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UNIGRANRIO
U N I V E R S I D A D E
Vá além da sala de aula !
Construção Histórica 
do Conceito de Infância
Núcleo de Educação a Distância 
www.unigranrio.com.br
Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 
25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ
Reitor
Arody Cordeiro Herdy
Pró-Reitor de Administração Acadêmica
Carlos de Oliveira Varella
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Emilio Antonio Francischetti
Pró-Reitora Comunitária
Sônia Regina Mendes
Direção geral: Jeferson Pandolfo
Revisão: Laís Sá e Mariana Baptista
Produção editoração gráfica: David Vieira Nunes e 
Rodrigo de O. Nunes
Desenvolvimento do material: Marcio Simão
Desenvolvimento instrucional: Gabriela Porto e Lívia 
Rosa
Copyright © 2018, Unigranrio
Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, 
mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio.
UNIGRANRIO
U N I V E R S I D A D E
Vá além da sala de aula !
Sumário
Construção Histórica do Conceito de Infância
Objetivos .......................................................................................... 04
Introdução ........................................................................................ 05
1. Conceito de Infância ............................................................. 06
1.1 Sintetizando ....................................................................... 08
1.2 Vamos Pensar Conceitos? ..................................................... 08
1.3 Como Podemos Entender a Infância? ..................................... 09
2. Conceito de Criança ............................................................ 12
3. Conceito de Educação Infantil e a Modalidade 
 Creche ............................................................................. 14
3.1 Como se Apresentam as Creches? ......................................... 16
3.2 Como Deve Ser o Espaço de uma Creche? .............................. 17
3.3 Como Pensar essa Organização? .......................................... 17
4. Os Papéis dos Adultos nas Instituições e o Papel da Família ....... 18
Síntese ............................................................................................ 21
Referências Bibliográficas ................................................................... 22
Objetivos
Ao final desta unidade de aprendizagem, você será capaz de:
 ▪ Compreender os conceitos de infância, criança e educação infantil 
na modalidade creche;
 ▪ Compreender os papéis dos adultos responsáveis na instituição de 
creche e o papel da família.
4 Educação nas Creches
Introdução
Esta unidade situa-se nos pressupostos da abordagem sócio-histórica, 
objetivando compreender os conceitos de infância, criança, educação infantil 
e os papéis dos adultos nas instituições e o papel da família.
É preciso reconhecer que o sujeito humano se forma baseado em uma 
realidade plural, e é justamente essa polifonia que permite a singularização do 
sujeito, tornando-o único e diferente do outro. 
Buscamos entender a criança como um sujeito social que vê o mundo 
com seus próprios olhos. É importante ressaltar que, para elucidar questões 
referentes à educação infantil, devemos avaliar os pontos positivos e negativos 
de qualquer implementação política que se reporte à criança como sujeito, 
valorizando suas especificidades. 
Kramer (2002) acrescenta que as práticas encontradas nas creches e a 
opinião dos profissionais atuantes nessas instituições devem ser o ponto de 
partida para a implementação de qualquer mudança. Entretanto, os saberes 
e as experiências dos agentes educadores e, sobretudo, das crianças devem 
ser considerados por todos os responsáveis, em ambas as organizações: 
institucional e familiar. Nesse sentido, os educadores de creches precisam ser 
valorizados, tendo em vista suas trajetórias de formação e profissionalização. 
5Educação nas Creches
1. Conceito de Infância
Exercícios de ser criança
Manoel de Barros
Foi na fazenda de meu pai antigamente.
Eu teria dois anos; meu irmão, nove.
..................................................
No caminho, antes, a gente precisava
de atravessar um rio inventado.
Na travessia, o carro afundou,
e os bois morreram afogados.
Eu não morri porque o rio era inventado.
