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Instituto Rodolfo Souza - Agentes Públicos - Direito Administrativo 23 02 2019

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Agentes Públicos 
 
1. CONCEITO AGENTES PÚBLICOS: considera-se agente público toda pessoa física ou jurídica que exerça, 
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou 
qualquer forma de investidura ou vinculo, mandato, cargo, emprego ou função pública. 
 
O agente público é a pessoa natural mediante a qual o Estado se faz presente. O agente manifesta uma 
vontade que, afinal é imputada ao próprio Estado. Agentes públicos são, portanto, todas as pessoas físicas 
que manifestam, por algum tipo de vinculo, a vontade do Estado, nas três esferas do poder. 
 
2. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS (segundo o professor Hely Lopes Meirelles): a expressão agente 
público é ampla e genérica, engloba todos aqueles que possuem a atribuição de manifestar parcela de 
vontade do Estado. Dentre todos os integrantes do gênero “agente público” seguintes espécies são mais 
estudada: 
 
2.1 Agentes Políticos: são integrantes dos mais altos escalões do poder público, aos quais incumbe a 
elaboração das diretrizes de atuação governamental, e as funções de direção, orientação e supervisão geral 
da administração pública. 
 
As principais características são: 
 
• Sua competência é haurida da própria Constituição; 
• Não se sujeitam as regras comuns aplicáveis aos servidores públicos em geral; 
• Normalmente são investidos em cargo por meio de eleição, nomeação ou designação. 
• Não estão hierarquizados (com exceção dos auxiliares imediatos dos chefes dos executivos), sujeitando-se, 
tão somente, as regras constitucionais. 
 
Ex.: chefes do executivo (presidente, governador e prefeito), seus auxiliares imediatos (ministros, secretários) 
e os membros do poder legislativo (senadores, deputados e vereadores). Alguns autores também enquadram 
nessa categoria os membros da magistratura (juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores) e 
os membros do Ministério Público (promotores de justiça e procuradores da republica). 
 
2.2 Agentes Administrativos: todos aqueles que exercem uma atividade pública de natureza profissional e 
remunerada, sujeitos à hierarquia funcional e ao regime jurídico estabelecido pelo ente federado ao qual 
pertencem. São ocupantes de cargos empregos ou funções publicas nas administrações direta e indireta das 
diversas unidades da federação. Podem ser assim classificados: 
 
a) Servidor Público: em seu sentido estrito é expressão utilizada para identificar aqueles agentes que mantêm 
relação funcional com o Estado em Regime Estatutário (legal). São titulares de cargos públicos efetivos ou em 
comissão, sempre sujeitos a regime jurídico de direito público. 
 
Ex.: policiais, professores, agentes de saúde etc. 
 
b) Empregado Público: são os agentes que sob regime contratual trabalhista (celetista), mantêm vinculo 
funcional permanente com a administração pública. São os empregados públicos, sujeitos, 
predominantemente, a regime jurídico de direito privado. 
 
Ex.: servidores do Banco do Brasil, Caixa Econômica etc. 
 
 
 
c) Temporários: são os contratados por tempo determinado para atender a necessidade temporária de 
excepcional interesse público, nos termos do art. 37, IX, da CF, não tem cargo nem emprego público, exercem 
uma função pública remunerada temporária, seu vinculo com a administração é contratual, mas contrato de 
direito público, e não contrato de natureza trabalhista (celetista). 
 
Ex.: Policiais Militares Temporários, recenseadores do IBGE. 
 
2.3 Agentes Honoríficos: são cidadãos requisitados ou designados para, transitoriamente, colaborarem com 
o Estado mediante a prestação de serviços específicos, em razão de sua condição cívica, de sua honorabilidade 
ou de sua notória capacidade profissional. Não possuem qualquer vinculo profissional com o Estado (são 
considerados “funcionários públicos para fins penais”) e usualmente atuam sem remuneração. 
 
Ex.: jurados, mesários e os membros dos conselhos tutelares. 
 
