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� Grupo 3 3° ano A - FIMCA FISIOPATOLOGIA CASO 4 1. RELEMBRAR OS CONCEITOS DE IMUNOLOGIA BÁSICA R: Entre as células de defesa estão os linfócitos T-CD4+, principais alvos do HIV, vírus causador da AIDS, e do HTLV, vírus causador de outro tipo de doença sexualmente transmissível. São esses glóbulos brancos que organizam e comandam a resposta diante dos agressores. Produzidos na glândula timo, eles aprendem a memorizar, reconhecer e destruir os microrganismos estranhos que entram no corpo humano. O HIV liga-se a um componente da membrana dessa célula, o CD4, penetrando no seu interior para se multiplicar. Com isso, o sistema de defesa vai pouco a pouco perdendo a capacidade de responder adequadamente, tornando o corpo mais vulnerável a doenças. Quando o organismo não tem mais forças para combater esses agentes externos, a pessoa começar a ficar doente mais facilmente e então se diz que tem AIDS. Janela imunológica é o intervalo de tempo decorrido entre a infecção pelo HIV até a primeira detecção de anticorpos anti-HIV produzidos pelo sistema de defesa do organismo. Na maioria dos casos, a duração da janela imunológica é de 30 dias. Porém, esse período pode variar, dependendo da reação do organismo do indivíduo frente à infecção e do tipo do teste (método utilizado e sensibilidade). Se um teste para detecção de anticorpos anti-HIV é realizado durante o período da janela imunológica, há a possibilidade de gerar um resultado não reagente, mesmo que a pessoa esteja infectada. Dessa forma, recomenda-se que, nos casos de testes com resultados não reagentes em que permaneça a suspeita de infecção pelo HIV, a testagem seja repetida após 30 dias com a coleta de uma nova amostra. É importante ressaltar que, no período de janela imunológica, o vírus do HIV já pode ser transmitido, mesmo nos casos em que o resultado do teste que detecta anticorpos anti-HIV for não reagente. 2. CONCEITUAR AIDS E HIV R: AIDS é uma sigla originada do inglês, que significa Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (acquired immunodeficiency syndrome). É o estágio final da doença provocada pelo HIV, um vírus que causa graves danos ao sistema imunológico. HIV também é uma sigla com origem no inglês, que significa Vírus da Imunodeficiência Humana (Human Immunodeficiency Virus), um vírus pertencente à classe dos retrovírus. Esse vírus ataca as células de defesa do corpo, deixando o organismo vulnerável a todo tipo de doenças, desde gripes a infecções mais graves como tuberculose ou câncer. As células mais atingidas pelo HIV são os linfócitos T CD4+. Ser portador do HIV não é o mesmo que ter AIDS. Muitos indivíduos soropositivos vivem anos sem manifestar sintomas e sem desenvolver a doença, embora possam transmitir o vírus a outros através de relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas contaminadas ou ainda de mãe para filho, durante a gravidez e amamentação. � Grupo 3 3° ano A - FIMCA 3. COMPREENDER A IMPORTÂNCIA DA AIDS NO CONTEXTO MUNDIAL E BRASILEIRO R: O Brasil registrou uma redução de 16% no número de detecções de AIDS nos últimos seis anos, segundo o Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde. Em 2012, a taxa de detecção era de 21,7 casos por cada 100 mil habitantes e, em 2017, foram 18,3, uma queda de 15,7%. Ainda segundo o boletim, nos últimos quatro anos também houve queda de 16,5% na taxa de mortalidade pela síndrome passando de 5,7 mortes por 100 mil habitantes em 2014 para 4,8 óbitos em 2017. Para o ministério, a ampliação do acesso à testagem e a redução do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento são razões para a queda. O diagnóstico precoce é importante para que a pessoa com o vírus HIV não desenvolva AIDS e controle o vírus no organismo com os remédios disponíveis. O boletim mostra ainda a diminuição da transmissão vertical do HIV, quando o bebê é infectado durante a gestação. A taxa de detecção de HIV em bebês reduziu em 43% entre 2007 e 2017, caindo de 3,5 casos para 2 por cada 100 mil habitantes. Nos últimos 7 anos, houve ainda redução de 56% de infecções de HIV em crianças