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PORTFOLIO SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL
UNINTER
CURSO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL
DISCIPLINAS: FUNDAMENTOS EM ANTROPOLOGIA E FUNDAMENTOS EM SOCIOLOGIA
ORIENTADOR (A) LOCAL: MARIA ERLANE DE SÁ
ALUNO (A): ELANE REIS CARVALHO, RU: 1805878.
O CONSERVADORISMO NO SERVIÇO SOCIAL
O artigo de Ivanete Boschetti “Expressões do Conservadorismo na Formação Profissional”, traz uma reflexão crítica e objetiva sobre um avanço do conservadorismo no âmbito da prática profissional, que afastaria os (as) assistentes sociais da vanguarda profissional e estaria na base de um processo de derruição do Projeto Ético-Político Profissional. O conservadorismo é um pensamento político que defende a manutenção das instituições sociais tradicionais. Como afirma a Assistente Social Meiryana Crisanto, profissional do CRAS (no qual a entrevistei) “O Conservadorismo é uma ideologia politica e social que defende a manutenção das instituições sociais tradicionais no contexto da cultura e da civilização que procura preservar a monarquia, governo parlamentar, os direitos de propriedade e hierarquia social, enfatizando a estabilidade e a continuidade enquanto elementos mais extremos”. Já no serviço social “O Conservadorismo é visto como uma ideologia politica ou moral que acredita que o governo ou a sociedade possui um papel em encorajar ou estimular os valores ou comportamentos que consideram tradicionais”. Sabemos que a profissão em sua gênese estava voltada para as características conservadoras e religiosas com base nos ensinamentos doutrinários da Igreja Católica, esta por sua vez junto com o Estado tinha o objetivo de propagar a “ordem social”. Iamamoto (2008) foi uma das primeiras autoras no campo do Serviço Social brasileiro, a escrever sobre os fundamentos dessa herança conservadora, por meio de uma teoria crítica. De acordo com a sua análise, as marcas de origem da profissão estão situadas no “bojo do reformismo conservador” no Brasil, estas renovam e preservam “seus compromissos sociopolíticos com o conservadorismo, no decorrer da evolução do Serviço Social” (IAMAMOTO, 2008, p. 17). O conservadorismo se acentuava em todos os campos, tanto no político, como religioso, cultural social e moral. Para Boschestti (2015) conservadorismo é e sempre será, alimento de reprodução do capital e que por isso nunca sai de cena, ou seja, ele nunca deixou de constituir o serviço social e, no momento atual, vem se reatualizando e se fortalecendo por algumas determinações societárias. Netto (2009) se reitera de que a profissão se gestou sob uma perspectiva conservadora. Uma quando as expressões da questão social eram respondidas de maneira conservadora, ou seja, os profissionais eram destinados a prestar bens e serviços para assegurar a integração da classe trabalhadora e na economia mercantil e a outra quando a profissão ainda era de forma subalterna às Ciências Sociais com ênfase no pensamento mais conservador, por conta dessas raízes, a profissão ainda hoje é vista como obra caritativa. Para o autor, a reação ao conservadorismo e a construção do Projeto Ético-Político só foram possíveis pela conjunção de importantes processos como, a incorporação crítica marxista e a articulação do serviço social com movimentos sociais e partidos políticos anticapitalistas, também pela superação do monopólio conservador que orientava a formação e o trabalho profissional, e por fim, pela construção de uma organização teórica-política-profissional – Conjunto CFESS/Cress, Abepss e Enesso. Lembrando que por volta dos anos de 1960 a 1970, surge o Movimento de Reconceituação do Serviço Social, afim de, romper com o conservadorismo tradicional buscando um novo modelo para a profissão. Mas para Netto, mesmo depois deste movimento, o conservadorismo não foi extinto da profissão. A luta contra o conservadorismo vem enfrentando nas últimas décadas, um contexto de forte ofensiva capitalista que impactam diretamente na classe trabalhadora e nos projetos de superação da ordem burguesa. Para Boschetti, o Projeto Ético Político, em suas dimensões, teórica, política, ética, legal e profissional, se “constituiu como processo dinâmico e vivo, como expressão de luta contra o conservadorismo”. Explica, a partir de Netto (2011) que “esse processo, sempre viveu a dialética da convivência entre o pensamento conservador e a intenção de ruptura” porque “se materializa nas relações sociais permeadas e alimentadas cotidianamente pelas determinações sociais fundadas no pensamento conservador”. (Boschetti, 2015) Neste sentido, não é possível tratar o avanço ou reatualização do conservadorismo no Serviço Social como algo externo à