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Cartilha Sobre Bambu - Espaço Naturalmente - 2017

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CARTILHA SOBRE 
BAMBU 
 
 
Abordagem dos principais aspectos que envolvem o MANEJO 
ADEQUADO desta versátil planta, que acompanha a história 
da humanidade desde tempos imemoriáveis e que tem sido 
vista como “A MADEIRA DO FUTURO”, por sua alta 
produtividade e excelentes características físicas, química e 
mecânicas. 
2017 
 
 
 
 2 
Esta cartilha foi elaborada com a intenção de divulgar informações sobre as 
potencialidades do bambu, uma planta muito especial, que acompanha a 
humanidade desde os seus primórdios e que até hoje, mesmo com toda a 
tecnologia e modernidade, está sendo vista como “a madeira do futuro”. 
As informações aqui contidas são frutos de pesquisa teórica e prática, 
iniciada em meados de 2005. Começou como um hobby de final de semana, 
criando luminárias e artefatos com o bambu. Com o passar do tempo o trabalho foi 
crescendo e criou-se a necessidade de maior conhecimento sobre esta versátil 
planta, pois algumas peças foram rapidamente devoradas pelos carunchos. 
 
Quando comecei a pesquisar sobre o bambu fiquei impressionado com as 
possibilidades de utilização, grande variedade de gêneros e espécies e inúmeras 
outras particularidades desta planta. 
 
No final de 2009 iniciamos o Projeto “Espaço Naturalmente”, um local 
que serve como um laboratório, onde testamos e desenvolvemos as técnicas de 
Permacultura, como saneamento ecológico, Bioconstrução com Terra Crua e 
Bambu, fornos e fogões à lenha com combustão eficiente, jardins comestíveis e 
alimentos orgânicos de polinização aberta/sementes crioulas, artefatos de bambu 
etc. Neste local também ministramos cursos relacionados a Permacultura, Bambu e 
Bioconstrução. 
 
Nesta caminhada percebemos que através do PLANEJAMENTO 
ECOLÓGICO, utilizando das técnicas de Permacultura, que é o resgate da cultura 
tradicional somada as ciências modernas, e se utilizando de uma forte base 
“ÉTICA” (Cuidado com a Terra / Cuidado com as Pessoas / Partilha Justa 
dos Recursos Naturais) podemos criar ambientes humanos sustentáveis (casas / 
comunidades) totalmente integrados com o ambiente e ecossistema. 
Podemos utilizar recursos locais, respeitando e entendendo os ciclos 
naturais, adaptando a arquitetura ao clima local, produzindo alimentos saudáveis e 
nutritivos através das técnicas de agroecologia e agrofloresta, saneando o esgoto 
através de “Jardins Filtradores” (Saneamento Ecológico), utilizando e 
desenvolvendo tecnologias apropriadas e utilizando energias renováveis, 
reinserindo o “Ser Humano” em seu habitat natural, de forma cooperativa 
com a natureza e com as pessoas! E tudo isto através de técnicas de fácil 
entendimento e aplicação, sendo apenas necessário empenho e dedicação no 
desenvolvimento prático destas técnicas, no melhor estilo “faça você mesmo”, 
junto com amigos e familiares. 
Quando construímos algo coletivamente, estamos construindo também 
laços de amizade e alegria, pois a cooperação faz parte da essência humana e 
assim se contagia facilmente as pessoas ao redor de algo em comum e positivo 
para todos! Isto não tem nada de novo, é o resgate de uma cultura humana 
integrada com a sua Mãe Natureza! 
Carlos Eduardo da Silveira 
Bambuzeiro e Permacultor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
 
Índice 
 
1- Introdução...........................................................4 
 
2- História................................................................5 
 
3- Botânica...............................................................7 
 
4- Morfologia............................................................8 
 
5- Crescimento e Desenvolvimento dos Colmos......11 
 
6- Florescimento.....................................................12 
 
7- Cultivo................................................................12 
 
8- Manejo................................................................13 
 
9- Plantio................................................................16 
 
10- Corte.................................................................19 
 
11- Cura..................................................................22 
 
12- Tratamento.......................................................23 
 
13- Armazenagem de colmos..................................28 
 
14-Espécies e Aplicações.........................................29 
 
15-Diversos.............................................................33 
 
16-Bambu Medicinal................................................34 
 
17-Detalhes Práticos...............................................35 
 
Anexos....................................................................35 
 
 
 4 
1-Introdução 
BAMBU: um recurso sustentável e renovável 
 
●Planta perene e rústica que pode ser cultivada em solos com baixa fertilidade; 
 
●Depois que um bambuzal atinge sua idade adulta, em torno de 5 a 8 anos, 
produz colmos (troncos) anualmente; 
 
●Não precisa ser replantado (a extração de madeira é apenas uma “poda”). 
Um bambuzal bem manejado pode viver mais de 120 anos; 
 
●Brotos para alimentação, rico em proteínas, fibras e substâncias antioxidantes. 
Pode substituir a extração do Palmito Juçara, ameaçado de extinção; 
 
●Fitorremediação (utilização de plantas como agentes descontaminantes de solo e 
água) que pode ser utilizada em recuperação de áreas degradadas. O bambu 
também pode ser utilizado no tratamento de águas residuais de esgotos 
domésticos; 
 
●Ciclagem de nutrientes (grande produção de biomassa); 
 
●Grande versatilidade de aplicações e usos; 
 
●Excelentes características físicas, químicas e mecânicas. 
 
 
Frases sobre o Bambu: 
 
“Por se tratar de uma planta tropical, perene, renovável e que produz colmos 
anualmente sem a necessidade de replantio, o Bambu apresenta um grande 
potencial agrícola. Além de ser um eficiente sequestrador de carbono, apresenta 
excelentes características físicas, químicas e mecânicas. 
Pode ser utilizado em reflorestamentos, na recomposição de matas ciliares, e 
também como um protetor e regenerador ambiental, bem como pode ser 
empregado em diversas aplicações ao natural ou após sofrer um adequado 
processamento. 
Porém o Bambu ainda é pouco utilizado, quer seja pelo desconhecimento de suas 
espécies, de suas características e aplicações, quer seja devido à falta de pesquisas 
específicas e à ineficiente divulgação das informações disponíveis. 
No Brasil, o uso que se faz do Bambu, excetuando-se a produção de papel, está 
restrito a algumas aplicações tradicionais, como artesanato, vara de pescar, 
fabricação de móveis, e na produção de brotos comestíveis (PEREIRA, 2001).” 
 
“O Bambu é o recurso natural que se renova em menor intervalo de tempo, 
não havendo nenhuma outra espécie florestal que possa competir com o Bambu em 
velocidade de crescimento e de aproveitamento por área (JARAMILLO, 1992).” 
 
“O Bambu, uma planta predominantemente tropical e que cresce mais 
rapidamente do que qualquer outra planta do planeta, necessitando, em 
média, de 3 a 6 meses para que um broto atinja sua altura máxima, de até 
30 metros, para as espécies denominadas de gigantes, apresenta uma admirável 
vitalidade, grande versatilidade, leveza, resistência e facilidade em ser trabalhado 
com ferramentas simples, formidável beleza do colmo ao natural ou após ser 
processado, qualidades que lhe têm proporcionado o mais longo e variado papel 
 
 
 5 
na evolução da cultura humana, quando comparado com qualquer outro tipo de 
planta (FARRELY, 1984).” 
 
“O Bambu sempre esteve presente na cultura e na vida diária do homem 
primitivo de todos os continentes com exceção da Europa que não tem o Bambu 
na forma nativa. 
Nos tempos mais remotos o Bambu era empregado na fabricação de arcos e 
flechas, habitações, utensílios domésticos, embarcações e outros. 
Mais tarde o Bambu foi matéria prima na construção da primeira lâmpada, 
avião e bicicleta (SALGADO,1992).” 
 
 
Estudos realizados no Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade 
de Engenharia da UNESP em Bauru mostram que as espécies mais 
indicadas para o uso estrutural na construção civil são as dos gêneros 
Guadua (conhecido no Brasil como Taquaruçu), Dendrocalamus 
(denominado Bambu gigante ou Bambu balde) e Phyllostachys pubescens. 
 
 
 
2-História 
A origem do Bambu, segundo Hidalgo Lopes, remonta o final do período 
Cretáceo e início do período Terciário, por volta de 65 milhões de anos atrás. 
Sítios arqueológicos no Equador mostram que o Bambu é utilizado há cerca 
de 5000 anos na América do Sul, primeiramente pelos indígenas. O artigo do Dr. 
J.J. Parsons na Geographical Review Vol. 81: “Giant American Bamboo in the 
Vernacular Architeture os Colombia and Ecuador”, de 1991 é didático no assunto. 
Pontes, cercas, barricadas, aquedutos e até prisões já foram feitas de bambu da 
espécie Guadua Angustifolia, preferido dos colombianos e equatorianos. 
 
O Bambu foi e é utilizado das mais variadas formas possíveis, alimentação 
humana, palitos de dentes e churrasco, palhetas de saxofones, pranchas de surf, 
skate, como armadilhas para peixes e como Arma de Guerra. 
 
No Quilombo dos Palmares foram usadas Armadilhas de bambu, como 
arma de defesa, também usavam paliçadas, de forma a impedir o avanço do 
inimigo. 
 
O bambu por ser biodegradável, quando soterrado, não apresenta a 
mesma resistência que materiais como; pedra, osso, cerâmica, vidro, chifre, 
metais, dificultando sua colaboração com a Arqueologia, sendo, portanto muito raro 
achados de artefatos de bambu, dependem muito das condições do solo e do clima 
para que cheguem ate nossos dias. Atualmente alguns achados na China estão 
sendo revelados. 
 
