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1 Estado da Paraíba MUNICÍPIO DE UIRAÚNA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE Comissão do Processo Seletivo Público para os Cargos de ACS e ACE CURSO INTRODUTÓRIO DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA ACS Uiraúna – PB 2018 2 CURSO INTRODUTÓRIO DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA ACS 3 SUMÁRIO Apresentação 6 Objetivos 6 Objetivo Geral 6 Objetivos Específicos 6 Metodologia 6 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO CURSO INTRODUTÓRIO DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA PARA O CARGO DE ACS 7 UNIDADE 1 8 1. A SAÚDE E A DOENÇA – Conceitos fundamentais 9 1.1 O PROCESSO SAÚDE DOENÇA 9 1.1.1. Doença 9 1.1.2. Saúde 9 1.1.3. Processo Saúde-Doença 9 1.1.4. Contexto histórico 10 2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL 11 3. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS 13 4. PRINCIPIOS E DIRETRIZES DO SUS 14 5. VISITANDO A HISTÓRIA DO SUS 15 6. DIFICULDADES EXISTENTES NO SUS 16 7. NOÇÕES DE LEGISLAÇÕES 17 7.1. O processo de implementação dos princípios e diretrizes organizacionais do SUS 17 7.2. O resgate do SUS constitucional 19 8. EDUCAÇÃO EM SAÚDE 20 9. PROMOÇÃO DA SAÚDE 24 9.1. Diretrizes 25 9.2. Estratégias de implementação 25 9.3. Divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde 28 10. VIGILÂNCIA EM SAÚDE (NOÇÕES DE AGRAVOS) 30 10.1. Componentes da vigilância em saúde 30 10.2. Noções de agravos 30 10.3. Vigilância Epidemiológica 32 10.3.1. Diagnóstico de caso 33 10.4. Vigilância Sanitária 35 10.5. Vigilância Ambiental 35 UNIDADE 2 36 11. REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE 37 11.1 Atributos da rede de atenção à saúde 37 11.2 Redes temáticas de Atenção à Saúde 38 11.2.1 Rede de Atenção à Saúde Materno-Infantil 38 11.2.2. Rede de Atenção à Urgência e Emergência (RUE) 39 11.2.3 Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) 39 11.2.4 Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas 40 11.2.5 Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência 40 12. POLÍTICA NACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA 42 12.1. Conhecendo a PNAB 43 4 12.2. Atribuições dos Profissionais das Equipes de Atenção Básica 48 12.2.1. Atribuições Comuns a todos os membros das Equipes que atuam na Atenção Básica 48 12.2.2. Atribuições específicas dos profissionais das equipes que atuam na Atenção Básica 50 12.3. Financiamento da Atenção Básica 58 13. PERFIL E ATRIBUIÇÕES DO ACS 59 13.1. Atribuições do Agente Comunitário de Saúde 59 13.2. Perfil profissional 60 13.3. Contextualização do conceito de competência profissional para o Agente Comunitário de Saúde 61 13.4. Descrição das competências profissionais do Agente Comunitário de Saúde 61 13.5. Novas atribuições dos Agentes Comunitários de Saúde de acordo com a nova PNAB 62 UNIDADE 3 63 14. RELAÇÕES HUMANAS/INTERPESSOAIS 64 14.1. Princípios de relações humanas 65 14.2. O que são “relações humanas”? 65 14.3 “Empatia” e estilo de comunicação 66 15. ÉTICA PROFISSIONAL 67 15.1. Princípios da ética 68 15.2. Ética na história 68 15.3. Ética e Moral 69 15.4. Ética profissional 70 15.5. Código de ética profissional 71 15.6. Relações humanas e ética profissional 71 16. HUMANIZAÇÃO DO CUIDADO EM SAÚDE 73 16.1. Política Nacional de Humanização - HumanizaSUS 73 16.2. Diretrizes do HumanizaSUS 74 16.3. Princípios do HumanizaSUS 76 17. CIDADANIA 77 17.1. Exercício da cidadania 78 UNIDADE 4 81 18. TERRITORIALIZAÇÃO 82 18.1 Territorialização: base para a organização e planejamento em saúde 84 18.2. Objetivos da territorialização em saúde 84 19. VISITA DOMICILIAR 86 19.1 Objetivos 87 19.2. Planejamento 87 19.3. Formalização da visita domiciliar 88 19.4 Visitas domiciliares do ACE e suas especificidades 89 19.5 Avaliação da vista domiciliar 89 20. TÉCNICAS DE ABORDAGEM 91 20.1. Aspectos práticos da visita domiciliar 93 UNIDADE 5 94 21. INFORMAÇÃO EM SAÚDE 95 21.1 Desenvolvimento Histórico do conceito de Informação em Saúde 95 21.2 Utilização atual das informações em saúde 95 21.3 Sistemas de Informação em Saúde 95 21.4 O e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) 98 5 21.4.1. Objetivo da estratégia 99 21.4.2. Adequação de fluxos organizativos nas UBS 100 6 Apresentação Este curso foi pensado especialmente para entender a importância e as ações que são desenvolvidas pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) e sua inserção no processo de melhoria da qualidade dos serviços de saúde prestados à população. O papel social do ACS é de grande relevância no contexto de mudanças das práticas de saúde junto à população brasileira. É também um dos muitos desafios colocados para o Sistema Único de Saúde (SUS), relacionados à qualidade de vida do cidadão. Neste sentido, o módulo explora temas relacionados a políticas públicas de saúde, controle social, territorialização, bem como ações de promoção de saúde e prevenção de doenças, visando a melhoria da qualidade de vida da população. Objetivos Objetivo Geral: Qualificar o Agente Comunitário de Saúde com conhecimentos iniciais para sua prática cotidiana com assuntos que contemplam e exploram a integração entre as equipes de saúde e a população adscrita à unidade básica de saúde, políticas públicas de saúde, controle social, bem como ações de promoção de saúde e prevenção de doenças. Objetivos Específicos: Conhecer o Sistema Único de Saúde (SUS) Reconhecer o papel do ACS Compreender a importância do Planejamento e do Controle Social no SUS Conhecer as atribuições do ACS Reconhecer a importância do trabalho do ACS Compreender a ética e sua importância no ambiente de trabalho Reconhecer a comunicação como ferramenta para o trabalho do ACS Compreender a Técnica da entrevista Reconhecer a importância do trabalho em equipe Compreender a importância da visita domiciliar Reconhecer a importância do cadastramento das famílias e compreender o fluxo das informações Reconhecer a representação do espaço geográfico da comunidade através de mapas Metodologia Serão utilizadas aulas teóricas e teórico-práticas com conteúdo que colaboram para atuação do ACS ao longo de sua carreira profissional. Recursos Utilizados Aulas expositivas; Textos de apoio; Vídeos; Formulários e impressos da prática profissional; Leis e Portarias. Estratégia de Avaliação A avaliação tem caráter processual. O aluno será avaliado de forma contínua no decorrer de todo o módulo. Por intermédio de itens de auto avaliações ao final de cada unidade. 7 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO CURSO INTRODUTÓRIO DE FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA PARA O CARGO DE ACS Unidades Conteúdo/Bases Tecnológicas Carga horária Unidade 1 O processo Saúde/Doença Políticas Públicas de Saúde Sistema de Saúde no Brasil Noções de Legislações 04 Educação em Saúde Promoção da Saúde Vigilância em Saúde (noções de agravos) 04 Unidade 2 Redes de Atenção à Saúde Política Nacional da Atenção Básica Perfil e atribuições do ACS 08 Unidade 3 Relações Humanas/Interpessoais Trabalho em Equipe Ética Profissional Humanização do cuidado em saúde Cidadania 08 Unidade 4 Territorialização 04 Visita Domiciliar Técnicas de abordagem 04 Unidade 5 Noções de levantamento de índice e pontos estratégicos 02 Apresentação de material de campo 02 Prática Supervisionada 04 Total 40 8 UNIDADE 1 9 1. A SAÚDE E A DOENÇA – Conceitos fundamentais 1.1. O PROCESSO SAÚDE DOENÇA 1.1.1. Doença A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas,pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece (CANGUILHEM; CAPONI apud BRÊTAS e GAMBA, 2006). “Para Evans & Stoddart (1990) a doença não é mais que um constructo que guarda relação com o sofrimento, com o mal, mas não lhe corresponde integralmente. Quadros clínicos semelhantes, ou seja, com os mesmos parâmetros biológicos, prognóstico e implicações para o tratamento, podem afetar pessoas diferentes de forma distinta, resultando em diferentes manifestações de sintomas e desconforto, com comprometimento diferenciado de suas habilidades de atuar em sociedade. O conhecimento clínico pretende balizar a aplicação apropriada do conhecimento e da tecnologia, o que implica que seja formulado nesses termos. No entanto, do ponto de vista do bem-estar individual e do desempenho social, a percepção individual sobre a saúde é que conta (EVANS; STODDART, 1990).” (OLIVEIRA; EGRY, 2000). 1.1.2. Saúde A Organização Mundial de Saúde propõe um conceito amplo de saúde como “estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente à ausência de doença ou enfermidade – é um direito fundamental, e que a consecução do mais alto nível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde” (OMS, 1976). A saúde é silenciosa, geralmente não a percebemos em sua plenitude; na maior parte das vezes apenas a identificamos quando adoecemos. É uma experiência de vida, vivenciada no âmago do corpo individual. Ouvir o próprio corpo é uma boa estratégia para assegurar a saúde com qualidade, pois não existe um limite preciso entre a saúde e a doença, mas uma relação de reciprocidade entre ambas; entre a normalidade e a patologia, na qual os mesmos fatores que permitem ao homem viver (alimento, água, ar, clima, habitação, trabalho, tecnologia, relações familiares e sociais) podem causar doenças. Essa relação é demarcada pela forma de vida dos seres humanos, pelos determinantes biológicos, psicológicos e sociais. Tal constatação nos remete à reflexão de que o processo saúde-doença-adoecimento ocorre de maneira desigual entre os indivíduos, as classes e os povos, recebendo influência direta do local que os seres ocupam na sociedade (BERLINGUER apud BRÊTAS e GAMBA, 2006). Nessa dimensão, a saúde torna-se a capacidade que o ser humano tem de gastar, consumir a própria vida. Entretanto, é importante destacar que a vida não admite a reversibilidade, ela aceita apenas reparações. Cada vez que o indivíduo fica doente, está reduzindo o poder que tem de enfrentar outros agravos; ele gasta seu seguro biológico, sem o qual não estaria vivo (BRÊTAS e GAMBA, 2006). 