Ariès (1981), em seu estudo sobre a construção histórica do 
conceito de infância, mostra como as práticas socioculturais voltadas 
à criança, vigentes na sociedade ocidental, são delineadas por modos 
de representá-la. Nesse sentido, o autor aponta a necessidade de 
compreender a infância segundo uma perspectiva histórica e social, e 
não como uma categoria abstrata, desconexa da vida social. Em seu 
trabalho, Ariès (1981) revela que, até o século XVI, a infância era 
concebida como período transitório da vida humana, que deveria ser 
prontamente superado, assim que sua sobrevivência independesse dos 
cuidados adultos. Dessa forma, a criança confundia-se com os adultos, 
já que não havia acomodações, brinquedos e roupas específicas para 
ela; a criança passou a se configurar como um adulto em miniatura, 
não sendo considerada em sua particularidade. Não havia, portanto, na 
sociedade medieval, o que Ariès denomina de “sentimento da infância”.
Resgatando a etimologia da palavra “infância”, que, como destaca 
Gagnebin (1997), é proveniente do latim in-fans, significando aquele 
que não fala, destituído de linguagem e, portanto, de logos (razão). A 
visão da criança como in-fans remonta-se ao pensamento platônico, 
que a aborda como um ser próximo do estado animalesco e primitivo; 
característica essa que demanda a domesticação das paixões, segundo 
normas educacionais baseadas na razão. 
6 Educação nas Creches
Seguindo essa orientação, Descartes (2005) admite que a infância 
se caracteriza pela exacerbação do aprisionamento da alma no corpo, o que 
condena o homem ao erro, uma vez que o conhecimento da verdade só é 
possível mediante o pensamento puro, livre das sensações corpóreas.
Assim, tem-se novamente a infância como condição marcada pela 
ausência da razão, como aponta Ghiradelli (1997, p.115):
Descartes entende que o fato de termos sido crianças nos manteve 
durante muito sob o governo de apetites e perceptores – o corpo e 
a cultura – de modo que, uma vez adultos, nossos juízos não são 
tão puros e tão sólidos quanto seriam se tivéssemos tido o uso de 
nossa razão por inteiro desde o nascimento e se tivéssemos sido 
conduzidos só por ela.
In-fans
7Educação nas Creches
 Rousseau, ao dizer que “A criança não é um adulto inacabado, ela possui 
seu valor nela mesma. Em certo sentido, que é o mais importante, cada idade se 
basta a si mesma”, criou o conceito de infância (apud CERIZARA, 1990).
A visão da infância como lugar da inocência e da natureza pura, ainda 
não corrompida pela vida mundana adulta, faz-se presente no pensamento 
de Rousseau (1995), que aponta a educação como meio de valorização dessa 
natureza infantil, em oposição ao mundo das perversões. Com essa visão 
contemporânea, ele demonstrou-se sensível ao diálogo da criança, algo 
incomum naquela época.
1.1 Sintetizando
O historiador Philippe Ariès (1981) nos revela que o sentimento de 
infância é uma construção social, invenção de uma nova forma de organização 
da sociedade e de uma nova mentalidade, que passa a ver a criança como 
alguém que precisa ser cuidado, educado e preparado para a vida futura. 
Segundo esse autor, o conceito de infância começa a se delinear no final do 
século XVII, consolidando-se no final do século XVIII. Antes disso, a criança 
era ignorada pela sociedade dos adultos, não havendo nenhuma atenção ou 
cuidados específicos para com ela, sentimento que se revelava nas altas taxasde mortalidade infantil, na naturalização desse fenômeno pela sociedade 
e na indiferenciação entre crianças e adultos, a exemplo das vestimentas e 
atividades comuns a todos: trabalho, festas, jogos etc.
Essa perspectiva histórica nos indica que não podemos compreender 
a criança fora de suas relações com a sociedade na qual está vivendo, nem 
desvinculada de suas interações com os sujeitos e com a cultura do grupo social 
no qual está inserida. Essas relações são constituintes de sua subjetividade, 
isto é, de sua forma de sentir, pensar e agir sobre o mundo (VYGOTSKY, 
1987; WERTSCH, 1994).
1.2 Vamos Pensar Conceitos?
Para López (2008), os conceitos não existem isoladamente. Já 
Gilles Deleuze e Felix Guatari (1992) diriam que eles não são simples, 
8 Educação nas Creches
mas sempre comportam outros conceitos, ou seja, que um conceito 
está formado por outros conceitos. Eles são como arquipélagos ou 
constelações e, por isso, devem ser considerados por suas relações. Só se 
alcança o entendimento de um conceito quando se descobre com quais 
outros conceitos ele se liga ou comunica. Por exemplo, se podemos 
afirmar que as crianças são o futuro, é porque o conceito de infância que 
estamos utilizando envolve uma dimensão temporal. Pensar um conceito 
é desenvolver aquilo que nele está.
