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Proteínas Plasmáticas: Classificação, Estrutura e Funções

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Bioquímica Clínica II 
 
DEFINIÇÃO: são polímeros de aminoácidos 
ligados covalentemente através de ligações 
peptídicas. Existem mais de 300 proteínas 
diferentes já identificadas no plasma 
sanguíneo, mas apenas algumas são 
avaliadas rotineiramente. 
CLASSIFICAÇÃO 
Proteínas Fibrosas: são moléculas com 
função estrutural, como suporte, forma, 
flexibilidade e proteção ex.: fibrinogênio, 
troponina, colágeno, miosina. 
Proteínas Globulares: são moléculas de 
interesse clínico, solúveis em água e que 
necessitam de pH e temperatura adequadas, 
estão associadas a atividades de regulação, 
ex.: hemoglobina, enzimas, hormônios 
peptídicos, proteínas plasmáticas. 
Proteínas Conjugadas: são proteínas que 
possuem componentes que não são 
aminoácidos (grupos prostéticos), e sua 
classificação é dada de acordo com a 
natureza de seus grupos prostéticos, ex.: 
metaloproteínas, glicoproteínas, 
fosfoproteínas, mucoproteínas, lipoproteínas. 
 
 
ESTRUTURA: Podem ainda ser classificadas 
quanto a sua estrutura em proteína primária 
(sequencia de aminoácidos na cadeia), 
secundária (alfa hélice e folha beta 
pregueada), terciária (tridimensional, ligada 
por pontes de hidrogênio) e quaternária 
(estruturas oligoméricas). 
PROPRIEDADES DAS PROTEÍNAS 
 
É a partir dessas propriedades que é 
proporcionada a separação, identificação e 
análise de proteínas na clínica. 
FUNÇÕES DAS PROTEÍNAS 
Enzimas: catalisam reações bioquímicas. 
Hormônios: regulam o metabolismo 
Imunidade humoral: anticorpos e 
componentes do sistema complemento. 
Transporte: hormônios, vitaminas, metais e 
drogas. 
Coagulação: manutenção da homeostase. 
Tamanho 
molecular 
Ligações 
específicas 
Carga elétrica Solubilidade diferencial 
 
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Sistemas tampões: manutenção do pH. 
Manutenção da pressão coloidosmótica: 
equilíbrio de água entre o LIC e o LEC. 
 
PROTEÍNAS PLASMÁTICAS 
REGULAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE 
PROTEÍNAS PLASMÁTICAS: se dá pelo 
equilíbrio de três fatores: a velocidade de 
síntese, o volume de líquido e a velocidade 
de catabolismo. 
 
PERFIL ELETROFORÉTICO 
 
 
01) ALBUMINA 
É o principal componente proteico dos 
líquidos corporais extra vasculares, 
compreende 60% das proteínas presentes 
no plasma humano. Sua síntese acontece 
no fígado (15g/dia) e é regulada pela 
pressão osmótica coloidal associada ao 
consumo de proteínas na dieta, possuindo 
 
tempo de meia vida é de 15 a 20 dias. Tem 
como principais funções o transporte de 
substâncias e a regulação osmótica. 
HIPERALBUMINEMIA: desidratação agua, 
não tem importancia clínica evidente. 
HIPOALBUMINEMIA: analbuminemia 
(doença genetica), inflamação (síntese 
reduzida, consumo elevado), hepatopatias 
(produção de albumina, inibição por toxinas 
e álcool), perda urinária (dano tubular ou 
glomerular), perda gastrointestinal, 
desnutrição (ingestão de baixa quantidade 
de aminoacidos). 
 
 
02) FRAÇÃO ALFA 1 
α1-ANTITRIPSINA: tem como função a 
inibição de proteases provenientes de 
neutrófilos (ex.: tripsina, elastase). Durante o 
processo de fagocitose nos alvéolos, há a 
liberação de elastase pelos neutrófilos, que 
promove a destruição alveolar. Sem a 
produção da antitripsina pelo fígado, há um 
desequilíbrio na relação protease/ 
antiprotease, levando a uma digestão da 
elastina e do colágeno, ocasionando perda 
Proteínas 
totais 
Albumina 
Fração 
não-
abumínica 
 
