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Elias Nunes Orgival Bezerra da Nóbrega Junior Geografia Física I D I S C I P L I N A A geomorfologia do Brasil Autores aula 12 VERSÃO DO PROFESSOR RE VIS ÃO Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________________________ Aula 12 Geografia Física I Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Coordenadora da Produção dos Materiais Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Projeto Gráfico Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Janio Gustavo Barbosa Eugenio Tavares Borges Thalyta Mabel Nobre Barbosa Revisora das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Revisores de Língua Portuguesa Flávia Angélica de Amorim Andrade Janaina Tomaz Capistrano Kaline Sampaio de Araújo Samuel Anderson de Oliveira Lima Revisoras Tipográficas Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Arte e Ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Hugenin Leonardo Feitoza Diagramadores Ivana Lima Johann Jean Evangelista de Melo José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Adaptação para Módulo Matemático Joacy Guilherme de A. F. Filho Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância – SEED Carlos Eduardo Bielschowsky Universidade Federal do Rio Grande do Norte Reitor José Ivonildo do Rêgo Vice-Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Secretária de Educação a Distância Vera Lúcia do Amaral Universidade Estadual da Paraíba Reitora Marlene Alves Sousa Luna Vice-Reitor Aldo Bezerra Maciel Coordenadora Institucional de Programas Especiais – CIPE Eliane de Moura Silva Secretaria de Educação a Distância – SEDIS/UFRN VERSÃO DO PROFESSOR Aula 12 Geografia Física I 1 1 2 3 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Coordenadora da Produção dos Materiais Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Projeto Gráfico Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Janio Gustavo Barbosa Eugenio Tavares Borges Thalyta Mabel Nobre Barbosa Revisora das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Revisores de Língua Portuguesa Flávia Angélica de Amorim Andrade Janaina Tomaz Capistrano Kaline Sampaio de Araújo Samuel Anderson de Oliveira Lima Revisoras Tipográficas Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Arte e Ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Hugenin Leonardo Feitoza Diagramadores Ivana Lima Johann Jean Evangelista de Melo José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Vitor Gomes Pimentel Adaptação para Módulo Matemático Joacy Guilherme de A. F. Filho Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância – SEED Carlos Eduardo Bielschowsky Universidade Federal do Rio Grande do Norte Reitor José Ivonildo do Rêgo Vice-Reitora Ângela Maria Paiva Cruz Secretária de Educação a Distância Vera Lúcia do Amaral Universidade Estadual da Paraíba Reitora Marlene Alves Sousa Luna Vice-Reitor Aldo Bezerra Maciel Coordenadora Institucional de Programas Especiais – CIPE Eliane de Moura Silva Secretaria de Educação a Distância – SEDIS/UFRN Apresentação Nesta última aula, você estudará uma abordagem sobre as morfologias encontradas no território brasileiro que, como em qualquer outra parte da superfície da Terra, apresentam-se sob formas variadas. Além disso, você estudará as modificações ocorridas nessas morfologias e verá que elas ocorrem através da ação dos elementos da natureza e dos seres vivos. De forma mais precisa, você estudará, com uma ênfase maior, as mais recentes classificações geomorfológicas propostas pela comunidade científica. Bom estudo! Objetivos Entender as bases científicas da classificação do relevo brasileiro. Compreender as diferenças entre de morfoestrutura e morfoescultura. Compreender o processo de hierarquização na classificação das formas de relevo. VERSÃO DO PROFESSOR RE VIS ÃO Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ Aula 12 Geografia Física I 2 Aula 12 Geografia Física I Atividade 1 su a re sp os ta Estudos geomorfológicos no Brasil Os estudos geomorfológicos no Brasil apresentam uma expansão durante o século XX com a valorização das questões ambientais, quando a Geomorfologia brasileira conheceu um novo cenário (a partir do final dos anos 1960 e início dos anos 1970). Buscando o levantamento de recursos naturais, um dos maiores projetos já realizados no país incorporou o conceito da Teoria geral de sistemas, bem como adotou idéias relativas ao equilíbrio dinâmico. Trata-se do Projeto RADAMBRASIL, cujos relatórios e documentos cartográficos cobrem toda a extensão territorial brasileira. Faça uma pesquisa, na biblioteca do seu polo ou na internet, sobre o projeto RADAMBRASIL: sua origem, sua importância e a relação deste projeto com o desenvolvimento da Cartografia no Brasil. VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ RE VIS ÃO VERSÃO DO PROFESSOR Aula 12 Geografia Física I Aula 12 Geografia Física I 3 A abordagem taxonômica Ao longo do tempo, várias divisões do relevo brasileiro foram propostas pelos cientistas. Elas correspondem ao estágio de conhecimento existente em suas respectivas épocas de elaboração. Quanto às metodologias utilizadas para o mapeamento geomorfológico, salientamos que as mais recentes têm como base a ordenação dos fatos geomorfológicos mapeados em uma taxonomia que os hierarquiza. Como exemplo, observa-se o método taxonômico que engloba a hierarquização dos domínios morfoestruturais, as regiões geomorfológicas, as unidades geomorfológicas e os tipos de modelados. O táxon dos domínios morfoestruturais engloba os grandes conjuntos estruturais que geram arranjos regionais de relevo, guardando relação de causa entre si. Trata-se, portanto, da maior divisão taxonômica adotada. Como exemplo, citamos as grandes cadeias dobradas e as grandes bacias sedimentares. Com base no que foi dito e na realização da atividade, você pode perceber que esse projeto constituiu um marco na abordagem da Geomorfologia no país. Seus princípios básicos metodológicos se amparam em mapas e relatórios voltados à ideia de se obter um quadro geral das formas de relevo do Brasil. Quase todo o relevo do território brasileiro tem formação antiga, e resulta principalmente da sucessão de ciclos climáticos e da ação das formas internas da Terra. Essas forças determinam três tipos específicos de formação geológica: os escudos cristalinos, as bacias sedimentares e as cadeias orogênicas, sendo que apenas os dois primeiros ocorrem no Brasil. Uma pequena revisão Como você já viu em aulas anteriores, os escudos cristalinos correspondem às formações mais antigas, e por isso sofreram longos períodos de erosão e se tornaram mais estáveis do ponto de vista da movimentação tectônica. Neles, existem outras subdivisões, como as plataformas ou crátons e os cinturões orogenéticos. Já as bacias sedimentares, presentes na maior parte do território brasileiro, são deposições que têm origem na desagregação ou decomposição de outras rochas, podendo apresentar camadas espessas que recobrem áreas de plataformas. Táxon Táxon (plural taxa, em latim, ou táxons, aportuguesado) é uma unidade taxonômica essencialmente associada a um sistema de classificação. Táxons (ou taxa) podem estar em qualquer nível de um sistema de classificação: um reino é um táxon, um gênero é um táxon, assim como uma espécie também é um táxon ou qualquer outra unidade de um sistema de classificação dos seres vivos. Fonte: <http:// pt.wikipedia.org/ wiki/T%C3%A1xon>. Acesso em: 16 mar. 2009. VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ VERSÃO DO PROFESSOR RE VIS ÃO Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ Aula 12 Geografia Física I 4 Aula 12 Geografia Física I Domínios de paisagens brasileiras Os domínios morfoestruturais são definidos pelo conjunto de fatores geomorfológicos ligados a aspectos de caráter amplo. Ocupam extensas áreas que evidenciam, por vezes, grandes diferenciações geomorfológicas controladas por condições naturais generalizadas ou por grandes extensões de litologia homogênea. Bigarella, Becker e Santos, (1994, p. 95). O território brasileiro apresenta quatro domínios morfoestruturais, que são: Domínio morfoestrutural dos depósitos inconsolidados Esse domínio caracteriza-se pela contribuição dos sedimentos continentais e marinhos, e correspondem às áreas de planícies fluviais, às planícies flúvio-lacustres e algumas áreas de depressões, como as do Pantanal Mato-grossense, conforme você pode visualizar na Figura 1. Figura 1 – Depósitos inconsolidados do Quaternário. Domínio morfoestrutural das bacias sedimentares e coberturas inconsolidadas plio-pleistocênicas Esse domínio abrange mais da metade da superfície brasileira, e se divide em sete subunidades: as bacias e coberturas sedimentares litorâneas, a bacia sedimentar amazônica, a bacia sedimentar do Tocantins-Araguaia, a bacia sedimentar do Meio Norte, as coberturas sedimentares da bacia do São Francisco, as bacias e coberturas sedimentares do Nordeste Oriental e a bacia sedimentar do Paraná. Confira na Figura 2. VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ RE VIS ÃO VERSÃO DO PROFESSOR Aula 12 Geografia Física I Aula 12 Geografia Física I 5 Atividade 2 1 2 Figura 2 – Bacias e coberturas sedimentares inconsolidadas plio-pleistocênicas. O que são domínios