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1 GUIA DE ESTUDO PAULO FREIRE – PENSAMENTO E OBRA INTRODUÇÃO: É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática. (Paulo Freire) Prezado (a) educando (a), Seja bem vindo aos estudos da disciplina Paulo Freire – Pensamento e Obra: CONSCIENTIZAÇÃO: Teoria e Prática da Libertação - Uma Introdução ao Pensamento de Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa – Paulo Freire. Que bom! Esta disciplina apresenta questões que envolvem diálogo permanente entre a teoria e a prática docente e permite ao educando participar de um exercício permanente de reflexão individual e coletiva dos atores sociais da escola e dos processos pedagógicos que nela se estabelecem. http://pensador.uol.com.br/autor/Paulo_Freire/ 2 Nosso principal objetivo é conduzi-lo paulatinamente à concepção Freiriana de sociedade de homem e de mundo, para a formação humana, ética e política de professores do Ensino Fundamental e Médio em nível superior, com vistas a uma atuação didático-pedagógica, crítica e plural, que, centrada nas exigências dos diferentes contextos sócio-educativos e no exercício da reflexão-ação, possa, a partir de trocas e produção de saberes teórico-práticos, atuar de forma transformadora. BREVE FUNDAMENTAÇÃO: Não podemos, na atualidade, pensar uma ―Pedagogia Freiriana‖ sem que esta não esteja atrelada à realidade em que vivemos; um mundo tecnológico em constantes transformações e de grandes desigualdades sociais. A nossa disciplina se preocupa com o ensinar através de um apelo ao posicionamento político daquele que educa. Nesse sentido, a sua responsabilidade é grande diante dos desafios que lhes são apresentados, no nosso caso no Ensino Fundamental e Médio, como reflexo da realidade do nosso país e, principalmente, das nossas crianças e jovens. As crianças e jovens brasileiros, principalmente da rede pública, dependem, quase que exclusivamente, de uma boa escolaridade para a sua formação como cidadãos e cidadãs. Essas crianças, em grande parte desse país, desconhecem o que é infância e proteção. Denúncias que, nos chegam de todas as partes e de inúmeras formas, evidenciam o descaso com que elas vêm sendo tratadas e rotuladas na sociedade, o que demonstra um enorme fracasso social e uma dívida educacional com essa geração, obrigando a todos os partícipes da sociedade, e a nós, particularmente como educadores, a assumirmos um posicionamento diante de tal situação. Comprometer-se política e educacionalmente com a questão, requer dos futuros educadores muita vontade e competência diante do trabalho educativo que desenvolverão, numa busca da ―utopia realizável‖, como dizia Freire. Tamanha responsabilidade requer apoio de toda ordem, pois educar é tarefa de muitos. Precisamos nos certificar de que a geração por vir tenha o seu direito assegurado de ser criança e jovem, isto é, que possa aprender crescer, viver. INTENÇÕES: Pretendemos como objetivo geral de nossa disciplina, contribuir a partir da Concepção Freiriana de sociedade de homem e de mundo, para a formação humana, ética e política de professores do Ensino Fundamental e Médio em nível superior, com vistas a uma atuação didático-pedagógica, crítica e plural, que, centrada nas exigências dos diferentes contextos sócios- educativos e no exercício da reflexão-ação, possa, a partir de trocas e produção de saberes teórico-práticos, atuar de forma transformadora. Pretendemos, assim, preparar estes profissionais para se assumirem como sujeitos do saber, avaliando as mudanças efetivadas na práxis a partir do desenvolvimento das seguintes atitudes e práticas profissionais: 3 • refletir sobre o exercício do magistério considerando, no debate da literatura educacional, aspectos relativos à formação, a saberes e a trajetórias profissionais inspirados nos ensinamentos de Freire; • comprometer-se com a educação em contextos sociopolítico culturais, de forma a atender às exigências do momento atual; • realizar uma prática compromissada com a formação de cidadãos éticos, solidários, capazes de atuarem de forma crítica e participativa na sociedade; • buscar o constante aperfeiçoamento profissional, através das exigências de fundamentação teórica de suas práticas, tendo em vista os desafios do cotidiano escolar. Proposta Metodológica... Para o estudo da disciplina Considerando o compromisso que nós, educadores, devemos assumir diante dessa realidade, a ―Pedagogia Freiriana‖ deve ter como base a criticidade e a transformação, o que exige um constante ―exercício do olhar‖ de quem ensina. Para isso convidamos você, nosso aluno, primeiramente, a um ―exercício do olhar reflexivo‖ sobre as questões propostas por nossa disciplina, isto é, gostaríamos que você aprimorasse a forma de observar os fatos, as idéias, os comportamentos ou experiências relatadas aqui ou que vivencia fora assumindo a postura do ―educador reflexivo,‖ capaz de enxergar com um ―olhar estrangeiro‖ aquilo que aparentemente nos parece comum, corriqueiro, já visto; um olhar de estranhamento para o cotidiano de nossas escolas, para os professores que nela trabalham e, principalmente, para os jovens que nela estudam. Primeiramente, a partir de um olhar ―macro‖, um olhar amplo, que se estende à realidade, ao contexto, observando o fato para além do que este aparenta e como se relaciona com o mundo em que vivemos. Ao mesmo tempo, desenvolver um olhar ―micro‖, um olhar do caçador que, atento e cuidadoso, caminha por entre trilhas e pistas, procurando observar nas entrelinhas, nos fatos mais insignificantes, os detalhes, as sutilezas, na própria prática, de forma a compreender aquilo que nem sempre é dito e percebido claramente. Cultivar um pleno exercício do olhar local e global, da ―Águia e da Galinha‖ Boff (2000). Em seguida, desafiá-lo para o exercício da ―reflexão e crítica‖, pois é de fundamental importância não só a observação, como também o exercício mental de pensar e refletir sobre os porquês diante da nossa intencionalidade, sobre o ensino que ministraremos, tendo em vista o educando que teremos a realidade brasileira e o mundo em que vivemos. Alguns cuidados • Você vai estudar de forma individualizada. Sendo assim, necessita de disciplina para saber aproveitar bem todas as oportunidades. Organize seu horário de estudo, conforme a sua rotina e o calendário entregue no início do curso. Calcule a sua disponibilidade de horas/ tempo tendo em vista a quantidade de aulas propostas para cada módulo e tendo em vista os dias previstos para as Avaliações (AD1; AP1; AD2; AP2). O ideal seria que você pudesse dispor de, no mínimo, 2 a 3 horas diárias de estudo. 4 • Elabore um plano de estudo, com intervalos para descanso, compatibilizando o estudo com o seu ritmo de vida. • A leitura em voz alta ajuda a concentrar a atenção. Por isso, leia oralmente numa primeira vez, depois retorne aos parágrafos lidos e procure extrair, de cada um deles, a idéia principal. Se você encontrar palavras que não conhece, busque o sentido delas no dicionário. • Faça a leitura do texto várias vezes, pois desta forma você poderá entender bem o sentido do que foi lido. • Procure fazer esquemas sintetizando o que foi lido. • Explore o assunto em outras fontes de referência: jornais, revistas, filmes, livros técnicos, seminários, sites da internet etc. Dinâmica e Estrutura: O curso atual, em fase experimental, neste momento trabalhará com três obras subdivididas em aulas, conforme o cronograma abaixo; e não com o material impresso, como de costume no Curso. Alguns cuidados • Você vai estudar de forma individualizada. Sendo assim, necessita de disciplina para saber aproveitar bem todas asoportunidades. Organize seu horário de estudo, conforme a sua rotina e o calendário entregue no início do curso. Calcule a sua disponibilidade de horas/ tempo tendo em vista a quantidade de aulas propostas para cada módulo e tendo em vista os dias previstos para as Avaliações (AD1; AP1; AD2; AP2). O ideal seria que você pudesse dispor de, no mínimo, 2 a 3 horas diárias de estudo. • Elabore um plano de estudo, com intervalos para descanso, compatibilizando o estudo com o seu ritmo de vida. • A leitura em voz alta ajuda a concentrar a atenção. Por isso, leia oralmente numa primeira vez, depois retorne aos parágrafos lidos e procure extrair, de cada um deles, a idéia principal. Se você encontrar palavras que não conhece, busque o sentido delas no dicionário. • Faça a leitura do texto várias vezes, pois desta forma você poderá entender bem o sentido do que foi lido. • Procure fazer esquemas sintetizando o que foi lido. • Explore o assunto em outras fontes de referência: jornais, revistas, filmes, livros técnicos, seminários, sites da internet etc. Informações sobre a disciplina Optativa: Paulo Freire Pensamento e Obra. A nossa disciplina, desenvolvida na modalidade de ensino a distância, se propõe a desenvolver o processo do ensino semi-individualizado, utilizando os métodos de raciocínio 5 indutivo e dedutivo para a aprendizagem do aluno. As obras selecionadas como base para as aulas estão organizadas em diferentes