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O Uso do materiais naturais na Arquitetura

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archidomus
arquitetura e design
O uso dos materiais 
naturais na Arquitetura 
Arquiteto Francisco Lima 
Arquiteto Edoardo Aranha 
Roteiro: 
 
• Introdução 
• Abordagem histórica 
• Utilização Sustentável dos materiais naturais 
• Tecnologias de construção com Bambu 
• Tecnologias de construção com Terra Crua 
• Bibliografia 
 
 
Introdução 
O que são materiais naturais de construção? Diferentes abordagens nos 
desafiam a conceituar este tema, por exemplo: Uma lâmina de vidro é um 
material natural? Se analisarmos pelo ponto de vista da origem de sua 
matéria prima poderemos afirmar que sim, pois vem de um certo tipo de 
areia rica em sílica, outro exemplo: uma placa de piso cerâmico é um 
material natural? Também sob a ótica da origem da matéria prima que é a 
argila podemos obter uma resposta afirmativa, mas em ambos os casos 
esta matéria prima foi transformada por um processo e no caso das 
maiorias dos vidros e cerâmicas a matéria original foi transformada por 
um processo industrial, que demandou energia, consumiu água, gerou 
resíduos sólidos, líquidos e gasosos, deslocamentos da extração da 
matéria prima ao parque industrial ou aos parques industriais e depois foi 
deslocada a uma rede complexa de distribuição, após todo este processo 
este material já é considerado um material industrializado, assim como 
aqueles materiais de origem petroquímica como plásticos em geral e a 
maioria das tintas e vernizes. 
Então trataremos como materiais naturais aquelas matérias primas de 
origem natural que não passaram por um processo de industrialização ou 
passaram por um beneficiamento de modo artesanal ou semi-industrial. 
 
Abordagem histórica 
Encontram-se na cultura gravetiana do sul da Rússia (paleolítico 
superior) os primeiros traços de abrigos artificiais de planta 
ovalada, cada qual com sua lareira, isolados ou conjugados com 
outros, cujo chão se situa em nível ligeiramente inferior ao do solo 
circundante. No sítio mesolítico de Campigny (cerca de 12000 a. 
C.), encontram-se os mais antigos tipos de habitações semi-
subterrâneas, com pilares de madeira forquilhados que suportam 
um madeiramento horizontal de troncos e barrotes. O conjunto é 
coberto por paus roliços mais finos, e estes são recobertos com 
terra. No centro há um orifício por onde escapa a fumaça. Casas 
desse tipo são vistas também na Sibéria e na cultura pré-histórica 
de Mogollon, nos Estados Unidos. No neolítico, as construções já 
são de adobe ou, como no Egito, de palha trançada, em forma 
ogival, e planta circular. As aldeias neolíticas de Köln-Lindenthal, 
na Alemanha, e da idade do ferro, na Polônia, são de "casas 
grandes", moradias coletivas do tipo de pau-a-pique. A casa 
construída tem existência mais recente e sua configuração 
depende de fatores como os materiais disponíveis, as técnicas de 
construção dominadas por certo grupo e suas concepções de 
planejamento e arquitetura, em função das atividades econômicas, 
do gênero de vida e dos padrões culturais. É na habitação rural 
que as influências geográficas se apresentam com maior nitidez, 
não só porque no campo as comunidades humanas têm contato 
direto com a natureza, mas também por constituírem grupos 
menos aparelhados tecnicamente e mais presos à tradição. Além 
disso, a habitação rural é abrigo e também, muitas vezes, local de 
trabalho e de armazenamento de produtos, de tal forma que 
revela nitidamente as atividades e necessidades de seus 
ocupantes. As mais simples utilizam material vegetal praticamente 
sem elaboração. (LUCAS, Claudinei. Habitação) 
Para fazermos uma leitura das tradições ancestrais e vernaculares de 
construir veremos que estas são o resultado do lugar onde estão, a 
geografia deste, seu clima, vegetação, relevo, solo... estas condições 
junto aos materiais e os recursos disponíveis para as construções, e as 
condições climáticas à serem satisfeitas, resultou nas tecnologias que 
esses povos tiveram que desenvolver (o saber fazer) para trabalhar estes 
materiais do lugar e as soluções arquitetônicas que foram encontradas 
para adequar os abrigos ao clima. 
Desde o início da civilização humana até meados do século XIX a 
humanidade construiu seus abrigos quase exclusivamente com os 
materiais naturais, a maiorias das teorias da Arquitetura foram escritas 
utilizando estes materiais desde Vitrúvio a Ledoux, mesmo o cimento 
utilizado pelos romanos, o CAEMENTUM era feito basicamente de argila 
pozolânica de origem vulcânica, o recente fenômeno industrial ampliou as 
opções de materiais a serem utilizados, mas com o tempo principalmente 
influenciado pelo valor do capital e a depreciação do trabalho manual e 
artesanal frente aos produtos industrializados reduziu drasticamente a 
utilização dos materiais naturais, restringindo estes aos povos que 
continuam a viver suas tradições, como os povos indígenas ou à aquelas 
pessoas que não tem nenhum recurso financeiro, que desamparados por 
profissionais ( Arquitetos, Engenheiros e Técnicos) e de uma evolução 
tecnológica utiliza estes materiais longe de suas reais potencialidades. O 
uso dos materiais naturais foi sendo gradativamente estigmatizado como 
associado à pobreza ou ao exótico (empreendimento turísticos, por 
exemplo), o que nos impõe uma pergunta: Qual o sentido em falar do uso 
dos materiais naturais na Arquitetura Contemporânea? Veremos isso 
adiante. 
 