Na lenda do Saci-Perere, ele nasce dentro do colmo do bambu, passa sete 
anos dentro do colmo, depois sai, e vive setenta e sete anos, durante o dia ele fica 
dentro do bambu e a noite sai, para fazer suas traquinagens. 
A colheita do Bambu no Japão para determinados fins, é realizada com 
muito respeito, apenas homens com mais de sessenta anos, vestidos todos de 
branco. 
 
Uma antiga lenda Chinesa diz que, um grupo de sábios fugitivos da ira de 
um Imperador se refugiou num bambuzal, só que naquela época o bambu era uma 
planta sagrada na China, acredita-se que um espírito, o elemental do bambu 
morava no interior do colmo. Esses sábios, sem ter nada para comer, passaram a 
 
 
 6 
comer os brotos do bambu, e utilizá-lo para fazer casas, móveis e todos os 
utensílios de uma casa. Com a morte do imperador que havia perseguido o grupo 
inicial de sábios e quando o novo imperador assumiu, já se falava na Cidade de 
Bambu, então o novo imperador mandou um destacamento procurar a Cidade de 
Bambu. Quando a encontraram, os habitantes mostraram para os emissários do 
imperador tudo o que haviam feito com Bambu. Então construíram um barco de 
bambu e enviaram para o imperador. Este liberou o uso do bambu para se fazer 
qualquer coisa com ele, passando a ser utilizado de forma irrestrita na China. 
 
Durante o Ciclo das Navegações, principalmente os Portugueses e 
Espanhóis, introduziram algumas espécies de bambu no Novo Mundo, 
normalmente provenientes do Oriente. 
Algumas dessas espécies se aclimataram muito bem nos países para que 
foram levadas, no Brasil a mais comum é a Bambusa Vulgaris. 
 
Para denominar esta planta, os indígenas brasileiros empregam, entre 
outras, as palavras Taboca e Taquara. 
 
No setor da construção civil, o uso do bambu é bastante difundido na Ásia 
e em outros países da América Latina, como Peru, Equador, Costa Rica e Colômbia, 
onde vários exemplos de edificações confirmam sua potencialidade. 
Vale ressaltar o trabalho dos arquitetos Oscar Hidalgo e Simon Vélez na 
Colômbia, que pela sua técnica refinada tem difundido o uso adequado do bambu 
na construção civil. 
 
O importante centro de pesquisa chinês China Bamboo Research Center – 
CBRC (2001) destacou que a partir dos anos 80 tem havido uma intensificação no 
uso do bambu em diversas áreas industriais, sobressaindo-se a produção de 
alimentos, fabricação de papel, além de aplicações em engenharia e na química. 
 
Produtos à base de bambu processado podem substituir, ou até mesmo 
evitar, o corte e o uso predatório de florestas tropicais, destacando-se, dentre 
outros, produtos como carvão ativado, palitos, chapas de aglomerados, chapas de 
fibra orientada (OSB), chapas entrelaçadas para uso em fôrmas para concreto 
(compensado de bambu), painéis, produtos à base de bambu laminado colado( tais 
como pisos, forros, lambris), esteiras, compósitos, componentes para construção e 
habitações, movelaria, dentre outros. 
 
Dos anos 2000 em diante estão começando a ocorrer algumas ações 
governamentais de apoio ao uso do bambu, como editais de projetos para o 
financiamento de pesquisa e recentemente um projeto aprovado pela Comissão de 
Agricultura e Reforma Agrária (CRA) que cria a Política Nacional de Incentivo ao 
Manejo Sustentado e ao Cultivo do Bambu. 
 
Em relação às propriedades estruturais do Bambu, Janssen (2000) 
comentou que se forem consideradas as relações de resistência / massa 
específica e rigidez / massa específica, tais valores superam as madeiras e 
o concreto, podendo ser tais relações comparáveis, inclusive ao aço. 
 
Os principais centros de pesquisa no Brasil são: PUC-Rio, se 
destacando na área de construção, estudada pela AMBENTEC, dirigida pelo 
professor Ghavami e também na área de Desing com o LILD (Laboratório de 
Investigação de Livre Design) dirigida pelo professor Ripper; IAC – Instituto 
Agronômico de Campinas, que possui o maior banco de espécies de bambu no 
Brasil, com cerca de 100 espécies; InBambu em Alagoas e a UNESP. 
 
 
 
 7 
 
3-Botânica 
Os Bambus pertencem à família Gramínea e subfamília Bambusoidea, 
algumas vezes tratados separadamente como pertencentes à família Bambusacea, 
com aproximadamente 50 gêneros e 1300 espécies, que se distribuem 
naturalmente dos trópicos às regiões temperadas, tendo, no entanto, maior 
ocorrência nas zonas quentes e com chuvas abundantes das regiões tropicais e 
subtropicais da Ásia, África e América do Sul. Os bambus nativos crescem 
naturalmente em todos os continentes, exceto na Europa, sendo que 62% 
das espécies são nativas da Ásia, 34% das Américas, e 4% da África e 
Oceania (HIDALGO LOPEZ, 2003). 
 
 
 
São encontrados em altitudes que variam de zero até 4800 metros. 
Os tons de cor são variados: preto, vermelho, azul, violeta, tendo o verde e o 
amarelo como principais. 
No Brasil, as espécies nativas são em sua grande maioria enquadradas na 
categoria de ornamentais, e estão associadas a um meio ambiente específico, como 
as florestas. A maioria das espécies de bambu que se vê plantadas são exóticas, 
originárias em sua maior parte de países orientais, de onde foram sendo trazidas e 
aqui introduzidas desde o tempo do descobrimento, exceção feita ao gênero 
Guadua, originário da América, sendo muito utilizado na Colômbia e 
Equador, e possuindo várias espécies nativas no Brasil (PEREIRA, 2001). 
De acordo com Figueira & Gonçalves (2004), o Brasil possui 34 gêneros 
e 232 espécies de Bambus nativos (174 consideradas endêmicas), sendo 
considerados 16 gêneros de bambus do tipo herbáceo (ornamental) e 18 gêneros 
do tipo lenhoso. 
Dentre os bambus lenhosos existem 6 gêneros (com 129 espécies) 
endêmicos, destacando-se os gêneros Merostachys, com 53 espécies; 
Chusquea (*bambu maciço), com 40 espécies; e Guadua, com 16 espécies. 
No Brasil ocorrem 89% de todos os gêneros e 65% de todas as espécies 
conhecidas na América. 
Conforme Azzini & Beraldo (2001), algumas espécies de bambu nativas 
no Brasil são conhecidas geralmente como: taquara, taboca, jativoca, 
taquaruçú ou taboca-açú, conforme a região de ocorrência. Essas espécies de 
bambus ocorrem, deacordo com Filgueiras & Gonçalves (2004), em ambientes de 
mata, como a Floresta Atlântica (65%), Amazônia (26%), e os Cerrados 
(9%) servindo como um tipo de cicatrização da floresta quando se processa a 
retirada indiscriminada das árvores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
 
4-Morfologia 
(*Forma e disposição das partes que compõem um vegetal.) 
Apesar de ser uma gramínea, os Bambus apresentam hábito arborecente, e 
possui parte subterrânea com rizoma e raiz e a parte aérea constituída por colmo, 
folhas e ramificações. 
 
 
 
*Partes do bambu (NMBA, 2004) 
Rizoma Paquimorfo - Entouceirante 
 
 
 9 
4.1-Rizoma 
É um caule subterrâneo dotado de nós e entrenós com folhas reduzidas a 
escamas e que se desenvolve paralelamente a superfície do solo. Não deve ser 
confundido com a raiz que é uma parte distinta da planta. 
Os rizomas se reproduzem de outros rizomas mais antigos e permanecem 
conectados entre si. Nesta interconexão, todos os indivíduos de um mesmo grupo 
são descendentes do rizoma primordial, e são, até certo ponto, interdependentes e 
solidários, pois entre eles há troca de fotoassimilados (energia). Os brotos utilizam 
as reservas de um grupo para crescerem e brotarem. 
Os bambus do centro do grupo são os mais velhos e os da periferia os mais 
jovens. 
Os Bambus podem ser divididos em seis tipos diferentes de rizomas, sendo 
três os principais: 
 
●Entouceirante (Simpodial) 
●Alastrante (Monopodial) 
●Semi-Entouceirante (anfipodial) 
 
 
 
 
*Diferentes tipos de rizomas (NMBA 2004). 
 
 
Paquimorfo, também denominado entouceirante ou Simpodial, 
apresenta os gêneros Bambusa e Dendrocalamus como principais 
representantes. A maior parte destes bambus se desenvolve melhor em climas 
tropicais, apresentando um crescimento mais lento em temperaturas baixas. Seus 
rizomas são sólidos, com raízes na sua parte inferior e se denominam paquimorfos 
por serem curtos e grossos. Os rizomas são dotados de gemas laterais que dão 
origem somente a novos rizomas. 
 
Leptomorfo, também denominado Alastrante ou Monopodial, são bem 
resistentes ao frio, tem como representante mais conhecido o gênero 
Phyllostachys . Os rizomas leptomorfos raramente são sólidos e de um modo 
geral apresentam diâmetros menores que o dos seus colmos correspondentes. Nos 
nós dos rizomas encontram-se algumas gemas que permanecem por um tempo ou 
permanentemente dormentes. Geralmente quando em estado ativo estas gemas 
brotam e produzem colmos esparsos o que permite caminhar entre eles. 
 