níveis de complexidade de conteúdos e relacionadas entre si, teórica e praticamente. Entre os recursos didáticos utilizados nas aulas e propostos aos alunos estão: textos, filmes, bibliotecas-pólos, computador, TV e vídeo. E ainda a tutoria, que pode ser desenvolvida na forma presencial ou à distância por meio de telefone 0800 e plataforma. TEXTO UTILIZADO PARA APROFUNDAMENTO TEÓRICO: CONSCIENTIZAÇÃO Teoria e Prática da Libertação Uma Introdução ao Pensamento de Paulo Freire AULA 1: Apresentação Prólogo O Homem e sua experiência - Paulo Freire por si mesmo CONSIDERAÇÕES: Durante esta aula sugerimos uma reflexão profunda acerca do autor e sua obra, suas importantes contribuições para a educação do Brasil e do mundo. AULA 2: - Contexto Histórico da Experiência - No Brasil - No Chile CONSIDERAÇÕES: 6 Durante esta aula sugerimos a observância do anexo V deste Guia – “Recife para sempre‖ – 1969. Busque compreender o sentimento do autor- poeta, suas necessidades e o contexto histórico e político em que o Brasil atravessava. AULA 3: Alfabetização e Conscientização - Filosofia e problemática CONSIDERAÇÕES: Durante esta aula sugerimos a análise da Poesia: ―Para todas as crianças‖ de Carlos Drummond de Andrade, inserida no anexo V deste Guia. Observem o que o poeta nos diz sobre a escola, seus professores e alunos. O que nos sugere o poeta? Quais são as críticas que ele faz à escola? Quais os desafios contidos na poesia? Qual “modelo” de escola temos? Que “modelo” queremos? Qual é o perfil de professor de cada uma dessas escolas? AULA 4: - Visão do mundo - Idéias-Força CONSIDERAÇÕES: No anexo VI do presente Guia encontramos uma foto de um homem com o planeta nas mãos, observe a foto e liste cinco aspectos comuns entre o conteúdo da aula e o conteúdo da foto. AULA 5: - Processo metodológico - Método CONSIDERAÇÕES: Para Freire (1985), ―(...) minha grande preocupação é o método enquanto caminho de conhecimento‖ (Pág. 97). Em seu anexo VII este Guia apresenta a letra da música: ―Daquilo que eu sei‖, de Ivan Lins. Nela encontramos um roteiro muito particular de ser e de estar no mundo, de com ele se relacionar, interagir. Retire da letra o método de conhecer- pesquisar 7 apontado pelo autor e veja como o ser humano é por natureza um pesquisador. Observe também uma criança entre quatro e sete anos de idade... Veja como se comporta, como interage com as outras pessoas, com os seus brinquedos, com o mundo. Quais as principais contribuições encontradas neste exercício de observação que podem auxiliar os educadores na compreensão do processo de aquisição do conhecimento por parte dos educandos? AULA 6: - Fases de Elaboração e Aplicação do Método - Os Atos Concretos da Alfabetização CONSIDERAÇÕES: Encontramos no anexo VII do presente Guia dados estatísticos fornecidos pelo Dieese, sobre as atuais condições do analfabetismo no Brasil. Lançando mão do conteúdo estudado na aula de número 6 procure refletir sobre a dinâmica que se estabelece na construção do analfabetismo de cerca de 12% da população brasileira..Como se dá esta produção? O que podemos fazer para diminuí-la? E os analfabetos funcionais, como são produzidos? Quais as conseqüências sociais, históricas e políticas para o país? AULA 7 - Da Leitura à Escrita - Aplicação CONSIDERAÇÕES: Na charge de Mafalda, personagem do cartunista argentino Quino, anexo IV, encontramos uma possibilidade de interpretação da ansiedade existente por parte dos educandos e seus familiares sobre o primeiro dia de aula e o processo de alfabetização. Inspirado nesta charge e pelos conteúdos trabalhados na aula de número 7, descreva as principais etapas trabalhadas por Freire e relacione uma delas à charge de Quino. 8 AULA 8: Práxis da Libertação - Três palavras chave - A Opressão CONSIDERAÇÕES: Nos estudos da práxis da libertação Paulo Freire aponta a responsabilidade do educador no processo de desalienação do educando e na construção do sujeito nos aspectos: cultural, ético e social. O autor compreende o homem na sua complexidade, construindo uma pedagogia que aponta para a liberdade do pensar e do agir, concebendo o homem como autor e ator do script da criação da sua própria história no mundo. Busque compreender as três palavras- chave trabalhada por Freire, e comente cada uma delas a partir da construção de um método que ao alfabetizar também politiza. AULA 9: - A Dependência - O Fenômeno Relacional da Dependência a partir do Caso Latino-Americano CONSIDERAÇÕES: Observe o conceito de dependência trabalhado por Freire nesta aula. Retire uma parte da letra da música: Geração Coca- Cola, Legião Urbana, contida no anexo VII deste Guia e comente. AULA 10: - A Marginalidade - Linhas de Ação 9 CONSIDERAÇÕES: Após assistir ao filme: Mentes Perigosas, (Internet), dirigido por John Smith e estrelado por Michelle Pfeiffer, retire três passagens que ilustram os principais conceitos trabalhados por Freire no conteúdo da aula 10. AULA 11: - Nova Relação Pedagógica CONSIDERAÇÕES: No anexo V deste Guia, a sexta poesia: ―Amar Verbo Intransitivo‖, de Carlos Drummond de Andrade nos revela o comportamento de um professor para com seu aluno. Interprete esta poesia à luz do conteúdo estudado na aula 11. Reflita sobre as importantes contribuições da chamada “Nova Relação Pedagógica” para o sucesso escolar de educadores e educandos. AULA 12: - Ação Cultural e Revolução Cultural CONSIDERAÇÕES: Voltando ao filme: Mentes Perigosas liste cinco contribuições da película para o conteúdo abordado na aula de número 12, compreendendo os movimentos de diálogo, interação interlocução entre os sujeitos escolares fonte rica de ações de emancipação, ação cultural e revolução cultural. AULA 13: TEXTO UTILIZADO PARA APROFUNDAMENTO TEÓRICO: Pedagogia do Oprimido – Prefácio – Primeiras palavras CONSIDERAÇÕES: O filme: Escritores da Liberdade do diretor Richard La Gravenese, estrelado pela talentosa atriz Hillary Swank, está repleto de contribuições para o exercício reflexivo 10 sobre o conteúdo da aula 12. Retire três contribuiçõese relacione- as com o conteúdo da aula. AULA 14: 1- Justificativa da ―Pedagogia do oprimido‖ - A contradição opressores - oprimidos. Sua superação - A situação concreta de opressão e os opressores Primeiras palavras CONSIDERAÇÕES: No anexo VII encontramos a letra: ―Vida de Gado‖. Sua letra chama a atenção por revelar a contradição opressores- oprimidos. Retire da letra da música versos capazes de ilustrar a temática contida nesta aula e construa uma contra- argumentação no sentido de superar as condições de indigência em que se encontra grande parte da humanidade. AULA 15: - A situação concreta de opressão e os oprimidos - Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão. CONSIDERAÇÕES: Existe uma imagem no anexo VI que contém um grupo de pessoas reunidas. Procure observá-la... Quais ou quais reflexões ela nos inspira fazer? Qual a relação da imagem com a situação concreta de opressão e os oprimidos? E o processo de libertação, como é traduzido na imagem? Como esta relação se processa no interior das escolas e, em especial, dentro da sala de aula? AULA 16: 2- A concepção “bancária” da educação como instrumento de opressão. Seus pressupostos, sua crítica. CONSIDERAÇÕES: 11 Observe a citação de Paulo Freire – pedagogia do Oprimido: ―Enquanto, na concepção ‗bancária‘ (...) o educador vai ‗enchendo‘ os educandos de falso saber, que são os conteúdos impostos, na prática problematizadora, vão os educandos desenvolvendo o seu poder de captação e compreensão do mundo que lhes aparece, em suas relações com ele, não mais como uma realidade estática, mas como uma realidade em transformação, em processo. A tendência, então, do educador-educando é estabelecerem uma forma autêntica de pensar e atuar. Pensar-se a si mesmos e ao mundo, simultaneamente, sem dicotomizar essa ação. A educação problematizadora se faz, assim, um esforço permanente através do qual os homens vão se percebendo, criticamente, como estão sendo no mundo com que e em que se acham‖. Observe a imagem abaixo do livro Cuidado escola: Relacione ambas (imagem e citação)... Quais os pontos comuns? E os divergentes? Busque comentar ambas a partir de uma experiência vivenciada por você em sala de aula, seja como educador ou educando. AULA 17: - Os homens como ser inconcluso, Consciente de sua inconclusão e seu permanente movimento de busca de ser mais. CONSIDERAÇÕES: Raul seixas em sua música: Metamorfose ambulante nos alerta: 12 “Eu prefiro ser Essa metamorfose ambulante Eu prefiro ser Essa metamorfose ambulante Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo” Compare a estrofe da letra com o título desta aula... O que ambos têm a nos dizer sobre o permanente estado de transformação do ser humano? Quais são suas conseqüências para o processo educacional? AULA 18: 3- A dialogicidade – essência da educação como prática da liberdade. – Educação dialógica e diálogo. - O diálogo começa na busca do conteúdo programático CONSIDERAÇÕES: Diálogo - Paulo Freire extraído do livro Pedagogia do Oprimido-editado pela editora Paz e Terra 18a edição ―A fé nos homens é um dado a priori do diálogo. Por isto, existe antes mesmo de que ele se instale. O homem dialógico tem fé nos homens antes de encontrar-se frente a frente com eles. Esta, contudo, não é uma ingênua fé. O homem dialógico, que é crítico, sabe que, se o poder de fazer, de criar, de transformar, é um poder dos homens, sabe também que podem eles, em situação concreta, alienados, ter este poder prejudicado‖. Qual a importância do diálogo para a busca do conteúdo programático? AULA 19: - As relações homens- mundo, os temas geradores e o conteúdo programático desta educação. - A investigação dos temas geradores e sua metodologia. - A significação conscientizadora da investigação dos temas. Os vários momentos da investigação. CONSIDERAÇÕES: Após estudo atento do conteúdo desta aula, elabore um resumo e retire as principais categorias que ele contém. 