Utilização Sustentável dos materiais naturais de construção 
Frente à atual crise sócioambiental, a crise energética, o aquecimento 
global e outros fatores a utilização de materiais de construção mais 
ecoeficientes e de menor impacto ambiental começa sim a ter um sentido 
ou melhor uma necessidade, visto que a indústria da construção civil é um 
dos setores mais poluentes do Planeta, outro fator que releva o uso dos 
materiais naturais é o cultural, principalmente ligado ao patrimônio 
histórico, onde várias tecnologias de construção estão sendo esquecidas, a 
utilização dos materiais naturais podem apresentar as seguintes 
características que auxiliam a sustentabilidade das construções: 
 
• minimizar o consumo de recursos não renováveis 
• utilizar recursos renováveis e retornáveis 
• minimizar os desperdícios 
• racionalizar o uso da água e energia 
• criar um ambiente saudável e não tóxico 
• valorizar as pessoas, os materiais e a cultura local 
• resgatar a memória do construir 
 
Estes fatores têm que ser observados ao utilizarmos um material 
natural, pois se utilizamos, por exemplo, uma madeira de uma árvore 
centenária que atravessou o país queimando combustível para chegar até 
nossa construção apesar de ser um material natural este uso não foi nada 
sustentável, outro exemplo, se utilizamos outra madeira desta vez de 
reflorestamento, mas a área de plantio desta substituiu uma mata nativa 
e seus processos de extração e tratamento utilizam produtos tóxicos 
também não temos nenhum ganho sustentável, ainda se utilizamos uma 
pedra que também atravessou alguns estados e causou um grande 
impacto ambiental da onde foi retirada também este uso não foi 
sustentável, então para utilizarmos com consciência os materiais de 
construção temos que avaliar seu ciclo de vida, da onde veio, como veio, 
etc., pois muitas vezes apesar de estarmos utilizando um material natural 
para construir não estamos acrescentando nenhum fator ecológico 
positivo e muitas vezes pode ser negativo. 
Estudaremos a seguir alguns dos materiais naturais de alta performance 
de sustentabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tecnologias de construção com Bambu 
 
Pavilhão Colômbia – Arquiteto Simon Velez 
O bambu é uma gramínea de crescimento rápido originária do final do 
período Cretáceo,um pouco antes do início da era Terciária, quando 
surgiu o homem. 
Material ecológico, leve, resistente, versátil e com excelentes 
características físicas, químicas e mecânicas. 
Inúmeras razões fazem com que o bambu seja uma planta de 
características específicas e peculiares que o transforma numa grande 
solução para problemas sociais, econômicos e ambientais. Podemos 
destacar algumas: 
 
1) O bambu é a planta de crescimento mais rápido do planeta. Ele cresce 
um terço mais rápido que a árvore que ocupa a segunda colocação em 
rapidez de crescimento. Algumas espécies podem crescer até um metro 
por dia! Há quem diga que pode-se praticamente "assistí-lo crescer" . Este 
padrão de crescimento deixa-o facilmente acessível num pequeno espaço 
de tempo. Os tamanhos vão de miniaturas até torres de 30 metros. 
2) O bambu é considerado um elemento crítico no balanceamento entre 
oxigênio e dióxido de carbono na atmosfera. Com seu rápido crescimento, 
ele tem a capacidade de mais rapidamente reflorestar áreas devastadas 
pelo desmatamento, além de gerar mais oxigênio que as demais lenhosas. 
Ele diminui ainda a intensidade de luz e protege contra os raios 
ultravioletas, atuando como um purificador atmosférico e dos solos. 
3) O bambu é um recurso natural resistente. Ele pode ser colhido 
(cortado) anualmente. O bambu foi responsável pelo primeiro 
reflorestamento em Hisroshima depois da devastação causada pela bomba 
atômica em 1945. 
4) O bambu é uma opção viável para a madeira. Ele é um dos materiais 
mais resistentes para construção. A força de tensão do bambu é cerca de 
20% superior a do ferro. Nos países tropicais é possível se construir uma 
casa inteira estruturada por bambus. 
5) O bambu é versátil por seu curto ciclo de crescimento. Existem mais de 
1200 espécies de bambu em todo planeta. A sua diversidade faz com que 
o mesmo se adapte a vários meio ambientes. Ele pode ter seu primeiro 
corte entre 3 a 5 anos de seu plantio. As lenhosas levam, dependendo da 
espécie, de 10 a 20 anos para poderem ser cortadas. O bambu tolera 
ainda altos índices de precipitações pluviométricas. 
 
6) O bambu pode ter extremo impacto na economia. Este, junto às 
indústrias ao qual está ligado, já proporciona renda, alimentação e 
moradia para mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo. Governos 
como os da Índia e China possuem juntos reservas florestais de 
aproximadamente 19.800.000 hectares de bambu e começaram a forçar a 
atenção nos aspectos econômicos da produção de bambu. 
7) O bambu é uma fonte renovável para produtos agroflorestais. Ele é um 
recurso natural de alto rendimento e aproveitamento: compensados de 
bambu são utilizados em paredes e pisos como revestimentos; sua polpa 
serve como matéria-prima na produção de papel e celulose; o caule em si 
pode ser utilizado na construção de casas. 
8) O bambu é uma ferramenta para conservação dos solos. Suas 
propriedades anti-erosivas, através de seu sistema radicular, criam uma 
eficiente defesa ao "custura" os solos deixando-os compactados e coesos 
ao longo das frágeis margens de rios, áreas desmatadas e em lugares 
propícios a terremotos e deslizamentos de terra. O bambu reduz 
significativamente a evasão das águas das chuvas, o que previne a erosão 
do solo. 
9) Importante para matas ciliares, áreas de erosão e contensão de 
encostas. 
10) Designada como mata 1 (início de reflorestamento). Tem raízes 
superficiais, sementes de outras plantas que caem, nascem por baixo da 
raiz do bambu ocupando seu espaço e removendo posteriormente o 
bambu da área em questão. 
O bambu no Mundo 
- No mundo existem cerca de 1200 espécies de bambu, divididas em cerca 
de 90 gêneros. 
- Os tons de cor são variados: preto, vermelho, azul, violeta, tendo o 
verde e o amarelo como principais. 
- São encontrados em altitudes que variam de zero até 4800 metros 
principalmente na faixa do Equador. 
- Resistem a várias temperaturas: 
Abaixo de zero (principalmente os leptomorfos ou 'runners' de 
colmos espaçados); 
Temperaturas tropicais (principalmente os paquimorfos ou 
'clumpers' de colmos bem juntos). 
- Crescem como pequenas gramíneas ou chegam a extremos de 40 
metros de altura. 
Oscar Hidalgo Lopes da Colômbia escreveu verdadeiros tratados sobre 
as técnicas empregadas na construção com bambu. Simon Vélez, também 
colombiano, é responsável pela criação de muitas casas de fazendas e 
galpões em bambu, além de pavilhão da Colômbia na exposição do ano 
2000 em Hanover. 
Na Ásia temos os exemplos vivos mais antigos da arquitetura com 
bambu, em templos japoneses, chineses e indianos. 
O Taj Mahal teve sua abóbada estruturada por metal recentemente, 
quando substituíram a estrutura milenar de bambu. 
A construção de pontes de bambu na China é algo espetacular, com 
vãos enormes e tensionadas com cordas de bambu. 
Na África também se encontram muitas habitações populares 
construídas com bambu. 
 
