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Apostila Agente de Saúde

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1 
Estado da Paraíba 
MUNICÍPIO DE UIRAÚNA 
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE 
Comissão do Processo Seletivo Público para os Cargos de ACS e ACE 
 
 
 
 
 
CURSO INTRODUTÓRIO DE 
FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA 
ACS 
 
 
 
 
 
 
Uiraúna – PB 
2018 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO INTRODUTÓRIO DE 
FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA 
ACS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
SUMÁRIO 
 
Apresentação 6 
Objetivos 6 
Objetivo Geral 6 
Objetivos Específicos 6 
Metodologia 6 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO CURSO INTRODUTÓRIO DE FORMAÇÃO INICIAL 
E CONTINUADA PARA O CARGO DE ACS 
7 
UNIDADE 1 8 
1. A SAÚDE E A DOENÇA – Conceitos fundamentais 9 
 1.1 O PROCESSO SAÚDE DOENÇA 9 
 1.1.1. Doença 9 
 1.1.2. Saúde 9 
 1.1.3. Processo Saúde-Doença 9 
 1.1.4. Contexto histórico 10 
2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL 11 
3. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS 13 
4. PRINCIPIOS E DIRETRIZES DO SUS 14 
5. VISITANDO A HISTÓRIA DO SUS 15 
6. DIFICULDADES EXISTENTES NO SUS 16 
7. NOÇÕES DE LEGISLAÇÕES 17 
 7.1. O processo de implementação dos princípios e diretrizes 
organizacionais do SUS 
17 
 7.2. O resgate do SUS constitucional 19 
8. EDUCAÇÃO EM SAÚDE 20 
9. PROMOÇÃO DA SAÚDE 24 
 9.1. Diretrizes 25 
 9.2. Estratégias de implementação 25 
 9.3. Divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção da 
Saúde 
28 
10. VIGILÂNCIA EM SAÚDE (NOÇÕES DE AGRAVOS) 30 
 10.1. Componentes da vigilância em saúde 30 
 10.2. Noções de agravos 30 
 10.3. Vigilância Epidemiológica 32 
 10.3.1. Diagnóstico de caso 33 
 10.4. Vigilância Sanitária 35 
 10.5. Vigilância Ambiental 35 
UNIDADE 2 36 
11. REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE 37 
 11.1 Atributos da rede de atenção à saúde 37 
 11.2 Redes temáticas de Atenção à Saúde 38 
 11.2.1 Rede de Atenção à Saúde Materno-Infantil 38 
 11.2.2. Rede de Atenção à Urgência e Emergência (RUE) 39 
 11.2.3 Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) 39 
 11.2.4 Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas 40 
 11.2.5 Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência 40 
12. POLÍTICA NACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA 42 
 12.1. Conhecendo a PNAB 43 
 
 
 
4 
 12.2. Atribuições dos Profissionais das Equipes de Atenção Básica 48 
 12.2.1. Atribuições Comuns a todos os membros das Equipes que atuam na 
Atenção Básica 
48 
 12.2.2. Atribuições específicas dos profissionais das equipes que atuam na 
Atenção Básica 
50 
 12.3. Financiamento da Atenção Básica 58 
13. PERFIL E ATRIBUIÇÕES DO ACS 59 
 13.1. Atribuições do Agente Comunitário de Saúde 59 
 13.2. Perfil profissional 60 
 13.3. Contextualização do conceito de competência profissional para o Agente 
Comunitário de Saúde 
61 
 13.4. Descrição das competências profissionais do Agente Comunitário de Saúde 61 
 13.5. Novas atribuições dos Agentes Comunitários de Saúde de acordo com a nova 
PNAB 
62 
UNIDADE 3 63 
14. RELAÇÕES HUMANAS/INTERPESSOAIS 64 
 14.1. Princípios de relações humanas 65 
 14.2. O que são “relações humanas”? 65 
 14.3 “Empatia” e estilo de comunicação 66 
15. ÉTICA PROFISSIONAL 67 
 15.1. Princípios da ética 68 
 15.2. Ética na história 68 
 15.3. Ética e Moral 69 
 15.4. Ética profissional 70 
 15.5. Código de ética profissional 71 
 15.6. Relações humanas e ética profissional 71 
16. HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE 73 
 16.1. Política Nacional de Humanização - HumanizaSUS 73 
 16.2. Diretrizes do HumanizaSUS 74 
 16.3. Princípios do HumanizaSUS 76 
17. CIDADANIA 77 
 17.1. Exercício da cidadania 78 
UNIDADE 4 81 
18. TERRITORIALIZAÇÃO 82 
 18.1 Territorialização: base para a organização e planejamento em saúde 84 
 18.2. Objetivos da territorialização em saúde 84 
19. VISITA DOMICILIAR 86 
 19.1 Objetivos 87 
 19.2. Planejamento 87 
 19.3. Formalização da visita domiciliar 88 
 19.4 Visitas domiciliares do ACE e suas especificidades 89 
 19.5 Avaliação da vista domiciliar 89 
20. TÉCNICAS DE ABORDAGEM 91 
 20.1. Aspectos práticos da visita domiciliar 93 
UNIDADE 5 94 
21. INFORMAÇÃO EM SAÚDE 95 
 21.1 Desenvolvimento Histórico do conceito de Informação em Saúde 95 
 21.2 Utilização atual das informações em saúde 95 
 21.3 Sistemas de Informação em Saúde 95 
 21.4 O e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) 98 
 
 
 
5 
 21.4.1. Objetivo da estratégia 99 
 21.4.2. Adequação de fluxos organizativos nas UBS 100 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Apresentação 
Este curso foi pensado especialmente para entender a importância e as ações que são 
desenvolvidas pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) e sua inserção no processo de melhoria 
da qualidade dos serviços de saúde prestados à população. 
O papel social do ACS é de grande relevância no contexto de mudanças das práticas de 
saúde junto à população brasileira. É também um dos muitos desafios colocados para o Sistema 
Único de Saúde (SUS), relacionados à qualidade de vida do cidadão. 
Neste sentido, o módulo explora temas relacionados a políticas públicas de saúde, controle 
social, territorialização, bem como ações de promoção de saúde e prevenção de doenças, visando 
a melhoria da qualidade de vida da população. 
 Objetivos 
Objetivo Geral: 
Qualificar o Agente Comunitário de Saúde com conhecimentos iniciais para sua prática cotidiana 
com assuntos que contemplam e exploram a integração entre as equipes de saúde e a população 
adscrita à unidade básica de saúde, políticas públicas de saúde, controle social, bem como ações de 
promoção de saúde e prevenção de doenças. 
Objetivos Específicos: 
 Conhecer o Sistema Único de Saúde (SUS) 
 Reconhecer o papel do ACS 
 Compreender a importância do Planejamento e do Controle Social no SUS 
 Conhecer as atribuições do ACS 
 Reconhecer a importância do trabalho do ACS 
 Compreender a ética e sua importância no ambiente de trabalho 
 Reconhecer a comunicação como ferramenta para o trabalho do ACS 
 Compreender a Técnica da entrevista 
 Reconhecer a importância do trabalho em equipe 
 Compreender a importância da visita domiciliar 
 Reconhecer a importância do cadastramento das famílias e compreender o fluxo das 
informações 
 Reconhecer a representação do espaço geográfico da comunidade através de mapas 
Metodologia 
 
Serão utilizadas aulas teóricas e teórico-práticas com conteúdo que colaboram para atuação 
do ACS ao longo de sua carreira profissional. 
Recursos Utilizados 
 Aulas expositivas; 
 Textos de apoio; 
 Vídeos; 
 Formulários e impressos da prática profissional; 
 Leis e Portarias. 
Estratégia de Avaliação 
A avaliação tem caráter processual. O aluno será avaliado de forma contínua no decorrer de todo o 
módulo. Por intermédio de itens de auto avaliações ao final de cada unidade. 
 
