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Legitimados ADI

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Centro universitário univel
COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL
Professor: EDUARDO FELIPE TESSARO
LEGITIMADOS ADI
Priscila Ibanez Simplicio
Direito 7ºB Noturno
Cascavel, 25 de abril 2019.
INTRODUÇÃO
A Ação Direta de Inconstitucionalidade, mais especificamente Ação Direta de Inconstitucionalidade Genérica (ADI ou ADIn) é um instrumento utilizado no chamado controle direto da constitucionalidade das leis e atos normativos, exercido perante o Supremo Tribunal Federal brasileiro. A ação direta de inconstitucionalidade é regulamentada pela Lei 9.868/99.
	Ela tem fundamento na alínea "a" do inciso I do artigo 102 da Constituição Federal e pode ser ajuizada, em nível federal, perante o STF, contra leis ou atos normativos federais ou estaduais que contrariem a Constituição Federal. É conhecida doutrinariamente como ADIn Genérica.
	O poder de ajuizar essa ação, chamado de legitimação, é dado pelos incisos I a IX do artigo 103 da Constituição Federal, constituindo-se em uma legitimação restrita àqueles enumerados nos dispositivos retromencionados. São eles: o Presidente da República; o Procurador-Geral da República; os Governadores dos Estados e o Governador do Distrito Federal; as mesas (órgãos administrativos) da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, da Câmara Legislativa do Distrito Federal; a Mesa de Assembleia Legislativa; Partidos Políticos com representação no Congresso Nacional; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); Entidades de Classe de Âmbito Nacional e Confederações Sindicais.
	Diferentemente das decisões proferidas em outros processos judiciais, nos quais o efeito da decisão proferida dirige-se, em regra, apenas às partes que dele participaram, a decisão proferida em ação direta de inconstitucionalidade alcança quem não participou do processo onde ela foi proferida. A isso a doutrina denomina de efeito erga omnes.
	Outros efeitos decorrentes de decisões proferidas em ADIn são os chamados efeitos retroativos, ou ex tunc; e irretroativo, prospectivo, ou ex nunc.
	Ocorre, ainda, o chamado efeito vinculante, através do qual ficam submetidas à decisão proferida em ADI, os demais órgãos do Poder Judiciário e as Administrações Públicas Federal, Estadual, Distrital e Municipal (§ único, art. 28, Lei 9.868/99).
LEGITIMIDADE ATIVA PARA PROPOR ADI PERANTE O STF
Com a Constituição de 1988, ampliou-se expressivamente o elenco de legitimados ativos para a propositura da ação direta, enunciados nos nove incisos do art. 103:
I – o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII- partido político com representação no Congresso Nacional (pelo menos um deputado ou senador, mas com a perda de representação no Congresso, a ADI continua a ser julgada);
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional (entidade de classe que tiver associados em pelo menos nove estados e confederação sindical: união de três federações em pelo menos três estados). (VETADO, Lei 9.868/99).
	A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) consolidou uma distinção entre duas categorias de legitimados: os universais, que são aqueles cujo papel institucional autoriza a defesa da Constituição em qualquer hipótese, possuem o interesse de agir presumido, uma vez que possuem dentre suas atribuições, o dever de defesa da ordem constirucional; e os especiais, que são os órgãos e entidades cuja atuação é restrita às questões que repercutem diretamente sobre sua esfera jurídica ou de seus filiados e em relação às quais possam atuar com representatividade adequada, necessitam demonstrar pertinência temática, também denominada representatividade adequada.
	O Presidente da República possui legitimidade para ingressar com ação direta de inconstitucionalidade, independentemente da manifestação do Procurador-Geral da República. A legitimidade indubitavelmente é autônoma. Em sentido contrário, Oscar Corrêa, que sustenta dever o Presidente da República encaminhar o pedido de arguição ao Procurador- Geral da República, que, por sua vez, haverá de submetê-lo ao Supremo Tribunal Federal”.
	A Lei n. 9.868/99, com fulcro no texto constitucional, dotou o Chefe do Poder Executivo estadual e distrital de legitimidade para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade, desde que presente a pertinência temática.
	O Presidente da República, além da referida legitimidade, exerce o controle preventivo da constitucionalidade por intermédio do veto, nos termos do art. 66, §1º, ca CF, que dita: “Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, veta-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto”.
	O STF já entendeu que o Chefe do Poder Executivo, desde que não figure no polo passivo da relação processual, pode ingressar com ação direta de inconstitucionalidade, mesmo que tenha sancionado a lei (Vide STF, ADIn 807-2-RS, Rel. Min Celso de Mello, j. 27-05-93, DJ, 11-06-93).
	A preclusão da negativa do ingresso do Governador do Estado no processo de ADIn proposta por outrem contra lei do seu Estado não elide a sua legitimação para propor nova ação direta com o mesmo objeto, distribuída por prevenção ao relator da anteriormente ajuizada (Vide STF, ADIn 807-2-RS, Questão de Ordem, Rel. Min Celso de Mello, j. 27-05-93, DJ, 11-06-93).
