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Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 1 Licenciatura em Química Físico-Química I Prof. Francisco Luiz Gumes Lopes PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA E TROCAS TÉRMICAS 1. CONCEITOS INICIAIS a. Propriedade, estado, processo e equilíbrio PROPRIEDADE: Características MACROSCÓPICAS de um sistema, como MASSA, VOLUME, ENERGIA, PRESSÃO e TEMPERATURA, que não dependem da história do sistema. Uma determinada quantidade (massa, volume, temperatura, etc.), é uma PROPRIEDADE, se, e somente se, a mudança de seu valor entre dois estados é independente do processo. ESTADO: Condição do sistema, como descrito por suas propriedades. Como normalmente existem relações entre as propriedades, o ESTADO pode ser caracterizado por um subconjunto de propriedades. Todas as outras propriedades podem ser determinadas em termos desse subconjunto. PROCESSO: Mudança de estado devido a mudança de uma ou mais propriedades. Quando o valor de, pelo menos uma propriedade do sistema se altera, dizemos que houve mudança de estado. O caminho definido pela sucessão de estados através dos quais o sistema percorre é chamado de processo. ESTADO ESTACIONÁRIO: Nenhuma propriedade muda com o tempo. CICLO TERMODINÂMICO: Seqüência de processos que começam e terminam em um mesmo estado. Exemplo: vapor circulando num ciclo de potência. b. Propriedades extensivas e intensivas EXTENSIVAS: Seu valor para o sistema inteiro é a soma dos valores das partes em que o sistema for subdividido. Dependem do tamanho e extensão do sistema. Exemplo: massa, energia, volume. Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 2 INTENSIVAS: Não são aditivas, como no caso anterior. Seus valores não dependem do tamanho e extensão do sistema. Podem variar de um lugar para outro dentro do sistema em qualquer momento. Exemplo: temperatura e pressão. ESPECÍFICAS: É a obtenção de uma propriedade intensiva a partir de uma propriedade extensiva pela divisão pela massa ou pelo volume. c. Fase e substância pura FASE: Quantidade de matéria que é homogênea tanto em composição química quanto em estrutura física. Homogeneidade na estrutura física significa que a matéria é totalmente sólida, totalmente líquida ou totalmente gasosa. Um sistema pode conter uma ou mais fases. Exemplo: água e seu vapor. Note que os gases e alguns líquidos podem ser misturados em qualquer proporção para formar uma simples fase. SUBSTÂNCIA PURA: É invariável em composição química e é uniforme. Pode existir em mais de uma fase desde que seja garantida a condição acima. d. Equilíbrio Conceito fundamental em termodinâmica clássica, uma vez que ela trata das mudanças entre estados de equilíbrio. EQUILÍBRIO TERMODINÂMICO: Implica em equilíbrios mecânico, térmico, de fase e químico. UNIFORMIDADE DE PROPRIEDADES NO EQUILÍBRIO: Não variam de um ponto para outro. Exemplo: temperatura. PROCESSO QUASE-ESTÁTICO: Processo idealizado composto de uma sucessão de estados de equilíbrio, representando cada processo um desvio infinitesimal da condição de equilíbrio anterior. Esses processos representam a base para comparação dos processos reais. PROCESSOS REAIS: São compostos por sucessão de estados de não equilíbrio (não uniformidade espacial e temporal das propriedades e variações locais com o tempo). Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 3 e. Formas de Energia ENERGIAS ARMAZENADAS: Não se tem muito interesse na quantidade de energia inerente a um sistema e sim nas mudanças que ocorrem na quantidade de energia do sistema. As energias armazenadas são propriedades de estado, ou seja, só dependem dos valores inicial e final. Não dependem do caminho percorrido na mudança do estado. Energia Potencial PE : está associada à massa do sistema acima de um plano de referência quando a força de atração é a força gravitacional. hgmEP .. , onde m é a massa, g a aceleração da gravidade e h é a altura. Energia Cinética CE : é a energia associada à velocidade de um corpo (ou de um sistema) em relação à vizinhança. 2 . 2vm EC , onde v é a velocidade do corpo. Energia Interna U : é a soma de todas as diferentes formas de energia possuídas pelas moléculas das substâncias que compõem o sistema, entre as quais estão incluídas a energia atômica, química e molecular. Em uma escala macroscópica não se consegue quantificar a energia interna de uma forma absoluta, mas ela pode ser determinada relativamente a algum nível ou estado de referência, arbitrário e conveniente. Entalpia H : é definida pela expressão matemática VPUH . , onde P é a pressão do sistema e V o volume do sistema. Também representa a carga térmica envolvida em uma troca térmica. ENERGIAS EM TRÂNSITO: São energias que cruzam a fronteira do sistema. São trocas de energia entre o sistema e as vizinhanças. São funções de linha, ou seja, dependem do caminho percorrido na mudança do processo. Trabalho W : é a energia transferida por uma força que atua através de uma distância nas fronteiras do sistema. É a energia mecânica em trânsito. xFW . , onde F é a força aplicada ao corpo (na mesma direção do deslocamento) e x é o deslocamento percorrido pelo corpo. O trabalho também pode ser representado pela compressão ou expansão de um gás e pode ser dado por VPW . . É convencionado assumir um trabalho negativo quando as vizinhanças realizam trabalho sobre o sistema (o sistema é comprimido) e um trabalho positivo quando o sistema realiza trabalho sobre as vizinhanças (o sistema expande). Figura 01. Convenção adotada para o trabalho e representação da expansão de um sistema. Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 4 Calor Q : é uma forma de energia (energia térmica) que é transferida de um corpo para o outro (ou do sistema para as vizinhanças) devido unicamente às diferenças de temperatura. Figura 02. Convenção adotada para a transferência de calor entre o sistema e a vizinhança. f. Sistema Um importante passo em toda análise do balanço energético é a identificação precisa do objeto a ser estudado. Em mecânica, quando o movimento de um corpo precisa ser determinado, normalmente o primeiro passo é a definição de um corpo livre e depois a identificação de todas as forças externas exercidas sobre ele por outros corpos. A segunda lei do movimento de Newton é então aplicada. Nos balanços energéticos o termo sistema identifica o objeto da análise. Pode ser um corpo livre ou algo complexo como uma Refinaria completa. Pode ser a quantidade de matéria contida num tanque de paredes rígidas ou uma tubulação através da qual a matéria flui. A composição da matéria dentro do sistema pode mudar (reações químicas ou nucleares). Assim, definem-se dois termos: Vizinhança: Tudo o que é externo ao sistema. Fronteira: Superfície real ou imaginária que separa o sistema de sua fronteira. Pode estar em movimento ou repouso. Deve ser definida cuidadosamente antes de se proceder a qualquer análise do balanço. Sua definição é arbitrária e dever ser feita pela conveniência da análise a ser feita. TIPOS DE SISTEMAS: Sistema Fechado - Quantidade fixa de matéria. A massa não ultrapassa as fronteiras do sistema, somente a energia em trânsito (calor e trabalho). A Figura 03 representa um sistema fechado. Figura 03. Sistema Fechado. Sistema Aberto – A massa e a energia em trânsito ultrapassamas fronteiras do sistema. A Figura 04 representa um exemplo de um sistema aberto. Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 5 Figura 04. Sistema aberto. Sistema Isolado – Nem a massa, nem a energia em trânsito ultrapassam as fronteiras do sistema. O calorímetro ideal é um exemplo de um sistema isolado. 2. TRABALHO Pode-se definir o trabalho termodinâmico como: "Um sistema realiza trabalho se o único efeito sobre o meio (tudo externo ao sistema) PUDER SER o levantamento de um peso." Nota-se que o levantamento de um peso é realmente uma força que age através de uma distância. Observe também que essa definição não afirma que um peso foi realmente levantado ou que uma força agiu realmente através de uma dada distância, mas que o único efeito externo ao sistema poderia ser o levantamento de um peso. O trabalho realizado por um sistema é considerado positivo e o trabalho realizado sobre o sistema é negativo. O símbolo W designa o trabalho termodinâmico. Em geral fala-se de trabalho como uma forma de energia. Pode-se ilustrar a definição de trabalho fazendo uso de dois exemplos. Considere como sistema a bateria e o motor elétrico delimitados pela fronteira como mostrados na figura ao lado e façamos com que o motor acione um ventilador. A pergunta que segue é a seguinte: O trabalho atravessará a fronteira do sistema neste caso? Para responder a essa pergunta usando a definição de trabalho termodinâmico dada anteriormente vamos substituir o ventilador por um conjunto de polia e peso como mostra a figura ao lado. Com a rotação do motor um peso pode ser levantado e o único efeito no meio é tão somente o levantamento de um peso. Assim para o nosso sistema original concluímos que o trabalho atravessa a fronteira do sistema. Agora, façamos com que o nosso sistema seja constituído somente pela bateria como mostra a figura ao lado. Neste caso quem cruza a fronteira do sistema é a energia elétricas da bateria. Constitui trabalho termodinâmico a energia elétrica cruzando a fronteira do sistema? Sem dúvida, como o conjunto é o mesmo do caso anterior, poderá ocorrer o levantamento de um peso, então energia elétrica cruzando a fronteira do sistema também constitui Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 6 trabalho como definido anteriormente. Unidades de Trabalho - Como já foi observado, considera-se trabalho realizado por um sistema, tal como o realizado por um gás em expansão contra um êmbolo, como positivo, e o trabalho realizado sobre o sistema, tal como o realizado por um êmbolo ao comprimir um gás, como negativo. Assim, trabalho negativo significa que energia é acrescentada ao sistema. Nossa definição de trabalho envolve o levantamento de um peso, isto é, o produto de uma unidade de força (Newton) agindo através de uma distância (metro). Essa unidade de trabalho no sistema Internacional é chamada de Joule, (J). 