relevo 
e a a~ao moderadora das incurs6es mais avan~adas da massa polar 
atlantica (MPA). Controlada expressivamente pelas principais serras 
e chapadas de grande parte da por~ao sudeste do Brasil, extremo suI 
do Nordeste e da Regiao Centro-Oeste, essa zona termica estende-
se do litoral centro-suI da Bahia, do Estado 
do Espirito Santo e de grande parte do Rio 
de Janeiro ate 0 Pantanal sul-mato-grossen-
se, perpassando por quase todo 0 Estado de 
Minas Gerais e pelo centro-sul do Estado de 
Goias. 
Ainda na zona tropical, em seu setor meridio-
nal, ha uma faixa de transi~ao entre os dimas 
quentes e os dimas frios do Pais, em que as 
temperaturas medias anuais relativamen-
te baixas, que variam dos 19,1°C aos 22°C, 
demarcam a a~ao mais efetiva da MPA. Esses 
valores de temperaturas anuais figuram nos 
Estados do Parana (norte), Mato Grosso do 
SuI (sul) e Sao Paulo, adentrando-se no suI 
de Minas Gerais sob efeito da topografia da 
serra da Mantiqueira . 
E na Regiao SuI brasileira, inserida na faixa 
dos dimas subtropicais, sob as rotineiras 
incurs6es da MPA, que ocorrem os valores 
mais baixos de temperatura. Os indices ter-
micos anuaissao inferiores a 19°C, sendo 
acentuados pela a~ao das serras gaucha e 
catarinense, que for~am as temperaturas 
medias anuais para valores entre 16°C e 
17°C. Nessa regiao sao registradas as menores 
medias de temperaturas minimas, inferiores 
a lo°C, demarcando os locais mais frios do 
Pais (Figura 6.4). No Estado do Parana, esses 
valores sao registrados em sua por~ao mais 
meridional e nas maiores eleva~6es da serra 
do Mar. 
A atua~iio das massas tropical atlantica 
(MTA), tropical continental (MTC) e equato-
rial continental (MEC) no ambito da Regiao 
Temperatura maxima 
media I'Ci 
0<20 
11 20 . 22 
22,1·24 
24,1·26 
[] 26,1·28 
iii! 28,1·30 
.30,1.32 
• >32 
Medias historicas sazonais 
Verno 
-o 500km 
Outono 
-o 1.000km Invemo 
Temperatura maxima media (ee) 
Primavera 
0<20 22,1-24 
III 20-22 24,1-26 
26,1-28 
I2J 28,1-30 
II 30,1·32 
.>32 
Fig. 6.3 Brasil: temperatura maxima anua! e sazona! 
(1961-2001) 
Fonte: Eduardo V. de Paula (base cartogrdfica: IBGE 
dados meteorol6gicos: INMETI numero de estafoes: 
240). Ij 
i .1 143 I ~l,~1 ___________________________ 1 
~., CLlMATOlOGIA: no~6es basicas e dimas do Brasil 
SuI, particularmente nas estac;oes de verao, 
outono e primavera, atestam elevados indices 
termicos. 
A sazonalidade termica no Pais somente e 
expressiva nas suas porc;oes mais meridionais, 
uma vez que a maior parte de seu territario 
encontra-se inserida na faixa intertropical, 
onde as estac;oes sao preferencialmente demar-
cadas mais pelas chuvas que pelas amplitu-
des termicas. 0 fato de 0 territario nacional 
apresentar ampla extensao latitudinal, esten-
dendo-se de pouco mais de 4° N a pouco menos 
de 340 S de latitude, organiza a distribuic;ao 
de energia solar incidente (ver Capitulo 3), 
de modo a favorecer elevadas temperaturas 0 
ano todo nas latitudes correspondentes a sua 
porc;ao intertropical. As excec;oes ficam por 
conta das serras mais elevadas dessa porc;ao 
do territario, que amenizam as altas tempera-
turas de verao. 
No inverno, a atuac;ao da MPA, em consar-
cio com a diminuic;ao da disponibilidade de 
energia solar, responde pelas baixas tempera-
turas medias de toda a Regi1io SuI, parte do 
suI da Regiao Centro-Oeste e boa parte da 
Regi1io Sudeste.A predominancia da atuac;ao 
da MPA e sua maior capacidade em rebaixar 
as temperaturas nesta epoca legitimam os 
valores medios ipferiores a l8°C. 
Contudo, 0 inverno gera condic;oes para que os 
avanc;os da MPA ganhem terreno no Pais, para 
amenizar as suas temperaturas medias de 40 S 
a cerca de 23° S de latitude, constituindo uma 
faixa onde seus valores variam de 25°C a l8°C, 
notadamente nas areas serranas e nas chapa-
das. Nas ocasioes em que 0 Pais.e dominado 
Temperatura minima 
media (eC) 
[l.I <10 
.10-12 .18,1-20 
.12,1-14 .20,1-22 
.14,1-16 • >22 
Medias historicas sazonais 
Verao 
-o 500km 
Dutono 
-
o l.OOOkm 
Inverno 
Temperatura minima media (oC) 
~<10 .12,1-14 
.10-12 .14,1-16 
Primavera 
.-~---:; 
'..:...: 16,1-18 
~ 181-20 ~ , 
Fig. 6.4 Brasil: temperatura minima anual e sazonal 
(1961-2001) 
Fonte: Eduardo V. de Paula (base cartogr6fica: IBGE 
dados meteorol6gicos: INMETlnumero de esta~6es: 
229). 
por vigorosas incursoes da MPA, de rapida e ampla capacidade de 
penetrac;ao no continente, ha, na Regiao Norte, significativa reduc;ao 
de suas temperaturas minimas de inverno, alcanc;ando indices entre 
14°C e 17°C, 0 que caracteriza 0 fenomeno conhecido como friagem. 
