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GRAHAM HANCOCK AS DIGITAIS DOS DEUSES Tradução de RUY JUNGMANN EDITORA RECORD 2001 Para Santha... Por estar lá, Com todo meu amor. Sumário Agradecimentos Parte I Introdução: O mistério dos mapas 1. Um mapa de lugares ocultos 2. Rios na Antártida 3. Impressões digitais de uma ciência perdida Parte II Espuma do Mar: Peru e Bolívia 4. O vôo do condor 5. A trilha inca para o passado 6. Ele veio em uma época de caos 7. Houve, então, gigantes? 8. O lago no topo do mundo 9. O antigo e futuro rei 10. A cidade no Portal do Sol 11. Indicações de antiguidade 12. O fim dos viracochas Parte III A Serpente Emplumada: América Central 13. O sangue e o tempo no fim do mundo 14. O povo da serpente 15. Babel mexicana 16. O santuário da serpente 17. O enigma olmeca 18. Estrangeiros bem visíveis 19. Aventuras no mundo subterrâneo, jornadas às estrelas 20. Os filhos dos primeiros homens 21. Um computador para calcular o fim do mundo 22. A cidade dos deuses 23. O sol, a lua e o caminho dos mortos Parte IV O Mistério dos Mitos 1. Uma espécie com amnésia 24. Ecos de nossos sonhos 25. As muitas máscaras do Apocalipse 26. Uma espécie nascida no longo inverno da terra 27. A face da terra escureceu e uma chuva negra começou a cair Parte V O Mistério dos Mitos 2. O código da precessão dos equinócios 28. A maquinaria do céu 29. A primeira tentativa de decifrar um antigo código 30. A árvore cósmica e o moinho dos deuses 31. Os números de Osíris 32. Falando para o futuro Parte VI Convite a Gizé: Egito 1 33. Pontos cardeais 34. A mansão da eternidade 35. Tumbas, e nada mais? 36. Anomalias 37. Feito por algum deus 38. Jogo interativo tridimensional 39. O local do início Parte VII O Senhor da Eternidade: Egito 2 40. Há ainda segredos no Egito? 41. A Cidade do Sol, a Câmara do Chacal 42. Eras passadas e enigmas 43. Procurando os Primeiros Tempos 44. Deuses dos Primeiros Tempos 45. Obras de homens e de deuses 46. O undécimo milênio a.C. 47. A Esfinge 48. Medidas da terra 49. O poder da coisa Parte VIII Conclusão: Onde está o corpo? 50. Procurando agulha em palheiro 51. O martelo e o pêndulo 52. Como um ladrão na noite Notas Bibliografia Selecionada Índice Remissivo Agradecimentos Este livro não poderia ter sido escrito sem o amor generoso, caloroso e encorajador de minha companheira Santha Faiia - que sempre dá mais do que recebe e que, com criatividade, bondade e imaginação, enriquece a vida de todos que com ela convivem. Todas as fotos incluídas neste livro são de sua autoria. Sinto-me também grato pelo apoio e estímulo de nossos seis filhos - Gabrielle, Leila, Luke, Ravi, Sean e Shanti -, cuja presença é um privilégio para mim. Meus pais, Donald e Muriel Hancock, foram incrivelmente prestativos, ativos e interessados neste e em numerosos outros tempos e projetos difíceis. Juntamente com meu tio James Macaulay, eles leram também pacientemente os esboços do original que, aos poucos, tomava forma, oferecendo uma grande riqueza de sugestões positivas. Obrigado, também, a meu mais velho e mais íntimo amigo, Peter Marshall, em cuja companhia resisti a numerosas tempestades, e a Rob Gardner, Joseph e Sherry Jahoda, Roel Oostra, Joseph e Laura Schor, Niven Sinclair, Colin Skinner e Clem Vallance, pelos bons conselhos. Em 1992, descobri subitamente que tinha um amigo em Lansing, Michigan. Ed Ponist entrou em contato comigo logo depois da publicação de meu livro anterior, The Sign and the Seal. Como um anjo da guarda, Ed se prontificou a dedicar parte considerável de seu tempo livre para me ajudar em pesquisas, contatos e coleta de fontes documentais nos Estados Unidos, relevantes para a preparação deste livro. Ele realizou um trabalho brilhante, enviando-me sempre os livros certos quando eu deles necessitava e localizando referências que eu nem sabia que existiam. Revelou-se também muito hábil em avaliar a qualidade de meu trabalho e aprendi logo a confiar e a respeitar sua capacidade de julgamento. Finalmente, mas não de menor