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do recolhimento elástico e, por fim, 
desenvolvimento de enfisema pulmonar 
progressiva. O tabagismo acelera o processo, 
pois aumenta o numero de neutrófilos nos 
alvéolos. 
α1-GLICOPROTEÍNA ÁCIDA: de função 
ainda não elucidada, sabe-se apenas que se 
liga a diversas substâncias como propranolol, 
quinidina, clorpromazina, cocaína e 
benzodiazepínicos, reduzindo a 
biodisponibilidade desses. Se em 
concentrações elevadas dessa proteína, 
necessita-se aumentar a dose dos 
medicamentos e/ou drogas. Encontra-se 
aumentada em condições inflamatórias do 
TGI, artrite reumatoide e lúpus eritematoso 
sistêmico, além de casualmente em 
tratamentos com corticosteroides e anti-
inflamatórios não esteroidais. Encontra-se 
reduzida em situações de má nutrição, 
enfermidade hepática severa e em elevação 
de estrógenos, como na gestação e no uso 
de contraceptivos orais. 
α1-LIPOPROTEÍNA: refere-se à lipoproteína 
de alta densidade (HDL) que tem como 
função o transporte reverso do colesterol. É 
a principal lipoproteína anti-aterogênica. 
α1-FETOPROTEÍNA: é uma proteína 
sintetizada no fígado fetal, sistema 
digestório e saco vitelino humano. Atinge seu 
pico máximo na 30ª semana de gestação ou 
em casos de câncer hepático. É utilizada 
para detecção de defeito no tubo neural 
(espinha bífida) do feto e serve como 
marcador tumoral para carcinoma 
 
hepatocelular. Nesse último caso, embora 
seja útil no diagnóstico, sua principal função 
é a monitorização da eficácia do tratamento 
cirúrgico ou quimioterápico. 
03) FRAÇÃO ALFA 2 
HAPTOGLOBINA: é uma proteína sintetizada 
pelo fígado que se liga irreversivelmente a 
hemoglobina. É um dos indicadores 
laboratoriais de hemólise, pois durante a 
hemólise de um eritrócito, este libera a 
hemoglobina, que se liga irreversivelmente a 
haptoglobina e formam um complexo que 
evita a perda renal de hemoglobina e ferro. 
CERULOPLASMINA: proteína sintetizada pelo 
fígado que contém cerca de 95% do cobre 
total do organismo, tendo como função o 
seu transporte. É importante na regulação 
do estado iônico do ferro, oxidando-o de 
Fe2+ para Fe3+ e, portanto, permite a 
incorporação do ferro na transferrina. Na 
doença de Wilson há um defeito na 
produção de ceruloplasmina, acarretando em 
depósito de cobre nos tecidos. 
 
04) FRAÇÃO BETA 
TRANSFERRINA: também conhecida como 
siderofilina, é a principal proteína envolvida 
no transporte de ferro. Ela se liga 
reversivelmente ao ferro e o disponibiliza 
para o citocromo, a hemoglobina e a 
mioglobina. Também transporta o ferro para 
seus locais de reversa, como o fígado, e é 
importante para o diagnostico diferencial de 
anemias. 
 
 
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HEMOPEXINA: é uma proteína que se liga 
ao grupo heme com elevada afinidade. Tem 
como função captar o heme liberado ou 
perdido das hemoglobinas e proteger o 
 
corpo dos danos que a oxidação do heme 
poderia provocar, levando-o para o fígado 
onde é convertido em bilirrubina. 
FIBRINOGÊNIO: é uma glicoproteína 
sintetizada pelo fígado que serve de 
substrato para a enzima trombina. Está 
envolvido no processo de coagulação 
sanguínea. 
 
05) FRAÇÃO GAMA 
IMUNOGLOBULINAS: também chamados de 
anticorpos, são proteínas que atuam no 
sistema imunológico como defensoras do 
organismo vivo contra bactérias, vírus e 
outros corpos estranhos. São sintetizadas 
pelos linfócitos B. 
PROTEÍNA C REATIVA: sintetizada no 
fígado, está presente no plasma de 
pacientes com doenças agudas. É capaz de 
se ligar ao polissacarídeo-C da parece celular 
do Streptococcus pneumoniae. Está 
envolvida com o sistema imune, relacionada 
a ativação do complemento, fagocitose e 
liberação de linfocinas. Na presença de 
cálcio, se liga a polissacarídeos presentes 
em bactérias, fungos e protozoários, 
sinalizando a presença de processos 
inflamatórios. 
 
 
 
 
ALTERAÇÕES PROTEICAS 
 
i) HIPERGAMAGLOBULINEMIA: 
pode ser tanto monoclonal, quando há 
produtos (polímeros, fragmentos ou 
monômeros de moléculas de 
imunoglobulinas) oriundos de uma única 
 
célula B, ou policlonais, onde clones celulares 
diversos produzem várias imunoglobulinas, 
ocorrendo um aumento difuso dessas 
células, as principais causas são infecções 
crônicas, doenças hepáticas e desordens 
auto-imunes. 
 
MIELOMA MÚLTIPLO 
A hipergamaglobulinemia monoclonal é 
indicativa de mieloma múltiplo,uma 
neoplasia plasmocitica disseminada da 
medula óssea, onde há produção de 
moléculas IgA e IgG completas em 
quantidade proporcional a massa do tumor. 
Presença de dímeros de cadeias leves de 
anticorpos são, muitas vezes, encontrados na 
urina (proteína de Bence Jones). 
 
SINTOMAS: infecções recorrentes, perda de 
peso, fraqueza, dor óssea, doença renal 
crônica, lesões esqueléticas e aumento da 
viscosidade sanguínea. 
 