1.3 Como Podemos Entender a Infância?
Para distinguir historicamente a infância e o pequeno adulto, é 
fundamental compreender que esses conceitos foram construídos na história 
da sociedade ocidental e estão, hoje, permeados de valores culturais, sociais 
e econômicos que produzem diferentes infâncias com base nos diferentes 
contextos em que ela é vivenciada.
Nesse conceito, é fundamental diferenciar algumas definições:
A partir do século XVII, a concepção de infância começou a 
passar por transformações. Para Ariès (1981), a infância inexistia, não 
sendo reconhecida pela sociedade como categoria diferenciada do gênero 
humano. No entanto, as crianças, aos olhos dos teóricos desse período, 
representavam fragilidade e ingenuidade.
Veja como podemos entender a infância:
Sentimento de infância
O sentimento de infância não significa o mesmo que afeição pelas 
crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa 
particularidade que distingue a criança do adulto, mesmo jovem. 
Essa consciência não existia. Por essa razão, assim que a criança 
tinha condições de viver sem a solicitude constante de sua mãe 
ou de sua ama, ela ingressava na sociedade dos adultos e não se 
distinguia mais destes. (ARIÈS, 1981, p.99)
9Educação nas Creches
Paparicação
Um novo sentimento que, segundo Ariès (1981, p.101), seria “o 
negativo do sentimento de infância a que chamavam de ‘paparicação’”.
Montaigne hostilizava essa paixão dispensada, principalmente, aos 
recém-nascidos, e que se mantinha até os três anos de idade. “Ele não admitia 
a ideia de se amar às crianças como passatempo, como se fossem macacos, 
nem de se achar graça em seus sapateados, brincadeiras e bobagens pueris” 
(ARIÈS, 1981, p.159).
Todavia, no final desse século, observou-se o abandono desse 
sentimento, não apenas pelas pessoas “bem-nascidas”, mas, sobretudo, pelo 
povo, pois, segundo os pensadores da época, esse sentimento de “paparicação” 
tornava as crianças, especialmente as pobres, mal-educadas.
Moralização
Outro sentimento contrário ao primeiro, que originou o pequeno 
adulto, surgiu sob a ótica adulta por uma nova postura da família. A criança 
passou a ter um significado na constituição familiar, que necessita ser 
moralizada, já que é imperfeita e incompleta; portanto, precisa ser preservado 
para toda sorte de maus-tratos e ser pensado como investimento futuro.
Pequeno adulto
Na concepção da época, ele tinha que receber cuidados até a maturação 
física: “era como se o valor da educação começasse apenas com a aproximação da 
idade adulta” (ARIÈS, 1981, p.77), que, nesse caso, começava aos sete anos. Essa 
era a idade em que modos e linguagens decentes deviam ser ensinados às crianças.
No final do século XVII, surgiu outro sentimento: “o apego à infância”, 
que inspirou toda a educação até os dias atuais.
O apego à infância
Segundo Ariès (1981, p.35), “O apego à infância e à sua 
particularidade não se exprimia mais através da distração e da brincadeira, 
10 Educação nas Creches
mas através do interesse psicológico e da preocupação moral”. Os moralistas 
recusavam-se a considerar as crianças como brinquedos encantadores.
 A atenção passou a ser dada ao desenvolvimento das crianças, de 
modo a torná-las seres raciais e honrados. Assim, “todo homem sente 
dentro de si essa insipidez da infância que repugna a razão sadia; essa 
aspereza da juventude, que só se sacia com objetivos e não é mais do que 
o esboço grosseiro do homem racial” (ARIÈS, 1981, p.47). 
Infância
Vários autores defendem que a ideia de que as concepções 
nutridas sobre as infâncias, nos últimos séculos, não se aplicam mais às 
crianças da contemporaneidade. Hoje, a infância é compreendida como 
uma categoria gerencial, um constructo social. (SARMENTO, 2007). 
