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Metodologia do Estudo das R I - Rodrigo Sobreira

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METODOLOGIA DE ESTUDO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS: 
UM COMPARATIVO ENTRE O REALISMO DE HANS MORGENTHAU 
E O NEO REALISMO DE KENNETH WALTZ 
 
Rodrigo Sobreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife, 2013 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho visa explorar os capítulos um, quatro e cinco do livro 
Teoria das Relações Internacionais de Keneth Waltz e um e dois da obra Política 
entre as Nações de Hans Morgenthau, no intuito de levantar um debate comparativo 
entre os temas, para, a partir desta análise comparativa, tecer assertivas sobre as 
maneiras de estudar as relações internacionais de acordo com as teorias realista e 
neo realista. 
Para uma melhor visualização e um melhor entendimento do texto, a estrutura 
deste trabalho é composta por sete tópicos, os quais encontram-se discriminados da 
seguinte forma: no primeiro apresenta-se a introdução que contém o objetivo e a 
metodologia do mesmo; no segundo explanamos sobre a obra de Morgenthau em 
sua totalidade e como subtópicos, abordamos com maior complexidade os capítulos 
um e dois que servirão de base para este trabalho; no terceiro tópico, repetiremos a 
estrutura do segundo, desta vez, conduzido pela obra de Waltz; no quarto 
apresenta-se um comparativo e um debate entre os temas e capítulos explorados ao 
longo do texto; no quinto tópico tratamos das críticas existentes sobre eles; no sexto 
apresentamos as considerações finais sobre a pesquisa e, finalmente, no sétimo 
traremos as referências bibliográficas utilizadas como alicerce para o presente 
trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. A política entre as nações – HANS MORGENTHAU1 
 
A obra no qual Morgenthau desenvolveu as perspectivas teóricas do realismo 
foi A política entre as nações: a luta pelo poder e pela paz, publicado originalmente 
em 1948. 
 
2.1 Capítulo 1 – Uma teoria realista da política internacional 
 
Morgenthau introduz sua obra questionando se a teoria converge com os 
fatos e com os elementos constitutivos. Explica que a teoria deve ser dada pela 
natureza empírica e pragmática, criticando a apriorística e abstrata. Para isso, deve 
ser submetido a dois tipos de testes, um empírico e outro teórico, pois acredita que a 
teoria deve ser concebida sem relação com a realidade, em função do seu objetivo, 
que é trazer ordem e sentido aos acontecimentos da sociedade. 
No presente capitulo, Morgenthau inicia a obra mostrando qual a função e 
propósito de uma teoria, pois segundo ele, uma teoria seria um instrumento que nos 
possibilita trazer sentindo e um conjunto de fenômenos que até então, eram 
incompreendidos. Para ele, a teoria precisa ser submetida a dois testes, um 
empírico e um teórico, pois acredita que toda teoria deve ser concebida sem ligação 
direta com a realidade, em função do seu objetivo, que é proporcionar ordem e 
sentido a política internacional. 
 
 
 
 
1
 Hans Joachim Morgenthau é um dos autores mais conhecidos dentro da área de Relações 
Internacionais. O autor recupera as críticas de Edward Carr sobre o Idealismo Moderno no sistema 
internacional, no entanto, seu pensamento se destaca por ter desenvolvido as bases teóricas do 
Realismo Moderno, que acabou sendo a perspectiva dominante na área das Relações Internacionais 
dos anos 40 até meados da década de 1970. Seu pensamento foi primeiramente influenciado por 
Nietzsche, Max Weber, Hans Kelsen, Carl Schmitt e Rienhold Niebuhr. Disponível em: 
http://pt.scribd.com/doc/19105934/Morgenthau-resenha 
O realismo tem seu alicerce através de seis princípios fundamentais. São eles: 
1) A sociedade e a política são governadas por leis objetivas, as quais possuem 
suas raízes na natureza humana, Para que seja possível melhorar a 
sociedade, é de suma importância que haja o entendimento das leis pelas 
quais a sociedade é regida. No campo da política, o realismo defende a 
distinção entre a verdade e a opinião. 
O realismo acredita que a principal função da teoria é, analisar os fatos e 
através da razão e buscar dar sentido a eles; Acredita que através da análise 
dos atos dos políticos e nas conseqüências dos mesmos, pois através dessa 
análise será possível identificar o que os políticos realmente fizeram, porém 
salienta que a análise dos fatos não é suficiente. Seria necessário pensar 
como um político, com o intuito de imaginar como seria a tomada de decisões 
frente a um problema de política externa, pois sob essa ótica, seria possível 
imaginar quais seriam as ações possíveis de um político, considerando que 
estas serão sempre tomadas sobre de forma racional. 
 