1 J = 1 N.m Define-se POTÊNCIA como trabalho por unidade de tempo, e representa-se por W . Assim: W w dt A unidade de potência é Joule por segundo, denominada Watt (W) 1 W = 1 J s Trabalho Realizado Devido ao Movimento de Fronteira de um Sistema Compressível Simples num Processo Quase-Estático Observa-se que há várias maneiras pelas quais o trabalho pode ser realizado sobre ou por um sistema. Elas incluem o trabalho realizado por um eixo rotativo, trabalho elétrico e o trabalho realizado devido ao movimento da fronteira do sistema, tal como o efetuado pelo movimento do êmbolo num cilindro. Irá ser considerado com alguns detalhes o trabalho realizado pelo movimento da fronteira do sistema compressível simples durante um processo quase-estático. Considere como sistema o gás contido num cilindro com êmbolo, como mostrado na Figura abaixo. Retira-se um dos pequenos pesos do êmbolo provocando um movimento para cima deste, de uma distância dx. Pode-se considerar este pequeno deslocamento de um processo quase-estático e calcular o trabalho, W, realizado pelo sistema durante este processo. A força total sobre o êmbolo é P. A, onde P é a pressão do gás e A é a área do êmbolo. Portanto o trabalho W é: W PAdx Porém, da Figura ao lado verifica-se que A dx = dv, a variação do volume do gás devido ao deslocamento, dx, do êmbolo logo: W PdV Esse estado está representado no diagrama P x V como mostra a figura ao lado. No fim do processo, o êmbolo está na posição 2 e o estado correspondente do sistema é mostrado pelo ponto 2 no diagrama P x V. Vamos admitir que essa compressão seja um processo quase-estático e Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 7 que, durante o processo, o sistema passe através dos estados mostrados pela linha que liga os pontos 1 e 2 do diagrama P x V. A hipótese de um processo quase-estático, aqui, é essencial, porque cada ponto da linha 1-2 representa um estado definido e estes estados corresponderão aos estados reais do sistema somente se o desvio do equilíbrio for infinitesimal. O trabalho realizado sobre o gás durante este processo de compressão pode ser determinado pela integração da Equação anterior, resultando: 1 2 1 2 1 2 W W PdV O símbolo 1W2 deve ser interpretado como o trabalho realizado durante o processo, do estado 1 ao estado 2. Pelo exame do diagrama P x V, é evidente que o trabalho realizado durante esse processo é representado pela área sob a curva 1-2, ou seja a área, a-1-2-b-a. Neste exemplo, o volume diminuiu e a área a-1-2-b-a representa o trabalho realizado sobre o sistema (trabalho negativo). Se o processo tivesse ocorrido do estado 2 ao estado 1, pelo mesmo caminho, a mesma área representaria o trabalho realizado pelo sistema (trabalho positivo). Uma nova consideração do diagrama P x V, Figura ao lado, conduz a uma outra conclusão importante. É possível ir do estado 1 ao estado 2 por caminhos quase-estáticos muito diferentes, tais como A, B ou C. Como a área sob a curva representa o trabalho para cada processo é evidente que o trabalho envolvido em cada caso é uma função não somente dos estados iniciais e finais do processo, mas também, do caminho que se percorre ao ir de um estado a outro. Por esta razão, o trabalho é chamado de função de linha, ou em linguagem matemática, W é uma diferencial inexata . Na determinação da integral da Equação anterior deve-se sempre lembrar que estamos interessados na determinação da área situada sob a curva desta Figura. Relativamente a este aspecto, identificamos duas classes de problemas: 1- A relação entre P e V é dada em termos de dados experimentais ou na forma gráfica (como, por exemplo, o traço em um osciloscópio) Neste caso pode-se determinar a integral da Equação por integração gráfica ou numérica. 2- A relação entre P e V é tal que seja possível ajustar uma relação analítica entre eles, e pode-se então, fazer diretamente a integração. Um exemplo comum desse segundo tipo de relação é o caso de um processo chamado politrópico, no qual P V cons ten tan , através de todo o processo. O expoente "n" pode tomar qualquer valor entre - e + dependendo do processo particular sob análise. PV cons te P V P V P cons te V P V V P V V n n n n n n n n tan tan 1 1 2 2 1 1 2 2 Para esse tipo de processo, podemos integrar a Equação, resultando em: Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 8 PdVcons te dV V cons te V n cons te n V Vn n n n 1 2 1 2 1 1 2 2 1 1 1 1 1 tan tan ( ) tan ( ) P V V PV V n PdV P V P V n n n n n 2 2 2 1 1 1 1 1 2 2 1 1 1 2 1 1 Note-se que este resultado é válido para qualquer valor do expoente n, exceto n = 1. No caso onde n = 1, tem-se; PV = Constante = P1V1 = P2V2 , e portanto, PdV P V dV V P V V V 1 11 2 1 2 1 1 2 1 ln Deve-se observar que nestas Equações não foi dito que o trabalho é igual às expressões dadas por aquelas equações. Aquelas expressões fornecem o valor de uma certa integral, ou seja, um resultado matemático. Considerar ou não, que aquela integral corresponde ao trabalho num dado processo, depende do resultado de uma análise termodinâmica do processo. É importante manter separado o resultado matemático da análise termodinâmica, pois há muitos casos em que o trabalho não é dado por estas Equações. O processo politrópico conforme já descrito , expõe uma relação funcional especial entre P e V durante um processo. Há muitas relações possíveis. Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 9 EXERCÍCIOS EM SALA: 01. Uma reação química ocorre num vaso de reação reta uniforme de 100 cm2 provido de um pistão. Em virtude da reação, o pistão desloca 10 cm contra a pressão externa de 1,0 atm. Calcule o trabalho feito pelo sistema. (R = 101,325 J). 02. Seja 1,0 kg de água líquida a 100º C convertida a vapor a 100º C por ebulição à pressão atmosférica. O volume muda de um valor inicial de 1,0 x 10-3 m3 para 1,671 m3. Qual o trabalho realizado pelo sistema durante este processo? (R = 169 kJ). 