expostas ao vírus após 18 meses de acompanhamento. De 1980 a junho de 2018, o Brasil registrou 926.742 casos de AIDS no Brasil, uma média de 40 mil novos casos por ano. O número anual de casos de AIDS vem diminuindo desde 2013, quando atingiu 43.269 casos; em 2017 foram registrados 37.791 casos. Os novos dados ainda mostram que 73% das novas infecções de HIV ocorrem no sexo masculino, sendo que 70% dos casos entre homens estão na faixa de 15 a 39 anos. Atualmente, 2018, há 830 mil pessoas convivendo com o vírus do HIV/AIDS no país, segundo informações do Ministério da Saúde. Destas, apenas 548 mil estão em tratamento. Há ainda uma boa parte da população que não sabe que tem a infecção. 4. CONHECER OS MODOS DE TRANSMISSÃO DO HIV E AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA CONTROLE DA TRANSMISSÃO R: - Sexual (sexo sem camisinha); - Parenteral (transfusão sanguinea, agulhas/seringas compartilhadas, instrumentos perferucortantes); - Vertical ( mãe infectada para seu filho durante a gravidez, pela placenta, no parto e na amamentação). Para se prevenir contra o HIV, o mais importante é não se colocar em situação de risco para a infecção pelo vírus, ou seja: - Faça sexo (vaginal, anal ou oral) sempre com proteção - Não compartilhe agulhas e seringas - Não reutilize objetos perfurocortantes no geral - Redução de parceiros - No caso de violência sexual, comunique as autoridades o quanto antes e vá a um hospital, de preferência especializado, para que eles possam ministrar os remédios de profilaxia de infecção pelo HIV ou outras doenças sexualmente transmissíveis (DST). - Teste rapido - Tratamento e acompanhamento psicologico � Grupo 3 3° ano A - FIMCA As chances de não se desenvolver essas doenças quando a profilaxia é feita poucas horas após o ato é muito maior. Se você já foi diagnosticado com HIV, para se prevenir a AIDS o mais importante é que você tome todos os seus medicamentos conforme prescrição e siga todas as demais orientações médicas, além de procurar ter uma vida mais saudável, se alimentando bem, mantendo o peso compatível com a sua idade, sexo e altura e, se ainda fuma, deixar de fumar. No caso de infecções oportunistas ou outros sintomas enquanto está se tratando do HIV, é importante procurar assistência médica para tomar as providências corretas contra a doença o quanto antes, que incluem medicações que não interfiram com os seus antirretrovirais. 5. IDENTIFICAR QUAIS PACIENTES ESTÃO SUSCETÍVEIS À CONTAMINAÇÃO PELO VÍRUS R: Todos estão sujeitos a contrair o vírus HIV, uma vez que a doença não escolhe cor de pele, idade, gênero ou preferências sexuais, contudo, há alguns comportamentos de risco para a infecção por HIV: - Relação sexual (vaginal, anal ou oral) com pessoa infectada sem o uso de preservativos - Compartilhamento de seringas e agulhas, principalmente, no uso de drogas injetáveis - Reutilização de objetos perfurocortantes com presença de sangue ou fluidos contaminados pelo HIV Mulheres HIV-positivas que queiram engravidar também precisam tomar as providências, sob orientação médica, para não transmitir o vírus para os seus filhos durante a gestação, parto ou amamentação. 6. CONHECER OS MICRORGANISMOS (ETIOLOGIA) RELACIONADOS À AIDS R: O HIV é um retrovírus com genoma RNA, da Família Retroviridae (retrovírus) e subfamília Lentivirinae. Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não- oncogênicos que necessitam, para multiplicar-se, de uma enzima denominada transcriptase reversa, responsável pela transcrição do RNA viral para uma cópia DNA, que pode, então, integrar-se ao genoma do hospedeiro. Além disso, todos os membros da família retrovírus têm a capacidade de infectar linfócitosatravés do receptor CD4. Aparentemente, o HIV- 1 e o HIV-2 passaram a infectar o homem há poucas décadas. Além disso, todos têm a capacidade de infectar linfócitos através do receptor CD4. 