144 
i '. 
i 
I 
I 
,I 
U 
6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMETRICOS E TIPOS CUMATICOS ~ 
Nessas ocasioes, 0 suI do Pais fica sujeito a fortes geadas, a tempera-
turas minimas inferiores a DOC e a ocorrencia de precipita<;ao niveal 
em suas terras mais elevadas. 
No verao, com a farta disponibilidade de energia tfpica da epoca e 
com a MPA enfraquecida e apresentando uma rota de avan<;o mais 
oceanica e de menor extensao em seus deslocamentos, 0 Pais e 
dominado pelas massas de ar tropicais e equatoriais. Nesse perio-
do, a maior parte do Pais - Regiao Centro-Oeste, praticamente toda 
a Regii'io Norte e grande parte da Nordeste - alcan<;a temperatu-
ras medias anuais entre 24°C e 26°C, sob 0 dominio das massas 
equatorial continental (MEC), equatorial atlantica (MEA), tropical 
continental (MTC) e tropical atlantica (MTA), esta, muitas vezes, 
modificada em pseudotropical continental (pTC). 
Por outro lado, a atua<;ao mais costeira da MPA nessa epoca e a 
influencia do relevo das serras Geral e do Mar no setor oriental 
da Regiao SuI mantem as menores temperaturas medias anuais de 
verao, variando entre 20°C e 22°C. Ja no setor interiorano do SuI do 
Pais, as temperaturas medias anuais figuram entre 23°C e 24°C, em 
decorrencia da propria continentalidade e da atua<;ao das massas 
MTC, MEC, MTA, pTC e MPA, nessa ocasiao extremamente tropica-
lizada, com temperaturas mais elevadas e mais seca. 
As temperaturas medias anuais de verao mais elevadas (entre 27°C 
e 28°C) ocorrem no setor norte do semi-arido nordestino (Estados 
do Ceara e Rio Grande do Norte). Destaca-se a faixa de temperaturas 
entre 26°C e 27°C, correspondente ao Estado de Roraima e ao norte 
do Amazonas e do Maranhao. 
Nas esta<;oes intermediarias, outono e primavera, 0 padrao de varia-
<;ao espacial das temperaturas medias anuais segue as esta<;oes 
precedentes. 
As temperaturas maximas medias registradas no Pais alcan<;am 
indices superiores a 32°C. No verao, esses valores restringem-se 
a grande pal'te do nordeste brasileiro. No inverno, essas elevadas 
temperaturas ocorrem em areas mais restritas dessa regiao e expan-
dem-se para 0 interior do continente, cobrindo boa parte dos Estados 
do Para, Tocantins e Mato Grosso, em grande parte pelo maior poder 
de penetra<;ao que a MTA passa a apresentar nessa epoca do ano e na 
primavera. Por ocasiao dessa esta<;ao, a isoterma de 32°C contorna 
ampla regiao, correspondendo a quase toda a Regiao Norte e Nordes-
te e boa parte da Centro-Oeste, uma vez que ainda e preponderante 
145 
~'" CLiMATOlOGIA: nO~Oe5 basicas e dimas do Brasil 
a atua~ao mais interiorizada da MTC e que essa parcela do territ6rio 
passa a apresentar maiores indices de insola~ao, devido ao desloca-
mento da dedina~ao do Sol para essas latitudes e tambem por ser a 
altera~ao mais seca. 
6.3 Variabilidade temporo-espacial das chuvas 
A distribui<;ao e a variabilidade das chuvas no Brasil estao associadas 
a atua~ao e a sazonalidade dos sistemas convectivos de macro e 
mesoescala e, em especial, dafrente polar atlantica (FPA). 1sso expli-
ca as diferen~as dos regimes pluviometricos encontrados e que se 
expressam na diversidade dimatica do Pais, com tipos chuvosos, 
semi-aridos, tropicais e subtropicais. As chuvas abundantes e relati-
vamente permanentes da Regiao Norte contrastam com a escassez 
e a concentra~ao das chuvas que ocorrem no Nordeste brasileiro. 
A sazonalidade das chuvas mantem-se na Regiao Centro-Oeste, 
embora seus valores sejam significativamente superiores aos nordes-
tin~s. Nas Regi5es Sudeste e Sui, particularmente nesta ultima, as 
chuvas voltam a ser relativamente bern distribuidas ao longo do ano, 
embora com valores inferiores aos da Amazonia. 
A distribui~ao espacial dos totais medios anuais de chuva no Brasil 
(Figura 6.5) coloca em foco os dois grandes contrastes pluviometricos 
do Pais: a Regiao Norte, com as mais elevadas medias (superiores a 
2.800 mm) centradas na Amazonia Ocidental e em parte da planicie 
da foz do rio Amazonas (atua~ao das ZCIT, MEC e MEAN associa-
das), e 0 sertao nordestino, com valores medios anuais entre 1.200 
e menos de 125 mm, pois as massas de ar MEC, MEAs, MTA e MPA 
chegam com umidade insuficiente para produzir chuvas abundantes, 
dentre outros fatotes. 