morfoestruturais? Pesquise, na biblioteca do seu polo e/ou na internet, o que caracteriza: a) Domínio morfoestrutural dos depósitos inconsolidados; b) Domínio morfoestrutural das bacias sedimentares e coberturas inconsolidadas plio-pleistocênicas. Domínio das faixas de dobramentos e coberturas metassedimentares associadas Corresponde a seis subdivisões, com as seguintes denominações: as faixas de dobramentos do Brasil Central, as faixas de dobramentos do Nordeste Oriental, as faixas de dobramentos do Nordeste Ocidental, as faixas de dobramentos do Sul-Sudeste, as coberturas metassedimentares do Espinhaço-Diamantina e as coberturas metassedimentares das bacias do São Francisco-Tocantins (Figura 3). VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ VERSÃO DO PROFESSOR RE VIS ÃO Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ Aula 12 Geografia Física I 6 Aula 12 Geografia Física I Figura 3 – Faixas de dobramentos e coberturas metassedimentares associadas. Domínio dos embasamentos em estilos complexos Esses domínios morfoestruturais apresentam as seguintes subunidades: o embasamento da Amazônia, o embasamento do Nordeste e o embasamento do Sul-Sudeste (Figura 4). Figura 4 – Embasamentos dos estilos complexos. Quanto aos domínios da paisagem brasileira associados às classificações morfoclimáticas, Ab’Saber (apud BIGARELLA; BECKER; SANTOS, 1994, p. 98), para afirmar que os aspectos morfoclimáticos ocorrem segundo complexos fatores que representam combinações fisiográficas regionais diferenciadas e objetivas, ou seja, os domínios morfoclimáticos baseiam- se, em grande parte, nos grandes quadros da distribuição da vegetação. Ainda de acordo com Ab’Saber (apud BIGARELLA; BECKER; SANTOS, 1994, p. 101), existem seis domínios morfoclimáticos no Brasil, os quais evidenciaremos a seguir (Figura 5): VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ RE VIS ÃO VERSÃO DO PROFESSOR Aula 12 Geografia Física I Aula 12 Geografia Física I 7 Figura 5 – Domínios morfoclimáticos e fitogeográficos do Brasil. Domínio dos chapadões tropicais recobertos por cerrados e penetrados por florestas de galerias Esse domínio é caracterizado pela existência de duas estações, uma chuvosa e outra seca. Apresenta superfícies de aplainamentos extensivos com relevos residuais e, via de regra, os planaltos são mantidos por lateritas, muitas vezes expostas na superfície. Tais formações ferruginosas atestam a vigência regional de ambientes tropicais de clima sazonal e de vegetação de cerrado. Figura 6 – Chapada dos Guimarães. Lateritas A laterita é o resultado de um longo processo de transformação no interior do solo, iniciando-se com a ação da chuva que infiltra no solo, provocando a lixiviação que é a lavagem do mesmo, carreado o óxido de ferro, alumínio e sílica, cuja alternância de secagem e umedecimento, provocado pelo clima tropical, provoca um endurecimento irreversível resultando numa rocha de cor vermelha a roxa que é a laterita. Fonte: <http:// www.aquallun.com.br/ laterita.htm>. Acesso em: 16 mar. 2009. VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ VERSÃO DO PROFESSOR RE VIS ÃO Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ Aula 12 Geografia Física I 8 Aula 12 Geografia Física I Domínios das regiões serranas tropicais úmidas ou de “mares de morros” extensivamente florestados Distribui-se de Norte a Sul, principalmente ao longo da região atlântica. Sua morfogênese caracteriza-se pela predominância de processos químicos de alteração e de movimentos de massa generalizados. As rochas encontram-se muito decompostas, propiciando uma cobertura intempérica bastante espessa. A vegetação primária da região se caracteriza pela floresta pluvial tropical. Figura 7 – Mares de morros – região sudeste Domínio das depressões interplanálticas semiáridas do Nordeste Trata-se de uma região de depressões interplanálticas marcada por níveis erosionais. Mostra-se revestida de maneira extensa por diferentes tipos de caatingas, manifestando-se num ambiente semiárido. As chuvas, muito irregulares e escassas, concentram-se em poucos meses do ano. Figura 8 – Parque Nacional Serra da Capivara/PI VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ RE VIS ÃO VERSÃO DO PROFESSOR Aula 12 Geografia Física I Aula 12 Geografia Física I 9 Domínio das terras baixas equatoriais extensivamente florestadas da Amazônia O maior domínio morfoclimático do país encontra-se numa região equatorial e subequatorial constituída de planícies de inundação e de tabuleiros extensos (ou seja, paisagem de topografia plana e de baixa altitude). Ocorrem chuvas bem distribuídas durante o ano, o que faz com que todas as bacias hidrográficas sejam perenes. Figura 9 – Terras baixas florestadas da Amazônia Domínios dos planaltos de araucária Esse domínio morfoclimático caracteriza-se pelo clima subtropical úmido, com inverno relativamente brando, sujeito a geadas e eventuais nevadas. São planaltos com elevações médias em torno de 700 a 1000 metros, sendo que tais planaltos se mostram como extensos interflúvios tabuliformes e com vertentes suavemente convexas. Figura 10 – Floresta de Araucária/PR VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ VERSÃO DO PROFESSOR RE VIS ÃO Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ Aula 12 Geografia Física I 10 Aula 12 Geografia Física I Atividade 3 1 3 4 2 O que são “domínios das faixas de dobramentos e coberturas metassedimentares associadas”? Onde ocorrem? O que caracteriza o domínio das terras baixas equatoriais extensivamente florestadas da Amazônia? Qual a principal característica do domínio dos planaltos de araucária? Explique a formação do domínio das depressões interplanálticas semiáridas do Nordeste. Domínio dos campos das coxilhas subtropicais do Rio Grande do Sul Este é o menor domínio morfoclimático brasileiro. Corresponde a uma paisagem de zonas temperadas úmidas e subúmidas sujeitas a alguma estiagem de fim de ano. O conjunto paisagístico engloba o que se chama pradaria, ou seja, uma ausência de árvores e arbustos, exceto nas depressões abrigadas ao longo dos cursos d’água. Portanto, inclui campos nas encostas suaves e florestas de galeria nas calhas fluviais. Figura 11 – Coxilhas – Morros e ondulações suaves/RS Considera-se ainda o fato de que vários domínios morfoclimáticos não apresentam limites nítidos, ocorrendo uma faixa de transição de complexidade variada. Nas regiões limítrofes, geralmente os vários domínios se interpenetram e se misturam em “mosaicos” complexos. VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ RE VIS ÃO VERSÃO DO PROFESSOR Aula 12 Geografia Física I Aula 12 Geografia Física I 11 O atual conceito analítico do relevo brasileiro Como você pode perceber, o estágio de conhecimento da Geomorfologia nos leva a constatar o fato de que o relevo se constitui apenas como um dos componentes da litosfera. Além disso, ele está intrinsecamente relacionado com as rochas que o sustentam, com o clima que o esculpe e com os solos que o recobrem. Assim, as formas diferenciadas do relevo decorrem de ações simultâneas; porém, de um lado estão as atividades climáticas, e do outro estão as atividades inerentes à estrutura litosférica. Lembremo-nos ainda do fato já constatado de que o dinamismo – tanto do clima como da estrutura – não se comporta sempre de forma igual, ou seja, ao longo do tempo e do espaço ambos se modificam continuamente. Logo, esses elementos permitem-nos considerar que as formas superficiais do planeta e os demais componentes da natureza são dinâmicos, e consequentemente estão em permanente evolução. Essa concepção, referente às interações de forças entre os componentes da atmosfera e da litosfera, implica na compreensão de que as formas de relevo terrestre são o produto da ação dos processos endógenos e exógenos. As forças endogenéticas se manifestam na estrutura superficial do planeta por intermédio das forças ativas e passivas. Porém, enquanto as roças ativas manifestam-se pela dinâmica da litosfera através da tectônica de placas, como já foi visto, as forças passivas se manifestam de modo desigual, em função dos diferentes tipos de rochas e seus arranjos estruturais, oferecendo uma menor ou maior resistência ao desgaste. Assim, o dinamismo exógeno se caracteriza por uma ação constante, porém em lugares diferentes, tanto no espaço quanto no tempo. Essa constatação se explica pelas características climáticas locais ou regionais, atuais ou passadas. Logo, como já sabemos, os processos de intemperização esculpem e dinamizam as formas do relevo a partir do elemento motor externo, ou seja, a energia do Sol que atinge a superfície terrestre. Os pressupostos aqui explicitados, intrinsecamente associados aos conceitos de morfoestrutura e morfoescultura, fornecem uma nova direção teórico-metodológica para os estudos da Geomorfologia. Baseado em tais princípios, Ross (1992) propôs uma classificação do relevo terrestre em três categorias genéticas que consideram os elementos da geotextura, os elementos da morfoestrutura e também os elementos da morfoescultura. Aqui, é importante destacar, de acordo do Ross (1992), que não se pode confundir o conceito de morfoclimática com o de morfoescultura, pois enquanto o primeiro refere-se aos domínios ou zonas morfoclimáticas, determinadas pelas condições climáticas