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COMPLEMENTO 2 - TEMA 2: MERCADO CONCORRÊNCIA

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A DEFESA DA CONCORRÊNCIA
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Considerações iniciais acerca da concorrência:
A competição reflete a disputa entre as empresas pela possibilidade de vender seus produtos para o maior número possível de clientes, constituindo-se no PRINCIPAL MECANISMO COM QUE UMA ECONOMIA DE MERCADO CONTA PARA GARANTIR O SEU BOM FUNCIONAMENTO
Em mercados competitivos, as empresas precisam manter baixos custos e margens de lucro, oferecer produtos de boa qualidade, e estar sempre inovando e colocando novos produtos à disposição dos consumidores;
A longo prazo, a disputa entre empresas em um mercado competitivo leva à maximização das eficiências alocativa, técnica e dinâmica (entendida como a resultante do progresso técnico), garantindo uma alocação ótima de recursos e o máximo de bem-estar social;
Para que haja concorrência, é necessário que o mercado tenha um número suficientemente grande de produtores e consumidores de tamanhos não diferentes agindo de forma independente;
Tal condição faz com que nem vendedores, nem compradores tenham poder de mercado, não sendo, por este motivo, capazes de determinar de forma unilateral ou coordenada, as condições com que bens e serviços são comercializados no mercado – em termos de preço, qualidade dos produtos e condições de venda.
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OBSERVAÇÕES A RESPEITO DA DEFESA DA CONCORRÊNCIA
O objetivo final da política de defesa da concorrência é promover a eficiência econômica e o bem-estar social, sendo este objetivo tão mais facilmente atendido, quanto mais ATOMIZADO (FRAGMENTADO) for o mercado, seja do lado dos PRODUTORES, seja do lado dos CONSUMIDORES, e QUANTO MAIS INDENPENDENTE FOR A ATUAÇÃO DE CADA UM;
Um regime de LIVRE CONCORRÊNCIA não se confunde com as práticas do LAISSEZ FAIRE – para que haja competição torna-se necessário que existam regras determinando o que vale e o que não vale na disputa entre as empresas e, em especial, QUE SE DEFENDA A CONCORRÊNCIA DO ESFORÇO CONSTANTE DAS EMPRESAS PARA REDUZI-LA, visto que a competição torna a vida das empresas mais difícil, obrigando os produtores a procurarem, constantemente a melhoria de seus produtos e a diminuição de seu preço de custo;
O princípio da livre concorrência se constitui em um dos pilares do Estado de Direito – a livre concorrência é a competição honesta, constituindo-se na garantia de que todos têm o direito de acessar o mercado;
O artigo 170 da atual constituição brasileira, determina que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, observará, dentre outros princípios, a livre concorrência (inciso IV do artigo 170);
A política de defesa da concorrência opera por meio de dois tipos de instrumentos:
Estabelecimento de estruturas competitivas de mercado, impedindo o surgimento de empresas grandes o suficiente para deter o controle do mercado – controle, por parte das agências de defesa do concorrência, dos ATOS DE CONCENTRAÇÃO DAS EMPRESAS, impedindo o surgimento de MONOPÓLIOS ou de EMPRESAS DOMINANTES;
Proibição de condutas empresariais que levem a atuação concertada de um grupo de empresas no sentido da manipulação das condições de oferta ou impedimento de que uma empresa dominante abuse de sua posição para prejudicar concorrentes menores – REPRESSÃO AO ABUSO DE PODER ECONÔMICO OU CONTROLE DE CONDUTAS ANTICONCORRENCIAIS.
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Apesar da competição se constituir no principal mecanismo de que a sociedade se utiliza para maximizar a eficiência e o bem-estar social e que, para estimulá-la, necessário se faz que os mercados sejam pouco concentrados, NEM SEMPRE MENOS CONCENTRAÇÃO OU MAIS INDEPENDÊNCIA ENTRE AS EMPRESAS SIGNIFICA MAIS EFICIÊNCIA;
Em um ambiente ambiente econômico globalizado, onde há tecnologias com retornos crescentes de escala, em que o acesso à informação e a capacidade de processá-la são limitados, duas ou mais empresas que se fundem em uma ou que trabalham de forma coordenada podem, às vezes, se tornar MAIS EFICIENTES DO QUE FUNCIONANDO INDEPENDENTEMENTE;
ATENÇÃO!!! – NEM SEMPRE O DOMÍNIO DE UMA EMPRESA SOBRE UM MERCADO É O RESULTADO DE CONDUTAS ANTICOMPETITIVAS, PODENDO SER FRUTO “NATURAL” DE MAIOR COMPETÊNCIA OU INVENTIVIDADE, CONDIÇÃO ESTA QUE NÃO DEVE SER DESENCORAJADA.