1.1.3. Processo saúde-doença Muito se tem escrito sobre o Processo Saúde-Doença, no entanto um novo instrumento intelectual para a apreensão da saúde e da doença deve levar em conta a distinção entre a doença, tal como definida pelo sistema da assistência à saúde – e a saúde, tal como percebida pelos 10 indivíduos. Também, deve incluir a dimensão do bem-estar, um conceito maior, no qual a contribuição da saúde não é a única e nem a mais importante. O sofrimento experimentado pelas pessoas, suas famílias e grupos sociais não corresponde necessariamente à concepção de doença que orienta os provedores da assistência, como os profissionais da Estratégia Saúde da Família. Por outro lado, como alternativa para a superação dos modelos causais clássicos, centrados em ações individuais, como os métodos diagnósticos e terapêuticos, a vacinação, a educação em saúde, ainda que dirigidos aos denominados grupos de risco, haveria que privilegiar a dimensão coletiva do fenômeno saúde-doença, por meio de modelos interativos que incorporassem ações individuais e coletivas. Uma nova maneira de pensar a saúde e a doença deve incluir explicações para os achados universais de que a mortalidade e a morbidade obedecem a um gradiente, que atravessa as classes socioeconômicas, de modo que menores rendas ou status social estão associados a uma pior condição em termos de saúde. Tal evidência constitui-se em um indicativo de que os determinantes da saúde estão localizados fora do sistema de assistência à saúde (EVANS; STODDART, 2003; SCHRAIBER; MENDES-GONÇALVES, 1996 apud OLIVEIRA; EGRY, 2000). Para Gadamer (apud BRÊTAS e GAMBA, 2006), saúde e doença não são duas faces de uma mesma moeda. De fato, se considerarmos um sistema de saúde, como, por exemplo, o SUS, é possível verificar que as ações voltadas para o diagnóstico e tratamento das doenças são apenas duas das suas atividades. Inclusão social, promoção de equidade ou de visibilidade e cidadania são consideradas ações de saúde. O entendimento da saúde como um dispositivo social relativamente autônomo em relação à ideia de doença, e as repercussões que este novo entendimento traz para a vida social e para as práticas cotidianas em geral e dos serviços de saúde em particular, abre novas possibilidades na concepção do processo saúde e doença. 1.1.4. Contexto histórico Na antiguidade, quando das religiões politeístas, acreditava-se que a saúde era dádiva e a doença castigo dos deuses. As religiões monoteístas a dádiva da saúde e o castigo da doença passou a ser da responsabilidade de um único deus. Em 400 anos AC, Hipócrates desenvolve o tratado “Os Ares e os Lugares” onde relaciona os locais da moradia, a água para beber, os ventos, com a saúde e a doença. Até o século XIX vigora a teoria miasmática que consiste na crença de que a doença é transmitida pela inspiração de “gases” de animais e dejetos em decomposição. Ao final do século XVIII, predominavam na Europa como forma de explicação para o adoecimento humano os paradigmas socioambientais: surgem as primeiras evidências da determinação social do processo saúde-doença. Com a descoberta dos micróbios, a Bacteriologia ganha forças e os microrganismos passam a ser identificados como causadores das doenças. Com o avanço da tecnologia e o estudo dos condicionantes e determinantes para o processo de saúde doença atualmente vê-se o entendimento multifatorial para a saúde e consequentemente a doença. Com o passar dos anos, as mudanças nas sociedades levaram à necessidade de uma ampliação do entendimento sobre saúde: é quando após a II Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) cria a Organização Mundial de Saúde (OMS), composta por técnicos de vários países, com o objetivo de estudar e sugerir alternativas para melhorar a saúde mundial. 11 2. POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL 12 13 3. O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS Anotações O artigo 200 da Constituição Federal aponta ao SUS como suas competências, além de outras atribuições, nos termos da lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar do controle e fiscalização daprodução, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. 14 4. PRINCIPIOS E DIRETRIZES DO SUS 15 5. VISITANDO A HISTÓRIA DO SUS A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de 1986, é considerada um marco na história das conferências. Foi a primeira Conferência Nacional da Saúde aberta à sociedade e resultou na implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), um convênio entre o INAMPS e os governos estaduais, mas o mais importante foi ter formado as bases para a seção “Da Saúde” da Constituição Brasileira de 5 de outubro de 1988. Além disso desempenhou um importante papel na propagação do movimento da Reforma Sanitária. Convocada pelo ministro Carlos Santanna e realizada sob a gestão de Roberto Figueira Santos, a 8ª Conferência teve sua Comissão Organizadora presidida por Sergio Arouca, uma das principais lideranças do Movimento da Reforma Sanitária. Os eixos temáticos da conferência eram compostos por três itens: 1) saúde como direito; 2) reformulação do Sistema Nacional de Saúde; e 3) financiamento do setor. Um amplo processo de mobilização social, que articulou representação de diferentes segmentos e estimulou a realização de pré-conferências nos estados, permitiu a reunião de cerca de quatro mil pessoas em Brasília, dos quais mil eram delegados com direito a voz e voto, para discutir os rumos do sistema de saúde. 16 6. DIFICULDADES EXISTENTES NO SUS 17 7. NOÇÕES DE LEGISLAÇÕES O direito à saúde elevado ao patamar de direito essencial em função de sua ligação intrínseca com o direito à vida e à dignidade da pessoa humana no âmbito da positivação dos direitos sociais atribuída pela Constituição de 1988, traduz-se no reconhecimento da saúde como direito público subjetivo de eficácia plena e imediata. A tutela estatal e o agir positivo, ao ensejarem a criação e efetivação de políticas públicas, fazem com que esses direitos adquiram caráter coletivo. O SUS, responsável pela garantia do exercício do direito à saúde, tem como suportes doutrinários o direito universal e dever do Estado (artigo 196 da Constituição Brasileira de 1988); a integralidade das ações de saúde; a descentralização, com direção única em cada esfera de poder e a participação da sociedade (artigo 198). Em termos operacionais, trata-se de um sistema unificado, regionalizado, com atribuições definidas por esfera de governo, financiamento compartilhado e áreas de competências e abrangência firmadas. A saúde passa a ter o estatuto de bem de relevância pública tal como previsto no artigo 197, que define a competência do poder público na regulamentação, fiscalização e controle das ações e serviços de saúde. O artigo 199 franqueia à iniciativa privada a participação nas atividades de saúde. As áreas de atuação e competência dos órgãos do sistema de saúde são definidas no artigo 200. Segundo este dispositivo, o controle, fiscalização, execução e ordenamento das políticas, ações e programas referentes a itens diversos, tais como alimentos, medicamentos, equipamentos, hemoderivados, saneamento básico, formação de recursos humanos para a saúde, ambientes de trabalho, desenvolvimento científico e tecnológico e meio ambiente são atribuições do SUS. O conteúdo constitucional do SUS é discriminado e detalhado em duas leis orgânicas, a Lei 8.080/90 e a Lei 8.142/ 90. A Lei 8.080/90 contém dispositivos relacionados com o direito universal, relevância pública, unicidade, descentralização, financiamento, entre outros, enfatizando a definição das atribuições de cada esfera de governo dentro do novo sistema. A Lei 8.142/ 90 dispõe sobre o caráter, as regras de composição, regularidade de funcionamento das instâncias colegiadas do SUS – o conselho e a conferência de saúde – e transferências intergovernamentais de recursos. Ao longo do tempo, a legislação ordinária foi complementada por decretos de autoria do poder executivo ou do legislativo e normas emanadas do Ministério da Saúde, entre as quais as normas operacionais básicas (NOBs) que determinaram as regras para o repasse dos recursos federais às esferas subnacionais. 