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O PROFESSOR TRANFORMADOR Como podemos melhorar as nossas aulas “Mestre não é aquele que tudo sabe, mas quem, de repente, aprende.” (Guimarães Rosa) Minha experiência didática me ensina, a cada dia, que o professor precisa evoluir sempre. De repente, as paredes da sala de aula ficam rígidas demais, as carteiras, qual celas solitárias, amordaçam o pensamento; a voz do professor, monótona e às vezes autoritária, dita regras incontestáveis, definições infinitas, leis imensas, teorias ancestrais, respostas indiscutíveis; de repente, a sala de aula com seu professor são pura solidão. Em outros momentos, o professor senta, não vê aquele aluno, aqueles alunos. Refestelado atrás da mesa, não ouve os desejos, não cutuca emoções, não faz refletir. Ele simplesmente lê um livro, uma ficha, slides, apostilas gastas; não incita o debate, não escuta o comentário, não fustiga a análise, não provoca o pensamento, não inspira. Esse é o professor que não prepara a aula; ele improvisa o saber, balbucia, geme, hesita, tropeça no discurso, não desperta a ousadia, não seduz. O professor precisa encantar, inspirar, seduzir. Diante das aulas que os alunos me deram nos corredores das faculdades, aprendi: o bom professor é aquele que se permite ser aluno. Não tenha receio de fugir das dimensões de uma sala de aula; não se sinta incomodado ao conviver com a emoção; não repita as mesmas aulas; não seja autoritário, mas amigo; não dê aula para si mesmo, inove; não incentive o silêncio exagerado, pergunte; não apenas ensine, eduque; não pare de estudar, aprenda; faça como aquele político veterano: ouça as bases; lembre-se: você, professor, não é dono de todas as verdades. Saiba que, assim como um artista famoso, sua aula é o seu show, então encante, inspire, seduza. Ser professor não é uma simples profissão, mas um DOM. Fernando Frota Fernando Frota fernandofrota@uol.com.br (61) 9217.0540 Mestre em Engenharia da Produção – Mídia e Conhecimento com ênfase em Organização de Empresas e Instituições pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, pela União Educacional de Brasília, Licenciado em Letras, pelo Centro Universitário de Brasília – UNICEUB. Diretor acadêmico Faculdade Logos. Professor da Fundação Getúlio Vargas, IBMEC (2010-2011), Faculdade SENAC (2008-2016), Faculdade JK e Academia de Polícia Militar do Distrito Federal (2005 -2010). Palestrante nas áreas de Formação de Professores, Oratória, Atendimento, Motivação, Ética, Didática, Liderança, Administração do Tempo, Etiqueta Profissional. Instituições atendidas: Universidade Católica de Brasília, Faculdade Alpha (PE), UniProjeção , SENAI, Secretaria de Educação da Cidade Ocidental (GO), Tribunal Superior do Trabalho, Universidade dos Correios, Secretaria de Educação de Valparaíso (GO), Caixa Econômica Federal, Faculdade SENAC, Banco do Brasil, Colégio Leonardo Da Vinci, Advocacia Geral da União, Faculdade IESGO (GO), Colégio Galois, Colégio Elefante Branco, Ministério de Ciência e Tecnologia, Grupo de Faculdades JK, Ministério das Cidades, Secretaria de Educação de Ilhéus (BA), SESC (MG), Banco Santander, Universidade Paulista . Minha primeira professora tinha olhos verdes e uma varinha mágica em forma de caneta-tinteiro em que me apontava palavras para que eu as lesse. Eu tropeçava, gaguejava, ficava nervoso, o que eu queria, Dona Luíza, era casar com você. Não deu, mas casei-me, muito tempo depois, com a língua portuguesa, fui ser professor. Com a sua caneta-tinteiro mágica você me apontou o caminho, e eu segui. Comumente, nos deparamos com alunos que possuem alguma forma de complexo ou são pressionados por pais, maridos, esposas, chefes etc. A forma de avaliar esses alunos precisa ser bem trabalhada. Se optarmos por uma linearidade, atestaremos a nossa indiferença diante de pessoas inseguras que, possivelmente, não renderão o ideal. O professor, nessas ocasiões, necessita rever esses valores, talvez até “fugir” dos velhos padrões. Surge, então, o professor transformador. Ele é mais amigo, é mais conselheiro, é meio mágico e encantador; o professor, com esses alunos, será mais mestre. Talvez aconteçam conversas amiúde, talvez pesquise o histórico desses alunos, talvez busque em experiências alheias um resultado que deu certo, talvez procure algum parente dos alunos, talvez aprenda sobre casos assim. Talvez descubra e, aí sim, desencante os males que os atordoam. Talvez crie ou recrie formas de avaliação, de acordo com esse grupo. Com esses alunos o professor cresce, se transforma. Disse-me um mestre: “Cada aula ministrada por mim é igual a uma partida de futebol de final de campeonato: a mesma empolgação, o mesmo otimismo, a técnica, a estratégia, o preparo, o incentivo, o vestir a camisa, o aprendizado, um leve nervosismo, e o que é mais importante, a grande paixão”. A responsabilidade de ser professor Professor, você já refletiu sobre a responsabilidade de colocar-se diante de uma turma? Lembre-se: suas palavras, seus gestos, sua experiência, todo esse conjunto poderá modificar a cabeça, o destino das pessoas. Ali, solitário, em frente aos alunos, você, professor, é modelo, é uma das pessoas que eles mais admiram (ou não). Entenda que nesses momentos, modificamos o mundo. Eles dependerão das ideias que você colocar, dos ensinamentos, das posições que você assumir. Ou não. Depende de como você constrói a sua profissão. Aponte os pontos fortes dos seus alunos ; às vezes eles os ignoram ou geralmente estão cercados por reprovações, já ouviram sobre seus pontos fracos. Que venha o novo, que venha o professor transformador. Precisamos lembrar que aluno-problema ou turma- problema são ótimas oportunidades de crescermos; é o momento do desafio, de aprendermos mais, de sermos agentes transformadores. Enquanto uns lamentam e desistem; outros aprendem e crescem. Nossas aulas vêm e vão, geralmente são parecidas, tornam-se comuns; porém, em alguma aula, surge algo diferente: uma pergunta incômoda, uma indefinição, uma disputa; de repente, algo é rompido, termina ali o cotidiano, a normalização; chegou o momento do desafio. Agora, é mudança de rota, chegou o momento de aprimorarmos nossa técnica, nosso saber. Dessa experiência, sairemos com o sentimento de termos aprendido algo a mais do que a teoria. Esses momentos não estão nos livros, estão no tempo. Ser professor é ser curioso É ser uma pessoa que não apenas memoriza definições ou repete ideias. É necessário garimpar em novos veios e assim, incentivar os educandos a também serem curiosos, fuçadores, a descobrirem