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SUS: PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 1 12 de abril de 2019 Camila Cordeiro Objetivo 1: Explicar os níveis de prevenção de Leavell e Clark. De acordo com Leavell & Clark, podemos divi- dir os níveis da seguinte forma: Prevenção primária: 1º e 2º níveis de prevenção. Função de manter a saúde, prevenindo a ocorrência de agravos à saúde/fase patológica. Prevenção secundária: 3º e 4º níveis de prevenção. Corresponde ao período patológico, com doença progredindo em fase subclínica ou de evolução clinicamente aparente. Visa a “prevenção da evolução” do processo patológico no organismo, na tentativa de curar, fazer regredir ou prevenir reincidências, complicações, sequelas e óbito. Prevenção terciária: 5º nível de prevenção. Final do processo (estacionária). Visa desenvolver a capacidade residual do indivíduo, cujo potencial funcional foi reduzido após ter sido afetado pela doença (ex: poliomielite) ou por sequelas de um episódio agudo de uma afecção crônica (ex: após um AVC), de modo a contribuir para que o indivíduo leve uma vida útil e produtiva. PREVENÇÃO PRIMÁRIA 1°NÍVEL Promoção em Saúde Engloba as ações destinadas a manter o bem- estar, sem visar a nenhuma doença em par- ticular, isto é, se referem às medidas “inespe- cíficas”, ditas “gerais” ou “amplas”, “universais”, recomendadas a todas as pessoas. Exemplos: educação sanitária, alimentação e nutrição adequadas, condições apropriadas de habitação, emprego e lazer, condições para a satisfação das necessidades básicas do indivíduo,etc 2°NÍVEL Proteção Específica Inclui ações para impedir o aparecimento de determinada afecção ou de um grupo de doenças afins. São medidas específicas, apro- priadas para lidar com cada dano à saúde, podendo ser seletivas (somente para subgrupos da população, de acordo com risco de adoecer, ex: vacinação antirrábica para veterinários) ou individualizadas (aplicadas somente na presença de uma condição que coloca o indivíduo em alto risco para o desenvolvimento futuro da doença). Exemplos: vacinação, exame pré-natal, qui- mioprofilaxia, fluoretação da água, eliminação de exposição a agentes carcinogênicos, proteção contra riscos ocupacionais, etc. PREVENÇÃO SECUNDÁRIA 3°NÍVEL Diagnóstico precoce Trata-se de identificar o processo patológico no seu início, antes do aparecimento dos sinto- mas. Assim pode-se instituir o tratamento ime- diato, e há mais chances de debelar o proces- so. Exemplos: Rastreamento, exame periódico de saúde, procura de casos entre contatos, auto- exame, intervenções médicas ou cirúrgicas precoces, etc. 4°NÍVEL Limitação do dano Consiste em identificar a doença, limitar a extensão das respectivas lesões e retardar o aparecimento de complicações, se não for pos- sível evitá-la por completo. Em relação ao nível anterior, trata-se apenas de reconhecimento mais tardio do agravo à saúde. A afecção já ultrapassou o limiar clínico, havendo, portanto, sinais e sintomas denunciadores da sua pre- sença. Exemplos: acesso facilitado a serviços de saúde, tratamento médico ou cirúrgico ade- quados, hospitalização em função das neces- sidades, uso de aspirina em pacientes com IAM para prevenir um segundo infarto, uso de anticoagulantes na trombose venosa profunda, para diminuir o risco de embolia pulmonar. PREVENÇÃO TERCIÁRIA 5°NÍVEL Reabilitação A ideia central consiste em atenuar a inva- lidez e promover o ajustamento do paciente a condições irremediáveis, o que estende o con- ceito de prevenção ao campo da reabilitação. É, mais do que outro, um trabalho em equipe des- tinado a prover suporte físico, mental e social, que favoreça a reintegração da pessoa na fa- mília, no trabalho e na sociedade. Exemplos: Terapia ocupacional, treinamento do deficiente, melhores condições de trabalho para o deficiente, educação do público para aceitação do deficiente, prótese e órteses. Posteriormente, em 1995, foi realizada a Conferência da Organização Mundial de Médicos de Família (WONCA), em que Marc Jamoulle propôs o conceito de prevenção quaternária. SUS: PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 1 12 de abril de 2019 Camila Cordeiro Objetivo 2: Caracterizar a Promoção de Saúde. A promoção da saúde, como uma das estratégias de produção de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articulado às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribui na construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde. No SUS, a estratégia de promoção da saúde é retomada como uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o processo saúde-adoecimento em nosso País – como, por exemplo: violência, desemprego, subemprego, falta de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à educação, fome, urbanização desordenada, qualidade