7.1. O processo de implementação dos princípios e diretrizes organizacionais do SUS Os questionamentos à Constituição de 1988, especialmente quanto à generosa e abrangente perspectiva de organização de um sistema integrado de seguridade social e ao apoio às propostas http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/intsau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/rechumsau.html 18 de organização de seguros baseados na relação contribuição-benefício sob regime de capitalização emanadas do receituário de ajuste fiscal, alteraram o curso de implementação do SUS. No início dos anos 90, a conjuntura adversa aos projetos de corte universalista contribuiu para a fragmentação das bases de apoio político, não observância das normas sobre as receitas e destinos do orçamento da ‘seguridade social’ e distintas velocidades da regulamentação de cada um de seus componentes: saúde, previdência e assistência social. A fragmentação da seguridade social e, em especial, o não cumprimento dos preceitos constitucionais relacionados com o financiamento da saúde limitaram a plena implementação do SUS. Em 1993, o então Ministério da Previdência e Assistência Social retirou as transferências destinadas à saúde a partir da contribuição sobre a folha de salários. Desde então, a resistência contra o subfinanciamento da saúde tem sido a tônica de entidades da sociedade civil, parlamentares e integrantes do poder judiciário e do ministério público, e a participação das esferas subnacionais, principalmente os municípios, tem sido crescente. A mobilização permanente em torno da garantia de recursos para a saúde gerou compromissos governamentais com a estabilidade dos repasses tal como expressos na Emenda Constitucional 29. No que concerne ao desenho e à execução dos pactos intergovernamentais para consolidar o processo de descentralização e reorganizar as redes do sistema de saúde, os avanços são notáveis. Nos marcos da democracia e do federalismo, o SUS construiu uma estrutura institucional complexa para coordenar as ações dos três níveis de governo: as ações de saúde pública e os serviços de saúde estatais, filantrópicos e privados. As Comissões Gestoras Bipartite e a Comissão Tripartite, integradas por representantes das três esferas de governo, são instâncias de decisão compartilhada sobre políticas de saúde. Os governos locais tornaram-se essenciais na organização da atenção à saúde, e os representantes dos usuários, profissionais de saúde e gestores civis dispõem de instrumentos para formular políticas de saúde, controlar e fiscalizar a ação das instituições de saúde. Contabilizam-se ainda, entre os expressivos avanços da estruturação de um sistema único e descentralizado, os êxitos do impacto sobre o controle/redução de agravos relacionados com a oferta de atenção universal a grupos populacionais definidos. Contudo, o SUS, no que concerne especialmente à oferta de assistência médico-hospitalar, não é universal. A preservação da segmentação das demandas condiciona e de certo modo legitima o subfinanciamento público para a atenção universal à saúde e desafia permanentemente a lógica da organização do SUS. A vigência da clivagem assistencial afeta a eqüidade do acesso aos serviços de saúde, os valores sobre a qualidade do que é público e a própria definição de SUS. Os usos correntes do termoSUS, como sinônimo de um convênio de repasse de recursos ou órgão de compra de serviços e não como sistema de saúde, restringem drasticamente sua natureza e http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/socciv.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/atesau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/equsau.html 19 atribuições constitucionais. Alternativamente, a imunidade do direito à saúde tal como previsto pela Constituição de 1988 às tentativas de desfigurá-lo, bem como os efeitos favoráveis da inclusão e universalização das ações de saúde conferiram ao SUS o estatuto de política de Estado e modelo exemplar de sistema de saúde na América Latina. 7.2. O resgate do SUS constitucional As avaliações sobre a persistência de problemas de saúde e elevadas desigualdades econômico-sociais e no acesso a bens e serviços vis-à-vis o subfinanciamento, as distorções na estrutura dos gastos públicos e a subordinação das políticas sociais em face da ‘financeirização’ do orçamento público estimularam a realização do VIII Simpósio da Câmara Federal sobre Política Nacional de Saúde em 2005 O debate e a mobilização para o resgate do SUS constitucional implicam a defesa da seguridade social e a definição de uma política nacional de desenvolvimento e, portanto, revisão da política monetária. Recursos oriundos da desvinculação de receitas da União, inclusive das contribuições sociais e do elevado superávit fiscal, devem ser redirecionados para as políticas sociais. As iniciativas de criar e reunir um Fórum da Reforma Sanitária na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca e a realização de reuniões conjuntas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Rede Unida, Associação Brasileira de Economia da Saúde (Abres), Associação Nacional de Promotores do Ministério Público em Defesa da Saúde (Ampasa) e a Frente Parlamentar da Saúde permitiram ampliar e aprofundar a reflexão e as propostas de resgate do SUS constitucional. O documento “SUS pra Valer: universal, humanizado e de qualidade”, subscrito por essas entidades, elaborado no segundo semestre de 2006, contendo estratégias programáticas, reafirma a imprescindibilidade da compatibilização dos padrões de saúde dos brasileiros ao progresso tecnológico, cultural e político disponível. Por sua vez, as instituições responsáveis pela gestão do SUS definiram novas diretrizes para a descentralização no Pacto pela Vida, em Defesa do ‘SUS’ e de Gestão, proposto pelo Ministério da Saúde, Conselho de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) em 2006. Medidas como o reforço à organização das regiões sanitárias, a cogestão, a base do financiamento tripartite como parâmetro para o planejamento e definição de responsabilidades sanitárias compartilhadas aproximam a trajetória do SUS real a do SUS constitucional. Os esforços para corrigir o rumo e o prumo da trajetória do SUS, quer oriundos da esfera da sociedade civil, quer gerados na esfera governamental, ainda que até agora tenham logrado contra-restar plenamente obstáculos estruturais, expressam a vitalidade e perenidade de seus princípios e diretrizes. http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/gessau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/gessau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/gessau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/socciv.html 20 8. EDUCAÇÃO EM SAÚDE Inicialmente, deve-se localizar a temática da educação em saúde como um campo de disputas de projetos de sociedade e visões de mundo que se atualizam nas formas de conceber e organizar os discursos e as práticas relativas à educação no campo da saúde. Para se compreender as concepções de educação em saúde é necessário buscar entender as concepções de educação, saúde e sociedade a elas subjacentes. Neste sentido, educação, saúde e trabalho são compreendidos como práticas sociais que fazem parte do modo de produção da existência humana. Nas sociedades capitalistas ocidentais a educação é vista como: Ato normativo, com prescrição das práticas dominantes; Pretensão de objetividade e neutralidade do conhecimento; Razão cientifica. Tal entendimento de educação repercute em todos os aspectos da vida e gera uma compreensão da saúde objetiva e majoritariamente biológica. O educador passa a possuir um comportamento controlador, se reduz a um transmissor das informações, e o aluno, um seu correspondente, um mero receptor passivo das informações educativas. Por sua vez, o profissional de saúde pode tornar-se um operador de protocolos e condutas, e o ‘ doente’, um corpo onde se dá a doença e, consequentemente, o ato médico. O desenvolvimento da educação sanitária, a partir dos EUA, deu-se de forma associada à saúde pública, tendo sido instrumento das ações de prevenção das doenças, caracterizando-se pela transmissão de conhecimento. Mesmo que realizada de forma massiva, como no caso das campanhas sanitárias no Brasil, a perspectiva não contemplava a dimensão histórico-social do processo saúde-doença. O movimento pela Reforma Sanitária no Brasil, fez uma crítica severa aos efeitos do distanciamento da saúde pública em relação ao social, que como o social não é considerado na prática da saúde pública, senão em perspectiva restrita, a educação passa a ser uma atividade paralela, tendo como finalidade auxiliar a efetivação dos objetivos eminentemente técnicos dos programas de saúde pública. Entretanto, numa perspectiva crítica, a educação parte da análise das realidades sociais, buscando revelar as suas características e as relações que as condicionam e determinam. Da mesma forma, no campo da saúde, a compreensão do processo saúde-doença como expressão das condições objetivas de vida, isto é, como resultante das condições de “habitação, alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde” apontam a saúde e a doença como produções http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edu.