	Segundo Siqueira Jr. (2017), o legislador constituinte não estabeleceu nenhuma limitação à legitimação do Presidente da República, e ainda, tendo em vista que o mesmo atua no interesse da coletividade, nada impede que ingresse com a ação direta de inconstitucionalidade, mesmo tendo sancionado a lei, objeto da ação. Não se pode descartar que, em vista da falibilidade humana, o Chefe do Executivo pode ter sancionado a lei por equívoco. Outrossim, a norma não é estática, as condições fáticas mudam e a própria interpretação da norma e da Constituição podem variar. Não parece impossível que ao exercer o poder de sanção o Presidente da República vislumbre um sentido e alcance para a norma, que não é confirmado pelos Tribunais, que inciam interpretação diversa.
	A legitimidade da Mesa do Senado Federal e da Câmara dos Deputados é universal e a das Assembleias Legislativas e da Câmara Distrital é limitada. A ação direta de inconstitucionalidade pode ser proposta pelo órgão diretor da Casa Legislativa, ainda que tenha por objeto ato do próprio Parlamento, pois o texto constitucional não excepciona a hipótese de lei ou ato normativo que emanam da própria Casa.
	A referida legitimidade não se configura como proteção ao direito da minoria. Pelo contrário, conforme se verifica da própria constituição da Mesa.
	O controle pelo Parlamento é eficaz como meio adequado para consagrar definitivamente a constitucionalidade de uma lei ou como instrumento da minoria. No primeiro caso, trata-se de típico direito da maioria parlamentar. No segundo caso, o direito da minoria é contemplado pela legitimidade dos partidos políticos.
	O Governador de Estado, a Mesa de Assembleia Legislativa, confederação sindical e entidade de classe de âmbito nacional são considerados legitimados especiais, ou seja, devem comprovar a pertinência temática, consistente na relação de interesse entre o objeto da ação e a classe profissional, social, econômica ou política por eles representada. Os demais são considerados universais.
	O STF tem entendido que para que o Governador de Estado e a Mesa de uma Assembleia Legislativa possam propor uma ADI, devem demonstrar pertinência temática da pretensão formulada comos interesses que representam.
	Afigura-se, como já anotado, uma restrição da legitimação não prevista constitucionalmente. Cumpre assinalar que, por se tratar de um processo objetivo, não existe razão para essa limitação imposta pelo STF.
	Além da pertinência temática, importa assinalar, ainda, que com relação ao Governador de Estado, o Supremo tem entendido que essa autoridade possui capacidade postulatória própria, decorrente de seu cargo, independentemente de advogado ou Procurador-Geral do Estado. Por entender que o direito de propositura é do Governador de Estado, uma ADI proposta pelo Procurador-Geral do Estado, sem a participação do Governador, não seria conhecida por ilegitimidade ativa
	No que se refere ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, sua colocação no elenco do art. 103 da CF em inciso diverso das demais entidades de classe de âmbito nacional, deve ser interpretada, segundo entendeu o Pretório Excelso, de modo a permitir a propositura de ação direta de inconstitucionalidade contra qualquer ato normativo, independentemente do requisito da pertinência temática entre o seu conteúdo e o interesse dos advogados.
	Os partidos políticos devem estar representados por seus diretórios nacionais e ainda ter representação no Congresso Nacional, em, pelo menos, uma das casas, aferida no momento da propositura. A perda da representação no curso da ação não gera a extinção do feito sem julgamento do mérito, tendo em vista a matéria de ordem pública objeto da ação.
	As confederações sindicais devem ser constituídas na forma do art. 535 da Consolidação das Leis do Trabalho, sendo formadas por pelo menos 3 federações. O STF não reconhece a legitimidade às federações e aos sindicatos nacionais, fazendo uma interpretação estrita do dispositivo constitucional.
	As entidades de classe, por seu turno, devem ter representação em pelo menos 9 estados da federação, adotando-se por analogia o art. 8º da Lei nº 9.096/95, para que se lhes reconheça o caráter nacional.
	Ademais, exige-se, ainda no que se refere a essas entidades, que os seus filiados estejam ligados entre si pelo exercício da mesma atividade econômica ou profissional. Com base nesse entendimento, o STF negou legitimidade à União Nacional dos Estudantes (UNE)
Por outro lado, o STF tem entendido que a entidade postulante deve representar a integralidade da categoria econômica em questão, e não apenas uma parcela setorizada dessa.
	De outro giro, a jurisprudência antes dominante no STF exigia que a entidade tivesse como membros os próprios integrantes da classe, sem intermediação de qualquer outro ente que os representasse. Assim, as associações de associações, também denominadas associações de segundo grau, não podiam propor ADI. Entretanto, essa orientação foi revista no julgamento da ADI 3153, passando-se a reconhecer o caráter de entidade de classe de âmbito nacional àquela constituída por associações estaduais cujo objeto seja a defesa de uma mesma categoria social.
	Por fim, cumpre assinalar que na ADI 127, ficou consignado que os partidos políticos, as confederações sindicais e as entidades de classe precisam de advogado para propor ADI, dispensada essa representação para os demais legitimados, que possuem capacidade processual plena e dispõem, ex vi da própria norma constitucional, de capacidade postulatória.