Alem do setor ama;zonico, todo 0 territ6rio centro-sui do Brasil contra-
p5e-se aos baixos indices do sertao nordestino, com totais anuais 
medios entre 1.500 a 2.000 mm, 0 que the garante farta disponibili-
dade de agua, retratada em sua alta produ~ao agropastoril e em sua 
farta rede hidrogrMica. Entretanto, mais do que os totais de chuva 
que ocorrem no Pais, sao as variabilidades estacional e intra-anual 
que repercutem de forma dramatica na vida dos brasileiros. 
Os problemas gerados pela variabilidade das chuvas, expressos em 
sua escassez ou excesso, atingem desde os "vastos territ6rios dos 
sert5es secos, onde imperam dimas muito quentes e chuvas escas-
sas, peri6dicas e irregulares [00.], provavelmente a regiao semi-arida 
mais povoada do mundo (00') e a que possui a estrutura agraria mais 
146 
".a 6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMtrRICOS E TIPOS CUMATICOS ~ 
rigida" (Ab'Saber, 2003, p. 92), ate as 
longas avenidas da metr6pole paulista-
na - a mais rica do Pais e uma das mais 
pop,ulosas do mundo, que, por ocasiiio 
das chuvas concentradas de verao, vive 
o caos com congestionamentos superio-
res a 100' km. Da mesma maneira, os 
veranicos muito intensos e prolon-
gados na por~ao centro-sui do Pais 
durante 0 inverno repercutem negati-
vamente na produ~ao agricola, e as 
chuvas concentradas de verao desenca-
deiam movimentos de massa nos morros 
ocupados por favelas nas cidades do Rio 
de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, 
entre outras, frequentemente causando 
mortes e consideraveis perdas materiais 
it popula~iio e ao poder publico. 
A maioria das terras brasileiras esta 
inserida na faixa tropical-equatorial 
do globo, 0 que the confere uma distri-
bui~ao temporal das chuvas marcada 
pela sazonalidade, bem como por regi-
mes pluviometricos diversificados. Nos 
quentes veriies tropicais, a maior parce-
la do territ6rio fica it merce dos mais 
elevados indices de chuva. No inverno, 
ao contrario, em grande parte do Pais, 
esses indices ficam muito reduzidos. 
Media historica anual 
Pre(ipita~ao (mm) 
0<750 
II 750-1.000 
• 1.751-2.000 
• 2.001 - 2.500 
• 1.001 -1.250 • >2.500 
• 1.251-1.500 
• 1.501-1.750 
Medias historicas sazonais 
Verao 
Inverno 
Precipita~o (mm) 
0<150 
!II 125-250 
.251-375 
.376-500 
Dutono 
Primavera 
.501-625 
.626-750 
-
o 500km 
-
o 1.000km 
Na RegiiioSudeste, as chuvas de verao 
sao provocadas preferencialmente pela 
atua~ao da frente polar atlantica (FPA), 
que, em suas incursiies, nessa epoca 
mais umida e dinamizada, com a 
presen~a frequente de calhas induzidas, 
geradoras de chuvas, recebe oposi~ao da 
Fig. 6.5 Brasil: pluviosidade media anual e sazonal (1961-2001) 
Fonte: Eduardo V. de Paula (base
cartografica:ANELL 
dados p/uviometricos: INMET). 
massa tropical atlantica (MTA). A intensidade dos tipicos aguaceiros 
estivais, provocados pela FPA, depende da permanencia e das oscila-
~iies da frente, cujas fortes chuvas muitas vezes sao provocadas por 
seu recuo como frente quente. As linhas de instabilidade de noroeste 
(INW) tambem contribuem com os indices pluviometricos dessa 
147 
~" (UMATOLOGIA: no~oes basicas e dimas do Brasil 
epoca, notadamente quando a massa equatorial continental (MEC), 
de acentuada umidade especifica, tern sua atua~ao facilitada pelo 
aprofundamento da massa tropical continental (MTC). Da mesma 
forma, na Regiao Centro-Oeste, os sistemas convectivos das INW sao 
os principais responsaveis pelas chuvas de verao, com as passagens 
da FPA. A ZCAS tern urn papel importante nas chuvas de verao nas 
Regi6es Sudeste e Centro-Oeste. 0 maximo de precipita~ao (Figura 
6.5 - Verao) de Noroeste para Sudeste esta associado it ZCAS. 
Na Amazonia central, as chuvas mais intensas de verao (superiores 
a 521 mm medios mensais) decorrem da forte atividade convecti-
va regional promovida pelos aquecimentos locais gerados na MEC, 
pela intera~ao da convec~ao tropical da Amazonia com a zona de 
convergencia intertropical (ZCIT). Esta ultima, associada aos ventos 
de. leste/nordeste da massa equatorial do atlantico norte (MEAN), 
gera tambem indices pluviometricos elevados no setor atlantica da 
Regiao Norte. Ao alcan~ar sua posi~ao media mais meridional no 
outono, a atuac;:ao da ZCIT garante, a praticamente toda a Regiao 
Norte e ao setor setentrional da Nordeste, indices de chuva iguais ou 
superiores aos de verao. 