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DIAGNÓSTICO: detecção de paraproteínas 
no soro e urina (proteínas de Bence Jones); 
lesões líticas difusas no raio X ósseo; biópsia 
de medula óssea com presença de células 
plasmáticas normais. 
ACOMPANHAMENTO: Cálcio (envolvimento 
ósseo), creatinina e uréia (disfunção tubular 
e glomerular), B2-microglobulina (se elevada 
é um mau prognóstico), hemoglobina (se 
reduzida indica depressão da matriz óssea), 
pesquisa de proteínas de Bence Jones na 
urina. 
 
ii) SÍNDROME NEFRÓTICA: é um 
conjunto de sinais, sintomas e achados 
laboratoriais que se desenvolvem quando 
ocorre uma elevação exagerada da 
permeabilidade dos glomérulos renais às 
proteínas, ocasionando uma proteinúria. É 
caracterizada pela tríade EDEMA, 
HIPERLIPIDEMIA, HIPOALBUMINEMIA. 
Com o dano glomerular ou tubular, há uma 
perda de proteínas pela urina, o que pode 
ser detectado pelo exame de urina 
(proteinúria), e devido a menor quantidade 
de proteínas no sangue, o liquido do 
compartimento intravascular se desloca para 
os tecidos, causando o edema. É causada por 
nefropatia diabética, hepatite B, reação 
alérgica a medicamentos, nefropatia por HIV 
e glomerulonefrites. 
 
iii) ECLÂMPSIA: é uma séria 
complicação da gravidez caracterizada por 
albuminúria, hipertensão, proteinúria, edema 
e cefaleia persistente. Pode haver 
 
convulsões antes, durante ou após o parto. 
Há um grande risco de descolamento a 
placenta. 
AVALIAÇÃO LABORATORIAL 
ELETROFORESE DE PROTEÍNAS: deve-se 
utilizar o soro, para evitar a interferência do 
fibrinogênio. Suportes para migração pode 
ser acetato de celulose, gel de agarose e gel 
de poliacrilamida.. Havendo alteração de 
alguma banda, realiza-se a pesquisa da 
proteína específica responsável pela 
elevação daquela banda através de técnicas 
imunológicas e espectrofotométricas. 
 
Deficiência de alfa-1-antitripsina 
 
Gamopatias policlonais (ex.: artrite 
reumatoide, lúpus eritrematoso sistêmico) 
 
Gamopatias monoclonais (mieloma múltiplo) 
 
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Síndrome nefrótica 
 
PROTEÍNAS TOTAIS: pode ser feito por 
duas metodologias: Biureto para amostras de 
soro liquido pleural, sinovial e ascético, e 
Vermelho de Pirogalol para amostras de 
urina de 24h. A determinação de proteínas 
totais isoladamente não tem valor 
diagnóstico, pois uma fração diminuída pode 
ser compensada por outra, podendo fornecer 
um valor normal de proteínas totais. 
Valores de referência para urina para todas 
as idades: 1 a 15mg/dL ou 28 a 141 mg/24h. 
Valores de referência para soro: 
IDADE g/dL 
Prematuro 3,6 a 6,0 
Recém-nascido 4,6 a 7,0 
7 dias a 1 ano 4,4 a 7,6 
1 a 2 anos 5,6 a 7,5 
Acima de 3 anos 6,0 a 8,0 
Adultos 6,0 a 8,0 
 
ALBUMINA: é feito pela metodologia do 
Verde de Bromocresol em amostras de soro 
e urina. 
Valores de referência para soro: 
IDADE g/dL 
1 a 30 dias 2,6 a 4,3 
31 a 182 dias 2,8 a 4,6 
183 a 365 dias 2,8 a 4,8 
1 a 18 anos 2,9 a 4,7 
Adultos 3,5 a 5,5 
 
 
MUCOPROTEÍNAS: é a fração heterogênea 
de glicoproteínas solúveis, também 
conhecidas como proteínas de fase aguda. 
Por definição, proteínas de fase aguda são 
aquelas que aumentam ou reduzem em 
resposta ao estímulo inflamatório. 
Entretanto, sua baixa especificidade limita 
seu uso em termos de diagnóstico, sendo 
utilizada para acompanhar a resposta do 
paciente ao tratamento. 
 
PROTEÍNAS DE BENCE JONES: são 
proteínas de baixo peso molecular 
indicativas de mieloma múltiplo. São 
filtradas em quantidades superiores à 
capacidade de reabsorção tubular e 
excretadas na urina. Possui características 
únicas de solubilidade que permitem sua 
diferenciação no exame de urina. Outras 
proteínas coagulam e permanecem 
coaguladas em temperatura de 40 a 60ºC, 
enquanto que a de Bence Jones coagula de 
40 a 60ºC, porém dissolve-se em 
temperaturas de 100ºC.

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