atuais, a morfoescultura caracteriza-se pelo estado atual de um determinado ambiente ou unidade geomorfológica cuja VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ VERSÃO DO PROFESSOR RE VIS ÃO Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ Aula 12 Geografia Física I 12 Aula 12 Geografia Física I similaridade genética a individualiza no cenário paisagístico. Assim, a morfoestrutura é marcada por padrões de fisionomias de relevo, desenvolvidas ao longo do tempo. Os elementos da geotextura correspondem às grandes feições da crosta terrestre, estando sempre associados às manifestações amplas da crosta, como a deriva dos continentes por movimentação das placas tectônicas. Já os elementos das morfoestruturas constituem-se em extensões menores, estando representados por determinadas características estruturais, litológicas e geotectônicas que estão associadas às suas gêneses. Como exemplo, temos as bacias sedimentares, os cinturões orogênicos e as plataformas ou crátons. Essas unidades estruturais definem, portanto, os padrões de relevo que lhes são inerentes. Como você pode perceber, enquanto a morfoestrutura se mostra na escala temporal, como algo mais antigo, a morfoescultura tende a ser de idade menos antiga, já que só pode ser esculpida sobre a morfoestrutura. Melhor dizendo, não é possível haver unidades morfoesculturais sem que se tenha primeiro as unidades morfoestruturais. Portanto, a morfoestrutura se constitui taxonomicamente e temporalmente diferente da morfoescultura. Veja você que a proposição taxonômica de Ross (1992) estabelece uma ordem para o relevo terrestre calcada nos aspectos conceituais já explicitados. Ressalta-se que o estrutural e o escultural estão presentes em qualquer tamanho de forma, embora suas categorias – de tamanho, idade, forma e gênese – sejam identificadas separadamente; portanto, em categorias distintas. A seguir, apontamos a hierarquização taxonômica proposta por Ross (1992) para o relevo brasileiro: O primeiro táxon – são unidades morfoestruturais representadas pelos cinturões orogênicos e pelas bacias sedimentares. O segundo táxon - são unidades morfoestruturais representadas por planaltos, serras e depressões contidas em cada uma das morfoestruturas. O terceiro táxon – são unidades morfológicas ou de padrões de formas semelhantes, ou ainda tipos de relevo representados por diferentes padrões de formas que são semelhantes entre si. Tais unidades são identificáveis em cada uma das unidades morfoestruturais e morfoesculturais. O quarto táxon - são formas de relevo que correspondem a cada uma das formas encontradas nas unidades dos padrões de formas semelhantes. Dessa forma, se um determinado padrão de rugosidade topográfica se distingue por um conjunto de colinas onde prevalecem determinadas características morfológicas, cronológicas e genéticas, cada uma das colinas desse conjunto corresponde a uma dimensão individualizada do todo. O quinto táxon - são grupos, elementos ou partes de cada forma identificada e individualizada em cada conjunto de padrão de forma. Portanto, aqui se encontra a representação dos tipos de vertentes como as côncavas, as convexas, as retilíneas e VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ RE VIS ÃO VERSÃO DO PROFESSOR Aula 12 Geografia Física I Aula 12 Geografia Física I 13 Atividade 4 1 3 2 as planas. Tal diversificação se explica pelas diferenças de declividade; assim sendo, além de identificarmos as vertentes pelas suas morfologias, precisamos também identificá-las pela declividade dominante. O sexto táxon – são formas menores produzidas pelos processos atuais, ou ainda as formas geradas pela ação antrópica. Tratam-se daquelas formas produzidas ao longo das vertentes, destacando-se os sulcos, ravinas, voçorocas, cicatrizes de deslizamentos de terra, depósitos coluviais ou de movimentos de massa, depósitos fluviais (como bancos de areia e assoreamentos nos rios), cortes e aterros provocados pelo homem. Por fim, queremos deixar bem claro para você que essa abordagem taxonômica de Ross (1992) tomou como base o já citado Projeto RADAMBRASIL, e considera, para o território brasileiro, a existência de 28 unidades de relevo, divididas em planaltos, planícies e depressões. São 11 planaltos, aqui compreendidos resumidamente como formas de relevos elevados, com altitudes variáveis, que oferecem maior dificuldade à erosão; são 11 depressões, identificadas como áreas rebaixadas em relação aos planaltos, como consequência da erosão, localizadas entre as bacias sedimentares e os escudos cristalinos; e 6 planícies, que são unidades de relevo geologicamente muito recentes, cuja formação se dá em função da sucessiva deposição de material de origem continental ou marinha em áreas planas. Para você, qual o conceito de relevo analítico brasileiro? Com base no que foi visto na aula, defina os conceitos de morfoestrutura e morfoescultura. Com base em Ross (1992), descreva a hierarquização taxonômica para o relevo brasileiro em suas várias características. VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ VERSÃO DO PROFESSOR RE VIS ÃO Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ Aula 12 Geografia Física I 14 Aula 12 Geografia Física I Resumo 1 2 Nesta última aula, mostramos os aspectos da Geomorfologia do Brasil a partir da perspectiva taxonômica, enfatizando o fato de que, no atual contexto analítico, a compreensão conceitual do que seja morfoestrutura e morfoescultura ocupa um lugar central na formatação das mais recentes classificações do relevo brasileiro. Autoavaliação Como se dá o processo de hierarquização na classificação das formas de relevo? Por que devemos atentar para as diferenças entre os conceitos de morfoclimatologia e morfoescultura? Referências BIGARELLA, João José; BECKER, Rosemari Dora; SANTOS, Gilberto Friedenreich dos. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtriopicais. Florianópolis: Editora da UFSC, 1994. CUNHA, Sandra Baptista da; GUERA, Antônio José Teixeira (Org.). Geomorfologia do Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Bertand Brasil, 1998. GUERRA, Antonio José Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista (Org.). Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 1995. ______. Geomorfologia e meio ambiente. Rio de Janeiro: Ed. Bertrand Brasil, 1996. ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. O registro cartográfico dos fatos geomorfológicos e a questão da taxonímia do relevo. Revista do Departamento de Geografia, São Paulo: FFLCH – USP, n. 6, p. 17 – 30, 1992. ______. Planaltos, planícies e depressões. In: ______. Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da USP, 1998. VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ RE VIS ÃO VERSÃO DO PROFESSOR Aula 12 Geografia Física I Aula 12 Geografia Física I 15 Anotações VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ VERSÃO DO PROFESSOR RE VIS ÃO Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ Aula 12 Geografia Física I 16 Anotações AULAS EMENTA > Elias Nunes > Orgival Bezerra da Nóbrega Junior. Noções básicas sobre a origem, idade, evolução, principais minerais e rochas constituintes da Crosta Terrestre. Fornecer uma visão sobre as dinâmicas internas e externas da Terra. Principais estruturas geológicas e deformações das rochas. Definição e perspectiva da geomorfologia. Sistema geomorfológico. Teorias geomorfológicas. Controle estrutural e climático. Exemplo de caso de uso e aplicação em geomorfologia. Geografia Física I – GEOGRAFIA AUTORES 2º S em es tre d e 20 08 Im pr es so p or : G rá fic a Te xf or m 01 Abordando o planeta 02 A teoria unificadora 03 O ciclo da matéria 04 Minerais e rochas 05 Geologia física 06 Geologia histórica e do Brasil 07 A interação geossistêmica 08 Morfologias associadas aos processos endógenos 09 Morfologias associadas aos processos exógenos 10 Geomorfologia do quaternário 11 Geomorfologia ambiental 12 A geomorfologia do Brasil VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ RE VIS ÃO Aula 12 Geografia Física I AULAS EMENTA > Elias Nunes > Orgival Bezerra da Nóbrega Junior. Noções básicas sobre a origem, idade, evolução, principais minerais e rochas constituintes da Crosta Terrestre. Fornecer uma visão sobre as dinâmicas internas e externas da Terra. Principais estruturas geológicas e deformações das rochas. Definição e perspectiva da geomorfologia. Sistema geomorfológico. Teorias geomorfológicas. Controle estrutural e climático. Exemplo de caso de uso e aplicação em geomorfologia. Geografia Física I – GEOGRAFIA AUTORES 2º S em es tre d e 20 08 Im pr es so p or : G rá fic a Te xf or m 01 Abordando o planeta 02 A teoria unificadora 03 O ciclo da matéria 04 Minerais e rochas 05 Geologia física 06 Geologia histórica e do Brasil 07 A interação geossistêmica 08 Morfologias associadas aos processos endógenos 09 Morfologias associadas aos processos exógenos 10 Geomorfologia do quaternário 11 Geomorfologia ambiental 12 A geomorfologia do Brasil VERSÃO DO PROFESSOR Material APROVADO (conteúdo e imagens) Data: ___/___/___ Nome:______________________ 1 CENTRO CIENTIFICO CONHECER www.conhecer.org.br Classificação do relevo brasileiro Existem várias classificações do relevo brasileiro, destacando-se as dos professores Aroldo de Azevedo, Aziz Nacib Ab'Saber