 
 10 
Estes bambus são extremamente invasores, demandando cuidados 
especiais ao serem cultivados. Tais cuidados referem-se à necessidade de manter a 
floresta plantada confinada em uma área previamente definida, evitando desta 
forma conflitos com vizinhos, com as áreas de reserva legal, áreas de preservação 
permanente e a competição com outras culturas na mesma propriedade. Os 
bambus leptmorfos podem ser isolados por meio de barreiras físicas como: mantas 
plásticas, estradas com trânsito regular e cursos d’água. Vale lembrar contudo que 
não é recomendado o uso dos cursos naturais de água para este fim, uma vez que 
dado a grande capacidade de estabelecimento das espécies deste grupo, a invasão 
da mata ciliar seria inevitável. Tal fato além de causar um dano ambiental seria por 
consequência uma transgressão da legislação ambiental brasileira. 
 
Anfimorfo, também denominado Semi-Entouceirante ou Anfipodial, 
possuem rizomas de hábito intermediário ao Paquimorfo e Leptomorfo. Um mesmo 
indivíduo forma várias touceiras próximas e interligadas pelo rizoma. O seu 
principal representante é o gênero Guadua, nativo das Américas. 
 
4.2-Colmo 
O colmo, originando-se de uma gema ativa do rizoma, compõe a parte 
aérea dos bambus e dá sustentação para os ramos e folhas. Como os bambus não 
apresentam crescimento radial, o colmo já surge com o seu diâmetro máximo 
na base e afunila em direção ao ápice assumindo assim a sua forma cônica. Os 
colmos são segmentados por nós e os espaços compreendidos entre dois nós são 
denominados entrenós, que são menores na base, aumentam o seu comprimento 
na parte mediana e reduzem novamente o tamanho na medida em que vão 
aproximando do ápice. 
Os bambus são plantas de rápido crescimento que expressa de forma 
visível no alongamento dos seus colmos. Na sua fase inicial de crescimento 
observam-se as maiores velocidades de crescimento do reino vegetal, com algumas 
espécies gigantes crescendo até 40 cm por dia. 
 
4.3-Raízes 
As raízes dos bambus partem dos rizomas, se lançam na projeção da copa 
numa profundidade diretamente proporcional as dimensões de cada espécie. Por 
ser uma monocotiledônea a raiz é fasciculada ,sendo portanto destituído de raiz 
principal. Além de ancorar a planta, juntamente com os rizomas, as raízes têm a 
importante função de extrair nutrientes e água do solo. 
 
4.5-Folhas e ramificações 
As folhas dos bambus respondem pela função de elaborar as substâncias 
necessárias ao rápido crescimento desta planta através do processo da 
fotossíntese. Características como: dimensão, formato da lâmina e presença de 
pelos nas folhas são informações taxonômicas de grande valia para a identificação 
das espécies. 
A grande quantidade de folhas depositadas constantemente no solo 
demonstra que esta planta tem uma notável capacidade de reposição foliar e 
produção de biomassa. 
Durante as primeiras fases do seu desenvolvimento os colmos dos bambus 
são protegidos pela folha do colmo que apresenta uma bainha com uma área 
muitas vezes superior ao da lâmina. Quando o ápice do colmo ultrapassa o dossel, 
alcançando a luz, aumenta a emissão de ramificações e o solo na projeção da 
planta fica tomado pelas folhas caulinares que vão gradativamente se 
desprendendo do colmo. Nos bambus do gênero Guadua as folhas caulinares são 
mais persistentes, podendo acompanhar o colmo por boa parte da sua existência. 
 
 
 11 
As ramificações dos bambus originam-se das gemas localizadas nos nós e 
são sempre alternas. Diferem entre as espécies, além de outras características, 
pelo número e a posição que partem do colmo assim como pela presença ou não de 
espinhos. Os espinhos, sempre presentes nos bambus do gênero Guadua, embora 
não sejam restritivos, representam uma dificuldade a mais no manejo de florestas 
comerciais de bambus. São tão agressivos que podem facilmente perfurar um 
calçado. 
 
 
 
5- Crescimento e desenvolvimento dos colmos 
 
● A fase de brotação dos bambus entouceirantes inicia-se em 
meados da primavera e permanece durante todo o verão. 
 
● A fase de brotação dos bambus alastrantes ocorre entre os 
meses de agosto a novembro. 
*Estas épocas de brotação são referentes ao hemisfério sul. 
 
Existem 3 fases de crescimento e desenvolvimento dos colmos: 
●Fase 1- Alongamento do colmo: inicia-se quando os colmos, ainda na forma de 
brotos, são tenros, apresentam entre 30 e 40 cm de altura e estão completamente 
cobertos pelas folhas caulinares. Esta fase termina quando os colmos atingem 
praticamente a altura total; 
●Fase 2- Aparecimento de brotações laterais: estas brotações laterais dão 
origem aos ramos. Nesta fase as folhas caulinares começam a se desprender do 
colmo. 
●Fase 3- Aparecimento das folhas: é caracterizada pelo aparecimento das folhas 
e estende-se até o desenvolvimento completo da copa do colmo. 
 
●O total desenvolvimento dos colmos se dá em aproximadamente: 
(desde o broto até sua altura máxima) 
 
4 meses para entouceirantes; 
2 meses para alastrantes. 
*É o vegetal que cresce mais rápido na natureza. 
 
A maturidade dos colmos acontece quando estes atingem 3 anos, 
para bambus de rizoma paquimorfo (entouceirante) e 5 anos para bambus 
de rizoma leptomorfo (alastrante). 
 
 
 12 
6- Florescimento 
Em muitas espécies de bambus o florescimento é um fenômeno raro, 
podendo acontecer em intervalosde até 120 anos. Várias espécies de bambus 
morrem ao florescer devido a energia desprendida pela planta para a formação de 
um grande número de sementes. 
Porém, nem todo bambu que floresce morre. Ximena Londoño afirma que o 
gênero Guadua costuma ter sempre um indivíduo florescendo em um dado grupo. 
 
Os bambus apresentam três tipos de florações: 
●Esporádica - ocorre apenas em algumas plantas de uma população 
sendo que ao florescer a planta ou parte dela morre. 
 
●Sincrônica - ocorre simultaneamente em todas as plantas de uma 
população. Neste caso toda a população poderá morrer. As causas deste tipo de 
floração continuam sendo um enigma para os botânicos, existindo muitas teorias 
carentes de comprovação. 
A ocorrência simultânea de florações de uma mesma espécie em diferentes 
locais do mundo é um evento ainda estudado. A teoria mais aceita é que as plantas 
de um mesmo clone (reproduzidas através de pedaços de uma mesma planta) 
podem florescer simultaneamente em locais diferentes. 
 
●Floração de “stress” – ocorre quando a planta é submetida a uma 
agressão ou uma forte adversidade ambiental. Neste caso pode ocorrer o 
florescimento em apenas alguns bambus. 
 
 
7- CULTIVO 
O estabelecimento de uma plantação de bambu demora, em média, de 
cinco a oito anos, dependendo das condições locais, quando a moita atinge as 
dimensões características da espécie, como diâmetro, espessura da parede e altura 
do colmo (KUSACK, 1999). 
Porém, uma touceira conterá sempre certa quantidade de colmos com 
variadas idades, denominados brotos (um ano), jovens (de um a três anos) e 
maduros (superior a três anos), sendo em média, formados dez novos colmos 
anualmente, em touceiras que se encontrem estabilizadas. 
Não há, ainda, uma concordância sobre a produtividade alcançada pelo 
bambu (LIESE, 1985), sendo obtidos valores anuais da ordem de 10 t/ha a 30 t/ha. 
O colmo de bambu tem sua durabilidade durante certo tempo no 
bambuzal, pois se trata de uma cultura perene, que se renova ou brota todo 
ano, com isso o colmo cresce e depois de alguns anos morre. Este tempo pode 
variar conforme o gênero. O gênero Bambusa dura em torno de 7 anos, já o 
Dendrocalamus dura de 15 a 20 anos na touceira. 
 
 
Vantagens para produção de matéria prima para fins estruturais: 
 
●Planta rústica que se adapta bem em diferentes climas e solos; 
 
●Depois que um BAMBUZAL atinge a maturidade, em torno de 8 anos, 
pode-se coletar colmos anualmente; 
 
●Com o manejo adequado, não precisa ser replantado. 
 
 
 
 
 13 
Comparação entre o cultivo de Bambu, Pinus e Eucalipto: 
 
 
8-Manejo 
As mudas de bambus recém plantadas levarão certo período até 
começarem a desenvolver colmos com o diâmetro definitivo da espécie. As plantas 
irão, ano a ano, aumentar o número de colmos por bambuzal e aumentar em 
diâmetro e altura a cada nova brotação. Isso acontece até o momento em que 
seja alcançado o diâmetro e altura máxima de cada espécie. 
Normalmente o primeiro manejo de uma plantação estabelecida de bambu 
inicia-se no quarto ano, por meio da retirada e da limpeza dos colmos que 
nasceram no primeiro ano. No quinto ano se retiram ou se colhem os colmos 
nascidos no segundo ano, e assim sucessivamente. Como regra geral deve-se 
colher anualmente somente os colmos maduros, com pelo menos três anos, e os 
colmos defeituosos ou que iriam congestionar a moita. 
O ideal é fazer uma marcação com o ano de nascimento em cada colmo, 
assim teremos maior precisão na hora de colher os colmos maduros. 
Durante a fase de formação, a plantação necessita apenas de capinas 
mecânicas ou manuais, isto quando o mato estiver crescido. Essa recomendação é 
necessária até o segundo ano, pois a partir do terceiro já não mais será preciso, 
já que o bambuzal desenvolver-se-á suficientemente abafando o mato. 
Devem ser feitas limpezas periódicas nos bambuzais, para eliminar os 
caules secos, velhos, com defeitos e quebrados e deixar as touceiras mais arejadas. 
Tal prática propicia maior recebimento dos raios solares e evita também, na hora 
da colheita, que o agricultor tenha dificuldades no corte e remoção das plantas 
melhores. 
Segundo especialistas, o mais importante é o raleamento anual da colheita, 
que consiste em retirar da touceira todos os bambus finos e fracos, que devem ser 
cortados pela base, pois assim ter-se-á uma touceira mais rala e com maior 
ventilação, constituída apenas de bambus fortes, espessos e uniformes. 
Não é recomendável ainda deixar restos vegetais amontoados nas 
touceiras, que podem prejudicar o bom desenvolvimento dos novos brotos. Mas 
nem todos os restos vegetais devem ser retirados, como é o caso das folhas que 
cobrem o solo, pois servem de adubo, fornecem sílica e impedem a evaporação da 
água do solo; dessa forma, mantém-se maior umidade e evita-se 
superaquecimento, causado pela incidência direta dos raios solares. 
 
