Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ed. Física Adaptada – prof. Marcos F. Larizzatti 1 EDUCAÇÃO FÍSICA. O que é isso? Esportes, ginástica, dança... Qualidade de vida Ciência da Motricidade Humana Estudo do movimento humano E EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA? Educação física Corretiva Educação física Terapêutica Educação física Preventiva Educação física Ortopédica Educação física Reabilitativa Educação física????? CONCEITUAÇÃO DE DEFICIÊNCIAS A população portadora de algum tipo de deficiência no mundo em tempos de paz, segundo estimativa da ONU (1980), chega a 10% da população em geral, sendo divididos aproximadamente em: • 5% de deficientes mentais • 2% de deficientes físicos • 1,3% de deficientes de audio-comunicação • 0,7% de deficientes visuais • 1% de deficiências múltiplas. Segundo o Censo demográfico de 2000 do IBGE, 14,5% da população possui algum tipo de deficiência, o que significa aproximadamente 24,5 milhões de pessoas. Dentro da população brasileira, esses números foram classificados como: • 48% apresentam deficiência visual. • 27% deficiência física. Ed. Física Adaptada – prof. Marcos F. Larizzatti 2 • 16,7% deficiência mental. • 8,3% deficiência auditiva. Dados sobre a deficiência no Brasil (IBGE 2000) Dentre os 24,6 milhões de brasileiros com deficiência, apenas 1,5% estão na faixa que vai de 0 a 4 anos, enquanto que na população com 60 anos ou mais este índice é de 29%. estado civil Ed. Física Adaptada – prof. Marcos F. Larizzatti 3 tempo de estudo trabalho Ed. Física Adaptada – prof. Marcos F. Larizzatti 4 Dados da deficiência no Brasil em 2010 Dados do Censo 2010 divulgados recentemente revelam que quase 24% da população brasileira – 45,6 milhões de pessoas – têm algum tipo de deficiência. O percentual e o número surpreendem. As projeções de técnicos e entidades do setor estimavam um número perto de 30 milhões de pessoas nesta nova pesquisa. Agora, resultados preliminares do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão conta da existência de 45 milhões e 600 mil pessoas com algum tipo de deficiência em todo o país. Em relação ao último Censo Demográfico, realizado em 2000, há um expressivo crescimento no número de pessoas que declarou algum tipo de deficiência ou incapacidade. Naquela ocasião, 24.600.256 pessoas, ou 14,5% da população total, assinalaram algum tipo de deficiência ou incapacidade. Para a Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Dra. Linamara Rizzo Battistella, este aumento inesperado permite um olhar positivo, pois impede que as questões de inclusão e acessibilidade sejam vistas como de interesse de uma minoria. Outra hipótese levantada pela Secretária é que os números estejam refletindo uma mudança comportamental impulsionada pelos avanços sociais. “No momento em que o cidadão vê que seus direitos começam a ser respeitados, pode assumir com mais dignidade a sua condição. Assim, talvez muitas pessoas que no Censo anterior tenham deixado de declarar a deficiência, passaram agora a fazê-lo”, ressalta a Dra. Linamara. Segundo dados do próprio IBGE, trata-se de resultados preliminares que ainda não foram submetidos a todos os processos de crítica inerentes ao Censo Demográfico 2010. No entanto, como existe uma grande demanda por essas informações, o IBGE está divulgando um conjunto de dados para Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Mesmo com esta ressalva, para a variável “deficiência”, os números globais para o Brasil e os Estados podem ser considerados como praticamente consolidados, ficando para divulgação posterior o detalhamento das informações (sexo, gênero, faixa etária e outros), além dos indicadores dos municípios. Os seguintes resultados foram apurados para o Brasil: Brasil – 2010 População total: 190.755.799 (100,0%) Pelo menos uma das deficiências investigadas: 45.623.910 (23,9%) Nenhuma dessas deficiências: 145.084.578 (76,1%) As pessoas incluídas em mais de um tipo de deficiência foram contadas apenas uma vez. Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2010 – Resultados Preliminares da Amostra Ed. Física Adaptada – prof. Marcos F. Larizzatti 5 O censo foi um grande progresso para pensarmos em políticas públicas voltadas aos portadores de deficiência, mas muitas outras “deficiências” ou doenças ficaram de fora, como por exemplo: distúrbios emocionais (neuroses, psicoses, esquizofrenia, depressão etc); distúrbios do desenvolvimento (autismo, síndrome de Aspenger, síndrome de Rett, etc); doenças crônicas (cardíacas, respiratórias, aids, câncer, diabetes, obesidade, hemofilia, etc); distúrbios de aprendizagem e deficiências múltiplas. Dessa população, verificamos que uma parte é praticante de atividades físicas e esportes, seja como forma de lazer, seja para promover uma melhoria da saúde, da qualidade de vida, etc. Mas, qual será a porcentagem de pessoas com deficiência que participam de atividades físicas regulares ? Por exemplo, no caso de pessoas com deficiências físicas, após uma pesquisa em 40 academias de São Paulo, a porcentagem de portadores de deficiência física encontrada foi de 0,11% (de 27.000 alunos, encontramos