No inverno, it exce~ao da faixa litoranea da Regiao Nordeste, da 
por~ao que se estende do suI dos Estados de Mato Grosso do SuI e 
de Sao Paulo ate 0 extremo suI do Rio Grande do SuI, e ainda do 
setor NW da Amazonia, os demais setores do Pais apresentam uma 
sensivel redu~ao nas chuvas, com valores medios mensais inferiores 
a 125 mm, 0 que caracteriza 0 periodo de estiagem. 
Contudo, a dinamica e as particularidades dos sistemas geradores 
de chuvas em tao vasto territ6rio validam as diferen~as regionais de 
pluviosidade nele encontradas. 
A interioriza~ao da massa tropical atlantica (MTA), cuja menor 
umidade hibernal e reforc;:ada pelo seu avan~o para oeste, associada 
ao ramo subsidente das massas equatoriais que agem a partir dos 
alfsios de nordeste e de leste, e a principal responsavel pela diminui-
~ao das chuvas dessa faixa nas Regi6es Norte e Centro-Oeste. 
A escassez, assim como a freqiiente e prolongada ausencia das 
chuvas no sertao nordestino durante 0 inverno, esta associada ao 
desempenho vertical da massa equatorial do atlantico suI (MEAS), 
que atua por meio dos ventos alfsios de sudeste, e estes sao, parado-
xalmente, os responsaveis pelas chuvas de outono e inverno de ate 
500 mm da faixa litoranea umida da regiao. Segundo Nimer (1989, 
p. 10), a MEA 
148 
: 
.j 
, 
! 
j 
6 - BRASil: ASPECTOS TERMOPlUVIOMETRICOS E TIPOS CUMATICOS ,"i~ 
comp6e-se de duas correntes, uma inferior fresca e umida carregada de umidade 
oriunda da evapora~ao do oceano, e outra superior quente e seca, de dire~ao identica, 
mas separada por uma inversao de temperatura, a qual nao permite 0 fluxo vertical do 
vapor. Entretanto, em suas bordas, no doldrum ou no litoral do Brasil, a descontinuidade 
termica se eleva e enfraquece bruscamente, permitindo a ascensao con junta de ambas as 
camadas de alisios. Desse modo, a massa torna-se ai instavel, causando as fortes chuvas 
equatoriais e as da costa leste do continente. 
j Contrapondo-se ao restante do Pais, na Regiao SuI e no setor meridio-
nal de Sao Paulo e do Mato Grosso do SuI, os indices pluviometricos 
medios sazonais sao superiores a 251 mm mensais, como conseqiien-
cia da atua<;ao da FPA ao longo de todo 0 ano. As frentes que causam 
chuvas e ventos fortes na Regiao SuI tembem estao associadas aos 
ciclones extratropicais e aos vortices cicl6nicos em altos niveis. 
Este ultimo sistema tambem atua no Nordeste durante os meses de 
verao. 
I 
1 
'I 
j 
j 
, 
. 
A FPA e a principal agente promotora das chuvas nesse setor do terri-
torio e, quando nao e a responsavel direta, dinamiza as linhas de 
instabilidade descritas anteriormente, causadoras de chuvas tambem 
nessa por<;ao do Pais. 
6.4 Os dimas 
o Brasil apresenta uma consideravel tipologia climatica, decorren-
te diretamente de sua extensao geogrMica e da conjuga<;ao entre 
os elementos atmosfericos e os fatores geogrMicos particulares da 
America do SuI e do proprio Pais. Entre os principais fatores que 
determinam os tipos climaticos brasileiros, destacam-se: 
'I:" a configura~cro geogrdfica, manifestada na disposi<;ao triangular do territorio, cuja 
maior extensao disp6e-se nas proximidades da Linha do Equador, afunilando-se em 
dire<;ao suI; 
'I:" a maritimidadelcontinentalidade, pois 0 litoral tern uma consideravel extensao e e 
banhado por aguas quentes - particularmente a corrente suI equatorial e a corrente 
do Brasil- e frias - corrente das Malvinas (ou Falklands). A disposi<;ao geogrMica do 
"continente Brasil" apresenta uma expressiva disposi<;ao continental interiorana, ou 
seja, uma expressiva extensao de terras que se encontra consideravelmente afastada 
da superficie maritima, formando urn amplo interland; 
'I:" as modestas altitudes do relevo, expressas em cotas relativamente baixas e cujos 
pontos extremos atingem somente cerca de 3.000 m; 
'I:" a extenscro territorial: a extensao geogrMica do Pais apresenta uma area de cerca 
de 8.511 milh6es de km2, localizada entre 5°16'20" de latitude norte e 33°44'32" de 
latitude suI, e 34°47'30" e 73°59'32" de longitude oeste de Greenwich, disposta em 
sua grande maioria no hemisferio Sul- 0 hemisferio das aguas; 
149 
Ii;' ... CUMATOLOGIA: no~fies basicas e climas do Brasil 
:1: 
1] 
1; 
I ~ as formas do relevo, notadamente a distribui~ao dos grandes compartimentos 
de serras, planaltos e planicies que formam verdadeiros corredores naturais para 0 
desenvolvimento dos sistemas atmosfericos em grandes extens6es, principalmente de 
movimenta~ao norte-sui; e 
~ a dinamica das massas de ar e jrentes, sendo que as que mais interferem no Brasil 
sao a equatorial (continental e atlantica), a tropical (continental e atlantica) e a polar 
atlantica, como apresentado na introdu~ao deste capitulo. 