8.1- Produtividade 
A produtividade dos bambuzais varia em função dos seguintes fatores: 
características naturais da espécie, disponibilidade de água e nutrientes, qualidade 
do manejo realizado e condições climáticas. 
Em estudo sobre o desenvolvimento de touceiras de bambu gigante 
(Dendrolamus sp) no campus de Bauru, da UNESP, com manejo anual, verificou-se 
 
 
 14 
a produção anual média de 8 colmos por touceira, ou 1640 colmos por hectare com 
espaçamento entre mudas de 7x7m. (Pereira, Beraldo, 2007). 
Já os bambus alastrantes varia de ano para ano, ocorrendo alternância 
entre ano mais produtivo e ano menos produtivo (Austin et al., 1977). Um 
bambuzal da espécie Phyllostachys bambusoides, desenvolvendo-se em clima 
temperado, produz entre 1000 e 3700 colmos hectare ano, enquanto a espécie 
Phyllostachys pubescens (mossô), em clima temperado, varia de 500 a 1500 
colmos hectare/ano (Austin et al., 1977). 
Sem a realização do manejo anual, o cultivo regride e perde 
vertiginosamente a produtividade ideal característica de cada espécie. 
 
8.2-Tipos de manejo específicos: 
 
Quando são bambuzais que já existiam, e que nunca foram manejados, 
ou apenas cortados esporadicamente, temos que analisar alguns fatores: 
-As posições e crescimento de fibras ao longo dos colmos, como a 
tortuosidade e redução de tamanho (encolhimento, muitas vezes causado pela 
super população de bambuzal não manejado); 
-Adensamento da touceira, verificar se existem colmos de boa qualidade, 
mas sem disponibilidade de corte; 
-A produção real, o que pode ser realmente utilizado; 
 
 
 
Cálculo para verificação do bom desenvolvimento do bambuzal 
Para saber se realmente o colmo está atingindo uma boa qualidade e se o 
bambuzal está tendo um bom desempenho, recomenda-se o seguinte cálculo: 
Diâmetro do pé do colmo X X 60 
Resultado maior que o colmo, bambuzal de má qualidade; 
Resultado menor que o colmo, bambuzal de boa qualidade. 
*Cálculo proposto por Ueda (China) 
 
●Raleamento 
Retirada dos colmos podres e finos, varas quebradas e excesso de galhos. 
Colher 50% dos maduros, deixando o restante dos colmos maduros em 
diferentes setores da touceira. 
Fazer caminhos para acessar o centro da touceira, onde estão os bambus 
mais antigos. 
Manejo indicado para touceiras com bambus fortes, retilíneos e não muito 
adensados. 
 
●Corte total 
Cortar todos os colmos da touceira. Corte na altura de 30 cm, um pouco 
depois do período de chuvas. 
Manejo indicado para touceiras adensadas (populosa), com muitos colmos 
podres, fracos e finos, com pouca brotação e irregular. 
Após aproximadamente 4 anos começa a emitir novamente os colmos no 
diâmetro da espécie. 
Pode matar a touceira. 
Fazer uma única vez na planta. 
 
●Corte parcial 
Dividir a touceira em seis setores. Retirar todos os colmos de um setor por 
ano. Após seis anos a touceira estará renovada. 
Indicado para touceiras com muitos bambus maduros e de boa qualidade. 
 
 
 15 
8.3-Manejopara obtenção de brotos comestíveis 
O manejo da plantação para fornecimento de brotos é um pouco diferente 
do manejo para obtenção de colmos estruturais. Enquanto que nesse último caso 
deseja-se a maior quantidade de colmos possíveis em uma touceira (normalmente 
de 40 a 50 colmos, entre brotos, jovens e adultos), para a produção de brotos a 
touceira não deve apresentar mais do que dez colmos. O manejo consiste 
basicamente em cortar o broto com 30 a 40 cm, assim que ele interrompe seu 
crescimento inicial, que pode durar de 10 a 15 dias. Depois desta fase o broto irá 
crescer e se tornar muito fibroso, tornando-se, portanto, inadequado para o 
consumo humano. Assim que um broto é colhido, é ativada uma nova gema 
presente no rizoma (para as espécies entouceirantes) e produz-se um novo broto, 
que, ao ser colhido, vai estimular uma nova gema e um novo broto, podendo tal 
fato repetir-se durante dois a três meses. Para alcançar grande produtividade a 
touceira necessita de adubação mais frequente para este tipo de manejo, sendo 
indicado adubar mensalmente as touceiras durante o período de colheita. 
Também se deve deixar que anualmente dois a três brotos se transformem 
em colmos maduros, os quais serão as mães para os brotos do ano seguinte. 
A maioria das espécies de bambu fornece brotos comestíveis, ricos em 
proteínas, fibras e substâncias antioxidantes, os quais muito se assemelham 
em ao palmito jussara (Euterpe edulis). O broto de bambu apresenta uma textura 
suave e um tanto crocante, sendo muito utilizado nas culinárias chinesa e japonesa. 
Algumas espécies, como o Dendrocalamus giganteus, Dendrocalamus asper, 
Dendrocalamus latiflorus, Bambusa oldhami e Phyllostachys pubecens, são 
muito apreciados na produção de brotos. 
Na prática, o broto de qualquer espécie de bambu é comestível, pois o que 
varia é a quantidade de ácido cianídrico presente, e que vai ser responsável pela 
qualidade do sabor. As espécies Guadua angustifólia e Bambusa vulgaris não 
são muito apreciadas, pois produzem brotos muito amargos. 
Portanto, antes de utilizar um broto de bambu na alimentação humana, 
deve-se fazer uma fervura de pelo menos trinta minutos, acrescentando uma 
porção de bicarbonato de sódio ou de fermento branco, o que normalmente é 
suficiente para eliminar o ácido cianídrico e, consequentemente o sabor amargo do 
broto. Para as espécies com maior concentração de ácido cianídrico sugere-se fazer 
duas ou mais fervuras, trocando a água a cada fervura. 
 
 
*Foto da esquerda: gemas ativas no rizoma (Dendrocalamus asper / 
entouceirante), que dão origem a novos brotos de bambu. 
*Foto da direita: brotos iniciando o crescimento. 
 
 
 16 
 
*Brotos de Phylostachys (Bambu alastrante). 
 
 
9-Plantio 
 
●Propriedades físicas do solo: as características físicas tais como declividade do 
terre, textura do solo, densidade, capacidade de retenção de umidade e 
temperatura constituem importantes fatores para o bom desenvolvimento dos 
bambus. (kleinhenz; Midmore, 2001). 
Os alastrantes em seu ambiente natural predominam em regiões 
montanhosas, principalmente nas encostas. Os entouceirantes, por sua vez, nas 
áreas de ocorrência natural, são mais comumente encontrados em regiões 
planas, onde se adaptam melhor (Fu; Banik, 1995). 
Solos ricos em pequenas partículas, como os argilosos, são pouco 
apropriados para o cultivo de bambu. A alta densidade do solo limita o bom 
desenvolvimento dos rizomas e raízes. 
Por outro lado solos ricos em partículas grandes, como os arenosos, 
também não são ideais para o crescimento dos bambus, pois apresentam baixa 
capacidade de retenção de umidade. Entretanto, a incorporação de matéria 
orgânica aos solos extremamente arenosos pode melhorar a capacidade de 
retenção de água e, consequentemente colaborar para da produtividade destes 
solos. 
As condições ideais, quanto às propriedades físicas do solo para o 
desenvolvimento de bambuzais são: abundância de matéria orgânica, boa 
drenagem e alta umidade. Vale ressaltar que quando se fala em alta umidade, 
estamos nos referindo a solos com boa capacidade de retenção de água e não 
a solos encharcados, como os de regiões de brejo e banhados. 
 
●Propriedades químicas do solo: além da disponibilidade de nutrientes, a 
salinidade e o grau de acidez são fatores de grande relevância para o cultivo de 
bambus. 
A maioria das espécies de bambu é intolerante a condições de alta 
salinidade dos solos. 
Com relação ao grau de acidez do solo, os bambus em geral desenvolvem-
se, preferencialmente, em solos com pH entre 5,0 e 6,5 ou até 7,0 para 
proporcionar melhor assimilação de Fósforo pelo bambuzal. 
 
 
 
 17 
●Condições climáticas: os bambus alastrantes, em geral, se desenvolvem melhor 
em regiões de clima temperado, onde as estações do ano são bem definidas. 
Os bambus entouceirantes preferem as regiões tropicais. 
Porém, é possível encontrar bambus alastrantes e entouceirantes 
desenvolvendo-se relativamente bem em condições diferentes das descritas acima. 
Os bambus entouceirantes tem pouca resistência a geadas, principalmente 
quando se trata de uma planta jovem. 
De um modo geral os bambus se desenvolvem bem em regiões com 
precipitações oscilando entre 1.800mm e 2.500mm anuais e umidade relativa entre 
75% - 85% (Pereira e Beraldo, 2007). 
Os bambus lenhosos em geral se desenvolvem bem em condições de semi 
sombreamento, mas atingem o desenvolvimento ótimo em condições de insolação 
total. 
 