03. Uma amostra de gás se expande de 1,0 a 4,0 m3, enquanto sua pressão diminui de 40 para 10 Pa. Quanto trabalho é realizado pelo gás, de acordo com cada um dos processos mostrados no gráfico P-V da figura abaixo? (120, 75 e 30 J) 04. Considere como sistema o gás contido num cilindro provido de um êmbolo. A pressão inicial é de 200 kPa e o volume inicial do gás é de 0,04 m3. a. Calcule o trabalho realizado pelo sistema através do fornecimento de calor à pressão constante até que o volume passe a ser de 0,1 m3. Desenhe o processo em um gráfico Pxv. (R = 12,0 kJ). b. O volume aumenta para 0,1 m3 mediante o fornecimento de calor em um processo isotérmico. Calcule o trabalho e desenhe o processo em um diagrama Pxv. (R = 7,33 kJ). c. O volume aumenta para 0,1 m3 mediante o fornecimento de calor em um processo em que a expansão ocorra de acordo com a expressão PV1,3 = constante. Calcule o trabalho e desenhe o processo em um diagrama Pxv. (R = 6,41 kJ). d. Consideremos o sistema e o estado inicial dados nos três primeiros exemplos, porém mantenhamos o êmbolo preso por meio de um pino, de modo que o volume permaneça constante. Além disso façamos com que o calor seja transferido do sistema para o meio até que a pressão caia a 100 kPa. Calcular o trabalho. (R = 0 kJ). 05. Qual o trabalho efetuado quando 50g de ferro reagem com HCl produzindo H2 (g) num vaso de volume fixo e num Becker aberto a 25º C? (R = 0 kJ e 2,2 kJ). Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 10 3. CALOR A definição termodinâmica de calor é um tanto diferente da interpretação comum da palavra. Portanto, é importante compreender claramente a definição de calor dada aqui, porque ela se envolve em muitos problemas térmicos. Se um bloco de cobre quente for colocado em um béquer de água fria, sabemos, pela experiência, que o bloco de cobre se resfria e a água se aquece até que o cobre e a água atinjam a mesma temperatura. O que causa essa diminuição de temperatura do cobre e o aumento de temperatura da água? Dizemos que isto é resultado da transferência de energia do bloco de cobre à água. É dessa transferência de energia que chegamos a uma definição de calor. Calor é definido como sendo a forma de energia transferida, através da fronteira de um sistema a uma dada temperatura, a um outro sistema (ou meio), numa temperatura inferior, em virtude da diferença de temperatura entre os dois sistemas. Isto é, o calor é transferido do sistema de maior temperatura ao sistema de temperatura menor e a transferência de calor ocorre unicamente devido à diferença de temperatura entre os dois sistemas. Um outro aspecto dessa definição de calor é que um corpo ou sistema nunca contém calor. Ou melhor, o calor só pode ser identificado quando atravessa a fronteira. Assim o calor é um fenômeno transitório. Se considerarmos o bloco quente de cobre como um sistema e a água fria do béquer como outro sistema reconhecemos que originalmente nenhum sistema contém calor (eles contêm energia, naturalmente). Quando o cobre é colocado na água e os dois estão em comunicação térmica, o calor é transferido do cobre à água, até que seja estabelecido o equilíbrio de temperatura. Nenhum sistema contém calor no fim do processo. Infere-se, também, que o calor é identificado somente na fronteira do sistema, pois o calor é definido como sendo a energia transferida através da fronteira do sistema. Unidades de Calor - Conforme já discutimos, o calor, como o trabalho, é uma forma de transferência de energia para ou de um sistema. Portanto, as unidades de calor, ou sendo mais geral, para qualquer outra forma de energia, são as mesmas do trabalho, ou pelo menos, são diretamente proporcionais a ela. No sistema Internacional, SI, a unidade de calor ( e de qualquer outra forma de energia ) é o Joule. Calor para um sistema é considerado positivo e o calor transferido de um sistema é negativo. O calor é normalmente representado pelo símbolo Q. Um processo em que não há troca de calor ( Q = 0 ), é chamado de processo adiabático. Do ponto de vista matemático o calor, como o trabalho, é uma função de linha e é reconhecido como tendo uma diferencial inexata. Isto é, a quantidade de calor transferida quando o sistema sofre uma mudança, do estado 1 para o estado 2, Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 11 depende do caminho que o sistema percorre durante a mudança de estado. Como o calor tem uma diferencial inexata, a diferencial é escrita Q. Na integração escrevemos: Q Q 1 2 1 2 Em outras palavras, 1Q2 é o calor transferido durante um dado processo entre o estado 1 e o estado 2. O calor transferido para um sistema na unidade de tempo, é chamado taxa de calor, e designado pelo símbolo Q , a respectiva unidade é o Watt ( W ) Q Q dt Comparação entre Calor e Trabalho O calor e o trabalho são, ambos, fenômenos transitórios. Os sistemas nunca possuem calor ou trabalho, porem qualquer um deles ou, ambos, atravessam a fronteira do sistema, quando o sistema sofre uma mudança de estado. Tanto o calor como o trabalho são fenômenos de fronteira. Ambos são observados somente nas fronteiras do sistema, e ambos representam energia atravessando a fronteira do sistema. Tanto o calor como o trabalho são funções de linha e têm diferenciais inexatas. Deve-se observar que na nossa convenção de sinais, +Q representa calor transferido ao sistema e, daí é energia acrescentada ao sistema, e +W representa o trabalho realizado pelo sistema, que é energia que sai do sistema. A Figura ao lado mostra a convenção de sinais que adotamos.4. Primeira Lei da Termodinâmica A primeira lei da termodinâmica é comumente chamada de "lei da conservação da energia". Nos cursos elementares de física, o estudo da conservação de energia dá ênfase às transformações de energia cinética e potencial e suas relações com o trabalho. Uma forma mais geral de conservação de energia inclui os efeitos de transferência de calor e a variação de energia interna. Esta forma mais geral é chamada de "Primeira Lei da Termodinâmica". Outras formas de energia podem também serem incluídas, tais como: energia eletrostática, energia de campos magnéticos tensão superficial, etc. Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 12 Energia é uma noção familiar, e já conhecemos a maioria dos detalhes sobre ela. A idéia básica, aqui, é que a energia pode ser armazenada dentro de um sistema, transformada de uma para outra forma de energia e transferida entre sistemas. Para o sistema fechado a energia pode ser transferida através do trabalho e da transferência de calor. A quantidade total de energia é conservada em todas transformações e transferências. a. Primeira Lei para Um Sistema Percorrendo Um Ciclo A primeira lei da termodinâmica estabelece que, durante um processo cíclico qualquer, percorrido por um sistema, a integral cíclica (somatório sobre todo o ciclo), do calor é proporcional à integral cíclica do trabalho, matematicamente Q W ou Q W ciclociclo A base de todas as leis da natureza é a evidência experimental, e isto é verdadeiro, também, para a primeira lei da termodinâmica. Toda a experiência efetuada até agora provou a veracidade direta ou indiretamente da primeira lei. A primeira lei nunca foi contestada e tem sido satisfeita por muitas experiências físicas diferentes. A unidade de calor e trabalho, para o sistema internacional, SI, é o joule ou seus múltiplos. Outras unidades são freqüentemente usadas, tais como aquelas do sistema prático inglês e do sistema prático métrico, respectivamente, BTU ( British thermal units ) e a kcal ( quilocaloria). 1 kcal = 4,1868 kJ 1 BTU = 1,0553 kJ 1 kcal = 3,96744 BTU 1 kw = 860 kcal / h = 3 412 BTU / h 1 hp = 641,2 kcal / h = 2 545 BTU / h b. Primeira Lei para Mudança de Estado de um Sistema A Equação abaixo estabelece a primeira lei da termodinâmica para um sistema operando em um ciclo. Muitas vezes, entretanto, estamos mais interessados a respeito de um processo que em um ciclo. Assim é interessante obter uma expressão da primeira lei da termodinâmica para um processo. Isto pode ser feito introduzindo-se uma nova propriedade, a energia total, a qual é representada pelo símbolo E. Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 13 Considere-se um sistema que percorre um ciclo, mudando do estado 1 ao estado 2 pelo processo A e voltando do estado 2 ao estado 1 pelo processo B. Este ciclo está mostrado na Figura ao lado. Da primeira lei da termodinâmica temos; Q W A quantidade (Q - W) é a mesma para qualquer processo entre o estado 1 e o estado 2. Em conseqüência, (Q - W ) depende somente dos estados inicial e final não dependendo do caminho percorrido entre os dois estados. Isto nos faz concluir que a quantidade, (Q - W), é uma função de ponto, e portanto, é a diferencial exata de uma propriedade do sistema. Essa propriedade é a energia total do sistema e é representada pelo símbolo E. Assim podemos escrever: Q W dE ou, Q dE W Observe-se que, sendo E uma propriedade, sua diferencial é escrita dE. Quando a Equação acima é integrada, de um estado inicial 1 a um estado final 2, temos 1Q2 = E2 - E1 + 1W2 Onde, 1Q2 é o calor transferido para o sistema durante o processo do estado 1 para o estado 2, E1 e E2 são os valores inicial e final da energia total do sistema e 1W2 é o trabalho efetuado pelo sistema durante o processo. O significado físico da propriedade E é o de representar toda a energia de um sistema em um dado estado. Essa energia pode estar presente em uma multiplicidade de formas, tais como; energia cinética, energia potencial, energia associada à estrutura do átomo, energia química, etc. No estudo da termodinâmica é conveniente considerar-se separadamente as energias cinética e potencial, as demais formas de energia do sistema são agrupadas em uma única variável, já definida, a energia interna, representada pelo símbolo U. Assim, E = U + EC + EP Sendo 2 2 1 VmEC e mgZEP Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 14 Onde, m é a massa do sistema, V é a velocidade, g a aceleração gravitacional e Z a elevação em relação ao referencial adotado para o sistema termodinâmico. A razão para trabalhar separadamente é que a energia cinética, (EC), e a energia potencial, (EP), estão associadas a um sistema de coordenadas que escolhemos, e podem ser determinadas pelos parâmetros macroscópicos de massa, velocidade e elevação. A energia interna U está associada ao estado termodinâmico do sistema. Como cada uma das parcelas é uma função de ponto, podemos escrever dE = dU + d(EC) + d(EP) A primeira lei da termodinâmica para uma mudança de estado de um sistema pode, então, ser escrita como; Q dU d EC d EP W ( ) ( ) Três observações podem ser feitas relativa a essa equação: 1 - A energia total, E, realmente existe e podemos fazer uso desta para escrever a primeira lei. Entretanto é mais conveniente, em termodinâmica, trabalhar separadamente com a energia interna, U, a energia cinética, EC, e com a energia potencial EP. 2 - A variação líquida de energia do sistema é sempre igual à transferência líquida de energia através da fronteira do sistema, na forma de calor e trabalho. 