as boas novas . A sala de aula É sempre saudável lembrar que a sala de aula é o nosso palco, e a plateia, nossos alunos, e eles não gostam de falhas, inseguranças, erros no roteiro, mediocridades, interpretações precárias, método confuso, excesso de amadorismo... Eles estão ali para a grande emoção do conhecimento. Um professor comentava: “Sou pós-graduado em..., também mestre em...; com doutorado na área de...” Penso: precisamos ser, antes de tudo, especialistas em alunos Algumas coisas que eu sei sobre a sala de aula, não foram os professores que me ensinaram, foram os educandos. A primeira aula A primeira aula é como se fosse o primeiro encontro amoroso: nada pode dar errado, tudo precisa ficar perfeito, prazeroso, e sempre com aquela intenção de amor eterno. Que na primeira aula seja gerado um encanto, que fique o conhecimento e já a saudade. Depois, em cada aula, o diálogo, a compreensão, a troca de ideias, as pequenas e as grandes descobertas, a admiração recíproca, o respeito, a cumplicidade, a busca das posições perfeitas, a aventura, a chegada do novo, o amadurecimento, a certeza de que nada acontecerá por acaso. Por que existem turmas que têm um aproveitamento fantástico em determinada disciplina, parecem empresas de sucesso? Porque somosgestores nas salas de aula, dessa forma, colocamos o nosso ritmo, a nossa paixão, a nossa experiência, a nossa paciência em ir e voltar, em parar, refletir, sempre buscando a melhor forma. Somos gestores, daí a busca de líderes, o sentimento de equipe em todas as etapas do trabalho, a busca incansável dos melhores resultados, o trabalho bem planejado, a busca de metas, a comunicação fácil, sem ruídos, a disciplina, a alegria, a frequência, o sentimento e a certeza de que essa turma está progredindo e irá, com certeza, alcançar o sucesso. E os lucros virão por intermédio do conhecimento adquirido por alunos e professor. Planeje a sua aula Uma aula bem planejada, com metas a serem alcançadas, ganha em objetividade, em clareza, harmonia, coerência, aproveitamento; uma aula planejada precisa estar focada para o interesse coletivo e individual. Quando o professor se prepara, o aluno se prepara. Professor conheça bem o assunto da sua aula, saiba que perguntas poderão surgir, que dúvidas podem ficar; exemplifique ao máximo, ilustre sua apresentação com fatos, notícias, seriados, filmes, poesias, contos, crônicas, letras de música, trechos de peças teatrais, lendas, fábulas. Se for o caso, traga material, o que os olhos veem, o cérebro sente. De repente, a sala de aula é o mundo. Se a aula tem duração de 50 minutos, elabore informações para até 90 minutos, a reserva dar-lhe-á mais segurança. Uma professora terminou a aula faltando 20 minutos, ao ser indagada porque terminara mais cedo, respondeu: “A minha aula já acabou”. Ficou a imagem da limitação em torno dela. Quando a aula termina antes do horário, a sensação é a de que o professor não tem mais nada para ensinar; até a próxima aula, até a próxima decepção. O show vai começar Quando a aula começa, cortinas invisíveis são levantadas: começou o show. Até chegar esse dia, os preparativos foram muitos. Muita correria, roteiros escritos, ensaios, estudos, montagens, enfim, houve muita preparação, muito sacrifício, até pensamentos negativos. Porém, é grande a paixão, o desejo de que tudo dê certo. O professor é um dos astros desse show, ele será o responsável pelos aplausos, pela apatia ou pelas vaias. Se você se preparou, mestre, então faça com que o seu show seja um campeão de audiência. A sua aula é importante É sempre interessante mostrar a importância do assunto abordado na sala de aula. Conseguimos melhores resultados quando despertamos o interesse do aluno, quando ele percebe o valor daquele aprendizado para o seu sucesso. Quantos alunos às vezes tornam-se medíocres por não perceberem na aula presente, algo que possa ajudá-los no futuro. A aula acende paixões, desde que o aluno visualize no mestre, o propulsor de um futuro melhor. Se o professor esquecer o futuro do aluno, esquecerá do seu próprio como o construtor, não de sonhos, mas de fantásticas realidades Sorria professor Não esqueça o sorriso ao entrar na sala de aula, professor, dê um sorriso sincero, acompanhado por um animado cumprimento; não economize, não modifique, é a sua marca. O sorriso aproxima as pessoas, relaxa, afasta as barreiras; diante de um sorriso natural não há medo nem indiferença, o aluno é seduzido, sente-se tranquilo para digerir todo aquele conhecimento. O sorriso sincero é aberto, é livre, modifica comportamentos avessos. dessa maneira você cria um ambiente estimulante, otimista, pronto para o aprendizado. Rosto fechado, sonolento, agressivo, indiferente, ranzinza, apático cria uma atmosfera propícia ao desaprender. Professor, não esqueça, nunca, o seu sorriso. Professor, comece e termine sua aula de forma interessante A introdução chama a atenção do aluno. Inicie com uma citação escrita no canto do quadro ou recite o poema de um poeta famoso, conte um caso interessante, narre algum momento de encantamento da sua vida, leia um texto motivador ou uma notícia fantástica, mas comece bem a sua aula, aqueça . Que o término da aula, professor, também seja brilhante, é a apoteose, a conclusão magnífica do seu trabalho , lembre-se: a sala de aula é o seu palco . Imagine-se recebendo elogios; agradeça, ciente de que você iniciou, desenvolveu e concluiu de forma excelente a sua aula e que os alunos assimilaram o conteúdo. Porque somos professores, porque vivemos para ensinar e aprender, porque somos assim . Após a aula, reflita: Que erros e acertos eu cometi? Que experiência acumulei? Fui automático? Fui apático? E o aluno que sorriu? E a aluna que fez cara feia? Professor, após a aula, abuse da comunicação intrapessoal para lapidar-se. Avalie-se. Com o tempo você notará que os sorrisos aumentarão, enquanto que as caras feias... É bom lembrar que a função do professor é ensinar, e não punir; é educar, e não humilhar; é elaborar avaliações interessantes e não hereditárias. É bom sempre lembrar que a função principal do professor é transformar. Conheço professores interessantes, bem-humorados, sensíveis, entusiasmados, mas quando entram em sala de aula, são sombrios, moralistas, arrogantes, superiores. Você jamais encantará os alunos sendo chato, insensível. Um certo professor tomava um copo de café dez minutos antes de começar a aula, “É para tornar os alunos mais interessantes”, explica. Será que precisamos de tanta cafeína assim para “tornar os nossos alunos mais interessantes”? E se