do ar e da água ameaçada e deteriorada; e potencializam formas mais amplas de intervir em saúde. Entende-se, portanto, que a promoção da saúde é uma estratégia de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes no nosso País, visando à criação de mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem a participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas. O Ministério da Saúde, em setembro de 2005, definiu a Agenda de Compromisso pela Saúde que agrega três eixos: O Pacto em Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), o Pacto em Defesa da Vida e o Pacto de Gestão. Destaca-se aqui o Pacto pela Vida que constitui um conjunto de compromissos sanitários que deverão se tornar prioridades inequívocas dos três entes federativos, com definição das responsabilidades de cada um. Entre as macroprioridades do Pacto em Defesa da Vida, possui especial relevância o aprimoramento do acesso e da qualidade dos serviços prestados no SUS, com a ênfase no fortalecimento e na qualificação estratégica da Saúde da Família; a promoção, informação e educação em saúde com ênfase na promoção de atividade física, na promoção de hábitos saudáveis de alimentação e vida, controle do tabagismo; controle do uso abusivo de bebida alcoólica; e cuidados especiais voltados ao processo de envelhecimento. Informe/Relatório Lalonde (1974): Questiona o papel exclusivo da medicina na resolução dos problemas de saúde “nova saúde pública”. Ao identificar os campos em que a saúde poderia ser promovida, lançou o conceito de Promoção da Saúde e influenciou a nova perspectiva de que mudanças no estilo de vida e no ambiente como um todo seriam necessárias para melhorar a condição de saúde das pessoas. Propôs 5 estratégias para abordar os problemas do campo da saúde: promoção da saúde, regulação, eficiência da assistência médica, pesquisa e fixação de objetivos. Saúde para Todos no Ano 2000 (1977): Sugeriu ampla agenda com mudanças socioeconômicas afim de alcançar saúde para todos: eliminação do medo de guerra, oportunidades iguais para todos, satisfação de necessidades básicas (ex: alimento, renda, educação, água segura e saneamento), vontade política e apoio público. Declaração de Alma-Ata (1978): Fruto da I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, com grande repercussão nos sistemas de saúde do mundo. É um marco histórico e expressou a necessidade de ação urgente de todos os governos, para proteger e promover a saúdede todos os povos do mundo. Também modificou prioridades do setor saúde, enfatizando a promoção de saúde e prevenção de doenças em lugar de serviços clínicos e curativos, contribuindo para a melhor qualidade da vida e para a paz mundial. Projeto Cidades Saudáveis (1884): Congresso Canadense de Saúde Pública, denominado “Para além da assistência à saúde”: Ampliação do uso do termo Promoção da Saúde, relacionado com autonomia e emancipação. Carta de Ottawa (1986): Instituída na I Conferência Internacional de Promoção as Saúde. Propõe o fim do modelo biomédico e transformações profundas na organização e financiamento dos sistemas de saúde, assim como nas práticas e na formação dos Histórico SUS: PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 1 12 de abril de 2019 Camila Cordeiro profissionais. Propôs também cinco campos centrais de ação: Criando ambientes que apoiam escolhas saudáveis; Construindo políticas públicas em saúde; Fortalecendo ação comunitária; Desenvolvendo habilidades pessoais; Reorientando serviços de saúde. II Conferência de Promoção de Saúde: É a Declaração de Adelaide. Identificou quatro áreas prioritárias para promover ações imediatas em políticas públicas saudáveis: apoio à saúde da mulher; alimentação e nutrição; tabaco e álcool; criação de ambientes favoráveis. III Conferência Internacional de Promoção da Saúde (Sundsval, 1991); IV Conferência Internacional de Promoção da Saúde (Jacarta, 1997); V Conferência Internacional de Promoção da Saúde (México, 2000); VI Conferência Global de Promoção da Saúde (Bancoc, 2005). Se analisarmos o histórico do conceito de Promoção da saúde e, principalmente, as cartas e declarações resultantes das conferências internacionais sobre o tema, notaremos a tendência à adoção de uma visão holística da saúde e ao entendimento da determinação social do processo saúde-doença e à compreensão da equidade social como objetivos a serem atingidos. Assim, a intersetorialidade, a participação social para o fortalecimento da ação comunitária e a sustentabilidade são considerados como princípios ao se definirem estratégias de ação. PRINCÍPIOS MODERNOS DA PROMOÇÃO EM SAÚDE Concepção holística e multicausalidade do processo saúde-doença As ações devem ser dirigidas às causas primárias dos problemas e não somente as suas manifestações concretas. Ex: fomento