2) Historicamente, é sabido que os políticos pensam e age em termos de 
interesse definidos como poder, através desse conceito, é possível 
compreender uma relação entre a razão que busca entender a política 
internacional e os fatos a serem compreendidos. Esse conceito direciona a 
política como sendo parte integrante de uma esfera autônoma, ou seja, 
desvinculada da economia, ética, ou religião. Morgenthau salienta que, 
buscar o entendimento da política externa considerando apenas os motivos 
que orientaram os políticos a tomarem suas ações pode ser considerado algo 
duvidoso, pois podem ser inconsistentes de maneira freqüente. É importante 
lembrar que não podemos tomar como base as boas intenções de um político 
e julgarmos que as ações de política externa sejam bem sucedidas, porém, 
bons motivos proporcionam segurança contra ações políticas de outros 
estados 
Para um melhor entendimento, é fundamental saber que o importante não são 
os motivos de um político, e sim, suas qualidades intelectuais para absorver 
elementos fundamentais na política externa e sua capacidade de concretizar 
o foi absorvido nas ações políticas bem sucedidas. Dessa forma, uma teoria 
política tem como objetivo julgar as qualidades políticas do intelecto, da 
vontade e da ação. 
Devemos observar que, os políticos tendem a desenvolver suas políticas 
externas baseadas em suas convicções filosóficas e políticas com o objetivo 
de conquistar apoio popular dos seus simpatizantes. Ainda assim, os políticos 
devem diferenciar o ‘’dever oficial’’, que corresponde a como o político deve 
pensar e agir em defesa do interesse nacional, e o seu ‘’desejo pessoal’’, que 
significa ver seus desejos pessoais sendo postos em prática ao redor do 
mundo. 
A estrutura das relações internacionais, através de suas instituições políticas, 
procedimentos diplomáticos e ajustes legais, vêm tendendo a distanciar-se da 
realidade política internacional. Presumimos que há igualdade entre os 
Estados nas relações internacionais, porém a realidade política internacional 
é caracterizada pela extrema desigualdade entre os Estados, sobre esse 
prisma, dois Estados são intitulados superpotências devido a seu poder militar 
e diversos outros Estados são chamados de ‘’miniestados’’ devido a seu 
poder militar inferior, comparado às superpotências. 
O realismo político é dotado de dois elementos principais, sendo um teórico e 
outro normativo, também reconhece que a realidade política está repleta de 
irracionalidades e contingências. Morguenthau afirma que o realismo 
possibilita a construção teórica de uma política externa racional que a 
experiência jamais conseguiria possibilitar, pois através do realismo, a política 
externa minimiza os riscos e maximiza os benefícios. 
 
 
3) Através desse ponto, Morgenthau fundamenta o conceito de interesse, e 
ressalta que esse conceito é universalmente aceito e válido, pois, o mesmo 
faz parte da essência da política, ainda assim, não apresenta o conceito comosendo algo permanente e imutável. 
Ainda no que se refere ao conceito de interesse, Morgenthau se remete a 
Tucídides para fundamentar seu pensamento, pois a afirmação de Tucídides 
dizia que ‘’a identidade de interesses é o mais seguro dos vínculos, seja entre 
Estados, seja entre indivíduos’’. 
O tipo de interesse que irá determinar a ação política dependerá unicamente 
do contexto político e cultural dento do qual é formulada a política externa; O 
mesmo pode-se dizer do conceito de poder, pois como poder envolve de 
forma ampla todos os relacionamentos sociais relacionados a este fim, fica 
evidente que o contexto político e cultural irá influenciar diretamente na forma 
como o poder será utilizado. 
O domínio do homem pelo homem, muitas vezes é exercido por estar apoiado 
em elementos constitucionais e normativos, porém, ele poderá se converter 
em um poder que busque nas leis justificativas para seu desejo de 
engrandecimento. 
Morghethau apresenta o exemplo do ‘’equilíbrio de poder’’, com o objetivo de 
exemplificar um elemento perene da política externa que foi responsável por 
manter uma certa ‘’estabilidade’’, ou o chamado conflito pacífico entre 
determinadas nações 
 
4) Neste ponto, Morgenthau aborda a influência dos princípios morais universais 
aplicados as ações dos Estados, a partir dessa análise, conclui que os 
princípios morais em sua forma abstrata, não podem ser aplicados as ações 
dos Estados, estes devem ser sempre analisados e filtrados de acordo com 
circunstancias de tempo e lugar. 
Considera também, que não há moralidade política sem prudência, ou seja, 
sem que seja feita a avaliação conseqüências correspondentes as ações 
políticas. 
 