7. O ENTENDER OS PROCESSOS RELACIONADOS À INFECÇÃO PELO AGENTE NA CÉLULA HOSPEDEIRA (PATOGÊNESE) R: A primeira estação de captura do HIV é o sistema mononuclear fagocitário, que desempenha um papel importante na disseminação do HIV no organismo. Esse sistema celular engloba, além dos leucócitos circulantes no sangue, um grande número de células tissulares, como os macrófagos situados nos alvéolos pulmonares, nos gânglios linfáticos e no baço, entre outras. As células do sistema mononuclear fagocitário desempenham, assim, um papel importante na disseminação do HIV no organismo. Após a captação de antígenos estranhos, os macrófagos entram em contato com um subgrupo dos linfócitos T CD4. Os linfócitos T CD4 apresentam uma concentração � Grupo 3 3° ano A - FIMCA especialmente acentuada da molécula CD4 em sua superfície celular, sendo, por esse motivo, sensíveis a uma infecção por HIV liberado pelos macrófagos. A multiplicação do HIV desencadeia sérias consequências, levando, inicialmente, a um distúrbio funcional e, finalmente, por efeito citopático, ao desaparecimento por destruição dos linfócitos T CD4. A redução numérica dos linfócitos T CD4 é característica da infecção por HIV, sendo a expressão da destruição celular induzida pelo vírus. O mecanismo de destruição das células ocorre através de ações diretas e indiretas. Como efeitos citopáticos diretos podemos ressaltar o acentuado aumento da membrana celular durante a liberação do vírus, o acúmulo de DNA-provírus não integrado, formação de complexos intracelulares entre moléculas CD4 e os envoltórios proteicos HIV-gp. Os efeitos citopáticos indiretos incluem: infecção de células matrizes ou células precursoras CD4 e depleção seletiva de uma subpopulação de linfócitos T CD4 (CDC, 1996). Com a depleção dos linfócitos T CD4, o sistema imunológico é atingido em seu ponto mais sensível. Os linfócitos T CD4, com acentuação da molécula CD4, desempenham um papel central nas reações imunológicas. Correspondentemente à sua função auxiliar e indutora, os linfócitos T CD4 dirigem, juntamente com a cooperação de outros componentes celulares do sistema imunológico, a evolução da defesa frente à infecção. Células T, CD8 positivas e diferenciadas são, então, capazes de eliminar células alvo infectadas pelo vírus, delimitando a disseminação da infecção viral. Mesmo linfócitos B, que não são timo-dependentes, encontram-se sob a influência de linfócitos T CD4. Essa trama complexa de cooperação celular se desequilibra, quando a influência indutora e auxiliadora dos linfócitos T CD4 não mais se encontra à disposição. 8. SE O PACIENTE NÃO SE TRATAR QUAL É A HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA (ASPECTOS CLÍNICOS) R: Os sintomas clínicos são variados. Acontece desde um quadro gripal simples até sintomas semelhantes à mononucleose infecciosa, a chamada mononucleose-like. Outros sintomas como febre, linfadenopatia, faringite, mialgia, artralgia, exantema, cefaleia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náusea e vômito também podem surgir. Em alguns casos ocorre candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite e síndrome de Guillain-Barré. Após a infecção aguda ocorre a estabilização da viremia em níveis variados, set points. Estes são definidos pela velocidade de replicação e quantidade de vírus, viral clearance. Muitas vezes o set point é utilizado como fator prognóstico da doença. Da mesma forma que a queda na contagem de células TCD4. Pesquisas mostram que o maior o número de sintomas observado durante a infecção aguda foi associado aos casos de maior carga viral inicial. INFECÇÃO ASSINTOMÁTICA – em geral sem sintomas clínicos; em alguns casos pode surgir linfoadenopatia generalizada persistente em sítios não inguinais. Apesar de esse estágio receber a denominação de assintomático, o período é de contínua replicação viral. Além de abatimento progressivo do sistema imunológico, com transmissão do vírus. � Grupo 3 3° ano A - FIMCA SINTOMÁTICA INICIAL - os sintomas podem variar. Podem incluir condições como febre, suor noturno, cefaleia, fadiga, perda de peso. Linfadenopatia persistente pode estar presente. Podem surgir doenças dermatológicas como herpes zoster, herpes simplex recorrente e leucoplasia pilosa oral. Infecções bacterianas como tuberculose também podem aparecer. SINTOMÁTICA INTERMEDIÁRIA – caracterizada pela contagem de linfócitos