13 AULA 20: 4 - A teoria da ação antidialógica. - A teoria da ação antidialógica e suas características: a conquista, dividir para manter a opressão, a manipulação e a invasão cultural. CONSIDERAÇÕES: Paulo Freire extraído do livro Pedagogia do Oprimido-editado pela editora Paz e Terra 18a edição. ―Se o diálogo é o encontro dos homens para ser mais, não pode desfazer-se na desesperança. Se os sujeitos do diálogo nada esperam do seu que fazer, já não pode haver diálogo. O seu encontro é vazio e estéril. É burocrático e fastidioso‖. Quais as conseqüências desta idéia para a educação e para a sociedade? AULA 21: A teoria da ação dialógica e suas características: a co-laboração, a união a organização e síntese cultural. CONSIDERAÇÕES: Observe a teoria da ação dialógica de Freire, descreva- a e após conversa informal com educadores, ilustre cada etapa e as exemplifique a partir de suas falas. AULA 22: TEXTO UTILIZADO PARA APROFUNDAMENTO TEÓRICO: Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa Prefácio - Primeiras Palavras - Capítulo 1 – Não há docência sem discência 1.1 Ensinar exige rigorosidade metódica; 1.2 Ensinar exige pesquisa; 1.3 Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos. CONSIDERAÇÕES: Considerando o título deste capítulo: ―Não há docência sem discência‖ elabore uma breve reflexão que revele seu pensar sobre o mesmo. 14 AULA 23: 1.4 Ensinar exige criticidade; 1.5 Ensinar exige estética e ética; 1.6 Ensinar exige corporeificação das palavras pelo exemplo; 1.7 Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação CONSIDERAÇÕES: Observe a imagem abaixo do livro: “Cuidado escola”, para cada subitem contido nesta aula retire da imagem, uma percepção contrária. AULA 24: 1.8 Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática 1.9 Ensinar exige reconhecimento e a assunção da identidade cultural CONSIDERAÇÕES: Observe a imagem abaixo e escreva suas contribuições para o diálogo com os itens 1.8 e 1.9 trabalhados nesta aula. AULA 25: Capítulo 2 – Ensinar não é transferir conhecimento 15 2.1 Ensinar exige consciência do inacabamento; 2.2 Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado CONSIDERAÇÕES: Conforme o conteúdo da aula 25, Ensinar não é transferir conhecimento, exige consciência do inacabamento e o reconhecimento de ser condicionado. Para você, qual é a relação existente entre consciência do inacabamento e reconhecimento de ser condicionado? Como ambos os conceitos podem auxiliar o educador em sua tarefa de educar? AULA 26: 2.3 Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando; 2.4 Ensinar exige bom senso; 2.5 Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores CONSIDERAÇÕES: Conceitue as categorias abaixo e elabore um pequeno texto que contemple cada uma delas: A)- Respeito B)- Autonomia C)- Bom senso D)- Humildade E)- Tolerância AULA 27: 2.6 ensinar exige apreensão da realidade; 2.7 Ensinar exige alegria e esperança; 2.8 Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível; 2.9 Ensinar exige curiosidade. CONSIDERAÇÕES: 16 Voltando aos vídeos: ‖Escritores da Liberdade‖ e ―Mentes perigosas‖ elabore um quadro demonstrativo entre eles contendo passagens que ilustrem cada item desta aula. AULA 28: Capítulo 3 – Ensinar é uma especificidade humana 3.1 Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade; CONSIDERAÇÕES: Ao observarmos a imagem das mãos como símbolo do serviço, da ajuda, do amparo, do trabalho, generosidade... Com as categorias: segurança, competência profissionale generosidade, poderiam realizar um trabalho pedagógico que mais humanizado e humanizador. O que pensa sobre esta afirmação?Por quê? Você acha importante este tipo de trabalho? As escolas pelas quais passou e passa, já trabalham assim? Qual o diferencial de uma postura pedagógica inspirada em concepções como estas? AULA 29: 3.2 Ensinar exige comprometimento; 3.3 Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo. CONSIDERAÇÕES: 17 A poesia: ―Para os que virão‖ de Thiago de Mello expressa nossa responsabilidade na construção e intervenção no mundo. Desafia-nos pensar em qual é o nosso nível de compromisso e comprometimento para com a humanidade. Como sei pouco, e sou pouco, faço o pouco que me cabe me dando inteiro. Sabendo que não vou ver o homem que quero ser. Já sofri o suficiente para não enganar a ninguém: principalmente aos que sofrem na própria vida, a garra da opressão, e nem sabem. Não tenho o sol escondido no meu bolso de palavras. Sou simplesmente um homem para quem já a primeira e desolada pessoa do singular - foi deixando, devagar, sofridamente de ser, para transformar-se - muito mais sofridamente - na primeira e profunda pessoa do plural. Não importa que doa: é tempo de avançar de mão dada com quem vai no mesmo rumo, mesmo que longe ainda esteja de aprender a conjugar o verbo amar. É tempo sobretudo de deixar de ser apenas a solitária vanguarda de nós mesmos. Se trata de ir ao encontro. ( Dura no peito, arde a límpida verdade dos nossos erros. ) Se trata de abrir o rumo. Os que virão, serão povo, e saber serão, lutando. (Thiago de Mello) 18 AULA 30: 3.4 Ensinar exige liberdade e autoridade; 3.5 Ensinar exige tomada consciente de decisões; 3.6 Ensinar exige saber escutar; 3.7 Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica; 3.8 Ensinar exige disponibilidade para o diálogo; 3.9 Ensinar exige querer bem aos educandos CONSIDERAÇÕES: Observe este trecho da poesia Viu? Vento contra é para a gente voar de José Oliva. O tempo todo encontramos na vida cotidiana e, também nas obras de Paulo Freire este desafio permanente para a luta. Em vários campos da vida humana, o maior desafio a ser enfrentado é o da auto- superação, o da determinação, o do exercício resiliente de nos humanizar, humanizando. Viu? Vento contra é pra gente voar... Você já viu uma Pipa voar a favor do vento ? Claro que não. Frágil que seja, de papel de seda e taquara, nenhuma se dá ao exercício fácil de voar, levada suavemente pelas mãos de alguma corrente. Carga horária da disciplina: 60 horas. PROCESSO DE AVALIAÇÃO: A avaliação da aprendizagem será feita individualmente nas formas a distância e presencial. Inicialmente, a distância, objetivando orientar o aluno no processo de aprendizagem de cada obra, para avaliar se o aluno tem condições necessárias para prosseguir seus estudos na disciplina. As Avaliações Presenciais (AP) na forma de provas obedecerão aos critérios propostos no guia do aluno e ao calendário do curso. Bibliografia: 19 Neste primeiro momento da disciplina teremos como referencial teórico os três títulos já mencionados da obra do autor Paulo Freire. Os livros foram enviados em forma de arquivo (PDF) para todos os pólos e disponibilizados na plataforma CEDERJ. ANEXOS: I- Uma breve biografia do autor: “Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos”. (Paulo Freire) Nascido em 19 de setembro de 1921 em Recife, sua família fazia parte da classe média, mas Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África. Pelo mesmo motivo, sofreu a perseguição do regime militar no Brasil (1964-1985), sendo preso e forçado ao exílio O autor fez uma síntese de algumas correntes do pensamento filosófico de sua época, como o existencialismo cristão, a fenomenologia, a dialética hegeliana e o materialismo histórico. A esta visão foi associada o seu talento como escritor que o ajudou a conquistar um vasto público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos, quase sempre ligados a partidos de esquerda. Foi com suas de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. É evidente que o seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart. II- Obras do autor: http://pensador.uol.com.br/autor/Paulo_Freire/ http://pt.wikipedia.org/wiki/19_de_setembro http://pt.wikipedia.org/wiki/1921 http://pt.wikipedia.org/wiki/Recife http://pt.wikipedia.org/wiki/Pobreza http://pt.wikipedia.org/wiki/Fome http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_Paulo_Freire http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica http://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_militar http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Goulart 20 "Mudar é difícil, mas é possível" (Paulo Freire) 1959: Educação e atualidade brasileira. Recife: Universidade Federal do Recife, 139p. (tese de concurso público para a cadeira de História e Filosofia da Educação de Belas Artes de Pernambuco). 