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Introdução ao pensamento econômico Capítulo 19 – Escola Institucionalista O CENÁRIO HISTÓRICO DA ESCOLA A Escola Institucionalista emergiu por volta de 1900 nos EUA e seu fundador foi Thorstein Veblen. O período entre a Guerra Civil Americana e a Primeira Guerra Mun- dial, que compreende o final do século XIX e início do século XX, foi marcado pela as- censão dos EUA como maior potência industrial do mundo. Paralelamente ao rápido desenvolvimento econômico americano, constatava- se precárias condições das massas trabalhadoras: longas jornadas de trabalho, as leis de saúde e segurança eram inadequadas, a segurança no trabalho era inexistente, salários baixos, etc. O sistema predominante era o capitalismo liberal. Monopólios consolidaram-se a partir da década de 1870 com a ajuda dos governos estaduais e municipais, que criaram estruturas de proteção tarifária para tais empresas. Nesse cenário, passaram a surgir questionamentos acerca dos ideais neoclás- sicos e acerca da tese de que a interferência mínima estatal levaria a um estado de bem-estar social. Além disso, mudanças sociais pareciam cada vez mais urgentes e, para tanto, apresentaram-se dois métodos: (1) reorganizar a sociedade em linhas so- cialistas ou (2) promover reformas no sistema capitalista. A Escola Institucionalista re- flete o método reformista, tanto é que teve forte influência no New Deal. O Institucionalismo americano foi fortemente influenciado pela Escola Histórica Alemã. No entanto, esse primeiro não assumiu caráter nacionalista, mas sim liberal e democrático. PRINCIPAIS DOGMAS DA ESCOLA INSTITUCIONALISTA A escola institucionalista, apesar da diversidade de pensadores, apresenta al- guns pontos centrais, os quais podemos chamar de dogmas, são eles: •Ênfase nas instituições: às instituições é atribuído o ônus econômico, segundo a escola, elas são responsáveis por organizar o comportamento grupal em um padrão e controlar a vida econômica. A definição de instituição é ampla, segundo North, são regras do jogo, o conjunto de restrições e limites impostos à sociedade, podem ser formais (como regras de um jogo de futebol), ou informais (dependendo da tradição e bom senso). Outra linha é a de Coase, consoante a ele, as instituições também podem ser vistas como organizações, firmas, mercados e relações contratuais, além disso, essas organizações são necessárias aos indivíduos, servindo como complemento cognitivo. Por fim, Veblen define-as como hábitos mentais, formas de pensar e fazer as coisas, que são mantidas e modificadas ao longo do tempo, são maneiras de agir e entender o mundo, entretanto, não é uma característica individual, mas coletiva. •Ampla perspectiva holística: a observação da economia pode ser entendida como uma árvore, não se pode analisar somente algumas folhas, as vezes é preciso dar um passo atrás para conseguir enxergar das raízes à copa; cada segmento da economia está envolvido em um complexo amplo e maior, os padrões da atividade econômica só podem ser entendidos como a soma das partes, ou ação coletiva. •Multifaces: a economia não pode ser compreendida se somente observarmos o viés econômico, ela está interligada com outras formas de pensamento, como políti- ca, sociologia, leis, costumes, ideologias, tradições. •Abordagem evolutiva: consoante ao pensamento de Darwin, o método evoluti- vo de ser usado na análise econômica, uma vez que a sociedade e as instituições es- tão em constante mudança; não existem verdades econômicas eternas, é necessário considerar as diferenças de tempo e lugar, é preciso perguntar-se “como chegamos aqui e para onde estamos indo?”