Portanto, é necessário considerá-la como uma concepção modificada 
da mente infantil, “uma mente criando sentido, buscando sentido, 
preservando sentido e usando sentido; numa palavra – construtora do 
mundo” (GEERTZ, 2001, p.186).
Nessa perspectiva, Lopes e Vasconcellos (2005), apontam que 
as diferentes infâncias em seus diferentes contextos são produzidas em 
diferentes espaços sociais e geográficos destinados às crianças. Para esses 
autores, a concepção de infância é atravessada pela dimensão do espaço 
social e do tempo histórico em que o sujeito criança está inserido.
Portanto, a partir da década de 1990, os estudos sobre as crianças, 
segundo Pinto e Sarmento (1997), passam a considerar o fenômeno 
social da infância, ultrapassando os métodos reducionistas.
De novas pesquisas, surgem diferentes infâncias “porque não existe uma única, e 
sim, em mesmos espaços, têm-se diferentes infâncias, resultado de realidades que 
estão em confronto” (DEMARTINI, 2001, p.4).
Importante
11Educação nas Creches
2. Conceito de Criança 
Hoje, a criança é reconhecida como ator social e cultural.
No Proinfantil, considera-se que a criança é um cidadão de direitos e um 
sujeito sócio-histórico-cultural que, em função das interações entre aspectos 
biológicos e culturais, apresenta especificidades no seu desenvolvimento. 
O Proinfantil é um curso em nível médio, a distância, na modalidade Normal. Destina-se aos 
profissionais que atuam em sala de aula da educação infantil, nas creches e pré-escolas das 
redes públicas – municipais e estaduais –, da rede privada, sem fins lucrativos – comunitárias, 
filantrópicas ou confessionais –, conveniadas ou não, sem a formação específica para o 
magistério. O curso, com duração de dois anos, tem o objetivo de valorizar o magistério e 
oferecer condições de crescimento ao profissional que atua na educação infantil.
O que dizem as pesquisas?
As pesquisas recentes em diferentes áreas de 
conhecimento têm apontado que a criança é um ser ativo 
que, desde o nascimento, interage com parceiros diversos, 
que a ajudam a significar o mundo e a si mesma, a realizar 
um número crescente de diferentes aprendizagens e a 
constituir-se como um ser histórico singular.
Nessa perspectiva, é possível construir novos caminhos teóricos e 
metodológicos para a educação infantil – no nosso caso, especificamente para 
as crianças na creche. Quando se rompe com a visão abstrata ou romântica 
da infância, podemos perceber o quanto essa visão era descontextualizada, 
impedindo a inserção social da criança.
Para Larrosa (1998 apud MARTINS FILHO, 2005), desconstruir e 
relativizar algumas certezas que a sociedade nutre em relação à educação dos 
pequenos possibilita refletir o enigma que é a infânciae, ao mesmo tempo, 
reconhecer as crianças como sujeitos ativos no processo educacional, com vez, 
voz e expressões próprias. 
Importante
12 Educação nas Creches
Observe algumas dimensões que produzem diferentes formas de 
compreender a criança: 
Interação social: É um fator de grande impor tância para o 
desenvolvimento e aprendiza gem dos bebês. 
Construção da subjetividade: Constituída dentre muitas aprendizagens 
e aquisições que ocorrem nas/pelas interações.
Intersubjetividade: É constituída com base nas construções subjetivas 
e, ao mesmo tempo, ocorre em um processo que envolve regulações 
socioafetivas, nas quais os adultos vão signifi cando os gestos, vocalizações e 
as falas dos bebês; envolve, também, a identificação (ser como o outro) e a 
diferenciação, em que ocor re uma oposição ao outro. 
 
Assim, a criança vai aprendendo sobre si mesma e sobre os 
outros, podendo constituir-se como um su jeito singular e construir sua 
autoimagem. Observando os processos interacionais de be bês e crianças, 
constatamos o quanto o brincar se faz presente, sendo uma atividade de 
alta prioridade para eles.