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/sau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html 21 sociais, passíveis de ação e transformação, e aponta também para um plano coletivo e, não somente individual de intervenção. Na interação da educação e da saúde torna-se possível pensar educação em saúde como formas do homem reunir e dispor recursos para intervir e transformar as condições objetivas (habitação, alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde), visando a alcançar a saúde como um direito socialmente conquistado, a partir da atuação individual e coletiva de sujeitos político- sociais. Quanto ao trabalho em saúde, a forma histórica mais frequente se baseia na biomedicina, organizando o processo de trabalho de forma centralizada na prática e saber médico, caracterizando-se pela hierarquização, reproduzindo a divisão intelectual e social do trabalho e do saber em saúde. Dessa forma, a educação em saúde, produzida nos serviços de saúde, esteve muito atrelada a esse modelo, assim como, as práticas de educação sanitária, dirigidas à sociedade em geral e suas instituições, reproduziram em larga escala o poder biomédico, tendo funcionado, muitas vezes, como braços do controle do estado sobre os indivíduos e as relações sociais. Atualmente, considerando a importância adquirida pelo projeto de promoção da saúde, que busca atingir várias dimensões da vida social (família, escola, comunidade) e individual (cuidados com o corpo, desenvolvimento de hábitos saudáveis), a discussão sobre as dimensões individuais e coletivas dasaúde/doença torna-se oportuna e particularmente importante. O modelo da promoção, no qual a educação em saúde se apresenta como um dos seus eixos de sustentação, vê-se diante do desafio de corresponsabilizar o indivíduo pela dinâmica saúde- doença, acaba culpando o indivíduo, esvaziando a compreensão da dimensão social do processo saúde/doença. No movimento constante em defesa do Sistema Único de Saúde(SUS) como projeto de um sistema universal, público, equânime, integral e democrático, encontra-se a necessidade de se buscar uma concepção da relação educação e saúde que se configura como resultado da ação política de indivíduos e da coletividade, com base no entendimento da saúde e da educação em suas múltiplas dimensões: social, ética, política, cultural e científica. O potencial da educação para emancipação das pessoas, está presente nas teses que permeiam o pensamento de Paulo Freire. Esse pensador exerceu forte influência no Movimento da Educação Popular em Saúde, na América Latina e, particularmente, no Brasil. http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/trasau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/protrasau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/sisunisau.html 22 São marcas da pedagogia freireana a concepção de processo ensino-aprendizagem como uma troca, como um processo dialógico entre educador e educando, que se dá numa realidade vivida. O conhecimento vem da reflexão crítica sobre essa realidade, construindo-se, ao mesmo tempo em que o homem vai se constituindo e se posicionando como um ser indivíduo. Nesse sentido, não cabem relações verticais de domínio entre educador e educando, ou a transferência de conhecimentos e a normatização de hábitos, que marcaram o pensamento prioritário da educação sanitária no século passado e que ainda hoje estão presentes nas práticas educativas em saúde. Como campo de disputas, a educação em saúde é permeada por essas várias concepções que se enfrentam, ainda hoje, nas práticas dos diversos trabalhadores da saúde que realizam o SUS. Em certa medida, cumpre reforçar que não são somente perspectivas ou correntes educacionais ou sanitárias que se defrontam, mas formas de conceber os homens, a relação entre estes, as formas de organizar a sociedade e partilhar os bens por ela produzidos. Assim quando falamos em educação em saúde existem dois tipos distintos: 1. Educação Popular em Saúde: que consiste nos processos de educação voltados à população realizados de forma individual e/ou coletiva que visam a promoção da saúde e a redução das doenças e agravos à saúde, direcionada prioritariamente pela Política Nacional de Promoção da Saúde, e; 2. Educação Permanente em Saúde: que consiste nos processos contínuos de formação em serviço voltados aos trabalhadores dos serviços de saúde e do SUS, direcionada prioritariamente pela Política Nacional de Educação Permanente. A Educação Permanente em Saúde (EPS) é uma proposta ético-político-pedagógica que visa transformar e qualificar a atenção à saúde, os processos formativos, as práticas de educação em saúde, além de incentivar a organização das ações e dos serviços numa perspectiva intersetorial. Nessa perspectiva, o Ministério da Saúde propôs a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) como estratégia do Sistema Único de Saúde (SUS) para a formação e o desenvolvimento dos seus trabalhadores, buscando articular a integração entre ensino, serviço e comunidade, além de assumir a regionalização da gestão do SUS, como base para o desenvolvimento de iniciativas qualificadas ao enfrentamento das necessidades e dificuldades do sistema. http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/edusau.html 23 A PNEPS é uma estratégia que pretende promover transformações nas práticas do trabalho, com base em reflexões críticas, propondo o encontro entre o mundo da formação e o mundo do trabalho, através da interseção entre o aprender e o ensinar na realidade dos serviços. O Ministério da Saúde está em fase de preparação para dar início ao Processo de Revisão da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS). A iniciativa faz parte do conjunto de estratégias do Departamento em parceria com o Ministério da Educação (MEC), CONASS, CONASEMS, Conselho Nacional de Saúde, Rede de Escolas Técnicas do SUS, Escolas de Saúde Pública, instituições de ensino, Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e demais secretarias do Ministério da Saúde. O processo de revisão da PNEPS tem dentre seus objetivos, estabelecer de forma coletiva estratégias para atualizar a Portaria GM/MS Nº 1996 do ano de 2007, que dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e dá outras providências, e que completa, em 2017, dez anos de publicação. Outras ações, como forma de reconhecer e implementar a Educação permanente nos territórios, frente às atuais demandas do Sistema Único de Saúde (SUS), também estão previstas e serão definidas conjuntamente com todos os envolvidos no processo. ANOTAÇÕES 24 9. PROMOÇÃO DA SAÚDE As mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais, que ocorreram no mundo desde o século XIX e que se intensificaram no século passado, produziram alterações significativas para a vida em sociedade. Ao mesmo tempo, tem-se a criação de tecnologias cada vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios e dos impasses colocados ao viver. A saúde, sendo uma esfera da vida de homens e mulheres em toda sua diversidade e singularidade, não permaneceu fora do desenrolar das mudanças da sociedade nesse período. O processo de transformação da sociedade é também o processo de transformação da saúde e dos problemas sanitários. Nas últimas décadas, tornou-se mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao adoecer e as chances de que ele seja produtor de incapacidade, de sofrimento crônico e de morte prematura de indivíduos e população. Além disso, a análise do processo saúde-adoecimento evidenciou que a saúde é resultado dos modos de organização da produção, do trabalho e da sociedade em determinado contexto histórico e o aparato biomédico não consegue modificar os condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo, operando um modelo de atenção e cuidado marcado, na maior parte das vezes, pela centralidade dos sintomas. No Brasil, pensar outros caminhos para garantir a saúde da população significou pensar a redemocratização do País e a constituição de um sistema de saúde inclusivo. Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) tinha como tema “Democracia é Saúde” e constituiu-se em fórum de luta pela descentralização do sistema de saúde e pela implantação de políticas sociais que defendessem e cuidassem da vida (Conferência Nacional de Saúde, 1986). Era um momento chave do 10 movimento da Reforma Sanitária brasileira e da afirmação da indissociabilidade entre a garantia da saúde como direito social irrevogável e a garantia dos demais direitos humanos e de cidadania. O relatório final da 8ª CNS lançou os fundamentos da proposta do SUS (BRASIL, 1990a). A promoção da saúde, como uma das estratégias de produção de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articulado às demais políticas e tecnologias desenvolvidas no sistema de saúde brasileiro, contribui na construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde. No SUS, a estratégia de promoção da saúde é retomada como uma possibilidade de enfocar os aspectos que determinam o processo saúde-adoecimento em nosso País – como, por exemplo: violência,desemprego, subemprego, falta de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à educação, fome, urbanização desordenada, qualidade do ar e da água ameaçada e deteriorada; e potencializam formas mais amplas de intervir em saúde. O cuidado em saúde envolve fundamentalmente o estabelecimento de uma rede de compromissos e corresponsabilidades em favor da vida e da criação das estratégias necessárias para que ela exista. A