importância, quando Santha e eu visitamos o Arizona para conhecer a nação hopi, Ed nos acompanhou e abriu caminhos... A carta inicial de Ed fez parte de um imenso dilúvio de correspondência que recebi de todas as partes do mundo, depois de publicar The Sign and the Seal. Durante algum tempo, tentei responder pessoalmente a todas elas. No fim, contudo, fiquei tão ocupado na preparação deste livro que tive de deixar de lado esse trabalho. Sinto-me mal a esse respeito e aproveito esta oportunidade para agradecer a todos os que me escreveram e aos quais não pude dar resposta. Pretendo ser mais sistemático no futuro, porque atribuo enorme valor a essa correspondência e aprecio muito as informações de alta qualidade que ela freqüentemente contém... Entre outros pesquisadores que me ajudaram na preparação deste livro, não poderiam ser omitidos os nomes de Martin Slavin, David Mestecky e Jonathan Derrick. Além disso, gostaria de agradecer aos meus editores de texto em ambos os lados do Atlântico, Tom Weldon, na Heinemann, Jim Wade, na Crown, e John Pearce, na Doubleday Canadá, bem como a meus agentes literários, Bill Hamilton e Sara Fisher, pelo interesse, solidariedade e sábios e constantes conselhos. Envio daqui também meus calorosos agradecimentos aos pesquisadores e colegas que se transformaram em amigos no curso desta pesquisa: Robert Bauval, na Inglaterra (com quem escreverei em colaboração dois futuros livros sobre assuntos correlatos), John Anthony West e Lew Jenkins, nos Estados Unidos, Rand e Rose Flem-Ath e Paul William Roberts, no Canadá. Finalmente, rendo homenagens a Ignatius Donnelly, Arthur Posnansky, R.A. Schwaller de Lubicz, Charles Hapgood e Giorgio de Santillana - pesquisadores que compreenderam que havia alguma coisa de profundamente errada na história da humanidade, tiveram coragem de levantar a voz contra a má vontade intelectual e foram pioneiros da notável mudança de paradigma ora em andamento. Parte I Introdução O Mistério dos Mapas CAPÍTULO 1 Um Mapa de Lugares Ocultos 8° ESQUADRÃO DE RECONHECIMENTO TÉCNICO (ERC) FORÇA AÉREA DOS ESTADOS UNIDOS Base de Westover da Força Aérea Massachusetts 6 de julho de 1960 ASSUNTO: Mapa-múndi do almirante Piri Reis Para: Professor Chartes H. Hapgood. Keene College Keene, New Hampshire Prezado professor Hapgood, Sua solicitação, no sentido de que fossem avaliados por esta unidade certos aspectos inusitados do mapa-múndi Piri Reis, datado de 1513, foi objeto de reexame. A alegação de que a parte inferior do mapa mostra a costa Princesa Martha, da Terra da Rainha Maud, na Antártida, e a península Palmer, é razoável. Julgamos ser essa a interpretação mais lógica e, com toda probabilidade, correta do mapa. Os detalhes geográficos mostrados na parte inferior do mapa concordam, de forma notável, com os resultados do perfil sísmico, levantado de um lado a outro da calota polar, pela Expedição Sueco- Britânica à Antártida, realizada em 1949. Os resultados indicam que a linha costeira foi mapeada antes de ser coberta pela calota polar. A calota polar nessa região tem atualmente uma espessura de cerca de 1.600m. Não temos idéia de como os dados constantes do mapa podem ser conciliados com o suposto estado dos conhecimentos geográficos em 1513. HAROLD Z. OHLMEYER Ten.-Cel., Força Aérea dos EUA Comandante A despeito da linguagem destituída de emoção, a carta de Ohlmeyer é uma bomba. Se a Terra da Rainha Maud foi mapeada antes de ser coberta pelo gelo, o trabalho original de cartografia deve ter sido feito em um tempo extraordinariamente remoto. Há quanto tempo, exatamente? De acordocom o saber convencional, a calota polar da Antártida, em sua atual forma e extensão, tem milhões de anos. Um exame mais atento, porém, revela que essa idéia apresenta graves falhas - tão graves que não precisamos supor que o mapa desenhado pelo almirante Piri Reis mostre a Terra da Rainha Maud como era há milhões de anos. A melhor prova recente sugere que a Terra da Rainha Maud e as regiões vizinhas mostradas no mapa