 
 
7 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO CURSO INTRODUTÓRIO DE FORMAÇÃO INICIAL E 
CONTINUADA PARA O CARGO DE ACS 
 
Unidades Conteúdo/Bases Tecnológicas 
Carga 
horária 
Unidade 1 
O processo Saúde/Doença 
Políticas Públicas de Saúde 
Sistema de Saúde no Brasil 
Noções de Legislações 
04 
Educação em Saúde 
Promoção da Saúde 
Vigilância em Saúde (noções de agravos) 
04 
Unidade 2 
Redes de Atenção à Saúde 
Política Nacional da Atenção Básica 
Perfil e atribuições do ACS 
08 
Unidade 3 
Relações Humanas/Interpessoais 
Trabalho em Equipe 
Ética Profissional 
Humanização do cuidado em saúde 
Cidadania 
08 
Unidade 4 
Territorialização 04 
Visita Domiciliar 
Técnicas de abordagem 
04 
Unidade 5 
Noções de levantamento de índice e pontos estratégicos 02 
Apresentação de material de campo 02 
Prática Supervisionada 04 
 Total 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
UNIDADE 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
1. A SAÚDE E A DOENÇA – Conceitos fundamentais 
 
1.1. O PROCESSO SAÚDE DOENÇA 
1.1.1. Doença 
A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas,pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e 
sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece (CANGUILHEM; CAPONI apud 
BRÊTAS e GAMBA, 2006). 
 “Para Evans & Stoddart (1990) a doença não é mais que um constructo que guarda relação com o 
sofrimento, com o mal, mas não lhe corresponde integralmente. Quadros clínicos semelhantes, ou seja, com 
os mesmos parâmetros biológicos, prognóstico e implicações para o tratamento, podem afetar pessoas 
diferentes de forma distinta, resultando em diferentes manifestações de sintomas e desconforto, com 
comprometimento diferenciado de suas habilidades de atuar em sociedade. O conhecimento clínico pretende 
balizar a aplicação apropriada do conhecimento e da tecnologia, o que implica que seja formulado nesses 
termos. No entanto, do ponto de vista do bem-estar individual e do desempenho social, a percepção 
individual sobre a saúde é que conta (EVANS; STODDART, 1990).” (OLIVEIRA; EGRY, 2000). 
1.1.2. Saúde 
A Organização Mundial de Saúde propõe um conceito amplo de saúde como “estado de 
completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente à ausência de doença ou 
enfermidade – é um direito fundamental, e que a consecução do mais alto nível de saúde é a mais 
importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e 
econômicos, além do setor saúde” (OMS, 1976). 
A saúde é silenciosa, geralmente não a percebemos em sua plenitude; na maior parte das 
vezes apenas a identificamos quando adoecemos. É uma experiência de vida, vivenciada no 
âmago do corpo individual. Ouvir o próprio corpo é uma boa estratégia para assegurar a saúde 
com qualidade, pois não existe um limite preciso entre a saúde e a doença, mas uma relação de 
reciprocidade entre ambas; entre a normalidade e a patologia, na qual os mesmos fatores que 
permitem ao homem viver (alimento, água, ar, clima, habitação, trabalho, tecnologia, relações 
familiares e sociais) podem causar doenças. Essa relação é demarcada pela forma de vida dos 
seres humanos, pelos determinantes biológicos, psicológicos e sociais. Tal constatação nos remete 
à reflexão de que o processo saúde-doença-adoecimento ocorre de maneira desigual entre os 
indivíduos, as classes e os povos, recebendo influência direta do local que os seres ocupam na 
sociedade (BERLINGUER apud BRÊTAS e GAMBA, 2006). 
Nessa dimensão, a saúde torna-se a capacidade que o ser humano tem de gastar, consumir 
a própria vida. Entretanto, é importante destacar que a vida não admite a reversibilidade, ela 
aceita apenas reparações. Cada vez que o indivíduo fica doente, está reduzindo o poder que tem 
de enfrentar outros agravos; ele gasta seu seguro biológico, sem o qual não estaria vivo (BRÊTAS 
e GAMBA, 2006). 
1.1.3. Processo saúde-doença 
Muito se tem escrito sobre o Processo Saúde-Doença, no entanto um novo instrumento 
intelectual para a apreensão da saúde e da doença deve levar em conta a distinção entre a doença, 
tal como definida pelo sistema da assistência à saúde – e a saúde, tal como percebida pelos 
 
 
 
10 
indivíduos. Também, deve incluir a dimensão do bem-estar, um conceito maior, no qual a 
contribuição da saúde não é a única e nem a mais importante. O sofrimento experimentado pelas 
pessoas, suas famílias e grupos sociais não corresponde necessariamente à concepção de doença 
que orienta os provedores da assistência, como os profissionais da Estratégia Saúde da Família. 
Por outro lado, como alternativa para a superação dos modelos causais clássicos, centrados em 
ações individuais, como os métodos diagnósticos e terapêuticos, a vacinação, a educação em 
saúde, ainda que dirigidos aos denominados grupos de risco, haveria que privilegiar a dimensão 
coletiva do fenômeno saúde-doença, por meio de modelos interativos que incorporassem ações 
individuais e coletivas. Uma nova maneira de pensar a saúde e a doença deve incluir explicações 
para os achados universais de que a mortalidade e a morbidade obedecem a um gradiente, que 
atravessa as classes socioeconômicas, de modo que menores rendas ou status social estão 
associados a uma pior condição em termos de saúde. Tal evidência constitui-se em um indicativo 
de que os determinantes da saúde estão localizados fora do sistema de assistência à saúde 
(EVANS; STODDART, 2003; SCHRAIBER; MENDES-GONÇALVES, 1996 apud OLIVEIRA; 
EGRY, 2000). 
Para Gadamer (apud BRÊTAS e GAMBA, 2006), saúde e doença não são duas faces de uma mesma 
moeda. De fato, se considerarmos um sistema de saúde, como, por exemplo, o SUS, é possível verificar que 
as ações voltadas para o diagnóstico e tratamento das doenças são apenas duas das suas atividades. Inclusão 
social, promoção de equidade ou de visibilidade e cidadania são consideradas ações de saúde. O entendimento 
da saúde como um dispositivo social relativamente autônomo em relação à ideia de doença, e as repercussões 
que este novo entendimento traz para a vida social e para as práticas cotidianas em geral e dos serviços de 
saúde em particular, abre novas possibilidades na concepção do processo saúde e doença. 
1.1.4. Contexto histórico 
 Na antiguidade, quando das religiões politeístas, acreditava-se que a saúde era dádiva e 
a doença castigo dos deuses. 
 As religiões monoteístas a dádiva da saúde e o castigo da doença passou a ser da 
responsabilidade de um único deus. 
 Em 400 anos AC, Hipócrates desenvolve o tratado “Os Ares e os Lugares” onde relaciona 
os locais da moradia, a água para beber, os ventos, com a saúde e a doença. 
 Até o século XIX vigora a teoria miasmática que consiste na crença de que a doença é 
transmitida pela inspiração de “gases” de animais e dejetos em decomposição. 
 Ao final do século XVIII, predominavam na Europa como forma de explicação para o 
adoecimento humano os paradigmas socioambientais: surgem as primeiras evidências da 
determinação social do processo saúde-doença. 
 Com a descoberta dos micróbios, a Bacteriologia ganha forças e os microrganismos 
passam a ser identificados como causadores das doenças. 
 Com o avanço da tecnologia e o estudo dos condicionantes e determinantes para o 
processo de saúde doença atualmente vê-se o entendimento multifatorial para a saúde e 
consequentemente a doença. 
 Com o passar dos anos, as mudanças nas sociedades levaram à necessidade de uma 
ampliação do entendimento sobre saúde: é quando após a II Guerra Mundial, a 
Organização das Nações Unidas (ONU) cria a Organização Mundial de Saúde (OMS), 
composta por técnicos de vários países, com o objetivo de estudar e sugerir alternativas 
para melhorar a saúde mundial. 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS 
Anotações 
O artigo 200 da Constituição Federal aponta ao SUS como suas competências, além de outras atribuições, nos termos 
da lei: 
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de 
medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; 
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; 
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; 
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para 
consumo humano; 
VII - participar do controle e fiscalização daprodução, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos 
psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 
 
 
 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. PRINCIPIOS E DIRETRIZES DO SUS 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. VISITANDO A HISTÓRIA DO SUS 
A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de 1986, é considerada um marco na história das 
conferências. Foi a primeira Conferência Nacional da Saúde aberta à sociedade e resultou na implantação do 
Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), um convênio entre o INAMPS e os governos estaduais, 
mas o mais importante foi ter formado as bases para a seção “Da Saúde” da Constituição Brasileira de 5 de 
outubro de 1988. Além disso desempenhou um importante papel na propagação do movimento da Reforma 
Sanitária. 
Convocada pelo ministro Carlos Santanna e realizada sob a gestão de Roberto Figueira Santos, a 8ª 
Conferência teve sua Comissão Organizadora presidida por Sergio Arouca, uma das principais lideranças do 
Movimento da Reforma Sanitária. Os eixos temáticos da conferência eram compostos por três itens: 1) saúde 
como direito; 2) reformulação do Sistema Nacional de Saúde; e 3) financiamento do setor. Um amplo 
processo de mobilização social, que articulou representação de diferentes segmentos e estimulou a 
realização de pré-conferências nos estados, permitiu a reunião de cerca de quatro mil pessoas em Brasília, 
dos quais mil eram delegados com direito a voz e voto, para discutir os rumos do sistema de saúde. 
 