1961: A propósito de uma administração. Recife: Imprensa Universitária, 90p. 1963: Alfabetização e conscientização. Porto Alegre: Editora Emma. 1967: Educação como prática da liberdade. Introdução de Francisco C. Weffort. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (19 ed., 1989, 150 p). 1968: Educação e conscientização: extencionismo rural. Cuernavaca (México): CIDOC/Cuaderno 25, 320 p. 1970: Pedagogia do oprimido. New York: Herder & Herder, 1970 (manuscrito em português de 1968). Publicado com Prefácio de Ernani Maria Fiori. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 218 p., (23 ed., 1994, 184 p.). 1971: Extensão ou comunicação?. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971. 93 p. 1976: Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Tradução de Claudia Schilling, Buenos Aires: Tierra Nueva, 1975. Publicado também no Rio de Janeiro, Paz e terra, 149 p. (8. ed., 1987). 1977: Cartas à Guiné-Bissau. Registros de uma experiência em processo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, (4 ed., 1984), 173 p. 1978: Os cristãos e a libertação dos oprimidos. Lisboa: Edições BASE, 49 p. 1979: Consciência e história: a práxis educativa de Paulo Freire (antologia). São Paulo: Loyola. 1979: Multinacionais e trabalhadores no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 226 p. 1980: Quatro cartas aos animadores e às animadoras culturais. República de São Tomé e Príncipe: Ministério da Educação e Desportos, São Tomé. 1980: Conscientização: teoria e prática da libertação; uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 102 p. 1981: Ideologia e educação: reflexões sobre a não neutralidade da educação. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1981: Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1982: A importância do ato de ler (em três artigos que se completam). Prefácio de Antonio Joaquim Severino. São Paulo: Cortez/ Autores Associados. (26. ed., 1991). 96 p. (Coleção polêmica do nosso tempo). 1982: Sobre educação (Diálogos),Vol. 1. Rio de Janeiro: Paz e Terra ( 3 ed., 1984), 132 p. (Educação e comunicação, 9). 1982: Educação popular. Lins (SP): Todos Irmãos. 38 p. 1983: Cultura popular, educação popular. 1985: Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 3ª Edição 1986: Fazer escola conhecendo a vida. Papirus. 1987: Aprendendo com a própria história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 168 p. (Educação e Comunicação; v.19). 1988: Na escola que fazemos: uma reflexão interdisciplinar em educação popular. Vozes. 1989: Que fazer: teoria e prática em educação popular. Vozes. 1990: Conversando con educadores. Montevideo (Uruguai): Roca Viva. 1990: Alfabetização - Leitura do mundo, leitura da palavra. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1991: A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 144 p. http://pensador.uol.com.br/autor/Paulo_Freire/ http://pt.wikipedia.org/wiki/1959 http://pt.wikipedia.org/wiki/1961 http://pt.wikipedia.org/wiki/1963 http://pt.wikipedia.org/wiki/1967 http://pt.wikipedia.org/wiki/1968 http://pt.wikipedia.org/wiki/1970 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pedagogia_do_oprimido&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/1971 http://pt.wikipedia.org/wiki/1976 http://pt.wikipedia.org/wiki/1977 http://pt.wikipedia.org/wiki/1978 http://pt.wikipedia.org/wiki/1979 http://pt.wikipedia.org/wiki/1979 http://pt.wikipedia.org/wiki/1980 http://pt.wikipedia.org/wiki/1980 http://pt.wikipedia.org/wiki/1981 http://pt.wikipedia.org/wiki/1981 http://pt.wikipedia.org/wiki/1982 http://pt.wikipedia.org/wiki/1982 http://pt.wikipedia.org/wiki/1982 http://pt.wikipedia.org/wiki/1983 http://pt.wikipedia.org/wiki/1985 http://pt.wikipedia.org/wiki/1986 http://pt.wikipedia.org/wiki/1987 http://pt.wikipedia.org/wiki/1988 http://pt.wikipedia.org/wiki/1989 http://pt.wikipedia.org/wiki/1990 http://pt.wikipedia.org/wiki/1990 http://pt.wikipedia.org/wiki/1991 21 1992: Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra (3 ed. 1994), 245 p. 1993: Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho d'água. (6 ed. 1995), 127 p. 1993: Política e educação: ensaios. São Paulo: Cortez, 119 p. 1994: Cartas a Cristina. Prefácio de Adriano S. Nogueira; notas de Ana Maria Araújo Freire. São Paulo: Paz e Terra. 334 p. 1994: Essa escola chamada vida. São Paulo: Ática, 1985; 8ª edição. 1995: À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d'água, 120 p. 1995: Pedagogia: diálogo e conflito. São Paulo: Editora Cortez. 1996: Medo e ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; 5ª Edição. 1996: Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2000: Pedagogia da indignação – cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 134 p. III- OBRAS ELEITAS: CONSCIENTIZAÇÃO: Teoria e Prática da Libertação - Uma Introdução ao Pensamento de Paulo Freire Pedagogia do Oprimido Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa IV-CHARGE http://pt.wikipedia.org/wiki/1992 http://pt.wikipedia.org/wiki/1993 http://pt.wikipedia.org/wiki/1993 http://pt.wikipedia.org/wiki/1994 http://pt.wikipedia.org/wiki/1994 http://pt.wikipedia.org/wiki/1995 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=%C3%80_sombra_desta_mangueira&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/1995 http://pt.wikipedia.org/wiki/1996 http://pt.wikipedia.org/wiki/1996 http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_da_Autonomia http://pt.wikipedia.org/wiki/2000 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pedagogia_da_indigna%C3%A7%C3%A3o&action=edit&redlink=1 22 V-POESIAS: "Escola é... o lugar onde se faz amigos não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos... Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, O coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ‗ilha cercada de gente por todos os lados‘. Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém 23 nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se ‗amarrar nela‘! Ora , é lógico... numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz." (Paulo Freire) Recife sempre Paulo Freire De Santiago te escrevo, Recife para falar de ti a ti para dizerte que te quero profundamente, que te quero Cinco anos faz que te deixei manhã cedo – tinha medo de olharte tinha medo de ferirte tinha medo de magoarte. Manhã cedo – palavra não dizia Como dizer palavra se partia? Tinha medo de ouvirme tinha medo de olharme tinha medo de ferirme Manhã cedo – as ruas atravessando o aeroporto se aproximando o momento exato chegando mil lembranças de ti me tomando no meu silêncio necessário. De Santiago te escrevo para falar de ti a ti para dizerte de minha saudade, Recife Saudade mansa – paciente saudade, saudade bemcomportada. Recife, sempre Recife, de ruas de nomes tão doces, Rua da União, que Manuel Bandeira tinha ― medo que se chamasse rua Fulano de tal‖ e que hoje eu temo que venha a se chamar Rua coronel Fulano de tal. Rua das creoulas Rua da aurora Rua da amizade Rua dos Sete Pecados. Recife sempre. Teus homens do povo queimados do sol gritando nas ruas, ritmadamente: chora menino pra comprar pitomba eu tenho lã de barriguda pra ―trabiceiro‖ Doce de banana e goiaba! Faz tanto tempo! Para nós, meninos da mesma rua, aquele homem que andava apressado quase correndo – gritando, gritando: doce de banana e goiaba! Aquele homem era um brinquedo também Doce de banana e goiaba! Em cada esquina, um de não dizia: quero banana, doce de banana! Sorrindo já com a resposta que viria. Sem parar 24 sem olhar para trás sem olhar para o lado apressado, quase correndo, o homembrinquedo assim respondia: ―Só tenho goiaba grito banana porque é meu hábito‖. Doce banana e goiaba! doce de banana e goiaba! Continuava gritando, andando apressado sem olhar para trás sem olhar para o lado o nosso homembrinquedo. Foi preciso que o tempo passasse que muitas chuvas chovessem que muito sol se pusesse que muitas marés subissem e baixassem que muitos meninos nascessem que muitos homens morressem que muitas madrugadas viessem que muitas árvores florescessem que muitas Marias amassem que muitos campos secassem que muita dor existisse que muitos olhos tristes eu visse para que entendesse que aquele homembrinquedo era o irmão esmagado era o irmão explorado era o irmão ofendido o irmão oprimido proibido de ser. Recife, onde tive fome onde tive dor sem saber por que onde hoje ainda tantos, terrivelmente tantos, sem saber por que têm a mesma fome, têm a mesma dor, raiva de ti não posso ter. Recife, onde um dia tarde com fome, sem saber por que pensei tanto nos que não comiam nos que não vestiam nos que não sorriam nos que não sabiam o que fazer da vida Pensei tanto nos deserdados nos maltratados nos que apenas se anunciavam mas que não chegavam nos que chegavam mas que não ficavam nos que ficavam mas não podiam ser nos meninos que já trabalhavam antes mesmo de nascerno ventre ainda, ajudando a mãe a pedir esmolas a