passaram por um longo período livres de gelo, período que talvez não tenha terminado inteiramente até cerca de seis mil anos atrás. Essa prova, que voltaremos a examinar no capítulo seguinte, evita-nos a tarefa ingrata de explicar quem (ou o quê) dispunha da tecnologia necessária para efetuar um levantamento geográfico preciso da Antártida há, digamos, dois milhões de anos a.C., muito antes de nossa espécie surgir na Terra. Pela mesma razão, uma vez que a confecção de mapas é uma atividade complexa e civilizada, obriga- nos a explicar como uma tarefa dessa natureza poderia ter sido realizada há seis mil anos, muito antes do aparecimento das primeiras civilizações autênticas reconhecidas por historiadores. Fontes Antigas Ao tentar essa explicação, é importante lembrar os fatos históricos e geográficos básicos: 1. O mapa de Piri Reis, que é um documento autêntico e não uma contrafação de qualquer tipo, foi desenhado em Constantinopla no ano 1513 d.C. 2. O mapa mostra a costa ocidental da África, a costa oriental da América do Sul e a costa norte da Antártida. 3. Piri Reis não poderia ter obtido, com exploradores da época, informações sobre esta última região, uma vez que a Antártida permaneceu desconhecida até 1818, mais de 300 anos depois de ele ter desenhado o mapa. 4. A costa livre de gelo da Terra da Rainha Maud mostrada no mapa constitui um quebra-cabeça colossal, uma vez que a prova geológica confirma que a data mais recente em que poderia ter sido inspecionada e mapeada, em um estado de ausência de gelo, foi no ano 4000 a.C. 5. Não é possível fixar exatamente a data mais antiga em que esse trabalho poderia ter sido feito, embora pareça que o litoral da Terra da Rainha Maud pode ter permanecido em condições estáveis, sem glaciação, pelo menos durante 9.000 anos antes que a calota polar em expansão a engolisse inteiramente. 6. A história não conhece civilização que tivesse capacidade ou necessidade de efetuar o levantamento topográfico da linha costeira no período relevante, entre os anos 13000 a.C. e 4000 a.C. Em outras palavras, o verdadeiro enigma desse mapa de 1513 não está tanto no fato de ter incluído um continente que só foi descoberto em 1818, mas em mostrar parte da linha costeira desse mesmo continente em condições de ausência de gelo, que terminaram há 6.000 anos e que desde então não se repetiram. De que maneira podem ser explicados esses fatos? Piri Reis, cortesmente, fornece--nos a resposta em uma série de notas escritas do próprio punho, no próprio mapa. Confessa ele que não foi o responsável pelo trabalho inicial de levantamento topográfico e pela cartografia. Muito ao contrário, admite que seu papel foi simplesmente o de compilador e copista e que o mapa baseia-se em grande número de mapas básicos. Alguns deles foram desenhados por exploradores contemporâneos ou quase contemporâneos (incluindo Cristóvão Colombo) que, por essa época, haviam chegado à América do Sul e ao Caribe, embora outros fossem documentos cujas datas retroagiam ao século IV a.C. ou mesmo antes. Piei Reis não deixou qualquer sugestão sobre a identidade dos cartógrafos que haviam produzido os mapas mais antigos. Em 1963, contudo, o professor Hapgood propôs uma solução nova e instigante para o problema. Argumentou ele que alguns mapas básicos que o almirante usara, em especial os que se supunha terem sido produzidos no século IV a.C., haviam se baseado em fontes ainda mais antigas, que, por seu lado, teriam se baseado em fontes básicas de uma época ainda mais recuada na antiguidade. Havia, afirmou ele, prova irrefutável de que a terra fora extensamente mapeada, antes do ano 4000 a.C., por uma civilização até então desconhecida e ainda não descoberta, dotada de alto grau de progresso tecnológico. Parece [concluía ele] que informações exatas foram transmitidas de um povo a outro. Ao que tudo indica, as cartas tiveram forçosamente origem em um povo desconhecido, tendo sido passadas adiante, talvez pelos minoanos e os fenícios, famosos, durante mil anos