do tipo TCD4+, entre 200 e 500 células / mm3 e pelos mesmos sintomas da fase anterior, que em geral tornam-se mais graves. SINTOMÁTICA TARDIA - fase em que a contagem de linfócitos do tipo TCD4+ está entre 50 e 200 células/mm3. Há alto risco de pneumonia por Pneumocistis carinii, criptosporidíase, encefalite por Toxoplasma gondii e candidíase esofágica. INFECÇÃO AVANÇADA – os acometidos pela infecção ao chegar nessa fase da doença possuem contagem de linfócitos do tipo TCD4+ abaixo de 50céls/mm3. Podem ocorrer todas as manifestações clínicas anteriores. O risco é aumentado para citomegalovirose disseminada 9. COMO SÃO FEITOS OS DIAGNÓSTICOS DE INFECÇÃO PELO HIV? R: O diagnóstico do HIV normalmente é realizado através de testes que detectam o vírus na saliva ou no sangue. Eles podem ser realizados a partir de 30 dias após a exposição, isso porque os exames (laboratorial e teste rápido) busca por anticorpos contra o HIV no sangue para detectar a infecção. Existem vários testes para determinar em que estágio a doença está, dentre eles: Contagem de CD4: As células CD4 são um tipo de glóbulo branco que é especificamente destruído pelo HIV. A contagem de células CD4 em uma pessoa sem HIV pode variar de 500 a mais de 1.000. Mesmo que o paciente não apresente sintomas, quando a infecção por HIV progride para AIDS a contagem de CD4 cai para menos de 200 Carga viral: O teste mede a quantidade de vírus no sangue e, normalmente, quanto maior a carga viral, menor a condição geral de saúde da pessoa. O médico também pode solicitar testes para outras infecções ou complicações relacionadas ao HIV/AIDS: - Tuberculose - Hepatite - Toxoplasmose - Outras doenças sexualmente transmissíveis - Danos nos rins e fígado - Infecções de trato urinário Tipos de teste - Testes convencionais: O teste convencional foi o primeiro a ser desenvolvido. A ele, dá-se o nome de Ensaio Imunoenzimático, ou ELISA. Nele os profissionais de laboratório colhem uma amostra do sangue do paciente e buscam por anticorpos contra o vírus. Se a amostra não apresentar nenhuma célula de defesa específica para o HIV, o resultado é negativo e, então, oferecido ao paciente. Porém, caso seja detectado algum anticorpo anti-HIV no sangue, é necessária a realização de � Grupo 3 3° ano A - FIMCA um teste adicional, o chamado teste confirmatório, para que se tenha certeza absoluta do diagnóstico. Nele, os profissionais buscam por fragmentos de HIV na corrente sanguínea do paciente - Teste rápido: Ele funciona da mesma forma que o teste convencional, com a diferença de que o resultado sai no mesmo dia, cerca de trinta minutos até duas horas após a realização do exame. Isso permite que o paciente fique sabendo do resultado no momento da consulta médica e receba o aconselhamento pré e pós- teste, muito importante para esclarecer dúvidas a respeito das formas de transmissão e também de tratamento - Fluído oral: O teste de fluido oral é a mais recente modalidade de testagem. Para realizar o exame, é necessário retirar uma amostra do fluido presente na boca, principalmente das gengivas e da mucosa da bochecha, com o auxílio de uma haste coletora. O resultado sai em 30 minutos e pode ser realizado emqualquer lugar, dispensando estruturas laboratoriais. No entanto, o teste de fluido oral serve apenas como triagem para o paciente - Testes confirmatórios: São usados como testes confirmatórios os exames Western Blot, o Teste de Imunofluorescência indireta para o HIV-1 e o Imunoblot. Eles são requeridos somente quando o resultado de testes convencionais ou testes rápidos é positivo. Eles são necessários porque, algumas vezes, os exames podem dar resultados falso-positivos em decorrência de algumas doenças, como artrite reumatoide, doenças autoimunes e alguns tipos de câncer não diagnosticados. SLIDE DO PROF: Ensaio imunoenzimatico (ELISA) para anticorpo) Janela imunológica - 6 a 12 semanas ( máximo 6 meses) Western blot (confirmatório) + ELISA = 100% Antes da soroconversão: PCR ou ELISA para p24 Em neonatos filhos de mães soropositivas? - Dois testes negativas com 30 dias de intervalo - anticorpos passivos duram 12 - 15 meses - RT-PCR pode ser usado 10. APÓS O DIAGNÓSTICO COMO É FEITO O ACOMPANHAMENTO DO PACIENTE? R: Atualmente existem medicamentos antirretrovirais, que são coquetéis antiaids que aumentam a sobrevida dos soropositivos, eles agem inibindo a multiplicação do HIV no organismo e, consequentemente, evitam o enfraquecimento do sistema imunológico. Os medicamentos agem em diferentes partes do ciclo de multiplicação do HIV dentro do organismo, evitando a formação de novos vírus e a destruição das células de defesa. Cada classe de medicação age em uma fase desse ciclo e para que o tratamento seja mais eficaz, são utilizadas combinações de diferentes classes. É importante lembrar que ainda não há uma medicação que consiga destruir todos os vírus existentes no paciente e que alguns permanecem “escondidos” e podem voltar a se multiplicar se ele parar de tomar a medicação. Esse tratamento pode apresentar falhas como a baixa adesão (complexidade + intolerância à droga); interações farmacológicas/baixa adsorção/excreção rápida; fatores individuais (contagem de CD4 + MHC); cepas resistentes adquiridas; resultado: redução parcial da replicação > seleção de mutantes resistentes; variação das drogas usadas pode das bons resultados � Grupo 3 3° ano A - FIMCA Assim como é muito importante que o paciente com HIV faça uso das medicações corretamente para que aumente a sua expectativa de vida e reduza as possíveis complicações do HIV, que incluem a AIDS, também é essencial ter diversos cuidados e regras com a saúde. Por exemplo, alimentação saudável, tome suas vacinas, cuidado com animais de estimação e não fumar. 11. QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DOENÇAS OPORTUNISTAS QUE ACOMETEM O PACIENTE? R: São diversas as complicações que uma pessoa vivendo com HIV pode desenvolver, a principal delas é a AIDS, mas, com o tratamento adequado é possível retardar bastante este processo. Contudo, o vírus deixa a pessoa mais suscetível a outras doenças, como um grande número de infecções e de tipos de cânceres. Dentre as infecções temos: - Tuberculose: É a infecção oportunista mais comum associada ao HIV e uma das principais causas de morte entre pessoas com AIDS. É extremamente comum que pessoas com HIV também estejam infectadas com tuberculose. - Salmonela: A infecção é contraída através da ingestão de alimentos ou água contaminada. Entre os sintomas estão diarreia severa, febre, calafrios, dor abdominal e vômitos e é muito mais incidente entre soropositivos do que em soronegativos. - Citomegalovírus: O vírus da herpes, que é transmitido através de contatos com fluídos corporais, fica inativo ou dormente em uma pessoa com um sistema imunológico saudável. Contudo, se a imunidade da pessoa está baixa, ele reaparece, o que é comum em soropositivos. O vírus pode causar dano aos olhos, trato digestivo, pulmões e outros órgãos. - Candidíase: A infecção causa inflamações e o aparecimento de um revestimento branco espesso nas membranas mucosas da boca, língua, esôfago ou vagina. Em crianças, os sintomas são ainda mais severos na boca ou no esôfago, o que pode tornar o ato de comer bastante doloroso. - Meningite criptocócica: é uma infecção do sistema nervoso central, associada ao HIV, ocasionada por fungos encontrados no solo. Esta doença também pode estar ligada à pássaros ou fezes de morcego. - Toxoplasmose: É uma infecção potencialmente fatal causada por um parasita transmitido usualmente por gatos. O animal infectado libera o parasita nas fezes, que é quando ele pode ser transmitido a humanos e outros animais. - Criptosporidiose: É uma infecção intestinal parasitária comumente encontrada em animais, transmitida para os humanos através da ingestão de água ou alimentos contaminados. O parasita cresce no intestino, levando a diarreias severas e crônicas em pacientes com AIDS. 12. QUAL A ETIOLOGIA E PATOGÊNESE DOS PACIENTES COM PNEUMONIA OPORTUNISTA? R: As infecções pulmonares mais freqüentes nos pacientes sidéticos são: as pneumonias bacterianas, a pneumonia por Pneumocystis carinii, as micobacterioses (TBC/micobactérias atípicas), as infecções por fungos (Cryptococcus neoformans, Histoplasma