um só tempo, comprometer-se e corresponsabilizar-se pelo viver e por suas condições são marcas e ações próprias 25 da clínica, da saúde coletiva, da atenção e da gestão, ratificando-se a indissociabilidade entre esses planos de atuação. Entende-se, portanto, que a promoção da saúde é uma estratégia de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes no nosso País, visando à criação de mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam radicalmente a equidade e incorporem a participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas. Entende-se que a promoção da saúde se apresenta como um mecanismo de fortalecimento e implantação de uma política transversal, integrada e intersetorial, que faça dialogar com as diversas áreas do setor sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado e não-governamental, e a sociedade, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todos sejam partícipes na proteção e no cuidado com a vida. Vê-se, portanto, que a promoção da saúde se realiza na articulação sujeito/coletivo, público/privado, estado/sociedade, clínica/ política, setor sanitário/outros setores, visando romper com a excessiva fragmentação na abordagem do processo saúde-adoecimento e reduzir a vulnerabilidade, os riscos e os danos que nele se produzem. Nesse sentido, a elaboração da Política Nacional de Promoção da Saúde é oportuna, posto que seu processo de construção e de implantação/implementação – nas várias esferas de gestão do SUS e na interação entre o setor sanitário e os demais setores das políticas públicas e da sociedade – provoca a mudança no modo de organizar, planejar, realizar, analisar e avaliar o trabalho em saúde. Objetivo geral: Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais Objetivos específicos I – Incorporar e implementar ações de promoção da saúde, com ênfase na atenção básica; II – Ampliar a autonomia e a corresponsabilidade de sujeitos e coletividades, inclusive o poder público, no cuidado integral à saúde e minimizar e/ou extinguir as desigualdades de toda e qualquer ordem (étnica, racial, social, regional, de gênero, de orientação/opção sexual, entre outras); III– Promover o entendimento da concepção ampliada de saúde, entre os trabalhadores de saúde, tanto das atividades-meio, como os da atividades-fim; IV – Contribuir para o aumento da resolubilidade do Sistema, garantindo qualidade, eficácia, eficiência e segurança das ações de promoção da saúde; 26 V – Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas/ contributivas no âmbito das ações de promoção da saúde; VI – Valorizar e otimizar o uso dos espaços públicos de convivência e de produção de saúde para o desenvolvimento das ações de promoção da saúde; VII – Favorecer a preservação do meio ambiente e a promoção de ambientes mais seguros e saudáveis; 18 VIII – Contribuir para elaboração e implementação de políticas públicas integradas que visem à melhoria da qualidade de vida no planejamento de espaços urbanos e rurais; IX – Ampliar os processos de integração baseados na cooperação, solidariedade e gestão democrática; X – Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de doenças e agravos à saúde; XI – Estimular a adoção de modos de viver não-violentos e o desenvolvimento de uma cultura de paz no País; e XII – Valorizar e ampliar a cooperação do setor Saúde com outras áreas de governos, setores e atores sociais para a gestão de políticas públicas e a criação e/ou o fortalecimento de iniciativas que signifiquem redução das situações de desigualdade. 9.1.Diretrizes I – Reconhecer na promoção da saúde uma parte fundamental da busca da equidade, da melhoria da qualidade de vida e de saúde; II – Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o desenvolvimento integral das ações de promoção da saúde; III – Fortalecer a participação social como fundamental na consecução de resultados de promoção da saúde, em especial a equidade e o empoderamento individual e comunitário; IV – Promover mudanças na cultura organizacional, com vistas à adoção de práticas horizontais de gestão e estabelecimento de redes de cooperação intersetoriais; V – Incentivar a pesquisa em promoção da saúde, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança das ações prestadas; e VI – Divulgar e informar das iniciativas voltadas para a promoção da saúde para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS, considerando metodologias participativas e o saber popular e tradicional. 9.2. Estratégias de implementação I – Estruturação e fortalecimento das ações de promoção da saúde no Sistema Único de Saúde, privilegiando as práticas de saúde sensíveis à realidade do Brasil; II – Estímulo à inserção de ações de promoção da saúde em todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas às ações de cuidado com o corpo e a saúde; alimentação saudável e prevenção, e controle ao tabagismo; 27 III – Desenvolvimento de estratégias de qualificação em ações de promoção da saúde para profissionais de saúde inseridos no Sistema Único de Saúde; IV – Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação de profissionais para atuação na área de informação, comunicação e educação popular referentes à promoção da saúde que atuem na Estratégia Saúde da Família e de Agentes Comunitários de Saúde; V – Apoio a estados e municípios que desenvolvam ações voltadas para a implementação da Estratégia Global, vigilância e prevenção de doenças e agravos não transmissíveis; (Entre outras) Responsabilidades das esferas de gestão Federal Estadual Municipal I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde; II – Promover a articulação com os estados para apoio à implantação e supervisão das ações referentes às ações de promoção da saúde; III – Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta Política, considerando a composição tripartite; IV – Desenvolvimento de ações de acompanhamento e avaliação das ações de promoção da saúde para instrumentalização de processos de gestão; I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde; II – Implementar as diretrizes da Política de Promoção da Saúde em consonância com as diretrizes definidas no âmbito nacional e as realidades loco-regionais; III – Estabelecer instrumentos e indicadores para o acompanhamento e a avaliação do impacto da implantação/implementação desta Política; I – Divulgar a Política Nacional de Promoção da Saúde; II – Implementar as diretrizes da Política de Promoção da Saúde em consonância com as diretrizes definidas no âmbito nacional e as realidades locais; III – Pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros para a implementação da Política de Promoção da Saúde; IV – Criar uma referência e/ou grupos matriciais responsáveis pelo planejamento, implementação, articulação e monitoramento, e avaliação das ações de promoção da saúde nas secretarias de municipais de saúde; V – Adotar o processo de avaliaçãocomo parte do planejamento e da implementação das iniciativas de promoção da saúde, garantindo tecnologias adequadas; VI – Participação efetiva nas iniciativas dos gestores federal e estadual no que diz respeito à execução das ações locais de promoção da saúde e à produção de dados e informações fidedignas que qualifiquem a pesquisas nessa área; VII – Estabelecer instrumentos de gestão e indicadores para o acompanhamento e avaliação do impacto da implantação/ implementação da Política; VIII – Implantar estruturas adequadas para monitoramento e avaliação das iniciativas de promoção da saúde; IX – Implementar as diretrizes de capacitação e educação permanente em consonância com as realidades locais; X – Viabilizar linha de financiamento para promoção da saúde dentro da política de educação permanente, bem como propor instrumento de avaliação de desempenho, no âmbito municipal; 28 9.3. Divulgação e implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde Alimentação saudável I – Promover ações relativas à alimentação saudável visando à promoção da saúde e à segurança alimentar e nutricional, contribuindo com as ações e metas de redução da pobreza, a inclusão social e o cumprimento do direito humano à alimentação adequada; II – Promover articulação intra e intersetorial visando à implementação da Política Nacional de Promoção da Saúde por meio do reforço à implementação das diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição e da Estratégia Global: Prática corporal/atividade física I – Ações na rede básica de saúde e na comunidade: a) mapear e apoiar as ações de práticas corporais/atividade física existentes nos serviços de atenção básica e na Estratégia de Saúde da Família, e inserir naqueles em que não há ações; b) ofertar práticas corporais/atividade física como caminhadas, prescrição de exercícios, práticas lúdicas, esportivas e de lazer, na rede básica de saúde, voltadas tanto para a comunidade como um todo quanto para grupos vulneráveis; c) capacitar os trabalhadores de saúde em conteúdo de promoção à saúde e práticas corporais/atividade física na lógica da educação permanente, incluindo a avaliação como parte do processo; d) estimular a inclusão de pessoas com deficiências em projetos de práticas corporais/atividades físicas. Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas I – Investimento em ações educativas e sensibilizadoras para crianças e adolescentes quanto ao uso abusivo de álcool e suas consequências; II – Produzir e distribuir material educativo para orientar e sensibilizar a população sobre os malefícios do uso abusivo do álcool. III – Promover campanhas municipais em interação com as agências de trânsito no alerta quanto às consequências da “direção alcoolizada”; IV – Desenvolvimento de iniciativas de redução de danos pelo consumo de álcool e outras drogas que envolvam a corresponsabilização e autonomia da população; 29 Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito I – Promoção de discussões intersetoriais que incorporem ações educativas à grade curricular de todos os níveis de formação; II – Articulação de agendas e instrumentos de planejamento, programação e avaliação, dos setores diretamente relacionados ao problema; e III – Apoio às campanhas de divulgação em massa dos dados referentes às mortes e sequelas provocadas por acidentes de trânsito. Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz I – Ampliação e fortalecimento da Rede Nacional de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde; II – Investimento na sensibilização e capacitação dos gestores e profissionais de saúde na identificação e encaminhamento adequado de situações de violência intrafamiliar e sexual; ANOTAÇÕES 30 10. VIGILÂNCIA EM SAÚDE (NOÇÕES DE AGRAVOS) A expressão ‘vigilância em saúde’ remete, inicialmente, à palavra vigiar. Sua origem – do latim vigilare – significa, de acordo com o Dicionário Aurélio, observar atentamente, estar atento a, atentar em, estar de sentinela, procurar, campear, cuidar, precaver-se, acautelar-se. No campo da saúde, a ‘vigilância’ está historicamente relacionada aos conceitos de saúde e doença presentes em cada época e lugar, às práticas de atenção aos doentes e aos mecanismos adotados para tentar impedir a disseminação das doenças. A vigilância em saúde tem por objetivo a observação e análise permanentes da situação de saúde da população, articulando-se em um conjunto de ações destinadas a controlar determinantes, riscos e danos à saúde de populações que vivem em determinados territórios, garantindo-se a integralidade da atenção, o que inclui tanto a abordagem individual como coletiva dos problemas de saúde. 10.1. Componentes da vigilância em saúde São as ações de vigilância, promoção, prevenção e controle de doenças e agravos à saúde, devendo- se constituir em espaço de articulação de conhecimentos e técnicas. O conceito de vigilância em saúde inclui: Vigilância e o controle das doenças transmissíveis; Vigilância das doenças e agravos não transmissíveis; Vigilância da situação de saúde/epidemiológica; Vigilância ambiental em saúde; Vigilância da saúde do trabalhador; Vigilância sanitária. A vigilância em saúde deve estar cotidianamente inserida em todos os níveis de atenção da saúde. A partir de suas específicas ferramentas as equipes de saúde da atenção primária e de vigilância ambiental podem desenvolver habilidades de programação e planejamento, de maneira a organizar os serviços com ações programadas de atenção à saúde das pessoas, aumentando-se o acesso da população a diferentes atividades e ações de saúde 10.2 Noções de agravos Propósitos e funções para identificação de agravos AGENTE INFECCIOSO: agente biológico, capaz de produzir infecção ou doença infecciosa. Ex.: Vírus da gripe, vírus da dengue, bacilo de Hansen (causador da hanseníase). AGENTE ETIOLÓGICO: é o agente causador ou responsável por uma doença. Pode ser vírus, bactéria, fungo, protozoário ou helminto. É sinônimo de “patógeno”. http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/vigsau.html http://www.sites.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/sau.html 31 RESERVATÓRIO: é qualquer local, vegetal, animal ou humano onde vive e multiplica-se um agente etiológico e do qual é capaz de atingir outros hospedeiros. Alguns autores dizem que o reservatório vivo perfeito (animal ou humano) é aquele que possui o agente etiológico, mas não padece com sua presença; prefiro usar o termo reservatório, independentemente de apresentar ou não os sintomas. Ex.: os humanos são os reservatórios do S. mansoni. VETOR: é um artrópode, molusco ou veículo que transmite um parasito entre dois hospedeiros. Vetor biológico: quando o agente etiológico se multiplica ou se desenvolve no vetor. Vetor mecânico: quando o parasito não se multiplica ou se desenvolve no vetor, esse simplesmente serve de transporte ao parasito. Ex.: a T. penetrans veiculando esporos de fungos. VIRULÊNCIA: é a severidade e rapidez com que um agente etiológico provoca lesões no hospedeiro. MODO DE TRANSMISSÃO: é a forma como o agente infecioso é transferido de reservatório ou fonte de infecção e o novo hospedeiro suscetível. PERÍODO DE INCUBAÇÃO: o tempo decorrido entre a exposição de um animal a um organismo patogénico e a manifestação dos primeiros sintomas da doença. Neste período não há doença e o hospedeiro não manifesta sintomas, pois todo o processo está acontecendo no âmbito celular. PERÍODO DE LATÊNCIA: período no qual há presença do agente etiológico em um hospedeiro, sem aparecimento de qualquer sintoma clínico. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: ENDEMIA: presença contínua de uma enfermidade, ou agente infeccioso,em uma zona geográfica determinada; pode também expressar a prevalência usual de uma doença particular numa zona geográfica. Hiperendemia significa a transmissão intensa e persistente, atingindo todas as faixas etárias; Holoendemia, um nível elevado de infecção que começa a partir de uma idade precoce e afeta a maior parte da população jovem, como, por exemplo, a malária em algumas regiões do globo. EPIDEMIA: manifestação, em uma coletividade ou região, de um corpo de casos de alguma enfermidade que excede claramente a incidência prevista. O número de casos, que indica a existência de Glossário Guia de Vigilância Epidemiológica 108 Secretaria de Vigilância em https://pt.wikipedia.org/wiki/Patog%C3%A9nico https://pt.wikipedia.org/wiki/Sintomas https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a 32 Saúde /MS uma epidemia, varia com o agente infeccioso, o tamanho e as características da população exposta, sua experiência prévia ou falta de exposição à enfermidade e local e época do ano em que ocorre. Por decorrência, a epidemia guarda relação com a frequência comum da enfermidade na mesma região, na população especificada e na mesma estação do ano. O aparecimento de um único caso de doença transmissível, que durante um lapso de tempo prolongado não havia afetado uma população ou que invade pela primeira vez uma região, requer notificação imediata e uma completa investigação de campo; dois casos dessa doença, associados no tempo ou espaço, podem ser evidência suficiente de uma epidemia. SURTO: tipo de epidemia em que os casos se restringem a uma área geográfica pequena e bem delimitada ou a uma população institucionalizada (creches, quartéis, escolas, etc.). DOENÇAS INFECIOSAS: são as consequências das lesões causadas pelo agente (vírus, bactérias e/ou fungos) e pela resposta do hospedeiro manifestada por sintomas e sinais e por alterações fisiológicas, bioquímicas e histopatológicas. DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS: doença cujo agente etiológico é vivo e é transmissível, no qual organismo parasitante pode migrar do parasitado para o sadio, havendo ou não uma fase intermediária de desenvolvimento no ambiente. DOENÇAS CONTAGIOSAS: Doenças contagiosas são doenças transmissíveis, por contato direto ou indireto com indivíduos infectado. Ex. Gripe DOENÇAS PARASITÁRIAS: Doença parasitária ou parasitose é uma doença infecciosa causada por um parasito protozoário ou metazoário, no qual o parasita alimenta-se do hospedeiro. Ex.: Escabiose; Piolho; Ascaridíase (lombriga); Amebíase. DOENÇAS CRÔNICAS: são aquelas geralmente de desenvolvimento lento, de longa duração e, por isso, levam um tempo mais longo para serem curadas ou, em alguns casos, não têm cura. A maioria dessas doenças está relacionada ao avanço da idade e ao estilo de vida – hábitos alimentares, sedentarismo e estresse – característico das sociedades contemporâneas. DOENÇAS AGUDAS: são processos de perturbação da força vital que determinam moléstias que completam sua evolução pela cura ou pela morte num intervalo de tempo determinado e rápido. MORBIDADE: expressa o número de pessoas doentes com relação a uma doença e uma população. Ex.: na época do inverno, a morbidade da gripe é muito elevada; ou seja, na época do inverno a incidência da gripe é muito grande. 10.3. Vigilância Epidemiológica A vigilância epidemiológica tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde, que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de 33 doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim, informações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida. Subsidiariamente, a vigilância epidemiológica constitui-se em importante instrumento para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de saúde, como também para a normatização de atividades técnicas correlatas. A operacionalização da vigilância epidemiológica compreende um ciclo de funções específicas e intercomplementares, desenvolvidas de modo contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o comportamento da doença ou agravo selecionado como alvo das ações, para que as medidas de intervenção pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia. São funções da vigilância epidemiológica: Coleta de dados; Processamento de dados coletados; Análise e interpretação dos dados processados; Recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas; Promoção das ações de prevenção e controle indicadas; Avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas; Divulgação de informações pertinentes. 