e Jurandyr Ross, sendo esta a mais recente. Uma das classificações enfatiza o chamado nível altimétrico, onde a classificação de Aroldo de Azevedo é a mais tradicional. Leva em conta, principalmente, o nível altimétrico como fator de determinação do que seja um planalto ou uma planície. A mais antiga divisão do relevo brasileiro foi feita na década de 1940 pelo professor Aroldo de Azevedo e serviu de base para todas as outras divisões feitas posteriormente. Ao elaborar sua divisão, ele levou em conta principalmente as diferenças de altitude. Conforme isso, as planícies foram classificadas como as partes do relevo relativamente planas com altitudes inferiores a 200 metros. Por sua vez, os planaltos foram considerados as formas de relevo levemente onduladas, cujas altitudes superam 200 metros. Essa classificação divide todo o território brasileiro em planaltos, cuja área total ocupa 59% de toda a superfície do país, e planícies, que ocupam os 41% restantes. No final da década seguinte, de 1950, o geógrafo e professor Aziz Nacib Ab’ Saber aperfeiçoou a divisão do professor Aroldo de Azevedo, introduzindo critérios 2 geomorfológicos, especialmente as noções de sedimentação e de erosão. As áreas nas quais o processo da erosão é mais intenso do que o de sedimentação foram chamadas de planaltos. As áreas em que o processo de sedimentação supera o de erosão foram denominadas planícies. Percebe-se assim, que essa classificação não leva em conta as cotas altimétricas do relevo, mas os aspectos de sua modelagem, ou seja, a geomorfologia. Já o professor Jurandyr Ross, precisamente em 1989, elaborou uma outra classificação do relevo, dessa vez usando como critério três importantes fatores geomorfológicos: OBS: Essa divisão é considerada inovadora, uma vez que conjuga o passado geológico e o passado climático com os atuais agentes escultores do relevo. A morfoestrutura – origem geológica; O paleoclima – ação de antigos agentes climáticos; O morfoclima – influência de atuais agentes climáticos. 3 Baseado nisso, o professor Ross identifica três tipos de relevo: Planaltos – porções residuais salientes do relevo, que oferecem mais resistência ao processo erosivo; Planícies – superfícies essencialmente planas, nas quais o processo de sedimentação supera o de erosão; Depressões – áreas rebaixadas por erosão que circundam as bordas das bacias sedimentares, impondo-se entre estas e os maciços cristalinos. 6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMETRICOs E Tl/os CUJATICOs •• / ' , ; o Brasil e urn pais de dimens6es continentais, e a tropicalidade e uma de suas principais caracteristicas, como se viiI no Capitulo 1. Ainda que se estenda quase que completamente na zona intertro- pical do Planeta, 0 territorio brasileiro apresenta uma considenivel variedade de tipos c1imaticos, 0 que se reflete na forma~ao de urn rico e diversificado mosaico de paisagens naturais. Alem das caracteristicas geograJicas proprias do "contin>nte13;asil", urn con junto de centros de a~ao e de massas de aT quentes, frias, umidas e secas participa na forma~ao dos c1imas do Pais. Assim, este capitulo dedica aten~ao especial aos mecanismos controladores dos tipos de tempos e aos panlmetros quantitativos definidores dos c1imas brasileiros para, em seguida, apresentar uma c1assifica~ao c1imatica do Pais. 6.1 Dinamica atmosferica o dinamismo da atmosfera brasileira e controlado diretamente por seis centros de a~do. As caracteristicas desse dinamismo, bern como as das massas de ar produzidas ao longo do ano, compreendem: -t:' Na por~ao norte do Brasil, nas proximidades da linha do Equador, encontram-se o anticiclone dos A~ores, no hemisferio Norte, e 0 anticic10ne do Atlantico, tambem chamado de Santa Helena, no hemisferio SuI, produtores das MEAN (associada aos aliseos de NE) e MEAS (associada aos aliseos de SE), respectivamente. Sobre 0 Pais, na altura da planicie amazonica, forma-se urn centro de a~ao produtor da MEC que, com as duas mass as anteriores, propicia condi~6es de umidade e calor a atmosfera regional. As.duas primeiras atuam principalmente na por~ao norte e nordeste do Pais, enquanto a ·ultima atua de maneira mais direta no interior do continente e refor~a I,' as caracteristicas do verao quente e umido na por~ao centro-suI, influenciando ate mesmo localidades como 0 Uruguai e 0 norte da Argentina. 0 avan~o dessas massas de ar provenientes do norte deriva chuvas na por~ao norte e centro-suI do Pais, e elas atuam pelas linhas de instabilidade e de ondas de calor de norte e noroeste. A convergencia intertropical (CIT) exerce importante papel na defini<;ao da dinamica atmosferica da por~ao norte e de parte do nordeste do Brasil. A forma~ao de situa~6es de calmaria associada aos processos de convec~ao, que tao c1aramente marcam 0 entorno da linha do Equador, caracteriza as expressivas nebulosidade e pluviosidade de toda a area que, por sua posi~ao geograJica e altitude, e, genericamente, quente. -t:' Na altura dos 30° de latitude suI, aproximadamente, encontram-se os centros de a<;ao tropicais, urn oceanica - anticiclone do Atlantica - e 0 outro continental- depressdo do Chaco, caracterizados como semifixos devido a oscila~ao sazonal leste-oeste de Prof Cliudia ftF Sah6ia de A~~ ", -J,/FPI , . J &.e.. CliMATOLOGIA: no(oes basicas e dimas do Srasil suas posit;;6es. Essa movimenta<;:ao decorre da varia<;:ao anual de suas condi<;:i5es baro- metricas, pois ha uma expressiva diferenc;:a entre 0 balanc;:o de radiac;:ao continental e oceanica nas estac;:oes de inverno e verao. Apresentando melhor desempenho sobre 0 continente na estac;:ao de verao, as duas massas de ar dali resultantes, a MTA e a MTC, reforc;:am as caracteristicas das elevadas temperaturas no centro-suI, leste e suI do territ6rio brasileiro entre setembro e abril. A MTA, por meio das ondas de calor de leste e de nordeste, contribui para a elevac;:ao dos totais pluviometricos da area, enquanto a MTC atua na reduc;:ao da umidade em alguns curtos periodos nessa epoca do ano. 'f;" 0 anticiclone migrat6rio polar que afeta 0 Brasil origina-se pelo acumulo de ar polar nas regioes de baixas pressoes da zona subpolar do Pacifico SuI, que se desloca de sudeste para nordeste e se subdivide .em dois ramos devido ao atrito e bloqueio exercidos pela cordilheira dos Andes, forniando a MPA e a MPP. 0 ar produzido nessa latitude possui as caracteristicas de baixas temperatura e umidade, porem, it medida que avanc;:a em direc;:ao norte, adquire umidade e as temperaturas elevam-se. A expres- siva participac;:ao da MPA nos dimas do Brasil resulta em urn consideravel controle exercido pelo mesmo na formac;:ao dos tipos de tempo do Pais, notadamente na porc;:ao centro-suI e oriental, caracterizando os processos frontogeneticos (FPA) e a estac;:ao de inverno dos dimas brasileiros. Esse sistema atua, em boa parte das vezes, por meio das ondas de frio de leste e de sudeste. A FPA e urn fator importante no controle dos dimas do Pais, pois atua permanentemente na porc;:ao centro-suI e participa do controle dos dimas da porc;:ao centro-norte-nordeste, particularmente em parte do outono, inverno e primavera. Uma pflrcela consideravel do dinamismo das chuvas e da circulac;:ao atmosferica dessas areas tern origem nos processos frontogeneticos da FPA. Tambem a essa latitude encontra-se, sobre 0 oceano Atlantico, a depressiio do mar de Weddel, celula de baixas press6es mantida pelos cidones transientes formados nas latitudes medias e subtropicais que se propagam para sudeste. Em oposic;:ao a ela, atuam as depress6es do Chaco e da Amazonia, que atraem em direc;:ao norte os siste- mas polar e tropical. Associada it variac;:~o sazonal do balanc;:o de radiac;:ao e aos fatores geognificos, it atuac;:ao dos sistemas atmosfericos, ao longo do ano, possibilita a compreensao da formac;:ao dos dimas do Brasil a partir de sua genese. 6.2 Variabilidade temporo-espacial da temperatura do ar A distribuic;:ao das temperaturas no Brasil segue 0 padrao latitudinal de distribuic;:ao de energia no globo terrestre e, conseqiientemente, das zonas dimaticas, em decorrencia da disposic;:ao do territ6rio brasileiro e de sua localizac;:ao geografica. A distribuic;:ao das tempe- raturas medias anuais crescentes de suI para norte evidencia essa similaridade, reforc;:ada pelo fato de 0 Pais nao apresentar nenhuma 140 /' 'f 6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVrOMETRICOS E TIPOS CLIMATICOS ... A fei~ao topogrMica notavel a ponto de a desconfigurar de forma acentuada. A configura~ao do Pais (assim como 0 continente sul-americano) assemelha-se a urn triangulo isosceles, com urn dos vertices apontan- do para 0 suI e a base, para 0 norte. A maior parte do territorio brasileiro (94%) esta inserida nas zonas dimaticas equatorial (55%) e tropical (39%), 0 que the confere uma predominancia de dimas quentes com fracas amplitudes termicas. Os 6% restantes corres- pondem ao setor meridional brasileiro, que esta induido na faixa dimatica subtropical, onde as temperaturas sao, em media, mais baixas e as amplitudes termicas mais acentu- adas que na zona dimatica equatorial. Temperatura media I'Ci <16 22,1-24 - A variabilidade termica do esparo brasileiro, retratada por meio de seus valores medios anuais, expressa tambem a importante a~ao do relevo e da dinamica das massas de ar que nele atuam. As isotermas da Figura 6.1 espelham as temperaturas medias anuais referentes ao periodo de 1961 a 2001. 