3 - Somente podem ser fornecidos as variações de energia interna, energia cinética e energia potencial. Não se consegue informar sobre os valores absolutos dessas quantidades através dessas equações. Se quisermos atribuir valores à energia interna, energia cinética e potencial, precisamos admitir estados de referência e atribuir valores às quantidades nesses estados. Finalmente, desprezando as variações de energia cinética e potencial, a primeira Lei pode ser escrita da seguinte forma: WQdU Ou seja, a variação de energia interna do sistema é igual ao calor fornecido ao sistema (+) menos o trabalho realizado pelo sistema (+). Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 15 EXERCÍCIOS EM SALA: 01. Um sistema inicialmente em repouso sofre um processo no qual recebe uma quantidade de trabalho igual a 200 kJ. Durante o processo o sistema transfere para o meio ambiente uma quantidade de calor igual a 30 kJ. Ao final do processo o sistema tem velocidade de 60 m/s e uma elevação de 50 m. A massa do sistema é de 25 kg, e a aceleração gravitacional local é de 9,78 m/s2. Determine a variação de energia interna do sistema durante o processo, em kJ. (R = 112,78 kJ). 02. Considere 5 kg de vapor de água contida no interior do conjunto cilindro-pistão. O vapor sofre uma expansão do estado 1 onde P = 5,0 bar, T=240 oC e U=2707,6 kJ/Kg para o estado 2 onde P=1,5 bar e T=200 oC e U=2656,2 kJ/Kg. Durante o processo 80 kJ de calor é transferida para o vapor. Uma hélice é colocada no interior do conjunto através de um eixo parahomogeneizar o vapor, a qual transfere 18,5 kJ para o sistema. O conjunto cilindro-pistão está em repouso. Determinar a quantidade de trabalho transferido para o pistão durante o processo de expansão. (R = 355,5 kJ). Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 16 5. TROCAS TÉRMICAS 5.1. Calor Específico a Pressão Constante e a Volume Constante Várias propriedades relacionadas à energia interna são importantes em termodinâmica. Uma delas é a entalpia. Duas outras conhecidas como calor específico a pressão constante, CP, e calor específico a volume constante, C, serão aqui consideradas. Os calores específicos a pressão e a volume constante, são particularmente úteis para a termodinâmica nos cálculos envolvendo o modelo de gás ideal. As propriedades intensivas C e CP são definidas para substâncias puras e compressíveis simples como sendo a derivada parcial das funções u(T,v) energia interna, e h(T,P) entalpia, respectivamente; C u T C h T P P Onde os índices e representam respectivamente (volume específico e pressão), variáveis fixadas durante a derivação. Valores para Cv e Cp podem ser obtidos por mecanismos estatísticos usando medidas espectroscópicas. Elas podem também ser determinadas macroscopicamente através de medidas exatas das propriedades termodinâmicas. As unidades macroscópicas de Cv e Cp, no sistema internacional, SI, são o kJ/kg- k ou kJ/kg -oC. Para unidades molares, kJ/ kmol-k. Observe que na definição de Cv e Cp estão envolvidas somente propriedades termodinâmicas e, portanto Cv e Cp são também propriedades termodinâmicas de uma substância. Aproximações para Líquidos e Sólidos Pode-se observar nas tabelas de propriedades saturadas e de líquido comprimido para a água que o volume específico do líquido varia muito pouco com a pressão e que a energia interna varia principalmente com a temperatura. Este comportamento é exibido por qualquer substância na fase líquida ou sólida. Para simplificar avaliações envolvendo líquidos ou sólidos, freqüentemente adota-se a hipótese que o volume específico do líquido é constante e a energia interna como sendo somente função da temperatura. A substância assim idealizada é chamada de incompressível. Assim para uma substância na fase líquida ou sólida, que satisfaz o modelo de substância incompressível a energia interna varia somente com a temperatura e, portanto, o calor específico a volume constante será função somente da temperatura. Logo pode-se escrever a equação do calor específico a volume constante como uma Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 17 diferencial ordinária tendo em vista que Cv é função somente de uma variável, a temperatura. C du dT (incompressível) Pela definição anterior de entalpia, para qualquer substância, sabe-se que ela é função da energia interna, da pressão e do volume específico em qualquer fase, de acordo com a expressão: h = u + Pv Para substâncias modeladas como incompressíveis, o calor específico a pressão constante CP e a volume constante, Cv são iguais. Pode-se mostrar essa afirmação derivando a equação da entalpia mantendo-se a pressão constante, resultando: h T du dT P dv dT P Sendo a substância incompressível a derivada dv = 0 , portanto: h T du dT P (incompressível) O lado esquerdo da igualdade é o calor específico a pressão constante, CP e o lado direito é o calor específico a volume constante de uma substância incompressível, Cv. Assim; C C CP , para sólidos e líquidos O calor específico de alguns sólidos e líquidos são dados na tabela abaixo a seguir. Calor específico de alguns sólidos e líquidos a 25 OC SÓLIDOS Cp kJ/kg-K kg/m3 LÍQUIDOS Cp kJ/kg-K kg/m3 Alumínio 0,900 2700 Amônia 4,800 602 Cobre 0,386 8900 Etanol 2,456 783 Granito 1,017 2700 Freon - 12 0,977 