à saúde física/mental/ social/ espiritual, enfatizando a determinação social, econômica e ambiental, uma vez que os níveis de saúde da população estão diretamente relacionados à qualidade e à quantidade de recursos disponibilizados a cada membro da sociedade, para a sua subsistência. Equidade Acesso universal à saúde, com justiça social. Para isso, é necessário: a) a análise dos territórios onde as pessoas habitam; b) a detecção de grupos em situação de exclusão; c) a implementação de políticas públicas que façam uma discriminação positiva desses grupos. Isso implica na criação de oportunidades para que todos tenham saúde, e que as necessidades são diferenciadas, uma vez que sofrem inter- ferência dos determinantes de saúde na população (renda, habitação, educação etc.). Intersetorialidade Articula saberes e experiências no planejamento, execução e avaliação de ações para alcançar efeito sinérgico em situações complexas. O desafio colocado para a concretização da intersetorialidade é o modelo tradicional de fragmentação e desarticulação das ações. É necessária uma mudança radical das práticas e da cultura organizacional das administrações, pressupondo a superação da fragmentação na gestão das políticas públicas. Participação Social Diz respeito ao envolvimento dos cidadãos no planejamento, execução e avaliação dos projetos. Para que essa participação seja qualificada, torna-se necessário o empoderamento coletivo, para que a população se torne capaz de exercer controle sobre os determinantes da saúde. Sustentabilidade A promoção da saúde demanda processos de transformação coletivos, com impactos a médio e longo prazos. Almeja-se iniciativas de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável. Princípios SUS: PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 1 12 de abril de 2019 Camila Cordeiro Entre seus objetivos gerais e específicos, a Promoção de Saúde visa: 1. Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. 2. Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica; 3. Ampliar a autonomia e a co-respon- sabilidade de sujeitos e coletividades, inclusive o poder público, no cuidado integral à saúde e minimizar e/ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer ordem (étnica, racial, social, regional, de gênero, de orientação/opção sexual, entre outras); 4. Promover o entendimento da concepção ampliada de saúde, entre os trabalhadores de saúde, tanto das atividades-meio, como os da atividades-fim; 5. Contribuir para o aumento da resolu- bilidade do Sistema, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança das ações de promoção da saúde; 6. Estimular alternativas inovadoras e social- mente inclusivas/ contributivas no âmbito das ações de promoção da saúde; 7. Valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convivência e de produção de saúde para o desenvolvimento das ações de promoção da saúde; 8. Favorecer a preservação do meio ambien- te e a promoção de ambientes mais seguros e saudáveis; 9. Contribuir para elaboração e imple- mentação de políticas públicas integradas que visem à melhoria da qualidade de vida no planejamento de espaços urbanos e rurais; 10. Ampliar os processos de integra- ção baseados na cooperação, solidariedade e gestão democrática; 11. Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de doenças e agravos à saúde; 12. Estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o desenvolvimento de uma cultura de paz no País; 13. Valorizar e ampliar a cooperação do setor Saúde com outras áreas de governos, setores e atores sociais para a gestão de políticas públicas e a criação e/ou o fortalecimento de iniciativas que signifiquem redução das situações de desigualdade. Tanto as ações individuais quanto as coletivas devem buscar a integralidade, entendida em suas três dimensões: 1. Vertical, que busca atender a todas as necessidades de saúde do indivíduo (desde a promoção da saúde até a reabilitação), entendido em toda a sua complexidade biopsicosocial e espiritual; 2. Horizontal, que busca a integração de ações e serviços de atenção à saúde ao longo do tempo, para garantir a condição de saúde das pessoas; 3. Intersetorial, que reconhece os setores extra-saúde (educação, segurança etc.) como fundamentais para a promoção da saúde (NARVAI, 2008), como veremos com mais detalhes na seção específica sobre a promoção da saúde. Divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde: I – Promover seminários internos no Ministério da Saúde destinados à divulgação da PNPS, com adoção de seu caráter transversal; II – Convocar uma mobilização nacional de sensibilização para o desenvolvimento das ações de promoção da saúde, com estímulo à adesão de estados e municípios; III – Discutir nos espaços de formação e educação permanente deprofissionais de