 
 
16 
6. DIFICULDADES EXISTENTES NO SUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
7. NOÇÕES DE LEGISLAÇÕES 
 
O direito à saúde elevado ao patamar de direito essencial em função de sua ligação 
intrínseca com o direito à vida e à dignidade da pessoa humana no âmbito da positivação dos 
direitos sociais atribuída pela Constituição de 1988, traduz-se no reconhecimento da saúde como 
direito público subjetivo de eficácia plena e imediata. A tutela estatal e o agir positivo, ao ensejarem 
a criação e efetivação de políticas públicas, fazem com que esses direitos adquiram caráter coletivo. 
O SUS, responsável pela garantia do exercício do direito à saúde, tem como suportes 
doutrinários o direito universal e dever do Estado (artigo 196 da Constituição Brasileira de 1988); 
a integralidade das ações de saúde; a descentralização, com direção única em cada esfera de poder 
e a participação da sociedade (artigo 198). Em termos operacionais, trata-se de um sistema 
unificado, regionalizado, com atribuições definidas por esfera de governo, financiamento 
compartilhado e áreas de competências e abrangência firmadas. A saúde passa a ter o estatuto de 
bem de relevância pública tal como previsto no artigo 197, que define a competência do poder 
público na regulamentação, fiscalização e controle das ações e serviços de saúde. O artigo 199 
franqueia à iniciativa privada a participação nas atividades de saúde. As áreas de atuação e 
competência dos órgãos do sistema de saúde são definidas no artigo 200. Segundo este dispositivo, 
o controle, fiscalização, execução e ordenamento das políticas, ações e programas referentes a itens 
diversos, tais como alimentos, medicamentos, equipamentos, hemoderivados, saneamento básico, 
formação de recursos humanos para a saúde, ambientes de trabalho, desenvolvimento científico e 
tecnológico e meio ambiente são atribuições do SUS. 
O conteúdo constitucional do SUS é discriminado e detalhado em duas leis orgânicas, a Lei 
8.080/90 e a Lei 8.142/ 90. A Lei 8.080/90 contém dispositivos relacionados com o direito universal, 
relevância pública, unicidade, descentralização, financiamento, entre outros, enfatizando a 
definição das atribuições de cada esfera de governo dentro do novo sistema. A Lei 8.142/ 90 dispõe 
sobre o caráter, as regras de composição, regularidade de funcionamento das instâncias colegiadas 
do SUS – o conselho e a conferência de saúde – e transferências intergovernamentais de recursos. 
Ao longo do tempo, a legislação ordinária foi complementada por decretos de autoria do poder 
executivo ou do legislativo e normas emanadas do Ministério da Saúde, entre as quais as normas 
operacionais básicas (NOBs) que determinaram as regras para o repasse dos recursos federais às 
esferas subnacionais. 
7.1. O processo de implementação dos princípios e diretrizes organizacionais do 
SUS 
Os questionamentos à Constituição de 1988, especialmente quanto à generosa e abrangente 
perspectiva de organização de um sistema integrado de seguridade social e ao apoio às propostas 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/intsau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/rechumsau.html
 
 
 
18 
de organização de seguros baseados na relação contribuição-benefício sob regime de capitalização 
emanadas do receituário de ajuste fiscal, alteraram o curso de implementação do SUS. 
No início dos anos 90, a conjuntura adversa aos projetos de corte universalista contribuiu 
para a fragmentação das bases de apoio político, não observância das normas sobre as receitas e 
destinos do orçamento da ‘seguridade social’ e distintas velocidades da regulamentação de cada 
um de seus componentes: saúde, previdência e assistência social. A fragmentação da seguridade 
social e, em especial, o não cumprimento dos preceitos constitucionais relacionados com o 
financiamento da saúde limitaram a plena implementação do SUS. 
Em 1993, o então Ministério da Previdência e Assistência Social retirou as transferências 
destinadas à saúde a partir da contribuição sobre a folha de salários. Desde então, a resistência 
contra o subfinanciamento da saúde tem sido a tônica de entidades da sociedade civil, 
parlamentares e integrantes do poder judiciário e do ministério público, e a participação das esferas 
subnacionais, principalmente os municípios, tem sido crescente. A mobilização permanente em 
torno da garantia de recursos para a saúde gerou compromissos governamentais com a 
estabilidade dos repasses tal como expressos na Emenda Constitucional 29. 
No que concerne ao desenho e à execução dos pactos intergovernamentais para consolidar 
o processo de descentralização e reorganizar as redes do sistema de saúde, os avanços são notáveis. 
Nos marcos da democracia e do federalismo, o SUS construiu uma estrutura institucional complexa 
para coordenar as ações dos três níveis de governo: as ações de saúde pública e os serviços de 
saúde estatais, filantrópicos e privados. 
As Comissões Gestoras Bipartite e a Comissão Tripartite, integradas por representantes das 
três esferas de governo, são instâncias de decisão compartilhada sobre políticas de saúde. Os 
governos locais tornaram-se essenciais na organização da atenção à saúde, e os representantes dos 
usuários, profissionais de saúde e gestores civis dispõem de instrumentos para formular políticas 
de saúde, controlar e fiscalizar a ação das instituições de saúde. Contabilizam-se ainda, entre os 
expressivos avanços da estruturação de um sistema único e descentralizado, os êxitos do impacto 
sobre o controle/redução de agravos relacionados com a oferta de atenção universal a grupos 
populacionais definidos. 
Contudo, o SUS, no que concerne especialmente à oferta de assistência médico-hospitalar, 
não é universal. A preservação da segmentação das demandas condiciona e de certo modo legitima 
o subfinanciamento público para a atenção universal à saúde e desafia permanentemente a lógica 
da organização do SUS. A vigência da clivagem assistencial afeta a eqüidade do acesso aos serviços 
de saúde, os valores sobre a qualidade do que é público e a própria definição de SUS. Os usos 
correntes do termoSUS, como sinônimo de um convênio de repasse de recursos ou órgão de 
compra de serviços e não como sistema de saúde, restringem drasticamente sua natureza e 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/socciv.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/atesau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/equsau.html
 
 
 
19 
atribuições constitucionais. Alternativamente, a imunidade do direito à saúde tal como previsto 
pela Constituição de 1988 às tentativas de desfigurá-lo, bem como os efeitos favoráveis da inclusão 
e universalização das ações de saúde conferiram ao SUS o estatuto de política de Estado e modelo 
exemplar de sistema de saúde na América Latina. 
 
7.2. O resgate do SUS constitucional 
As avaliações sobre a persistência de problemas de saúde e elevadas desigualdades 
econômico-sociais e no acesso a bens e serviços vis-à-vis o subfinanciamento, as distorções na 
estrutura dos gastos públicos e a subordinação das políticas sociais em face da ‘financeirização’ do 
orçamento público estimularam a realização do VIII Simpósio da Câmara Federal sobre Política 
Nacional de Saúde em 2005 
O debate e a mobilização para o resgate do SUS constitucional implicam a defesa da 
seguridade social e a definição de uma política nacional de desenvolvimento e, portanto, revisão 
da política monetária. Recursos oriundos da desvinculação de receitas da União, inclusive das 
contribuições sociais e do elevado superávit fiscal, devem ser redirecionados para as políticas 
sociais. As iniciativas de criar e reunir um Fórum da Reforma Sanitária na Escola Nacional de 
Saúde Pública Sergio Arouca e a realização de reuniões conjuntas da Associação Brasileira de 
Saúde Coletiva (Abrasco) Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Rede Unida, Associação 
Brasileira de Economia da Saúde (Abres), Associação Nacional de Promotores do Ministério 
Público em Defesa da Saúde (Ampasa) e a Frente Parlamentar da Saúde permitiram ampliar e 
aprofundar a reflexão e as propostas de resgate do SUS constitucional. 
O documento “SUS pra Valer: universal, humanizado e de qualidade”, subscrito por essas 
entidades, elaborado no segundo semestre de 2006, contendo estratégias programáticas, reafirma 
a imprescindibilidade da compatibilização dos padrões de saúde dos brasileiros ao progresso 
tecnológico, cultural e político disponível. Por sua vez, as instituições responsáveis pela gestão do 
SUS definiram novas diretrizes para a descentralização no Pacto pela Vida, em Defesa do ‘SUS’ e 
de Gestão, proposto pelo Ministério da Saúde, Conselho de Secretários de Saúde (Conass) e 
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) em 2006. Medidas como o 
reforço à organização das regiões sanitárias, a cogestão, a base do financiamento tripartite como 
parâmetro para o planejamento e definição de responsabilidades sanitárias compartilhadas 
aproximam a trajetória do SUS real a do SUS constitucional. 
Os esforços para corrigir o rumo e o prumo da trajetória do SUS, quer oriundos da esfera 
da sociedade civil, quer gerados na esfera governamental, ainda que até agora tenham logrado 
contra-restar plenamente obstáculos estruturais, expressam a vitalidade e perenidade de seus 
princípios e diretrizes. 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/gessau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/gessau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/gessau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/socciv.html
 
 
 