5) O pensamento realista busca distinguir elementos tais como, aspirações 
morais de uma nação, verdade e idolatria. Pois, todas as nações são estão 
submetidas a adotarem suas próprias aspirações e ações particulares, com a 
identidade das dos fins morais no universo. 
Voltando a discutir o conceito de interesse definido em termos de poder, 
Morghenthau afirma que o mesmo nos defende tanto do excesso de moral, 
como da loucura política, pois através dele é possível fazer justiça a todas as 
nações. Ao julgarmos e avaliarmos outras nações da mesma forma que 
fazemos com a nossa, será possível praticar políticas que respeitem os 
interesses das demais nações, simultaneamente, estaremos protegendo e 
promovendo os nossos próprios interesses. 
6) O realismo político não ignora a relevância de padrões de pensamento que 
não sejam oriundos da política. Na qualidade de realista político, contudo, 
será necessário submeter esses padrões aos de caráter político, 
naturalmente, ele se opõe a outras escolas de pensamento quando lhes é 
imposto outro padrão de pensamento. Para Morgenthau, a ciência política 
atua de forma autônoma, através de leis próprias. Por isso, não subordina-se 
a outras esferas de pensamento. 
 
2.2 Capítulo 2 – A ciência da política internacional 
 
Esta obra teve como dois principais objetivos, possibilitar a compreensão das 
forças que norteiam as relações políticas entre Estados e entender de que forma 
essas forças atuam umas sobre as outras, sobre as relações políticas e as 
instituições internacionais. 
A política internacional opera de através de uma estrutura normativa e 
institucional, ou seja, através de instituições. Porém, na essência do pensamento 
realista, a política internacional não deve limitar-se a regras e a instituições. A 
ressalva em relação às normas e instituições observa que as leis podem ser 
manipuladas em função de interesses, além disso, a interpretação a essas leis 
podem ser feitas de forma a favorecer interesses específicos. 
O pensamento político deve ser analítico e ao mesmo tempo, deve-se portar 
de forma a questionar determinados eventos e se aos atos inerentes aos mesmos 
são de fatos procedentes, questionar sobre a semelhança destes e sobre a política 
desenvolvida nessas semelhanças. Ou seja, para um bom entendimento a cerca da 
política internacional, além dos conceitos, deverá desenvolver a capacidade de 
distinguir diferentes situações políticas, pois esse discernimento será alicerce para a 
construção de políticas externas alternativas. 
Tamanha é a complexidade dos assuntos internacionais, que qualquer 
tentativa de profetizar acontecimentos e mudanças no cenário internacional pode ser 
considerada impossível. Para ilustrar essa afirmativa, Morgenthau menciona o fato 
de a Agência Central de Inteligência não ter conseguido prever a revolução iraniana 
e a expulsão do Xá em 1979. Certamente que, o fato de uma instituição com tanto 
prestígio não ter conseguido se antecipar a esse fato, a coloca em uma posição no 
mínimo questionável. Para que seja possível se antecipar aos acontecimentos e 
praticamente ‘’prever o futuro’’, deve-se compreender todas as possibilidades das 
partes envolvidas, todas as ações possíveis, o interesse intrínseco aos fatos 
 
3. Teoria das Relações Internacionais – KENNETH WALTZ2 
 
 
Através do estudo desta obra, podemos analisar de que forma esse teoria 
ressurge e quais os novos conceitos que determinam o estudo das Relações 
Internacionais através dessa teoria. 
A vasta contribuição de Waltz perante as Relações Internacionais teve como 
principal objetivo a tentativa de Resgatar o realismo como teoria, porém, desta vez, 
através de um viés mais positivista e menos normativo. 
Em sua obra, Waltz apresenta uma nova forma de estudar as Relações 
Internacionais, pois, busca explicar uma teoria geral das Relações Internacionais, 
esta se dá através de uma explicação cientifica do sistema político internacional, por 
meio dessa explicação cientifica, Waltz busca analisar a estrutura do sistema 
internacional. 
Segundo o neo realismo de Waltz, as ações dos Estados podem ser 
explicadas pela pressão exercidas sobre eles pela competição internacional, que 
acaba por limitar suas escolhas, dessa forma, o neo realismo tenta explicar os 
padrões do comportamento estatal. 
 