saúde a proposta da PNPS e estimular a inclusão do tema nas grades curriculares; e IV – Avaliar o processo de implantação da PNPS em fóruns de composição tripartite. Alimentação saudável: I – Promover ações relativas à alimentação saudável visando à promoção da saúde e à Ações Objetivos SUS: PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 1 12 de abril de 2019 Camila Cordeiro segurança alimentar e nutricional, contribuindo com as ações e metas de redução da pobreza, a inclusão social e o cumprimento do direito humano à alimentação adequada; II – Promover articulação intra e intersetorial por meio do reforço à implementação das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e da Estratégia Global: a) com a formulação, implementação de políticas públicas que garantam o acesso à alimentação saudável, considerando as especificidades culturais, regionais e locais; b) mobilização de instituições públicas, privadas e de setores da sociedade civil organizada visando ratificar a implementação de ações de combate à fome e de aumento do acesso ao alimento saudável pelas comunidades e pelos grupos populacionais mais pobres; c) Facilitação do crédito e do financiamento da agricultura familiar, para incorporar ações de fomento à produção de frutas, legumes e verduras visando ao aumento da oferta e ao consequente aumento do consumo destes alimentos no país, de forma segura e sustentável, associado às ações de geração de renda; d) firmar agenda/pacto/compromisso social com diferentes setores (Poder Legislativo, setor produtivo, órgãos governamentais e não-governamentais, organismos internacionais, setor de comunicação e outros), definindo os compromissos e as responsabilidades sociais de cada setor, com o objetivo de favorecer/garantir hábitos alimentares mais saudáveis na população, possibilitando a redução e o controle das taxas das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil; e) articulação e mobilização dos setores público e privado para a adoção de ambientes que favoreçam a alimentação saudável, o que inclui: espaços propícios à amamentação pelas nutrizes trabalhadoras, oferta de refeições saudáveis nos locais de trabalho, nas escolas e para as populações institucionalizadas; f) articulação e mobilização intersetorial para a proposição e elaboração de medidas regulatórias que visem promover a alimentação saudável e reduzir o risco do doenças crônicas não transmissíveis, com especial ênfase para a regulamentação da propaganda e publicidade de alimentos. III – Disseminar a cultura da alimentação saudável em consonância com os atributos e princípios do Guia Alimentar da População Brasileira: a) divulgação ampla do Guia; b) produção e distribuição de material educativo (Guia Alimentar da População Brasileira, 10 Passos para uma Alimentação Saudável para Diabéticos e Hipertensos, Cadernos de Atenção Básica sobre Prevenção e Tratamento da Obesidade e Orientações para a Alimentação Saudável dos Idosos); c) desenvolvimento de campanhas na grande mídia para orientar e sensibilizar a população sobre os benefícios de uma alimentação saudável; d) estimular ações que promovam escolhas alimentares saudáveis por parte dos beneficiários dos programas de transferência de renda; e) estimular ações de empoderamento do consumidor para o entendimento e uso prático da rotulagem geral e nutricional dos alimentos; f) distribuição de material educativo e desenvolvimento de campanhas na grande mídia para orientar a população sobre os benefícios da amamentação; g) incentivo para a implantação de bancos de leite humano nos serviços de saúde; h) educação permanente dos trabalha- dores de saúde no sentido de orientar as gestantes HIV positivo quanto às especifi- cidades da amamentação (utilização de banco de leite humano e de fórmula infantil). IV – Desenvolver ações para a promoção da alimentação saudável no ambiente escolar: a) fortalecimento das parcerias com a SGTES, Anvisa/MS, MEC e FNDE/MEC para promover a alimentação saudável nas escolas; b) divulgação de iniciativas que favoreçam o acesso à alimentação saudável nas escolas públicas e privadas; SUS: PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 1 12 de abril de 2019 Camila Cordeiro c) implementação de ações de promoção da alimentação saudável no ambiente escolar; d) produção e distribuição do material sobre alimentação saudável para inserção de forma transversal no conteúdo programático das escolas em parceria com as secretarias estaduais e municipais de saúde e educação; e) lançamento do guia “10 Passos da Alimentação Saudável na Escola”; f) sensibilização e mobilização dos gestores públicos de saúde/educação, e as respectivas instâncias de controle social para a implementação das ações de promoção da alimentação saudável no ambiente escolar, com a adoção