20 
8. EDUCAÇÃO EM SAÚDE 
 
Inicialmente, deve-se localizar a temática da educação em saúde como um campo de disputas 
de projetos de sociedade e visões de mundo que se atualizam nas formas de conceber e organizar 
os discursos e as práticas relativas à educação no campo da saúde. Para se compreender as 
concepções de educação em saúde é necessário buscar entender as concepções de educação, saúde 
e sociedade a elas subjacentes. 
Neste sentido, educação, saúde e trabalho são compreendidos como práticas sociais que 
fazem parte do modo de produção da existência humana. 
Nas sociedades capitalistas ocidentais a educação é vista como: 
 Ato normativo, com prescrição das práticas dominantes; 
 Pretensão de objetividade e neutralidade do conhecimento; 
 Razão cientifica. 
Tal entendimento de educação repercute em todos os aspectos da vida e gera uma 
compreensão da saúde objetiva e majoritariamente biológica. 
O educador passa a possuir um comportamento controlador, se reduz a um transmissor das 
informações, e o aluno, um seu correspondente, um mero receptor passivo das informações 
educativas. Por sua vez, o profissional de saúde pode tornar-se um operador de protocolos e 
condutas, e o ‘ doente’, um corpo onde se dá a doença e, consequentemente, o ato médico. 
O desenvolvimento da educação sanitária, a partir dos EUA, deu-se de forma associada à 
saúde pública, tendo sido instrumento das ações de prevenção das doenças, caracterizando-se pela 
transmissão de conhecimento. Mesmo que realizada de forma massiva, como no caso das 
campanhas sanitárias no Brasil, a perspectiva não contemplava a dimensão histórico-social do 
processo saúde-doença. 
O movimento pela Reforma Sanitária no Brasil, fez uma crítica severa aos efeitos do 
distanciamento da saúde pública em relação ao social, que como o social não é considerado na 
prática da saúde pública, senão em perspectiva restrita, a educação passa a ser uma atividade 
paralela, tendo como finalidade auxiliar a efetivação dos objetivos eminentemente técnicos dos 
programas de saúde pública. 
Entretanto, numa perspectiva crítica, a educação parte da análise das realidades sociais, 
buscando revelar as suas características e as relações que as condicionam e determinam. 
Da mesma forma, no campo da saúde, a compreensão do processo saúde-doença como 
expressão das condições objetivas de vida, isto é, como resultante das condições de “habitação, 
alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, 
acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde” apontam a saúde e a doença como produções 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edu.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/sau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html
 
 
 
21 
sociais, passíveis de ação e transformação, e aponta também para um plano coletivo e, não somente 
individual de intervenção. 
Na interação da educação e da saúde torna-se possível pensar educação em saúde como 
formas do homem reunir e dispor recursos para intervir e transformar as condições objetivas 
(habitação, alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, 
liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde), visando a alcançar a saúde como 
um direito socialmente conquistado, a partir da atuação individual e coletiva de sujeitos político-
sociais. 
Quanto ao trabalho em saúde, a forma histórica mais frequente se baseia na biomedicina, 
organizando o processo de trabalho de forma centralizada na prática e saber médico, 
caracterizando-se pela hierarquização, reproduzindo a divisão intelectual e social do trabalho e do 
saber em saúde. 
Dessa forma, a educação em saúde, produzida nos serviços de saúde, esteve muito atrelada 
a esse modelo, assim como, as práticas de educação sanitária, dirigidas à sociedade em geral e suas 
instituições, reproduziram em larga escala o poder biomédico, tendo funcionado, muitas vezes, 
como braços do controle do estado sobre os indivíduos e as relações sociais. 
Atualmente, considerando a importância adquirida pelo projeto de promoção da saúde, que 
busca atingir várias dimensões da vida social (família, escola, comunidade) e individual (cuidados 
com o corpo, desenvolvimento de hábitos saudáveis), a discussão sobre as dimensões individuais 
e coletivas dasaúde/doença torna-se oportuna e particularmente importante. 
O modelo da promoção, no qual a educação em saúde se apresenta como um dos seus eixos 
de sustentação, vê-se diante do desafio de corresponsabilizar o indivíduo pela dinâmica saúde-
doença, acaba culpando o indivíduo, esvaziando a compreensão da dimensão social do processo 
saúde/doença. 
No movimento constante em defesa do Sistema Único de Saúde(SUS) como projeto de um 
sistema universal, público, equânime, integral e democrático, encontra-se a necessidade de se 
buscar uma concepção da relação educação e saúde que se configura como resultado da ação 
política de indivíduos e da coletividade, com base no entendimento da saúde e da educação em 
suas múltiplas dimensões: social, ética, política, cultural e científica. 
O potencial da educação para emancipação das pessoas, está presente nas teses que permeiam 
o pensamento de Paulo Freire. Esse pensador exerceu forte influência no Movimento da Educação 
Popular em Saúde, na América Latina e, particularmente, no Brasil. 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/trasau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/protrasau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/sisunisau.html
 
 
 
22 
São marcas da pedagogia 
freireana a concepção de processo 
ensino-aprendizagem como uma 
troca, como um processo 
dialógico entre educador e 
educando, que se dá numa 
realidade vivida. O conhecimento 
vem da reflexão crítica sobre essa realidade, construindo-se, ao mesmo tempo em que o homem 
vai se constituindo e se posicionando como um ser indivíduo. Nesse sentido, não cabem relações 
verticais de domínio entre educador e educando, ou a transferência de conhecimentos e a 
normatização de hábitos, que marcaram o pensamento prioritário da educação sanitária no século 
passado e que ainda hoje estão presentes nas práticas educativas em saúde. 
Como campo de disputas, a educação em saúde é permeada por essas várias concepções que 
se enfrentam, ainda hoje, nas práticas dos diversos trabalhadores da saúde que realizam o SUS. Em 
certa medida, cumpre reforçar que não são somente perspectivas ou correntes educacionais ou 
sanitárias que se defrontam, mas formas de conceber os homens, a relação entre estes, as formas 
de organizar a sociedade e partilhar os bens por ela produzidos. 
Assim quando falamos em educação em saúde existem dois tipos distintos: 
1. Educação Popular em Saúde: que consiste nos processos de educação voltados à 
população realizados de forma individual e/ou coletiva que visam a promoção da saúde 
e a redução das doenças e agravos à saúde, direcionada prioritariamente pela Política 
Nacional de Promoção da Saúde, e; 
2. Educação Permanente em Saúde: que consiste nos processos contínuos de formação em 
serviço voltados aos trabalhadores dos serviços de saúde e do SUS, direcionada 
prioritariamente pela Política Nacional de Educação Permanente. 
A Educação Permanente em Saúde (EPS) é uma proposta ético-político-pedagógica que visa 
transformar e qualificar a atenção à saúde, os processos formativos, as práticas de educação em 
saúde, além de incentivar a organização das ações e dos serviços numa perspectiva intersetorial. 
Nessa perspectiva, o Ministério da Saúde propôs a Política Nacional de Educação Permanente 
em Saúde (PNEPS) como estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) para a formação e o 
desenvolvimento dos seus trabalhadores, buscando articular a integração entre ensino, serviço e 
comunidade, além de assumir a regionalização da gestão do SUS, como base para o 
desenvolvimento de iniciativas qualificadas ao enfrentamento das necessidades e dificuldades do 
sistema. 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html
 
 
 
23 
A PNEPS é uma estratégia que pretende promover transformações nas práticas do trabalho, 
com base em reflexões críticas, propondo o encontro entre o mundo da formação e o mundo do 
trabalho, através da interseção entre o aprender e o ensinar na realidade dos serviços. 
O Ministério da Saúde está em fase 
de preparação para dar início ao Processo 
de Revisão da Política Nacional de 
Educação Permanente em Saúde (PNEPS). 
A iniciativa faz parte do conjunto de 
estratégias do Departamento em parceria 
com o Ministério da Educação (MEC), 
CONASS, CONASEMS, Conselho 
Nacional de Saúde, Rede de Escolas Técnicas do SUS, Escolas de Saúde Pública, instituições de 
ensino, Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e demais secretarias do Ministério da Saúde. 
O processo de revisão da PNEPS tem dentre seus objetivos, estabelecer de forma coletiva 
estratégias para atualizar a Portaria GM/MS Nº 1996 do ano de 2007, que dispõe sobre as diretrizes 
para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e dá outras 
providências, e que completa, em 2017, dez anos de publicação. Outras ações, como forma de 
reconhecer e implementar a Educação permanente nos territórios, frente às atuais demandas do 
Sistema Único de Saúde (SUS), também estão previstas e serão definidas conjuntamente com todos 
os envolvidos no processo. 
ANOTAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
9. PROMOÇÃO DA SAÚDE 
 
As mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais, que ocorreram no mundo desde o século XIX e 
que se intensificaram no século passado, produziram alterações significativas para a vida em sociedade. Ao 
mesmo tempo, tem-se a criação de tecnologias cada vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades 
humanas e o aumento dos desafios e dos impasses colocados ao viver. A saúde, sendo uma esfera da vida de 
homens e mulheres em toda sua diversidade e singularidade, não permaneceu fora do desenrolar das 
mudanças da sociedade nesse período. O processo de transformação da sociedade é também o processo de 
transformação da saúde e dos problemas sanitários. 
 Nas últimas décadas, tornou-se mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a 
vulnerabilidade ao adoecer e as chances de que ele seja produtor de incapacidade, de sofrimento crônico e 
de morte prematura de indivíduos e população. Além disso, a análise do processo saúde-adoecimento 
evidenciou que a saúde é resultado dos modos de organização da produção, do trabalho e da sociedade em 
determinado contexto histórico e o aparato biomédico não consegue modificar os condicionantes nem 
determinantes mais amplos desse processo, operando um modelo de atenção e cuidado marcado, na maior 
parte das vezes, pela centralidade dos sintomas. 
No Brasil, pensar outros caminhos para garantir a saúde da população significou pensar a 
redemocratização do País e a constituição de um sistema de saúde inclusivo. Em 1986, a 8ª Conferência 
Nacional de Saúde (CNS) tinha como tema “Democracia é Saúde” e constituiu-se em fórum de luta pela 
descentralização do sistema de saúde e pela implantação de políticas sociais que defendessem e cuidassem 
da vida (Conferência Nacional de Saúde, 1986). Era um momento chave do 10 movimento da Reforma 
Sanitária brasileira e da afirmação da indissociabilidade entre a garantia da saúde como direito social 
irrevogável e a garantia dos demais direitos humanos e de cidadania. O relatório final da 8ª CNS lançou os 
fundamentos da proposta do SUS (BRASIL, 1990a). 
A promoção da saúde, como uma das estratégias de produção de saúde, ou seja, como um modo de 
pensar e de operar articulado às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, 
contribui na construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde. No SUS, a 
estratégia de promoção da saúde é retomada como uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam 
o processo saúde-adoecimento em nosso País – como, por exemplo: violência,desemprego, subemprego, 
falta de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à educação, fome, 
urbanização desordenada, qualidade do ar e da água ameaçada e deteriorada; e potencializam formas mais 
amplas de intervir em saúde. 
O cuidado em saúde envolve fundamentalmente o estabelecimento de uma rede de compromissos e 
corresponsabilidades em favor da vida e da criação das estratégias necessárias para que ela exista. A um só 
tempo, comprometer-se e corresponsabilizar-se pelo viver e por suas condições são marcas e ações próprias 
 