buscarmos o interesse dentro de nós? Mantenha-se motivado O professor precisa encontrar a chave da ignição que o manterá motivado. Algumas sugestões: ✓ Trabalhe a sua autoestima – goste de você, compreenda você, converse mais com você, elogie você; ✓ Imagine-se tendo êxito; ✓ Não fale mal de você para ninguém: suas fragilidades, seus medos, pontos fracos... Para quê? Não pratique o anti-marketing; ✓ Saiba aceitar e fazer elogios; ✓ Qual é a sua estratégia para sentir-se motivado, para ligar a sua ignição? Se não existe, crie uma, crie várias. A motivação, sabemos, vem de dentro, mas a desmotivação é externa. E é fácil de acontecer, basta que o professor: ✓ Seja grosseiro; ✓ Seja mal-educado; ✓ Chame a atenção do aluno na frente da turma; ✓ Faça ameaças; ✓ Não reconheça (e elogie) o esforço do aluno, ache que tudo é obrigação; ✓ Aja com frieza, com distância, mantenha-se inexpugnável. Porque o professor é o timoneiro, o conselheiro, o coach , o gestor, o professor. Mantenha-se atualizado O professor necessita estar “antenado” com o que acontece ao seu redor . Isso requer muita leitura das mídias. O professor “antenado” oferece suporte aos alunos. Sua bagagem lhe permitirá conduzir em sala de aula, debates sobre diversos assuntos, tratando-os com o equilíbrio próprio de quem é, antes de tudo, um gestor das informações. O professor transformador tem ânsia de saber, nunca se sente saciado com o conhecimento. Por mais que ele “domine” o assunto, há sempre uma curiosidade, um desejo de ir além, de descobrir novos meios, novos ângulos, principalmente porque ele é um apaixonado pelo que ensina e pelo que aprende. E essa curiosidade, esse desejo começam a influenciar os educandos, para que não fiquem satisfeitos com tudo que já está pronto. Estude sempre Se o professor não estuda, não participa de seminários, congressos, palestras, semanas pedagógicas, programas de formação continuada, leitura de revistas e livros especializados... a tendência é que ele permaneça para sempre com as mesmas aulas, as mesmas definições e métodos, os mesmos questionamentos e exemplos.... Portanto, sempre é hora de atualizar-se e tornar-se moderno. Lá fora o mundo necessita de profissionais mais coerentes com o tempo. Há de se esperar de professores transformadores, o interesse em aprimorar-se cada vezmais - nas palavras de Paulo Freire, na sala de aula o professor é o primeiro a aprender. Daí a urgência em ler bons autores. O saber necessita, sempre, desse caldo cultural e ecumênico para complementar a formação de grandes personagens e líderes. Na verdade, o professor não para de estudar nunca; aquela história de que “ele terminou os estudos”, serve apenas para o caso de falecimento. A gestão e a liderança em sala O professor é o gestor da sala de aula. Cabe a ele a liderança, manter a turma motivada, organizar as informações, planejar as aulas, estimular o trabalho em equipe, a produtividade, o alcance das metas, a satisfação do “cliente”, fazer o marketing do conhecimento como um produto cada vez mais cobiçado. O professor em sala de aula é o poder. Existem poderes criadores, construtores, ditatoriais, medíocres, demagógicos, populares, dogmáticos, doentios. Lembremos que o poder é transformador, que o poder é democrático – ou deveria -, que o poder inova, provoca, revoluciona. Qual o tipo de poder (ou poderes) que você procura exercer nos seus alunos? Professor, você é líder, então seja exemplo, não grite, seja educado, não fale palavrão, não fale errado, não tenha maus hábitos. Seja comunicativo, desenvolva novas aptidões, transforme sonhos em realidades, se destaque, vigie o ego, seja uma fonte de inspiração, fale diretamente com a alma e, principalmente, jamais fique acomodado. Mestre, você é líder e a sua liderança formará seguidores. O humor Ele provoca um prazer mental, o cérebro produz suas endorfinas que vão melhorar na assimilação do conteúdo exposto. Não leve sua aula tão a sério, não leve você tão a sério, relaxe, divirta-se ministrando aula, afinal, você levou muito tempo preparando-se para esses momentos; você merece o prazer da sua aula (e os alunos também). Use o bom humor para temperar a sua aula, ela ficará bem mais saborosa e fácil de ser lembrada. Conheça seus alunos Quando ministro uma aula sei que não preciso apenas conhecer bem o conteúdo, mas conhecer bem o aluno. Conhecendo o seu público, o professor pode adaptar ou enfatizar tópicos interessantes, necessários ao aluno. Limitar- se apenas ao índice do livro adotado é ignorar o potencial da turma, sua aspiração. É somente cumprir um programa que não leva em conta fatores como a cultura, raça, o local, os sonhos; é endurecer o processo de aprendizagem, gerando apatia. Sempre existirá uma forma melhor de se ministrar uma aula. “Leia” a turma, “leia” o aluno Um professor veterano comentava: “Um olho na aula e outro nos alunos... ’Leio’ constantemente os meus alunos: aquele bocejou, o do canto olhou para o relógio, alguém contempla o teto como a pedir forças para suportar o momento... Então, é hora de mudar : conto uma história, faço uma pergunta que provoque discussões, ensaio alguns passos de dança, aumento o volume da voz ou sussurro como se contasse um segredo; acordo a plateia, trago-a de volta à aula, aí recomeço”. Quantas aulas tornam-se chatas porque o professor não “lê” o aluno ; preocupado em transmitir logo o conteúdo, esquece-se do receptor que está longe dali, viajando por outras plagas, na verdade, o ambiente está vazio, apenas o corpo desajeitado em carteiras enfileiradas; o espírito há muito partiu; o aluno está em diversos lugares, menos na sala de aula; até que alguém ou algo lhe chame a atenção e o traga de volta. Cuidado com o silêncio Se o barulho atrapalha a aula, o silêncio exagerado também. A turma excessivamente quieta pode estar apática, sem desejos, sem questionamentos, esperando de boca aberta o conhecimento já pronto, degustado; aceitando, passivamente, tudo o que o professor quer. A turma não viceja, há uma sombra sobre cérebros anestesiados; os olhos estão abertos, mas os espíritos dormem acomodados com as fórmulas e definições que o professor reza lá na frente. Alguns com dúvidas, com experiências próprias, não perguntam, não querem incomodar, romper este lacre de silêncio (às vezes até medroso) que paira sobre as mentes de todos. Parece que nesses momentos só o professor fala, uma voz autoritária e decisiva ecoando solitária, automática, por sobre tantos mundos. Seja um “provocador” O professor é um provocador, dele parte o mote; nesses momentos de silêncio excessivo, quando