apenas 31 pessoas com deficiência física). Apesar de existirem leis que protegem os direitos das pessoas portadoras de deficiência física, como por exemplo, o direito ao transporte público, o acesso a locais sem barreiras arquitetônicas, com rampas, elevadores, corrimões, banheiros adaptados, etc., elas na prática não são respeitadas, dificultando a vida dessas pessoas com deficiências, além de problemas sociais, como estigma e preconceito que afetam essa população, restringindo o acesso deles às academias. Esta restrição de acesso também se dá em outras parcelas da população, como por exemplo, de pessoas muito obesas, que também não tem o modelo de beleza ditado por nossa sociedade, e não costumam participar de atividades físicas em academias. As pessoas com deficiência, são de certa forma, uma população “esquecida”, marginalizada pelos nossos governantes, que possuem poucos trabalhos de assistência a eles, para capacitação profissional, para reabilitação, para educação especial, etc., supridas na maior parte das vezes por entidades particulares, muitas vezes fundadas por pais de portadores de deficiência, entidades religiosas, entidades filantrópicas, de voluntários, etc. Assim, acreditando que essa população tem uma grande chance de minimizar as conseqüências das suas deficiências (desvantagens), através das atividades físicas. Um professor de educação física pode ensinar como fazer atividades físicas de um modo controlado, com exercícios específicos (de fortalecimento, resistência muscular, resistência cardio-pulmonar, etc.) respeitando as diferenças individuais, pois no Brasil é comum a prática de exercícios sem orientação de um profissional, onde as pessoas acham que basta "dar" uma corrida, que estão fazendo bem para a saúde, esquecendo de uma avaliação médica inicial, e de respeitar princípios de treinamento, como por exemplo o grau de intensidade do exercício, a duração da atividade, a repetição dos exercícios, frequência semanal, etc., assim como conhecimentos de nutrição, tipo de vestimentas, calçados, etc. Clínicas de reabilitação e centros de atendimento a pessoas portadoras de deficiência, fazem normalmente apenas a reabilitação, isso é, procuram deixar os membros afetados, em condições adequadas de funcionamento,não fazendo a parte posterior, de condicionamento físico, etc. Além disso, o aspecto de integração social com pessoas normais, não ocorre de modo integral, visto que nestas clínicas e centros, os usuários são todos pessoas com algum tipo de deficiência. Ed. Física Adaptada – prof. Marcos F. Larizzatti 6 Para iniciarmos o assunto, daremos a definição de alguns termos importantes para o nosso estudo, como: deficiência, incapacidade e desvantagem, que AMARAL (1995, pp.63-64), nos dá, baseada na Organização Mundial de Saúde (O.M.S.): 1. DEFICIÊNCIA (IMPAIRMENT): “Deficiências são relativas a toda alteração do corpo ou da aparência física, de um órgão ou de uma função, qualquer que seja a sua causa; em princípio significam perturbações a nível de órgão. CARACTERÍSTICAS: A deficiência caracteriza-se por perdas ou alterações que podem ser temporárias ou permanentes e que incluem a existência ou ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou outra estrutura do corpo, incluindo a função mental. A deficiência representa a exteriorização de um estado patológico e, em princípio, reflete perturbações a nível de órgão. 2. INCAPACIDADE (DISABILITY): “Incapacidades refletem as conseqüências das deficiências em termos de desempenho e atividade funcional do indivíduo; as incapacidades representam perturbações ao nível da própria pessoa”. CARACTERÍSTICAS: A incapacidade caracteriza-se por excesso ou insuficiência no comportamento ou no desempenho de uma atividade que se tem por comum ou normal. Podem ser temporárias ou permanentes, reversíveis ou irreversíveis e progressivas ou regressivas. Podem surgir como conseqüência direta da deficiência ou como resposta do indivíduo - sobretudo psicológica - a deficiências físicas, sensitivas ou outras. Como exemplos podemos citar: as perturbações no adequar do comportamento, no cuidado pessoal (como o controle dos esfíncteres e a capacidade de se lavar e se alimentar), no desempenho de outras atividades da vida diária e nas atividades da locomoção (como a capacidade de andar).” 3. DESVANTAGEM (HANDICAP): “Desvantagens dizem respeito aos prejuízos que o indivíduo experimenta devido à sua deficiência e incapacidade; refletem pois a adaptação do indivíduo e a interação dele com o meio. Ed. Física Adaptada – prof. Marcos F. Larizzatti 7 CARACTERÍSTICAS: Refere-se ao valor dado à situação ou à experiência do indivíduo, quando aquele se afasta da norma. Este valor caracteriza-se pela discrepância entre a atuação, o estatuto, ou as aspirações do indivíduo e as expectativas, que dele ou de um determinado grupo a que pertence, existem. Assim, a desvantagem representa a expressão social de uma deficiência ou incapacidade, e como tal reflete as conseqüências - culturais, sociais, econômicas e ambientais - que, para indivíduos, derivam da existência da deficiência ou da incapacidade. Provem da falha ou impossibilidade