0 tra~ado de isolinhas implica uma homoge- neiza~ao e interpola~ao dos dados, 0 que, somado it escassez de esta~oes meteorologi- cas das regioes brasileiras mais interiorizadas (Figura 6.2), notadamente nas Regioes Norte e Centro-Oeste; resulta em uma certa genera- liza~ao da varia~ao espacial da temperatura no Pais. 1Iil16-18 D 24,1-26 .18,1-20 II!J >26 .20,1-22 o lOOkm No Brasil, as mais elevadas temperaturas medias anuais estao compreendidas entre 26,1°C e 28°C e ocorrem ao longo da plani- cie do rio Amazonas e do setor norte da planicie costeira, regiao que sofre a atua~ao da MEC e MEA. Essa regiao possui fana disponibilidade de energia devido it locali- za~ao na faixa latitudinal entre 7° S e 5° N, onde 0 angulo de incidencia da radia~ao solar apresenta valores elevados no decor- rer do ano. Alem dessas caracteristicas, a area e palco de encontro dos ventos aliseos Medias historicas sazonais Verao Dutono -Inverno o 1.000km Primavera Temperatura media (oC) 0<14 16,1-18 .20,1-22 24,1 -26 14-16 .18,1-20 22,1-24 n >26 ~. Fig. 6.1 Brasil: temperatura media anua{ e sazonal (1961-2001) Fonte: Eduardo II. de Paula (base cartogrdfica: IBGE dodos meteorol6gicos: fNMET/ numero de esta~oes: 227). 141 1 ~ f &..t. CLiMATOlOGIA: no(oes basicas e <limas do Brasil 8.2212 82331' • 2240 82533· 82704 o 300km - 83997 (quentes), provenientes de nordeste e sudeste (que caracterizam a ZCIT), e da atua~iio das mass as de ar equatoriais e tropical. A partir desse setor setentrional, ha urn gradativo rebaixamento das tempera- turas em dire<;iio ao sui do Pais. E nessa por~iio nordeste do Pais que se insere a regiao brasileira onde sao alcan<;ados os maiores valores medios de temperaturas maximas, superiores a 32°C, abrangendo boa parte do dominio da caatinga e a por~ao NW do cerrado, como mostra a Figura 6.3. Sob 0 efeito da continentalidade, a classe seguinte de temperaturas medias amiais (24,1°C a 26°C) ocorre na maior area nacional. Esten- dendo-se de forma diferenciada do litoral para 0 interior do Pais, ela abrange, no setor oriental brasileiro, estreita faixa correspondente aos Estados que vao do Rio Grande do Norte ao norte da Bahia. Contudo, interiorizando-se para oeste, essa faixa termica alarga-se para norte e para sui nas terras onde predominam os cerrados e parte da floresta amazonica (atua~ao da MEC, MTC e MTA), compreen- dendo os Estados do Tocantins, Mato Grosso, Rondonia, Acre, norte de Goias e sui do Para e do Amazonas. Inserida totalmente na faixa tropical brasileira, a distribui<;ao das temperaturas medias anuais da classe subseqiiente (22,1 °c a 24°C) 142 Fig. 6.2 Parte das estDt;OeS selecionadas para confec- t;ao dos C/imatogramas Fonte: Eduardo V. de Paula (fBGE). .. I 6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMtTRICOS E TIPOS CLiMATICOS ...a passa a denotar de maneira mais demarcada a influencia do relevo e a a~ao moderadora das incurs6es mais avan~adas da massa polar atlantica (MPA). Controlada expressivamente pelas principais serras e chapadas de grande parte da por~ao sudeste do Brasil, extremo suI do Nordeste e da Regiao Centro-Oeste, essa zona termica estende- se do litoral centro-suI da Bahia, do Estado do Espirito Santo e de grande parte do Rio de Janeiro ate 0 Pantanal sul-mato-grossen- se, perpassando por quase todo 0 Estado de Minas Gerais e pelo centro-sul do Estado de Goias. Ainda na zona tropical, em seu setor meridio- nal, ha uma faixa de transi~ao entre os dimas quentes e os dimas frios do Pais, em que as temperaturas medias anuais relativamen- te baixas, que variam dos 19,1°C aos 22°C, demarcam a a~ao mais efetiva da MPA. Esses valores de temperaturas anuais figuram nos Estados do Parana (norte), Mato Grosso do SuI (sul) e Sao Paulo, adentrando-se no suI de Minas Gerais sob efeito da topografia da serra da Mantiqueira . E na Regiao SuI brasileira, inserida na faixa dos dimas subtropicais, sob as rotineiras incurs6es da MPA, que ocorrem os valores mais baixos de temperatura. Os indices ter- micos anuaissao inferiores a 19°C, sendo acentuados pela a~ao das serras gaucha e catarinense, que for~am as temperaturas medias anuais para valores entre 16°C e 17°C. Nessa regiao sao registradas as menores medias de temperaturas minimas, inferiores a lo°C, demarcando os locais mais frios do Pais (Figura 6.4). No Estado do Parana, esses valores sao registrados em sua por~ao mais meridional e nas maiores eleva~6es da serra do Mar. A atua~iio das massas tropical atlantica (MTA), tropical continental (MTC) e equato- rial continental (MEC) no ambito da Regiao Temperatura maxima media I'Ci 0<20 11 20 . 22 22,1·24 24,1·26 [] 26,1·28 iii! 28,1·30 .30,1.32 • >32 Medias historicas sazonais Verno -o 500km Outono -o 1.000km Invemo Temperatura maxima media (ee) Primavera 0<20 22,1-24 III 20-22 24,1-26 26,1-28 I2J 28,1-30 II 30,1·32 .>32 Fig. 6.3 Brasil: temperatura maxima anua! e sazona! (1961-2001) Fonte: Eduardo V. de Paula (base cartogrdfica: IBGE dados meteorol6gicos: INMETI numero de estafoes: 240). Ij i .1 143 I ~l,~1 ___________________________ 1 ~., CLlMATOlOGIA: no~6es basicas e dimas do Brasil SuI, particularmente nas estac;oes de verao, outono e primavera, atestam elevados indices termicos. A sazonalidade termica no Pais somente e expressiva nas suas porc;oes mais meridionais, uma vez que a maior parte de seu territario encontra-se inserida na faixa intertropical, onde as estac;oes sao preferencialmente demar- cadas mais pelas chuvas que pelas amplitu- des termicas. 0 fato de 0 territario nacional apresentar ampla extensao latitudinal, esten- dendo-se de pouco mais de 4° N a pouco menos de 340 S de latitude, organiza a distribuic;ao de energia solar incidente (ver Capitulo 3), de modo a favorecer elevadas temperaturas 0 ano todo nas latitudes correspondentes a sua porc;ao intertropical. As excec;oes ficam por conta das serras mais elevadas dessa porc;ao do territario, que amenizam as altas tempera- turas de verao. No inverno, a atuac;ao da MPA, em consar- cio com a diminuic;ao da disponibilidade de energia solar, responde pelas baixas tempera- turas medias de toda a Regi1io SuI, parte do suI da Regiao Centro-Oeste e boa parte da Regi1io Sudeste.A predominancia da atuac;ao da MPA e sua maior capacidade em rebaixar as temperaturas nesta epoca legitimam os valores medios ipferiores a l8°C. Contudo, 0 inverno gera condic;oes para que os avanc;os da MPA ganhem terreno no Pais, para amenizar as suas temperaturas medias de 40 S a cerca de 23° S de latitude, constituindo uma faixa onde seus valores variam de 25°C a l8°C, notadamente nas areas serranas e nas chapa- das. Nas ocasioes em que 0 Pais.e dominado Temperatura minima media (eC) [l.I <10 .10-12 .18,1-20 .12,1-14 .20,1-22 .14,1-16 • >22 Medias historicas sazonais Verao -o 500km Dutono - o l.OOOkm Inverno Temperatura minima media (oC) ~<10 .12,1-14 .10-12 .14,1-16 Primavera .-~---:; '..:...: 16,1-18 ~ 181-20 ~ , Fig. 6.4 Brasil: temperatura minima anual e sazonal (1961-2001) Fonte: Eduardo V. de Paula (base cartogr6fica: IBGE dados meteorol6gicos: INMETlnumero de esta~6es: 229). por vigorosas incursoes da MPA, de rapida e ampla capacidade de penetrac;ao no continente, ha, na Regiao Norte, significativa reduc;ao de suas temperaturas minimas de inverno, alcanc;ando indices entre 14°C e 17°C, 0 que caracteriza 0 fenomeno conhecido como friagem. 144 i '. i I I ,I U 6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMETRICOS E TIPOS CUMATICOS ~ Nessas ocasioes, 0 suI do Pais fica sujeito a fortes geadas, a tempera- turas minimas inferiores a DOC e a ocorrencia de precipita<;ao niveal em suas terras mais elevadas. No verao, com a farta disponibilidade de energia tfpica da epoca e com a MPA enfraquecida e apresentando uma rota de avan<;o mais oceanica e de menor extensao em seus deslocamentos, 0 Pais e dominado pelas massas de ar tropicais e equatoriais. Nesse perio- do, a maior parte do Pais - Regiao Centro-Oeste, praticamente toda a Regii'io Norte e grande parte da Nordeste - alcan<;a temperatu- ras medias anuais entre 24°C e 26°C, sob 0 dominio das massas equatorial continental (MEC), equatorial atlantica (MEA), tropical continental (MTC) e tropical atlantica (MTA), esta, muitas vezes, modificada em pseudotropical continental (pTC). Por outro lado, a atua<;ao mais costeira da MPA nessa epoca e a influencia do relevo das serras Geral e do Mar no setor oriental da Regiao SuI mantem as menores temperaturas medias anuais de verao, variando entre 20°C e 22°C. Ja no setor interiorano do SuI do Pais, as temperaturas medias anuais figuram entre 23°C e 24°C, em decorrencia da propria continentalidade e da atua<;ao das massas MTC, MEC, MTA, pTC e MPA, nessa ocasiao extremamente tropica- lizada, com temperaturas mais elevadas e mais seca. As temperaturas medias anuais de verao mais elevadas (entre 27°C e 28°C) ocorrem no setor norte do semi-arido nordestino (Estados do Ceara e Rio Grande do Norte). Destaca-se a faixa de temperaturas entre 26°C e 27°C, correspondente ao Estado de Roraima e ao norte do Amazonas e do Maranhao. Nas esta<;oes intermediarias, outono e primavera, 0 padrao de varia- <;ao espacial das temperaturas medias anuais segue as esta<;oes precedentes. As temperaturas maximas medias registradas no Pais alcan<;am indices superiores a 32°C. No verao, esses valores restringem-se a grande pal'te do nordeste brasileiro. No inverno, essas elevadas temperaturas ocorrem em areas mais restritas dessa regiao e expan- dem-se para 0 interior do continente, cobrindo boa parte dos Estados do Para, Tocantins e Mato Grosso, em grande parte pelo maior poder de penetra<;ao que a MTA passa a apresentar nessa epoca do ano e na primavera. Por ocasiao dessa esta<;ao, a isoterma de 32°C contorna ampla regiao, correspondendo a quase toda a Regiao Norte e Nordes- te e boa parte da Centro-Oeste, uma vez que ainda e preponderante 145 ~'" CLiMATOlOGIA: nO~Oe5 basicas e dimas do Brasil a atua~ao mais interiorizada da MTC e que essa parcela do territ6rio passa a apresentar maiores indices de insola~ao, devido ao desloca- mento da dedina~ao do Sol para essas latitudes e tambem por ser a altera~ao mais seca. 6.3 Variabilidade temporo-espacial das chuvas A distribui<;ao e a variabilidade das chuvas no Brasil estao associadas a atua~ao e a sazonalidade dos sistemas convectivos de macro e mesoescala e, em especial, dafrente polar atlantica (FPA). 