 
 
25 
da clínica, da saúde coletiva, da atenção e da gestão, ratificando-se a indissociabilidade entre esses planos de 
atuação. 
 Entende-se, portanto, que a promoção da saúde é uma estratégia de articulação transversal na qual 
se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças entre 
necessidades, territórios e culturas presentes no nosso País, visando à criação de mecanismos que reduzam 
as situações de vulnerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem a participação e o controle 
sociais na gestão das políticas públicas. 
 Entende-se que a promoção da saúde se apresenta como um mecanismo de fortalecimento e 
implantação de uma política transversal, integrada e intersetorial, que faça dialogar com as diversas áreas do 
setor sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado e não-governamental, e a sociedade, compondo 
redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todos sejam 
partícipes na proteção e no cuidado com a vida. 
 Vê-se, portanto, que a promoção da saúde se realiza na articulação sujeito/coletivo, público/privado, 
estado/sociedade, clínica/ política, setor sanitário/outros setores, visando romper com a excessiva 
fragmentação na abordagem do processo saúde-adoecimento e reduzir a vulnerabilidade, os riscos e os 
danos que nele se produzem. 
Nesse sentido, a elaboração da Política Nacional de Promoção da Saúde é oportuna, posto que seu 
processo de construção e de implantação/implementação – nas várias esferas de gestão do SUS e na interação 
entre o setor sanitário e os demais setores das políticas públicas e da sociedade – provoca a mudança no 
modo de organizar, planejar, realizar, analisar e avaliar o trabalho em saúde. 
 
Objetivo geral: Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos 
seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, 
lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais 
 
Objetivos específicos 
I – Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica; 
 II – Ampliar a autonomia e a corresponsabilidade de sujeitos e coletividades, inclusive o poder público, no 
cuidado integral à saúde e minimizar e/ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer ordem (étnica, 
racial, social, regional, de gênero, de orientação/opção sexual, entre outras); 
III– Promover o entendimento da concepção ampliada de saúde, entre os trabalhadores de saúde, tanto das 
atividades-meio, como os da atividades-fim; 
IV – Contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e 
segurança das ações de promoção da saúde; 
 
 
 
26 
V – Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas/ contributivas no âmbito das ações de 
promoção da saúde; 
 VI – Valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convivência e de produção de saúde para o 
desenvolvimento das ações de promoção da saúde; 
 VII – Favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção de ambientes mais seguros e saudáveis; 
18 VIII – Contribuir para elaboração e implementação de políticas públicas integradas que visem à melhoria 
da qualidade de vida no planejamento de espaços urbanos e rurais; 
 IX – Ampliar os processos de integração baseados na cooperação, solidariedade e gestão democrática; 
X – Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de doenças e agravos à saúde; 
XI – Estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o desenvolvimento de uma cultura de paz no 
País; e 
 XII – Valorizar e ampliar a cooperação do setor Saúde com outras áreas de governos, setores e atores sociais 
para a gestão de políticas públicas e a criação e/ou o fortalecimento de iniciativas que signifiquem redução 
das situações de desigualdade. 
 
9.1.Diretrizes 
 I – Reconhecer na promoção da saúde uma parte fundamental da busca da equidade, da melhoria da 
qualidade de vida e de saúde; 
 II – Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o desenvolvimento integral das 
ações de promoção da saúde; 
 III – Fortalecer a participação social como fundamental na consecução de resultados de promoção da saúde, 
em especial a equidade e o empoderamento individual e comunitário; 
 IV – Promover mudanças na cultura organizacional, com vistas à adoção de práticas horizontais de gestão e 
estabelecimento de redes de cooperação intersetoriais; 
 V – Incentivar a pesquisa em promoção da saúde, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança das 
ações prestadas; e 
VI – Divulgar e informar das iniciativas voltadas para a promoção da saúde para profissionais de saúde, 
gestores e usuários do SUS, considerando metodologias participativas e o saber popular e tradicional. 
 
9.2. Estratégias de implementação 
 I – Estruturação e fortalecimento das ações de promoção da saúde no Sistema Único de Saúde, privilegiando 
as práticas de saúde sensíveis à realidade do Brasil; 
II – Estímulo à inserção de ações de promoção da saúde em todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção 
básica, voltadas às ações de cuidado com o corpo e a saúde; alimentação saudável e prevenção, e controle ao 
tabagismo; 
 
 
 
27 
III – Desenvolvimento de estratégias de qualificação em ações de promoção da saúde para profissionais de 
saúde inseridos no Sistema Único de Saúde; 
IV – Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação de profissionais para atuação na área de 
informação, comunicação e educação popular referentes à promoção da saúde que atuem na Estratégia Saúde 
da Família e de Agentes Comunitários de Saúde; 
V – Apoio a estados e municípios que desenvolvam ações voltadas para a implementação da Estratégia 
Global, vigilância e prevenção de doenças e agravos não transmissíveis; 
(Entre outras) 
Responsabilidades das esferas de gestão 
Federal Estadual Municipal 
I – Divulgar a Política Nacional 
de Promoção da Saúde; 
II – Promover a articulação com 
os estados para apoio à 
implantação e supervisão das 
ações referentes às ações de 
promoção da saúde; 
 III – Pactuar e alocar recursos 
orçamentários e financeiros para 
a implementação desta Política, 
considerando a composição 
tripartite; 
 IV – Desenvolvimento de ações 
de acompanhamento e avaliação 
das ações de promoção da saúde 
para instrumentalização de 
processos de gestão; 
I – Divulgar a Política Nacional de 
Promoção da Saúde; 
 II – Implementar as diretrizes da 
Política de Promoção da Saúde em 
consonância com as diretrizes 
definidas no âmbito nacional e as 
realidades loco-regionais; 
III – Estabelecer instrumentos e 
indicadores para o 
acompanhamento e a avaliação do 
impacto da 
implantação/implementação desta 
Política; 
I – Divulgar a Política Nacional de 
Promoção da Saúde; 
 II – Implementar as diretrizes da Política 
de Promoção da Saúde em consonância 
com as diretrizes definidas no âmbito 
nacional e as realidades locais; 
 III – Pactuar e alocar recursos 
orçamentários e financeiros para a 
implementação da Política de Promoção 
da Saúde; 
 IV – Criar uma referência e/ou grupos 
matriciais responsáveis pelo 
planejamento, implementação, 
articulação e monitoramento, e avaliação 
das ações de promoção da saúde nas 
secretarias de municipais de saúde; 
V – Adotar o processo de avaliaçãocomo 
parte do planejamento e da 
implementação das iniciativas de 
promoção da saúde, garantindo 
tecnologias adequadas; 
 VI – Participação efetiva nas iniciativas 
dos gestores federal e estadual no que diz 
respeito à execução das ações locais de 
promoção da saúde e à produção de 
dados e informações fidedignas que 
qualifiquem a pesquisas nessa área; 
 VII – Estabelecer instrumentos de gestão 
e indicadores para o acompanhamento e 
avaliação do impacto da implantação/ 
implementação da Política; 
 VIII – Implantar estruturas adequadas 
para monitoramento e avaliação das 
iniciativas de promoção da saúde; 
 IX – Implementar as diretrizes de 
capacitação e educação permanente em 
consonância com as realidades locais; 
 X – Viabilizar linha de financiamento 
para promoção da saúde dentro da 
política de educação permanente, bem 
como propor instrumento de avaliação de 
desempenho, no âmbito municipal; 
 
 
 
28 
9.3. Divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde 
 
Alimentação saudável 
I – Promover ações relativas à alimentação saudável visando à 
promoção da saúde e à segurança alimentar e nutricional, contribuindo 
com as ações e metas de redução da pobreza, a inclusão social e o 
cumprimento do direito humano à alimentação adequada; 
 II – Promover articulação intra e intersetorial visando à implementação 
da Política Nacional de Promoção da Saúde por meio do reforço à 
implementação das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e da Estratégia Global: 
 
Prática corporal/atividade física 
I – Ações na rede básica de saúde e na comunidade: 
a) mapear e apoiar as ações de práticas corporais/atividade 
física existentes nos serviços de atenção básica e na Estratégia de 
Saúde da Família, e inserir naqueles em que não há ações; 
b) ofertar práticas corporais/atividade física como caminhadas, 
prescrição de exercícios, práticas lúdicas, esportivas e de lazer, 
na rede básica de saúde, voltadas tanto para a comunidade como um todo quanto para grupos vulneráveis; 
c) capacitar os trabalhadores de saúde em conteúdo de promoção à saúde e práticas corporais/atividade 
física na lógica da educação permanente, incluindo a avaliação como parte do processo; 
d) estimular a inclusão de pessoas com deficiências em projetos de práticas corporais/atividades físicas. 
 
Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas 
 I – Investimento em ações educativas e sensibilizadoras para 
crianças e adolescentes quanto ao uso abusivo de álcool e suas 
consequências; 
II – Produzir e distribuir material educativo para orientar e 
sensibilizar a população sobre os malefícios do uso abusivo 
do álcool. 
III – Promover campanhas municipais em interação com as 
agências de trânsito no alerta quanto às consequências da 
“direção alcoolizada”; 
IV – Desenvolvimento de iniciativas de redução de danos pelo consumo de álcool e outras drogas que 
envolvam a corresponsabilização e autonomia da população; 
 
 
 
29 
 
Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito 
 I – Promoção de discussões intersetoriais que incorporem ações educativas à grade curricular de todos os 
níveis de formação; 
 II – Articulação de agendas e instrumentos de planejamento, 
programação e avaliação, dos setores diretamente 
relacionados ao problema; e 
 III – Apoio às campanhas de divulgação em massa dos dados 
referentes às mortes e sequelas provocadas por acidentes de 
trânsito. 
 
Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz 
I – Ampliação e fortalecimento da Rede Nacional de Prevenção da Violência e Promoção 
da Saúde; 
II – Investimento na sensibilização e capacitação dos gestores e profissionais de saúde na 
identificação e encaminhamento adequado de situações de violência intrafamiliar e 
sexual; 
 
ANOTAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
10. VIGILÂNCIA EM SAÚDE (NOÇÕES DE AGRAVOS) 
 
A expressão ‘vigilância em saúde’ remete, inicialmente, à palavra vigiar. Sua origem – do latim vigilare 
– significa, de acordo com o Dicionário Aurélio, observar atentamente, estar atento a, atentar em, estar de 
sentinela, procurar, campear, cuidar, precaver-se, acautelar-se. 
No campo da saúde, a ‘vigilância’ está historicamente relacionada aos conceitos de saúde e doença 
presentes em cada época e lugar, às práticas de atenção aos doentes e aos mecanismos adotados para tentar 
impedir a disseminação das doenças. 
A vigilância em saúde tem por objetivo a observação e análise permanentes da situação de saúde da 
população, articulando-se em um conjunto de ações destinadas a controlar determinantes, riscos e danos à 
saúde de populações que vivem em determinados territórios, garantindo-se a integralidade da atenção, o 
que inclui tanto a abordagem individual como coletiva dos problemas de saúde. 
 
10.1. Componentes da vigilância em saúde 
São as ações de vigilância, promoção, prevenção e controle de doenças e agravos à saúde, devendo-
se constituir em espaço de articulação de conhecimentos e técnicas. O conceito de vigilância em saúde inclui: 
 Vigilância e o controle das doenças transmissíveis; 
 Vigilância das doenças e agravos não transmissíveis; 
 Vigilância da situação de saúde/epidemiológica; 
 Vigilância ambiental em saúde; 
 Vigilância da saúde do trabalhador; 
 Vigilância sanitária. 
 
 A vigilância em saúde deve estar cotidianamente inserida em todos os níveis de atenção da saúde. A 
partir de suas específicas ferramentas as equipes de saúde da atenção primária e de vigilância ambiental 
podem desenvolver habilidades de programação e planejamento, de maneira a organizar os serviços com 
ações programadas de atenção à saúde das pessoas, aumentando-se o acesso da população a diferentes 
atividades e ações de saúde 
 
10.2 Noções de agravos 
Propósitos e funções para identificação de agravos 
AGENTE INFECCIOSO: agente biológico, capaz de produzir infecção ou doença infecciosa. 
Ex.: Vírus da gripe, vírus da dengue, bacilo de Hansen (causador da hanseníase). 
AGENTE ETIOLÓGICO: é o agente causador ou responsável por uma doença. Pode ser vírus, 
bactéria, fungo, protozoário ou helminto. É sinônimo de “patógeno”. 
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/vigsau.html
http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/sau.html
 
 
 
31 
RESERVATÓRIO: é qualquer local, vegetal, animal ou humano onde vive e multiplica-se um 
agente etiológico e do qual é capaz de atingir outros hospedeiros. Alguns autores dizem que o 
reservatório vivo perfeito (animal ou humano) é aquele que possui o agente etiológico, mas 
não padece com sua presença; prefiro usar o termo reservatório, independentemente de 
apresentar ou não os sintomas. 
Ex.: os humanos são os reservatórios do S. mansoni. 
VETOR: é um artrópode, molusco ou veículo que transmite um parasito entre dois 
hospedeiros. 
 Vetor biológico: quando o agente etiológico se multiplica ou se desenvolve no vetor. 
 Vetor mecânico: quando o parasito não se multiplica ou se desenvolve no vetor, esse 
simplesmente serve de transporte ao parasito. Ex.: a T. penetrans veiculando esporos 
de fungos. 
VIRULÊNCIA: é a severidade e rapidez com que um agente etiológico provoca lesões no 
hospedeiro. 
MODO DE TRANSMISSÃO: é a forma como o agente infecioso é transferido de reservatório 
ou fonte de infecção e o novo hospedeiro suscetível. 
PERÍODO DE INCUBAÇÃO: o tempo decorrido entre a exposição de um animal a um 
organismo patogénico e a manifestação dos primeiros sintomas da doença. Neste período não 
há doença e o hospedeiro não manifesta sintomas, pois todo o processo está acontecendo no 
âmbito celular. 
PERÍODO DE LATÊNCIA: período no qual há presença do agente etiológico em um 
hospedeiro, sem aparecimento de qualquer sintoma clínico. 
PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: 
ENDEMIA: presença contínua de uma enfermidade, ou agente infeccioso,em uma zona 
geográfica determinada; pode também expressar a prevalência usual de uma doença particular 
numa zona geográfica. 
 Hiperendemia significa a transmissão intensa e persistente, atingindo todas as faixas 
etárias; 
 Holoendemia, um nível elevado de infecção que começa a partir de uma idade precoce 
e afeta a maior parte da população jovem, como, por exemplo, a malária em algumas 
regiões do globo. 
EPIDEMIA: manifestação, em uma coletividade ou região, de um corpo de casos de alguma 
enfermidade que excede claramente a incidência prevista. O número de casos, que indica a 
existência de Glossário Guia de Vigilância Epidemiológica 108 Secretaria de Vigilância em 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Patog%C3%A9nico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sintomas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a
 
 
 
32 
Saúde /MS uma epidemia, varia com o agente infeccioso, o tamanho e as características da 
população exposta, sua experiência prévia ou falta de exposição à enfermidade e local e época 
do ano em que ocorre. Por decorrência, a epidemia guarda relação com a frequência comum 
da enfermidade na mesma região, na população especificada e na mesma estação do ano. O 
aparecimento de um único caso de doença transmissível, que durante um lapso de tempo 
prolongado não havia afetado uma população ou que invade pela primeira vez uma região, 
requer notificação imediata e uma completa investigação de campo; dois casos dessa doença, 
associados no tempo ou espaço, podem ser evidência suficiente de uma epidemia. 
SURTO: tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem 
delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas, etc.). 
DOENÇAS INFECIOSAS: são as consequências das lesões causadas pelo agente (vírus, 
bactérias e/ou fungos) e pela resposta do hospedeiro manifestada por sintomas e sinais e por 
alterações fisiológicas, bioquímicas e histopatológicas. 
DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS: doença cujo agente etiológico é vivo e é transmissível, no 
qual organismo parasitante pode migrar do parasitado para o sadio, havendo ou não uma fase 
intermediária de desenvolvimento no ambiente. 
DOENÇAS CONTAGIOSAS: Doenças contagiosas são doenças transmissíveis, por contato 
direto ou indireto com indivíduos infectado. Ex. Gripe 
DOENÇAS PARASITÁRIAS: Doença parasitária ou parasitose é uma doença infecciosa 
causada por um parasito protozoário ou metazoário, no qual o parasita alimenta-se do 
hospedeiro. Ex.: Escabiose; Piolho; Ascaridíase (lombriga); Amebíase. 
DOENÇAS CRÔNICAS: são aquelas geralmente de desenvolvimento lento, de longa duração 
e, por isso, levam um tempo mais longo para serem curadas ou, em alguns casos, não têm cura. 
A maioria dessas doenças está relacionada ao avanço da idade e ao estilo de vida – hábitos 
alimentares, sedentarismo e estresse – característico das sociedades contemporâneas. 
DOENÇAS AGUDAS: são processos de perturbação da força vital que determinam moléstias 
que completam sua evolução pela cura ou pela morte num intervalo de tempo determinado e 
rápido. 
MORBIDADE: expressa o número de pessoas doentes com relação a uma doença e uma 
população. Ex.: na época do inverno, a morbidade da gripe é muito elevada; ou seja, na época 
do inverno a incidência da gripe é muito grande. 
 