Alem desses fatores, deve-se salientar 0 papel da vegeta~ao e das 
atividades humanas na defini~ao dos tipos climaticos do Brasil, 
pois a intera~ao destes com 0 balan~o de radia~ao e a atmosfera da 
origem a particularidades climaticas regionais e locais no cenario 
brasileiro. 
A consideravel evapotranspira~ao das areas com vegeta~ao exuberan-
te, como a Amazonia e a serra do Mar, alem da altera~ao provocada 
na atmosfera pelas extensas regi6es de agricultura e de localida-
des de expressiva espacializa~ao urbano-industrial, como as areas 
metropolitanas na por~ao litoranea e centro-sui do Pais, devem 
ser mencionadas ao se arrolar os fatores geogrMicos dos climas do 
Brasil. 
Observando-se as caracteristicas da atmosfera relativas ao Brasil e, 
de maneira especial, as condi~6es estaticas e dinamicas particulares 
ao territorio nacional, pode-se constatar a existencia de cinco grandes 
compartimentos climaticos no Pais. Essa divisao, baseada principal-
mente na distribui~ao da temperatura e da pluviosidade registradas 
no con junto da Na~ao, associada as caracteristicas geograficas e a 
dinamica das massas de ar (Figura 6.6), foi aqui acrescida de outras 
caracteristicas e de climatogramas que real~am os sUbtipos de cada 
urn dos grandes tipos c1imaticos brasileiros. 
Os cinco principais tipos c1imaticos do Pais detem urn elevado 
grau de gerieraliza~ao dos elementos c1imaticos, notadamente suas 
medias, em rela~ao
a consideravel extensao dos territorios aos quais 
sao atribuidos. Esses grandes dominios abarcam uma infinidade de 
sUbtipos c1imaticos particulares, que, uma vez analisados, permitem 
conhecer a diferencia~ao interna de cada urn dos grandes tipos aqui 
apresentados. Assim, ao tecer a caracteriza~ao generica dos cinco 
grandes dominios c1imaticos brasileiros, detalhando-os em varios 
subtipos, faz-se uma aproxima~ao a realidade c1imatica do Brasil -
a evidencia de alguns de seus detalhes encontra-se apresentada a 
partir de climatogramas e dos controles atmosfericos relativos a 
cada subtipo. 
150 
, 
! . --------------------------------------------~--~ 
6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMETRICOS E TIPOS CUMATICOS ~ 
~ Massa de ar equatorial 
=-;? continental (MEC) 
~ Massa de ar equatorial ~ atlantica (MEA) 
......... Massa deartropical 
......,. atlantica (MTA) 
Massa deartropical 
continental (MTC) 
Unha do Equador 
.....tIrtrrrr.. Massa de ar polar 
......,. atlantica (MPA) Escala 1 :35.000.000 
• (lima equatorial 
la -sem seca au supenlmido 
lb -com subseca -1 a 2 meses secas 
lc -corn subseca -3 rneses secas 
!!II (lima tropical equatorial 
2a -corn 4 a 5 rneses secas 
2b -com 6 meses secos 
2c -com 9 all meses secas II (lima tropicallitoran~'o do Nordeste oriental 
3a - (am 5 a 7 meses secas 
3b -com 3 a 5 mese5 secos 
3c -com 1 a 1 meses seCDS 
~ (lima tropical umido-seco ou tropical do Brasil (entral 
4a - com 4 a 5 meses secos 
4b -com 6 a 8 meses seCDS 
4c-sem sera 
4d- com 1 a 3 meses secos 
II (lima subtropical umido 
5a -com inverno fresco a frio 
5b -com invemofrio 
Os cinco macrotipos dimaticos do Brasil e seus diferentes sUbtipos 
sao: 
6.4.1 Clima equatorial 
o dima predominante na por~ao norte do Brasil (compreendida 
pelos Estados do Amazonas, Para, Acre, Rondonia, Amapa, e parte 
de Mato Grosso e Tocantins, area que coincide com a floresta amazo-
nica), controlado por sistemas atmosfericos equatoriais (MEC, MEA 
e ZCIT) e tropicais e pertencente ao Grupo I de A. Strahler (dimas de 
latitudes baixas), foi denominado genericamente por Carlos Augusto 
Fig. 6.6 Domfnios 
climaticos do Brasil e 
principais subtipos 
151 
~:. CLiMATOLOGIA: no~oes basicas e dimas do Brasil 
de Figueiredo Monteiro (1968) de clima equatorial umido da Frente 
Intertropical (FIT). Edmond Nimer (1989) classificou·o como perten-
cente ao domfnio climatico quente (evidencia da latitude, altitude e 
maritimidade-continentalidade), com tres subdivisoes relacionadas 
it variabilidade da umidade do ar. 0 IBGE (1997) nominou-o clima 
equatorial. A temperatura media anual deste tipo climatico situa-
se entre 24°C e 26°C; portanto, e clima quente, cujos valores mais 
baixos encontrados nas regioes serranas e os mais elevados, ao 
longo do vale do rio Amazonas, chegam a ultrapassar essas medias. 
De maneira geral, a area e considerada de expressiva homogenei-
dade termica, nao apresentando grande amplitude termica diaria 
ou sazonal devido it umidade atmosferica e it intensa nebulosidade 
serem ali muito elevadas. Setembro e outubro sao considerados os 
meses mais quentes do ano. Em algumas localidades a oeste·sudoeste 
da por~ao norte do Brasil, a temperatura pode atingir 40°C. 