parece que a sala de aula foi desligada, surge a luz do mestre para incitar o debate, para que alguém cite um exemplo ou conte algo pertinente, para que se comente uma manchete, para que o silêncio não adormeça aquele tempo de descobrimento. Provoque a curiosidade no seu aluno. Existem frases que despertam a curiosidade, provocam a atenção no aluno, estimulam certas partes do cérebro: “Hoje vocês aprenderão algo muito interessante”, “Esta aula vai levá-los ao sucesso”. E não frases do tipo: “Hoje faremos apenas uma revisão” ou “O assunto desta aula é um pouco chato”. Aulas banais, repletas de lugares-comuns, clichês, ideias banhadas em formol, geralmente dizem a verdade, mas cansam, são aulas temperadas com tédio. Traga informações completamente novas para os seus alunos, sendo antigas, coloque-as em uma embalagem diferente, crie outros formatos para antigos assuntos, dê ênfase ao conteúdo explanado. Lembre-se: “O cérebro não presta atenção em coisas chatas”. (CARMINE GALLO). Seu foco é o aluno Oriente o educando, professor, para a automotivação. Transfira o seu foco para ele, incentive-o, faça com que se sinta importante nesse processo, alimente a sua autoestima, mostre-lhe do que ele é capaz. E quando o momento não está para uma aula convencional? O clima está desagradável (muito frio, muito calor), a turma está apática ou alguma notícia contaminou a todos, há um marasmo no ar... Talvez seja o momento ideal para uma dinâmica de grupos, daquelas de pura adrenalina, daquelas que movem a turma para a reflexão, para a competição, que trabalham a liderança, a comunicação, a criatividade, o sentimento de equipe e, principalmente, a motivação. Sempre nos lembramos dos mestres que fizeram alguma diferença em nossas vidas. Foram experiências distribuídas entre as aulas, tijolos que construíram o nosso caminho. Nesses momentos, a sensação era que o tempo passava rápido demais. Sorvíamos, com delicadeza, aqueles olhares, as palavras bem encaixadas, a postura, os gestos suaves ou grandiosos, o silêncio para que refletíssemos – coisa incomum entre nós. Naqueles momentos, sentíamos a alma crescer. Nossos olhos nem piscavam para não perder aquela imagem; os lábios entreabertos para perceber cada sílaba. Em nossa memória, jamais serão apenas aulas. Foram mestres inesquecíveis, construtores de pessoas. Será que um dia, também, seremos assim, inesquecíveis? Escute seu aluno Professor, você ouve ou escuta o seu aluno? Ouvimos o ruído do ar-condicionado, passos no corredor, o vento, a chuva. Quando escutamos, conhecemos os desejos, as fragilidades, as dúvidas, formamos nossos diversos links ; assim, teremos as respostas que os educandos precisam. Aprenda a escutar Quantas vezes somos “confessionários” dos nossos alunos. Quantas vezes eles não querem conselhos ou dicas, ou exemplos, mas apenas um par atento de ouvidos, olhos nos olhos, silêncio, respeito por aquele instante na vida. O aluno fala, o professor escuta, e escuta cada vez mais o aluno, seja na sala de aula, no corredor, no estacionamento, nas redes sociais Aos poucos o aluno mostra quem ele é, aos poucos, sente que o professor é uma pessoa que escuta, então se sente a vontade para falar sobre suas limitações, medos, sonhos, metas... O mestre, até pela experiência e por todo o preparo intelectual, é a pessoa que o aluno precisa quando vive num ambiente sem nenhum par de ouvidos atentos. Aí reside a dificuldade para o professor: como saber escutar? E tempo para escutar? E paciência para escutar? E como despregar-se de teorias que apontam para outros lados?E como evitar os nossos próprios filtros? E como calar nossos ruídos interiores? E como aprender com as confissões dos alunos? E como...? Mestre, escute com os olhos, com o corpo inteiro ; não esqueça do retorno, do leve aceno, do sorriso. Aos poucos, ele sentirá confiança, estará mais aberto, livre daquele mundo silencioso, pronto para o conhecimento. Esse aluno, provavelmente, jamais esquecerá que um dia conheceu um professor que sabia escutar. O professor que escuta, compreende mais o seu público; dessa forma, prepara melhor as aulas, os exemplos, adapta o jeito de falar, ou seja, “penetra” no mundo do aluno, que assim adquire confiança e vê no mestre alguém até muito parecido com ele: aluno. Se a cada aula eles aprendem, eu também. Mantenha-se aberto para mudanças Como sabemos, o professor nunca está pronto, terminado e, por ser assim, deve ser aberto às mudanças do tempo e à criatividade. Dessa forma, poderá modificar as pessoas, fazendo-as saírem das suas “zonas de conforto” e a galgarem novos espaços; teremos, então, professor e turma em constante construção. Ao fazer perguntas, professor, faça-as para os alunos e não para si próprio; evite mostrar toda uma erudição ensaiada, pronta para enaltecê-lo, pois são perguntas que pouco ensinam ou não ensinam, mas que podem fazer o aluno se sentir inferiorizado perante o seu professor. Ao fazer uma pergunta, aproveite ao máximo a resposta do aluno, elogie a participação, o esforço, talvez aquela pergunta provoque outras, interrompa a apatia da turma ou ensine algo a todos. Inove, faça diferente Saia do lugar comum, professor, busque um diferencial, seja ousado, seja persistente, seja criativo, seja dinâmico, seja aprendiz. Você não merece ser igual aos outros. Ensinar é inovar. Coloque música na sua aula, lance uma revista em quadrinhos, elabore um filme, um site, um blog, cante, toque, pinte, conte fábulas, modifique um poema, recite um cordel, elabore uma peça teatral, o interessante é não cair na vala dos comuns, aí repetir as aulas, as provas, os discursos, repetir-se, repetir-se, perdendo o que mais caracteriza o mestre: a ousadia de transformar, de pensar “fora da caixa”. Cuidado para não termos e não sermos “aquela velha opinião formada sobre quase tudo” (Raul Seixas). Professor, não se ausente Quando o professor não comparece à sala de aula sem motivo relevante, ele está “ensinando” uma aula negativa, ou seja, a antiaula, ou seja, tudo aquilo que o aluno deve desaprender. Os alunos são dispensados, uns alegres, outros indiferentes e há aqueles que sentem o vazio, a frustração e voltam para suas casas cientes do dever não cumprido. Somos perfeitos? Não, mas na maioria das vezes, precisamos parecer. O não comparecimento de um professor à sala de aula vem carregado de informações do tipo: o professor não está nem aí; se o professor pode faltar, eu também posso; este lugar não é sério; o professor não gosta da turma... O pior é se a falta do professor trouxer alívio. Ser assíduo, ser pontual, a