PARTICIPAÇÃO DO ADVOGADO GERAL DA UNIÃO E DO PROCURADOR GERAL DA REPÚBLICA
	A defesa, propriamente dita, da norma impugnada, seja ela federal ou estadual, cabe ao Advogado-Geral da União (art. 103, §3º, da CF), que funciona como uma espécie de curador especial da presunção de constitucionalidade dos atos emanados do Poder Público.
	Contudo, desde o julgamento da ADI 1616, o STF vem atenuando essa obrigatoriedade. Entendeu-se que, se já houvesse precedente do STF pela inconstitucionalidade da lei no controle difuso, o AGU não precisaria defender o ato normativo impugnado.
	Em 2009, no julgamento da ADI 3916, o STF firmou entendimento no sentido de que o AGU tem a faculdade de escolher como se manifestar, conforme a sua convicção jurídica, não sendo obrigado a necessariamente defender o ato normativo impugnado.
	No que se refere ao Procurador-Geral da República, de acordo com o art. 103, §1º, da CF, atuará como fiscal da lei em todas as ações que tramitam perante o STF. Exara parecer, inclusive, nas ações por ele propostas, não se vinculando ao posicionamento inicialmente manifestado na ação.
	Ressalte-se que a mudança de entendimento não equivale à desistência da ação, pois nenhuma das ações do controle concentrado de constitucionalidade permite desistência do pedido (arts. 5º, 12-D e 16 da Lei nº 9.868/99), haja vista versarem sobre matéria de ordem pública.
Amicus curiae
	No controle concentrado de constitucionalidade, o ordenamento jurídico pátrio não prevê legitimidade popular. Para que as decisões estejam interpenetradas com a realidade do país, foi introduzida formalmente no ordenamento brasileiro a figura do amicus curiae, prevista agora no art. 7º, §2º, da Lei nº 9.868/99.
	A expressão significa literalmente "amigo da corte", designação dada a pessoas ou organizações distintas das partes do processo, admitidas a apresentar suas razões, por terem interesse jurídico, econômico ou político no desfecho do processo.
	Tal inovação é reconhecida como fator de legitimação das decisões do Supremo Tribunal Federal, em sua atuação como tribunal constitucional.
Observe-se que o amicus curiae não é parte formal no processo, mas um colaborador. Mesmo porque a ADI não admite intervenção de terceiros (Lei nº 9.868/99, art. 7º). Não tem, destarte, interesse recursal.
	O pedido de participação é dirigido ao relator da ação. O despacho que defere a manifestação do amicus curiae é irrecorrível (art. 7º, §2º, da Lei nº 9.868/99). Alguns autores e o próprio STF admitem agravo interno nos casos de indeferimento.
 	Na ADI 4071, o STF, por maioria, afirmou que a possibilidade de intervenção do amicus curiae está limitada à data da remessa dos autos à mesa para julgamento. Logicamente, sua participação não constitui direito subjetivo, ficando a critério do relator, mas uma vez admitida inclui também o direito de sustentação oral, oferecimento de memoriais e requerimento de perícias.
LEGITIMIDADE PASSIVA PARA PROPOR ADI PERANTE O STF
O legitimado passivo será o órgão que emitiu ou elaborou o ato ou norma a qual se pede a impugnação. Ou ainda, deixou de emiti-la (omissão) quando era sua obrigação expedir como foi determinado pela Constituição Federal.
Os legitimados passivos, deverão prestar informações ao relator do processo. Na ação direta não poderão estar como partes passivas pessoas jurídicas de direito privado, pois o controle concentrado tem como objetivo a impugnação de atos do poder público.
	No caso do ato a ser impugnado em que foi formado por mais de um órgão da administração pública. Aí, ocorrerá um litisconsórcio passivo, como por exemplo, no caso do legislativo votar uma lei e o executivo a sancionar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
	
AKERMAN, William. Ação direta de inconstitucionalidade: principais aspectos. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3124, 20 jan. 2012. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/20894>. Acesso em: 17/04/2019.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>. Acesso em: 17/04/2019.
BRASIL. LEI No 9.868, DE 10 DE NOVEMBRO DE 1999. Dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9868.htm>. Acesso em 17/04/2019.
CHIARI GONÇALVES, Eduardo. A Ação Direta de Inconstitucionalidade contra Leis e Atos Administrativos. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, X, n. 47, nov 2007. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&��HYPERLINK "http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2592"� artigo _id = 2592>. Acesso em 17/04/2019.
DANTAS, Paulo Roberto de Figueiredo. Direito processual constitucional. 8. ed. - São Paulo: Saraiva Educação, 2018. Livro Digital. Biblioteca virtual UNIVEL.
MAKIYAMA, Tânia Takezawa. Legitimidade ativa para propositura de ações de controle de constitucionalidade. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17,n. 3319, 2 ago. 2012. Disponível em: 2<https://jus.com.br/artigos/22326>. Acesso em 17/04/2019.
SIQUEIRA JR., Paulo Hamilton. Direito processual constitucional. 7. ed. - São Paulo: Saraiva, 2017. Livro Digital. Biblioteca Virtual UNIVEL.

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