10.3. Vigilância Epidemiológica 
A vigilância epidemiológica tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para os 
profissionais de saúde, que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de 
 
 
 
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doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim, informações atualizadas sobre a ocorrência dessas 
doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida. 
Subsidiariamente, a vigilância epidemiológica constitui-se em importante instrumento para o planejamento, 
a organização e a operacionalização dos serviços de saúde, como também para a normatização de atividades 
técnicas correlatas. 
A operacionalização da vigilância epidemiológica compreende um ciclo de funções específicas e 
intercomplementares, desenvolvidas de modo contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o 
comportamento da doença ou agravo selecionado como alvo das ações, para que as medidas de intervenção 
pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia. São funções da vigilância 
epidemiológica: 
 Coleta de dados; 
 Processamento de dados coletados; 
 Análise e interpretação dos dados processados; 
 Recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas; 
 Promoção das ações de prevenção e controle indicadas; 
 Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; 
 Divulgação de informações pertinentes. 
 
10.3.1. Diagnóstico de caso 
a) Como fazer diagnóstico de casos na área correspondente 
A confiabilidade do sistema de notificação depende, em grande parte, da capacidade de os 
profissionais e serviços locais de saúde – responsáveis pelo atendimento dos casos – diagnosticarem 
corretamente as doenças e agravos. 
Para isso, deverão estar tecnicamente capacitados e dispor de recursos complementares para a 
confirmação da suspeita clínica. 
b) Investigação epidemiológica 
É um método de trabalho frequentemente utilizado em casos e epidemias de doenças transmissíveis, 
mas também aplicável a outros grupos de agravos. Consiste em um estudo de campo realizado a partir de 
casos (clinicamente declarados ou suspeitos) e de portadores, objetivando avaliar a ocorrência do ponto de 
vista de suas implicações para a saúde coletiva. Sempre que possível, deve conduzir à confirmação do 
diagnóstico, à determinação das características epidemiológicas da doença, à identificação das causas do 
fenômeno e à orientação sobre as medidas de controle adequadas. 
c) Roteiro de investigação - As seguintes indagações devem ser levantadas: 
 De quem foi contraída a infecção (fonte de contágio)? 
 Qual a via de disseminação da infecção, da fonte ao doente? 
 
 
 
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 Que outras pessoas podem ter sido infectadas pela mesma fonte de contágio? 
 Para quais pessoas o caso pode ter transmitido à doença? 
 A quem o caso ainda pode transmitir a doença? 
 Como evitá-lo? 
d) Finalidade da Investigação - Adoção de medidas de controle em tempo hábil. Para que isso aconteça, 
deve ser iniciada imediatamente após a ocorrência do evento. 
e) Ficha de Investigação Epidemiológica - São os formulários, existentes nos serviços de saúde, específicos 
para cada tipo de doença, que facilitam a coleta e consolidação de dados. Devem ser preenchidos 
cuidadosamente, registrando-se todas as informações indicadas, para permitir a análise e a comparação de 
dados. No caso de agravo inusitado, deve-se elaborar uma ficha própria, de acordo com as manifestações 
clínicas e epidemiológicas do evento. 
Os formulários contêm dados de identificação do paciente, anamnese, exame físico, suspeita diagnóstica, 
informações sobre o meio ambiente (de acordo com o agravo) e exames complementares de acordo com o(s) 
agravo(s) suspeitado(s). 
f) Busca de pistas - Visa buscar a origem da transmissão, cabendo ao investigador estabelecer quais as mais 
importantes e o caminho a seguir. Em geral, é importante definir: período de incubação; presença de outros 
casos na localidade; existência ou não de vetores ligados à transmissibilidade da doença; grupo etário mais 
atingido; fonte de contágio comum (água, alimentos); modos de transmissão (respiratória, contato direto, 
etc.); época de ocorrência (estação). Por ser uma atividade que exige tempo e custos adicionais, nem todas as 
doenças são investigadas. Os critérios de definição para a investigação são: doença considerada prioritária 
pelo sistema de vigilância; excesso da frequência usual; suspeita de que os casos tenham origem numa fonte 
comum de infecção; gravidade clínica maior que a habitual; doença desconhecida na área (agravo inusitado).g) Busca ativa de casos - Procedimento realizado com vistas ao conhecimento da magnitude de ocorrência 
do evento, quando se suspeita que casos possam estar ocorrendo sem registro nos serviços de saúde. É mais 
restrita (domicílio, rua ou bairro) ou ampliada (cidade, municípios, acompanhando correntes migratórias, 
etc.), seguindo-se a área geográfica de abrangência da fonte de contágio. 
h) Processamento e análise de dados - Os dados colhidos são consolidados (ordenados de acordo com as 
características das pessoas, lugar, tempo, etc.) em tabelas, gráficos, mapas da área em estudo, fluxos de 
pacientes e outros. Essa disposição fornecerá uma visão global do evento, permitindo a avaliação de acordo 
com as variáveis de tempo, espaço e pessoas (quando? onde? quem?) e de associação causal (por quê?), e 
deve ser comparada com períodos semelhantes de anos anteriores. 
 
 
 
 
 
 
 
35 
10.4. Vigilância Sanitária 
A Vigilância Sanitária um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde 
e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e da circulação de bens e 
da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: 
1) O controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, 
compreendidas todas as etapas de processo, da produção ao consumo; 
2) O controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente coma saúde. 
Como vem sendo pactuado com a Secretaria de Estado da Saúde, a Vigilância Sanitária local é 
responsável com o controle de bens de consumo que se relacionam com a saúde da população no que 
concerne a oferta direta ao consumidor, ou seja, em estabelecimentos comerciais e de representação. 
Neste sentido a Vigilância Sanitária tem como missão a proteção e promoção à saúde da população e 
defesa da vida. Entre os estabelecimentos pactuados para a realização de inspeções mencionamos: escolas, 
creches, açougues, restaurantes, lanchonetes, estabelecimentos comerciais, de estética e beleza, dentre outros. 
 
10.5. Vigilância Ambiental 
A vigilância ambiental, no atual contexto do SUS, tem por objetivo identificar as medidas de 
prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou outros agravos à saúde, 
através de um conjunto de medidas que resultam no conhecimento e detecção de qualquer mudança nos 
fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana. 
Neste sentido, o município de Uiraúna através dos agentes de Vigilância Ambiental desenvolveu suas 
atividades no controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti (Dengue, Zika, Chikungunia e Febre 
Amarela), Doença de Chagas e Leishmaniose Visceral e Tegumentar. 
Os agentes de vigilância ambiental desenvolvem suas ações no controle dos criadores do Aedes aegypti 
com visita domiciliares, orientações, identificação e eliminação de possíveis focos/criadouros do mosquito, 
procedendo à captura das formas evolutivas (larvas, pulpas e mosquito adulto) levando-as em seguida para 
análise laboratorial na referência estadual. Tais profissionais participam de Campanhas Educativas no 
combate ao mosquito transmissor da doença em escolas, creches, outros estabelecimentos públicos e 
privados além de visitas domiciliares com caráter educativo. 
 No combate a Leishmaniose (visceral e tegumentar) são pactuadas para visitações localidades para a 
realização de inquérito canino, além da captura de flebótomos para inquérito entomológico. 
Com relação ao combate à Doença de Chagas, o município encontra-se em estado de vigilância 
entomológica. Assim, após encontro do triatomíneo por algum morador de determinada localidade o mesmo 
entra em contato com o respectivo ACE, que, por sua vez, responsabiliza-se por remetê-lo à Vigilância 
Ambiental para que as amostras sejam examinadas por profissionais habilitados e, se necessário, 
encaminhadas ao laboratório de referência para análise mais completa do inseto em questão. 
 
 
 
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UNIDADE 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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11. REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE 
 
 
A Rede de Atenção à Saúde é definida como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de 
diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de 
gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado O objetivo da RAS é promover a integração sistêmica, de 
ações e serviços de saúde com provisão de atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e 
humanizada, bem como incrementar o desempenho do Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia 
clínica e sanitária; e eficiência econômica. Caracteriza-se pela formação de relações horizontais entre os 
pontos de atenção com o centro de comunicação na Atenção Primária à Saúde (APS), pela centralidade nas 
necessidades em saúde de uma população, pela responsabilização na atenção contínua e integral, pelo 
cuidado multiprofissional, pelo compartilhamento de objetivos e compromissos com os resultados sanitários 
e econômicos. 
 