2.4 Agentes Delegados: são particulares que recebem a incumbência de exercer determinada atividade ou 
serviço e o fazem em nome próprio, por sua conta e risco, sob a permanente fiscalização do poder delegante. 
Evidentemente não são considerados agentes públicos, não atuam em nome do Estado, mas apenas 
colaboram com o poder público (descentralização por colaboração). Sujeitam-se porem no exercício da 
atividade delegada, à responsabilidade civil objetiva (art. 37, § 6º, CF). 
 
Ex.: são os concessionários e permissionários de serviços públicos, os leiloeiros, os tradutores públicos entre 
outros. 
 
2.5 Agentes Credenciados: são os que recebem a incumbência da administração para representá-la em 
determinado ato ou praticar determinada atividade especifica, mediante remuneração do poder público 
credenciante. Seria exemplo a atribuição a alguma pessoa de representar o Brasil em algum evento 
internacional (artista consagrado que fosse incumbido de oficialmente representar o Brasil em determinado 
evento internacional). 
 
Ex.: Pelé que representou o Brasil na eleição da FIFA, para cede da copa de 2014. 
 
3. ACESSO A FUNÇÕES, CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS: os cinco primeiros incisos do art. 37 dispõem acerca 
do acesso aos cargos, empregos e funções das administrações direta e indireta. 
 
a) Acessibilidade a brasileiros e a estrangeiros: o inciso I do art. 37 da CF teve sua redação alterada pela EC 
19/98, que acrescentou a possibilidade de estrangeiros, na forma da lei, ocuparem cargos, empregos e funções 
públicas na administração. É o seguinte o teor do atual inciso: 
 
Art. 37, I, CF/88 – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os 
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; 
 
Para brasileiros natos e naturalizados, basta o atendimento aos requisitos da lei para que se tenha a 
possibilidade de acesso aos cargos, empregos e funções públicas. Já a situação dos estrangeiros é diferente. O 
acesso deles aos cargos, empregos e funções públicas deve ocorrer “na forma da lei”. Conforme lição do 
professor Alexandre de Moraes, trata-se de norma constitucional de eficácia limitada à edição de lei, que 
estabelecera a necessária forma. 
 
b) Principio da organização legal do serviço público: o princípio trata da criação, extinção e transformação de 
cargos públicos. E pode ser sintetizado nos seguintes termos: 
 
 
 
Ø A criação a extinção e a transformação de cargos, empregos e funções públicas, são de competência do 
Congresso Nacional, exercidas por meio de lei, que será de iniciativa do Presidente da República quando se 
tratar de cargos, funções ou empregos públicos na administração federal direta e autárquica. 
 
Ø A extinção de funções ou cargos públicos vagos é competência privativa do Presidente da República, 
exercida mediante decreto. 
 
Ø A criação e a extinção de ministérios e órgão da administração pública federal são de competência do 
Congresso Nacional, exercida por meio de lei de iniciativa privativa do Presidente da República. 
 
Ø Dispor sobre a organização e o funcionamento da administração federal quando não implicar aumento de 
despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos, é competência privativa do Presidente da República, 
exercida por meio de decreto. 
 
Art. 84, CF/88 – Compete privativamente ao Presidente da República: 
VI – dispor, mediante decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem 
criação ou extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 
 
Obs.: vale lembrar que as atribuições do Presidente da República previstas no inciso IV do artigo 84 da CF, 
podem ser delegadas a outras autoridades administrativas. 
 
c) Exigência de concurso público: a constituição tornou obrigatória a aprovação em concurso público para o 
provimento de quaisquercargos ou empregos na administração direta e indireta, inclusive para o 
preenchimento de empregos nas empresas públicas e sociedades de economia mista, pessoas jurídicas de 
direito privado integrantes da administração indireta. 
 
O concurso público é o meio técnico posto à disposição da administração pública para obter-se moralidade, 
eficiência e aperfeiçoamento do serviço público, e ao mesmo tempo, atender ao princípio da isonomia, uma 
vez que propicia igual oportunidade de acesso aos cargos e empregos públicos a todos os que atendam aos 
requisitos estabelecidos de forma geral e abstrata em lei. 
 