Mapa de localizações de principais mananciais de bambu no mundo. 
 
TAXONOMIA 
Entre tantas variedades algumas são mais comuns e deverão dar uma 
visão geral, veremos aqui o Bambusa Vulgaris, o Philostachys Áurea – 
bambu mirim, o Phyllostachys pubescens – Moso, o Dendrocalamus Asper 
– Gigante e finalmente o Guadua Angustifólia: 
• Bambusa Vulgaris 
O gênero Bambusa possui apenas bambus de 
rizomas paquimorfos (colmos bem juntos). 
É usado como polpa de papel além de fonte de 
bebida alcoólica. 
De colmos verdes em sua origem Japonesa desenvolveu uma variedade 
no Brasil, o Bambusa Vulgaris Vitata. 
(Bambu-Brasil, Imperial, Verde-Amarelo) 
• Phyllostachys Áurea: 
 - Aqui chamado de "bambu-mirim" e “cana-da-Índia”, e lá fora de 
"Golden Bamboo", "Fishing pole Bamboo" entre outros. 
- Ele é um bambu de rizomas leptomorfos, (colmos separados) por isso 
mais adaptado ao clima temperado. 
- Vemos no Brasil muitos bambus que nos parecem ser desta espécie, e 
com mais de 5 centímetros de diâmetro. 
- É usado para varas de pescar, estruturas, móveis e trançados pela sua 
grande resistência. 
O gênero Phyllostachys é o mais variado, tendo grande número de 
espécies. 
Neste gênero temos o Moso: Phyllostachys pubescens, Phyllostachys 
Edulis ou ainda Phyllostachys heterocycla "Pubescens", muito usado na 
China para obtenção de brotos comestíveis. É o bambu usado nos 
laminados de bambu para piso e painéis (Plyboo). 
 
 
 
 
P. nigra 
(Yakko) 
 
P. nigra 
(Boryana) 
 
P. pubescens 
(Moso) 
 
P. pubescens 
"Kikko" 
Todas as 4 fotos Copyright Bambouseraie de Prafrance 
• Dendrocalamus Asper 
O gênero Dendrocalamus é originário da Ásia também, e encontramos 
muitos espécimes da espécie Dendrocalamus asper no Rio de Janeiro - 
RJ - e em Campo Grande - MS. Esta espécie costuma ser chamada de 
"bambu-balde", pela sua grossura. 
Podem chegar a 25 centímetros de diâmetro e cerca de vinte e cinco 
metros de altura. Seus brotos são comestíveis. 
Quando jovens estes bambus apresentam penugem áspera marrom, 
quase dourada. 
O maior bambu de todos é o da espécie Dendrocalamus giganteus. 
 
 
 
Colmos altos Colmos grossos Colmo jovem 
Colmos de Dendrocalamus asper no Sítio do Professor, em Teresópolis - RJ. Fotos de Raphael Vasconcellos 
 
• Guadua angustifolia 
Os bambus do gênero Guadua têm uma importância crucial na 
economia de Equador e Colômbia. É uma espécie conhecida dos nativos 
há pelo menos 5000 anos. 
Anteriormente incluídos no gênero Bambusa, este bambu nativo da 
América possui espécies com tremenda resistência, o Guadua angustifolia, 
sendo notadamente tido como um excelente materialde construção. 
Sua característica mais chamativa são os nós brancos. 
No Brasil existem vastas florestas naturais de Guadua na Amazônia. 
Encontramos Guaduas em grande parte do território brasileiro, do sul a 
norte. 
 
 
Guadua angustifolia Guadua angustifolia 
Guadua angustifolia 
'less thorny' 
Fotos de Robert Saporito, do capítulo da Flórida e Caribe da ABS 
 
Sistema de raízes 
Os rizomas reproduzem-se dos rizomas e permanecem conectados 
entre si. Nesta interconexão, todos os indivíduos de um mesmo grupo são 
descendentes (clones) do rizoma primordial, e são, até um certo ponto, 
interdependentes e solidários. Os brotos utilizam as reservas de um grupo 
para crescerem e brotarem. Os bambus do centro do grupo são os mais 
velhos, e os da orla os mais jovens. Uma forma generalizada de identificar 
o bambu maduro é observar a ocorrência de manchas e sujeiras, além de 
sua rigidez. Os bambus jovens serão mais brilhantes, podendo ainda estar 
envoltos pelas folhas caulinares, e mais flexíveis e húmidos internamente. 
Os bambus velhos estão podres ou secos. 
As pontas dos rizomas são o ponto de crescimento, e elas são envoltas 
por folhas caulinares muito apertadas, que morrem rapidamente para dar 
lugar ao entrenó crescido, e assim por diante. 
As verdadeiras raízes do bambu crescem dos anéis dos rizomas, sendo 
mais finas que estes e captando água e nutrientes do solo ao redor. 
Segundo o americano Tydyn Rain St. Clair, citando McClure, os bambus 
podem ser divididos basicamente em seis tipos diferentes de rizomas, 
sendo os dois primeiros seguintes os principais: 
• Rizomas - PAQUIMORFOS (clumper / cespiteux) 
São os rizomas com formas de bulbo, tendo os entrenós muito curtos e 
compactos. A ponta está geralmente orientada para cima, e dela sai o 
colmo do bambu, mais fino que o bulbo. As gemas encontradas nos nós 
do rizoma são de onde saem novos rizomas. A cada ano pode ser 
produzido um novo rizoma do original. O crescimento deste tipo de bambu 
é em touceiras ou 'tufos', onde não se consegue caminhar normalmente 
por dentro deles. Eles crescem lateral e radialmente, afastando-se muito 
pouco uns dos outros. Podem ter pescoços curtos, médios ou longos. 
São encontrados, em geral, nas espécies tropicais, como as do gênero 
Bambusa e Guadua, porém podem ser encontrados também em espécies 
temperadas. 
 