dos dez passos; g) produção e distribuição de vídeos e materiais instrucionais sobre a promoção da alimentação saudável nas escolas. V – Implementar as ações de vigilância alimentar e nutricional para a prevenção e controle dos agravos e doenças decorrentes da má alimentação: a) implementação do Sisvan como sistema nacional obrigatório vinculado às transferências de recursos do PAB; b) envio de informações referentes ao Sisvan para o Relatório de Análise de Doenças Não Transmissíveis e Violências; c) realização de inquéritos populacionais para o monitoramento do consumo alimentar e do estado nutricional da população brasileira, a cada cinco anos, de acordo com a Política Nacional de Alimentação e Nutrição; d) prevenção das carências nutricionais por deficiência de micronutrientes (suplementação universal de ferro medicamentoso para gestantes e crianças e administração de megadoses de vitamina A para puerperais e crianças em áreas endêmicas); e) realização de inquéritos de fatores de risco para as DCNT da população em geral a cada cinco anos e para escolares a cada dois anos, conforme previsto na Agenda Nacional de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, do Ministério da Saúde; f) monitoramento do teor de sódio dos produtos processados, em parceria com a Anvisa e os órgãos da vigilância sanitária em estados e municípios; g) fortalecimento dos mecanismos de regulamentação, controle e redução do uso de substâncias agrotóxicas e de outros modos de contaminação dos alimentos. VI – Reorientação dos serviços de saúde com ênfase na atenção básica: a) mobilização e capacitação dos profissionais de saúde da atenção básica para a promoção da alimentação saudável nas visitas domiciliares, atividades de grupo e nos atendimentos individuais; b) incorporação do componente alimen- tar no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional de forma a permitir o diagnóstico e o desenvolvimento de ações para a promoção da alimentação saudável; c) reforço da implantação do Sisvan como instrumento de avaliação e de subsídio para o planejamento de ações que promovam a segurança alimentar e nutricional em nível local. Prática corporal/atividade física: I – Ações na rede básica de saúde e na comunidade: a) mapear e apoiar as ações de práticas corporais/atividade física existentes nos serviços de atenção básica e na Estratégia de Saúde da Família, e inserir naqueles em que não há ações; b) ofertar práticas corporais/atividade física como caminhadas, prescrição de exercícios, práticas lúdicas, esportivas e de lazer, na rede básica de saúde, voltadas tanto para a comunidade como um todo quanto para grupos vulneráveis; c) capacitar os trabalhadores de saúde em conteúdosde promoção à saúde e Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN: É um sistema de informação que visa descrever e predizer de maneira contínua, tendências das condições de nutrição e alimentação de uma população, e seus fatores determinantes, com fins ao planejamento e avaliação dos efeitos de políticas, programas e intervenções. SUS: PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 1 12 de abril de 2019 Camila Cordeiro práticas corporais/atividade física na lógica da educação permanente, incluindo a Ava- liação como parte do processo; d) estimular a inclusão de pessoas com deficiências em projetos de práticas corpo- raisatividades físicas; e) pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três níveis de gestão a importância de ações voltadas para melho- rias ambientais com o objetivo de aumentar os níveis populacionais de atividade física; f) constituir mecanismos de sustenta- bilidade e continuidade das ações do “Prati- que Saúde no SUS” (área física ade-quada e equipamentos, equipe capacitada, articu- lação com a rede de atenção); g) incentivar articulações intersetoriais para a melhoria das condições dos espaços públicos para a realização de práticas corporais/atividades físicas (urbanização dos espaços públicos; criação de ciclovias e pistas de caminhadas; segurança, outros). II – Ações de aconselhamento/divulgação: a) organizar os serviços de saúde de forma a desenvolver ações de aconse- lhamento junto à população, sobre os benefícios de estilos de vida saudáveis; e b) desenvolver campanhas de divul- gação, estimulando modos de viver saudá- veis e objetivando reduzir fatores de risco para doenças não transmissíveis. III – Ações de intersetorialidade e mobili- zação de parceiros: a) pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três níveis de gestão a importância de desenvolver ações voltadas para estilos de vida saudáveis, mobilizando recursos existentes; b) estimular a formação de redes horizo- ntais de troca de experiências entre muni- cípios; c) estimular a inserção e o fortaleci- mento de ações já existentes