capsulatum, Aspergillus sp), por vírus (CMV, herpes simplex, adenovírus) e por protozoários (Toxoplasma gondii, Strongyloides stercoralis). PNEUMONIAS BACTERIANAS � Grupo 3 3° ano A - FIMCA Indivíduos HIV+ apresentam mais pneumonias bacterianas do que a população geral. Os agentes etiológicos mais frequentemente envolvidos nas pneumonias bacterianas dos pacientes sidéticos são o S. pneumoniae (21,1 a 40%), o H. influenzae (13,5 a 26%), S. aureus (especialmente nos drogaditos EV), bacilos gram–/P. aeruginosa (7%) e agentes atípicos. O quadro clínico caracteriza-se por uma apresentação aguda de 3 a 5 dias causada geralmente por pneumococo, com bacteremia, leucocitose com desvio para a esquerda, hipoxemia e aumento do gradiente alvéolo-arterial de oxigênio. 13. ANALISE AS DIFERENÇAS ENTRE AS PNEUMONIAS DA COMUNIDADE E DOS PACIENTES COM AIDS R: Pneumonia adquirida na comunidade desenvolve-se em indivíduos com pouco ou nenhum contato com instituições ou ambientes médicos. Os patógenos mais comumente identificados são Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae, bactérias atípicas (i. e., Chlamydia pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae e Legionella sp) e vírus. Os sinais e sintomas compreendem febre, tosse, produção de escarro, dispneia, taquipneia e taquicardia. O diagnóstico baseia-se na apresentação clínica e em radiografia de tórax. O tratamento é com antibióticos escolhidos empiricamente. O prognóstico é excelente para os pacientes relativamente jovens e/ou para os indivíduos sadios, mas muitas pneumonias, em especial quando causadas por S. pneumoniae, Legionella, Staphylococcus aureus e vírus influenza, são graves ou mesmo fatais para pacientes mais idosos e mais enfermos. Pneumonia no hospedeiro imunocomprometido costuma ser causada por patógenos incomuns, mas também pode ser causada pelos mesmos patógenos que aqueles que causam a pneumonia adquirida na comunidade. Os sinais e sintomas dependem do patógeno e das condições que comprometem o sistema imune. O diagnóstico baseia-se em hemoculturas e espécimes broncoscópicos das secreções respiratórias, às vezes com culturas quantitativas. O tratamento depende da deficiência do sistema imune e do patógeno. 14. RELACIONE OS ACHADOS DA RADIOGRAFIA COM AS ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS NA PNEUMONIA R: Pneumonia da comunidade, os achados do raio-x de tórax geralmente não distinguem um tipo de infecção de outro, embora os seguintes achados sejam sugestivos: - Infiltrados multilobares sugerem infecção por S. pneumoniae ou Legionella pneumophila. - Uma pneumonia intersticial (na radiografia de tórax aparece como o aumento na trama vascular pulmonar, opacidades reticularessubpleurais que aumentam do ápice às bases dos pulmões e faveolamento periférico) sugere etiologia viral ou micoplasmática. - A pneumonia cavitária sugere S. aureus ou uma etiologia fúngica ou micoplasmática. Pneumonia e imunodeprimidos, faz-se um raio-x de tórax e uma avaliação da oxigenação (geralmente por oximetria de pulso) em pacientes imunocomprometidos com sinais e sintomas respiratórios, ou febre. Se houver infiltrado ou hipoxemia, deve-se fazer exames diagnósticos. A radiografia do tórax pode ser normal na pneumonia por Pneumocystis jirovecii, mas geralmente há hipoxia. � Grupo 3 3° ano A - FIMCA Radiografias de tórax que revelam consolidação localizada habitualmente indicam infecção por bactérias, micobactéria, fungos ou Nocardia sp. O padrão intersticial difuso tem maior probabilidade de ser decorrente de infecção viral, pneumonia por P. jirovecii, lesão por fármaco ou radiação, ou edema pulmonar. Lesões nodulares difusas sugerem micobactéria, Nocardia sp, fungos, ou tumor. Doença cavitária sugere micobactéria, Nocardia sp, fungos ou bactérias, particularmente S. aureus. 15. QUAL O AGENTE ETIOLÓGICO DA TUBERCULOSE? R: É uma doença infecto-contagiosa causada por uma bactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que afeta principalmente os pulmões, mas, também podem ocorrer em outros órgãos do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). 