Nos meses de junho a agosto, a temperatura apresenta pequena 
queda em rela~ao aos totais anuais, pois as penetra~oes de frentes 
frias por meio de seu ramo continental podem provocar quedas 
bruscas da temperatura, ocasionando 0 fenomeno regionalmente 
denominado friagem. Nesse momento, a temperatura pode chegar a 
8°C no sudoeste da regiao. 
Em termos de pluviosidade, a por~ao norte do Pais, embora conside-
rada bastante umida e onde se encontram os mais expressivos totais 
pluviometricos, apresenta uma distribui~ao heterogenea, tanto 
espacial quanta temporalmente. Em algumas areas, 0 indice medio 
anual esta acima de 3.000 mm (extremos leste e oeste), ao passo que 
em outras nao passa de 1.600 mm (a noroeste e sudoeste). Ao norte 
da area, 0 perfodo chuvoso ocorre nos meses de inverno, enquanto 
no restante da regiiio se da principalmente no verao. Segundo Nimer 
(1989, p. 390), . 
tratimdo-se de suas earaeteristieas hidricas, verifieamos que a Amazonia possui numerosos 
facies euja distin~ao varia desde a inexisteneia de mes seeo ate a existeneia de 3 meses 
secas, normalmente. 
Os tres sUbtipos do clima equatorial apresentam elevadas temperatu-
ras e quase nenhuma variabilidade termica sazonal; e a variabilidade 
da pluviosidade ao longo do ana que permite identifica-los: 
a) (lima equatorial sem seca ou superumido 
Na por~ao extrema oeste do Estado do Amazonas, forma-se urn 
subtipo c1imatico em que todos os meses apresentam elevadas 
te~p~raturas e umidade/pluviosidade. Alem da elevada evapora~ao 
. :~.,' " . " .. ," '~'., \ 
152 
6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUV!OMtTRICOS E TIPOS CLlMAT!COS ""'~ 
e evapotranspira~ao regional, baixa latitude e forte continentalida-
de, contribui para a defini~ao deste subtipo 0 acumulo de umidade 
trazida pelas incurs6es da MEAN que, deslizando pela planicie 
amazonica e aproximando-se das eleva~6es do relevo, culmina na 
cordilheira dos Andes, concentrando ali a umidade proveniente do 
oceano. A for~a de atrito do relevo sobre a MEAN faz com que 0 
ar se eleve, se condense e caia em forma de chuva naquela regiao, 
que apresenta consideravel nebulosidade. Os c1imatogramas de duas 
localidades (Figura 6.7) do extrema oeste amazonico ilustram este 
subtipo c1imatico (Tabela 6.1). 
Sao Gabriel da (achoeira (AM) 700,---=======---,36 Fonte Boa (AM) 500,------'-==="-------, 
32 
a TI 
E' 500 • • • • 
E 
-c; 400 
.'" 
.[ 300 
~ 200 
100 
- Temperatura media 
28 
24 2: 
20 ~ 
16 ~ 
12 E 
'" 
4 
o 
Fig, 6.7 Climatogramas relativos 00 clima equatorial sem seea ou superumido 
Fonte: Inmet. 
-t;" Observa-se em Sao Gabriel da Cachoeira (AM) uma expressiva regularidade termi-
ca anual e uma pequena varia~ao pluviometrica ao longo do ano: maximo de 400 mm 
no mes de maio e minimo de 200 mm nos meses de novembro e fevereiro. De maneira 
geral, 0 outono e chuvoso, e a primavera, menos chuvosa. 
-t;" Fonte Boa (AM) apresenta tambem regularidade termica e pequena varia~ao pluvio-
metrica anuais. 0 periodo que vai de julho a setembro e 0 menos chuvoso (agosto com 
160 mm), sendo que 0 outono e mais chuvoso (abril e 0 mes de maior pluviosidade, 
com urn total medio mensal de cerca de 300 mm). 
Tabela 6.1 "CIima equatorialsem seca 
LOCAUDADE 
Sao Gabriel da Cachoeira (AM) 
Fonte Boa (AM) 
Fonte: Inmet, 1961-2000. 
TEMPERATURA 
MINIMA (DC) 
21,4 
22,0 
TEMPERATURA 
MEDIA (DC) 
25,5 
25,9 
TEMPERATURA 
MAxIMA (DC) 
31,2 
30,9 
b) (lima equatorial com subseca - urn a dais meses secas 
Distribuindo-se pela por~ao centro-oeste do Estado do Amazonas, 0 
centro-oeste do Estado do Acre e 0 sudoeste do Estado de Roraima, 
bern como pela por~.~o nordeste da regiao (centro-oeste do Estado do 
PRECIPITA,AO 
PlUVIOMETRICA (mm) 
3.416,5 
2.496,7 
Prof Cliuma /IF Sah6i3.tle Afk 
Geografia - 1Jfi!>1 I 
J 
~, CLiMATOLOGIA: no\oes basi"s e ciimas do Brasil 
Amapa e norte-nordeste do Estado do Para), esse sUbtipo apresenta 
elevadas temperaturas em todos os meses do ano, com urn a dois 
meses menos chuvosos ou de subseca. Nessa por~iio do territorio, 
observam-se os mesmos fatores que influenciam 0 sUbtipo anterior, 
todavia, 0 efeito da for~a de atrito do relevo pre-andino niio se faz 
notar neste subtipo, sendo substitufdo, na por~iio nordeste da regiiio, 
pela maritimidade. A atua~iio das massas equatoriais continental e 
maritima (MEC e MEAN) e ali bastante pronunciada, alem da ZCIT. 