no campo das práticas corporais em saúde na comuni- dade; d) resgatar as práticas corporais/ atividades físicas de forma regular nas esco- las, universidades e demais espaços públi- cos; e) articular parcerias estimulando práti- cas corporais e atividade física no ambiente de trabalho. IV – Ações de monitoramento e avaliação: a) desenvolver estudos e formular meto- dologias capazes de produzir evidências e comprovar a efetividade de estratégias de práticas corporais/atividades físicas no controle e na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis; b) estimular a articulação com institui- ções de ensino e pesquisa para monito- ramento e avaliação das ações no campo das práticas corporais/atividade física; c) consolidar a Pesquisa de Saúde dos Escolares (SVS/MS) como forma de monito- ramento de práticas corporais/ atividade física de adolescentes. Prevenção e controle do tabagismo: I – Sistematizar ações educativas e mobilizar ações legislativas e econômicas, de forma a criar um contexto que: a) reduza a aceitação social do taba- gismo; b) reduza os estímulos para que os jovens comecem a fumar e os que dificul- tam os fumantes a deixarem de fumar; c) proteja a população dos riscos da exposição à poluição tabagística ambiental; d) reduza o acesso aos derivados do tabaco; e) aumente o acesso dos fumantes ao apoio para cessação de fumar; f) controle e monitore todos os aspectos relacionados aos produtos de tabaco comercializados, desde seus conteúdos e emissões até as estratégias de comercialização e de divulgação de suas características para o consumidor. II – Realizar ações educativas de sensibi- lização da população para a promoção de “comunidades livres de tabaco”, divulgando ações relacionadas ao tabagismo e seus diferentes aspectos: a) Dia a Mundial sem Tabaco (31 de maio); b) Dia Nacional de Combate ao Fumo (29 de agosto); III – Fazer articulações com a mídia para divulgação de ações e de fatos que contribuam SUS: PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 1 12 de abril de 2019 Camila Cordeiro para o controle do tabagismo em todo o território nacional; IV – Mobilizar e incentivar as ações contínuas por meio de canais comunitários (unidades de saúde, escolas e ambientes de trabalho) capazes de manter um fluxo contínuo de informações sobre o tabagismo, seus riscos para quem fuma e os riscos da poluição tabagística ambiental para todos que convivem com ela; V – Investir na promoção de ambientes de trabalho livres de tabaco: a) realizando ações educativas, norma- tivas e organizacionais que visem estimular mudanças na cultura organizacional que levem à redução do tabagismo entre trabalhadores; b) atuando junto a profissionais da área de saúde ocupacional e outros atores-chave das organizações/instituições para a disse- minação contínua de informações sobre os riscos do tabagismo e do tabagismo passivo, a implementação de normas para restringir o fumo nas dependências dos ambientes de trabalho, a sinalização relativa às restrições ao consumo nas mesmas e a capacitação de profissionais de saúde ocupacional para apoiar a cessação de fumar de funcionários. VI – Articular com o MEC/secretarias estaduais e municipais de educação o estímulo à iniciativa de promoção da saúde no ambiente escolar; VII – Aumentar o acesso do fumante aos métodos eficazes para cessação de fumar, e assim atender a uma crescente demanda de fumantes que buscam algum tipo de apoio para esse fim. Redução da morbimortalidade em decor- rência do uso abusivo de álcool e outras drogas: I – Investimento em ações educativas e sensi- bilizadoras para crianças e adolescentes quanto ao uso abusivo de álcool e suas consequências; II – Produzir e distribuir material educativo para orientar e sensibilizar a população sobre os malefícios do uso abusivo do álcool. III – Promover campanhas municipais em interação com as agências de trânsito no alerta quanto às consequências da “direção alcoolizada”; IV – Desenvolvimento de iniciativas de redu- ção de danos pelo consumo de álcool e outras drogas que envolvam a coresponsabilização e autonomia da população; V – Investimento no aumento de infor- mações veiculadas pela mídia quanto aos riscos e danos envolvidos na associação entre o uso abusivo de álcool e outras drogas e aciden- tes/violências; VI – Apoio à restrição de acesso a bebidas alcoólicas de acordo com o perfil epidemiológico de dado território, protegendo segmentos vulne- ráveis e priorizando situações de violência e danos sociais. Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito: I – Promoção de discussões intersetoriais que incorporem ações educativas à grade curricular de todos os níveis de formação; II – Articulação de agendas e instrumentos de planejamento, programação e avaliação, dos setores diretamente relacionados ao problema; III – Apoio às campanhas de divulgação em massa dos dados referentes às mortes e sequelas provocadas por acidentes de trânsito. Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz: I – Ampliação e fortalecimento da Rede Nacional de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde; II – Investimento na sensibilização e capacitação dos gestores e profissionais de saúde na identificação e encaminhamento adequado de situações de violência intrafamiliar e sexual; III – Estímulo à articulação intersetorial que envolva a redução e o controle de situações de abuso, exploração e turismo sexual; IV – Implementação da ficha de notificação de violênciainterpessoal; V – Incentivo ao desenvolvimento de Planos Estaduais e Municipais de Prevenção da Violência; VI – Monitoramento e avaliação do desenvolvimento dos Planos Estaduais e Municipais de Prevenção da Violência mediante a realização de coleta, sistematização, análise e disseminação de informações; VII – Implantação de Serviços Sentinela, que serão responsáveis pela notificação dos casos de violências. SUS: PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 1 12 de abril de 2019 Camila Cordeiro Promoção do desenvolvimento sustentável: I – Apoio aos diversos centros colaboradores existentes no País que desenvolvem iniciativas promotoras do desenvolvimento sustentável; II – Apoio à elaboração de planos de ação estaduais e locais, incorporados aos Planos Diretores das Cidades; III – Fortalecimento de instâncias decisórias intersetoriais com o objetivo de formular políticas públicas integradas voltadas ao desenvolvimento sustentável; IV – Apoio ao envolvimento da esfera não- governamental (empresas, escolas, igrejas e associações várias) no desenvolvimento de políticas públicas de promoção da saúde, em especial no que se refere ao movimento por ambientes saudáveis; V – Reorientação das práticas de saúde de modo a permitir a interação saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável; VI – Estímulo à produção de conhecimento e desenvolvimento de capacidades em desenvolvimento sustentável; VII – Promoção do uso de metodologias de reconhecimento do território, em todas as suas dimensões – demográfica, epidemiológica, administrativa, política, tecnológica, social e cultural, como instrumento de organização dos serviços de saúde. Diferenças principais entre promoção da saúde e prevenção de doenças Categoria Promoção da saúde Prevenção de doenças Conceito de saúde Positivo, multidimencional Ausência de doença Modelo de intervenção Participativo, intersetorial Profissional da saúde Alvo Polulação e ambiente Grupo de alto risco Objetivo 3: Discutir a importância da Prevenção Quaternária As ações em saúde, tanto preventivas quanto curativas, têm sido consideradas, em algumas situações, excessivas e agressivas, tornando-se também um fator de risco para a enfermidade e a doença. Por essa razão, em 1995, Jamoulle e Roland propuseram o conceito de Prevenção Quaternária (Prevenção da Iatrogenia), aceito pelo Comitê Internacional da Organização Mundial dos Médicos de Família (WONCA) em 1999. Esse novo nível de prevenção pressupõe ações clínicas centradas na pessoa, e pautadas na epidemiologia clínica e na saúde baseada em evidências, visando melhorar a qualidade da prática em saúde, bem como a racionalidade econômica. Portanto, as ações devem ser cultural e cientificamente aceitáveis, necessárias e justifi- cadas, prezando pelo máximo de qualidade da atenção com o mínimo de quantidade e inter- venção possível. Outro objetivo da prevenção quaternária é construir a autonomia dos usuários e pacientes por meio de informações necessárias e suficientes para poderem tomar suas próprias decisões, sem falsas expectativas, conhecendo as vantagens e os inconvenientes dos métodos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos propostos. Em suma, consiste na construção da autonomia dos sujeitos e na detecção de indivíduos em risco de sobretratamento ou excesso de prevenção, para protegê-los de intervenções profissionais inapro- priadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis. Se comparada com os outros tipos de prevenção, ela ocupa uma posição diferenciada. Um espaço onde a doença no paradigma anato- moclínico não existe, mas a pessoa apresenta sintomas e sente-se doente. O diagrama abaixo adaptado de Marc Jamoulle nos ajuda a com- preender esse conceito: SUS: PROBLEMA 5 – FECHAMENTO 1 12 de abril de 2019 Camila Cordeiro Referências 1. Reorganização dos sistemas de saúde, Marcelo Marcos Piva Demarzo. Disponível em www.unasus.unifesp.br; 2. Política Nacional de Promoção da Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – 3. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010.
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