. •Rejeição do equilíbrio: os institucionalistas enfatizam o princípio de causalida- de circular ou mudanças cumulativas que podem ser salutares ou prejudiciais, contu- do, são normais. Controles coletivos exercidos pelo governo são necessários para cor- rigir e superar continuamente as deficiências e os desajustes. •Choques de interesse: pessoas são seres cooperativos e colaborativos, se organizam em grupos em nome dos interesses individuais dos membros, porém, den- tro desses grupos existem diferenças ideológicas, mas, principalmente, o conflito ocor- re entre diferentes grupos (grandes empresas contra pequenas empresas, por exem- plo). O governo deve ser imparcial e representativo e reconciliar ou sobrepujar os inte- resses conflitantes para o bem comum e para que o sistema econômico funcione de maneira eficiente. •Reforma (democrática e liberal): princípios reformistas visando à distribuição mais equilibrada de bens e de renda, mercados não regulados levam à alocação efici- ente de recursos. QUEM O INSTITUCIONALISMO BENEFICIOU OU PROCUROU BENEFICIAR? O principal foco do institucionalismo é a classe média que por ter uma política de distribuição mais igualitária da renda os ricos acabam “passando” a deles para as classes mais inferiores e como a classe média é a classe trabalhadora acaba ficando com grande parte da renda e por aumentarem o estoque pessoal conseguem criar seu próprio negócio e com as instituições como foco os reformistas e humanitários acabam por gostar dessas mudanças. COMO A ESCOLA INSTITUCIONALISTA FOI VÁLIDA, ÚTIL OU CORRETA NA SUA ÉPOCA? A Escola Institucionalista foi um dos principais agentes na revisão das teorias neoclássicas; introduziu nas ciências econômicas a concepção holística, aproximando a análise econômica da realidade; despertou profunda preocupação com os ciclos comerciais e monopólios; promoveu importantes movimentos reformistas; aproximou as Ciências Sociais da Economia e popularizou as análises estatísticas. QUAIS DOGMAS DA ESCOLA INSTITUCIONALISTA SE TORNARAM CONTRIBUI- ÇÕES DURADOURAS? Alguns dos dogmas dessa escola fixaram-se nas ideias econômicas, como a perspectiva ampla da qual a sociedade e a economia devem ser analisados, seu mé- todo agregado e suas prescrições para a estabilização da economia e sua atração para os liberais políticos, os keynesianos e pós-keynesianos. Movimentos reformistas e pequenos passos em direção à conservação, emprego e concorrência internacional; além disso, a proteção legal ao sindicalismo, seguro social, o salário mínimo e a regu- larização das horas máximas de trabalho provém da escola institucionalista. THORSTEIN BUNDE VEBLEN Thorstein Bunde Veblen é considerado o fundador da Escola Institucionalista e seu livro mais famoso é The Theory of the Leisure Class, publicado em 1899. A “classe ociosa” é caracterizada pelo consumo conspícuo (consumo ostentatório), pela propen- são a evitar o trabalho útil (obtenção predatória de bens) e pelo conservadorismo (conservar essa organização social, pois a classe ociosa se beneficia disso). A partir da teoria da classe ociosa, Veblen desfere uma crítica à concepção he- donística, que pressupõe pessoas inteligentes, racionais, perspicazes e sagazes que agem sempre de acordo com sua perspectiva de prazer e esforço, sendo essa uma condição humana estável, introspectiva e definitiva, exceto em casos que forças influ- entes nos deslocam de uma direção para outra. A concepção de concorrência perfeita também foi atacada por Veblen, que ob- servou que os donos das indústrias sempre tinham certo controle monopolístico sobre os preços que cobrava e utilizava da propaganda para manter sua posição no merca- do. Esta análise prenunciou a teoria da concorrência monopolística. Segundo Veblen, o ser humano tem o instinto para o trabalho. As pessoas, ine- rentemente, desejam trabalhar, com o objetivo de promover o próprio bem-estar mate- rial e das próximas gerações. Tal instinto entra em conflito com o desejo de gerar lucro por parte dos donos de meios de produção. Estes últimos usam do instinto para o tra- balho das grandes massas como um simples meio para gerar lucro, obrigando os tra- balhadores a gerarem o máximode lucro, independentemente de seu bem-estar. Veblen também teorizou sobre ciclos comerciais e crédito na economia, área que foi mais desenvolvida por Wesley Mitchell, seu aluno. Resumidamente, Veblen afirmava que a economia funcionava em ciclos, com períodos de expansão e