2
 Um dos mais respeitáveis estudiosos da área de Relações Internacionais, Kenneth Neal Waltz (Ann 
Arbor, Michigan, 1924) é um professor da Columbia University foi um dos fundadores dateoria Neo-
realista, ou Realismo Estrutural. Pesquisador acadêmico da universidade de Columbia e membro da 
Academia Americana de Ciências, Waltz é também, professor emérito de Ciência Política da 
Universidade da Califórnia em Berkeley. 
E um dos mais importantes estudiosos de Relações Internacionais (RI) em atividade hoje. Foi um dos 
fundadores do neo-realisto ou realismo estrutural, na teoria das Relações Internacionais. 
De fato, Waltz contribuiu de forma indiscutível para o estudo das relações internacionais, tentando, 
então, Disponível em: http://pt.oboulo.com/resumo-critico-waltz-kenneth-n-teoria-das-relacoes-
internacionais-lisboa-67041.html 
Waltz aponta que o mundo vive em um estado de anarquia internacional, mas 
esclarece a diferença entre anarquia do ambiente internacional e a ordem 
domestica. Na realidade doméstica, todos os atores podem apelar e ser compelidos 
por, uma autoridade central, o Estado ou o Governo; na realidade internacional, esta 
fonte não existe. A anarquia da política internacional significa que os Estados devem 
agir de forma a garantir sua segurança acima de tudo. 
Como a maioria dos neo realistas, Waltz aceita que a globalização está 
colocando novos desafios para os Estados, mas não acredita que estes Estados 
estejam sendo substituídos, porque nenhum ator não-estatal pode igualar as 
capacidades do Estado. 
O neo realismo foi resultado da crítica de Waltzpara o que ele via como as 
deficiências do realismo clássico. A diferença mais evidente entre os dois está no 
papel atribuído pelo realismo clássico à natureza humana, ou ao ímpeto de dominar, 
no centro de sua explicação para a guerra, enquanto o neo realismo não faz 
destaque para a natureza humana, ao invés disso, argumenta que as pressões da 
anarquia definem resultados independentemente da natureza humana ou dos 
regimes políticos domésticos. 
O neo realismo não é uma teoria de política externa e não procura prever ou 
explicar ações específicas dos Estados. À teoria de Waltz explica apenas princípios 
gerais de comportamento que governam as relações entre Estados, incluindo a 
Equilíbrio de Poder, corridas armamentistas, e praticar restrições em proporção ao 
poder relativo. 
Abaixo traçaremos resumidamente as ideias de Waltz em seus capítulos 1, 
Leis e Teorias, 4, Teorias sistêmicas e reducionistas, e 5, Estruturas Políticas. 
 
 
3.1. Capítulo 1 – Leis e Teorias 
 
 
O objetivo de Waltz neste capítulo é analisar teorias e abordagens das 
relações internacionais, construírem uma teoria que corrija as demais e examinar as 
aplicações desta. 
Teoria é um temo utilizado livremente para abordar qualquer trabalho que são 
mera descrição e que raramente estão inseridos nos critérios da Filosofia-da-ciência. 
Uma lei baseia-se não só numa relação estabelecida, mas o fato de esta ter 
sido encontrada repetidamente. São compilações ou conjuntos de leis 
características de um comportamento ou fenômeno particular. 
As teorias são mais complexas que as leis, mas, apenas quantitativamente, 
pois entre leis e teorias não aparecem diferenças de gênero. 
Essa primeira definição de teoria serve de apoio para a ascensão desses 
muitos cientistas sociais que construíram e constroem teoria compilando hipóteses 
inter-relacionadas previamente verificadas. 
Mesmo que seja suficiente, ao nosso entendimento, uma correlação que 
aponta confiança, não faz sentido se não podemos nem conseguimos explicá-la. Os 
números podem descrever o que acontece no mundo, mas ainda assim, não 
conseguimos explicar o que queremos descrever, pois a estatística não mostra 
como algo trabalho ou se ajusta, são simples descrições, mas, ao invés de palavras, 
se usa números e as operações estatísticas não podem ligar o hiato entre descrição 
e explicação. 
Para Deutsch devemos calcular a probabilidade do quanto do resultado pode 
ser explicado por outros elementos ou se é autônomo. Se assim fizermos, 
estaremos pensando em termos seqüenciais e correlacionais. 
A ilusão indutista de Lévi-Strauss é a crença de que a verdade é ganha e a 
explicação atingida através do acúmulo de dados e do teste das teorias. Para Waltz, 
observação e conhecimento nunca levam ao conhecimento das causas, pois não 
envolve erro já que não confirma nada a não ser seus fatos, por isso também não 
proporciona certeza. 
Caso escolhamos seguir o caminho indutivista, podemos lidar apernas com 
parte deste problema, pois assim elas podem ser tratadas como variáveis 
correspondentes. 
A esperança na indução está no fato de que a o conhecimento começa com 
certezas e que a indução pode revê-la. 
A s teorias são qualitativamente diferentes das leis, pois estas identificam 
associações variantes ou prováveis; As noções teóricas encontram sua justificativa 
no sucesso das teorias que empregam. 
A teoria política tradicional se preocupa mais com a interpretação filosófica do 
que com a explicação teórica; Uma teoria deve ser então construída pela 
simplificação das definições. As simplificações desnudam os elementos essenciais 
em jogo e indicam as relações de causa e dependência. 
Se não quisermos perder tempo trabalhando uma idéia para mero exercício 
muscular, as questões teóricas devem ser levantadas no início da investigação. 
 
Para Waltz, ao testar teorias, devemos: 
 
1. Enunciar que a teoria abordada já está sendo testada; 
2. Construir hipóteses a partir dela; 
3. Sujeitar a hipótese a testes experimentais e observacionais; 
4. Ao enunciar a teoria e inferir hipóteses, usar as definições de termos 
encontrados na teoria testada; 
5. Eliminar variáveis inquietantes não incluídas na teoria; 
6. Delinear vários testes distintos e exigentes; 
7. Questionar se a teoria está reprovada caso não passe em algum teste; Se 
precisa de reparos e redefinições ou um estreitamento de suas exigências. 
 