Art. 37, II, CF/88 – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso 
público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, 
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre 
nomeação e exoneração; 
 
A exigência de concurso público aplica-se à nomeação para cargos ou empregos de provimento efetivo. Não 
abrange a nomeação para cargos em comissão, os quais, por definição, são de livre nomeação e exoneração 
com base em critérios subjetivos da autoridade competente. 
 
d) Prazo de validade do concurso: o inciso III do artigo 37 da CF assim dispõe: 
 
Art. 37, III, CF/88 – o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por 
igual período; 
 
O prazo de validade do concurso é contado da homologação do concurso. Homologação é o ato administrativo 
mediante o qual a autoridade competente certifica que o procedimento do concurso foi válida e regularmente 
 
 
concluído. A nomeação ou contratação dos aprovados somente pode ocorrer após a homologação do 
concurso e dentro do prazo de validade deste. 
 
Obs.: é oportuno repisar que o § 2º do art. 37 da Carta da República estabelece que o desrespeito ao prazo de 
validade do concurso público implicará nulidade do ato e punição da autoridade responsável, nos termos da 
lei. 
 
e) Direito a nomeação: durante muito tempo, foi praticamente pacífico no âmbito do Supremo Tribunal 
Federal, o entendimento de que a aprovação em concurso público, mesmo que houvesse número certo de 
vagas previsto no edital, não gerava para o candidato direito adquirido à nomeação, mas simples expectativa 
de direito. 
 
Essa situação perdurou até 10 de agosto de 2011, quando, felizmente o plenário do Supremo Tribunal, por 
unanimidade modificou o entendimento até então dominante: o candidato aprovado em concurso público 
dentro do número de vagas indicado no edital tem direito subjetivo de ser nomeado, observado o prazo de 
validade do concurso (RE 598.099/MS). 
 
Obs.: é necessário destacar que, na mesma oportunidade, nosso Pretório Maior deixou assente que, em casos 
excepcionalíssimos, provados por circunstâncias supervenientes à publicação do edital, pode ser aceitável que 
a administração deixe de nomear os aprovados, desde que fundamente pormenorizadamente – tal decisão 
administrativa, por óbvio, estará sujeita ao controle judicial, se provado, no qual pode acontecer de a 
fundamentação não ser considerada válida. 
 
f) Prioridade de nomeação: a CF não proíbe a abertura de concurso público para determinado cargo ou 
emprego enquanto ainda esteja dentro do prazo de validade um concurso anterior realizado pela mesma 
administração. A Carta Magna simplesmente estabelece prioridade para a nomeação de aprovados em um 
concurso anterior, ainda dentro do prazo de validade sobre os aprovados no novo concurso para o mesmo 
cargo ou emprego. 
 
Art. 37, IV, CF/88 – durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em 
concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados 
para assumir cargo ou emprego, na carreira; 
 
g) Reserva de percentual de cargos e empregos aos portadores de deficiência: o inciso VIII do artigo 37 da 
CF assim dispõe: 
 
Art. 37, VIII, CF/88 – a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de 
deficiência e definirá os critérios de sua admissão; 
 
A lei 8.112/90 regulou a matéria no que diz respeito aos cargos públicos federais, nos seguintes termos: 
 
Art. 5° § 2°, Lei 8.112/90 – Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscreverem em 
concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são 
portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. 
 
h) Cargos em comissão e funções de confiança: o inciso V do artigo 37 da CF, trata da designação para o 
exercício de funções de confiança e do provimento de cargos em comissão, nos seguintes termos: 
 
 
 
Art. 37, V, CF/88 – as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo 
efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e 
percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento; 
 
Nem a Constituição, nem as leis federais, definem ou diferenciam com precisão função de confiança e cargo 
em comissão. Segundo Hely Lopes Meirelles, o cargo, seja ele de provimento efetivo ou em comissão, é o lugar 
na estrutura organizacional da administração, com denominação própria, atribuições e responsabilidades 
específicas e remuneração correspondente. 
 