A criança brinca para poder aprender e se desenvolver
A forma como ela brinca e as complexas relações entre o brincar e os 
processos de desenvolvimento e aprendizagem se mostram como um instrumento 
para promovermos interações de qualidade no cotidiano desses pequenos.
Como devemos fazer? 
Devemos ter um olhar atento para refletir diversos aspectos que se 
fazem presentes nes sas interações no cotidiano de creche.
Por exemplo:
Os obje tos que dispomos para as crianças, em quais espaços, que 
ações realizar, as formas como podemos nos relacionar (um olhar, um 
gesto, um toque, uma fala etc., as maneiras como as acolhemos e as 
desafiamos para as inúmeras conquistas que podem acontecer nos seus 
primeiros anos de vida devem ser um compromisso de todos os professores 
que trabalham nas cre ches.
13Educação nas Creches
Ao longo dos três primeiros anos de vida, a criança passa por 
transformações mui to rápidas e contínuas. Além de aprender a sentar, 
engatinhar, ficar de pé e andar, ocor re uma de suas grandes aquisições 
que é o sur gimento da fala, meio pelo qual a criança compartilha tópicos 
de brincadeiras e expres sa suas emoções e sentimentos para o ou tro. Todo 
o conhecimento posterior está calcado nas ações que as crianças pequenas 
realizam sobre si e no mundo em suas experiências cotidianas. 
As primeiras noções sobre o mundo social se constituem no encontro 
e nas interações com adultos e outras crianças, marcados pelas relações de 
emoção e afeto e pelas oportunidades que as práticas culturais e as linguagens 
simbólicas daquela sociedade sugerem.
 As crianças bem pequenas possuem grandes diferenças em relação 
às crianças maiores. A especificidade das crianças de 0 a 03 anos advém 
de sua totalidade, de sua vulnerabilidade, de sua dependência dos adultos 
(em especial da família), de seu rápido crescimento e possibilidade de 
desenvolvimento, das instituições sociais e educativas, além de suas formas 
próprias de conhecer o mundo. 
3. Conceito de Educação Infantil e a Modalidade 
 Creche 
A origem das instituições de atendimento à infância, na Europa, 
do início até a metade do século XIX, foi marcada por distintas ideias de 
infância, modelos de organização dos lugares e opiniões sobre o que fazer 
com as crianças enquanto permanecessem nessas instituições.
O desenvolvimento dessas instituições esteve atrelado ao 
desenvolvimento da vida urbana e industrial e ao agravamento das condições 
de vida de um contingente de pessoas, dentre elas mulheres e crianças. Assim, 
podemos afirmar que a história das instituições de educação infantil não pode 
ser compreendida separadamente da história da sociedade e da família.
Bujes (2001, p.15) destaca o caráter ideológico das instituições de 
educação infantil:
14 Educação nas Creches
[...] o que se pode notar, do que foi dito até aqui, é que as creches 
e pré-escolas surgiram a partir de mudanças econômicas, políticas e 
sociais que ocorreram na sociedade: pela incorporação das mulheres 
à força de trabalho assalariado, na organização das famílias, num 
novo papel da mulher, numa nova relação entre os sexos, para 
citar apenas as mais evidentes. Mas, também, por razões que se 
identificam com um conjunto de ideias novas sobre a infância, 
sobre o papel da criança na sociedade e de como torná-la, através 
da educação, um indivíduo produtivo e ajustado às exigências desse 
conjunto social. (BUJES, 2001)
Para complementar seus estudos e saber mais sobre a trajetória da 
Educação Infantil no Brasil, assista ao vídeo indicado. 
O jardim de infância foi criado em 1840, na Alemanha, por Froebel, 
para o atendimento das crianças de 3 a 7 anos, e contrapõe-se às demais 
instituições por ser detentor exclusivo de uma proposta pedagógica que 
visava a educação integral da infância e defendia um currículo centrado 
na criança.
Veja o que dizem alguns autores sobre o conceito de educação infantil e creche: 
 
•Segundo Oliveira (2005, p.61), era comum criar, nas salas de asilo, o 
agrupamento de até 100 crianças comandadas por um adulto por meio de um apito. 