 
Estrutura subterrânea do bambu de rizoma paquimorfo de pescoço curto 
 
 
Distribuição radial e genealógica Touceira / moita de bambus paquimorfos 
• Rizomas - LEPTOMORFOS (runner / traçant) 
São os rizomas alongados e finos, tendo os entrenós longos e 
espaçados. 
A ponta está geralmente orientada horizontalmente, e ela é muito dura 
e conquista espaço. As gemas encontradas nos nós do rizoma são de onde 
saem novos rizomas e colmos (brotos). Os colmos são mais grossos que o 
rizoma. Algumas vezes a ponta do rizoma pode seguir para cima e se 
tornar um colmo novo, mas é mais comum o aparecimento de colmos nos 
lados do rizoma, alternados entre esquerdo e direito. O crescimento deste 
tipo de bambu é em florestas, onde se consegue caminhar normalmente 
por dentro deles. Eles crescem lateral e radialmente, afastando-se 
linearmente uns dos outros. São bambus de hábitos invasivos. 
São encontrados, em geral, nas espécies de clima temperado, como as 
do gênero Phyllostachys. 
 
Estrutura subterrânea do bambu de rizoma leptomorfo 
 
 
Distribuição radial e genealógica Bosque / floresta de bambus leptomorfos 
 
• Rizomas – ANFIMORFOS 
Possuem rizomas paquimorfos e leptomorfos no mesmo sistema (esta 
versão é de McClure, diferente da versão de Keng). Ex: Chusquea fendleri 
LEPTOMORFOS com colmos agrupados possuem rizomas leptomorfos, 
porém alguns deles congestionam-se, formando grupos que 
superficialmente lembram os originários de rizomas paquimorfos. Contudo 
este bambu não é anfimorfo, pois não possui verdadeiros rizomas 
paquimorfos, todos sendo ocos e da mesma grossura dos colmos. McClure 
chamou este fenômeno de eixo de metamorfose 1. Existem espécies com 
rizomas deste tipo nos gêneros Pleioblastus, Pseudosasa, Indocalamus e 
Sasa, entre outros. 
PAQUIMORFOS de pescoço longo com colmos agrupados 
possuem rizomas paquimorfos de pescoço longo, e são análogos ao 
sistema anterior. Superficialmente aparentam ser anfimorfos, porém não 
possuem rizomas leptomorfos. Este tipo de rizoma é característico do 
gênero Yushania. 
PAQUIMORFOS de pescoço muito longos com rizomas ao longo do pescoço 
possuem rizomas paquimorfos normais com pescoços muito longos, e 
destes originam-se novos rizomas paquimorfos em grupos. McClure 
chamou este fenômeno de eixo de metamorfose 2. Característico do 
gênero Vietnamosasa. 
Mr. Tydyn sugere que leiamos o trabalho de McClure, "Bamboos - a fresh 
perspective", para obter maiores explicações do autor. 
 
Propriedades físicas do bambu: 
 
Fibras Guadua 
 foto microscópica 
de corte transversal / fibras de bambu 
Dr. Grosser / Munique - 1000 Things of 
Bamboo 
 
 
 No entrenó No nó 
Resistência a tensão: 2.636kg/cm2 2.285 kg/cm2 
 Máxima Mínima 
Elasticidade de 
tensão: 
316.395 kg/cm2 140.000 kg/cm2 
Resistência a 
compressão: 
863 kg/cm2 562 kg/cm2 
Elasticidade de 
compressão: 
199.000 kg/cm2 151.869 kg/cm2 
Resistência a flexão: 2.760 kg/cm2 763 kg/cm2 
Elasticidade de flexão: 220.000 kg/cm2 105.465 kg/cm2 
Esses dados revelam os valores médios obtidos em ensaios de várias 
espécies de bambu. 
A resistência das fibras varia de acordo com a sua posição na parede do 
bambu, sendo mais forte as fibras da capa externa que as da interna. 
 
Resistência das fibras: 
 Parte externa Parte Interna 
Flexão: 2.531 kg/cm2 949 kg/cm2 
Tensão: 3.200 kg/cm2 1.550 kg/cm2 
http://www.arq.ufsc.br/~labcon/arq5661/trabalhos_2002-2/Bambu/processo_construtivos.htm 
TRATAMENTOS 
Segundo botânicos e mateiros, o primeiro tratamento oferecido ao 
bambu é seu corte. 
O corte vem a ser nossa primeira e maior preocupação. 
Atenção à forma e hora da colheita. 
• O Corte 
Como colher: 
O corte deve ser feito sem rachar o pé da vara a ser cortada logo acima 
do segundo nó, para que não ocorra acúmulo de água e com isso traga o 
apodrecimento à raiz e com isso a touceira inteira. 
Quando colher: 
No inverno o bambu guarda uma maior parte de suas reservas nas 
raízes (rizomas), o momento antes do aparecimento dos novos brotos. 
Neste momento obtemos um bambu com menos açúcar. 
O açúcar é o alimento (e atrativo) dos insetos e fungos que se 
alimentam do bambu, e estes aparecem menos no inverno. 
No Brasil e no Hemisfério Sul esta época acontece no meio do ano. 
Por isso a cultura popular brasileira afirma que são os meses sem a 
letra "r": maio, junho, julho e agosto. Após este período começa a 
geração de novos brotos. 
Há testes que podem ser feitos para determinar a quantidade de açúcar 
que determinada vara contém. 
 