1sso expli- ca as diferen~as dos regimes pluviometricos encontrados e que se expressam na diversidade dimatica do Pais, com tipos chuvosos, semi-aridos, tropicais e subtropicais. As chuvas abundantes e relati- vamente permanentes da Regiao Norte contrastam com a escassez e a concentra~ao das chuvas que ocorrem no Nordeste brasileiro. A sazonalidade das chuvas mantem-se na Regiao Centro-Oeste, embora seus valores sejam significativamente superiores aos nordes- tin~s. Nas Regi5es Sudeste e Sui, particularmente nesta ultima, as chuvas voltam a ser relativamente bern distribuidas ao longo do ano, embora com valores inferiores aos da Amazonia. A distribui~ao espacial dos totais medios anuais de chuva no Brasil (Figura 6.5) coloca em foco os dois grandes contrastes pluviometricos do Pais: a Regiao Norte, com as mais elevadas medias (superiores a 2.800 mm) centradas na Amazonia Ocidental e em parte da planicie da foz do rio Amazonas (atua~ao das ZCIT, MEC e MEAN associa- das), e 0 sertao nordestino, com valores medios anuais entre 1.200 e menos de 125 mm, pois as massas de ar MEC, MEAs, MTA e MPA chegam com umidade insuficiente para produzir chuvas abundantes, dentre outros fatotes. Alem do setor ama;zonico, todo 0 territ6rio centro-sui do Brasil contra- p5e-se aos baixos indices do sertao nordestino, com totais anuais medios entre 1.500 a 2.000 mm, 0 que the garante farta disponibili- dade de agua, retratada em sua alta produ~ao agropastoril e em sua farta rede hidrogrMica. Entretanto, mais do que os totais de chuva que ocorrem no Pais, sao as variabilidades estacional e intra-anual que repercutem de forma dramatica na vida dos brasileiros. Os problemas gerados pela variabilidade das chuvas, expressos em sua escassez ou excesso, atingem desde os "vastos territ6rios dos sert5es secos, onde imperam dimas muito quentes e chuvas escas- sas, peri6dicas e irregulares [00.], provavelmente a regiao semi-arida mais povoada do mundo (00') e a que possui a estrutura agraria mais 146 ".a 6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMtrRICOS E TIPOS CUMATICOS ~ rigida" (Ab'Saber, 2003, p. 92), ate as longas avenidas da metr6pole paulista- na - a mais rica do Pais e uma das mais pop,ulosas do mundo, que, por ocasiiio das chuvas concentradas de verao, vive o caos com congestionamentos superio- res a 100' km. Da mesma maneira, os veranicos muito intensos e prolon- gados na por~ao centro-sui do Pais durante 0 inverno repercutem negati- vamente na produ~ao agricola, e as chuvas concentradas de verao desenca- deiam movimentos de massa nos morros ocupados por favelas nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador, entre outras, frequentemente causando mortes e consideraveis perdas materiais it popula~iio e ao poder publico. A maioria das terras brasileiras esta inserida na faixa tropical-equatorial do globo, 0 que the confere uma distri- bui~ao temporal das chuvas marcada pela sazonalidade, bem como por regi- mes pluviometricos diversificados. Nos quentes veriies tropicais, a maior parce- la do territ6rio fica it merce dos mais elevados indices de chuva. No inverno, ao contrario, em grande parte do Pais, esses indices ficam muito reduzidos. Media historica anual Pre(ipita~ao (mm) 0<750 II 750-1.000 • 1.751-2.000 • 2.001 - 2.500 • 1.001 -1.250 • >2.500 • 1.251-1.500 • 1.501-1.750 Medias historicas sazonais Verao Inverno Precipita~o (mm) 0<150 !II 125-250 .251-375 .376-500 Dutono Primavera .501-625 .626-750 - o 500km - o 1.000km Na RegiiioSudeste, as chuvas de verao sao provocadas preferencialmente pela atua~ao da frente polar atlantica (FPA), que, em suas incursiies, nessa epoca mais umida e dinamizada, com a presen~a frequente de calhas induzidas, geradoras de chuvas, recebe oposi~ao da Fig. 6.5 Brasil: pluviosidade media anual e sazonal (1961-2001) Fonte: Eduardo V. de Paula (base cartografica:ANELL dados p/uviometricos: INMET). massa tropical atlantica (MTA). A intensidade dos tipicos aguaceiros estivais, provocados pela FPA, depende da permanencia e das oscila- ~iies da frente, cujas fortes chuvas muitas vezes sao provocadas por seu recuo como frente quente. As linhas de instabilidade de noroeste (INW) tambem contribuem com os indices pluviometricos dessa 147 ~" (UMATOLOGIA: no~oes basicas e dimas do Brasil epoca, notadamente quando a massa equatorial continental (MEC), de acentuada umidade especifica, tern sua atua~ao facilitada pelo aprofundamento da massa tropical continental (MTC). Da mesma forma, na Regiao Centro-Oeste, os sistemas convectivos das INW sao os principais responsaveis pelas chuvas de verao, com as passagens da FPA. A ZCAS tern urn papel importante nas chuvas de verao nas Regi6es Sudeste e Centro-Oeste. 0 maximo de precipita~ao (Figura 6.5 - Verao) de Noroeste para Sudeste esta associado it ZCAS. Na Amazonia central, as chuvas mais intensas de verao (superiores a 521 mm medios mensais) decorrem da forte atividade convecti- va regional promovida pelos aquecimentos locais gerados na MEC, pela intera~ao da convec~ao tropical da Amazonia com a zona de convergencia intertropical (ZCIT). Esta ultima, associada aos ventos de. leste/nordeste da massa equatorial do atlantico norte (MEAN), gera tambem indices pluviometricos elevados no setor atlantica da Regiao Norte. Ao alcan~ar sua posi~ao media mais meridional no outono, a atuac;:ao da ZCIT garante, a praticamente toda a Regiao Norte e ao setor setentrional da Nordeste, indices de chuva iguais ou superiores aos de verao. No inverno, it exce~ao da faixa litoranea da Regiao Nordeste, da por~ao que se estende do suI dos Estados de Mato Grosso do SuI e de Sao Paulo ate 0 extremo suI do Rio Grande do SuI, e ainda do setor NW da Amazonia, os demais setores do Pais apresentam uma sensivel redu~ao nas chuvas, com valores medios mensais inferiores a 125 mm, 0 que caracteriza 0 periodo de estiagem. Contudo, a dinamica e as particularidades dos sistemas geradores de chuvas em tao vasto territ6rio validam as diferen~as regionais de pluviosidade nele encontradas. A interioriza~ao da massa tropical atlantica (MTA), cuja menor umidade hibernal e reforc;:ada pelo seu avan~o para oeste, associada ao ramo subsidente das massas equatoriais que agem a partir dos alfsios de nordeste e de leste, e a principal responsavel pela diminui- ~ao das chuvas dessa faixa nas Regi6es Norte e Centro-Oeste. A escassez, assim como a freqiiente e prolongada ausencia das chuvas no sertao nordestino durante 0 inverno, esta associada ao desempenho vertical da massa equatorial do atlantico suI (MEAS), que atua por meio dos ventos alfsios de sudeste, e estes sao, parado- xalmente, os responsaveis pelas chuvas de outono e inverno de ate 500 mm da faixa litoranea umida da regiao. Segundo Nimer (1989, p. 10), a MEA 148 : .j , ! j 6 - BRASil: ASPECTOS TERMOPlUVIOMETRICOS E TIPOS CUMATICOS ,"i~ comp6e-se de duas correntes, uma inferior fresca e umida carregada de umidade oriunda da evapora~ao do oceano, e outra superior quente e seca, de dire~ao identica, mas separada por uma inversao de temperatura, a qual nao permite 0 fluxo vertical do vapor. Entretanto, em suas bordas, no doldrum ou no litoral do Brasil, a descontinuidade termica se eleva e enfraquece bruscamente, permitindo a ascensao con junta de ambas as camadas de alisios. Desse modo, a massa torna-se ai instavel, causando as fortes chuvas equatoriais e as da costa leste do continente. j Contrapondo-se ao restante do Pais, na Regiao SuI e no setor meridio- nal de Sao Paulo e do Mato Grosso do SuI, os indices pluviometricos medios sazonais sao superiores a 251 mm mensais, como conseqiien- cia da atua<;ao da FPA ao longo de todo 0 ano. As frentes que causam chuvas e ventos fortes na Regiao SuI tembem estao associadas aos ciclones extratropicais e aos vortices cicl6nicos em altos niveis. Este ultimo sistema tambem atua no Nordeste durante os meses de verao. I 1 'I j j , . A FPA e a principal agente promotora das chuvas nesse setor do terri- torio e, quando nao e a responsavel direta, dinamiza as linhas de