 
•Didonet (2001, p.12) afirma que os nomes atribuídos às creches, em diferentes países, 
expressam o caráter de guarda e proteção dessas instituições: garderie, na França, asili, 
na Itália, écoles gardiennes, na Bélgica, e guardería em vários países latino-americanos. 
 
•Kuhlmann Júnior (2001, p.182) considera que o assistencialismo nas creches consistia 
na pedagogia e na educação oferecidas às crianças empobrecidas: a pedagogia das 
Saiba Mais
Assista agora
15Educação nas Creches
instituições educacionais para os pobres é uma pedagogia da submissão, uma educação 
assistencialista marcada pela arrogância que humilha para, depois, oferecer o 
atendimento como dádiva, como favor aos poucos selecionados para receber.
3.1 Como se Apresentam as Creches?
As creches são apresentadas como instituição de atenção à infância, 
capazes de atender aos filhos da mãe que trabalha, contribuindo na 
promoção da família e na prevenção da marginalidade. É ressaltado o modelo 
substituto-materno no atendimento, influenciado pelos pressupostos 
teóricos da privação materna de John Bowlby.
Recorrendo às documentações da Unesco e do Unicef, Rosemberg 
(2004) sistematiza as propostas desses organismos para a Educação Infantil 
(EI) dos países subdesenvolvidos:
 ▪ A expansão da EI constitui uma via para combater a pobreza, e a 
desnutrição no mundo subdesenvolvido e melhorar o desempenho 
do ensino fundamental; portanto, sua cobertura deve crescer;
 ▪ Os países pobres não dispõem de recursos públicos para 
expandir, simultaneamente, o ensino fundamental (prioridade 
número um) e a EI;
 ▪ A forma de expandir a EI nos países subdesenvolvidos é por meio de 
modelos que minimizem investimentos públicos, dada a prioridade 
de universalização do ensino fundamental;
 ▪ Para reduzir os investimentos públicos, os programas devem 
se apoiar nos recursos da comunidade, criando programas 
denominados “não formais”, “alternativos”, “não institucionais”, 
isto é, espaços, materiais, equipamentos e recursos humanos 
disponíveis na “comunidade”, mesmo quando não tenham sido 
concebidos ou preparados para essa faixa etária e por seus objetivos 
(ROSEMBERG, 2002).
16 Educação nas Creches
Segundo Oliveira (2005, p.49), para que as propostas pedagógicas de 
creches e pré-escolas atendam aos dispositivos legais, deverão:
[...] organizar condições para que as crianças interajam com adultos 
e outras crianças em situações variadas, construindo significações 
acerca do mundo e de si mesmas, enquanto desenvolvem formas mais 
complexas de sentir, pensar e solucionar problemas, em clima de 
autonomia e cooperação.Podem as crianças, assim, constituir-se como 
sujeitos únicos e históricos, membros de famílias que são igualmente 
singulares em uma sociedade concreta.
Refletiremos, agora, a importância do papel da creche e a importância 
dessa instituição para a sociedade.
3.2 Como Deve Ser o Espaço de uma Creche?
Conforme mostram as imagens da Figura 1, o ambiente deve ser espaçoso, 
atraente, com almofadas, obstáculos macios e seguros, túneis de tecidos, caixas de 
papelão, espelhos no rodapé da sala, cantinhos aconchegantes, livros e brinquedos, 
móbiles, canaletas para brincadeiras com água, painéis de azulejos para pintura, 
objetos e materiais de diferentes texturas, cheiros e cores. Nesse espaço, organizam-
se tempos e atividades para acolher e educar crianças de 0 a 3 anos de idade.
Figura 1: Espaço de uma creche. Fonte: Do autor.
3.3 Como Pensar essa Organização? 
Primeiramente, considerar a incorporação das novas concep ções sobre 
criança e infância, em que se des taca a ideia de sujeitos de direitos e o papel 
17Educação nas Creches
ativo que os bebês exercem no seu processo de desenvolvimento, mas também 
as espe cificidades da educação infantil. 
Quais são as especificidades da educação infantil?