Sobre esses pontos, Waltz afirma que na prática o efeito é diferente: 
 
 Os pontos 1 e 2 são ignorados; 
 As teorias a serem testadas não são enunciadas; 
 Não é explicado como a hipótese é inferida; 
 Observações são feitas e dados são gerados sem esforço; 
 A regra 5 não é mais considerada que as outras; 
 A regra 6 requer vários testes diferentes e exigentes. 
 A regra 7 requer cuidado ao gerar conclusões precipitadas dos resultados 
negativos dos testes. 
 
Waltz afirma ainda que, a aplicação precoce de testes exigentes podem 
causar teorias pobremente desenvolvidas que serão descartadas, muito 
provavelmente, antes de o seu potencial ser revelado. Devemos então verificar 
expectativas contra as nossas observações antes de precisar os refinamentos e de 
usar métodos elaborados. 
Com isso, torna-se difícil acreditar que alguma atenção é dada à possível 
presença de variáveis perturbadoras. 
Os resultados desfavoráveis não devem levar à rejeição precipitada das 
teorias nem a sua fácil aceitação em casos de resultados favoráveis. Uma teoria só 
ganha credibilidade em proporção à variedade a dificuldade dos testes a que é 
proposta. A grande dificuldade em criar teorias está encontrar e formular teorias com 
suficiente precisão para que testar, de fato, valha à pena. 
 
As teorias não surgem dos esforços para estabelecer leis mesmo quando 
estes tem êxito. Ao construir uma teoria devemos decidir nosso foco de forma a 
tentar padronizar os eventos internacionais que nos interessam e acreditar que 
podemos, de fato, adotar uma visão científica de tudo que varia e é variável. 
Sem o esboço de uma teoria não é possível saber o que precisa ser explicado 
e quais dados deverão ser aceites como prova a favor ou contra hipóteses. 
Deve-se, portanto, ligar conceitos teóricos com algumas variáveis de forma a 
conseguir explicações a partir das quais poderemos testar hipóteses. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2 Capítulo 4 – Teorias sistêmicas e reducionistas 
 
O objetivo de Waltz neste capítulo é explorar a insuficiência das teorias e 
definir o que é teoria sistêmica abordando suas diferenças de acordo com a forma 
com que organizam seus elementos. 
A teoria reducionista, por ser uma teoria sobre o comportamento das partes, 
usa elementos e conjuntos de elementos a nível nacional e supranacional, afirmando 
que forças internas têm como conseqüência resultados externos 
 Waltz apresenta os pontos em comum entre tradicionalistas e modernistas, 
bem como suas principais diferenças. Entre as características em comum, encontra-
se o fato de que os métodos que usam obscurece as suas investigações. As suas 
diferentes descrições dos objetos das suas investigações reforçam a impressão que 
a diferença de métodos é uma diferença de metodologia. 
Os tradicionalistas pregam um caráter anárquico, ao contrário dos 
modernistas. Suas principais diferenças estão em seus métodos (descobrir quem 
está fazendo para produzir o que) e seu foco está nas unidades comportamentais. 
Walt cita Morgenthau 3 e segundo este, se as resultantes políticas 
internacionais são determinadas pelo que os estados são, então devemos estar 
preocupados com as disposições internasdos Estados e, se necessário, cogitar 
mudanças. Kissinger, como político, discorda de Morgenthau, mas, como cientista 
político, reafirma suas idéias. Para ele uma ordem internacional legítima tende para 
estabilidade e para a paz e uma revolucionária tende para a instabilidade e guerra. 
A anarquia presente nas relações internacionais, segundo Waltz, tem como 
conseqüência a padronização da vida internacional desde muito tempo e o estudo 
das unidades em integração tem como objetivo esgotar o assunto, incluindo tudo 
sobre a própria unidade e o sistema internacional. 
Questiona-se que: se uma condição indicada parece ter causado uma guerra 
específica, o que explica a repetição das guerras mesmo quando as suas causas 
variam. A qualidade das unidades não está ligada aos seus comportamentos nem 
 