Uma vez que todo cargo encerra um conjunto de atribuições, podemos concluir que não existe cargo sem 
função. Entretanto, podem existir funções sem um cargo específico correspondente, como é o caso das 
funções de confiança. 
 
Os cargos em comissão, nos termo do inciso II do art. 37 da CF, são declarados em lei de livre como de livre 
nomeação e exoneração. Significa que em regra qualquer pessoa, mesmo que não seja servidor público 
efetivo, pode ser nomeado para exercer um cargo em comissão. A mesma autoridade competente para 
nomear é competente para, a seu critério exonerar o servidor ocupante de cargo comissionado. 
 
No caso de função de confiança, a designação para o seu exercício deve recair, obrigatoriamente, sobre 
servidor ocupante de cargo efetivo. Portanto, embora seja um ato amplamente discricionário, não é 
inteiramente livre, a rigor, a designação de servidor para exercer função de confiança. Já a dispensa de função 
de confiança é, deveras, ato plenamente livre, conforme critério exclusivo da autoridade competente. 
 
A EC 19/98 introduziu outra regra de intuito moralizador segundo a qual as funções de confiança e os cargos 
em comissão destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento. 
 
4. SISTEMA REMUNERATÓRIO DO SERVIDOR PÚBLICO: 
 
Salario: é a contraprestação pecuniária paga aos empregados públicos, admitidos sob o regime jurídico 
trabalhista, contratual, sujeitos predominantemente à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
 
Subsídio: inovação trazida em nosso ordenamento jurídico pela reforma administrativa. Caracteriza-se por ser 
um estipendio fixado em parcela única, vedado acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono ou 
prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória. 
 
Ex.: é obrigatória para agentes políticos, policiais, bombeiros, Advocacia Geral da União, Defensoria Pública, 
etc. 
 
Vencimento: percebem vencimentos, os servidores públicos submetidos a regime jurídico estatutário que não 
recebem subsídio. 
 
Ex.: professores. 
 
5. TETO REMUNERATÓRIO: é o valor máximo que cada agente público pode receber. 
 
a) Teto Geral: corresponde ao valor pago pelo subsídio ao Ministro do STF. R$ 39.293,32. 
 
b) Teto da UNIÃO: é o mesmo pago ao Ministro do STF. 
 
 
 
c) Teto do Município: subsidio pago ao prefeito. 
 
d) Teto do Estado e Distrito Federal: 
 
1. Poder Legislativo: é o subsídio pago aoDeputado Estadual ou Distrital. 
 
Obs.: o artigo 27, § 2° da CF estabelece que o subsídio dos deputados estaduais e distritais deve ser de, no 
máximo, 75% do fixado para os deputados federais. 
 
2. Poder Executivo: é o subsídio pago ao Governador. 
 
3. Poder Judiciário: Subsídio pago ao Desembargador, que não pode ultrapassar a 90,25% do valor pago ao 
Ministro do STF. 
 
Obs.: os Defensores Públicos e os Procuradores dos Estados embora pertençam ao poder executivo o teto ó o 
do poder Judiciário. 
 
Obs.: o membro do MP (promotores) também se submete ao teto do poder judiciário. 
 
Obs.: os servidores do MP, da Defensoria Pública e da procuradoria dos Estados o teto é o do poder Executivo. 
 
6. ACUMULAÇÃO REMUNERATÓRIA: 
 
A proibição de acumulação de cargos públicos é a regra geral. 
Tal se dessume dos incisos XVI e XVII do art. 37 da Constituição Federal, havendo, contudo, compatibilidade 
de horários pode existir acumulação: 
 
a) De dois cargos de professor; 
b) De um de professor e outro técnico científico; 
c) A de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; 
 
Devem ser registradas outras hipóteses de acumulação remunerada lícita constante do texto constitucional, a 
saber: 
 
a) A permissão de acumulação para os vereadores, previstas no art. 38, III, CF. 
b) A permissão para juízes exercerem o magistério, conforme o art. 95, CF. 
c) A permissão para os membros do MP exercerem o magistério, estabelecida no art. 128, § 5º, II, “d”, CF. 
 