depres- são, e assim repetidamente. Por fim, Veblen acreditava que os engenheiros – técnicos da sociedade – fariam uma revolução social e, sendo eles os melhores representantes da sociedade livre, assumi- riam as indústrias e as guiariam em favor do bem comum. WESLEY CLAIR MITCHELL Mitchell foi aluno de Veblen e acabou ficando como seu principal influente, teve varias contribuições para o institucionalismo. Acreditava que mais pratica do que teoria era necessária para uma maior produtividade, a teoria estaria nas mãos dos anteces- sores. Um de seus maiores trabalhos foi a criação do National Bureau of Economic Research que faz pesquisas, estudos, analises de fatos econômicos nacionais e ele funciona nos dias atuais. Mitchell teve uma contribuição muito grande nos estudos dos ciclos comerciais onde pesquisou especificamente as instabilidades comerciais e ele chegou a quatro conclu- sões: •As instabilidades econômicas surgem na economia monetária. Como em uma economia monetária o objetivo e ganhar dinheiro e gasta-lo, chega uma hora que a economia entra em colapso. •Os ciclos comerciais são altamente difundidos na economia. As empresas normalmente estão interligadas com diversas outras, ou seja, se uma cresce todas crescem se uma decresce todas decrescem. •As instabilidades comerciais dependem das perspectivas de lucro. Segundo Mitchell, a perspectiva lucro é um indicio de instabilidade comercial e em uma econo- mia monetária o lucro é o principal foco com isso as empresas veem o que traz mais lucro. •As instabilidades são sistematicamente geradas pela própria economia. Todas as fases de um ciclo comercial são geradas pelo seu antecessor, portanto as fases vão se evoluindo e com essa evolução vem a instabilidade. Com isso os ciclos comerciais são iniciados com um crescimento comercial, as indústrias evoluem aumenta a quantidade de trabalhadores aumenta o salário, a pro- dução, investimentos até uma hora que a perspectiva é tão grande que as empresas não conseguem conter as despesas, a população não controla os gastos e então co- meça a recessão, redução de empregos, aumento de preço, redução do salário e isso continua ate uma depressão. Após isso as empresas vão se estabilizando e começa um novo ciclo. Para superar as instabilidades econômicas Mitchell acredita em um planeja- mento social e não um planejamento comercial. Como já foi presenciada a grande de- pressão, um planejamento voltado para a sociedade deve fazer com que as instabili- dades de um ciclo sejam menos bruscas. JOHN KENNETH GALBRAITH Galbraith critica a sabedoria convencional neoclássica afirmando que precisa- mos de mudanças no pensamento para poder melhorar novas situações e possuem duas teorias que vão contra o neoclássico, o “efeito da dependência” e a teoria do comportamento da firma. Efeito da dependência: a produção exige o consumo e a sociedade exige um bem-estar maior que é oferecido pela produção e isso gera uma dependência da po- pulação para obter produtos das firmas. Para Galbraith, o problema dessa dependên- cia é os bens privados superarem os bens públicos, assim criando um desequilíbrio social, que para solucionar isso deveria haver um aumento nos impostos dos bens e serviços privados para aumentar os bens e serviços públicos. Teoria da firma: a visão neoclássica das firmas fala que as ações delas são vol- tadas para maximizar o lucro, Galbraith tem uma visão de que a propriedade e o con- trole de uma empresa sejam separados, diferente dos neoclássicos. O controle da fir- ma seria exercido pela tecnoestrutura, formado por diversos profissionais, e ele classi- fica isso de duas formas: Propósito protecionista: que seria sobreviver no mercado, obtendo lucros para os acionistas e para a própria empresa e fariam isso regulando os preços de acordo com a concorrência. Propósito positivo: que seria o crescimento da empresa, onde é impulsionada por investimentos com propaganda, marketing entre outros que em uma visão neo- clássica seria muito dinheiro desperdiçado.
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