ou mais, como os maiores navegadores do mundo antigo. Temos prova de que, reunidos e estudados na grande biblioteca de Alexandria [Egito], compilações dos mesmos foram feitas por geógrafos que lá estudaram. Com início em Alexandria, de acordo com a reconstrução de Hapgood, c6pias dessas compilações e alguns mapas básicos originais foram levados para outros centros de saber - notadamente Constantinopla. Finalmente, quando Constantinopla foi ocupada pelos venezianos durante a IV Cruzada, em 1204, os mapas começaram a chegar às mãos de marinheiros e aventureiros europeus: A maioria desses mapas era do Mediterrâneo e do mar Negro. Sobreviveram, porém, mapas de outras áreas. Incluíam eles mapas das Américas e dos oceanos Ártico e Antártico. Torna-se claro que os antigos exploradores viajavam de um pólo a outro. Inacreditável como possa parecer, a prova, ainda assim, indica que alguns povos antigos exploraram a Antártida quando suas costas estavam livres de gelo. É claro, também, que dispunham de um instrumento de navegação para determinar acuradamente as longitudes que era imensamente superior a qualquer coisa possuída pelos povos dos tempos antigos, medieval ou moderno até a segunda metade do século XVIII. Essa prova, de que houve uma tecnologia desaparecida, sustenta e dá credibilidade a numerosas outras hipóteses sobre uma civilização perdida, em tempos remotos. Estudiosos conseguiram refutar a maioria das alegadas provas, mostrando que eram apenas mitos, mas aqui temos prova que não pode ser refutada. A prova requer que todas as demais provas apresentadas no passado sejam reexaminadas com mente aberta. A despeito do respeitado endosso de Albert Einstein (ver a seguir) e não obstante o reconhecimento posterior de John Wright, presidente da Sociedade Geográfica Americana, de que Hapgood "formulou hipóteses que exigem mais exames", nenhuma pesquisa científica ulterior foi realizada sobre esses antigos e estranhos mapas. Além do mais, longe de ser aplaudido por dar uma nova e séria contribuição ao debate sobre a antiguidade da civilização humana, Hapgood, até sua morte, foi esnobado pela maioria de seus colegas, que vazaram a discussão a que lhe submeteram a obra no que alguém descreveu, acuradamente, como "sarcasmo flagrante e injustificado, escolhendo aspectos banais e fatores não suscetíveis de verificação como bases para condenação, procurando, dessa maneira, evitar as questões básicas". Um Homem à frente de seu Tempo O falecido Charles Hapgood ensinou história da ciência no Keene College, New Hampshire, Estados Unidos. Ele não era geólogo nem historiador da antiguidade. É possível, no entanto, que gerações futuras lembrem-se dele como o homem que abalou os alicerces da história mundial - e também de um grande pedaço da geologia. Albert Einstein foi um dos primeiros a compreender esse fato, quando deu o passo sem precedentes de contribuir com o prefácio para um livro de Hapgood escrito em 1953, alguns anos antes de ele iniciar a investigação do mapa de Piri Reis: Freqüentemente, recebo comunicações de pessoas que querem me consultar sobre idéias suas ainda inéditas [escreveuEinstein]. Dispensa dizer que só raramente tais idéias têm validade científica. A primeira comunicação que recebi do Sr. Hapgood, porém, deixou- me eletrizado. Sua idéia é original, de grande simplicidade e - se continuar a ser provado que tem validade - de grande importância para tudo aquilo que se relaciona com a história da superfície da terra. A "idéia" expressada no livro de 1953 de Hapgood é uma teoria geológica global, que explica elegantemente como e por que grandes regiões da Antártida permaneceram livres de gelo até o ano 4000 a.C., juntamente com numerosas outras anomalias encontradas na ciência da Terra. O argumento, em suma, é o seguinte: 1. A Antártida nem sempre foi coberta de gelo e houve época em que era muito mais quente do que hoje. 2. E era quente porque, naquele período, não se localizava fisicamente no pólo Sul. Em vez disso, situava-se a aproximadamente 3.600 quilômetros mais ao norte. Essa situação a teria colocado fora do Círculo Antártico, em um clima temperado ou frio temperado. 