●Exigências nutricionais: antes de iniciar a fertilização, é importante que seja 
realizada uma análise de solo para a verificação da fertilidade e principalmente do 
grau de acidez do mesmo. 
Espécies de bambu, em geral, necessitam dos macronutrientes, em 
quantidade, na seguinte ordem decrescente: K (potássio) > N (nitrogênio) > Ca 
(cálcio) > Mg (magnésio) > P (fósforo) > S (enxofre). 
Com relação aos micronutrientes a relação é a seguinte: Fe (ferro) > 
Zn (zinco) > Mn (manganês) > B (boro) > Cu (cobre). 
Além dos minerais citados, os bambus necessitam de grandes aportes de 
Silício (Si), na forma de silicatos, para o seu desenvolvimento. 
O Potásio (K) é o nutriente mais exigido pelos bambuzais em todas as 
fases de desenvolvimento. Esse mineral é responsável pela formação dos açúcares 
nas folhas e o seu transporte para os colmos. Bambuzais bem providos de K são 
mais resistentes às secas, ao frio e às pragas. 
Já o Nitrogênio (N) é consumido em maiores quantidades pela planta nos 
estágios iniciais de desenvolvimento. 
O Cálcio (Ca), nos bambuzais, é responsável pelo cumprimento de 
importantes funções fisiológicas, além de facilitar a assimilação de todos os demais 
nutrientes. 
 
●Manutenção: devemos ter em mente que um solo saudável resulta em plantas 
saudáveis e em menos trabalho. Por isso recomenda-se a adoção de medidas que 
visem preservar a qualidade e as propriedades do solo. Nesse sentido 
recomendamos a incorporação de composto orgânico e mulch, pelo menos duas 
vezes ao ano. Jamais se deve manter o solo descoberto, pois solos sem cobertura 
vegetal são mais susceptíveis a compactação, à erosão e à lixiviação dos 
nutrientes. 
A adubação de manutenção, a cada ano, deverá suprir a planta, 
principalmente de K e N. 
 
9.1-Preparo da cova e plantio 
Abrir um buraco no solo com aproximadamente 50cm de diâmetro por 
50cm de profundidade, em seguida coloca-se no fundo do buraco uma camada de 
aproximadamente 20cm de esterco de curral curtido e revigorado com 300g de 
calcário dolomítico, visando o fornecimento de Cálcio e Magnésio e eventuais 
correções de acidez do solo. 
Depois desta etapa coloca-se o torrão da muda na cova, completando o 
restante do volume com terra preta e com a primeira camada de 20 cm de solo que 
foi retirada para a abertura do buraco. Deve-se atentar para deixar a muda 
levemente abaixo do nível do solo, formando uma suave depressão, de modoque a 
água de chuvas e regas possa se acumular no pé da muda. Por fim o solo deve ser 
 
 
 18 
coberto com mulch (cobertura vegetal seca), para diminuir a perda de umidade do 
solo e proteção contra a lixiviação. 
Os maiores cuidados nesta fase são com as regas, que devem ser 
frequentes, e com o ataque de formigas saúvas, principalmente com mudas jovens. 
Também deverá ser feito capinas periódicas, nos primeiros anos, evitando que a 
muda fique sufocada. O gado gosta de comer as folhas de bambu e pode se tornar 
um problema no início do plantio, quando as mudas ainda são pequenas. 
 
9.2-Espaçamento 
Para espécies gigantes, geralmente se utiliza o espaçamento de 7x5 
metros, com ruas largas para manuseio e transporte dos colmos de forma prática 
e eficiente. As espécies alastrantes podem ser plantadas em 3x3 metros, de 
forma a deixar também ruas largas para manuseio e transporte, o que facilitará o 
controle de invasão, que poderá ser manual, com a retirada de novas brotações e 
rizomas ou então fazendo valetas que limitarão o seu sistema radicular. 
 
9.3-Produção de mudas 
A forma mais utilizada para fazer mudas de bambu é a propagação 
vegetativa. 
Pode ser realizada por separação de colmos, rizomas ou galhos. 
 
Separação de rizomas 
Deve-se escolher rizomas de um ano de idade no máximo. 
Para rizomas paquimorfos (entouceirante) corta-se no pescoço, onde se 
liga ao rizoma antigo, e acima do primeiro nó do seu jovem colmo. Depois planta-
se vertical, com o colmo para fora, ou horizontalmente, com o rizoma a poucos 
centímetros abaixo da terra. 
 
 
 
Para rizomas leptomorfos (alastrante) sem colmos deve-se cortar um 
segmento com pelo menos três nós com gemas não usadas. Planta-se 
horizontalmente, abaixo da terra. No caso de rizomas leptomorfos com colmos 
deve-se cortar um segmento com algumas gemas e acima do primeiro nó do 
colmo. Depois planta-se o rizoma horizontalmente abaixo da terra, com o colmo 
para fora. 
 
Separação de colmos 
Funciona muito bem com gêneros tropicais como Bambusa e 
Dendrocalamus. O colmo deve ter até um ano de idade. Deve-se deixar os 
galhos principais que saem das gemas dos nós do colmo, mas cortados acima dos 
seus primeiros nós. 
Pode-se usar um nó simples, ou seja, cortar antes e depois de um nó, 
enterrando horizontalmente, com o galho apontando para cima. 
 
 
 19 
Pode-se também usar um nó duplo, ou seja, cortando antes de um nó e 
depois do nó seguinte. Ainda pode-se fazer um furo, encher parcialmente a parte 
interna do entrenó de água, e tapar com alguma bucha (algodão, pano). Depois 
enterra-se com algum galho orientado para cima. Este método é mais seguro de 
funcionar do que o simples. 
 
 
 
 
Galho lateral 
Indicado para bambus entouceirantes. 
Corta-se o galho na base, onde se liga ao colmo. Deixa-se o galho com 3 
nós, cortando acima do terceiro nó. Enterra até a metade, em vaso ou sacos para 
mudas. Tem um índice de 50% de “pega”. 
Depois de 6 meses pode ser plantado no local definitivo. 
*Mistura da terra para o saco de muda: 
50% de areia + 25% de esterco curtido + 25% de argila. 
 
 
 
10-Corte 
A moita ou bosque necessita ser podada todos os anos. Assim haverá 
mais luz para a fotossíntese e mais nutrientes para os colmos restantes. 
 
●Todos os colmos secos e podres devem ser retirados. 
●O ponto de corte deve ser logo acima do primeiro nó aparente, 
rente ao solo. 
 
O corte deve ser bem acima do nó, evitando deixar um “copo”. A água 
da chuva contida nestes “copos” apodrece o rizoma abaixo da terra e prejudica a 
formação de novos brotos no bambuzal. 
Usa-se uma serra de poda ou “dente de tubarão” para o manejo adequado. 
Evitamos usar facões para este tipo de corte, visto que este procedimento poderá 
trincar o bambu, favorecendo o apodrecimento do rizoma na touceira ou bosque. 
Como visto anteriormente, a maturidade dos colmos acontece 
quando estes atingem 3 anos, para bambus de rizoma paquimorfo 
(entouceirante) e 5 anos para bambus de rizoma leptomorfo (alastrante). 
 
 
 
 20 
 
*Detalhe do ponto de corte, acima do nó, sem formar copo. Evitando assim 
que acumule água e apodreça o rizoma, prejudicando novas brotações 
 
 
10.1- Identificação da idade dos colmos de bambu: 
 
●Colmos maduros apresentam fungos e liquens, tendo aspecto de “sujo”. 
 
●Colmos jovens são “limpos” e muitas vezes ainda apresentam um pó 
esbranquiçado próximo dos nós, proveniente da folha caulinar, que após alguns 
meses de vida do colmo, se desprende do mesmo. 
 
 
 Colmo com fungos e liquens Colmo recoberto pela folha caulinar 
 
 
 21 
 
 
10.2- A colheita de colmos de Bambu deve 
respeitar a fisiologia da planta 
Devemos evitar colher no período em que a planta está emitindo os 
brotos e os momentos que antecedem esta fase. Nesta hora os colmos maduros 
estão carregados de carboidratos presentes na seiva, já que durante esta fase 
os colmos realizam a função de transloucar boa parte da seiva, que é produzida na 
fotossíntese, via rizomas aos brotos, como suprimento energético para seu 
crescimento. Esse processo de translocação de seiva se prolonga até o momento 
em que os novos colmos completam o desenvolvimento das estruturas foliares. 
Quando os últimos colmos gerados já apresentam superfície foliar 
suficiente para realizar a fotossíntese é que os colmos maduros podem ser 
removidos, sem prejudicar o crescimento dos colmos jovens e para a obtenção de 
colmos com menor quantidade de amido, o alimento de fungos e insetos. 
 
●Entouceirantes (paquimorfos): 
 colheita entre julho, agosto e setembro. 
 
●Alastrantes (leptomorfos): 
colheita entre os meses de dezembro a maio. 
*Referente às regiões Sul e Sudeste do Brasil 
 
Estando na época certa do ano deve-se escolher a fase adequada da lua, 
esta sendo a lua minguante. 
Outra atenção especial a ser tomada é a idade do bambu. Para fins de 
tecelagem ou cestaria usam-se os bambus jovens e imaturos, pela sua 
flexibilidade. Para fins de construção deve-se usar os bambus maduros, mas 
não podres, com cerca de 3 a 6 anos, quando atingiram sua resistência ideal. 
 