Outra atenção especial a ser tomada é a idade do bambu. 
Para tecelagem ou cestaria usam-se os bambus jovens e imaturos, pela 
sua flexibilidade. 
Para construção devem-se usar os bambus maduros, mas não podres, 
com cerca de 3 a 4 anos, quando atingiram sua resistência ideal. 
A Fase da Lua: 
Estando na época certa do ano deve-se escolher a fase adequada da 
lua, a lua minguante. A razão científica para este fato ainda está sendo 
investigada, mas é corroborado pela cultura popular e pela experiência. A 
Lua influi diretamente na quantidade de água das varas, estas na fase 
minguante da Lua estão mais “secas” ou seja menos suscetível a rachar 
posteriormente aocorte diminuindo as chances de uma infestação. 
Após o corte aconselha-se deixar o bambu em pé no local de colheita, 
ainda apoiado nos vizinhos, por cerca de 2 a 3 semanas. Neste tempo ele 
secará, mas ainda nos estados de temperatura, pressão e umidade em 
que sempre viveu. 
• O Tratamento em si 
O tratamento visa garantir maior qualidade e durabilidade para a peça a 
ser executada. 
Pensando desde o ponto correto de maturação das varas, momento do 
corte, assim como seu preparo para resistir aos ocupantes naturais do 
bambu. Tirando-se logicamente os Koalas, ursos que se alimentam de 
brotos de bambu, temos outros também famosos entre bambuseiros. 
O Dinoderus Minuto (broca), por exemplo, é um inseto extremamente 
decidido a permanecer em seu modo de vida que compromete nosso 
trabalho. 
Atraídos principalmente pelo açúcar no bambu, temos basicamente 
duas saídas: 
1- Bloquear o açúcar 
Neste caso nos preocupamos em isolar o açúcar do contato para 
atrativo das pragas do bambu. 
2- Eliminar o açúcar 
Aqui pensamos em como “lavar” ou “transformar” o açúcar. 
 
ÁGUA - Afogamento 
“Troca da seiva” ou “Lavagem” 
O bambu pode ser tratado apenas pela 
permanência em água parada (piscina ou 
tanque) por 03 semanas logo após o corte 
das varas, porém precisará passar por um 
processo de secagem demorado após o 
banho. Pode-se banhar também em água 
corrente (riachos). 
 
Fervura/cocção 
Um modo muito utilizado para tratamento de bambu é ferver o bambu 
em água. Aconselham-se períodos de 15 a 60 minutos para cada grupo. 
Os fornecedores de bambu da região serrana do Rio de Janeiro costumam 
passar um pano molhado de óleo diesel no bambu antes de ferver. A soda 
cáustica é outra forma recomendada de tratamento, e deve-se misturar à 
água na proporção de 10 (água) para 1 (soda cáustica), mantendo o 
tempo de cocção de aproximadamente 15 minutos. 
Câmara de vapor 
 
O bambu passa algumas horas em uma câmara 
sob pressão constante acima de 82 0 C 
recebendo vapor e temperatura para a 
transformação do açúcar. 
Defumação 
Há experimentos um com defumação 5 horas outro 
com 15 horas, com Bambus na horizontal e vertical, 
temperatura de 70 a 80 ° C. 
 
 
 
 
Sistema BOUCHERIE 
Um modo de tratar quimicamente o bambu é fazer passar, sob pressão, 
a solução química através dos colmos e fibras do bambu. Usa-se uma 
bomba de ar comprimido para dar pressão, e mangueiras adaptadas nas 
extremidades do bambu. 
 
Bomba de ar comprimido e sistema de mangueiras 
boucherie - Bamboo Brasil Design / Edson Sartori e
Rubens Cardoso 
 
É importante salientar que o uso indevido dessas substâncias químicas 
muito tóxicas pode ocasionar a intoxicação grave e até a morte do 
operador, além de contaminar o solo ou a água no local de despejo. 
 
Construções com Bambu 
O Sistema de encaixes conhecidos como “Bocas de peixe” que utiliza 
barras rosqueadas e parafusos é um dos principais itens de uma boa e 
segura construção com BAMBU, assim como a escolha do bambu correto 
(espécie, tratamento e espessura) e um bom dimensionamento garantem 
construções de casas, galpões e até edifícios. 
 
 
Encaixes “Bocas de Peixe” 
 
Galpão no TIBÁ – RJ estrutura construída em 03 dias de curso 
 
 
Mural do Parque Severo Gomes-SP com “teto verde” de meia tonelada Archidomus Arquitetura 
 
Construção de residência Monte Alegre-SP – Archidomus Arquitetura 
 
Construção de residência Monte Alegre-SP – Archidomus Arquitetura 
 
 
 