10.3.1. Diagnóstico de caso a) Como fazer diagnóstico de casos na área correspondente A confiabilidade do sistema de notificação depende, em grande parte, da capacidade de os profissionais e serviços locais de saúde – responsáveis pelo atendimento dos casos – diagnosticarem corretamente as doenças e agravos. Para isso, deverão estar tecnicamente capacitados e dispor de recursos complementares para a confirmação da suspeita clínica. b) Investigação epidemiológica É um método de trabalho frequentemente utilizado em casos e epidemias de doenças transmissíveis, mas também aplicável a outros grupos de agravos. Consiste em um estudo de campo realizado a partir de casos (clinicamente declarados ou suspeitos) e de portadores, objetivando avaliar a ocorrência do ponto de vista de suas implicações para a saúde coletiva. Sempre que possível, deve conduzir à confirmação do diagnóstico, à determinação das características epidemiológicas da doença, à identificação das causas do fenômeno e à orientação sobre as medidas de controle adequadas. c) Roteiro de investigação - As seguintes indagações devem ser levantadas: De quem foi contraída a infecção (fonte de contágio)? Qual a via de disseminação da infecção, da fonte ao doente? 34 Que outras pessoas podem ter sido infectadas pela mesma fonte de contágio? Para quais pessoas o caso pode ter transmitido à doença? A quem o caso ainda pode transmitir a doença? Como evitá-lo? d) Finalidade da Investigação - Adoção de medidas de controle em tempo hábil. Para que isso aconteça, deve ser iniciada imediatamente após a ocorrência do evento. e) Ficha de Investigação Epidemiológica - São os formulários, existentes nos serviços de saúde, específicos para cada tipo de doença, que facilitam a coleta e consolidação de dados. Devem ser preenchidos cuidadosamente, registrando-se todas as informações indicadas, para permitir a análise e a comparação de dados. No caso de agravo inusitado, deve-se elaborar uma ficha própria, de acordo com as manifestações clínicas e epidemiológicas do evento. Os formulários contêm dados de identificação do paciente, anamnese, exame físico, suspeita diagnóstica, informações sobre o meio ambiente (de acordo com o agravo) e exames complementares de acordo com o(s) agravo(s) suspeitado(s). f) Busca de pistas - Visa buscar a origem da transmissão, cabendo ao investigador estabelecer quais as mais importantes e o caminho a seguir. Em geral, é importante definir: período de incubação; presença de outros casos na localidade; existência ou não de vetores ligados à transmissibilidade da doença; grupo etário mais atingido; fonte de contágio comum (água, alimentos); modos de transmissão (respiratória, contato direto, etc.); época de ocorrência (estação). Por ser uma atividade que exige tempo e custos adicionais, nem todas as doenças são investigadas. Os critérios de definição para a investigação são: doença considerada prioritária pelo sistema de vigilância; excesso da frequência usual; suspeita de que os casos tenham origem numa fonte comum de infecção; gravidade clínica maior que a habitual; doença desconhecida na área (agravo inusitado).g) Busca ativa de casos - Procedimento realizado com vistas ao conhecimento da magnitude de ocorrência do evento, quando se suspeita que casos possam estar ocorrendo sem registro nos serviços de saúde. É mais restrita (domicílio, rua ou bairro) ou ampliada (cidade, municípios, acompanhando correntes migratórias, etc.), seguindo-se a área geográfica de abrangência da fonte de contágio. h) Processamento e análise de dados - Os dados colhidos são consolidados (ordenados de acordo com as características das pessoas, lugar, tempo, etc.) em tabelas, gráficos, mapas da área em estudo, fluxos de pacientes e outros. Essa disposição fornecerá uma visão global do evento, permitindo a avaliação de acordo com as variáveis de tempo, espaço e pessoas (quando? onde? quem?) e de associação causal (por quê?), e deve ser comparada com períodos semelhantes de anos anteriores. 35 10.4. Vigilância Sanitária A Vigilância Sanitária um conjunto de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e da circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: 1) O controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas de processo, da produção ao consumo; 2) O controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente coma saúde. Como vem sendo pactuado com a Secretaria de Estado da Saúde, a Vigilância Sanitária local é responsável com o controle de bens de consumo que se relacionam com a saúde da população no que concerne a oferta direta ao consumidor, ou seja, em estabelecimentos comerciais e de representação. Neste sentido a Vigilância Sanitária tem como missão a proteção e promoção à saúde da população e defesa da vida. Entre os estabelecimentos pactuados para a realização de inspeções mencionamos: escolas, creches, açougues, restaurantes, lanchonetes, estabelecimentos comerciais, de estética e beleza, dentre outros. 10.5. Vigilância Ambiental A vigilância ambiental, no atual contexto do SUS, tem por objetivo identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou outros agravos à saúde, através de um conjunto de medidas que resultam no conhecimento e detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana. Neste sentido, o município de Uiraúna através dos agentes de Vigilância Ambiental desenvolveu suas atividades no controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti (Dengue, Zika, Chikungunia e Febre Amarela), Doença de Chagas e Leishmaniose Visceral e Tegumentar. Os agentes de vigilância ambiental desenvolvem suas ações no controle dos criadores do Aedes aegypti com visita domiciliares, orientações, identificação e eliminação de possíveis focos/criadouros do mosquito, procedendo à captura das formas evolutivas (larvas, pulpas e mosquito adulto) levando-as em seguida para análise laboratorial na referência estadual. Tais profissionais participam de Campanhas Educativas no combate ao mosquito transmissor da doença em escolas, creches, outros estabelecimentos públicos e privados além de visitas domiciliares com caráter educativo. No combate a Leishmaniose (visceral e tegumentar) são pactuadas para visitações localidades para a realização de inquérito canino, além da captura de flebótomos para inquérito entomológico. Com relação ao combate à Doença de Chagas, o município encontra-se em estado de vigilância entomológica. Assim, após encontro do triatomíneo por algum morador de determinada localidade o mesmo entra em contato com o respectivo ACE, que, por sua vez, responsabiliza-se por remetê-lo à Vigilância Ambiental para que as amostras sejam examinadas por profissionais habilitados e, se necessário, encaminhadas ao laboratório de referência para análise mais completa do inseto em questão. 36 UNIDADE 2 37 11. REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE A Rede de Atenção à Saúde é definida como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado O objetivo da RAS é promover a integração sistêmica, de ações e serviços de saúde com provisão de atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada, bem como incrementar o desempenho do Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária; e eficiência econômica. Caracteriza-se pela formação de relações horizontais entre os pontos de atenção com o centro de comunicação na Atenção Primária à Saúde (APS), pela centralidade nas necessidades em saúde de uma população, pela responsabilização na atenção contínua e integral, pelo cuidado multiprofissional, pelo compartilhamento de objetivos e compromissos com os resultados sanitários e econômicos. 