Para evitar que o bambu “trinque”, devemos furar os diafragmas 
(membrana que divide os entrenós internamente) logo após o corte. Pode ser feito 
com barra de ferro ou outro bambu menor. 
 
 
 
 22 
11- Cura 
O processo de cura consiste na secagem e diminuição da seiva, que é alimento 
dos insetos que atacam o bambu. 
*Não confundir com tratamento. 
Em diversos materiais sobre bambu os processos de cura são 
erroneamente confundidos com tratamentos, podendo causar danos ou acidentes, 
pois estes bambus “curados” ainda tem grande possibilidade de pegarem caruncho 
ou o tigre do bambu, que são os insetos que se alimentam das paredes internas 
dos colmos de bambu. 
Outro problema que encontramos na produção e comercialização de colmos 
de bambus no Brasil é que alguns produtores que comercializam varas do gênero 
Phyllostachys (Cana da Índia / Mirim / Mossô), costumam utilizar o método de 
fervura das varas em água ou no vapor, e vendem estes mesmos bambus como 
“tratados”, porém estes mesmos colmos não estão imunizados corretamente. 
 
 
●Cura na mata: cortar o colmo de bambu e deixar no próprio bambuzal, 
escorado, por 30 dias, ainda com as folhas. Durante este tempo o bambu irá 
transpirar boa parte de sua seiva através das folhas. Também fica mais fácil de 
retirar os colmos do bambuzal, visto que estes ficarão mais leves (com menos 
umidade). Não é 100% eficiente. 
 
●Imersão em água: As varas de bambu devem ficar totalmente 
imersas em água por quatro semanas – o bambu é rico em amido e açúcar que 
serão eliminados em grande parte (mas não totalmente) com esse banho – após, 
devem ser armazenadas na posição vertical, em ambiente livre de umidade e sem 
incidência direta dos raios de sol nas varas, para uma secagem lentae natural. 
O amido irá degradar-se através de fermentação anaeróbica. 
Outro modo muito utilizado para “cura” é ferver o bambu em água. 
Aconselham-se períodos de 15 a 60 minutos para cada grupo. Porém, as varas 
curadas com este método ficam mais suscetíveis a trincar. Utilizado para bambus 
de rizoma alastrante (Phyllostachys) 
 
●Cura pela ação do fogo: consiste em submeter os colmos ao 
aquecimento em fogo direto, para eliminar a seiva por exsudação. Com o 
aquecimento procura-se alterar (degradar) quimicamente o amido, tornando-o 
menos atrativo ao caruncho. 
Essa cura é utilizada para colmos de bambu pertencentes ao gênero 
Phyllostachys. Durante a cura com fogo ocorre o derretimento de uma cera 
natural presente nas camadas periféricas do colmo. Geralmente essa cera é 
retirada, ainda quente, com a fricção de um pano. Nestes bambus, obtém-se com 
este processo, uma coloração parda brilhante, conferindo excelente aspecto 
estético ao colmo. 
No entanto, espécies de bambus entouceirantes, não adquirem tal 
coloração e nem tal brilho característico. 
Com maçarico 
Deve-se começar a secagem a partir da base da vara, indo em direção a 
parte superior. Técnica conhecida como “Penteamento de Fibras”, por alinhar as 
fibras do bambu. 
Utiliza-se fogo baixo, sempre girando o bambu para que seque de forma 
uniforme. 
Antes de iniciar o processo com fogo, devemos perfurar os diafragmas 
(parede interna dos nós), com um pedaço de ferro, por exemplo, evitando riscos de 
um entrenó “estourar” com a pressão que fica ao ser aquecido. 
 
Esta cura é indicada para os bambus alastrantes (leptomorfos). 
 
 
 23 
 
*É comum este processo de cura com maçarico (fogo), ou a fervura em 
água, ser chamado de “tratamento”, porém, vale ressaltar que não é tratamento, 
sendo este outro processo (ver item 12). Em nossa experiência prática com o uso 
do bambu constatamos que uma porcentagem em torno de 5 a 10% das varas 
curadas com fogo são atacadas por Brocas e/ou Tigres do Bambu, que são os 
insetos que devoram os bambus. 
 
 
Processo de cura com maçarico. 
Podemos fazer uns detalhes mais escuros no bambu, utilizando o fogo. 
 
 
12-Tratamento 
O bambu possui teor de amido relativamente elevado em sua 
constituição, por isso ele é bastante susceptível ao ataque de pragas. Para se obter 
maior resistência e durabilidade, principalmente quando destinado à construção, 
é muito importante que algumas providências sejam tomadas no sentido de 
otimizar o aproveitamento desse material. 
 
Existe muita informação divergente sobre este assunto! 
 
O bambu absorve água e não absorve óleo, deste modo devemos utilizar 
uma substância que seja inseticida e/ou fungicida solúvel em água, para um 
tratamento eficiente do bambu. 
 
Alguns métodos como o uso do fogo, imersão em água ou defumação são 
processos ineficientes e não se caracterizam como tratamento. 
 
O tratamento consiste em colocar uma 
substância imunizante (inseticida e/ou fungicida) 
dentro das fibras do bambu. 
 
 
 
 24 
Para este processo existem alguns métodos, como substituição de seiva, 
imersão em solução preservativa, boucherie (por pressão) etc. 
 
 
Detalhe importante: 
Os bambus têm o crescimento diferente das árvores. Enquanto as árvores 
crescem finas e vão engrossando seu caule com o tempo, os bambus já nascem 
grossos, na grossura que serão a vida inteira. Com o tempo eles engrossam a 
parede interna, ou seja, a parte mais mole do tronco do bambu é a parede 
interna, onde os bichos costumam atacar (Broca e Tigre do Bambu). 
Deste modo não adianta passar veneno ou defumar por fora, pois o ponto 
crítico do bambu são as paredes internas. 
 
 
12.1-Tratamento artesanal e natural 
 
 Solução preservativa: Tanino 
Tratamento natural contra fungos e insetos. 
Os taninos são componentes polifenólicos distribuídos em plantas, 
alimentos e bebidas (MAKKAR; BECKER, 1998, SANTOS et al. 1997). De acordo 
com Zucker (1983), os taninos encontram-se distribuídos em plantas superiores, 
ocorrendo em aproximadamente 30% das famílias. Eles são solúveis em água e 
solventes orgânicos polares, sendo capazes de precipitar proteínas (HARTICH; 
KOLODZIEJ, 1997). 
Pode-se extrair o Tanino de forma alternativa através da fervura da casca 
da árvore, ou através de fornecimento de empresas que tem o processo 
industrializado de extração, sendo fornecido em liquido concentrado ou em pó para 
diluição. 
Utilizado em larga escala no curtimento do couro. 
 
ÁRVORES EM QUE A CASCA PODE SER APROVEITADA PARA 
A EXTRAÇÃO DO TANINO: 
1. ACÁCIA NEGRA E ACÁCIA MIMOSA; 
2. IMBAÚBA-VERMELHA, EMBAÚBA, EMBAÚVA; 
3. GRÁPIA, GRAPINHAPUNHA, GARAPA; 
4. SUCARÁ, AÇUCARÁ, CORONDA, CORONILHA; 
5. BRACATINGA, ABRACATINGA, YBIRÁ-CAÁ-TINGA; 
6. CABREÚVA, CABRIÚVA, ÓLEO-PARDO, CABURE; 
7. ANGICO, ANGICO-VERMELHO, GURUCAIA, PARICÁ, ANGICO-CAÁ; 
8. AMENDOIM, CANAFÍSTULA, GUARACAIA, IBIRÁ-PUITÁ; 
9. PAU-JACARÉ; 
10. JACATIRÃO, JACATIRÃO-AÇU, CARVALHO-VERMELHO, NHACATIRÃO; 
11. CATIGUÁ, CARRAPETA, QUEBRA-MACHADO, CAÁ-TING-NÁ; 
12. CAPOROROCA, CAPOROROCA-VERMELHA, CAPOROROCÃO; 
13. ARAÇÁ,ARAÇAZEIRO,ARAÇA-DA-PRAIA,ARAÇA-AMARELO 
14. CAMBOATÁ-VERMELHO, CUVUTÃ, ARCO-DE-PENEIRA; 
15. AÇOITA-CAVALO, IVATINGI, IVATINGUI. 
*Lista disponibilizada por Luciano Tizziani em “Tratamento preservativo 
ecológico de bambus”. 
 
Outras árvores que apresentam elevado teor de taninos totais são a 
Goiabeira (Psidium guajava: 13 a 17%) e o Araça Pitanga (Psidium runn: 20%). 
A Erva Cidreira de arbusto (Lippia alba) possui 20% de taninos totais e 
apresenta um grande potencial para a extração de tanino, por se tratar de um 
arbusto e ter rápido crescimento, se comparado às árvores, visto que a coleta da 
casca de uma árvore, em grande quantidade, acaba por matar a mesma. 
 
 
 25 
Devemos plantar a espécie que pretendemos utilizar para extrair o tanino e utilizá-
lo no tratamento de bambu, em média ou larga escala. 
Em pequena escala poderá ser feito uma poda na árvore escolhida e 
utilizar galhos e folhas para a produção do chá de tanino. 
Este método utilizando o tanino ainda tem poucos dados 
publicados. 
 
●Devemos fazer testes práticos para atestar 
a viabilidade deste tratamento. 
 