profissão. Ela ainda afirma que o conservadorismo nunca deixou de constituir o Serviço Social e que no tempo presente vem se reatualizando e se fortalecendo por algumas determinações societárias, sem as quais não seria possível entender esse avanço do conservadorismo, como a crise do capital que impõe uma política econômica de recessão. O enfretamento ao conservadorismo na profissão se hegemonizou através de dois ângulos fundamentais: a nova proposta das diretrizes curriculares da Abepss, fundada na teoria critica marxiana e na regulamentação ético-política da profissão estabelecida no Código de Ética e na Lei de Regulamentação da profissão. O processo de Bolonha (1998) - que consistia em uma declaração de intenção para estabelecer novas diretrizes para o ensino superior na comunidade Europeia - para as universidades públicas fundamentam e alimentam o avanço do conservadorismo no âmbito da formação e apontam para um retrocesso nas históricas lutas para construir uma formação profissional crítica, com perspectiva de totalidade e comprometida com a transformação social. Conforme Censo do Ensino Superior, o serviço social concentra o terceiro maior contingente de matrículas nos cursos de graduação à distância, isso significa que essa expansão atinge diretamente o serviço social, onde entre os anos de 2006 a 2015, houve um salto de 70 mil profissionais, acompanhado de baixa qualidade com formação rasa e superficial, nesse contexto regressivo, se mostra imprescindível identificar os traços do conservadorismo, como condição para seguir lutando contra seu espraiamento e em defesa das conquistas do Projeto Ético-Político. Segundo Netto a reatualização do conservadorismo no “fazer profissional” está relacionado a certos traços conservadores como: O metodologismo; O teoricismo acrítico; O aligeiramento; O pragmatismo; O voluntarismo; O contentamento com o possibilismo, esses traços conservadores são fomentados pelo desencanto e pelas perdas sociais históricas, submetidas à barbárie neoliberal. Boschetti (2015), também aponta para a mercantilização do ensino superior como um dos traços do conservadorismo quando a competitividade e sujeição da formação às demandas do mercado prioriza a massificação do ensino superior e reconfiguração das profissões em detrimento da formação profissional critica, com perspectiva da totalidade e compromisso com a transformação. O conservadorismo é a promessa da ordem vigente, do projeto dominante, do Estado mínimo, do controle das famílias pobres, do individualismo, da meritocracia, do abuso, da opressão e exploração da classe trabalhadora, e os/as assistentes sociais devem refletir e compreender o que significa manter esta sociedade. No inicio da década de 1960, na ditadura, é onde se inicia o processo de ruptura com o conservadorismo. No final da década de 1970, no congresso da virada, que o serviço social assume o compromisso ético-político na defesa intransigente dos direitos humanos e da classe trabalhadora e passa a construir outro significado social da profissão. A grande ameaça conservadora é tornar natural o que não é natural, comum o que não é comum, é desalento, não acreditar na possibilidade de mudança. O conservadorismo é um alimento central para conservar a sociedade capitalista e sempre estará ao seu dispor. Ao fim desta jornada pelo pensamento conservador e pela história do Serviço Social brasileiro, percebe-se queé histórica a relação de um com o outro, sendo absolutamente recente a tentativa de superação desta perspectiva teórica por parte dos assistentes sociais. Assim, há profissionais que atuam como assistentes sociais e que se graduaram em Serviço Social dentro da perspectiva conservadora ora vigente na categoria profissional, sendo inquestionáveis os resquícios deste conservadorismo ainda na atualidade. Além disso, a falta de debate acerca deste conservadorismo por parte da categoria profissional faz com que esta perspectiva teórica não fique clara, fazendo com que muitos profissionais perpetuem esta teoria e os valores dela decorrentes sem que se atente para isto. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOSCHETTI, Ivanete. A insidiosa corrosão dos sistemas de proteção social europeus. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, n. 112, 2012.
BOSCHETTI, Ivanete. Expressões do Conservadorismo na Formação Profissional. Serv. Soc. Soc. São Paulo, n. 124, 2015. 
IAMAMOTO, Marilda Vilela. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social. 7ª ed. São Paulo. Cortez, 2004.
NETTO. José Paulo. Introdução ao método na teoria social. In: Serviço Social: direitos sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/Abepss, 2009. p. 667.

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