Obs.: A vedação de acumular estende-se a empregos e funções e abrange fundações, empresas públicas, 
sociedades de economia mista, suas subsidiárias e sociedades controladas, direta e indiretamente, pelo poder 
público. 
 
Obs.: As exceções à regra da vedação de acumulação de cargos públicos, previstas na Constituição Federal, 
são taxativas. 
 
Com o advento da EC nº 20, de 15/12/98, ficou expressamente vedado a acumulação de proventos com a 
remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma da 
Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. 
 
 
 
Art. 37, XVI, CF/88 – é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver 
compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: 
a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico; 
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; 
Art. 37, XVII, CF/88 – a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, 
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, 
direta ou indiretamente, pelo Poder Público; 
 
Disposições legais aplicáveis aos servidores públicos (estatutários) 
 
1. PROVIMENTO: provimento é o ato administrativo por meio do qual é preenchido cargo público, com a 
designação de seu titular. 
 
As formas de provimento podem ser originarias ou derivadas. Provimento originário é o preenchimento de 
classe inicial de cargo não decorrente de qualquer vinculo anterior com a administração. Provimento derivado 
é o preenchimento de cargo decorrente de vinculo anterior entre o servidor e administração. 
 
Os cargos podem ser de provimento efetivo ou de provimento em comissão. 
 
A lei 8.112/90 (Estatuto dos Servidores Federais) apresenta, em seu artigo 8° as formas de provimento de 
cargos públicos, a saber: 
 
a) Nomeação: forma de provimento originário, podendo dar-se em caráter efetivo ou em comissão, essa 
ultima não exigindo concurso público. É um ato administrativo unilateral que não gera, por si só, qualquer 
obrigação para o nomeado, mas sim o direito subjetivo de formalizar o vinculo funcional com a administração 
pública, por meio da posse, tornando-se, então, servidor público. 
 
Obs.: o nomeado tem prazo de 30 dias, contados da nomeação, para tomar posse. 
 
b) Readaptação: forma de provimento derivado, mediante a qual o servidor estável ou não que tenha sofrido 
uma limitação física ou mental em suas habilidades, torna-se inapto para exercício do cargo que ocupa, mas 
não configurada a invalidez permanente, pode ainda exercer outro cargo para o qual a limitação sofrida não 
o incapacita. 
 
c) Reintegração: forma de provimento derivado ocorre quando o servidor estável, anteriormente demitido, 
tem invalidada a sua demissão por decisão administrativa ou judicial. Ele retornará ao cargo de origem, com 
ressarcimento de todas as vantagens a que teria feito jus durante o período de seu desligamento ilegal, 
inclusive às promoções por antiguidade que teria obtido nesse ínterim. 
 
d) Aproveitamento: forma de provimento derivado, expressamente previsto na constituição. Trata-se do 
retorno do servidor estável posto em disponibilidade a um cargo de atribuições e vencimentos compatíveis 
com o anteriormente ocupado (o qual foi extinto, ou teve declarada sua desnecessidade). 
 
e) Promoção: é a forma de provimento derivado existentes nas carreiras em que o desenvolvimento do 
servidor ocorre por provimento de cargos sucessivos e ascendentes. Ocorre por antiguidade (tempo de 
serviço) ou por merecimento (conforme os critérios de aferição do mérito funcional do servidor estabelecidos 
no respectivo plano de carreira). 
 