Guilhermo Gayo, dirigente do Takuara Rendá no Paraguai, centro de 
estudos sobre o bambu (www.takuararenda.org) aprendeu essa técnica com os 
índios do Paraguai. Para produzir o tanino utiliza as cascas e folhas de aroeira 
pimenteira e cozinha-se com água. 
O tanino inibe o ataque às plantas por herbívoros vertebrados ou 
invertebrados, como o caruncho (diminuição da palatabilidade, dificuldades na 
digestão, produção de compostos tóxicos a partir da hidrólise dos taninos) e 
também por micro-organismos patogênicos tais como os fungos (Wikipédia). 
 
Colocar o “chá” de tanino em um balde, extrair a vara do bambuzal, 
colocando a base dentro de um balde com tanino e deixar o bambu apoiado no 
bambuzal por 30 dias. Neste tempo o bambu vai puxar o tanino para os colmos. O 
tanino sobe aproximadamente 5 metros no colmo. Semelhante ao processo de 
“cura na mata”. 
 
 
*Processo de tratamento com Tanino 
 
 
 
12.2-Tratamento Químico 
Solução preservativa indicada (baixa toxidade): 
Bórax (sal) 
*Esta é a substância mais utilizada para tratamento, mundialmente, 
entre os profissionais deste ramo. 
 
 
 26 
 
 
Receita utilizada por Jörg Stamm 
 
●2,5 kg de Bórax 
●2,5 kg de Ácido Bórico 
●100l de água; 
*5% de solução preservativa. 
 
*Dissolver o bórax e o ácido bórico em recipiente com uns 10 litros de água, 
dissolvendo lentamente e em recipiente separados. De um dia para o outro vai 
mexendo algumas vezes até o “sal” sumir na água. 
Depois de dissolvido se adiciona no restante da água, onde se formará o 
pentaborato. 
Pode-se aquecer a água a 80° para ajudar a dissolver o bórax e ácido bórico, 
porém se chegar a 100° o bórax volatizae se perde. 
 
 
 
*Não recomenda-se utilizar os produtos CCB (boro+sulfato cobre + 
dicromato) e 
CCA (cromo + boro + arsênio) para tratamento de bambus ou madeiras. 
O dicromato e o arsênio são altamente tóxicos! 
 
Bórax: 
O bórax é um sal natural (pó branco inodoro), não é inflamável, não combustível, 
não explosivo e tem baixa toxicidade oral e dermatológica. 
-Efeitos do produto: O produto em grande quantidade se inalado pode ser 
prejudicial às vias respiratórias. 
A exposição do produto a pele não é preocupante, pois o produto não é absorvido 
pela pele. 
-Efeitos ambientais: O produto em grandes quantidades pode ser perigoso para as 
plantas e outras espécies, deve-se reduzir a descarga no meio ambiente. 
-Também é utilizado como micronutriente de adubação orgânica, porém bem 
diluído (100l água para 1l de solução). 
 
 
 
12.3- Formas de utilização das soluções preservativas 
 
●Por capilaridade (ou substituição de seiva) 
Logo após o corte do colmo (ou no máximo 12 horas após), imergir a parte 
basal (base do colmo) em solução preservativa. 
Utilizado em peças de 2,5m até 3m de comprimento. 
Pode-se utilizar um tonel de 200l com solução preservativa. 
Utiliza-se apenas 100l de solução neste tonel de 200l, para ter espaço para 
a colocação dos colmos sem que transborde a solução do tonel. 
Deixar por 7 dias no tonel, após virar as varas (parte basal para cima) e 
deixar por mais 7 dias. 
Logo após a extração do colmo este ainda continua vivo (até 12h após) e 
continua “puxando a seiva” e ao ser colocado no tonel com a solução preservativa 
esta entra nas fibras substituindo a seiva, que evapora pelo topo cortado do 
bambu. Após deixar secar por 2 ou 3 meses. 
 
 
 
 27 
 
Método de substituição de seiva. 
 
●Boucherie 
Consiste em aplicar o produto por pressão. Na parte basal do colmo é 
conectada uma bolsa, de forma a ficar bem aderida, ligada a um tubo por onde a 
substância preservativa será transportada, do tambor onde está armazenada para o 
colmo. Ao passo que a pressão é dada, a substância penetrará pelos vasos 
condutores do colmo até sair em sua outra extremidade. 
A fonte de pressão pode ser por força gravitacional ou por um compressor 
de ar. 
Deve ser aplicado aos colmos de bambu recém cortados, e sem perfuração 
dos diafragmas do colmo. 
 
 
*Imagem do Livro “Manual de Construccion con Bambu” 
 
●Por imerção em solução preservativa 
Os colmos são totalmente imersos horizontalmente em tanque com 
solução preservativa por um período de 4 dias. O tanque pode ser de alvenaria, ou 
tonéis de metal cortados pela metade e soldados. 
Usam-se os colmos ainda verdes (com seiva), com os diafragmas 
perfurados. 
 
 
 
 28 
Neste caso o processo de migração do bórax para dentro das fibras do 
bambu se dá por osmose, por isso é importante que as células estejam “vivas”, 
absorvendo assim a solução preservativa. Pode ser feito até 2 meses após a 
colheita. 
 
*Depois que o bambu está seco, o processo de osmose fica comprometido, 
e as paredes do bambu absorvem a água, porém não penetra o sal preservativo na 
célula. 
 
 
*Imagem retirada do livro “Manual do Arquiteto Descalço”. 
*Esquema utilizando tonéis abertos e soldados. 
Este modelo pode ser utilizado tanto para imersão como fervura de bambus. 
 
●Método do “copão”: 
 Furam-se todos os diafragmas do bambu menos o último (na parte superior 
da vara); 
 Coloca-se o colmo de bambu na vertical ou na diagonal (dependendo do 
comprimento) e preenche o interior do colmo com a solução preservativa 
(enchendo como se fosse um “copo”); 
 Podemos deixar as varas já cortadas no tamanho que iremos utilizar; 
 Neste caso o processo de penetração da solução preservativa nas fibras dos 
bambus se dá por osmose, por isso é importante que as células estejam “vivas”, 
absorvendo assim a solução preservativa. Ou seja, deverá ser realizado antes da 
vara secar completamente. 
 O colmo fica com a solução preservativa em seu interior por 4 dias. Ao fim 
rompemos o último diafragma e deixamos escorrer a solução para dentro de um 
reservatório. 
OBS: Neste caso o colmo não poderá apresentar rachaduras ou furos. 
 
 
 
13- Armazenagem de colmos 
Para armazenar colmos de bambus devemos ter alguns cuidados. 
Após a colheita devemos colocá-los em local abrigado da umidade do solo 
e da chuva, incidência direta de raios solares nos colmos e boa ventilação. 
 
*É indicado deixar os bambus que ainda contém umidade em pé, na 
posição vertical, até a perda total ou quase total da umidade (mudança na 
tonalidade de cor), facilitando assim a saída da seiva e dos líquidos de seu interior 
e diminuindo a incidência de trincas nos colmos. 
 
A forma mais utilizada para armazenamento dos colmos secos é em 
prateleiras horizontais. 
 
 
 
 29 
 
*Galpão de beneficiamento no Instituto Pindorama – Nova Friburgo-RJ. 
 
 
 
14- Espécies e Aplicações 
 
 
●Bambusa textilis 
Espécie de bambu entouceirante, de médio porte, com colmos retos e lisos. 
-Altura dos colmos: até 15m; 
-Diâmetro dos colmos: 3 a 5cm; 
-Espessura da parede: fina; 
-Clima e solo: Sub-Tropical, solos médios a ricos; 
-Temperatura mínima: -15°C; 
-Distribuição natural: China; 
-Usos mais comuns: artesanatos e utensílios domésticos. 
 
 
●Bambusa tulda 
Espécie de bambu entouceirante de elevado a médio porte. 
-Altura dos colmos: até 30m; 
-Diâmetro dos colmos: 7cm; 
-Espessura da parede: fina; 
-Clima e solo: regiões semi-úmidas; 
-Temperatura mínima: -2°C 
-Distribuição natural: Bangladesh, Myanmar, Tailândia e Índia; 
-Usos mais comuns: polpa e papel, alimento (broto), artesanatos em geral. 
 
 
●Bambusa vulgaris 
Espécie de bambu entouceirante, de médio porte, com colmos tortuosos e elevado 
teor de amido. 
-Altura dos colmos: 15 a 25m; 
-Diâmetro dos colmos: 6 a 15cm; 
 
 
 30 
-Espessura da parede: 7 a 15mm; 
-Clima e solo: variedade de climas e solos, até 1,500m de altitude. 
-Temperatura mínima: -2°C; 
-Distribuição natural: Espécie Pantropical; 
-Usos mais comuns: Construção, polpa e papel, móveis, andaimes e artesanatos. 
 
 
●Bambusa tuldoides 
Espécie de bambu entouceirante, de médio porte. Bastante comum no Brasil, 
conhecido como “Taquara”. 
-Altura dos colmos: 12m; 
-Diâmetro dos colmos: 6cm; 
-Clima e solo: regiões semi-úmidas; 
-Temperatura mínima: -9°C 
-Distribuição natural: China. 
-Usos mais comuns: construção, cercas, artesanatos, móveis e tutoramento de 
tomates. 
 
●Bambusa oldhamii 
Espécie de bambu entouceirante, com colmos retos, de médio porte. 
-Altura dos colmos: 18m; 
-Diâmetro dos colmos: 10cm; 
-Temperatura mínima: -9°C; 
-Distribuição natural: China; 
-Usos mais comuns: Alimento (broto), móveis, artesanatos e estruturas 
leves. 
 