em satisfazer as expectativas ou normas do universo em que o indivíduo vive”. O primeiro ponto que iremos abordar nesse capítulo será o da dificuldade de achar uma classificação única sobre o que é uma deficiência e quais suas divisões. Isso porque dependendo do autor estudado, ele usa uma nomenclatura própria ou diferente de outros estudiosos no assunto. Algumas classificações incluem doenças orgânicas como pulmonares, cardíacas, metabólicas como deficiências físicas. Alguns livros incluem a surdez e a cegueira também como def. física, já que envolvem um “defeito físico” de um tecido ou órgão. Outros colocam doenças mentais, neurológicas, junto com deficiências intelectuais e sensoriais. Sendo assim, faremos agora uma classificação que julgamos mais correta da classificação das principais deficiências e suas definições. Ed. Física Adaptada – prof. Marcos F. Larizzatti 8 CLASSIFICAÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS: • DEFICIÊNCIA FÍSICA OU MOTORA • DEFICIÊNCIA SENSORIAL • DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Estas são as três principais deficiências existentes, que englobam a grande maioria das deficiências. As definições seriam: DEFICIÊNCIA FÍSICA OU MOTORA MATTOS (1992) dá um conceito de deficiência física, incluindo o termo deficiência motora. Para ela, a deficiência pode ainda ser dividida segundo sua natureza, que seria ortopédica ou neurológica: “Deficiência física (ou motora) refere-se aos problemas ósteo-musculares ou neurológicos que afetam a estrutura ou a função do corpo, interferindo na motricidade. Ela é caracterizada por um distúrbio na movimentação e/ou locomoção do indivíduo”. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL (chamada antes de MENTAL) Definição: A.A.M.R. ( American Association of Mental Retardation). "Deficiência mental corresponde a um funcionamento intelectual significativamente abaixo da média, coexistindo com limitações relativas a duas ou mais das seguintes áreas de habilidades adaptativas: comunicação, auto-cuidado, habilidades sociais, participação familiar e comunitária, autonomia, saúde e segurança, funcionalidade acadêmica, de lazer e de trabalho, manifestando-se antes dos dezoito anos de idade." Segundo o Manual de Classificação e Estatística dos Transtornos Mentais- DSM V (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p.33): Ed. Física Adaptada – prof. Marcos F. Larizzatti 9 A deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual) caracteriza-se por déficits em capacidades mentais genéricas, como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência. Os déficits resultam em prejuízos no funcionamento adaptativo, de modo que o indivíduo não consegue atingir padrões de independência pessoal e responsabilidade social em um ou mais aspectos da vida diária, incluindo comunicação, participação social, funcionamento acadêmico ou profissional e independência pessoal em casa ou na comunidade. Segundo o AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p.33) três critérios a seguir devem ser preenchidos: A. Déficits em funções intelectuais como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência confirmados, tanto pela avaliação clínica, quanto por testes de inteligência padronizados e individualizados. B. Déficits em funções adaptativas que resultam em fracasso para atingir padrões de desenvolvimento e socioculturais em relação a independência pessoal e responsabilidade social. Sem apoio continuado, os déficits de adaptação limitam o funcionamento em uma ou mais atividades diárias, como comunicação, participação social e vida independente, e em múltiplos ambientes, como em casa, na escola, no local de trabalho e na comunidade. C. Início dos déficits intelectuais e adaptativos durante o período do desenvolvimento. DEFICIÊNCIA SENSORIAL Deficiência auditiva (Gorgatti e Costa, 2005): ”caracteriza-se pela perda total ou parcial da capacidade de ouvir ou perceber sinais sonoros”. Deficiência Visual (Gorgatti e Costa, 2005): “caracteriza-se pela perda parcial ou total da capacidade visual, em ambos os olhos, levando o indivíduo a uma limitação em seu desempenho habitual”. A deficiência visual ainda possui muitas controvérsias, pois quem usa óculos é def. visual? Quem é cego de apenas um olho é def. visual? Para alguns autores sim, para outros não. Mas o senso comum é: se após a utilização de recursos (óculos, lentes, cirurgias) a pessoa passa a enxergar, então nãosão considerados def. visuais, pois conseguem enxergar. Educação inclusiva no Brasil Ed. Física Adaptada – prof. Marcos F. Larizzatti 10 • Constituição Federal (1988), artigo 208 inciso III: “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. • LDB (9394/96) – alunos especiais sempre que possível em classes regulares; treinamento para os professores; apoio multidisciplinar. • No Brasil, tenta-se solucionar os problemas por decretos. copiam-se modelos “importados”, acreditando que serão igualmente implementados aqui. • Igualdade de direitos não significa “dar as mesmas coisas para todos”. o que eles precisam é de adaptações, recursos, etc, para usufruirem “das mesmas coisas”.
Compartilhar