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2 Conceitos de limites de exposição ocupacional

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Conceitos de limites de exposição ocupacional
Os limites de tolerância ocupacional (estabelecidos pela NR 15, pelos TLVs e BEIs, pela ACGIH, ela OSHA, ou pela NIOSH) são desenvolvidos como orientações para ajudar no controle de riscos à saúde dos trabalhadores. Essas recomendações destinam-se à prática de higiene industrial nos ambientes de trabalho durante as jornadas de trabalho e devem ser aplicadas pelos profissionais higienistas, incluindo-se aqui os Técnicos de Segurança do Trabalho.
Limite de Tolerância (LT) – NR 15
Os limites de tolerância dizem respeito à concentração ou intensidade máxima ou mínima a que se relaciona a natureza do agente (ruído, poeira, gases e vapores) e ao tempo de exposição a ele, de modo que não cause danos à saúde do trabalhador em uma jornada de trabalho de 8 h semanais ou de até 48 horas.
Conforme o item 15.1.5 da NR-15, entende-se por limite de tolerância (para agentes químicos) a concentração máxima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador, durante sua vida laboral. Cabe ressaltar que a NR -15 como se encontra hoje está desatualizada, pois desde 1978 ela não foi substancialmente atualizada. Além disso, está incompleta, porque trata de 140 substâncias, enquanto a ACGIH trata demais de 650. Outro fato importante é que a NR-15 refere-se a limites de tolerância, quando, na realidade, não se trata de tolerar nada e sim de monitorar e controlar a exposição
ambiental.
Os limites estabelecidos pela Portaria n° 3.214/78, por meio da Norma Regulamentadora n° 15 (NR-15), nos anexos 11 e 12, foram adaptados para a jornada de trabalho instituída no Brasil. Esses valores foram adaptados da ACGIH, uma entidade que congrega higienistas e indústrias do governo norte-americano e que recomenda os limites de tolerância. O regime de trabalho norte-americano era de 40 horas semanais e o do Brasil, na época, de 48 horas. Depois, houve uma adaptação e nossa jornada de trabalho, atualmente, é de 44 horas semanais.
No Anexo 11 da NR 15 são fornecidos os limites de tolerância para os produtos químicos, como a absorção pela pele (que é apresentada por alguns produtos) e o grau de insalubridade, além das substâncias que apresentam o valor-teto.
O limite de tolerância é uma orientação para se fazer os controles dos contaminantes e não uma indicação entre concentrações seguras e perigosas.
Com o Anexo 11, o limite passou a ser de tolerância média ponderada durante o período de trabalho. Essas concentrações poderão oscilar desde que a média esteja abaixo desse valor; porém, essas oscilações não podem ultrapassar um valor chamado valor máximo. 
Unidades 
As unidades dos limites de tolerância são expressos em partes por milhão (ppm) ou miligramas por metro cúbico (mg/m³). A substância química inalada pode ser em forma de gás, vapor ou aerossol.
Gás: substância química cujas moléculas movem-se livremente no espaço em que estão confinadas (por exemplo, em um tanque) nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP).
Vapor: fase gasosa de uma substância química que, nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP), está no estado líquido ou sólido. Essa quantidade de vapor emitida por uma substância é expressa como pressão de vapor e é função da temperatura e pressão.
Aerossol: suspensão de partículas sólidas ou de gotículas líquidas em um meio gasoso, como: poeira, névoa, fumo, neblina, fibra e fumaça.
Os limites de tolerância para Aerossóis são normalmente fixados em termos de massa da substância química no ar por volume. São expressos em miligramas por metro cúbico (mg/m³). Os limites de tolerância para gases e vapores são estabelecidos em partes por milhão (ppm), mas também podem ser expressos em miligramas por metro cúbico mg/m³.
Para fazer a conversão de unidades de concentração de ppm para mg/m³, devemos utilizar o quadro a seguir:
Tabela 01: Conversão de ppm para mg/m³.
Fonte: BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene ocupacional: agentes biológicos, químicos e físicos. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2006. Página: 74.
Valor máximo
O valor máximo é determinado por meio do produto do limite de tolerância, por um fator de desvio, que é função da faixa de valor em que está esse limite. Na tabela a seguir, é mostrado o fator de desvio para calcular o valor máximo.