 
 
 
 31 
 
 
 
●Dendrocalamus asper: 
Espécie de bambu gigante, entouceirante, de grande porte. 
-Altura dos colmos: 20 a 30m; 
-Diâmetro dos colmos: 8 a 20cm; 
-Espessura da parede: 11 a 20mm; 
-Clima e solo: regiões úmidas a semi-áridas, solos ricos e altitudes de até 1.000m; 
-Temperatura mínima: -5°C; 
-Distribuição natural: Índia, Tailândia, Vietnã, Malásia, Indonésia e Filipinas. 
-Usos mais comuns: Construção pesada, uma das melhores espécies para produção 
de brotos comestíveis, móveis, instrumentos musicais, artesanatos e utensílios 
domésticos. 
 
 
 
 
 
●Dendrocalamus giganteus: 
Espécie de bambu gigante, entouceirante, de grande porte. 
-Altura dos colmos: 24 a 40m; 
-Diâmetro dos colmos: 10 a 20cm; 
-Espessura da parede: 1 a 3cm; 
-Clima e solo: regiões tropicais úmidas até regiões subtropicais; 
-Temperatura mínima: -2°C; 
-Distribuição natural: Sri Lanka, Bangladesh, Nepal, Tailândia e China; 
-Usos mais comuns: Construção pesada, laminados de bambu, fabricação de polpa 
e papel, utensílios, móveis, artesanatos,alimentação (brotos). 
 
 
 
 
 32 
 
 
 
●Phyllostachys aurea 
Espécie de rizoma alastrante, de pequeno porte e muito comum no Brasil. 
Popularmente conhecida como “cana da índia”. 
-Altura dos colmos: 8m; 
-Diâmetro dos colmos: 3 a 6cm; 
-Espessura da parede: fina; 
-Clima e solo: clima temperado e solo rico em matéria orgânica; 
-Temperatura mínima: -18°C; 
-Distribuição natural: China; 
-Usos mais comuns: móveis, varas de pescar, cerca viva e paisagismo. 
 
●Phyllostachys pubescens 
Espécie de rizoma alastrante, de médio porte, também conhecido como Mosô. 
-Altura dos colmos: 10 a 20m; 
-Diâmetro dos colmos: 7 a 15cm; 
-Espessura da parede: média; 
-Clima e solo: clima temperado e solo rico em matéria orgânica; 
-Temperatura mínima: -15°C; 
-Distribuição natural: China; 
-Usos mais comuns: Construção, alimento (broto), móveis, artesanatos etc. 
 
 
 33 
 
 
 Phyllostachys aurea Phyllostachys pubecens 
 
 
●Guadua angustifolia 
Espécie de bambu gigante, de rizoma semi-entouceirante, com espinhos nas 
gemas, de elevado porte e excelentes propriedades mecânicas e grande 
durabilidade natural dos colmos, sendo muito importante para a economia rural na 
Colômbia e Equador. 
-Altura dos colmos: até 30m; 
-Diâmetro dos colmos: até 20cm; 
-Espessura da parede: 1,5 a 2cm; 
-Clima e solo: Clima trocpical, solos médios a ricos, cresce ao longo de rios ou 
colinas; 
-Temperatura mínima: -2°C 
-Distribuição natural: América do Sul, incluindo a região Norte do Brasil até o 
Panamá; 
-Usos mais comuns: Construção e usos diversos no meio rural. 
 
 
 
 
 
 34 
15-Diversos 
 
Como alternativa ao uso das árvores, tem-se os bambus lenhosos, que 
vem sendo utilizado secularmente para várias finalidades. Aproximadamente, 22 
milhões de hectares são cultivados em nosso planeta, sendo descritos mais de 
4.000 usos para esta planta. É um material ecológico, leve, resistente, versátil e 
com excelentes características físicas, químicas e mecânicas, que lhe possibilitam 
milhares de aplicações ao natural ou processadas. 
 
Na prática o bambu serve como alimento humano e animal, biomassa 
energética para energia renovável e energia limpa, material de construção e 
matéria-prima industrial para vários setores-cosmética e medicina, como papel, 
celulose e compósitos de madeira, além de também ser identificado como elemento 
de conservação e recuperação ambiental, principalmente para conter a erosão. 
 
Estudos de mercado relacionados diretamente com o bambu são mais 
comuns nos países asiáticos, pois estes mercados são mais tradicionais na 
produção e uso do bambu. 
 
O bambu possui mais celulose que o pinheiro e o eucalipto. A resistência 
das fibras apresenta qualidade igual ou superior às fibras da madeira, podendo, 
ainda substituir fibras inorgânicas como o asbesto (PAULI, 1999) 
 
No Brasil, o valor total da produção do setor de base florestal em 2005, foi 
de 27,8 bilhões de dólares, ou seja, 3,5% do PIB nacional. Neste valor estão 
incluídos celulose, papel, madeira industrializada sob todos os processos, móveis, 
siderurgia a carvão vegetal e produtos florestais não madeireiros (SBS, 2005). 
 
A existência de áreas de cultivo comercial de bambu no Brasil estão 
restritas a plantios nos estados do Maranhão, Paraíba e Pernambuco (RIBEIRO, 
2005). Conforme Nunes (2005), os plantios da Paraíba e Pernambuco são 
destinados à fabricação de papel objetivando a produção de sacos para embalagem 
de cimento portland. 
 
Na China são pesquisados e fabricados (industrializados) diversos produtos 
à base de bambu tais como: pisos, forros, lambris, móveis, chapas de tiras, 
laminados para assoalho, cortinas, chapas de aglomerado e chapas entrelaçadas 
como formas para concreto (compensado de bambu) (QISHENG; SHENXUE, 2001). 
 
A valoração econômica ambiental busca avaliar o valor econômico de um 
recurso ambiental através da determinação do que é equivalente, em termos de 
outros recursos disponíveis na economia, que estaríamos (os seres humanos) 
dispostos a abrir mão de maneira a obter uma melhoria de qualidade ou quantidade 
do recurso ambiental. 
Com base nestas constatações e tendo as populações uma busca crescente 
por recursos naturais renováveis, observasse que esta busca tem aumentado na 
medida em que novas tecnologias são inseridas no processo produtivo, fazendo 
com que matérias primas de impacto negativo no meio ambiente sejam 
substituídas, desta forma o bambu tem se mostrado como um ativo ambiental de 
grande potencial no seu complexo produtivo. 
 
 
 
 
 
 
 35 
16-Bambu Medicinal 
A folha de bambu oferece benefícios para pele, unhas, dentes e cabelos, 
funcionando como um renovador. 
As propriedades medicinais do chá das folhas de bambu: diurético, 
digestivo, controla febre e tosse, asma, afecções intestinais, osteoporose, 
antiartrose, hemorroidas e males do estômago, remineralizante e tônico geral do 
organismo, brilho e maciez para os cabelos, antitóxico e anti-helmítico. 
A folha de bambu também é excelente para uma pele saudável. Ela tem 
uma grande quantidade de sílica que ajuda a deixar a pele com mais elasticidade e 
ajuda o organismo produzir colágeno. A melhor forma de usar esse tratamento é 
fazer um emplastro de folha de bambu e água quente e colocar diretamente no 
rosto. 
A sílica encontrada na folha de bambu também é um ótimo tratamento 
para manter seus cabelos fortes, com fios brilhantes e crescendo. Receita: ferva 8 
copos de água com duas mãos cheias de folhas de bambu. Deixe em ebulição por 
três minutos, desligue, tampe e espere pelo menos uma hora antes de aplicar. 
Aplique no cabelo e deixe até o dia seguinte. 
Uma receita que vem ganhando popularidade entre as mulheres que 
querem ter uma unha bonita e forte é a mistura de água fervente e folhas de 
bambu. Depois de ferver a mistura deixe esfriar, coe e coloque as mãos na mistura 
por cerca de 20 minutos. Enxague com água fria. Para completar faça uma 
massagem com óleo de coco. 
 
17-Detalhes Práticos 
 
O Bambu é uma planta muito enigmática e são necessários anos para 
começar a entender e compreender a melhor forma de utilizá-la. 
O grande desafio é sem dúvida o tratamento/imunização. Se queremos que 
um móvel ou estrutura de bambu tenha durabilidade, temos que imunizar contra 
insetos (ver capítulo sobre Tratamentos) de forma adequada. 
Sobre estruturas de bambu, após a correta imunização e secagem, 
devemos levar em conta alguns pontos que não podem ser deixados para trás, se 
queremos que uma obra de bambu tenha longevidade: Na Colômbia, a grande 
referência em construção civil com Bambu, se diz que uma estrutura de bambu tem 
que ter “salto alto e chapéu de aba longa”, ou seja, fundação com no mínimo 40cm 
acima do solo e beiral grande para proteção contra umidade e chuva, além do 
excesso de sol que poderá fazer com que algumas peças trinquem. 
 
 
Exemplo de beiral em estruturas de grande porte de Bambu 
 
 
 36 
 
Exemplo de sapatas da fundação elevadas do solo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 37 
Fontes: 
 
-Manual de Construcción con Bambú; Oscar Hidalgo Lópes 
 
-Manual do Arquiteto Descalço; Johan Van Lengen 
 
-Bambu: Cultivo e Manejo; Thiago Greco e Marina Crowberg; 
Florianópolis 2011. Ed. Insular 
 
-Bambu de Corpo e Alma; Marco A. R. Pereira e Antônio L. Beraldo 
 
-Apostila do curso de capacitação em estruturas de bambu; 
Instituto Pindorama, 2012. Facilitação de Bruno Salles 
 
-Curso com Jörg Stamm; 
Ministrado no Instituto TIBA-RJ, em novembro de 2016. 
 
Elaboração- Equipe Naturalmente 
Revisada em março / 2017 
 
 
 
 
 
 
 
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Anexos 
Retirado do livro “Manual de Construcción con Bambú”; de Oscar Hidalgo Lópes. 
 
 
 
 
 
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