3
 Morgenthau e Kissinger são considerados tradicionalistas; estudiosos voltados para a história se importam 
mais com a política do que com teorias científicas. 
aos padrões de interação; um exemplo disso é que muitos cientistas políticos 
acreditam que a Primeira Guerra Mundial foi travada por duas faces opostas, mas 
intimamente equilibradas. Em contraponto, alguns cientistas apontam como causa 
da Segunda Guerra, o fracasso de alguns estados-chave. 
Os pensadores de relações internacionais tentam se aproximar da prática 
internacional para aumentar o empirismo de seus estudos. Em contrapartida, as 
ciências naturais evoluíram ao longo dos milênios por se distanciarem da realidade 
rotineira e ao baixarem o empirismo na resolução de conflitos. 
Segundo Waltz, não importa o assunto, devemos limitar o domínio de nossos 
interesses, organizá-los, simplificar as matérias as quais estudamos para 
concentrarmos em tendências centrais para isolar forças impulsionadoras mais 
fortes. 
A abordagem comportamental dominante ao se construir uma teoria política 
internacional objetiva definir as assertivas sobre as estratégias, as interações dos 
estados e seu comportamento. 
Quando a variedade dos atores e as variações nas suas ações não 
correspondem à variedade das resultantes, sabemos que entraram no jogo as 
causas sistêmicas. Dito isto, sabemos que uma teoria sistêmica é necessária e 
possível e, entender esta possibilidade, significa construir uma estrutura sistêmica 
internacional e mostrar seus efeitos. 
Uma teoria sistêmica mostra por que mudanças ao nível das unidades 
produzem menos mudanças nas resultantes do que as que esperaríamos na 
ausência de constrangimentos sistêmicos. 
Uma teoria das relações internacionais explicará o porquê do reaparecimento 
da guerra e sugestionará algumas condições que fazem da guerra ao mais ou 
menos provável. Esta, só poderá ter êxito se as estruturas políticas forem definidas 
suficientemente para diagnosticarem os seus efeitos causais e como eles variam 
bem como sua estrutura. 
Uma mudança estrutural é uma revolução, quer seja com ou sem violência e, 
é ainda, o porquê da origem das novas expectativas sobre as resultantes, que serão 
produzidas pelos atos e interações das unidades. 
Se a possibilidade da guerra entre os estados desaparece, todos eles 
correrão o risco de sofrerem uma perda relativa, dá-se então, iniciativas mais 
vantajosas, em parte na tentativa de que outras atividades econômicas possam 
reverter à balança de lucro e na esperança de que a iniciativa é globalmente valiosa. 
Uma teoria sistêmica de relações internacionais lida com as forças que estão 
em jogo em âmbito internacional e não nacional, o que faz surgir uma dúvida: como 
criar uma teoria das relações internacionais que não seja teoria da política externa? 
Podemos resolver este questionamento da mesma forma que nos questionamos 
como uma teoria econômica de mercados pode surgir na ausência de uma teoria da 
firma: A teoria de mercado é uma teoria estrutural que aborda a pressão sofrida 
pelas firmas por forças de mercado ao fazerem certas coisas de certas formas. 
As teorias sistêmicas, sejam políticas ou econômicas, explicam como a 
organização de um domínio atua dentro dele como força nas unidades de interação, 
mostrando ainda, quais são estas unidades. 
Em relações internacionais, as unidades de maior capacidade estabelecem o 
cenário da ação para os outros, assim como para si mesmos. Nas teorias sistêmicas 
estrutura é uma noção generativa gerada por interações das suas principais partes. 
A preocupação com as relações internacionais como um sistema requer uma 
concentração nos estados que fazem a maior diferença no cenário. Uma teoria das 
relações internacionais é baseada, necessariamente, nas grandes potências e, uma 
vez enunciada, se aplica aos estados menores que interagem até o ponto de suas 
interações se isolarem da intervenção das grandes potências do sistema. 
Estruturas diferentes causam as mesmas resultantes mesmo se as unidades 
e as interações variam. Sendo assim, dentro de um mercado, o preço de qualquer 
bem ou serviço é uniforme se muitas firmas competirem, se alguns oligopolistas se 
envolverem em combinações de preços, ou ainda, se o governo controlar esses 
preços. 
A estrutura pode determinar as resultantes fora de mudanças ao nível das 
unidades e, a parte do desaparecimento de algumas delas e a emergência de 
outras. Causas diferentes podem produzir o mesmo efeito e as mesmas causas 
podem ter conseqüências diferentes. 
Afirmar seguir uma abordagem sistêmica ou construir uma teoria sistêmica 
requer mostrar como os níveis sistêmicos e unitários podem ser distintamente 
definidos. Confundir a distinção entre os diferentes níveis de um sistema tem sido o 
maior impedimento para o desenvolvimento de teoria das relações internacionais. 
 
3,3 Capítulo 5 – Estruturas Políticas 
 
Neste capítulo, Waltz busca mostrar como definir estruturas políticas de forma 
que se torne possível a construção de uma teoria sistêmica. 
O conceito de estrutura está baseado no fato das unidades estarem 
justapostas e correlatas de forma a produzir resultantes diferentes. 
1. Princípio 
2. Diferenciação 
As estruturas são definidas não por todos os atores e sim pelos mais 
importantes. A estrutura de um mercado é definida pelo número de empresas 
‘em jogo’. Se muitas empresas praticamente iguais competem, nasce a noção 
de concorrência perfeita. 
3. Distribuição 
As unidades de um sistema anárquico são facilmente indiferenciadas. 
Os estudiosos das relações internacionais fazem distinção entre sistemas 
político-internacionais de acordo com a movimentação das grandes potências 
Os dois elementos essenciais de uma teoria sistêmica das relações 
internacionais e a estrutura do sistema e suas unidades de interação. 
Definição de teoria: 
 Estruturas deverão ser definidas de acordo com o princípio pelo qual um 
sistema é ordenado. 
 O que define as estruturas são as especificações das funções das unidades 
diferenciadas. 
 Estruturas definidas pela distribuição da capacidade pelas várias unidades. 
 