3. O continente passou para sua atual posição, dentro do Círculo Antártico, devido a um mecanismo conhecido como "deslocamento da crosta terrestre". Esse mecanismo, que não deve, de forma alguma, ser confundido com deslocamento de placas tectônicas, ou migração de continentes, é aquele através do qual a litosfera, isto é, toda a crosta terrestre, "pode deslocar-se ocasionalmente, movendo-se por cima do núcleo interno mole, mais ou menos como uma pele de laranja, se estivesse solta, poderia deslocar-se em uma única peça por cima da parte interna da fruta". 4. Durante esse suposto movimento da Antártida na direção sul, ocasionado pelo deslocamento da crosta terrestre, o continente tornou-se gradualmente mais frio, formando-se uma calota polar que se expandiu irresistivelmente durante milhares de anos, até chegar às atuais dimensões. Detalhes adicionais da prova que sustenta essas idéias radicais constam da Parte VIII deste livro. Geólogos ortodoxos, no entanto, permanecem relutantes em aceitar a teoria de Hapgood (embora ninguém tenha provado que ela estava errada). E a teoria provoca numerosas perguntas. Entre elas, a mais importante é a seguinte: que mecanismo concebível poderia exercer uma força suficiente sobre a litosfera para precipitar um fenômeno de tal magnitude, como o deslocamento da crosta? Ninguém melhor como guia do que Einstein para sumariar as descobertas de Hapgood: Nas regiões polares, há uma acumulação constante de gelo, mas não distribuída simetricamente em torno do pólo. A rotação da terra atua sobre essas massas assimetricamente depositadas e produz momento centrífugo, que é transmitido à crosta rígida da terra. O momento centrífugo, em aumento constante, produzido dessa maneira, dará origem, quando atingir um certo ponto, a movimento da crosta da terra por cima do resto do corpo da terra... O mapa de Piei Reis parece conter prova adicional surpreendente em apoio da tese de uma glaciação geologicamente recente de partes da Antártida, em seguida a um súbito deslocamento, na direcão sul, da crosta terrestre. Além do mais, uma vez que esse mapa só poderia ter sido desenhado antes do ano 4000 a.C., são notáveis suas implicações para a história da civilização humana. Supostamente, antes do ano 4000 a.C. não havia qualquer civilização. Correndo algum risco de uma simplificação excessiva, o consenso acadêmico é, em termos gerais, o seguinte: . A civilização desenvolveu-se inicialmente no Crescente Fértil do Oriente Médio. . Esse desenvolvimento começou após o ano 4000 a.C. e culminou no aparecimento das mais antigas civilizações autênticas (Suméria e Egito), por volta do ano 3000 a.C., seguido logo depois por outras civilizações no vale do Indo e na China. . Cerca de 1.500 anos depois, a civilização decolou espontânea e independentemente nas Américas. . Desde o ano 3000 a.C. no Velho Mundo (e mais ou menos no ano 1500 no Novo Mundo), a civilização "evoluiu" ininterruptamente na direção de formas cada vez mais refinadas, complexas e produtivas. . Em conseqüência, e especialmente em comparação com a nossa, todas as civilizações antigas (e todas as suas obras) devem ser compreendidas como essencialmente primitivas (os astrônomos sumerianos sentiam pelos céus um respeito anticiendfico e até as pirâmides do Egito teriam sido construídas por "primitivos com conhecimentos tecnológicos"). A prova, sob a forma do mapa de Piri Reis, parece desmentir tudo isso. Piri Reis e suas Fontes Nos seus dias, Piri Reis foi figura bem conhecida. Não há a menor dúvida sobre sua identidade histórica. Almirante na marinha de guerra dos turcos otomanos, participou, em meados do século XVI, não raro no lado vencedor, de numerosas batalhas navais. Era, além disso, considerado especialista nas terras do Mediterrâneo, e escreveu um livro de navegação famoso, o Kitabi Bahriye, onde constava uma descrição completa d...