16. A TB É UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL OU APARECE COMO DOENÇAS ISOLADAS? EXPLIQUE R: No entanto, a tuberculose continua sendo um grave problema de saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um terço da humanidade está contaminado - e desses dois bilhões de pessoas, a cada ano nove milhões desenvolverão a doença e 1,7 milhão morrerão: um indivíduo a cada 18,5 segundos. Em termos de prevenção, tratamento e cura, o primeiro marco importante foi o surgimento da vacina BCG. A tuberculose já deveria estar sob controle, mas isso não ocorre por se tratar de uma enfermidade ligada às condições socioeconômicas da população. Fatores como desnutrição e o aparecimento de novas cepas (variante genética específica de um organismo) de bactérias, resistentes ao tratamento, contribuem para dificultar o controle. Além disso, a vacina não é 100% eficaz. O Brasil registra queda no número de casos desde 1999, mas ainda se destaca, negativamente, no cenário mundial. Com uma incidência de 47 casos a cada grupo de 100 mil habitantes, o país ocupa o 15º lugar entre as 22 nações responsáveis por 80% do total de pacientes no mundo. Acredita-se que existem no país, hoje, 60 milhões de contaminados, com 110 mil novos casos por ano - e cinco mil mortes anuais. São Paulo e Rio de Janeiro são os dois municípios com mais pacientes novos por ano, cerca de 6 mil em cada um. O controle da tuberculose será alcançado apenas quando a sociedade e os governos assumirem que precisam atuar de modo conjunto, buscando erradicar a miséria, a fome e as más condições de habitação das populações carentes, pois a periferia das grandes cidades e os bolsões de pobreza, como as favelas, continuam sendo o maior obstáculo no combate à doença. Para a OMS, o desafio era reduzir pela metade, até 2015, o número de casos e de mortes causadas pela tuberculose, além de eliminar a doença como problema de saúde pública até 2050, atingindo a taxa de um caso por milhão de habitantes. 17. EXPLICAR A PATOGÊNESE DA TUBERCULOSE R: Quando uma pessoa inala as gotículas contendo os bacilos de Koch, muitas delas ficam no trato respiratório superior (garganta e nariz), onde a infecção é improvável de acontecer. Contudo, quando os bacilos atingem os alvéolos a infecção pode se iniciar. Em primeiro lugar, os bacilos multiplicam-se nos alvéolos e um pequeno número entra na circulação sangüínea disseminando-se por todo o corpo. � Grupo 3 3° ano A - FIMCA Dentro de 2 a 10 semanas no entanto, o sistema imune usualmente intervem, impedindo que os bacilos continuem a se multiplicar, prevenindo disseminação posterior. A infecção tuberculosa, sem doença, significa que os bacilos estão no corpo da pessoa, mas o sistema imune os está mantendo sob controle. O sistema imune faz isto produzindo células chamadas macrófagos que fagocitam os bacilos e formam uma “barreira”, o granuloma, que mantém os bacilos sob controle. A infecção tuberculosa é detectada apenas pela prova tuberculínica (ver mais adiante). As pessoas infectadas e que não estão doentes não transmitem o bacilo. 18. QUAIS T IPOS DE TUBERCULOSE? COMO OCORRE SUA DISSEMINAÇÃO? R: Dependendo do local em que a bactéria se aloja, a tuberculose pode ser: - Tuberculose pulmonar: É a forma mais comum da doença e ocorre devido a entrada do bacilo nas vias respiratórias e alojamento nos pulmões. Esse tipo de tuberculose é caracterizado por tosses secas e constantes com ou sem sangue, sendo a tosse a principal forma de contágio, já que as gotículas de saliva liberadas por meio da tosse contêm os bacilos de Koch, podendo infectar outras pessoas. - Tuberculose miliar: É uma das formas mais graves da tuberculose e ocorre quando o bacilo entra na corrente sanguínea e chega a todos os órgãos, havendo grande risco de meningite. Além do pulmão ser gravemente afetado, vários outros órgãos também podem ser. - Tuberculose óssea: Apesar de não ser muito comum ocorre quando o bacilo consegue penetrar e se desenvolver nos ossos, o que pode provocar dor e inflamação, que nem sempre é inicialmente tratada como sendo tuberculose. Saiba mais sobre a tuberculose óssea. - Tuberculose ganglionar: É causada