Centros de pesquisa que vêm se dedicando ao bambu 
SEBRAE 
Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro (engenheiro e 
professor Khosrow Ghavami). Desenvolve pesquisas com materiais e 
tecnologias tradicionais em alguns núcleos de trabalho. 
Universidade Estadual Paulista, campus de Bauru (SP), Projeto Bambu, 
(Marco Antonio dos Reis Pereira, docente do Departamento de Engenharia 
Mecânica da FE). 
Universidade de Kassel, Alemanha (professor e pesquisador alemão 
Gernot Minke). Pesquisa a cerca de 20 anos as aplicações da terra e do 
bambu em diversas áreas com seguidores por todo o mundo. 
UNICAMP - FEAGRI Campinas 
Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações 
Tradicionais [CNPT/Ibama] 
Projeto Taboca - Seringueiros da região de Assis Brasil, a 320 quilômetros 
de Rio Branco, no Acre, estão participando, de uma oficina de capacitação, 
em Brasília, para aprender a fabricar móveis, edificações e objetos a partir 
da taboca, uma espécie de bambu típica da Amazônia. 
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) 
Bambuzeria Cruzeiro do Sul [Bamcruz], (coordenador geral - Lúcio 
Ventania). 
Em Santo Antônio do Leverger e Chapada dos Guimarães, a Bambuzeria 
Cruzeiro do Sul, UFAL, SEBRAE (Alagoas) e outros parceiros institucionais 
e privados, estão constituindo o Instituto do Bambu, de forma a pesquisar 
e desenvolver tecnologias adequadas. Projeto destinado inicialmente a 
cerca de 200 pessoas, entre jovens, adultos, mulheres, homens e 
adolescentes, uma profissão. Foram ali criados 84 postos de trabalho, em 
menos de seis meses, a um custo unitário inferior à R$1.000 (mil) 
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Departamento de 
Engenharia Hidráulica do campus Pampulha, professor Luís Eustáquio 
Moreira, do departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de 
Engenharia, que coordena a pesquisa. 
UNESP - Irrigação com bambu. A irrigação é sempre um investimento 
pesado, especialmente por conta de tubulações e bombas, mas a Unesp 
desenvolveu um sistema em que as tubulações são substituídas por 
bambu. Isto reduz o investimento e facilita a manutenção: o material de 
reposição é colhido na própria fazenda. 
Tecnologias de construção com Terra Crua 
O termo Terra Crua caracteriza técnicas que utilizam a terra sem 
queima, a terra como matéria-prima na elevação de alvenarias, de 
abóbadas e de outros elementos construtivos tem sido empregada desde 
o período pré-histórico, existindo um consenso em ter sido o primeiro 
material de construção da humanidade, desde os abrigos escavados aos 
primeiros tijolos de terra crua feitos à mão. Na Turquia, na Assíria e em 
outros lugares no Oriente Médio foram encontradas construções com terra 
apiloada ou moldada, datando de entre 9000 e 5000 a.C. (Minke, 2001). 
No Egito antigo os adobes de terra crua, assentados com finas camadas 
de areia, eram utilizados na edificação de fortificações e residências, e 
uma espécie de argamassa feita de argila e areia era material de 
preenchimento de lajes de cobertura estruturadas com troncos roliços. As 
muralhas da China também foram edificadas com argila apiloada entre 
alvenarias duplas de pedra. 
O termo taipa, genericamente empregado, significa a utilização de 
solo, argila ou terra como matéria-prima básica de construção. A 
origem, provavelmente árabe do vocábulo, entrou para a língua 
portuguesa por influência mourisca. 
As referências do uso das taipas em Portugal são registradas pelos 
escritores desde a presença romana e traduz sempre o uso da 
terra como o componente mais importante. A região de Portugal 
que mais utilizou a taipa é a do Algarve. 
Na França o processo construtivo que utilizou terra é conhecido 
como "maçonnerie de pisé" ou "pisé" ou "terre pisé" que se 
assemelha à taipa de pilão e uma outra técnica que emprega solo 
e palha seca é denomina de "torchis" e resiste mais a rachaduras 
por conter uma trama que dá maior resistência contra 
movimentações.Os negros trazidos ao Brasil também conheciam 
processos construtivos que utilizavam a terra, algumas tribos 
empregavam estruturas preenchidas com barro, que apresenta 
similaridadescom as técnicas de algumas tribos brasileiras. O 
adobe também era conhecido dos africanos, portanto, durante o 
início da colonização brasileira, todas as culturas componentes 
dominavam técnicas construtivas que utilizavam a terra como 
matéria-prima. A taipa executada no Brasil Colonial pode ser 
dividida em dois grandes grupos: a de pilão e a de mão. (PISANI, 
Maria Augusta Justi. Taipas, Arquitetura da terra) 
 
Características da terra empregada em construções 
São empregados vários termos na língua portuguesa, como argila, 
barro, terra e solo, mas todos como sinônimos. Como material de 
construção, comparando-a com os demais, pode-se ressaltar algumas 
características que todo construtor tem que conhecer antes de iniciar 
qualquer estudo ou mesmo ensaio, para utilizá-lo. Baseado em Minke 
(2001), pode-se observar que as construções com a terra como a 
matéria-prima básica apresenta vantagens e desvantagens em relação a 
outros materiais clássicos de construção. 
Vantagens: 
• A terra crua regula a umidade ambiental: o barro possui a capacidade 
de absorver e perder mais rapidamente a umidade que os demais 
materiais de construção; 
• A terra armazena calor: como outros materiais densos como as 
alvenarias de pedra, o barro armazena o calor durante sua exposição aos 
raios solares e perde-o lentamente quando a temperatura externa estiver 
baixa; 
• As construções com terra crua economizam muita energia e diminuem 
a contaminação ambiental. As construções com terra praticamente não 
contaminam o ambiente, pois para prepará-las necessita-se de 1 a 2% da 
energia despendida com uma construção similar com concreto armado ou 
tijolos cozidos; 
• O processo é totalmente reciclável: as construções com solo podem ser 
demolidas e reaproveitadas múltiplas vezes. Basta fragmentar e voltar ao 
processo de preparo da massa de terra. 
Desvantagens: 
• Não é um material de construção padronizado: sua composição 
depende das características geológicas e climáticas da região. Podem 
variar composição, resistências mecânicas, cores, texturas e 
comportamento. Para avaliar essas características são necessários ensaios 
que indicam as providências corretivas para corrigi-las com aditivos. 
• É permeável: as construções com terra crua são permeáveis e estão 
mais suscetíveis às águas, sejam pluviais, do solo ou de instalações. Para 
sanar esse problema é necessária a proteção dos elementos construtivos: 
seja com detalhes arquitetônicos ou com materiais e camadas 
impermeáveis. 
• Há retração: o solo sofre deformações significativas durante a secagem 
gerando fissuras e trincas. 
Estas desvantagens são possíveis de ser trabalhadas e solucionadas 
com a utilização de aditivos e agregados e com o “desenho” arquitetônico. 
A construção com terra rompe a impessoalidade que caracteriza as 
construções padronizadas das grandes metrópoles. O homem 
finalmente pode reencontrar o prazer de construir sua casa ao 
sabor de seus impulsos artísticos, de suas pulsações espirituais. As 
paredes se modulam aos caprichos de toda ordem no material de 
construção, com o qual forma um todo. Tudo é organicamente 
ligado ao conjunto arquitetural, pois a unidade da matéria é 
soberana. Além do conforto espiritual, pode-se assim dizer, a casa 
de terra oferece ainda as vantagens de uma perfeita climatização, 
(inércia térmica proporcionada por espessas paredes) atualmente 
só conseguida por meios artificiais e onerosos. (ABC Terra – 
Associação brasileira de Construtores com Terra). 
 