11.1. Atributos da rede de atenção à saúde Considera-se que não há como prescrever um modelo organizacional único para as RAS, contudo as evidências mostram que o conjunto de atributos apresentados a seguir são essenciais ao seu funcionamento: População e território definidos com amplo conhecimento de suas necessidades e preferências que determinam a oferta de serviços de saúde; Extensa gama de estabelecimentos de saúde que presta serviços de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, gestão de casos, reabilitação e cuidados paliativos e integra os programas focalizados em doenças, riscos e populações específicas, os serviços de saúde individuais e os coletivos; Atenção Primária em Saúde estruturada como primeiro nível de atenção e porta de entrada do sistema, constituída de equipe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado, e atendendo as suas necessidades de saúde; Prestação de serviços especializados em lugar adequado; Existência de mecanismos de coordenação, continuidade do cuidado e integração assistencial por todo o contínuo da atenção; Atenção à saúde centrada no indivíduo, na família e na comunidade, tendo em conta as particularidades culturais, gênero, assim como a diversidade da população; Sistema de governança único para toda a rede com o propósito de criar uma missão, visão e estratégias nas organizações que compõem a região de saúde; definir objetivos e metas que devam ser cumpridos no curto, médio e longo prazo; articular as políticas institucionais; e desenvolver a capacidade de gestão necessária para planejar, monitorar e avaliar o desempenho dos gerentes e das organizações; 38 Participação social ampla; Gestão integrada dos sistemas de apoio administrativo, clínico e logístico; Recursos humanos suficientes, competentes, comprometidos e com incentivos pelo alcance de metas da rede; Sistema de informação integrado que vincula todos os membros da rede, com identificação de dados por sexo, idade, lugar de residência, origem étnica e outras variáveis pertinentes; Financiamento tripartite, garantido e suficiente, alinhado com as metas da rede; Ação intersetorial e abordagem dos determinantes da saúde e da equidade em saúde; Gestão baseada em resultado. A integração dos sistemas de saúde deve ser entendida como um contínuo e não como uma situação de extremos opostos entre integração e não integração. Dessa forma, existem graus de integração, que variam da fragmentação absoluta à integração total. Por sua vez, a integração é um meio para melhorar o desempenho do sistema, de modo que os esforços se justificam na medida em que conduzam a serviços mais acessíveis, de maior qualidade, com melhor relação custo-benefício e satisfaçamaos usuários (OPAS, 2009). 11.2. Redes temáticas de Atenção à Saúde Redes Temáticas priorizadas, com pactuação tripartite: Rede de Atenção à Saúde Materno-Infantil Rede de Atenção às Urgências e Emergências Rede de Atenção Psicossocial: priorizando o Enfrentamento do Álcool, Crack e outras Drogas Rede de Atenção às Doenças Crônicas: iniciando pelo enfrentamento do câncer de mama e do câncer de colo do útero Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência 11.2.1. Rede de Atenção à Saúde Materno-Infantil É uma rede de cuidados que assegura às MULHERES o direito ao planejamento reprodutivo, à atenção humanizada à gravidez, parto e puerpério e às CRIANÇAS o direito ao nascimento seguro, crescimento e desenvolvimento saudáveis. Objetivos: Realização de pré-natal (de risco habitual e de alto risco) com captação precoce da gestante, com realização dos exames preconizados e com acesso aos resultados destes em tempo oportuno. Acolhimento às intercorrências na gestação; Prevenção e tratamento das DST/HIV/Aids e Hepatites; Suficiência de leitos obstétricos e neonatais (UTI, UCI e Canguru); 39 Práticas de atenção à saúde baseada em evidências científicas; Acompanhamento da puérpera e da criança na atenção básica com visita domiciliar na primeira semana após a realização do parto e nascimento bem, como a busca ativa de crianças vulneráveis; Orientação e oferta de métodos contraceptivos; Promoção do acesso ao transporte seguro nas situações de urgência para as gestantes, as puérperas e os recém-nascidos de alto risco; Implantação e/ou implementação da regulação de leitos obstétricos e neonatais, assim como a regulação de urgências e a regulação ambulatorial (consultas e exames), entre outras. 11.2.2. Rede de Atenção à Urgência e Emergência (RUE) Buscando sempre o acolhimento com classificação de risco e resolutividade, a organização da Rede de Urgência e Emergência (RUE) tem a finalidade de articular e integrar todos os equipamentos de saúde com o objetivo de ampliar e qualificar o acesso humanizado e integral aos usuários em situação de urgência/emergência nos serviços de saúde, de forma ágil e oportuna. São componentes e interfaces da Rede de Atenção às Urgências e Emergências: • Promoção e prevenção. • Atenção primária: Unidades Básicas de Saúde; • UPA e outros serviços com funcionamento 24h; • SAMU 192; • Portas hospitalares de atenção às urgências – SOS Emergências; • Enfermarias de retaguarda e unidades de cuidados intensivos; • Inovações tecnológicas nas linhas de cuidado prioritárias: AVC, IAM, traumas; • Atenção domiciliar – Melhor em Casa. 11.2.3. Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) A Política Nacional de Saúde Mental busca consolidar um modelo de atenção aberto e de base comunitária. A proposta é garantir a livre circulação das pessoas com problemas mentais pelos serviços, pela comunidade e pela cidade. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estabelece os pontos de atenção para o atendimento de pessoas com problemas mentais, incluindo os efeitos nocivos do uso de crack, álcool e outras drogas. A Rede integra o Sistema Único 40 de Saúde (SUS). A Rede é composta por serviços e equipamentos variados, tais como: os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); os Centros de Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimento (UAs), e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III). 11.2.4. Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas A Rede tem como objetivo fomentar a mudança do modelo de atenção à saúde, fortalecendo o cuidado às pessoas com doenças crônicas; garantir o cuidado integral às pessoas com doenças crônicas; impactar positivamente nos indicadores relacionados às essas doenças; contribuir para promoção da saúde da população e prevenir o desenvolvimento desses agravos e suas complicações. Dessa forma, a implantação dessa Rede pretende suscitar mudanças na atenção à saúde das pessoas com doenças crônicas, dentre elas, o câncer. Nesse momento, o foco da Rede está em quatro temas, por serem epidemiologicamente mais relevantes, são eles: As doenças renais e cardiovasculares (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e insuficiência renal crônica), A obesidade, O câncer, As doenças respiratórias. O elemento essencial para garantir a qualidade da atenção a essa população é a mudança no processo de trabalho das equipes em todos os pontos de atenção, desde a atenção básica passando pela especializada, pela urgência e pelo cuidado hospitalar e domiciliar. Esse processo implica a incorporação de tecnologias e de gestão do cuidado para atenção integral e longitudinal e também a articulação de ações e serviços para a constituição de linhas de cuidado em toda a rede 11.2.5. Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência A Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência visa buscar e ampliar o acesso e qualidade o atendimento às pessoas com deficiência temporária ou permanente, progressiva, regressiva ou estável, intermitente ou contínua no Sistema Único de Saúde (SUS). Objetivos: Ampliar o acesso e qualificar atendimento às pessoas com deficiência no SUS, com foco na organização de rede e na atenção integral à saúde, que contemple as áreas de deficiência auditiva, física, visual, intelectual e ostomias. 41 Ampliar a integração e articulação dos serviços de reabilitação com a rede de atenção primária e outros pontos de atenção especializada. Desenvolver ações de prevenção de deficiências na infância e vida adulta. Componentes da Rede de Reabilitação: CER - Centro Especializado em Reabilitação. Oficinas Ortopédicas: local e itinerante Centros-Dia. Serviços de Atenção Odontológica para Pessoas com Deficiência. Serviço de Atenção Domiciliar no âmbito do SUS. Atenção Hospitalar. ANOTAÇÕES 42 12. POLÍTICA NACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA A Atenção Básica (AB) ou Atenção Primária atualmente é regulamentada no Brasil pela Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017 que “Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). As principais mudanças propostas para os principais temas da nova PNAB são: Reconhecimento de outros formatos de equipe A gestão municipal poderá compor equipes de AB de acordo com características e necessidades locais e deverão ser compostas minimamente por médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ou técnicos de enfermagem com financiamento também pelo Ministério da Saúde. Gerente de Unidade Básica de Saúde (UBS) Recomenda-se a inclusão do Gerente de Atenção Básica com o objetivo de contribuir para o aprimoramento e qualificação do processo de trabalho nas UBS, em especial ao fortalecer a atenção à saúde prestada pelos profissionais das equipes à população adscrita. A inclusão deste profissional deve ser avaliada pelo gestor, segundo a necessidade do território e cobertura de AB. Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) O NASF foi criado com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das ações da Atenção Básica, bem como sua resolutividade. A nova PNAB propõe que essas equipes multiprofissionais passem a complementar não só equipes de Saúde da Família, mas também equipes de AB “tradicionais”. Por isso, o nome mudou para Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Teto populacional O texto proposto reduz a população adscrita por equipe de Atenção Básica e de Saúde da Família de quatro mil pessoas localizadas dentro do seu território para 2.000 a 3.500, garantindo os princípios e diretrizes da AB. Incorporação do Registro Eletrônico em Saúde
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