 
 
Obs.: o artigo 39 § 2º da CF prevê como requisito para a promoção na carreira a participação dos servidores 
públicos nos cursos de formação e aperfeiçoamento oferecidos por escolas de governo. 
 
f) Reversão: é a forma de provimento derivado, que consiste no retorno à ativa do servidor aposentado. Seu 
objetivo é possibilitar que o servidor que tenha aposentado com proventos proporcionais, e tenha 
arrependido, volte a trabalhar, para aumentar o seu tempo de contribuição, podendo a chegar a se aposentar 
com proventos integrais. 
 
g) Recondução: é forma de provimento derivado, mencionada na CF, nos seguintes termos: “invalidada por 
sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se 
estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em 
disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço”. Importante frisar que o servidor estável 
que seja reprovado em estágio probatório de novo cargo, será reconduzido ao cargo de origem. 
 
Obs.: Cumpre salientar que o “acesso e a transferência”, formas de provimento derivado previsto na lei 
8.112/90 foram declaradas inconstitucionais pelo STF. 
 
2. POSSE: o artigo 7° da Lei 8.112/90 estabelece que a investidura no cargo público ocorre com a posse. 
Somente há posse nos casos de provimento de cargo em nomeação. 
 
Obs.: enquanto a nomeação é ato unilateral da autoridade competente, mediante o qual é dado provimento 
a um cargo público, sem que haja qualquer participação ou necessidade de anuência do nomeado, a posse é 
ato bilateral por meio do qual o servidor é investido nas atribuições e responsabilidades do cargo. 
 
3. EXERCÍCIO: é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou função de confiança. O servidor 
tem o prazo de 15 dias, improrrogáveis, contados da data da posse, para entrar em exercício. 
 
Obs.: para o artigo 15, § 1º da Lei 8.112/90 é de quinze dias o prazo para o servidor empossado em cargo 
público entrar em exercício, contados da data da posse. 
 
No caso de designação para função de confiança a regra é diversa; o início do exercício de função de confiança 
deve coincidir com a data de publicação da designação. 
 
4. ESTABILIDADE: o artigo 41 da CF, diz ser estável após três anos de serviço o servidor nomeado em cargo 
em provimento efetivo. Somente podendo perder o cargo nas seguintes hipóteses. 
 
Ø Em virtude de sentença judicial transitada em julgado; 
ØMediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; 
Ø Mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, 
assegurada ampla defesa. 
 
Obs.: os servidores detentores de cargos em comissão não adquirem estabilidade, a mesma regra aplica-se 
aos detentores de emprego público. 
 
Art. 41, CF/88 – São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de 
provimento efetivo em virtude de concurso público. 
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: 
I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado; 
II – mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; 
 
 
III – mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, 
assegurada ampla defesa. 
 
5. ESTÁGIO PROBATÓRIO: não se deve confundir a aprovação em estágio probatório com aquisição de 
estabilidade. O estágio probatório visa avaliar a aptidão do servidor para o exercício de um determinado cargo. 
Sempre que o servidor tomar posse e entrar em exercício em um novo cargo efetivo, será submetido ao 
estágio probatório, não importa quantos anos de exercício do servidor tenha prestado em outros cargos. 
 
Já a estabilidade, em regra, é adquirida uma única vez pelo servidor na administração pública de um mesmo 
ente federado. O servidor é estável no serviço público do ente federado e não em um cargo determinado. 
 
Obs.: cumpre salientar que a jurisprudência do STF e do STJ tem entendido que o prazo de três anos para 
aquisição da estabilidade é o mesmo para a aprovação no estagio probatório, contrariando o artigo 20 da lei 
8.112/90 que diz ser de 24 meses o período de estágio probatório. 
 
6. VACÂNCIA: denomina vacância as hipóteses em que o servidor desocupa o seu cargo, tornando-o passível 
de ser preenchido por outra pessoa. As hipóteses de vacância estão enumeradas no artigo 33 da lei 8.112/90 
e são as seguintes: 
 
a) Exoneração 
b) Demissão 
 
Obs.: Importante frisar que exoneração não tem caráter punitivo, enquanto a demissão tem. 
 
c) Promoção 
d) Readaptação 
e) Aposentadoria 
f) Posse em outro cargo inacumulável 
g) Falecimento 
 
7. REMOÇÃO: trata-se do deslocamento do servidor para exercer suas atividades em outra unidade do mesmo 
quadro de pessoal, ou seja, o servidor permanece no mesmo cargo, sem qualquer alteração no seu vinculo 
funcional com a administração. Tem previsão no artigo 36 da lei 8.112/90 e no artigo 44 da Lei 10.460/88. 
 