Tabela 02: Quadro n° 2 do Anexo 11 da NR 15 (Fator de Desvio para cálculo do valor máximo).
Fonte: BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene ocupacional: agentes biológicos, químicos e físicos. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2006. Página: 69. 
Exemplo: O cloro tem um limite de tolerância de 0,8 ppm; logo, o seu valor máximo (VM) é o produto do limite de tolerância por 3,00, que é o fator de desvio (FD) para produtos com o limite de tolerância (LT) entre 0 e 1 ppm.
VM = LT x FD
VM = 0,8 x 3,00 = 2,4 ppm
VM = 2,4 ppm
Valor-teto 
Representa um valor que não pode ser ultrapassado, pois é um produto de efeito muito rápido. Dessa forma, não aplicamos o fator de desvio. O limite de tolerância será o próprio valor teto.
Na tabela a seguir, veja alguns exemplos dos valores-teto de algumas substâncias.
Tabela 03: Valor-teto para alguns produtos químicos conforme Anexo 11 da NR 15.
Fonte: BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson.
 Higiene ocupacional: agentes biológicos, químicos e físicos. São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2006. Página: 69.
Nível de ação 
Os níveis de ação são uma espécie de recurso preventivo, que antecipa o problema antes que os limites de tolerância estejam excedidos.
Conforme a NR-09, o NA corresponde a uma concentração igual à metade das concentrações permitidas. Medidas preventivas, controles médicos e periódicos devem ser iniciados a partir da concentração. 
Para mais informações sobre os limites de tolerância estabelecidos pela Norma Regulamentadora NR15, acesse o site do Ministério do Trabalho e Emprego e procure pelas
Normas Regulamentadoras, especificamente pela NR 15.
Thereshold Limit Values (TLV) – American Conference of Governmental Industrial Hygienists
(ACGIH)
A ACGIH é uma instituição privada, sem fins lucrativos, não governamental. Seus membros são higienistas ocupacionais ou outros profissionais de saúde e segurança ocupacional. Eles se dedicam a promover a saúde e a segurança nos locais de trabalho. É uma entidade científica e conta com comitês que analisam e reúnem dados publicados naliteratura científica. A ACGIH publica guias de orientação, denominadas Threshold Limit Values (TLVs) e Biological Exposure Indices (BEIs), para a utilização dos higienistas ocupacionais na tomada de decisões em relação a níveis de exposição seguros de vários agentes químicos e físicos encontrados nos ambientes de trabalho. 
A cada ano, a ACGIH publica seus TLVs e BEIs em um livro. Esses índices representam uma opinião científica, formada pelos comitês de especialistas em saúde pública e ciências afins. É baseada na análise, revisão e compilação de dados da literatura científica existente.
Para acessar o livro dos TLVs e BEIs, entre em contato com a ABHO (Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais).
Os TLVs e os BEIs são valores que utilizam como base a saúde. A ACGIH formula uma conclusão sobre o nível de exposição que um trabalhador pode vivenciar, sem a ocorrência de efeitos prejudiciais à saúde. 
Ela acredita que os órgãos reguladores devem considerar os TLVs e os BEIs como um ponto de partida muito válido no processo para a caracterização de risco.
Introdução às substâncias químicas
Definição dos TLVs 
São as concentrações das substâncias químicas suspensas no ar.
Representam condições a que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, dia após dia, durante toda uma vida de trabalho, sem sofrer efeitos prejudiciais à saúde.
Para utilizar os TLVs, devemos consultar o último livro dos TLVs a fim de nos certificarmos de que entendemos as bases e as informações usadas em seu desenvolvimento.
São três as categorias de limites de exposição(TLVs):
Clique ou toque nos títulos para visualizar o conteúdo.
Média ponderada pelo tempo (TWA ou LE-MP)
É a concentração média ponderada no tempo estabelecida para uma jornada de trabalho de 8 horas diárias e 40 horas semanais a que se acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar repetidamente exposta, durante toda a vida laboral, sem sofrer efeitos prejudiciais à saúde.
Exposição de curta duração (STEL) 
É um limite de exposição média ponderada de 15 minutos, que não deve ser ultrapassado em qualquer momento da jornada de trabalho, inclusive ao final. Pode ocorrer, no máximo, quatro vezes durante a jornada, sendo o intervalo de tempo entre cada ocorrência de, pelo menos, 60 minutos. 