Principais Sistemas Tradicionais de Construção com Terra Crua 
Os sistemas de construção com terra segundo alguns autores podem 
ser divididos em 03 grupos principais: Os enformados, que utilizam apoio 
de formas de madeira por exemplo como a Taipa de Pilão, os entramados 
que utilizam uma ossatura de material leve como a Taipa de Mão e os 
Tijolos que podem ser moldados à mão ou em formas como os Adobes, 
também seria possível dividir as técnicas por serem monolíticas ou 
conjunto de peças montadas, à seguir alguns exemplos de técnicas 
tradicionais. 
 
Taipa de Pilão 
É a técnica de construção com terra crua mais antiga. Jogamos a 
mistura de terra que é apiloada em camadas dentro de uma forma tipo 
sanduíche, tornando-se um bloco monolítico. 
Esta técnica foi trazida pelos portugueses no período colonial, mas já 
vinha sendo utilizada em muitos outros países, como França, EUA, 
Marrocos, China e Japão. No Brasil, muitos casarões, mosteiros e igrejas 
estão de pé há mais de 250 anos. 
Nos últimos 20 anos, a taipa de pilão tem ganhado novas versões com 
tecnologia atualizada, permitindo uma construção mais racional e limpa, 
reduzindo a mão-de-obra. 
Matéria-prima: terra local, areia ou argila, estabilizante: cal, baba de 
cupim sintética, cimento ou outros (se necessário). 
Mistura: A porcentagem ideal do solo é de 30% argila e 70% areia. A 
umidade adequada da mistura pode ser verificada ao apertar um punhado 
de terra e deixá-lo cair de 1m de altura, devendo partir-se em alguns 
pedaços. A terra deve ser peneirada e se necessário deve-se estabilizá-la 
para garantir a resistência da parede. A mistura deve ser perfeitamente 
homogênea. 
Aplicação: a taipa de pilão é um bloco monolítico auto-portante que 
serve de sistema estrutural dentro de uma construção, por sua alta 
resistência à compressão. A forma onde será apiloada a terra deve ser 
bem estruturada de maneira a deixar a parede no prumo e não causar 
deformações. Também usada como fundações e muros. 
A Taipa de Pilão foi a técnica mais utilizada para a construção de 
cidades coloniais como São Paulo: 
Isolada pela topografia da serra do Mar, São Paulo foi fundada 
pelos jesuítas em 25 de janeiro de 1554. O sítio escolhido foi uma 
estratégica colina definida pelo encontro de dois rios, o 
Tamanduateí e o Anhangabaú. Próximo dali estava o Tietê, 
estranho caminho d’água que corre para o interior. Era a porta 
necessária para a conquista do sertão. 
Das primeiras construções, todas provisórias (inclusive a igreja), 
não há registro conhecido. Eram, segundo Nestor Goulart Reis 
Filho, cobertas por folha de bananeira. Mas poucos anos depois 
foram levantadas as edificações com caráter definitivo em torno do 
templo de taipa de pilão dos jesuítas - ao que tudo indica, a 
primeira construção a utilizar esta forma de edificar na cidade, 
técnica que perduraria por mais de 250 anos. (SERAPIÃO, 
Fernando. Casa de Taipa) 
 
 
Construção tradicional com Taipa em Portugual 
 
 
Tratado de Arquitetura de Rondelet – Séc. XVIII – Casa de Terre Pisé - França 
 
 
Capela do Morumbi – São Paulo 
Taipa de mão ou pau-a-pique 
Taipa de sopapo, taipa de sebe, barro armado, pau-a-pique. É uma 
técnica de construção onde as paredes são armadas com madeira ou 
bambu e preenchidas com barro e fibra. 
Matéria-prima: entramado, trama de madeira (paus roliços ou ripas), 
bambu ou varas de palmito ou outro material, formada por varas na 
vertical e na horizontal, unidas através de cipó, sisal, tiras de couro, prego 
ou arame. Massa de preenchimento: solo local (solo ideal: 30% argila e 
70% areia), água e fibra vegetal como capim, palha, esterco (se 
necessário). 
Mistura: O solo local e água são amassados com os pés até completa 
homogeinização. Pode-se estruturar o solo com areia, capim, palha 
esterco de gado e outros. A trama é preenchida com este barro, jogado 
(sopapo) com as mãos. Após a secagem a parede deve rachar de acordo 
com a estrutura, usa-se então uma base de solo, areia (ás vezes esterco) 
para preencher as rachaduras e rebocar as paredes. 
Aplicação: a taipa de mão é usada para parede estrutural ou como 
vedação fixada em uma estrutura indenpendente.Trata-se de uma trama 
de elementos horizontais e verticais geralmente estuturadas sobre um 
baldrame (viga horizontal) e um esteio (viga vertical). Os elementos 
verticais do entramado são chamados pau-a-pique e os horizontais, tiras 
ou ripas, são de menor espessura e fixados com menor espaçamento. É 
nesta trama que a mistura é lançada (sopapada). 
 