receber migalhastambém descaso de olhares friosRecife, raiva de ti não posso ter. Um dois trêsquatro quatro três dois um pra frente pra trás apitos – acerta paso soldado não pensa um dois três quatro quatro três dois um direita esquerda alto! esquerda direita soldado não pensa Recife, cidade minha, já homem feito teus cárceres experimentei. o que queria o que quero e quererei é que homens – todos os homens possam comer possam vestir possam calçar possam criar e que os meninos não tenham fome não tenham dor possam brincar possam sorrir possam cantar possam amar e amados possam ser. Recife, cidade minha já homem feito teus cárceres experimentei. Neles fui objeto fui coisa fui estranheza Quartafeira 4 25 horas da tarde o portão de ferro se abria. ―Hoje é dia de visita. Em fila! Punirei aquele que trouxer um chocolate ao menos Revistarei a todos‖ Com voz áspera dizia um de nossos ―proprietários‖ um homem menor que seu posto. Marchávamos então descompassados, sem cadência até as esposas feridas as mães aflitas os filhos assustados Naqueles encontros algo novo descobri frente a Elza e às três Marias, filhas nossas, muita palavra tinha para dizer muita coisa a perguntar muita esperanças pra afirmar mas também muita fome pra matar e trinta minutos para tudo. Naqueles encontros algo de novo descobri: palavras e pedaços de comida também podiam se chocar. Recife, cidade minha, já homem feito teus cárceres experimentei. ―Capitão, quando esse doutor disser Criador referindose a Deus, escreva com c pequeno Criador com c grande é somente o meu‖. O coronel, dono do mundo, dono dos presos, de Deus queria ser dono também. Rico coronel aquele! Pobre homem aquele! Queria fazer de Deus Cabodaguarda ou ― bagageiro‖ seu ou ― capitão de mato‖ que o ajudasse a caçar subversivos. Recife, cidade minha, já homem feito teus cárceres experimentei Vivi silêncios isolamentos vivi. Morei horas numa espécie de caixãoum metro e setenta de comprimento sessenta centímetros de largura Paredes frias paredes ásperas escuridão. Vivi tranqüilo, dormi tranqüilo, de nada me arrependi. Recife, cidade minha, já homem feito teus cárceres experimente. Um dois três quatro quatro três dois um os homens aprendendo a não ser homens. O relógio de minha casa também dizia um dois três quatro quatro três dois um mas ― sua cantiga era diferente‖ . Assim cantando dos homens apenas o tempo marcava. Recife, cidade minha, em ti vivi infância triste adolescência amarga em ti vivi. Não me entendem se não te entendem minha gulodice de amor, minha esperança na luta minha confiança nos oprimidostudo isto se forjou em mim, nas minhas relações contigona infância triste, na adolescência amarga. O que falso o que penso o que digo o que escrevo, tudo estão marcado de ti. Sou ainda o menino que teve fome, que teve dor sem saber por que. Só uma diferença existe entre o menino de ontem e o menino de hoje, que ainda sou: sei agora por que tive fome sei agora por que tive dor Recife, cidade minha, proclamo alto: se alguém me ama a ti te ama. Se alguém me quer que a ti te queira. Se alguém me busca que em ti me encontre: nas tuas noites, 26 nos teus dias nas tuas ruas nos teus rios no teu mar no teu sol na tua gente no teu calor nos teus morros nos teus córregos na tua inquietação no teu silêncio na amorosidade de quem lutou e de quem luta de quem se expôs e de quem se expõe de quem morreu e de quem pode morrer buscando apenas, cada vez mais, que menos meninos tenham fome e tenham dor sem saber por que. Por isto disse: não me entendem se não te entendemo que faço o que penso o que digo o que escrevo tudo estão marcado de ti. Recife, cidade minha, de Santiago te escrevo para dizerte que te quero profundamente, que te quero. Título: Recife sempre Autor: Paulo Freire Data: 1969/02 Para todas as crianças Eu queria uma escola que cultivasse a curiosidade de aprender que é em vocês natural. Eu queria uma escola que educasse seu corpo e seus movimentos: que possibilitasse seu crescimento físico e sadio. Normal. Eu queria uma escola que lhes ensinassem tudo sobre a natureza, o ar, a matéria, as plantas, os animais, seu próprio. Deus. Mas que ensinasse primeiro pela observação, pela descoberta, pela experimentação. E que dessas coisas lhes ensinasse não só a conhecer, como também a aceitar, a mar, perseverar. Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a nossa História e a nossa terra de uma maneira viva e atraente. Eu queria uma escola, que desde cedo, usasse materiais 27 Concretos para que vocês pudessem ir formando corretamente os Conceitos matemáticos, os conceitos de números e operações... Usando palitos, tampinhas, pedrinhas,... só porcariinhas!... Fazendo vocês aprenderem brincando. Oh! Meus Deus! Deus que livre vocês de uma escola que tenha que copiar pontos. Deus que livre vocês de decorar sem entender, nomes, datas, Fatos. Deus que livre vocês de aceitarem conhecimentos “prontos”. Mediocremente embalados nos livros didáticos descartáveis. Deus que livre vocês de ficarem passivos, ouvindo e repetindo, Repetindo, repetindo... Eu também queria uma escola que ensinasse a conviver, a cooperar, a respeitar, a esperar, a saber viver, em comunidade em união. Que vocês aprendessem a transformar e criar. Que lhes desses múltiplos meios de vocês expressarem cada sentimento, cada drama, cada emoção. Ah! E antes que eu me esqueça: Deus que livre vocês de um professor incompetente. (Carlos Drummond de Andrade). Viu? Vento contra é pra gente voar... Você já viu uma Pipa voar a favor do vento ? Claro que não. Frágil que seja, de papel de seda e taquara, nenhuma se dá ao exercício fácil de voar, levada suavemente pelas mãos de alguma corrente. Nunca. Elas metem a cara. 28 Vão em frente. Têm dessa vaidade de abrir mão de brisa e preferir a tempestade. Como se crescer e subir fosse descobrir em cada vento contrário uma oportunidade. Como se viver e brilhar fosse ter a sabedoria de ver uma lição em cada dificuldade. No fundo, no fundo, todo mundo deveria aprender na escola a empinar pipas, pandorgas ou raias. Para entender, desde cedo, que Deus só lhes dá um céu imenso porque elas têm condições de o alcançar. Assim como nos dá sonhos, projetos e desejos, quando possuímos os meios de os realizar. De tempos em tempos, voltaríamos às salas de aula das tardes claras só para vê-las, feito bandeiras, salpicando o azul. Assim compreenderíamos, de uma vez por todas, que pipas são como pessoas e empresas bem sucedidas: usam a adversidade para subir às alturas. José Oliva Nunca. Elas metem a cara. Vão em frente. Têm dessa vaidade de abrir mão de brisa e preferir a tempestade. Como se crescer e subir fosse descobrir em cada vento contrário uma oportunidade. Como se viver e brilhar fosse ter a sabedoria de ver uma lição em cada dificuldade. No fundo, no fundo, todo mundo deveria aprender na escola a empinar pipas, pandorgas ou raias. Para entender, desde cedo, que Deus só lhes dá um céu imenso porque elas têm condições de o alcançar. Assim como nos dá sonhos, projetos e desejos, https://www.pensador.com/autor/jose_oliva/ 29 quando possuímos os meios de os realizar. De tempos em tempos, voltaríamos às salas de aula das tardes claras só para vê-las, feito bandeiras, salpicando o azul. Assim compreenderíamos, de uma vez por todas, que pipas são como pessoas e empresas bem sucedidas: usam a adversidade para subir às alturas. José Oliva Amar Verbo Intransitivo O professor disserta sobre ponto difícil do programa. Um aluno dorme, Cansado das canseiras desta vida. O professor vai sacudi- lo? Vai repreendê-lo? Não. O professor baixa a voz Com medo de acordá-lo." (Carlos Drummond de Andrade) Comosei pouco, e sou pouco, faço o pouco que me cabe me dando inteiro. Sabendo que não vou ver o homem que quero ser. Já sofri o suficiente para não enganar a ninguém: principalmente aos que sofrem na própria vida, a garra da opressão, e nem sabem. https://www.pensador.com/autor/jose_oliva/ http://www.alashary.org/autor/carlos_drummond_de_andrade/ 30 Não tenho o sol escondido no meu bolso de palavras. Sou simplesmente um homem para quem já a primeira e desolada pessoa do singular - foi deixando, devagar, sofridamente de ser, para transformar-se - muito mais sofridamente - na primeira e profunda pessoa do plural. Não importa que doa: é tempo de avançar de mão dada com quem vai no mesmo rumo, mesmo que longe ainda esteja de aprender a conjugar o verbo amar. É tempo sobretudo de deixar de ser apenas a solitária vanguarda de nós mesmos. Se trata de ir ao encontro. 31 ( Dura no peito, arde a límpida verdade dos nossos erros. ) Se trata de abrir o rumo. Os que virão, serão povo, e saber serão, lutando. (Thiago de Mello) Manoel de Barros: Dou respeito às coisas desimportantes e... Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim esse atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo. Manoel de Barros BARROS, M. Poesia Completa. São Paulo: Leya, 2011. V- GALERIA DE FOTOS: http://pensador.uol.com.br/autor/manoel_de_barros/ 32 VI-IMAGENS: VI-LETRAS DE MÚSICAS: Daquilo que eu Sei Ivan Lins Daquilo que eu sei Nem tudo me deu clareza http://letras.terra.com.br/ivan-lins/ 33 Nem tudo foi permitido Nem tudo me deu certeza... Daquilo que eu sei Nem tudo foi proibido Nem tudo me foi possível Nem tudo foi concebido... Não fechei os olhos Não tapei os ouvidos Cheirei, toquei, provei Ah Eu! Usei todos os sentidos Só não lavei as mãos E é por isso que eu me sinto Cada vez mais limpo! Cada vez mais limpo! Cada vez mais limpo! Geração Coca-Cola Legião Urbana Composição : Renato Russo / Fê Lemos Quando nascemos fomos programados A receber o que vocês Nos empurraram com os enlatados Dos U.S.A., de nove as seis. Desde pequenos nós comemos lixo Comercial e industrial Mas agora chegou nossa vez Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Somos o futuro da nação Geração Coca-Cola Depois de 20 anos na escola Não é difícil aprender Todas as manhas do seu jogo sujo Não é assim que tem que ser Vamos fazer nosso dever de casa E aí então vocês vão ver http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/ 34 Suas crianças derrubando reis Fazer comédia no cinema com as suas leis Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Somos o futuro da nação Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola Geração Coca-Cola Depois de 20 anos na escola Não é dificil aprender Todas as manhas do seu jogo sujo Não é assim que tem que ser Vamos fazer nosso dever de casa E aí então vocês vão ver Suas crianças derrubando reis Fazer comédia no cinema com as suas leis Somos os filhos da revolução Somos burgueses sem religião Somos o futuro da nação Geração Coca-cola Geração Coca-cola Geração Coca-cola Geração Coca-cola Brejo da Cruz Chico Buarque Composição : Chico Buarque A novidade Que tem no Brejo da Cruz É a criançada Se alimentar de luz Alucinados Meninos ficando azuis E desencarnando Lá no Brejo da Cruz Eletrizados Cruzam os céus do Brasil Na rodoviária Assumem formas mil Uns vendem fumo http://letras.terra.com.br/chico-buarque/ 35 Tem uns que viram Jesus Muito sanfoneiro Cego tocando blues Uns têm saudade E dançam maracatus Uns atiram pedra Outros passeiam nus Mas há milhões desses seres Que se disfarçam tão bem Que ninguém pergunta De onde essa gente vem São jardineiros Guardas-noturnos, casais São passageiros Bombeiros e babás Já nem se lembram Que existe um Brejo da Cruz Que eram crianças E que comiam luz São faxineiros Balançam nas construções São bilheteiras Baleiros e garçons Já nem se lembram Que existe um Brejo da Cruz Que eram crianças E que comiam luz Vida de gado Zé Ramalho Vocês que fazem parte dessa massa, Que passa nos projetos, do futuro É duro tanto ter que caminhar E dar muito mais, do que receber. E ter que demonstrar, sua coragem A margem do que possa aparecer. E ver que toda essa, engrenagem Já sente a ferrugem, lhe comer. Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz http://letras.terra.com.br/ze-ramalho/ 36 Lá fora faz um tempo confortável A vigilância cuida do normal Os automóveis ouvem a notícia Os homens a publicam no jornal E correm através da madrugada A única velhice que chegou Demoram-se na beira da estrada E passam a contar o que sobrou. Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz Eh, ôô, vida de gado Povo marcado, ê Povo feliz O povo, foge da ignorância Apesar de viver tão perto dela E sonham com melhores, tempos idos Contemplam essa vida, numa cela Esperam nova possibilidade De verem esse mundo, se acabar A arca de Noé, o dirigível Não voam, nem se pode flutuar, Não voam nem se pode flutuar, Não voam nem se pode flutuar. Eh, ôô, vida de gado Povo marcado e, Povo feliz Eh, ôô, vida de gado Povo marcado e, Povo feliz Prelúdio Raul Seixas Composição : Raul Seixas Sonho que se sonha só É só um sonho que se sonha só Mas sonho que se sonha junto é realidade Sonho que se sonha só É só um sonho que se sonha só Mas sonho que se sonha junto é realidade http://letras.terra.com.br/raul-seixas/ 37 Sonho que se sonha só É só um sonho que se sonha só Mas sonho que se sonha junto é realidade Metamorfose Ambulante Raul Seixas Eu prefiro ser Essa metamorfose ambulante Eu prefiro ser Essa metamorfose ambulante Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Eu quero dizer Agora o oposto do que eu disse antes Eu prefiro ser Essa metamorfose ambulante Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Sobre o que é o amor Sobre o que eu nem sei quem sou Se hoje eu sou estrela Amanhã já se apagou Se hoje eu te odeio Amanhã lhe tenho amor Lhe tenho amor Lhe tenho horror Lhe faço amor Eu sou um ator É chato chegar A um objetivo num instante Eu quero viver Nessa metamorfose ambulante Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Sobre o que é o amor Sobre o que eu nem sei quem sou Se hoje eu sou estrela Amanhã já se apagou Se hoje eu te odeio Amanhã lhe tenho amor Lhe tenho amor Lhe tenho horror Lhe faço amor Eu sou um ator Eu vou desdizer Aquilo tudo que eu lhe disse antes Eu prefiro ser Essa metamorfose ambulante Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo http://www.vagalume.com.br/raul-seixas/ 38 Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo Do que ter aquela velha velha velha velha velha Opinião formada sobre tudo Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo PROBLEMA SOCIAL (Fernandinho e Guará) Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão E nem o bom menino que vendeu limão E trabalhou na feira pra comprar seu pão E nem o bom menino que vendeu limão E trabalhou na feira pra comprar seu pão Não aprendia as maldades que essa vida tem Matariaa minha fome sem ter que roubar ninguém Juro que eu não conhecia a famosa Funabem Onde foi a minha morada desde os tempos de neném É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem Se eu pudesse eu tocava em meu destino Hoje eu seria alguém É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem Se eu pudesse eu tocava em meu destino Hoje eu seria alguém Seria eu um intelectual Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal Muitos me chamam pivete Mas poucos me deram um apoio moral Se eu pudesse eu não seria um problema social Se eu pudesse eu dava um toque em meu destino Não seria um peregrino nesse imenso mundo cão E nem o bom menino que vendeu limão E trabalhou na feira pra comprar seu pão 39 E nem o bom menino que vendeu limão E trabalhou na feira pra comprar seu pão Não aprendia as maldades que essa vida tem Mataria a minha fome sem ter que roubar ninguém Juro que eu não conhecia a famosa funabem Onde foi a minha morada desde os tempos de neném É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem Se eu pudesse eu tocava em meu destino Hoje eu seria alguém É ruim acordar de madrugada pra vender bala no trem Se eu pudesse eu tocava em meu destino Hoje eu seria alguém Seria eu um intelectual Mas como não tive chance de ter estudado em colégio legal Muitos me chamam pivete Mas poucos me deram um apoio moral Se eu pudesse eu não seria um problema social MARVIN (R. Dunbar / G. N. Johson / Nando Reis / Sérgio Britt) Meu pai não tinha educação Ainda me lembro, era um grande coração Ganhava a vida com muito suor Mas mesmo assim não podia ser pior Pouco dinheiro pra poder pagar Todas as contas e despesas do lar Mas Deus quis vê-lo no chão Com as mãos levantadas pro céu Implorando perdão Chorei, meu pai disse: "Boa sorte", Com a mão no meu ombro Em seu leito de morte E disse "Marvin, agora é só você e não vai adiantar Chorar vai me fazer sofrer" 40 Três dias depois de morrer Meu pai, eu queria saber Mas não botava nem um pé na escola Mamãe lembrava disso a toda hora Todo dia antes do sol sair Eu trabalhava sem me distrair As vezes acho que não vai dar pé Eu queria fugir, mas onde eu estiver Eu sei muito bem o que ele quis dizer Meu pai, eu me lembro, não me deixa esquecer Ele disse "Marvin, a vida é pra valer Eu fiz o meu melhor E o seu destino eu sei de cor" E então um dia uma forte chuva veio E acabou com o trabalho de um ano inteiro E aos treze anos de idade eu sentia todo o peso do mundo em minhas costas Eu queria jogar mas perdi a aposta, e Trabalhava feito um burro nos campos Só via carne se roubasse um frango Meu pai cuidava de toda a família Sem perceber segui a mesma trilha Toda noite minha mãe orava "Deus, era em nome da fome que eu roubava" Dez anos passaram, cresceram meus irmãos E os anjos levaram minha mãe pelas mãos Chorei, meu pai disse: "Boa sorte" Com a mão no meu ombro Em seu leito de morte Ele disse "Marvin, agora é só você E não vai adiantar Chorar vai me fazer sofrer". "Marvin, a vida é pra valer Eu fiz o meu melhor E o seu destino eu sei de cor". 41 COMIDA (Arnaldo Antunes/Sérgio Brito/Marcelo) Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de que? Você tem fome de que?... A gente não quer só comida A gente quer comida Diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída Para qualquer parte... A gente não quer só comida A gente quer bebida Diversão, balé A gente não quer só comida A gente quer a vida Como a vida quer... Bebida é água! Comida é pasto! Você tem sede de que? Você tem fome de que?... A gente não quer só comer A gente quer comer E quer fazer amor A gente não quer só comer A gente quer prazer Prá aliviar a dor... A gente não quer Só dinheiro A gente quer dinheiro E felicidade A gente não quer Só dinheiro A gente quer inteiro E não pela metade... Bebida é água! Comida é pasto! 