Esse subtipo apresenta varia~6es que podem ser observadas nos c1ima-
togramas das cinco seguintes localidades (Figura 6.8 e Tabela 6.2). 
Manaus (AM) 600 Oriximina {PAl
500 
• 
-
M J J A 0 N a 
700,-_____ "'Be"'le"'m"'(P-"AL) -----, 
600 
ESOOe,. a' 
E 
~400~~~B1i ~ 32°000 ~HUll liU] 
" !lJ.i F,'" I%;l'i~ m ~ laO ~ "j :' ~~ ~1 ~l ~~ '~ m 
FMAMJ A 
• • • 
° 
N a 
32 
28 
24 
20 
16 
12 
8 
4 
32 
28 
24 
20 
16 
12 
8 
4 
0 
500 
G E ~ 
.§. 400 
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6001 E ~ 500 • 
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r~ ~ ~ Nl (~ -~ ~~1 rti fW;1 I,M ~ fI;1 ~;~, I", ~!'11 ,','. C,", ,,:,,' l~~, 
F M A M J J A 
Manicore (PA) 
• • • • • • 
r{:l r;:":i ~ jX~ i"';'~ ~~(~'J C?j ~~ eli ~{¥~ !w' ~] ~ 1'/;: ~i,t! r?~a r~ 
F M A M J J A 
32 
28 
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20 
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5 
° 
N 0 
500, ____ "'Cr"'uz"'ei"'ro."do"'S"'u"'l (A",C:L) ____ , 
32 rl Precipita~ao WJj - Temperatura media 
_G _ 
E II "I., ••• 24Y 
..§. 300 -
o 20 c:: 
_ 0 
if. 16~ 
a f 12 t 
1100 I:'" 
o 0 
Fig. 6.8 Climatogramas relativas ao clima equatorial 
com subseca (urn a dais meses secas) 
Fonte: Inmet. 
Tabela 6.2 Ciima equatorial com subseca (urn a dois meses secos) 
LOCALIDADE 
Manaus (AM) 
Belem (PA) 
Cruzeiro do Sui (AC) 
Oriximina (PA) 
Manicore (AM) 
Fonte: Inmet, 1961-2000, 
154 
TEMPERATURA 
MINIMA (oC) 
22,8 
22,3 
19,0 
21,0 
20,5 
TEMPERATURA 
MEDIA (OC) 
26,7 
26,1 
25,3 
24,8 
26,0 
TEMPERATURA 
MAXIMA (OC) 
31,5 
31,6 
31,5 
30,4 
32,0 
PRECIPITA~AO 
PlUVIOMETRICA (mm) 
2.311,9 
2.980,4 
2.195,2 
1.720,4 
2.566,1 
I j 
, ] 
I 
1 
1 
6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMETR[COS E TIPOS CliMATICOS 
-t;" Manaus (AM) apresenta regularidade termica anual com pequena altera~ao na 
primavera e considenivel varia<;ao pluviometrica ao longo do ano. Junho a outubro e 
o periodo menos chuvoso (agosto e 0 de menor pluviosidade, com 60 mm), e mar<;o a 
abril caracteriza-se como 0 periodo chuvoso (350 mm). Os meses de maior tempera-
tura coincidem com aqueles de menor pluviosidade. 
Manaus, como se observa na Tabela 6.3, evidencia a ja ressaltada 
condi<;ao de homogeneidade termica do norte do Brasil, pois apresen-
ta pequena amplitude termica anual, chegando a urn maximo de 
cerca de lOoC de diferen<;a entre a media maxima das temperatu-
ras maximas e a media minima das minimas. Mesmo registrando 
a ocorrencia de temperatura minima absoluta proxima aos 18°C, 
estas diferem-se das maximas absolutas em urn maximo de 20°C. 
o periodo de mais elevadas temperaturas de Manaus ocorre entre 
agosto e novembro, coincidindo em parte com os meses de menor 
pluviosidade. 
Tabela 6.3 Manaus (AM): temperatura do or 
Maxima 
Minima 
MEDIA COMPENSADA (oC) 
Anual Mensal 
27,6 
27,6 
Outubro 
26 
Fevereiro 
MEDIA DAS MAxlMAS (oC) 
Anual Mensal 
31,4 
32,9 
Setembro 
30,4 
Fevereiro 
Fonte: Normais c/imatol6gicas do Brasil, 1961-1990. 
MEDIA DAS MINIMAS (OC) 
Anual Mensal 
23,3 
23,7 
Outubro 
22,7 
Julho 
ASSOLUTA (oC) 
38,2 
04/03/83 
17,7 
20107/81 
-t;" Em Belem (PA), observa-se regularidade termica anual com expressiva varia<;ao 
pluviometrica ao longo do ano: junho a novembro e 0 periodo menos chuvoso, desta-
cando-se 0 mes de outubro (120 mm); 0 mes mais chuvoso e 0 de mar<;o (430 mm). 
Em Belem, nota-se claramente 0 regime de seis meses chuvosos e seis com redu<;ao do 
total de chuvas. 