Controlam as flutuações das concentrações das substâncias acima dos valores de TWA estabelecidos. 
Valor-Teto (TLV-C ou LE-Teto) 
É a concentração máxima permitida que não deve ser excedida durante nenhum momento da exposição no trabalho. 
Se medições instantâneas não estiverem disponíveis, a amostragem deverá ser realizada pelo período mínimo de tempo suficiente para detectar a exposição no Limite de Exposição- Valor Teto (TLV-C) ou acima dele. É indicado para substâncias de baixo limite de exposição e alta toxicidade.
Devido à grande variação de sensibilidade de cada trabalhador, um percentual deles pode sentir desconforto diante de certas substâncias em concentrações permitidas ou mesmo abaixo delas.
A palavra pele (como podemos observar na tabela a seguir), que aparece depois de alguns nomes químicos na lista de TLV®, significa que a exposição total do trabalhador ao contaminante pode ser afetada pela absorção pela pele. A notação “pele” quer chamar a atenção para que precauções adequadas sejam tomadas para proteger o resto do corpo à exposição.
Podemos observar na tabela a seguir o ácido cianídrico como exemplo. Para a média ponderada pelo tempo (TWA), não temos referência.
Para a exposição de curta duração (STEL), encontramos o valor: 4,7 ppm (o que quer dizer que o trabalhador poderá ficar exposto, no máximo, até quatro vezes por 15 minutos e tendo como intervalo entre cada exposição 60 minutos). Na coluna Notações, observamos que tem a palavra “pele”, o que quer dizer que o ácido cianídrico é absorvido pela pele do trabalhador exposto. A mesma planilha apresenta o dado do peso molecular do ácido cianídrico e, por fim, a base do TLV (o que significa a questão de saúde afetada pelo produto químico). No caso do ácido cianídrico, o trabalhador exposto a esse produto químico poderá sofrer com dor de cabeça, náusea e efeitos na tireoide.
Tabela 4 – Tabela de algumas substâncias com os valores adotados pela TLV
Fonte: Livro de TLVs e BEIs ABHO Ano 2008
É importante ressaltar que a lista de TLV® não inclui todas as substâncias encontradas nas indústrias, uma vez que pouco ou nenhum dado está disponível para muitos materiais.
Introdução aos índices biológicos de exposição – definição dos BEIs O monitoramento biológico permite avaliarmos a exposição e o risco à saúde dos trabalhadores. É a medida de concentração de uma substância química (determinante) em meios biológicos das pessoas expostas e é um indicador da absorção do agente químico. 
Os BEIs (Índices Biológicos de Exposição) são valores guias de orientação para avaliar os resultados do monitoramento biológico. Refletem indiretamente a dose absorvida por um trabalhador exposto a uma dada substância química. Servem também como um complemento para o monitoramento ambiental por meio da avaliação da concentração no ar. É importante, pois pode ajudar o profissional de saúde a detectar e determinar uma exposição e absorção pela pele ou por via digestiva, além da absorção por via respiratória.
A maioria dos BEIs está baseada em uma correlação direta com o TLV. Alguns BEIs (como o chumbo, por exemplo) não são derivados do TLV, porém, são diretamente relacionados ao desenvolvimento de um efeito adverso à saúde.
As diretrizes dos BEIs devem ser usadas na avaliação de riscos potenciais à saúde na prática da higiene ocupacional. Os BEIs não indicam uma distinção clara entre as exposições perigosas e as não perigosas; por exemplo, é possível que a concentração de um determinante em um indivíduo exceda o BEI sem que isso se torne um risco aumentado à saúde. Deverá ser realizada uma investigação se a maioria dos resultados das amostras obtidas de um grupo de trabalhadores do mesmo local e turno de trabalho exceder o BEI.
Não se deve confiar em resultados de uma amostra biológica isolada; devem ser realizadas avaliações múltiplas.