42 Você tem sede de que? Você tem fome de que?... A gente não quer só comida A gente quer comida Diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída Para qualquer parte... A gente não quer só comida A gente quer bebida Diversão, balé A gente não quer só comida A gente quer a vida Como a vida quer... A gente não quer só comer A gente quer comer E quer fazer amor A gente não quer só comer A gente quer prazer Pra aliviar a dor... A gente não quer Só dinheiro A gente quer dinheiro E felicidade A gente não quer Só dinheiro A gente quer inteiro E não pela metade... Diversão e arte Para qualquer parte Diversão, balé Como a vida quer Desejo, necessidade, vontade Necessidade, desejo, eh! Necessidade, vontade, eh! Necessidade... CAMINHOS DO CORAÇÃO (Gonzaguinha) Há muito tempo que eu saí de casa Há muito tempo que eu caí na estrada Há muito tempo que eu estou na vida Foi assim que eu quis, e assim eu sou feliz 43 Principalmente por poder voltar A todos os lugares onde já cheguei Pois lá deixei um prato de comida Um abraço amigo, um canto prá dormir e sonhar E aprendi que se depende sempre De tanta, muita, diferente gente Toda pessoa sempre é as marcas Das lições diárias de outras tantas pessoas E é tão bonito quando a gente entende Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá E é tão bonito quando a gente sente Que nunca está sozinho por mais que pense estar É tão bonito quando a gente pisa firme Nessas linhas que estão nas palmas de nossas mãos É tão bonito quando a gente vai à vida Nos caminhos onde bate, bem mais forte o coração E aprendi ... O coração, o coração VII- DADOS ESTATÍSTICOS: Segundo dados do Dieese, encontrados no Portal Terra, em 15/05/11: ―Cerca de 12% dos brasileiros ainda são analfabetos. Outros 30% da população são considerados analfabetos funcionais - capazes de ler textos sem saber interpretá-los - e um terço dos jovens com idade entre 18 e 24 anos não freqüenta escolas de ensino médio. Essas conclusões são da publicação Anuário 2007: Qualificação Social e Profissional divulgada ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos ―(Dieese). 44 VIII- LISTA DE VÍDEOS: Mentes Perigosas, dirigido por John Smith e estrelado por Michelle Pfeiffer, apresenta para discussão um recorte da educação possível para os considerados impossíveis. Escritores da Liberdade, do diretor Richard La Gravenese, estrelado pela talentosa atriz Hillary Swank , discute conceitos como identidade, alteridade dentre outros. Sinopse: O filme é baseado na época da ditadura na Argentina. O filme conta a história da professora Alicia, que ministrava a disciplina de história e tinha aparentemente um casamento sólido. Alicia era uma mulher realizada como esposa e mãe (adotiva). Ao receber sua amiga que sofreu conseqüências da ditadura, começa a enxergar uma realidade que estava próxima, mas, por ter uma vida alienada em relação à política, não percebia o mal que a ditadura trazia para as pessoas e que estava dentro de sua casa. A HISTÓRIA OFICIAL Título original: La historia oficial Ano: 1985 País: Argentina Direção: Luis Puenzo Duração: 112 min Gênero: Drama Tipo: Longa-metragem Relação do filme com a prática pedagógica: Relação Professor aluno: a metodologia utilizada pela professora era o método “bancário”, onde somente o seu conhecimento através do livro tornava-se suficiente para o ensino aprendizagem e os alunos não podiam falar em sala de aula. Professor e aluno: A forma que a Professora do filme usava para ministrar suasaulas era notória que não estava formando alunos para serem indivíduos capazes de refletir, criticar e buscar seus diretos. Mas, a educação na escola deve ter o objetivo de formar indivíduos reflexivos, conscientes do seu lugar na sociedade, onde deve ser respeitado e seus direitos garantidos para viverem com dignidade. No filme percebemos que a professora Alicia era alienada sobre o que acontecia a sua volta, (crueldades acontecia por causa da ditadura). Foi necessário um educando falar que “a história era escrita por assassinos”, mesmo ele sendo expulso da sala de aula, fez com que a Professora despertasse para uma nova realidade. Com esse relato a professora começou a mudar a sua atitude com os educandos, dando oportunidades para que eles contassem a sua própria história. Percebemos a importância do Educador conhecer a política para que possa utilizar-se como um instrumento transformador. Ensinar exige respeito aos saberes do educando. 45 Sinopse: Ser criança não significa ter infância. Uma reflexão sobre o que é ser criança no mundo contemporâneo. A INVENÇÃO DA INFÂNCIA Ano: 2000 País: Brasil Direção: Liliana Sulzbach Duração: 26 min Gênero: Documentário Tipo: curta-metragem Relação do filme com a prática pedagógica: Vemos neste documentário, como o simples brincar é tão importante. As crianças pobres trabalham como mão de obra e as crianças de classe média têm seu tempo todo tomado por afazeres (como dançar balé,jogar vôlei, , várias atividades extra curriculares variadas). Sendo assim não dão as crianças os seus direitos assegurados em lei como no ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Refletimos sobre a seguinte questão: que iniciativas devemos tomar como educadores para ajudar nossas crianças? 46 Sinopse: Um professor de música vai trabalhar numa rígida instituição de reeducação de jovens meninos. Com paciência, ele tenta melhorar suas vidas através da música. No entanto, ele terá que lutar para manter o coral dos meninos na ativa. Relação do filme com a prática pedagógica: Todo educador tem a necessidade de refletir sobre a sua prática, e entender que toda ação tem uma reação. E saber usá-las com a finalidade de construir uma pratica pedagógica que faça sentido na vida dos educandos. O filme nos faz pensar, que mesmo em uma turma „problemática‟ o professor nunca deve desistir, sempre vale à pena tentar, e procurar meios para desenvolver as atividades pedagógicas. É fundamental que um educador faça a leitura da sua classe e entenda o contexto dos seus alunos, (quem são eles, classe social, o que gostam o que não gostam) para então pensar em uma pratica que desperte a curiosidade, façam adquirir conhecimentos e transformá-los em aprendizagem. O professor deve sempre apostar no coletivo e fazer com que a turma caminhe junta, mas respeitando as individualidades de cada um, ou seja, trabalhar o conteúdo e depois trabalhar o individual, sem classificar hierarquicamente os saberes. A classificação deve ser feita para incluir e não para excluir. Propiciar situações para que ocorra a troca de conhecimentos. O filme também nos traz a importância do professor colocar sempre seus conhecimentos a favor dos seus alunos e nunca contra. Título original: Les Choristes Ano: 2004 País: França Direção: Christophe Barratier Duração: 95 min Gênero: Drama Tipo: Longa-metragem A VOZ DO CORAÇÃO 47 Sinopse: Um jovem professor enfrenta alunos indisciplinados. Mark Thackeray, um engenheiro desempregado resolve dar aulas em Londres. A classe está determinada a destruir-lo como fizeram com seu predecessor, ao quebrar-lhe o espírito. Mas Thackeray acostumado à hostilidade enfrenta o desafio tratando os alunos como jovens adultos que breve estarão se sustentando por conta própria. AO MESTRE COM CARINHO Título original: To Sir, with Love Ano: 1967 País: Inglaterra Direção: James Clavell Duração: 105 minutos Gênero: Drama Relação do filme com a prática pedagógica: “A escola é assustadora, mas traz desafios”. Essa frase do filme faz com que os educadores reflitam que os desafios fazem parte da educação. Aquilo que nos desafia nos faz pensar, repensar e melhorar a prática constantemente. O filme nos mostra da importância do professor ter autoridade dentro da sala de aula e jamais confundir e exercer autoridade com autoritarismo. Quando o professor percebe que não consegue chamar a atenção dos alunos, ele muda a sua prática e consegue chegar ao mundo dos alunos. O educador quando é pesquisador e reflexivo não tem insegurança para renovar e inovar a sua prática. A relação de aprendizagem dos alunos; seus erros e acertos, êxitos e fracassos dependem da responsabilidade e compromisso do educador com os educandos. Quem ensina aprende a educar e quem aprende ensina o aprender. A aprendizagem é uma troca que professores, alunos, a instituição escolar deve participar. 