4, COMPARATIVO ENTRE AS OBRAS 
Podemos observar que, as diferenças entre os conceitos dessas obras se 
iniciam já no que se refere ao objetivo específico de cada obra. A obra de 
Morgenthau tem como dois principais objetivos, facilitar a compreensão das forças 
que balizam as relações políticas entre as nações e entender de que forma estas 
atuam umas sobre as outras, sobre as instituições e sobre as relações políticas. 
Porém, na obra de Waltz, o objetivo principal difere da proposta inicial de 
Morgenthau, pois Waltz buscou exatamente resgatar o realismo como teoria, porém, 
todas as criticas que foram feitas ao realismo foram incorporadas ao neo realismo na 
forma de novosconceitos e novas propostas. Além disso, o neo realismo afirma que 
um dos seus objetivos é construir uma teoria que ‘’corrija’’ as outras teorias. 
 No que diz respeito à verdadeira função de uma teoria, de acordo com o 
ponto de vista de Morgenthau, uma teoria consiste em um instrumento através do 
qual podemos dar sentido a uma massa de fenômenos que ainda estava 
incompreendida. Em relação ao mesmo conceito, Waltz acredita que sua teoria 
observa o cenário internacional como sendo um sistema, dessa forma, a teoria 
busca explicar cientificamente os acontecimentos desse sistema político 
internacional. 
Em sua obra, Morgenthau menciona que uma teoria deve ser submetida a 
dois testes, sendo eles um empírico e outro teórico, pois acredita que uma teoria 
deve surgir sem que haja ligação com a realidade. Diante da análise das duas obras, 
observamos que esse ponto despertou a inquietação de Waltz, pois ele desenvolveu 
um pensamento detalhista com relação ao conceito, aplicação, viabilidade de uma 
teoria e principalmente em relação ao surgimento de novas teorias. 
Através de sua crítica, Waltz apresenta uma nova possibilidade de estudar as 
relações internacionais, os pontos considerados ‘’fracos’’ na teoria de Morgenthau 
foram criticados e se tornaram objeto de reflexão para Waltz. Como principal 
diferença entre o realismo e o neo realismo, destaca-se o enfoque à natureza 
humana que é atribuído pelo realismo clássico. O neo realismo difere no sentido de 
que, não faz referencia a natureza humana. A teoria afirma que as pressões do 
cenário anárquico podem por si só definirem os resultados independentes da 
natureza humana ou de forças políticas internas. 
Dentre os capítulos estudados, a obra de Morgenthau discorre sobre uma 
análise reducionista e tópica das relações internacionais, análise que considera 
elementos tais como: A natureza humana a vontade do político, a moral, as 
instituições, elementos teóricos e normativos, aspirações morais de uma nação e o 
pensamento político. Sua obra apresenta seis pontos que são a base conceitual do 
pensamento realista, também defende que a política internacional opera através de 
uma estrutura normativa e institucional, contudo, Morgenthau ressalta que a política 
internacional não deve limitar-se as regras e a instituições. A obra também alerta 
sobre o uso das leis, pois estas podem ser manipuladas em prol de interesses 
particulares. 
Além de provocar a crítica ao leitor sobre as leis e instituições, a obra alerta 
sobre as nuances do pensamento político, pois este deve ser analítico, deve estar 
sempre levantando questionamentos e buscando a compreensão do cenário através 
do pensamento crítico, e não apenas pela simples aceitação. 
Não há dúvida que as duas obras apresentam uma contribuição impar para o 
estudo das relações internacionais, porém antes de fazermos qualquer juízo de 
valor, devemos considerar que essas teorias foram concebidas em diferentes 
períodos históricos, e em cada um desses períodos buscava-se explicar uma 
seqüência diferente de acontecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5, CRÍTICAS 
 