A remoção pode implicar, ou não, mudanças na localidade de exercício do servidor. O servidor pode, 
simplesmente, ser removido da Delegacia da Receita Federal de Porto Alegre para a Inspetoria da Receita 
Federal de Porto Alegre. Diversamente, o servidor pode ser removido da Delegacia da Receita de Manaus para 
a Delegacia da Receita no Rio de Janeiro. 
 
Obs.: deve-se enfatizar que a remoção não é sinônimo de transferência. A transferência era forma de 
provimento (a remoção não é forma de provimento) prevista originariamente no art. 8º, IV, da Lei 8.112/90, 
consistente na passagem do servidor estável de cargo efetivo para outro de igual denominação, pertencente 
a quadro de pessoal diverso, de órgão ou instituição do mesmo poder. A forma de provimento transferência 
foi declarada inconstitucional pelo STF (ADI 231 e ADI 837) e posteriormente expressamente revogada. 
 
8. REDISTRIBUIÇÃO: a redistribuição é definida no art. 37 da lei 8.112/90 como o “deslocamento de cargo de 
provimento efetivo, ocupado ou vago no âmbito do quadro geral de pessoal, para outro órgão, ou entidade 
do mesmo poder”. 
 
 
 
Ocorre deslocamento do cargo, esteja ou não ocupado, para outros órgãos ou entidades, e não o 
preenchimento de um cargo preexistente nesse órgão ou entidade. Deve-se, observar, também, que no caso 
de redistribuição de cargo ocupado, não é necessário que o servidor ocupante seja estável. 
 
É importante notar que a redistribuição somente existe ex officio. Não seria nada razoável cogitar a 
possibilidade de um servidor pedir para seu cargo ser deslocado para outro órgão ou entidade. Trata-se de 
técnica que permite a administração adequar seus quadros às reais necessidades de serviço de seus órgãos 
ou entidades, conferindo certo grau de mobilidade à administração na organização de seus recursos. 
 
Questões 
 
1. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Conhecimentos 
O cargo público, definido como o conjunto de atribuições e responsabilidades incumbidas ao servidor, é criado 
por lei para provimento em caráter efetivo ou em comissão. 
 
2. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Conhecimentos 
Situação hipotética: Giorgio, de quarenta anos de idade, é cidadão italiano e não tem nacionalidade brasileira. 
Foi aprovado, dentro do número de vagas, em concurso público para prover cargo do professor de ensino 
superior de determinada universidade federal, tem o nível de escolaridade exigido para o cargo e aptidão 
física e mental. Assertiva: Nessa situação, por não ter a nacionalidade brasileira, Giorgio não poderá tomar 
posse no referido cargo. 
 
3. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Analista 
A investidura em cargo público em comissão ocorre com a nomeação e independe de prévia habilitação em 
concurso público. 
 
4. Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: BACEN Prova: Técnico 
A investidura em cargo público ocorre no ato da posse do indivíduo. 
 
5. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Técnico 
A investidura em cargo público ocorre com a posse. 
 
6. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Analista 
Os servidores contratados por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional 
interesse público e os empregados públicos classificam-se, em virtude da ausência de estabilidade, como 
servidores temporários. 
 
7. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: Analista 
Os agentes putativos são aqueles que praticam e executam atos e atividades em situações de emergência e 
em colaboração com o poder público como se fossem agentes estatais. 
 
8. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: MPOG Prova: Técnico 
Os cargos em comissão e as funções de confiança relacionam-se exclusivamente às atribuições de direção, 
chefia e assessoramento. 
 