48 Sinopse: Nunca Desista, nunca volte atrás. Nos seus seis anos como técnico de futebol americano de uma escola, Grant Taylor nunca conseguiu levar seu time a uma temporada vitoriosa. E ao ter que enfrentar crises profissionais e pessoais aparentemente insuperáveis, a idéia de desistir nunca lhe pareceu tão atraente. É apenas depois que um visitante inesperado o desafia a acreditar no poder da fé que ele descobre a força da perseverança para vencer. DESAFIANDO OS GIGANTES Título original: Facing the Giants Ano: 2006 País: EUA Direção: Alex Kendrick Duração: 111 minutos Gênero: Drama Relação do filme com a prática pedagógica: O treinador ver seu time ir “por água abaixo” e culpabiliza os jogadores o pelo fracasso. Ao receber críticas o professor começa a refletir sua prática. Busca auxílio em Deus, tornando-o centro e motivo da sua existência e do time que treinava. Alcançando dessa forma a transformação de sua prática. Passa a acreditar nos seus alunos, motivando-os a acreditar que são capazes de lutar pelo que querem. Esse filme é exemplo claro de uma pedagogia liberdade do amor a profissão e da compreensão do trabalho pedagógico. Sinopse: Pierre Dulaine é um dançarino de salão profissional, que se torna voluntário para dar aulas de dança em uma escola pública de Nova York. Pierre tenta apresentar seus métodos clássicos, mas logo enfrenta resistência dos alunos, mais interessados em hip hop. É quando deste confronto nasce um novo estilo de dança, mesclando os dois lados e tendo Pierre como mentor. Título original: Take the Lead Ano: 2006 País: EUA Direção: Liz Friedlander Duração: 108 min Gênero: Drama Relação do filme com a prática pedagógica: Os alunos não têm nenhuma perspectiva de vida e seus sonhos estão esquecidos em uma realidade que ninguém acredita neles. Pierre é afetado de uma maneira surpreendente, mas o fato que o motiva é acreditar em seus alunos. Ele valoriza esses alunos excluídos por todos. A diretora da escola tem uma pratica que a primeira vista pode ser ruim, mas olhando por de trás vemos que ela busca a todo o momento melhorar a realidade de seus alunos, por mais difícil que seja, mas ela luta e se lembra de cada vitima do sistema. Pierre busca educar para vida. Para tanto ele usa varias estratégias para despertar em seus alunos o gosto pela dança. Então ele inicia seu processo quando leva uma aluna de turma avançada e mostra para eleso caminho para serem como ela. O professor se destaca em sua prática quando se compromete com seus alunos O professor é aberto para opinião de seus alunos ele os escuta e dar crédito a fala deles. Os alunos de Pierre participam de uma competição de tango e passam à final e realizam algo que nem Pierre imaginaria, quando se tem uma prática libertadora se a possibilidade do aluno ir além do que ensinamos, deles conquistarem alvo maiores e melhores que os nossos. VEM DANÇAR http://interfilmes.com/buscaperson.Alex%20Kendrick.html 49 Sinopse: O filme mostra a história de um homem que deixa de ser um compositor para dar aula de música, usando o bom-senso para fazer com que seus alunos amem a músi . MR. HOLLAND ADORÁVEL PROFESSOR Título original: Mr. Holland Ano: 1995 País: EUA Direção: Stephen Herek Duração: 140 min Gênero: Drama Relação do filme com a prática pedagógica: Acredita que a realidade pode ser mudada e não está acabada, havendo possibilidade de aprendizagem para aqueles alunos que queiram e esforçam-se para conquistar o que desejam. Apesar de trabalhar numa Educação Domesticadora, não deixou que isso influenciasse na sua prática de professor reflexivo. Ensina com convicção de que a mudança é possível exercendo a compreensão. Traz para sala de aula um outro tipo de música para tentar alcançar os alunos no estilo de música que eles gostam. Mostra sempre disposto em ajudar os alunos, dedicando em ensinar e acreditando que poderiam mudar. Acreditava numa Educação Libertadora. Teve um filho e quando mais tarde descobre que é surdo. Mas apesar dessa situação não deixou ser paralisado em sua prática inovadora, mostrando que através da música os alunos poderiam realizar sonhos. Ele tinha o compromisso de fazer o melhor, ensinando com alegria e esperança. Despertou os talentos dos alunos. Num dado momento de sua vida percebeu que precisava mudar a sua prática educativa começando em sua família. Ele conseguiu realizar grandes conquistas por sua perseverança. Percebeu que deveria ser um exemplo ajudando seu filho. Tornou-se maestro de um grande Coral de surdo. Pode deixar boas marcas e atitudes que marcaram seus alunos. Praticava a Educação contextualizada que sabe o que vai aprender e aonde aplicar. Chega o momento em que sua prática docente se encerra, porque é obrigado se aposentar. Mas lhe é preparado uma grande surpresa mostrando que a sua dedicação esforço não foram em vão, pois todos que estavam ali naquele momento eram frutos do seu trabalho. Segundo a sua aluna: “Nós somos a sua sinfonia, a melodia e as notas do seu opus e somos a música de sua vida”. 50 Sinopse: Katharine Watson é uma recém-graduada professora que consegue emprego no conceituado colégio Wellesley, para lecionar aulas de História da Arte. Incomodada com o conservadorismo da sociedade e do próprio colégio em que trabalha, Katharine decide lutar contra estas normas e acaba inspirando suas alunas a enfrentarem os desafios da vida. O SORRISO DE MONA LISA Título original: Mona Lisa Smile Ano: 2003 País: EUA Direção: Mike Newell Duração: 125 minutos Gênero: Drama Relação do filme com a prática pedagógica: A professora queria fazer a diferença, numa escola conservadora. No 1º dia de aula - a professora fica assustada, pois as educandas já conheciam todo o conteúdo. Por isso decidi ir para além do conteúdo dos livros. Educar para a vida. Neste filme podemos perceber uma professora reflexiva, compreensiva e pesquisadora. Que pretende formar educandas pensante e reflexivo. O professor marca seus alunos. E esta professora afetou suas alunas. No final do filme a professora precisa escolher “mudar sua prática ou sair da escola”. Sua decisão reflete no ideal que ela acredita. http://www.adorocinema.com/diretores/mike-newell 51 Sinopse: Documentário sobre as adversas situações que o adolescente brasileiro enfrenta dentro da escola. Meninos e meninos, ricos e pobres, em situações que revelam precariedade, preconceito, violência e esperança. Em três estados brasileiros, em classes sociais distintas, adolescentes falam da vida na escola, projetos e inquietações numa fase crucial de sua formação. Professores também expõem seu cotidiano profissional, ajudando a pintar um quadro complexo das desigualdades e da violência no país a partir da realidade escolar. PRO DIA NASCER FELIZ Título original: Pro Dia Nascer Feliz Ano: 2006 País:Brasil Direção: João Jardim Duração: 88 minutos Gênero: Documentário Relação do filme com a prática pedagógica: “Quem não tem aula, para casa”. Os educandos vão para escola e não tem aula. Um dos motivos é quando o professor falta (realidade constante nas escolas públicas) e esse momento de aprendizagem escolar é substituído por outros interesses. Por que não aproveitar esse momento livre para a realização de atividades pedagógicas na sala de leitura, na sala de vídeo, por exemplo (quando tem), ou outros meios para contribuir e não prejudicar a formação dos alunos? È de imensa importância a escola ter atividades extracurriculares atrativas aos alunos. Em uma escola, como mostra o filme, os alunos gostam de participar da banda do colégio, um alega que se não participasse da banda ia ficar em casa dormindo ou ia ficar na rua. No contexto social que eles vivem de violência, convívio com bandidagem do bairro, o que essa rua tem para oferecê-los? E o que a escola, de forma geral, tem oferecido? Docentes são desestimulados pelo desinteresse dos alunos. “O professor não está preparado para esse tipo de aluno” –fala de uma professora – desacreditada da educação de hoje. Muitos professores faltam a aula por isso. Ser educador de fato é desgastante. Mas, todos antes de lecionar já entram para a profissão com consciência do desafio que terá que enfrentar. Para tanto, é essencial comprometimento com o ato de educar. É necessário vincular o ensino com o contexto em que o aluno está inserido. De nada adianta transferir conhecimentos que o sistema exige sem atender as inquietações dos alunos (de todas as classes sociais). Somente assim é possível, de maneira plena, formar para a vida. 52 Título original: Freedom Writers Ano: 2007 País:Alemanha / EUA Direção: Richard LaGravenese Duração: 122 minutos Gênero: Drama Sinopse: A professora Erin Gruwell,vai parar numa escola corrompida pela violência e tensão racial, onde se depara com um sistema deficiente. Ela luta para que a sala de aula faça a diferença na vida dos estudantes. Então oferece a eles o que mais precisam: uma voz própria. Agora, contando suas próprias histórias, e ouvindo as dos outros, uma turma de adolescentes supostamente indomáveis vai descobrir o poder da tolerância, recuperar suas vidas desfeitas e mudar seu mundo. ESCRITORES DA LIBERDADE Relação do filme com a prática pedagógica: A Professora acreditou nos seus educandos, mesmo quando o corpo docente e eles próprios estavam totalmente desacreditados. Pensamento numa pedagogia da “liberdade”, buscando educar pelo contexto da turma. Ensinando a partir do que faz sentido para os educandos. Para assim motivá-los no processo de aprendizagem. Compreensão da turma, enxergando além do que podia ver, ou seja, do que lhe era mostrado Refletir sobre suas ações e mudá-las. 53
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