instabilidade descritas anteriormente, causadoras de chuvas tambem nessa por<;ao do Pais. 6.4 Os dimas o Brasil apresenta uma consideravel tipologia climatica, decorren- te diretamente de sua extensao geogrMica e da conjuga<;ao entre os elementos atmosfericos e os fatores geogrMicos particulares da America do SuI e do proprio Pais. Entre os principais fatores que determinam os tipos climaticos brasileiros, destacam-se: 'I:" a configura~cro geogrdfica, manifestada na disposi<;ao triangular do territorio, cuja maior extensao disp6e-se nas proximidades da Linha do Equador, afunilando-se em dire<;ao suI; 'I:" a maritimidadelcontinentalidade, pois 0 litoral tern uma consideravel extensao e e banhado por aguas quentes - particularmente a corrente suI equatorial e a corrente do Brasil- e frias - corrente das Malvinas (ou Falklands). A disposi<;ao geogrMica do "continente Brasil" apresenta uma expressiva disposi<;ao continental interiorana, ou seja, uma expressiva extensao de terras que se encontra consideravelmente afastada da superficie maritima, formando urn amplo interland; 'I:" as modestas altitudes do relevo, expressas em cotas relativamente baixas e cujos pontos extremos atingem somente cerca de 3.000 m; 'I:" a extenscro territorial: a extensao geogrMica do Pais apresenta uma area de cerca de 8.511 milh6es de km2, localizada entre 5°16'20" de latitude norte e 33°44'32" de latitude suI, e 34°47'30" e 73°59'32" de longitude oeste de Greenwich, disposta em sua grande maioria no hemisferio Sul- 0 hemisferio das aguas; 149 Ii;' ... CUMATOLOGIA: no~fies basicas e climas do Brasil :1: 1] 1; I ~ as formas do relevo, notadamente a distribui~ao dos grandes compartimentos de serras, planaltos e planicies que formam verdadeiros corredores naturais para 0 desenvolvimento dos sistemas atmosfericos em grandes extens6es, principalmente de movimenta~ao norte-sui; e ~ a dinamica das massas de ar e jrentes, sendo que as que mais interferem no Brasil sao a equatorial (continental e atlantica), a tropical (continental e atlantica) e a polar atlantica, como apresentado na introdu~ao deste capitulo. Alem desses fatores, deve-se salientar 0 papel da vegeta~ao e das atividades humanas na defini~ao dos tipos climaticos do Brasil, pois a intera~ao destes com 0 balan~o de radia~ao e a atmosfera da origem a particularidades climaticas regionais e locais no cenario brasileiro. A consideravel evapotranspira~ao das areas com vegeta~ao exuberan- te, como a Amazonia e a serra do Mar, alem da altera~ao provocada na atmosfera pelas extensas regi6es de agricultura e de localida- des de expressiva espacializa~ao urbano-industrial, como as areas metropolitanas na por~ao litoranea e centro-sui do Pais, devem ser mencionadas ao se arrolar os fatores geogrMicos dos climas do Brasil. Observando-se as caracteristicas da atmosfera relativas ao Brasil e, de maneira especial, as condi~6es estaticas e dinamicas particulares ao territorio nacional, pode-se constatar a existencia de cinco grandes compartimentos climaticos no Pais. Essa divisao, baseada principal- mente na distribui~ao da temperatura e da pluviosidade registradas no con junto da Na~ao, associada as caracteristicas geograficas e a dinamica das massas de ar (Figura 6.6), foi aqui acrescida de outras caracteristicas e de climatogramas que real~am os sUbtipos de cada urn dos grandes tipos c1imaticos brasileiros. Os cinco principais tipos c1imaticos do Pais detem urn elevado grau de gerieraliza~ao dos elementos c1imaticos, notadamente suas medias, em rela~ao a consideravel extensao dos territorios aos quais sao atribuidos. Esses grandes dominios abarcam uma infinidade de sUbtipos c1imaticos particulares, que, uma vez analisados, permitem conhecer a diferencia~ao interna de cada urn dos grandes tipos aqui apresentados. Assim, ao tecer a caracteriza~ao generica dos cinco grandes dominios c1imaticos brasileiros, detalhando-os em varios subtipos, faz-se uma aproxima~ao a realidade c1imatica do Brasil - a evidencia de alguns de seus detalhes encontra-se apresentada a partir de climatogramas e dos controles atmosfericos relativos a cada subtipo. 150 , ! . --------------------------------------------~--~ 6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMETRICOS E TIPOS CUMATICOS ~ ~ Massa de ar equatorial =-;? continental (MEC) ~ Massa de ar equatorial ~ atlantica (MEA) ......... Massa deartropical ......,. atlantica (MTA) Massa deartropical continental (MTC) Unha do Equador .....tIrtrrrr.. Massa de ar polar ......,. atlantica (MPA) Escala 1 :35.000.000 • (lima equatorial la -sem seca au supenlmido lb -com subseca -1 a 2 meses secas lc -corn subseca -3 rneses secas !!II (lima tropical equatorial 2a -corn 4 a 5 rneses secas 2b -com 6 meses secos 2c -com 9 all meses secas II (lima tropicallitoran~'o do Nordeste oriental 3a - (am 5 a 7 meses secas 3b -com 3 a 5 mese5 secos 3c -com 1 a 1 meses seCDS ~ (lima tropical umido-seco ou tropical do Brasil (entral 4a - com 4 a 5 meses secos 4b -com 6 a 8 meses seCDS 4c-sem sera 4d- com 1 a 3 meses secos II (lima subtropical umido 5a -com inverno fresco a frio 5b -com invemofrio Os cinco macrotipos dimaticos do Brasil e seus diferentes sUbtipos sao: 6.4.1 Clima equatorial o dima predominante na por~ao norte do Brasil (compreendida pelos Estados do Amazonas, Para, Acre, Rondonia, Amapa, e parte de Mato Grosso e Tocantins, area que coincide com a floresta amazo- nica), controlado por sistemas atmosfericos equatoriais (MEC, MEA e ZCIT) e tropicais e pertencente ao Grupo I de A. Strahler (dimas de latitudes baixas), foi denominado genericamente por Carlos Augusto Fig. 6.6 Domfnios climaticos do Brasil e principais subtipos 151 ~:. CLiMATOLOGIA: no~oes basicas e dimas do Brasil de Figueiredo Monteiro (1968) de clima equatorial umido da Frente Intertropical (FIT). Edmond Nimer (1989) classificou·o como perten- cente ao domfnio climatico quente (evidencia da latitude, altitude e maritimidade-continentalidade), com tres subdivisoes relacionadas it variabilidade da umidade do ar. 0 IBGE (1997) nominou-o clima equatorial. A temperatura media anual deste tipo climatico situa- se entre 24°C e 26°C; portanto, e clima quente, cujos valores mais baixos encontrados nas regioes serranas e os mais elevados, ao longo do vale do rio Amazonas, chegam a ultrapassar essas medias. De maneira geral, a area e considerada de expressiva homogenei- dade termica, nao apresentando grande amplitude termica diaria ou sazonal devido it umidade atmosferica e it intensa nebulosidade serem ali muito elevadas. Setembro e outubro sao considerados os meses mais quentes do ano. Em algumas localidades a oeste·sudoeste da por~ao norte do Brasil, a temperatura pode atingir 40°C. Nos meses de junho a agosto, a temperatura apresenta pequena queda em rela~ao aos totais anuais, pois as penetra~oes de frentes frias por meio de seu ramo continental podem provocar quedas bruscas da temperatura, ocasionando 0 fenomeno regionalmente denominado friagem. Nesse momento, a temperatura pode chegar a 8°C no sudoeste da regiao. Em termos de pluviosidade, a por~ao norte do Pais, embora conside- rada bastante umida e onde se encontram os mais expressivos totais pluviometricos, apresenta uma distribui~ao heterogenea, tanto espacial quanta temporalmente. Em algumas areas, 0 indice medio anual esta acima de 3.000 mm (extremos leste e oeste), ao passo que em outras nao passa de 1.600 mm (a noroeste e sudoeste). Ao norte da area, 0 perfodo chuvoso ocorre nos meses de inverno, enquanto no restante da regiiio se da principalmente no verao. Segundo Nimer (1989, p. 390), . tratimdo-se de suas earaeteristieas hidricas, verifieamos que a Amazonia possui numerosos facies euja distin~ao varia desde a inexisteneia de mes seeo ate a existeneia de 3 meses secas, normalmente. Os tres sUbtipos do clima equatorial apresentam elevadas temperatu- ras e quase nenhuma variabilidade termica sazonal; e a variabilidade da pluviosidade ao longo do ana que permite identifica-los: a) (lima equatorial sem seca ou superumido Na por~ao extrema oeste do Estado do Amazonas, forma-se urn subtipo c1imatico em que todos os meses apresentam elevadas te~p~raturas e umidade/pluviosidade. Alem da elevada evapora~ao . :~.,' " . " .. ," '~'., \ 152 6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUV!OMtTRICOS E TIPOS CLlMAT!COS ""'~ e evapotranspira~ao regional, baixa latitude e forte continentalida- de, contribui para a defini~ao deste subtipo 0 acumulo de umidade trazida pelas incurs6es da MEAN que, deslizando pela planicie amazonica e aproximando-se das eleva~6es do relevo, culmina na cordilheira dos Andes, concentrando ali a umidade proveniente do oceano. A for~a de atrito do relevo sobre a MEAN faz com que 0 ar se eleve, se condense e caia em forma de chuva naquela regiao, que apresenta consideravel nebulosidade. Os c1imatogramas de duas localidades (Figura 6.7) do extrema oeste amazonico ilustram este subtipo c1imatico (Tabela 6.1). Sao Gabriel da (achoeira (AM) 700,---=======---,36 Fonte Boa (AM) 500,------'-==="-------, 32 a TI E' 500 • • • • E -c; 400 .'" .