A análise das iniciativas empresariais deve levar em consideração o impacto líquido sobre o bem-estar social – quando tais impactos não são conhecidos a priori, a legislação recomenda que a iniciativa empresarial seja tratada de forma flexível, e que uma decisão sobre sua aprovação ou reprovação somente deve ser tomada após uma análise do seu impacto sobre o bem-estar social;
Neste caso diz-se que a defesa da concorrência é feita pela REGRA DA RAZÃO, ou seja, a operação é APROVADA se o benefício líquido, para a sociedade, for POSITIVO, e REPROVADA em caso contrário;
A Lei da Defesa da Concorrência brasileira (Lei 8.884) estabelece em seu artigo 54 que a REGRA DA RAZÃO seja utilizada na análise de ATOS DE CONCENTRAÇÃO (fusões horizontais e verticais e formação de conglomerados) – a lei autoriza a aprovação desses atos desde que deles surjam suficientes EFICIÊNCIAS ECONÔMICAS, e que:
Tais eficiência beneficiem as EMPRESAS ENVOLVIDAS e os CONSUMIDORES;
Os atos não eliminem a concorrência de uma parte substancial do mercado;
O prejuízo à concorrência não seja SUPERIOR ao necessário para que essas eficiências sejam geradas.
ATENÇÃO!!! EM ESPECIAL, A LEI 8.884 RECOMENDA OLHAR FAVORALVELMENTE ATOS QUE OBJETIVEM AUMENTAR A PRODUTIVIDADE, MELHORAR A QUALIDADE DOS BENS OU SERVIÇOS PRODUZIDOS, OU PROMOVER A EFICIÊNCIA E O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO OU ECONÔMICO.
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SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA
SDE
(Secretaria de Direito Econômico) - secretaria do Ministério da Justiça
SEAE
(Secretaria de Acompanhamento Econômico) - secretaria do Ministério da Fazenda
CADE (criado em 1962)
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) – autarquia vinculada ao Ministério da Justiça
Solicita análise econômica
Envia parecer econômico
Envia processo e pareceres
Determina fiscalização de compromissos
Decisão final:
Aprovação do ato ou conduta;
Reprovação;
Compromisso de cessação ou desempenho;
Judiciário
Ministério Público
Denúncia
Ato de concentração
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Procedimentos de análise dos atos de concentração por parte do SBDC:
A legislação requer que o SBDC aprecie os atos de concentração em que PELO MENOS UMA DAS EMPRESAS ENVOLVIDAS TEM 20% OU MAIS DO MERCADO RELEVANTE OU PERTENCE A UM GRUPO EMPRESARIAL COM FATURAMENTO DE R$ 400 MILHÕES OU MAIS;
Esses atos deverão ser comunicados pelas partes à SDE, previamente, ou em até 15 dias úteis após sua realização, sob pena de multa;
A SDE repassará esse comunicado ao CADE e à SEAE, que enviará um parecer técnico sobre o ato em até 30 dias para a SDE, que terá o mesmo prazo para elaborar seu parecer e instruir um processo sobre o caso, o qual será enviado para o CADE, que terá 60 dias para deliberar;
Como a análise dos atos de concentração depende de informações variadas, principalmente de informações a serem fornecidas pelas empresas, ela se torna um processo lento, com a contagem dos prazos suspensa toda vez que se aguarda informações;
Os pareceres da SEAE e da SDE poderão fazer três tipos de recomendações: aprovar o ato, aprová-lo sob determinadas condições ou reprová-lo – o CADE pode decidir da mesma forma que a SEAE e a SDE, mas não é obrigado a seguir suas recomendações.

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