postura do Professor Transformador começa por aí. Tenha autodisciplina, professor, chegue antes de todos, saia depois de muitos. A autodisciplina gera segurança, melhora a autoestima, produz bons exemplos. Ame seu aluno Professor, ame o seu aluno, e não fique calado quanto a isso; diga para ele, para ela, para eles, para todos, que você os ama. As pessoas gostam de quem gosta delas. Mostre o seu carinho, sem pedantismo, de forma simples, sorriso aberto; deixe claro que eles são importantes para você, motivo mesmo (exagere) da sua existência. Daí uma sala de aula positivamente energizada. Elogie o seu aluno “O elogio é público, a crítica é particular.” É constrangedor receber críticas diante dos colegas, dos amigos e, às vezes, diante da pessoa amada. O professor precisa escolher o momento e o local certos para a crítica, que seja modificadora e marcante na vida do aluno. Cuidado com a voz, com os gestos, com a máscara; coloque carinho em suas palavras, dispense os termos rudes, use frases positivas e seja breve; verifique exemplos condizentes e vitoriosos; esqueça as derrotas e os culpados. Também ao elogiar, cuidado com as comparações em público: as pessoas são diferentes. O elogio não precisa gerar inveja, mas admiração; não deve provocar ódio, mas respeito; não tem que instigar o despeito, mas mostrar bons exemplos. E não economize elogios ou não os guarde para si. E se for criticar, elogie primeiro, “desarme” a pessoa, deixe-a preparada para um novo e, às vezes, diferente saber. Costumo estudar muito as minhas aulas, é como se eu fosse fazer uma prova, e uma prova em que eu precise tirar a nota máxima. Sei que não haverá “cola” e que devo evitar o “decoreba”. Devo estar preparado para responder a diversos tipos de perguntas de forma clara, objetiva. A nota máxima, o dez, estará nos rostos encantados dos discentes. A formação do aluno O professor não é o único responsável pela formação do aluno. Toda a instituição, do porteiro ao proprietário, tem essa incumbência, cada um contribuindo dentro do seu universo de experiência e conhecimento. Que nota um aluno merece? E se esse aluno ficou nervoso no dia da prova? E se esse aluno teve problemas particulares? E se esse aluno “colou” a prova toda? E se esse aluno “decorou”? E se esse aluno não compreendeu a matéria dada? E se esse aluno teve aulas com alguém despreparado para ensinar? E se a avaliação adotada foi falha? E se o professor não foi com a “cara do aluno”? E se a prova foi mal elaborada? E se a formulação das questões não foi condizente com o conteúdo ministrado? E se o aluno foi criativo? E se o aluno foi participativo? E se o aluno foi curioso? E se o aluno “ensinou”? E se... Que nota, então, após a elaboração da avaliação, o professor merece? Tenha brilho nos olhos O ato de ministrar aula necessita ser prazeroso, não precisa ser encarado como simples obrigação. O professor há de entrar na sala de aula com o famoso brilho no olhar, o sorriso incentivador, o semblante de quem veio ajudar, a postura tranquila e amiga de quem se preparou a vida inteira para aquele momento, a voz, o cumprimento, o início da tarefa de polir pessoas e levá-las ao sucesso. São esses os pequenos milagres na construção humana. Alguns assuntos interessantes para a formação de um professor: oratória, “escutatória” (Rubem Alves), teatro, música, marketing pessoal, ética, liderança, gestão, cidadania, qualidade de vida, administração do tempo. Tem que haver entusiasmo. O professor apático ou automático forma alunos apáticos, automáticos. O mestre que sente entusiasmo pelo que faz, conquista os alunos, torna vibrante o aprendizado, forma líderes. O aluno não sente o tempo passar porque há brilho nos olhos do mestre, há vitalidade e eternidade naquelas ações, naquelas palavras. Serão momentos citados no futuro, são aulas que continuam. Pergunto-me: se eu fosse o meu professor, que lições eu ensinaria para mim ? E de que modo? A voz do professor precisa penetrar no aluno. Não será a voz de alguém que comenta um fato corriqueiro. A voz do professor vem com velocidade ideal, boa altura, bom timbre, um ritmo que o aluno possa acompanhar, é um ator que projeta a sua voz na calibragem perfeita da sala de aula, invadindo todos os espaços. Vem firme, clara, toca o aluno porque há a sintonia perfeita. Não adormece, alerta; não se perde, mostra-se; não se esvai, permanece. Algumas vezes me deparei com professores colecionadores de títulos, com os egos à flor da pele, sem nenhum traquejo em relação aos alunos; manda-os calar a boca, oferecem a porta da sala como única saída plausível, entram em confronto, transformam a sala de aula num campo de batalha e, lógico, eles com a artilharia pesada diante de uma infantaria despreparada. Não admitem questionamentos, apenas eles possuem o dom sagrado do pensamento verdadeiro; apenas elesdominam o saber, qualquer saber; apenas eles, imaculados, estão acima de tudo. Repetem exaustivamente seus conceitos decorados, às vezes desatualizados, às vezes uma cria própria que insistem em fazer sobreviver. Deuses? Não, um pouco acima. Seja um apaixonado pelo que faz A atenção com os alunos e o amor pela profissão que abraçou irão definir o professor. Ele atrairá mais alunos para a instituição, sendo uma espécie de prospectador nesse mercado competitivo e escasso de grandes mestres. O aluno sabe, dessa forma, o nível de conhecimento que terá e, o que é gratificante, a forma como o conhecimento virá. Professores assim serão cada vez mais disputados. Porque profissionais apaixonados pela profissão, apaixonam. É interessante a afeição que alguns mestres têm pela disciplina que lecionam. Conheci um professor de matemática que contemplava o quadro recheado de equações e dizia: “Como é linda e perfeita a matemática!” Outro, diante de variadas definições, balbuciava versos carinhosos como se falasse com a pessoa amada. Essa paixão vai refletir em quem aprende. Sempre que puder, demonstre para os seus alunos o quanto você está empolgado por estar ali com eles. Uma vez, um mestre, daqueles de “peito coberto de medalhas e cicatrizes”, disse: “A impressão que tenho é a de que toda vez que ministro uma aula, eu torno as pessoas melhores”. A humildade Quando o saber nos leva, ou deveria, à humildade. Quanto mais aprendemos, mais deveríamos compreender os anseios alheios. Os pedestais, os invólucros sagrados são coisas de um infeliz passado. A cada ano nossos alunos nos ensinam lições valiosas, cabe a nós aprendê-las ou não. Em vários momentos, prefira a humildade. Evite a arrogância Entristece-nos em nosso desafio