Pensar em um currículo sustentado nas relações, nas interações e em 
práticas educativas intencionalmente voltadas para as experi ências concretas 
da vida cotidiana, para a aprendizagem da cultura pelo convívio no espaço 
coletivo, no qual os professores pro movem vivências que ampliam os 
potenciais cognitivos, afetivos e sociais, considerando as diferentes linguagens 
que compõem os processos comunicativos e a maneira como as crianças 
significam suas experiências.
O que isso implica?
Problematizar as con cepções que apontam para essas ideias propostas, 
por meio do conceito de aprendizagem como processo.
O foco é a aprendizagem nas práticas sociais que ocorrem no coti diano das instituições 
educativas. Organizar um currículo para e com os bebês e crianças pequenas implica 
articulação entre sabe res de distintas ordens. 
4. Os Papéis dos Adultos nas Instituições e o 
 Papel da Família
A importância das interações sociais para o desenvolvimento das 
crianças, desde a mais tenra idade, se dá na interlocução com as linguagens 
simbólicas da família, do professor e das demais crianças. 
Vamos falar dos adultos responsáveis nos estabelecimentos de 
educação infantil. 
Lembrando que as especificidades da educação infantil são:
Importante
18 Educação nas Creches
Há três grupos de adultos com os quais as crianças convivem:
Papel das famílias
Os responsáveis diretos, juntamente com a escola, estabelecem fortes 
laços de confiança no sentido de compartilhar valores e procedimentos para 
fazer da educação infantil uma ação de complementaridade. 
Porém, além dos pais, muitos outros adultos, e algumas vezes outras 
crianças, podem ser importantes e responsáveis pela vida das crianças na educação 
infantil. Os avós, irmãos mais velhos, tios, tias e padrinhos são referências de 
afeto, de comportamento, de vocabulário, e cabe à escola reconhecê-los.
19Educação nas Creches
As famílias são elementos constituintes das relações que acontecem na 
instituição educativa, afinal, as crianças são pequenas e, para se sentirem acolhidas 
na creche, dependem da sintonia entre a família e os profissionais da escola. 
As instituições 
Ambas as instituições estão enraizadas em identidades sociais, étnicas, 
culturais e religiosas. Portanto, a convivência produtiva com padrões e valores 
familiares e comunitários na instituição de educação infantil é necessária para manter 
relações que discutam e reflitam sobre as identidades e as diversidades das crianças.
20 Educação nas Creches
Síntese
Buscamos entender a criança como sujeito social, a construção 
histórica do conceito de infância e a educação infantil, mais especificamente da 
modalidade creche como espaço/tempo de práticas socioculturais pensadas e 
desenvolvidas para/com as crianças. Nesse sentido, é necessária a compreensão 
da infância segundo uma perspectiva histórica e social, e não como uma 
categoria abstrata, desconexa da vida social. Nossa intenção com esse estudo 
foi propor reflexões acerca do desenvolvimento da criança pequena, nas 
relações entre pares, construído e configurado no espaço-tempo definido 
especificamente para elas, em um contexto institucional escolar. É possível 
dizer que a educação na creche contribui bastante para o desenvolvimento das 
crianças pequenas e de seus pares. 
Percebemos que o papel dos adultos nas instituições e o papel da 
família é estabelecer fortes laços de confiança no sentido de compartilhar 
valores e procedimentos, a fim de fazer da educação infantil uma ação de 
complementaridade. Contudo, precisamos compreender que, para além 
dos pais, muitos outros adultos, e algumas vezes outras crianças, podem ser 
importantes e responsáveis pela vida das crianças na educação infantil. 
21Educação nas Creches
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24 Educação nas Creches
	Objetivos
	Introdução
	1.	Conceito de Infância
	1.1	Sintetizando
	1.2	Vamos Pensar Conceitos?
	1.3	Como Podemos Entender a Infância?
	2. 	Conceito de Criança 
	3.	Conceito de Educação Infantil e a Modalidade 
	Creche 
	3.1	Como se Apresentam as Creches?
	3.2	Como Deve Ser o Espaço de uma Creche?
	3.3	Como Pensar essa Organização? 
	4. 	Os Papéis dos Adultos nas Instituições e o 			Papel da Família
	Síntese
	Referências Bibliográficas

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