pela entrada do bacilo no sistema linfático, podendo acometer os gânglios do tórax, virilha, abdômen ou, mais frequentemente, do pescoço. Esse tipo de tuberculose extrapulmonar não é contagioso e tem cura quando tratada da maneira correta e de acordo com as orientações do médico. Entenda o que é tuberculose ganglionar, sintomas, contágio e como é feito o tratamento. - Tuberculose pleural: Ocorre quando o bacilo afeta a pleura, tecido que reveste os pulmões, causando intensa dificuldade em respirar. Esse tipo de tuberculose extrapulmonar não é contagioso, no entanto pode ser adquirido ao entrar em contato com pessoa com tuberculose pulmonar ou ser uma evolução da tuberculose pulmonar. Saiba mais sobre a tuberculose pleural. A tuberculose é transmitida por via aérea em praticamente a totalidade dos casos. A infecção ocorre a partir da inalação de gotículas contendo bacilos expelidos pela tosse, fala ou espirro do doente com tuberculose ativa de vias respiratórias. 19. RELACIONE OS PRINCIPAIS ACHADOS MACROSCÓPICOS NA TUBERCULOSE COM AS ALTERAÇÕES À RADIOGRAFIA R: Pode ter diversas apresentações, desde o achado típico da doença cavitária e apical até infiltrado retículo-nodular difuso. A apresentação clássica (tuberculose pós- primária), predomina nos lobos superiores, com consolidações e áreas de escavação, além de disseminação endobrônquica do processo inflamatório. Esses pacientes costumam apresentar quadro constitucional com tosse produtiva por mais � Grupo 3 3° ano A - FIMCA de duas semanas. Paciente imunodeprimidos e crianças têm mais chance de apresentar tuberculose primária, sendo o padrão miliar pulmonar uma forma comumente vista em emergências. Pneumonia tuberculosa, derrame pleural volumoso por tuberculose pleural e linofonodomegalias hílares também podem ser vistas nesses pacientes. 20. EXPLIQUE OS ASPECTOS ETIOLÓGICOS E CLÍNICOS DA TOXOPLASMOSE, ASSIM COM SUA EVOLUÇÃO CLÍNICA E PROGNÓSTICOS R: ASPECTO ETIOLÓGICO O agente causal, Toxoplasma gondii é um protozoário coccídio intracelular, próprio dos gatos, e que pertencem à família Sarcocystidae, da classe Sporozoa. ASPECTO CLÍNICO E EVOLUÇÃO É geralmente assintomática,nos quadro agudos, simulando uma mononucleose. Pode apresentar febre, linfoadenopatia, linfocitose e dores musculares que persistem durante dias a semanas. Ocorre transmissão transplacentária, em que o feto apresentará lesão cerebral, deformidades físicas e convulsões desde do nascimento até um pouco depois. Pacientes imunodeficientes são mais acometidos pela infecção, podendo apresentar cerebrite, corioretinite, pneumonia, envolvimento músculo- esquelético generalizado, miocardite, rash maculopapular e/ou morte. Toxoplasmose cerebral é um componente freqüente da AIDS. PROGNÓSTICO O prognóstico para humanos é considerado desfavorável nos casos de rápida progressão da doença, na presença de lesões multifocais do SNC, com hiperextensão dos membros ou quando o início do tratamento é demorado. As pessoas com SIDA que recuperaram de uma toxoplasmose aguda apresentam um risco elevado de terem episódios futuros, uma vez que os parasitas quiescentes podem reactivar-se. Para prevenir esta situação, um doente com SIDA deve iniciar um regime com medicamentos preventivos e continuar a tomar a medicação enquanto o sistema imunitário continuar enfraquecido. Uma combinação farmacológica profilática popular ― trimetoprim/sulfametoxazol ― também ajuda a prevenir a pneumonia por Pneumocystis jiroveci (antigamente designado por Pneumocystis carinii), uma infecção que atinge os doentes com SIDA com um sistema imunitário enfraquecido. Esta combinação farmacológica pode ser responsável pela diminuição da toxoplasmose cerebral observada nos doentes com SIDA. Muitos casos de toxoplasmose congénita podem ser curados com medicamentos. Mesmo as crianças com infecções graves quando do nascimento podem nunca apresentar sinais de lesão grave a longo prazo se tiverem um diagnóstico e um tratamento precoces. Se uma grávida desenvolver toxoplasmose, o risco do seu filho ter uma toxoplasmose congénita reduz-se em 60% se ela for tratada adequadamente com medicamentos.