Comparativamente a Manaus, Belem evidencia uma maior homoge-
neidade termica diaria e sazonal devido a sua localiza<;ao no estuario 
do rio Amazonas, area de mais express iva umidade do ar que aquela, 
em razao da maior influencia da maritimidade no seu clima. Nesta 
por<;ao do Estado do Para, os totais pluviometricos anuais excedem 
3.000 mm, e as chuvas sao bern distribuidas durante 0 ano todo, com 
maior destaque nos meses de verao e outono. 
A diferen<;a entre as temperaturas medias das maximas e das minimas 
(Tabela 6.4) atinge, em Belem, cerca de lOoC, porem, os extremos 
155 
~, CUMATOlOGIA: no\oes basicas e ciimas do Brasil 
absolutos sao inferiores a Manaus em cerca de 2°C na amplitude 
observada no periodo; a amplitude termica geral de BeIem e tambem 
inferior it de Manaus. A linha representativa da temperatura media 
do ar da cidade de Belem (Figura 6.14) retrata a tenue sazonalidade 
termica da cidade, levemente inc1inada para baixo em fevereiro e 
marc;o, meses de menores medias termicas anuais. De maneira geral, 
a temperatura e levemente mais elevada entre outubro e janeiro 
(entre 26,4°C e 26,6°C). 
Tabela 6.4 Be/em (PA): temperatura do ar 
MEDIA COMPENSADA (DC) MEDIA DAS MAxlMAS (DC) MEDIA DAS MfNIMAS (DC) ABSOLUTA (DC) 
Anual Mensal Anual Mensal Anual Mensal 
25,9 31,4 21,9 
Maxima 26,7 32,3 22,6 
Maio 
37,3 
30/03/82 Abril Novembro 
Minima 24,5 30,4 21,6 
Outubro 
18,5 
26/08/84 Fevereiro Mar<;o 
Fonte: Normais Cfimato/6gicas do Brasil, 1961-1990. 
~ Cruzeiro do SuI (AC) apresenta as mesmas caracteristicas que a cidade de Belem, 
porem, junho a agosto e 0 periodo menos chuvoso, julho e 0 de menor quantidade de 
chuvas (70 mm), e fevereiro/marc;o e 0 bimestre mais chuvoso (300 mm). Outubro a 
abril e 0 periodo de maior concentrac;ao das chuvas. 
~ A regularidade termica anual de Oriximina (PA) possui pequena alterac;ao em 
outubro, sendo este 0 mes mais quente e tambem 0 menos chuvoso. Observa-se uma 
consideravel variac;ao pluviometrica anual: setembro a dezembro e 0 periodo de 
menor pluviosidade, outubro e 0 menos chuvoso com cerca de 40 mm e maio e 0 
mais chuvoso.{350 mm). Os meses de maior temperatura coincidem com os de menor 
pluviosidade ..•. 
~ Como nas outras localidades deste sUbtipo c1imatico, em Manicore (AM) tambem 
se observauIl1-a consideravel regularidade termica anual e variac;ao pluviometrica ao 
longo do ano: no periodo menos chuvoso, destaca-se 0 mes de agosto com 50 mm, e 
fevereiro e marc;o como os mais chuvosos (marc;o com 300 mm). 
c) (lima equatorial com subseca - tres meses secos 
Em algumas localidades de c1ima equatorial, particularmente nas 
fronteiras deste dominic c1imatico com 0 c1ima tropical umido-seco 
do Brasil central e no centro do Estado do Para, urn subtipo forma-
se, principalmente pela reduc;ao de pluviosidade em tres meses do 
ano, mesmo mantendo os indices termicos e pluviometricos bastan-
te elevados. 0 efeito da continentalidade sobressai nesse sUbtipo 
c1imatico, bern como a evaporac;ao-evapotranspirac;ao; todavia, os 
efeitos da maritimidade e do relevo pre-andino nao sao marcantes. 
156 
______________________________________________________________ ~ ____ ~~1 
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I. 
6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMtTRICOS E TIPOS CliMATICOS ..-
A atua~ao da MEC, MEAN e ZCIT e definidora desse sUbtipo, que pode 
ser observado nos climatogramas das localidades a seguir (Tabela 6.5 
e Figura 6.9). 
Tabela 6.5 c/ima equatorial com subseca (tres meses secas) 
LOCALIDADE TEMPERATURA TEMPERATURA TEMPERATURA PRECIPITA~ilO 
MfNIMA (DC) MEDIA (DC) MAXIMA (DC) PLUVIOMETRICA (mmj 
Porto Velho (ROj 21,3 25,4 31,5 2.267,3 
Rio Branco (AC) 19,5 25,0 31,4 1.941,5 
Parintins (AM) 23,9 27,3 32,0 2.343,9 
Fonte: Inmet, 7967-2000. 
-t:' Porto Velho (RO) apresenta clima quente, com boa reguralidade termica anual, 
porem, com pequena queda nos meses de junho, julho e agosto. Estes sao tambem os 
tres meses menos chuvosos, chegando a 
urn indice de cerca de 20 mm em julho. 
Todavia, 0 verao e bastante chuvoso, 
sendo janeiro 0 mes de maiores indices 
pluviometricos (370 mm). 
-t:' Rio Branco (AC) caracteriza-se por 
clima quente e reguralidade termica 
anual; porem, apresenta queda mais 
prolongada

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