9. Ano: 2009 Banca: CESPE Órgão: TCU Prova: Técnico 
Enquanto a função de confiança deve ser exercida exclusivamente por servidor público efetivo, o cargo em 
comissão pode ser ocupado também por agente público não concursado, desde que destinado apenas às 
atribuições de direção, chefia e assessoramento. 
 
 
 
10. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: FUB Prova: Conhecimentos 
Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento as funções de confiança, exercidas 
exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo bem como os cargos em comissão, a serem 
preenchidos por servidores de carreira, nos casos, nas condições e nos percentuais mínimos previstos em lei. 
 
11. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TCU Prova: Auditor 
A exoneração dos ocupantes de cargos em comissão deve ser motivada, respeitando-se o contraditório e a 
ampla defesa. 
 
12. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: FUB Prova: Assistente 
Se um servidor público estiver em estágio probatório, o seu cargo não poderá ser extinto, já que isso resultaria 
na perda da função pública desse servidor. 
 
Gabarito Comentado 
 
1. R.: certo - Segundo o art. 3º da Lei 8.112/90 o cargo público é o conjunto de atribuições e 
responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor, criando com 
este um vínculo estatutário. Acessível a todos os brasileiros, criado por lei, com denominação própria e 
vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em caráter efetivo ou em comissão. Aquele que 
ocupa o cargo público é chamado de funcionário público. 
 
2. R.: errado - Segundo o art. 5º, § 3º da Lei 8.112/90 as universidades e instituiçõesde pesquisa científica 
e tecnológica federais poderão prover seus cargos com PROFESSORES, técnicos e cientistas ESTRANGEIROS, 
de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. A Constituição Federal de 1988 (CF) não restringe o 
acesso aos cargos públicos a brasileiros que gozam de direitos políticos, admitindo que cargos, empregos e 
funções públicas sejam preenchidos por estrangeiros, na forma da lei. 
 
3. R.: errado - Segundo o art. 7º, da Lei 8.112/90 a investidura em cargo público ocorrerá com a posse. 
 
4. R.: certo 
 
5. R.: certo 
 
6. R.: errado - Existem diversas classificações para os servidores públicos. Porém, em nenhuma delas os 
empregados públicos são enquadrados como servidores temporários, pois a ausência de estabilidade não 
representa uma situação transitória, mas apenas que o regime aplicável é o celetista, que tem como uma das 
características a possibilidade de demissão com ou sem justa causa. 
 
7. R.: errado - Agentes putativos são os que desempenham uma atividade pública na presunção de que há 
legitimidade, embora não tenha havido investidura dentro do procedimento legalmente exigido. É o caso, por 
exemplo, do servidor que pratica inúmeros atos de administração, tendo sido investido sem aprovação em 
concurso público. Já agentes necessários são aqueles que praticam atos e executam atividades em situações 
excepcionais, como, por exemplo, as de emergência, em colaboração com o Poder Público e como se fossem 
agentes de direito (caso da questão em tela). 
 
8. R.: certo - Segundo o Artigo 37, V da Constituição as funções de confiança, exercidas exclusivamente por 
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de 
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de 
direção, chefia e assessoramento. 
 
 
 
9. R.: certo 
 
10. R.: certo 
 
11. R.: errado - os cargos comissionados, conforme o artigo 37, II da Constituição Federal, são "ad 
nutum" (livre nomeação e exoneração), não se sujeitando à obrigatoriedade de motivar o ato. No entanto, se 
houver motivação, haverá incidência da Teoria dos Motivos Determinantes que vinculará o Poder Público aos 
motivos que embasaram a decisão. 
 
12. R.: errado - Tendo sido extinto o cargo durante o período do estágio probatório, o servidor poderá ser 
exonerado de ofício porque ainda não tem a estabilidade. O fato de estar em estágio probatório não protege 
o servidor contra a extinção do cargo, conforme estabelecido na Súmula 22 do STF: "O estágio probatório não 
protege o funcionário contra a extinção do cargo".

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