[ 300 ~ 200 100 - Temperatura media 28 24 2: 20 ~ 16 ~ 12 E '" 4 o Fig, 6.7 Climatogramas relativos 00 clima equatorial sem seea ou superumido Fonte: Inmet. -t;" Observa-se em Sao Gabriel da Cachoeira (AM) uma expressiva regularidade termi- ca anual e uma pequena varia~ao pluviometrica ao longo do ano: maximo de 400 mm no mes de maio e minimo de 200 mm nos meses de novembro e fevereiro. De maneira geral, 0 outono e chuvoso, e a primavera, menos chuvosa. -t;" Fonte Boa (AM) apresenta tambem regularidade termica e pequena varia~ao pluvio- metrica anuais. 0 periodo que vai de julho a setembro e 0 menos chuvoso (agosto com 160 mm), sendo que 0 outono e mais chuvoso (abril e 0 mes de maior pluviosidade, com urn total medio mensal de cerca de 300 mm). Tabela 6.1 "CIima equatorialsem seca LOCAUDADE Sao Gabriel da Cachoeira (AM) Fonte Boa (AM) Fonte: Inmet, 1961-2000. TEMPERATURA MINIMA (DC) 21,4 22,0 TEMPERATURA MEDIA (DC) 25,5 25,9 TEMPERATURA MAxIMA (DC) 31,2 30,9 b) (lima equatorial com subseca - urn a dais meses secas Distribuindo-se pela por~ao centro-oeste do Estado do Amazonas, 0 centro-oeste do Estado do Acre e 0 sudoeste do Estado de Roraima, bern como pela por~.~o nordeste da regiao (centro-oeste do Estado do PRECIPITA,AO PlUVIOMETRICA (mm) 3.416,5 2.496,7 Prof Cliuma /IF Sah6i3.tle Afk Geografia - 1Jfi!>1 I J ~, CLiMATOLOGIA: no\oes basi"s e ciimas do Brasil Amapa e norte-nordeste do Estado do Para), esse sUbtipo apresenta elevadas temperaturas em todos os meses do ano, com urn a dois meses menos chuvosos ou de subseca. Nessa por~iio do territorio, observam-se os mesmos fatores que influenciam 0 sUbtipo anterior, todavia, 0 efeito da for~a de atrito do relevo pre-andino niio se faz notar neste subtipo, sendo substitufdo, na por~iio nordeste da regiiio, pela maritimidade. A atua~iio das massas equatoriais continental e maritima (MEC e MEAN) e ali bastante pronunciada, alem da ZCIT. Esse subtipo apresenta varia~6es que podem ser observadas nos c1ima- togramas das cinco seguintes localidades (Figura 6.8 e Tabela 6.2). Manaus (AM) 600 Oriximina {PAl 500 • - M J J A 0 N a 700,-_____ "'Be"'le"'m"'(P-"AL) -----, 600 ESOOe,. a' E ~400~~~B1i ~ 32°000 ~HUll liU] " !lJ.i F,'" I%;l'i~ m ~ laO ~ "j :' ~~ ~1 ~l ~~ '~ m FMAMJ A • • • ° N a 32 28 24 20 16 12 8 4 32 28 24 20 16 12 8 4 0 500 G E ~ .§. 400 '" ,I< ~ 300 ~ if ~ ',," E ~ 200 '" 100 c~ f:::~o 700 6001 E ~ 500 • .§. '" 0 400 ~ '(9. :~. 300 i ~ E .~ '" 200 ~ lOa a ~,'~;'; J • • • • IT~ r~ ~ ~ Nl (~ -~ ~~1 rti fW;1 I,M ~ fI;1 ~;~, I", ~!'11 ,','. C,", ,,:,,' l~~, F M A M J J A Manicore (PA) • • • • • • r{:l r;:":i ~ jX~ i"';'~ ~~(~'J C?j ~~ eli ~{¥~ !w' ~] ~ 1'/;: ~i,t! r?~a r~ F M A M J J A 32 28 .------. 24 ~ 20 '" '" 16 " 12 ~ E 8 '" fM IT;;j 4 r,m ~ 0 ° N a 36 32 28 • G • • • 24 ~ 20 '" ~ 16 ~ ~ 12 E '1:'"" '" ~ I;~ ri!1 8 [' 8 ;;si 4 ,~:~1 f:A vg:'l 0 5 ° N 0 500, ____ "'Cr"'uz"'ei"'ro."do"'S"'u"'l (A",C:L) ____ , 32 rl Precipita~ao WJj - Temperatura media _G _ E II "I., ••• 24Y ..§. 300 - o 20 c:: _ 0 if. 16~ a f 12 t 1100 I:'" o 0 Fig. 6.8 Climatogramas relativas ao clima equatorial com subseca (urn a dais meses secas) Fonte: Inmet. Tabela 6.2 Ciima equatorial com subseca (urn a dois meses secos) LOCALIDADE Manaus (AM) Belem (PA) Cruzeiro do Sui (AC) Oriximina (PA) Manicore (AM) Fonte: Inmet, 1961-2000, 154 TEMPERATURA MINIMA (oC) 22,8 22,3 19,0 21,0 20,5 TEMPERATURA MEDIA (OC) 26,7 26,1 25,3 24,8 26,0 TEMPERATURA MAXIMA (OC) 31,5 31,6 31,5 30,4 32,0 PRECIPITA~AO PlUVIOMETRICA (mm) 2.311,9 2.980,4 2.195,2 1.720,4 2.566,1 I j , ] I 1 1 6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMETR[COS E TIPOS CliMATICOS -t;" Manaus (AM) apresenta regularidade termica anual com pequena altera~ao na primavera e considenivel varia<;ao pluviometrica ao longo do ano. Junho a outubro e o periodo menos chuvoso (agosto e 0 de menor pluviosidade, com 60 mm), e mar<;o a abril caracteriza-se como 0 periodo chuvoso (350 mm). Os meses de maior tempera- tura coincidem com aqueles de menor pluviosidade. Manaus, como se observa na Tabela 6.3, evidencia a ja ressaltada condi<;ao de homogeneidade termica do norte do Brasil, pois apresen- ta pequena amplitude termica anual, chegando a urn maximo de cerca de lOoC de diferen<;a entre a media maxima das temperatu- ras maximas e a media minima das minimas. Mesmo registrando a ocorrencia de temperatura minima absoluta proxima aos 18°C, estas diferem-se das maximas absolutas em urn maximo de 20°C. o periodo de mais elevadas temperaturas de Manaus ocorre entre agosto e novembro, coincidindo em parte com os meses de menor pluviosidade. Tabela 6.3 Manaus (AM): temperatura do or Maxima Minima MEDIA COMPENSADA (oC) Anual Mensal 27,6 27,6 Outubro 26 Fevereiro MEDIA DAS MAxlMAS (oC) Anual Mensal 31,4 32,9 Setembro 30,4 Fevereiro Fonte: Normais c/imatol6gicas do Brasil, 1961-1990. MEDIA DAS MINIMAS (OC) Anual Mensal 23,3 23,7 Outubro 22,7 Julho ASSOLUTA (oC) 38,2 04/03/83 17,7 20107/81 -t;" Em Belem (PA), observa-se regularidade termica anual com expressiva varia<;ao pluviometrica ao longo do ano: junho a novembro e 0 periodo menos chuvoso, desta- cando-se 0 mes de outubro (120 mm); 0 mes mais chuvoso e 0 de mar<;o (430 mm). Em Belem, nota-se claramente 0 regime de seis meses chuvosos e seis com redu<;ao do total de chuvas. Comparativamente a Manaus, Belem evidencia uma maior homoge- neidade termica diaria e sazonal devido a sua localiza<;ao no estuario do rio Amazonas, area de mais express iva umidade do ar que aquela, em razao da maior influencia da maritimidade no seu clima. Nesta por<;ao do Estado do Para, os totais pluviometricos anuais excedem 3.000 mm, e as chuvas sao bern distribuidas durante 0 ano todo, com maior destaque nos meses de verao e outono. A diferen<;a entre as temperaturas medias das maximas e das minimas (Tabela 6.4) atinge, em Belem, cerca de lOoC, porem, os extremos 155 ~, CUMATOlOGIA: no\oes basicas e ciimas do Brasil absolutos sao inferiores a Manaus em cerca de 2°C na amplitude observada no periodo; a amplitude termica geral de BeIem e tambem inferior it de Manaus. A linha representativa da temperatura media do ar da cidade de Belem (Figura 6.14) retrata a tenue sazonalidade termica da cidade, levemente inc1inada para baixo em fevereiro e marc;o, meses de menores medias termicas anuais. De maneira geral, a temperatura e levemente mais elevada entre outubro e janeiro (entre 26,4°C e 26,6°C). Tabela 6.4 Be/em (PA): temperatura do ar MEDIA COMPENSADA (DC) MEDIA DAS MAxlMAS (DC) MEDIA DAS MfNIMAS (DC) ABSOLUTA (DC) Anual Mensal Anual Mensal Anual Mensal 25,9 31,4 21,9 Maxima 26,7 32,3 22,6 Maio 37,3 30/03/82 Abril Novembro Minima 24,5 30,4 21,6 Outubro 18,5 26/08/84 Fevereiro Mar<;o Fonte: Normais Cfimato/6gicas do Brasil, 1961-1990. ~ Cruzeiro do SuI (AC) apresenta as mesmas caracteristicas que a cidade de Belem, porem, junho a agosto e 0 periodo menos chuvoso, julho e 0 de menor quantidade de chuvas (70 mm), e fevereiro/marc;o e 0 bimestre mais chuvoso (300 mm). Outubro a abril e 0 periodo de maior concentrac;ao das chuvas. ~ A regularidade termica anual de Oriximina (PA) possui pequena alterac;ao em outubro, sendo este 0 mes mais quente e tambem 0 menos chuvoso. Observa-se uma consideravel variac;ao pluviometrica anual: setembro a dezembro e 0 periodo de menor pluviosidade, outubro e 0 menos chuvoso com cerca de 40 mm e maio e 0 mais chuvoso.{350 mm). Os meses de maior temperatura coincidem com os de menor pluviosidade ..•. ~ Como nas outras localidades deste sUbtipo c1imatico, em Manicore (AM) tambem se observauIl1-a consideravel regularidade termica anual e variac;ao pluviometrica ao longo do ano: no periodo menos chuvoso, destaca-se 0 mes de agosto com 50 mm, e fevereiro e marc;o como os mais chuvosos (marc;o com 300 mm). c) (lima equatorial com subseca - tres meses secos Em algumas localidades de c1ima equatorial, particularmente nas fronteiras deste dominic c1imatico com 0 c1ima tropical umido-seco do Brasil central e no centro do Estado do Para, urn subtipo forma- se, principalmente pela reduc;ao de pluviosidade em tres meses do ano, mesmo mantendo os indices termicos e pluviometricos bastan- te elevados. 0 efeito da continentalidade sobressai nesse sUbtipo c1imatico, bern como a evaporac;ao-evapotranspirac;ao; todavia, os efeitos da maritimidade e do relevo pre-andino nao sao marcantes. 156 ______________________________________________________________ ~ ____ ~~1 f I ! t I I I I. 6 - BRASIL: ASPECTOS TERMOPLUVIOMtTRICOS E TIPOS CliMATICOS ..- A atua~ao da MEC, MEAN e ZCIT e definidora desse sUbtipo, que pode ser observado nos climatogramas das localidades a seguir (Tabela 6.5 e Figura 6.9). Tabela 6.5 c/ima equatorial com subseca (tres meses secas) LOCALIDADE TEMPERATURA TEMPERATURA TEMPERATURA PRECIPITA~ilO MfNIMA (DC) MEDIA (DC) MAXIMA (DC) PLUVIOMETRICA (mmj Porto Velho (ROj 21,3 25,4 31,5 2.267,3 Rio Branco (AC) 19,5 25,0 31,4 1.941,5 Parintins (AM) 23,9 27,3 32,0 2.343,9 Fonte: Inmet, 7967-2000. -t:' Porto Velho (RO) apresenta clima quente, com boa reguralidade termica anual, porem, com pequena queda nos meses de junho, julho e agosto. Estes sao tambem os tres meses menos chuvosos, chegando a urn indice de cerca de 20 mm em julho. Todavia, 0 verao e bastante chuvoso, sendo janeiro 0 mes de maiores indices pluviometricos (370 mm). -t:' Rio Branco (AC) caracteriza-se por clima quente e reguralidade termica anual; porem, apresenta queda mais prolongada
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