Como medida administrativa, pode ser apropriado fazer rodízios entre os trabalhadores nessa exposição. Assim como, se houver razões para acreditar que ocorreu uma exposição significativa do trabalhador a um determinado produto químico, pode-se retirar o trabalhador desse ambiente apenas com uma única avaliação. Também devemos ter em mente que resultados abaixo do BEI não indicam que temos ausência de risco à saúde. Os BEIs aplicam-se a exposições
de 8 horas por dia, 5 dias por semana. 
Limites de exposição ocupacional 
Depois de concluída a inspeção de campo, o higienista deve decidir se é ou não necessário realizar amostragem. Essa amostragem deve ser realizada somente se o seu propósito for claro e objetivo. O higienista industrial deve perguntarse: para que servem os resultados
da amostragem? Quais perguntas responderiam?
Esses dados obtidos a partir de uma amostragem ambiental e biológica geralmente são comparados com limites de exposição ocupacional – LEO (ou em inglês: exposure ocupacional limit – OEL), recomendados ou obrigatórios.
Muitos países têm estabelecido limites de exposição ocupacional, biológica e de inalação de agentes químicos e físicos. Atualmente, existem mais de 60.000 substâncias químicas em uso comercial e cerca de 650 foram avaliadas por diferentes organizações e países. Os limites utilizados (TLV®) são os estabelecidos no EUA pela Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais (ACGIH). A maioria dos valores de Limite de Exposição Ocupacional – LEO, utilizado pela Occupational Safety and Health Administration – OSHA, nos Estados Unidos, baseia-se no TLV®.
Entretanto, o National Institute for Occupational Safety and Health – NIOSH, do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, possui seus próprios limites, chamados de “limites recomendados de exposição (REL)”. Não existe nenhum OEL para a amostragem de pele
ou de superfícies; cada caso deve ser avaliado separadamente.
Na amostragem de pele, concentrações aceitáveis são calculadas em função da toxicidade, da velocidade de absorção, do montante absorvido e da dose total. O controle biológico de um trabalhador pode ser usado para investigar a absorção pela pele. Nos EUA, o NIOSH, do CDC, recomenda valores limites denominando-os de Recommended Exposure Limits (REL) e a agência encarregada da fiscalização dos ambientes de trabalho, a OSHA, estabelece os Permissibile Exposure Limits (PEL) de valor legal.
Com a obra de Max Gruber, no Instituto de Higiene de Munique, publicada em 1883, estabeleceu-se a primeira tentativa de publicação de um OEL com o monóxido de carbono, o gás tóxico ao qual muitas pessoas são expostas no local de trabalho. Gruber descreveu a exposição de duas galinhas e doze coelhos a concentrações de monóxido de carbono durante um período de até 47 horas ao longo de três dias. Ele concluiu que o limite do monóxido de carbono para manifestar efeito nocivo é encontrado em uma concentração de 500 ppm (partes por milhão), mas, com segurança, em 200 partes por milhão.
Entre os anos de 1933 e 1938, a União Soviética regulamentou os primeiros limites de exposição ocupacional. 
No ano de 1947, a ACGIH estabeleceu os primeiros limites de exposição ocupacional, com as TLVs. Em 1970, a OSHA/EUA estabeleceu os Permissible Exposure Limits (PELS) e os Recommended Exposure Limits (RELS).
Hoje em dia cerca de cinquenta países, ou grupos, estabeleceram OEL, muitos dos quais coincidem com o TLV®. No ReinoUnido, os OEL são chamados de “limites de exposição profissional”. Na Alemanha, de “concentrações máximas no trabalho” (MAK). OEL foi criado para exposição de gases, vapores e partículas na atmosfera. Não contempla os agentes
biológicos.
Os limites que predominaram são publicados, anualmente, pela Conferência Americana de Higienistas Industriais
Governamentais – ACGIH, chamados de valor limite de tolerância (threshold limit value-TLV®). Pode-se dizer que a contribuição do OEL para a prevenção ou redução das doenças do trabalho é um fato amplamente aceito. 
Como vimos, passaram-se três séculos de Ramazzini até os TLV®- ACGIH, passando pelo Gruber. Avançou-se mais um pouco com os Permissible Exposure Limits (PELS) e os Recommended Exposure Limits (RELS) da OSHA/EUA, no ano de 1970. Parece pouco avanço, porém, grande é o desafio de fazer “achados científicos” entre meio ambiente do trabalho e os agravos à saúde dos trabalhadores.

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