ouvirmos sobre professores ainda arrogantes; tantas muralhas construídas, tantos fossos abertos entre eles e os alunos. Não desaprenderam, não reaprenderam, não aprenderam. Tristes figuras solitárias em suas mesas, pedestais, encerradas em grandiosos egos. Professor evite a arrogância, o pessimismo, a grossura, a frieza, a brutalidade, a falta de clareza, o distanciamento, o autoritarismo, a insegurança. Saiba como atrair os alunos: seja amigo, cúmplice, inspirador, compreensivo, carinhoso, otimista, engraçado, seguro, estudioso, objetivo, ético. Nada é impossível àquele que procura a excelência profissional. Se for reprovado pelos alunos, professor, lembre-se que sempre haverá “recuperação”, basta dedicar-se à humildade de um novo aprendizado. Errar é humano Verifiquei que certos assuntos provocavam a atenção da turma; olhos fixos, bocas abertas. Naquele momento, mais do que nunca, eles aprendiam com a experiência alheia. Por exemplo, quando eu falava dos meus erros e do que eu aprendi com eles; das dificuldades encontradas, das soluções – se existiram. Histórias – e agora confesso – recheadas de temperos colocados para aprimorarem o sabor, para torná-las mais agradáveis ao paladar. Aprendi a importância das histórias dos meus erros. Ainda vejo, infelizmente, professores que arrogantemente não aceitam opiniões de alunos. Formados naquelas escolas em que são os únicos portadores de todas as verdades, esqueceram-se do ato inteligente de aprender com o novo; limitados, só ouvem a si próprios, não aceitam contestações, não admitem que possam errar; são heróis de si mesmos. Esses professores estão confinados em suas salas escuras, agarrados a calhamaços de conceitos ultrapassados há muitas aulas. Preferem falar em cima de tablados, não para serem vistos, mas para mostrarem uma desigualdade que só promove o distanciamento do aluno com o saber. Não aprenderam o ato inteligentíssimo de prestar atenção, apurando, depurando, aprimorando, trocando, mostrando outro grau de inteligência, adquirindo, aí sim, a humildade do verdadeiro mestre. Sobre as histórias dos erros. Por que comentar, professor, apenas as bravatas? Por que contar somente as situações em que foi vencedor? E o nosso aluno? Frustrado, sentindo-se pequeno e limitado. Professor, fale sobre os seus erros e as lições que tirou; fale sobre as dificuldades passadas, os ensinamentos que a experiência lhe trouxe. Não precisa impor-se herói, apenas gente, o heroísmo virá no auxílio à formação de pessoas melhores. Aprenda com os erros Se não há nenhuma reflexão sobre os nossos erros, eles passam a ser normais e aí, é claro, os mesmos erros continuam e ainda abrem as portas para o mundo das desculpas. Ao admitir os nossos erros, causamos um certo paradoxo: aumentamos a nossa credibilidade. Guarde os elogios que você recebeu em um “velho baú de prata” e, de vez em quando, relembre essas medalhas: naquele momento você foi único, naquele outro momento você foi brilhante, então continue a fazer a diferença. Abra o seu baú, contemple os seus troféus, reveja: você tem um brilho a zelar. Sim, professor, você cometerá erros, tratará o aluno de forma inadequada, dará uma resposta perfeita para você, mas inexplicável para o aluno, tropeçará em uma definição, mostrará incerteza em algo polêmico, virá o “branco”, será prolixo quando a aula requer objetividade, será procrastinador quando houver certa urgência, exporá o assunto de forma demasiadamente acadêmica, estará de “cara amarrada”, fará gestos deselegantes, demonstrará frieza, faltará, chegará atrasado, não escutará, dirá palavras vazias... Mas que nada se repita e tudo seja convertido em lição, porque só existirá o erro novo – erro velho não se comete, já virou experiência. Lembremos dos nossos ídolos. Por que adoramos aquele cantor? Sua voz firme, vibrante; porque somos fãs daquele político? Sua forma de conquistar pessoas e de convencê-las; e aquela atriz? Seu jeito de emocionar, de nos levar às lágrimas ou ao riso; e o músico? A criatividade, a harmonia, a beleza que sempre nos envolve; o jogador de futebol? O empenho, não há jogo perdido; o líder histórico, o que nos faz homenageá-lo? O carisma de nos transformar em seus discípulos; o amigo que tanto admiramos? A empatia causada, afinal, ele fala tudo aquilo que gostamos de escutar. Assim formam-se os mestres, seguidores de outros e que formarão novos mestres. Elogios e críticas Preste atenção aos elogios que os alunos descompromissados fazem ao seu respeito. Nesses momentos, toda a sua teoria está correta, toda a sua prática. Preste atenção nos detalhes dos elogios e não se esqueça de repetir essas ações. Você brilhou, você deu certo, empolgou, marcou, transformou a vida de alguém. Repita, continue, você surpreendeu, foi além dos outros; esse é o caminho que tantos procuram e não acham. Saiba manter esses elogios, torne-os perenes, verdadeiras “lições de casa”. Assim, os elogios não servirão apenas para “massagear o ego”, mas para conservar rotas corretas. E, também, agradeça esses elogios, deixe que o aluno fale o que lhe vai na alma. Quando o aluno nos ensina será diferente de quando ensinamos ao aluno? A nossa receptividade será a mesma? Estaremos abertos ao novo ou nos fecharemos em diversos filtros? Sentiremos curiosidade, respeito ou ódio? Vamos aprender mais sobre isso nas próximas aulas. Ao ter que tomar uma iniciativa importante em sala de aula, pense: O que faria, no meu lugar, aquele professor brilhante que eu tanto admirei? E o professor com métodos rejeitados pela turma, como agiria? O sucesso do professor é o sucesso dos seus alunos. Um professor excelente é aquele que forma profissionais excelentes. Pratique o que ensina É interessante observarmos profissionais recheados de definições sobre correntes pedagógicas, citações de educadores, conceitos de escolas, expressões... Mas de atos vazios. Um distanciamento imenso entre a teoria profetizada e a prática exercida. Isso revela limitações na nossa formação docente. Às vezes nos deparamos com extensas aulas expositivas, o professor fala, fala, parece localizado em um púlpito,em um palanque; gesticula, aponta o céu, aponta a terra; algum aluno até se emociona, e o professor inflamado, trilhando em searas repletas de definições. Em alguns momentos fala das inúmeras vitórias conquistadas; continua, continua... Mas e a aplicação prática do que falou? O que ficará mesmo de aprendizado? O professor realizado; lá trás o aluno, o pequeno aluno. Mudam-se as políticas educacionais, criam-se siglas, aferições, termos, leis, parâmetros, mas um questionamento