 
Casa em Taipa de mão mostrando a ossatura antes do “barreamento” 
 
 
Arquiteta Lucia Garzon - Colômbia 
Adobe 
Técnica construtiva que consiste em se moldar o tijolo cru, em formas 
de madeira, a partir das quais o bloco de terra é seco ao sol, sem que 
haja a queima do mesmo. 
Mistura-se terra com água até se obter uma mistura plástica, capaz de 
ser moldável. Geralmente, os "adobeiros" amassam o barro com os pés 
descalços, o que permite uma massa mais homogênea. Em alguns locais, 
além da terra e água, utilizava-se fibras vegetais cortadas como 
estabilizador por armação e o estrume de gado fresco como estabilizador 
químico. Depois de amassado, o barro é colocado em uma forma de 
madeira ou metal e ao se desformar o bloco é colocado ao sol para 
secagem. 
Matéria-prima: solo local, água, estabilizante (estrume, capim, palha 
para adobe). 
Mistura: o solo ideal contém 30% de argila e 70% de areia. O adobe é 
modelado com uma mistura semi-úmida. Aplicação: Os tijolos de terra 
crua são usados em alvenarias: paredes, abóbadas, abobadilhas, cúpulas, 
entre outras. 
O Adobe foi e é utilizado em diversas partes do mundo como no Egito 
(antigo e Moderno) e no México (pelos povos pré-colombianos e até hoje 
em dia). 
 
 
Pueblos indígenas em Taos – Novo México 
 
 
Egito – Arquiteto Hassan Fathy 
 
 
 
Pottery House – Arquiteto Frank L. Wright - EUA 
Novas Tecnologias de Construção com Terra 
As técnicas tradicionais de construção com terra incorporaram alguns 
materiais industriais como o cimento, a cal, e outros produtos químicos 
que funcionam como estabilizadores, melhorando as características 
mecânicas e a impermeabilização, outros procedimentos de evolução no 
processo garantem uma maior rapidez na execução de alvenarias, assim 
como o emprego de máquinas e ferramentas elétricas. 
A seguir algumas dessas técnicas: 
Taipa de Pilão com solo-cimento ou solo-cal 
O cimento e a cal têm função específica de estabilizadores e são 
utilizados em porções muito pequenas de 5 a 10% em relação ao volume 
de terra, as formas são feitas de chapas de compensado naval e máquinas 
elétricas e pneumáticas como misturadores e pilões são utilizados para 
acelerar o processo. 
 
Arquiteto Rick Joy – Tuscon - EUA 
 
 
Alvenaria em Taipa de solo estabilizado - EUA 
 
Tijolos de solo estabilizado 
Também o cimento e a cal são utilizados como estabilizadores para a 
fabricação de tijolos em prensas manuais ou hidráulicas, a vantagem 
destes tijolos é que não houve queima em sua fabricação e sua resistência 
mecânica é igual ao tijolo cozido ainda que sua permeabilidade seja um 
pouco inferior. 
 
Construção do auditório do IPEC (Instituto de Permacultura do cerrado) - Goiás 
 
Terra ensacada ou Superadobe 
Utilizando bobinas de polipropileno para encher e compactar terra 
estabilizada ou não, pode se construir muros de contenção e até 
alvenarias. 
O solo-cimento ensacado tem uma outra aplicação, muito útil no meio 
rural: a construção de diques para controle de voçorocas. Levantados em 
determinados intervalos, esses diques permitem diminuir a velocidade das 
águas, contendo o processo de erosão. Esse tipo de obra também 
favorece a recomposição do terreno, retendo o solo que antes era 
carregado pelas águas. 
A execução dos diques assemelha-se à construção dos muros de arrimo 
de solo-cimento ensacado. Não há necessidade de fundações, mas é 
preciso nivelar e compactar a base de apoio dos sacos e escavar um 
poucos as encostas, para encaixar as extremidades das camadas 
sucessivas de sacos. Esses diques só podem ser construídos em épocas de 
estiagem. 
A cura do solo-cimento ensacado é mais simples, porque os sacos retêm 
boa parte da umidade da mistura: basta regar as pastes expostas uma 
vez ao dia, durante 7 dias. 
Terminada a obra não há necessidade de retirar os sacos. Com o tempo 
eles apodrecem e desaparecem. As superfícies podem então ser 
revestidas,com uma camada de chapisco, caso haja necessidade de 
impermeabilização.
 
 
EcoDome – CalEarth Institute – EUA 
 
 
IPEC (Instituto de permacultura do Cerrado) - Goiás 
 
 
 
 
 
Muro de contenção em São Lourenço – SP – ArchiDomus Arquitetura 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
Manual do Arquiteto Descalço - Johan Van Lengen – Instituto Tibá – 
www.tibarose.com 
Construindo para o Povo – Hassan Fathy 
Manual de construcíon em tierra – Gernot Minke 
Arquitetura Popular brasileira – Günter Weimer 
The Natural House – Daniel D. Chiras 
Bamboo - A Gift of God – Oscar Hidalgo Lopez 
Bambu Brasileiro – www.bambubrasileiro.com 
Raphael Moras de Vasconcellos – bambubrasileiro@bambubrasileiro.com 
Grow Your Own House – Marcelo Villegas - marcelovillegas@hotmail.com 
Bamboos – A fresh perspective – de F.A.McClure 
Bamboos – Christine Recht e Max F. Wetterwald 
Tropical Bamboo – Marcelo Villegas – marcelovillegas@hotmail.com 
The book of bamboo – David Farrely, Sierra Club Books / San Francisco 
Manual de Construccion con Bambu – Oscar Hidalgo Lopes 
Structural Adequacy of Traditional Bamboo Housing in Latin America - 
Jorge Gutierrez - www.inbar.int 
Building with Bamboo – Jules Janssen 
1000 Things of Bamboo – Dr. Grosser / Munique 
 
 
 
 
 
CONTATO: 
francisco.lima@archidomus.com.br 
	O uso dos materiais naturais na Arquitetura 
	Introdução
	Abordagem histórica
	Utilização Sustentável dos materiais naturais de construção
	Tecnologias de construção com Bambu
	O bambu no Mundo
	Taxonomia
	Sistema de raízes
	Tratamentos
	Construções com Bambu
	Centros de pesquisa que vêm se dedicando ao bambu
	Tecnologias de construção com Terra Crua
	Características da terra empregada em construções
	Principais Sistemas Tradicionais de Construção com Terra Crua
	Novas Tecnologias de Construção com Terra
	Bibliografia
	Contatonull

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