O neo realismo é teoria dominante nas Relações Internacionais. Porém, sua 
incapacidade de explicar à súbita e pacífica queda da União Soviética coloca em 
questão o argumento de Waltz de que sistemas bipolares devem ser mais estáveis 
do que os multipolares. 
Waltz argumentou que a estabilidade foi mal compreendida como sendo 
'duração', em vez de 'paz', e que, de fato, o sistema bipolar era mais estável neste 
último aspecto. 
Outra crítica de peso ao neo realismo, e ao realismo clássico, é sua 
incapacidade de lidar com a paz duradoura entre as grandes potências, desde a 
Segunda Guerra Mundial, e a crescente cooperação entre os Estados. Explicações 
alternativas, centradas no papel das instituições como o Liberalismo, neoliberalismo, 
institucionalismo, e regimes políticos domésticos, tornaram-se muito mais influentes, 
embora as teorias realistas continuem a ter grande influência em artigos científicos 
e teorias atuais. 
Outros críticos argumentam que os Estados não entram em equilíbrio de 
poder como prevêem os neo realistas; em vez disso, preferem regularmente seguir o 
fluxo (Bandwagon), ou colocar-se ao lado dos mais poderosos, no caso de uma crise 
internacional. Waltz responde que sua teoria explica o comportamento dos Estados 
com poderes médio e grande; os Estados pequenos e vulneráveis, com freqüência 
seguem efetivamente o fluxo, em lugar de tentar o equilíbrio, mas, em última análise, 
segundo Waltz, suas ações não afetam significativamente o curso das Relações 
Internacionais. 
Outros ainda acusam Waltz de limitar sua teoria, impedindo qualquer 
refutação ou falseamento, atitude considerada prejudicial ao progresso científico. 
O conceito de poder de Morgenthau é equivocado no sentido em que se 
abstém das considerações de que a relação de poder muitas vezes se dá através do 
controle da capacidade de conceder benefícios e impor desvantagens, se 
contradizendo a conceituação proposta por Morgenthau, que aponta o medo das 
desvantagens. 
Observamos que a distinção entre poder utilizável e não-utilizável 
apresentada por Morgenthau, pois em se tratando de armas nucleares deveríamos 
falar em força, ou então, em exercício do poder e não de emprego do poder. 
Acrescenta-se a isso o fato de que uma ameaça quando não acreditada anula o 
medo das desvantagens, apontado por Morgenthau, ou seja, de uma certa forma 
torna-se eficaz ao cancelar a ameaça por parte de um opositor. Assim, é difícil 
aceitar o conceito de poder não-utilizável proposto por Morgenthau. 
Uma outra contradição trata do próprio conceito de balança de poder, 
apontado por Morgenthau como necessária e prévia concordância das nações sobre 
a sua existência, independentemente das alterações que viessem a ser verificadas. 
Isso dissolve o conceito como fenômeno e explicação e o posiciona no campo 
puramente do consenso prévio, o que o torna quase que impraticável. Para não 
haver contradição, o resultado teria de ser o oposto do proposto por Morgenthau, 
qual seja, uma balança de poder originária da natural busca pelo poder sem 
qualquer consentimento anterior. 
Morgenthau passou a desacreditar na balança de poder como limitadora do 
poder no sistema internacional. Em suas obras posteriores ele passa a considerar 
outros critérios como moralidade, costumes e o Direito Internacional, afastando-se 
da teoria clássica do realismo político, que considerava ser a política internacional 
essencialmente uma luta pelo poder. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Através do estudo do pensamento realista e neo realista, podemos identificar 
que vários de seus conceitos permeiam outras escolas de pensamento, estes 
endossam a contribuição inquestionável das duas teorias. A ênfase sempre explicita, 
de que o neo realismo não corresponde a uma teoria de política externa, denota que 
o foco do objeto de estudo de Waltz eram os princípios gerais existentes nas 
relações entre os Estados. 
O estudo das obras estimula à crítica, o pensamento analítico, a 
compreensão e a visão holística a cerca das relações internacionais. É possível ter a 
percepção do grau evolutivo entre o desenvolvimento do realismo e da teoria neo 
realista. Além dessa percepção, não podemos negar o caráter ‘’complementar’’ da 
teoria neo realista de Waltz. 
Contudo, acredito que o objetivo de Waltz foi atingido em sua obra, pois é 
evidente detectar o caráter complementar à teoria realista, como afirmava o próprio 
Waltz.7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
 
MORGENTHAU, Hans. Politics among Nations. Disponível em < 
http://saldanha.pbworks.com/f/Morgenthau.Politics%20Among%20Nations.pdf > 
Acesso em 4 de janeiro de 2013 
WALTZ, Kenneth. Theory of International Politics. Disponível em: < 
http://www.fflch.usp.br/dcp/assets/docs/BibliografiaSelecaoPos/WALTZ_. p df > 
Acesso em 6 de janeiro de 2013 
RELAÇÕES INTERNACIONAIS E A PESQUISA PARA A PAZ. Novos Paradigmas < 
http://www.seade.gov.br/produtos/spp/v07n02/v07n02_14.pdf > Acesso em 10 de 
janeiro de 2013 
SIX PRINCIPLES OF POLITICAL REALISM .< 
http://www.people.fas.harvard.edu/~plam/irnotes07/Morgenthau1948.pdf > Acesso 
em 5 de janeiro de 2013 
A TEORIA REALISTA E O PODER < 
http://www.inest.uff.br/attachments/article/154/PES_vol0_num1_p_19_40.pdf > 
Acesso em 3 de janeiro de 2013 
DESLIMITES DA RAZÃO: UM ESTUDO SOBRE A TEORIA NEO REALISTA DE KENNETH WALTZ < 
http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/9751/1/2011_LaraMartimRodriguesSeli
s.pdf > Acesso em 10 de janeiro de 2013

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