continua: Quem vai ensinar o professor a ensinar? Há muito o que fazer em sala de aula além do previsto. O velho mestre, sob a escada, estuda; compenetrado, mão no queixo, estuda; para, olha para o teto, talvez pense: Como explicar isto da melhor maneira possível? Olha para os lados, como se buscasse inspiração. No entanto, a inspiração vem das lembranças dos elogios recebidos ao longo dos anos; sabe que não pode ter mais a comodidade do erro, precisa ser perfeito. Sorri, tira os óculos, balança sutilmente a cabeça, é esse o desafio do professor: ser perfeito; daí a delícia de sermos testados sempre, em qualquer momento, em qualquer lugar. E esse desafio, o velho mestre, agora um jovem, sabe que traz a longevidade. Ali, sob a escada, ele volta ao livro e eterniza-se. Mestre é aquele que consegue prender a atenção dos alunos sem obrigá-los ; faz com que a aula seja um momento esperado e não um instante de tristes recordações. Leia e estimule seus alunos a lerem Quanto tempo se leva para ler uma página de um livro? Logicamente, depende da complexidade do texto e da experiência do leitor. Imagine se lermos apenas dez minutos por dia; ao final de um ano, quanto teremos lido e enriquecido o nosso vocabulário? Se os professores das mais diversas disciplinas reservassem dez minutos das suas aulas para que todos lessem, criaríamos, assim, no aluno essa mania formidável de ler. Então, professor, comece pelos seus alunos, peça que tragam livros que nunca leram ou faça com que garimpem na biblioteca aqueles livros tão esquecidos. Traga títulos de livros que você leu. Vamos formar, entre outras coisas, grandes e apaixonados leitores. Lembro-me da professora Margarida em seus vestidos estampados, uma aula emocionante, um espetáculo de vida e saber; usava todo o corpo – seu instrumento de trabalho – para transmitir conhecimento: o olhar, as palavras, os gestos, a postura, a música, o semblante, a pausa . Imagino a professora Margarida agora, com direito a toda essa tecnologia de ferramentas poderosas, sem perder a simplicidade, sem perder a humildade do ato de ensinar, sem perder a beleza. Quem perderia uma aula assim? Escreva sempre Escreva, professor, escreva. Onde você estiver, crie ou colabore com um jornal, escreva artigos, escreva um livro, blog. Se o que aprendemos, multiplicamos, ensinamos mais. Divulgue o que deu certo em sala de aula, o que deu certo fora da sala de aula. Comente sobre outros artigos, sobre livros, sobre poetas, cientistas, educadores, políticos; mas escreva, não guarde para si ideias que podem provocar mais ideias, além do incentivo fantástico à leitura, matéria-prima de todo povo desenvolvido. Escrevendo, descobrimos o mundo; escrevendo, nos descobrimos; escrevendo, formamos leitores; escrevendo, fazemos história. Então escreva, professor, mostre o talento, a experiência, perpetue os seus pensamentos. Não seja o professor de um método só, uma aula só. Seja o professor descobridor, inovador, plural. Organize-se Mantenha uma agenda (eletrônica ou de papel) sobre o seu cotidiano profissional; anote aquela informação interessante, um aprendizado forte, uma teoria desenvolvida, um case vislumbrado, um trecho lido, uma experiência frustrada ou vitoriosa, uma formatação moderna, um jeito mais eficiente, algumas dicas necessárias e saborosas, uma história que não valeu a pena, uma história que valeu a pena, uma dinâmica desenvolvida, uma conversa ouvida, uma notícia a ser trabalhada, uma tecnologia a ser usada... No início do semestre ou no início do ano, estude suas anotações, elas podem formar um material bem interessante para vestir as nossas aulas. Não devemos esquecer: quem divulga o nosso nome são os nossos alunos; eles são o nosso melhor marketing, são eles que fazem circular os nossos “currículos”, que movimentam os nossos perfis. São eles que comentarão sobre a nossa didática, comunicação, conduta, empatia, virtuosismo, show. São eles os divulgadores da nossa imagem, os divulgadores da nossa história. Portanto, professores transformadores não possuem alunos, mas admiradores, discípulos. Lideram pelo exemplo: cumprem o horário e aprendem sempre. Professores transformadores apontam os caminhos, orientam; em vários momentos colocam os refletores sobre os educandos, não são os donos absolutos da verdade, estabelecem metas, aprendem com os erros, são excelentes comunicadores, trabalham a empatia, incentivam e mostram a importância do trabalho em grupo, funcionam (em variadas ocasiões) como psicólogos, conselheiros, mentores, são nossas boas referências d o passado. O professor transformador é um líder, caberá a ele, em alguns momentos, a construção de outros líderes. O melhor marketing de uma instituição, sem dúvida, é a qualidade dos seus professores . A sua comunicação A linguagem do professor precisa ser a mais expressiva possível; e ao falar em linguagem, é claro, nos referimos ao olhar, aos gestos, a roupa, a postura, a voz, ao semblante, ao silêncio, todo um conjunto que necessita estar harmonioso, porque o educador é um exemplo para o educando. Que o professor ao se comunicar saiba usar cada gesto de forma elegante e coerente. Toda a linguagem, então, precisa ser pacientemente estudada, aprimorada. O professor que se preocupa em utilizar bem a linguagem verbal e não verbal, encanta. Até por uma questão de educação, até por uma questão de ética, até por uma questão de respeito, até por uma questão de imagem, certas atitudes precisam ser evitadas na frente dos alunos, por exemplo, palitar os dentes, roer as unhas, tirar o esmalte, atender o celular, falar palavrões... Sabemos que por trás de um professor, há um educador; dessa forma, podemos ser bons exemplos. A sua voz É por intermédio dela que o professor dá ênfase as palavras, transmite emoção. A voz é o cartão de visita do professor, assim, uma voz com intensidade elevada, demonstra autoridade; com intensidade pequena dá a ideia de timidez, de pouca experiência; um ritmo lento traz a monotonia; com velocidade, nervosismo. A voz, então, necessita ser agradável, vibrante. Para mantê-la saudável, cuidado com bebidas gaseificadas, fumo, álcool, gritos, pigarros. A voz precisa de uma boa alimentação, hidratação, exercícios vocais. Esse fantástico instrumento de trabalho precisa ser bem cuidado para que não desafine uma carreira. Sua aparência e postura E sua roupa, professor, está adequada? Tem alguma mancha, alguma parte descosturada, fios soltos? Está amarrotada, excessivamente apertada ou larga demais? Está chamativa? Os sapatos estão limpos? E as unhas, o cabelo, a barba, o