11.1. Atributos da rede de atenção à saúde 
Considera-se que não há como prescrever um modelo organizacional único para as RAS, contudo as 
evidências mostram que o conjunto de atributos apresentados a seguir são essenciais ao seu funcionamento: 
 População e território definidos com amplo conhecimento de suas necessidades e preferências que 
determinam a oferta de serviços de saúde; 
 Extensa gama de estabelecimentos de saúde que presta serviços de promoção, prevenção, 
diagnóstico, tratamento, gestão de casos, reabilitação e cuidados paliativos e integra os programas 
focalizados em doenças, riscos e populações específicas, os serviços de saúde individuais e os 
coletivos; 
 Atenção Primária em Saúde estruturada como primeiro nível de atenção e porta de entrada do 
sistema, constituída de equipe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, coordenando 
o cuidado, e atendendo as suas necessidades de saúde; 
 Prestação de serviços especializados em lugar adequado; 
 Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do cuidado e integração assistencial por 
todo o contínuo da atenção; 
 Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na comunidade, tendo em conta as 
particularidades culturais, gênero, assim como a diversidade da população; 
 Sistema de governança único para toda a rede com o propósito de criar uma missão, visão e 
estratégias nas organizações que compõem a região de saúde; definir objetivos e metas que devam 
ser cumpridos no curto, médio e longo prazo; articular as políticas institucionais; e desenvolver a 
capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar e avaliar o desempenho dos gerentes e das 
organizações; 
 
 
 
38 
 Participação social ampla; 
 Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico; 
 Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e com incentivos pelo alcance de metas 
da rede; 
 Sistema de informação integrado que vincula todos os membros da rede, com identificação de dados 
por sexo, idade, lugar de residência, origem étnica e outras variáveis pertinentes; 
 Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com as metas da rede; 
 Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e da equidade em saúde; 
 Gestão baseada em resultado. 
A integração dos sistemas de saúde deve ser entendida como um contínuo e não como uma situação 
de extremos opostos entre integração e não integração. Dessa forma, existem graus de integração, que variam 
da fragmentação absoluta à integração total. Por sua vez, a integração é um meio para melhorar o 
desempenho do sistema, de modo que os esforços se justificam na medida em que conduzam a serviços mais 
acessíveis, de maior qualidade, com melhor relação custo-benefício e satisfaçamaos usuários (OPAS, 2009). 
 
11.2. Redes temáticas de Atenção à Saúde 
Redes Temáticas priorizadas, com pactuação tripartite: 
 Rede de Atenção à Saúde Materno-Infantil 
 Rede de Atenção às Urgências e Emergências 
 Rede de Atenção Psicossocial: priorizando o Enfrentamento do Álcool, Crack e outras Drogas 
 Rede de Atenção às Doenças Crônicas: iniciando pelo enfrentamento do câncer de mama e do câncer 
de colo do útero 
 Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência 
11.2.1. Rede de Atenção à Saúde Materno-Infantil 
É uma rede de cuidados que assegura às MULHERES o direito ao 
planejamento reprodutivo, à atenção humanizada à gravidez, parto e 
puerpério e às CRIANÇAS o direito ao nascimento seguro, crescimento e 
desenvolvimento saudáveis. 
Objetivos: 
 Realização de pré-natal (de risco habitual e de alto risco) com captação 
precoce da gestante, com realização dos exames preconizados e com acesso aos resultados destes em 
tempo oportuno. 
 Acolhimento às intercorrências na gestação; 
 Prevenção e tratamento das DST/HIV/Aids e Hepatites; 
 Suficiência de leitos obstétricos e neonatais (UTI, UCI e Canguru); 
 
 
 
39 
 Práticas de atenção à saúde baseada em evidências científicas; 
 Acompanhamento da puérpera e da criança na atenção básica com visita domiciliar na primeira 
semana após a realização do parto e nascimento bem, como a busca ativa de crianças vulneráveis; 
 Orientação e oferta de métodos contraceptivos; 
 Promoção do acesso ao transporte seguro nas situações de urgência para as gestantes, as puérperas e 
os recém-nascidos de alto risco; 
 Implantação e/ou implementação da regulação de leitos obstétricos e neonatais, assim como a 
regulação de urgências e a regulação ambulatorial (consultas e exames), entre outras. 
 
11.2.2. Rede de Atenção à Urgência e Emergência (RUE) 
Buscando sempre o acolhimento com classificação de risco e 
resolutividade, a organização da Rede de Urgência e Emergência (RUE) tem a 
finalidade de articular e integrar todos os equipamentos de saúde com o objetivo 
de ampliar e qualificar o acesso humanizado e integral aos usuários em situação 
de urgência/emergência nos serviços de saúde, de forma ágil e oportuna. 
São componentes e interfaces da Rede de Atenção às Urgências e 
Emergências: 
 
• Promoção e prevenção. 
• Atenção primária: Unidades Básicas de Saúde; 
• UPA e outros serviços com funcionamento 24h; 
• SAMU 192; 
• Portas hospitalares de atenção às urgências – SOS Emergências; 
• Enfermarias de retaguarda e unidades de cuidados intensivos; 
• Inovações tecnológicas nas linhas de cuidado prioritárias: AVC, IAM, traumas; 
• Atenção domiciliar – Melhor em Casa. 
 
11.2.3. Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) 
 
A Política Nacional de Saúde Mental busca consolidar um modelo de 
atenção aberto e de base comunitária. A proposta é garantir a livre circulação 
das pessoas com problemas mentais pelos serviços, pela comunidade e pela 
cidade. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estabelece os pontos de atenção 
para o atendimento de pessoas com problemas mentais, incluindo os efeitos 
nocivos do uso de crack, álcool e outras drogas. A Rede integra o Sistema Único 
 
 
 
40 
de Saúde (SUS). A Rede é composta por serviços e equipamentos variados, tais como: os Centros de Atenção 
Psicossocial (CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); os Centros de Convivência e Cultura, as 
Unidade de Acolhimento (UAs), e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III). 
 
11.2.4. Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas 
A Rede tem como objetivo fomentar a mudança do modelo de atenção à saúde, fortalecendo o 
cuidado às pessoas com doenças crônicas; garantir o cuidado integral às pessoas com doenças crônicas; 
impactar positivamente nos indicadores relacionados às essas doenças; contribuir para promoção da saúde 
da população e prevenir o desenvolvimento desses agravos e suas complicações. Dessa forma, a implantação 
dessa Rede pretende suscitar mudanças na atenção à saúde das pessoas com doenças crônicas, dentre elas, o 
câncer. 
Nesse momento, o foco da Rede está em quatro temas, por 
serem epidemiologicamente mais relevantes, são eles: 
 As doenças renais e cardiovasculares (hipertensão arterial 
sistêmica, diabetes mellitus e insuficiência renal crônica), 
 A obesidade, 
 O câncer, 
 As doenças respiratórias. 
O elemento essencial para garantir a qualidade da atenção a essa população é a mudança no processo 
de trabalho das equipes em todos os pontos de atenção, desde a atenção básica passando pela especializada, 
pela urgência e pelo cuidado hospitalar e domiciliar. Esse processo implica a incorporação de tecnologias e 
de gestão do cuidado para atenção integral e longitudinal e também a articulação de ações e serviços para a 
constituição de linhas de cuidado em toda a rede 
 
11.2.5. Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência 
A Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com 
Deficiência visa buscar e ampliar o acesso e qualidade o 
atendimento às pessoas com deficiência temporária ou 
permanente, progressiva, regressiva ou estável, intermitente 
ou contínua no Sistema Único de Saúde (SUS). 
Objetivos: 
 Ampliar o acesso e qualificar atendimento às pessoas com deficiência no SUS, com foco na 
organização de rede e na atenção integral à saúde, que contemple as áreas de deficiência auditiva, 
física, visual, intelectual e ostomias. 
 
 
 
41 
 Ampliar a integração e articulação dos serviços de reabilitação com a rede de atenção primária e 
outros pontos de atenção especializada. 
 Desenvolver ações de prevenção de deficiências na infância e vida adulta. 
 
Componentes da Rede de Reabilitação: 
 CER - Centro Especializado em Reabilitação. 
 Oficinas Ortopédicas: local e itinerante 
 Centros-Dia. 
 Serviços de Atenção Odontológica para Pessoas com Deficiência. 
 Serviço de Atenção Domiciliar no âmbito do SUS. 
 Atenção Hospitalar. 
ANOTAÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
12. POLÍTICA NACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA 
 
A Atenção Básica (AB) ou Atenção Primária atualmente é regulamentada no Brasil pela Portaria nº 
2.436, de 21 de setembro de 2017 que “Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão 
de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 
As principais mudanças propostas para os principais temas da nova PNAB são: 
Reconhecimento de outros formatos de equipe 
A gestão municipal poderá compor equipes de AB de acordo com características e necessidades locais 
e deverão ser compostas minimamente por médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ou técnicos de 
enfermagem com financiamento também pelo Ministério da Saúde. 
Gerente de Unidade Básica de Saúde (UBS) 
Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o objetivo de contribuir para o 
aprimoramento e qualificação do processo de trabalho nas UBS, em especial ao fortalecer a atenção à saúde 
prestada pelos profissionais das equipes à população adscrita. A inclusão deste profissional deve ser avaliada 
pelo gestor, segundo a necessidade do território e cobertura de AB. 
Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) 
O NASF foi criado com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das ações da Atenção Básica, 
bem como sua resolutividade. A nova PNAB propõe que essas equipes multiprofissionais passem a 
complementar não só equipes de Saúde da Família, mas também equipes de AB “tradicionais”. Por isso, o 
nome mudou para Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). 
Teto populacional 
O texto proposto reduz a população adscrita por equipe de Atenção Básica e de Saúde da Família de 
quatro mil pessoas localizadas dentro do seu território para 2.000 a 3.500, garantindo os princípios e diretrizes 
da AB. 
Incorporação do Registro Eletrônico em Saúde

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