1310 Grafite 0,711 2500 Mercúrio 0,139 13560 Ferro 0,450 7840 Metanol 2,550 787 Chumbo 0,128 11310 Óleo ( leve) 1,800 910 Borracha (macia) 1,840 1100 Água 4,184 997 Prata 0,235 10470 Estanho 0,217 5730 Madeira (maioria) 1,760 350-700 Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 18 Para pequenos intervalos de variação de temperatura a variação do calor específico de um líquido ou sólido em geral é desprezível e o calor específico nestes casos pode ser admitido constante sem acarretar erros significativos. Resultado para a entalpia e a energia interna, dh C dTP 1 2 e du C dT 1 2 Como Cp = Cv então, dh du , para líquidos e sólidos 5.2. RELAÇÕES DA CALORIMETRIA COM A 1ª LEI DA TERMODINÂMICA Da Primeira Lei da Termodinâmica, temos: WdEQ ou 2121 WEQ Desprezando as variações de energia cinética e energia potencial, temos: 2121 WUQ Processos a volume constante Considerando um processo a volume constante, o trabalho realizado é zero, assim, todo o calor envolvido no processo é devido à variação de energia interna: UQV Como o calor sensível pode ser dado por: TcmQ .. , ou em termos de capacidade térmica: TCQ . , a variação de energia interna para processos isocóricos pode ser dada por: TCU . . Em termos diferenciais, temos que a capacidade térmica (calor específico multiplicado pela massa) é a diferencial da energia interna em relação à temperatura, à volume constante: VV T U C A capacidade térmica é uma propriedade extensiva do sistema. Em termos de capacidade calorífica molar: n C c mV , , onde n é a quantidade de matéria. Assim, dTCdU V . . Considerando a capacidade térmica independente da temperatura no intervalo de temperatura em que se estiver trabalhando: TCU V . . Uma grande capacidade calorífica faz com que, para uma certa quantidade de calor, seja pequena a elevação de temperatura da amostra. Na temperatura de transição de fase a capacidade calorífica da amostra é infinita, ou seja, para qualquer quantidade de calor fornecida, não ocorre elevação de temperatura. Processos a pressão constante Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 19 Nota sobre entalpia (H). Definição matemática para entalpia: VPUH . . Como U, P e V são funções de estado (só dependem do estado inicial e final), H também é uma função de estado, ou seja, não depende do caminho percorrido entre dois estados. A variação de energia interna não é igual ao calor recebido pelo sistema quando o volume não for constante. Da primeira lei: 2121 WUQ . Para um processo realizado a pressão constante: VPW .21 , assim: VPUQ .21 HQP Quando um sistema está à pressão constante e só efetua trabalho de expansão, a variação de entalpia é igual à energia fornecida ao sistema na forma de calor. Se um processo envolve sólidos ou líquidos, U e H são praticamente iguais (conforme visto no tópico anterior). O trabalho realizado pelo sistema é desprezível (não ocorre variações significativas de volume). Assim, a relação entre a energia interna e a entalpia para um gás perfeito é dada por: VPUH . TRnUH .. TRnUH g ..Onde gn é a variação do número de mols de gás na reação (produtos – reagentes). Considerando um processo a pressão constante, temos: HQP Como o calor sensível pode ser dado por: TcmQ .. , ou em termos de capacidade térmica: TCQ . , a variação de energia entalpia para processos isobáricos pode ser dada por: TCH . . Em termos diferenciais: PP T H C Assim, dTCdH P . . Considerando a capacidade térmica independente da temperatura no intervalo de temperatura em que se estiver trabalhando: TCH P . . Expressão empírica para o calor específico molar quando ocorre a variação de temperatura: 2 . T c Tbacm Nota sobre energia interna: A energia interna de um gás ideal monoatômico é dada por: TRnU .. 2 3 . Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 20 Em termos do calor específico molar, a energia interna para qualquer gás monoatômico em qualquer processo é dada por: TcnU mv .. , . A mudança na energia interna de um gás ideal confinado não depende do tipo de processo que causou a mudança de sua temperatura. Assim, o calor específico molar para um gás ideal monoatômico é dado por: Rc mv . 2 3 , Relação entre cp,m e cv,m: VPUQP . TRnTcnTcn mvmP ...... ,, Rcc mvmP ,, EXERCÍCIOS EM SALA 01. Uma amostra de 1,00 mol de um gás perfeito monoatômico, com cv,m = 3/2 R, inicialmente a P = 1,00 atm e T = 300K é aquecida reversivelmente até 400K a volume constante. Calcule a pressão final, o calor (fornecido ou absorvido), a energia interna e o trabalho. 02. Uma bolha contendo 5,0 mol de Hélio (monoatômico) é submersa até uma certa profundidade em água. Esta sofre um aumento de temperatura de 20o C à pressão constante. Como conseqüência a bolha se expande: a. Quanto calor é absorvido pelo Hélio durante a expansão? b. Qual a variação de energia interna do Hélio durante o intervalo de temperatura? c. Qual o trabalho realizado pelo Hélio? 03. Na reação )(2)()(.2 222 OHgOgH , 3 mols de moléculas na fase gasosa se transformam em 2 mols de moléculas na fase líquida. Calcule a diferença entre as variações de entalpia e energia interna a 298K. 04. Qual a variação de entalpia molar do nitrogênio gasoso aquecido de 25 até 100oC? Dados: a = 28,58; b = 3,77 x 10-3 (K-1); c = -0,5 x 105 (K2). Dado: Cp = a+bT+CT-2. 05. Uma amostra de 2,0 mols de Hélio se expande isotermicamente, a 22oC, de 22,8 L até 31,7 L. Em cada processo abaixo calcule o calor, o trabalho, a energia interna e a entalpia. a. Reversilvelmente; b. Contra uma pressão externa constante e igual à pressão final do gás; c. Livremente. Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 21 LISTA DE EXERCÍCIOS: 01. Um gás dentro de uma câmara passa pelo ciclo mostrado na figura abaixo. Determine o calor total adicionado ao sistema durante o processo CA, se o calor QAB adicionado ao sistema durante o processo AB for 20,0 j; nenhum calor foi transferido durante o processo BC; e o trabalho total realizado durante o ciclo for 15,0 j. (- 5,0 J) 02. Um gás dentro de uma câmara passa pelo processo mostrado no gráfico P-V abaixo. Calcule o calor total adicionado ao sistema durante um ciclo completo. (- 60 J) 03. Observando o esquema do processo e o diagrama PV abaixo responda: a. Quais as condições de estado inicial e final deste processo? b. Qual o trabalho realizado durante este processo em kJ? c. Por que o trabalho, convencionalmente neste caso, é negativo? Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 22 04. Observando o esquema do processo e o diagrama PV abaixo responda: a. Quais as condições de estado inicial e final deste processo? b. Qual o trabalho realizado durante este processo em Btu? c. Por que o trabalho, convencionalmente neste caso, é positivo? 05. Certa máquina térmica processa 2,00 mols de um gás ideal monoatômico através do ciclo mostrado na figura abaixo. O processo 2-3 é adiabático. Utilize o cálculo do trabalho, calor e energia interna utilizando as definições de cp e cv. a. Considerando a pressão inicial no ponto 1 igual a 1,5 atm, determine a pressão e o volume nos pontos 2 e 3. (P2 = 3 atm; P3 = 1,5 atm; V2 = 32,84 L; V3 49,26) b. Calcule o calor, a variação de energia interna e o trabalho realizado para cada um dos três processos (1-2, 2-3 e 3-1) e para o ciclo como um todo. (W1-2 = 0 kJ; Q1-2 = 7486,90 kJ; W3-1 = - 2495,63 kJ; Q3-1 = - 6239,09 kJ; W2-3 = 3743,45 kJ; Q2-3 = 0 kJ). 06. O conjunto cilindro-pistão, mostrado na figura abaixo, contém, inicialmente, 0,2 m3 de dióxido de carbono a 300 kPa e 100o C. Os pesos são, então, adicionados a uma velocidade tal que o gás é comprimido segundo a relação PV1,2 = constante. Admitindo que a temperatura final seja igual a 200o C, determine: Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 23 a. A pressão final. (R = 1247,52 kPa) b. O trabalho realizado durante este processo. (R = - 80 kJ) c. Represente o processo em um diagrama pressão versus volume específico. 07. Um cilindro possui um pistão de metal bem ajustado de 3,0 Kg, cuja área da seção reta é de 2,0cm2. O cilindro contém água e vapor à temperatura constante. Observa-se que o pistão desce lentamente, à taxa de 0,35 cm/s, pois o calor escapa do cilindro pelas suas paredes. Enquanto o processo ocorre, algum vapor se condensa na câmara. A densidade do vapor dentro dela é de 6,0 x 10-4 g/cm3 e a pressão atmosférica, de 1,0 atm. a. Calcule a taxa de condensação do vapor. b. A que razão o calor deixa a câmara? c. Qual a taxa de variação da energia interna do vapor e da água dentro da câmara? 08. Um gás dentro de uma câmara passa pelo processo mostrado no gráfico P-V abaixo. a. Calcule o trabalho realizado em cada uma das etapas e determine o trabalho total. b. Utilize a Primeira Lei da Termodinâmica e determine o calor total adicionado ao sistema durante o processo AB, sabendo-se que o calor QBC adicionado ao sistema durante o processo BC foi 10 J; e que o processo CD tenha sido adiabático e que o calor QAD retirado do sistema durante o processo AD tenha sido 30 J. Físico Química I Licenciatura em Química / IFS Prof. Dr. Francisco Luiz Gumes Lopes 24 09. Gás no interior de um conjunto cilindro - êmbolo sofre um processo de expansão de forma que a relação entre pressão e volume é dada por PVn = constante. A pressão inicial é de 3,0 bar e o volume é de 0,1m3. O volume final do gás após a expansão é de 0,2 m3. Determinar o trabalho do sistema , em kJ se: a. n= 1,5 (R = 17,56 kJ) b. n=1,0 (R = 20,79 kJ) c. n= 0. (R = 30 kJ) d. Faça também, a representação dos processos no plano P - V. 10. Um cilindro de 5 cm de diâmetro interno, dotado de um pistão móvel, contém 1,40 g de nitrogênio a 300 K. A massa do pistão móvel é de 5,0Kg e um corpo de 20,0 Kg repousa sobre o pistão. A pressão externa sobre o cilindro é 100,0 kPa. a- Calcule a pressão absoluta do gás no cilindro e o volume ocupado pelo nitrogênio, supondo comportamento de gás ideal. (225 kPa / 5,54 x 10-4 m3) b- Suponha que o corpo seja repentinamente removido e o pistão se eleva, sem atrito com as paredes do cilindro, para uma nova posição de equilíbrio. Calcule o trabalho de expansão feito pelo gáse a quantidade de calor trocado com as vizinhanças durante o processo, se a temperatura final do gás é a mesma inicial. (Q = W = 73,3 J) 11. Um cilindro dotado de um pistão móvel contém 4,0 l de um gás mantido a 300K e 500 kPa. O pistão é lentamente deslocado para comprimir o gás até 800 kPa. a- Escreva a equação de balanço de energia com as simplificações que julgar necessárias. Não considere que o processo é isotérmico. b- Suponha que o processo de compressão é realizado isotermicamente e o trabalho de compressão seja igual a 675 J. Se o gás for ideal, calcule a quantidade de calor trocado com as vizinhanças. (-675 J) c- Suponha que o processo é adiabático. a temperatura final do gás será igual, maior ou menor do que 300K. (T final > 300 K).