hálito? Lembre-se que somos observados, avaliados; às vezes somos modelos a ser seguidos. Então, mestre, verifique todos os itens, faça um “check-list ”, nada pode conspirar contra a sua imagem. Qualidade de vida A qualidade de vida precisa ser trabalhada na vida do professor. Algumas sugestões: ✓ Saiba relaxar sem a ajuda de medicamentos; ✓ Mesmo em momentos difíceis, mantenha-se calmo, boceje, faça um rápido alongamento; ✓ Não saia de casa sem se alimentar; ✓ Elogie você, compreenda você. Você é o seu líder; ✓ Caminhe mais, use as escadas, corra, pratique uma atividade, quando mexemos com o corpo, mexemos - e melhoramos - nossa cabeça. Professor, qual é o seu tipo? Geralmente, encontramos alguns tipos de professores. Há o professorantigo, do século retrasado, austero, sisudo, de palavras difíceis, definições ultrapassadas, talvez um bigode de pontas retorcidas a tentar elevá-lo à situação de semideus. Um fosso largo e profundo a separá-lo da turma. Não contempla os alunos, enfrenta-os; não há diálogo, apenas um interminável monólogo; não percebe a temperatura da sala, está só, irremediavelmente ancorado num tempo obscuro. Há o professor que aprendeu, mas não aprende mais, fala as mesmas palavras, dita as mesmas regras, aplica as mesmas avaliações, relata os mesmos casos, conta as mesmas histórias, sempre. Esse professor não sabe (ou não quer saber) que o conhecimento dobra em um tempo cada vez mais curto. E stá mumificado, não mudou nem os gestos. Um filme que se repete em todas as salas. Não há a delicadeza de inovar e nem o encantamento de surpreender. O professor complicador consegue desfazer as boas intenções de outros educadores, como também causam certo espanto ou confusão aos educandos. Quando sabemos que o saber, em tantos momentos, precisa da inteligência da simplicidade. Ainda temos professores que provocam o medo . São professores do medo. Não possuem a habilidade do diálogo, há aquela dificuldade em escutar o educando, não aceitam outras formas de pensar, não criam nem incentivam a criatividade. Ainda existem professores atrasados, não aprenderam mais. Ainda existem professores assim que podem formar mais profissionais assim. Mas, existem os professores transformadores que se atualizam, leem , aprendem, trocam ideias com outros professores, verificam o que deu certo e o que não deu certo na sala de aula; são professores preocupados em transmitir o conhecimento atualizado e da melhor maneira possível. Não serão, nunca, os donos da verdade, pesquisam o mundo lá fora, elaboram novas estratégias, buscam novas ferramentas na tecnologia, provocam reflexões. Para esses, a profissão de professor é um sacerdócio, parece coisa de DNA, uma forma fantástica de transformar o mundo. Mesmo quando o momento se apresenta rude, não podemos perder a ternura - parafraseando a história. Por mais que as condições sejam desfavoráveis, precisamos respirar fundo e saber que estudamos mais, nos preparamos, inclusive, para essas situações. Então? Deixemos a ternura fluir, com convicção. Repito o que parece lógico: em momentos assim, o professor cresce e torna-se inesquecível; desses momentos inóspitos retiramos reflexões, experiências, enriquecemos a crítica e a argumentação. A aula também cresce, não é uma mera aula, mas lições insubstituíveis sobre a vida. Aulas para a vida inteira Existe um mundo lá fora, mestre, traga-o para dentro da sala de aula. Discuta política, história, geografia, matemática, português, marketing, raciocínio lógico, informática, ética, ecologia, comunicação, cidadania, gestão, baseado nas diversas mídias. Não fique somente enclausurado nos livros; nas mídias o mundo está novinho em folha. Aproveite as manchetes para o gancho, busque as opiniões dos alunos, permita que eles mostrem suas opiniões (para muitos, é o único momento em que podem expressá-las), faça-os pensar, deixe-os atualizados. Após a aula, o cérebro está aquecido e as informações, melhor digeridas. É o mestre, novamente, fazendo a diferença para tantos. Não dê aula apenas para a mente, mas também para o coração. Aula para a mente pode ser logo esquecida; no entanto, a aula que toca o coração, ela desperta; na verdade, é o tipo de ensinamento dos mestres, porque faz o aluno sentir; são aulas para a vida inteira. “A aula foi muito chata”, reclamam alguns; “Que aula mais sem graça”, criticam outros. O saber é alegre, o saber não combina com tédio, marasmo, zona de conforto, automatização. O saber precisa provocar reações entusiasmadas, do tipo “Quero mais”. Quando gostamos, não importam o grau de dificuldade, o tamanho dos textos, os cálculos quilométricos... Há alegria, vem o desafio, o desejo, a realização. Aulas chatas, sem graça não combinam com o conhecimento. Sabe aquela história que é sucesso nas rodas de amigos, a piada sem palavrões ou expressões preconceituosas que você criou e melhorou ao longo do tempo, a mímica que usou com os filhos e eles adoraram, aquele jeito engraçado de tratar a pessoa amada, o tom de voz causador de boas gargalhadas entre pessoas da sua intimidade...? Em algum momento utilize essas formas já testadas com tantos aplausos, é o seu tempero em prol de uma aula mais interessante. Professor, não idealize a transformação; seja a transformação Professor, não fique idealizando a educação ideal, o governo ideal, a hora ideal, a instituição ideal, a sala de aula ideal, o aluno ideal... Seja o professor ideal, seja o professor transformador, aja, dê o melhor de si, mude, pense: É a minha profissão, então que eu faça o melhor. Questione-se sempre Perguntas que os professores precisam ter na alma: O que os alunos esperam de mim? O que devo fazer para levá-los ao sucesso? Qual o perfil do meu aluno? Que informação extra posso trazer para a sala de aula para auxiliá-lo no crescimento pessoal? Como melhor avaliar o meu aluno? O que preciso estudar mais? Como tornar minhas aulas prazerosas? O que devo esquecer? Como fazer para que participem mais? Como formá-lo para o amanhã? O que necessito construir a cada aula para tornar-me um professor transformador? Você, professor, tem o poder de transformar as pessoas. Use, então, esse poder e seja eterno para muitos. Bibliografia recomendada ALMEIDA, Sérgio. Ah! Eu não acredito! Como cativar o cliente através de um fantástico atendimento . Salvador: Casa da Qualidade, 2001. ALVES, Léo da Silva. A arte da oratória: os segredos do orador de sucesso . São Paulo: Brasília Jurídica, 2004. ALVES, Rubem. A grande arte de ser feliz . São Paulo: Ed. Planeta, 2014. 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